O longa reconta a vida do quadrinista mais importante do Brasil, desde sua infância, a relação com os pais e os primeiros passos e momentos marcantes que tornaram realidade o seu sonho de se tornar desenhista. Criador de Turma da Mônica e outros personagens famosos da cultura brasileira, a trama traz um olhar pessoal e sensível para a vida de um artista e das referências que o formaram, como sua avó Dita e família, figuras essenciais para a criação da Turma da Mônica. Da descoberta e paixão pelos quadrinhos à construção de uma carreira considerada impossível na época, o longa mostra a coragem de Mauricio de Sousa em sustentar suas ideias, histórias e personagens.
É bem interessante observar que os longas anteriores do diretor e roteirista Pedro Vasconcelos foram tramas com pegadas novelescas, séries e novelas, tendo um ou outro longa aonde fugiu um pouco de seu estilo tradicional, e aqui como falei acima, ele provou que dá para fazer uma biografia bem ampla sem precisar recorrer ao principal estilo nacional que é o drama/comédia novelesco, focando no protagonista, e deixando somente para os demais darem as devidas conexões, e isso acabou sendo bem legal de acompanhar, pois vemos o protagonista desde o começo bem inventivo e sonhador, fazendo suas devidas ousadias, sempre bem participativo em tudo, e o principal, tendo coragem de se arriscar, que da mesma forma acabou acontecendo com o diretor, pois ao se arriscar conseguiu brilhar. Claro que volto a pontuar que sou extremamente contra longas narrados, pois acaba sendo uma muleta para que o protagonista não tenha que atuar, afinal você fica falando para o espectador tudo o que está ocorrendo, vai ocorrer ou está pensando para ocorrer, e considero uma falha digna de um roteiro frouxo, porém isso é uma opinião bem pessoal, pois tem quem goste, mas dava para estruturar melhor o filme sem ser "contando" uma história para o público.
Quanto das atuações, posso dizer que foi bem bacana colocar o filho de Maurício, Mauro Sousa, como o protagonista na vida adulta, pois o ator é muito semelhante ao pai na juventude, tirando claro os traços orientais da mãe, porém acabou sendo mais uma homenagem dele ao pai, do que realmente uma interpretação cênica dos momentos, tanto que para a trama se desenvolver bem foi necessário muita narração, mas teve momentos bem expressivos e se doou bastante ao personagem, e isso já mostra que ele pode caminhar mais nesse mundo futuramente. A versão criança de Maurício foi muito carismática pela desenvoltura de Diego Laumar, e isso deu um tom gostoso e bem lúdico para seus momentos com a mãe vivida por Natália Lage, com o pai vivido por Emílio Orciollo Neto e com a vó vivida por Elizabeth Savala, sabendo desenvolver bem tudo para passar a bola para que Mauro usasse depois. Quanto aos demais, a maioria deu apenas as devidas conexões para as histórias, valendo claro todas as crianças que não vou citar, mas que mostraram de onde veio a maioria dos personagens da turminha dos gibis, e claro, Thathi Lopes como a primeira esposa de Maurício, que sem usar seu lado cômico tradicional, pareceu um pouco engessada, mas fez bem o que tinha de fazer.
Visualmente a trama teve uma boa pegada de época para mostrar os 50-60, mas sem recair tanto no climão pesado que rolava no país, depois já pulando mais para frente, mas souberam dosar bem as cenas em Mogi das Cruzes, São Paulo e Rio de Janeiro, passando pelos concursos musicais nas rádios, a barbearia do pai, a casa da avó, e os jornais aonde o jovem trabalhou e ia para vender seus quadrinhos, tendo alguns passeios de trem, e claro usando também causos e boas dinâmicas nas casas para criar os devidos personagens, mas volto a citar os atos finais do longa aonde misturaram desenhos com o protagonista, saindo dos papeis e brilhando nas nuances, que acabou ficando muito bonito na tela.
Enfim, diria que é uma produção com a cara nacional, muito envolvente e emocional que funciona na telona para conhecermos mais do Mauricio e como ele se tornou quem é hoje, que talvez pudesse ter ido mais além (ou quem sabe irão fazer uma continuação - nunca se sabe!), mas que encanta junto com boas canções e transporta a trama por épocas e pensamentos da nossa infância, afinal desconheço quem até hoje não tenha lido um bom gibi feito pelo protagonista. Então fica a dica para a conferida, espero que dê um bom público, afinal também tenho amigos na produção daqui da cidade, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.







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