A Última Loucura de Claire Darling (La Dernière Folie de Claire Darling) (Claire Darling)

8/31/2019 08:05:00 PM |

O cinema francês é daqueles que não consegue fazer uma coisa simples de atitudes sem ir muito a fundo, e quando resolvem entregar um melodrama familiar, eles conseguem permear situações reflexivas tão imponentes, aonde vemos toda as decisões que podem mudar uma vida familiar, as escolhas de acumular coisas ao invés de emoções, e até mesmo a dinâmica de problemas acabam ficando tensas e puxadas para um clima mais profundo, de modo que ao conferirmos "A Última Loucura de Claire Darling" acabamos quase que entrando em depressão junto da protagonista vivendo seus últimos momentos malucos, que acabaram funcionando, pois fez com que nessa loucura até aqueles que lhe abandonaram um dia voltassem ao menos para ver o que ela estava fazendo, e nesse misto de memórias e situações a trama acaba sendo envolvente, porém deveras cansativa.

O longa nos mostra que em Verderonne, uma pequena aldeia na região do Rio Oise, é o primeiro dia de verão e Claire Darling acorda convencida de que está vivendo seu último dia. Ela decide então esvaziar sua casa e se livrar de tudo, sem distinção. Seus objetos amados ecoam uma vida trágica e extravagante. Esta última loucura traz de volta Marie, sua filha, a quem ela não via há 20 anos.

A diretora e roteirista Julie Bertuccelli quis trabalhar algo envolvendo os laços familiares, os envolvimentos e lembranças de um passado, e com isso brincar com o temor da morte e das consequências das escolhas feitas lá trás, de modo que seu filme traz todo um simbolismo bem melódico e cheio de situações pautadas para comover e fazer com que o público reflita, porém ela abusou do clima calmo, entregou poucas cenas de impacto (apesar das que foram colocadas serem bem fortes), e com isso seu filme acaba não fluindo como algo agradável de ver num primeiro momento. Diria que o filme tem uma essência preparada para que toquem determinados tipos de pessoas, que vão refletir sobre os atos das protagonistas e de sua própria vida, e acabarão gostando mais do que a diretora propôs, porém quem não entrar na mesma vibe do filme acabará quase dormindo na sala, pois ela não dita nenhum ritmo mais cadenciado para chamar o público para a trama.

Quanto das atuações, Catherine Deneuve sempre consegue incorporar trejeitos e envolver o público para suas atuações, de modo que sabemos que a atriz está bem velha, mas não tanto como sua Claire que aparenta como um jovem ator diz no filme, pelo menos uns 80 anos, e seus olhares distantes, suas sínteses acabam fluindo de uma forma tão bem encaixada que acabamos seguindo seu ritmo, seus devaneios, suas lembranças, e o resultado envolve. Chiara Mastroianni (filha real de Catherine), entrega também uma Marie meia deslocada, que aparentemente se vê ao lado da mãe depois de tanto tempo e tantos problemas, que não se dá conta do que perdeu ou sente ali, de modo que vamos encontrando nos seus olhares também desespero pelo que está vendo, e isso é algo que ela talvez pudesse entregar com gestos, mas ao optar pelos olhares envolve mais, só diria que a atriz poderia ter fluido melhor em alguns atos, pois parecia estar tão em choque com tudo que a personagem ficou estranha. Quanto aos demais atores, todos procuraram entregar atitudes mais deslocadas com o momento do feirão de móveis se aproveitando dos preços malucos da idosa, outros mais amigos procuraram ajudar, mas de certa forma vemos todos meio que desencaixados com o ritmo da trama, quebrando o eixo em alguns atos como na cena dos livros, outros meio que passeando em cena, e tendo somente que destacar Laure Calamy como a amiga Martine, e o padre vivido por Johan Lensey, além claro das versões jovens das protagonistas, bem vividas por Alice Taglione como Claire e Colomba Geovani como Marie.

O visual da trama foi bem elaborado pela equipe de arte, que teve muito trabalho para conseguir todas as peças da casa (e não são poucas), e distribui-las de uma forma bem coerente que não ficasse poluída e ainda representasse todos os símbolos que a trama tinha para passar, de forma que o casarão ficou bem cheio, e o jardim recheado de peças imponentes antigas e bem trabalhadas para chamar a atenção, além claro de diversos pequenos elementos que representaram mais como o anel, os livros cheios de dinheiro antigo e claro os bonecos de corda com movimentos circenses, e claro, o relógio de elefante. A fotografia trabalhou com a escuridão bem tensa e poucos elementos destoando para dar leves destaques, isso até a cena final, aonde como prometido pelo circo tendo fogos bem representativos que acabaram soando até exagerados demais.

Enfim, é um filme que posso dizer bem cansativo, que para outros pode emocionar mais, e até envolver, mas que poderiam ter trabalhado melhor os símbolos, contado melhor as histórias, colocado um ritmo mais dinâmico e gostoso de acompanhar, e principalmente entregassem uma história mais forte, pois o longa tinha isso para mostrar, mas da forma que ficou só quem refletir muito sobre o que viu, e ao ver novamente conseguir transportar toda essa emoção para a sessão acabará gostando do filme. Sendo assim não recomendo o longa, pois fui um dos que quase dormiu com tudo o que foi passado na telona, mesmo com grandes atuações das protagonistas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Anna - O Perigo Tem Nome (Anna)

8/31/2019 03:02:00 AM |

A grande sacada de um bom filme de espionagem é bagunçar a mente do público indo e vindo com datas, e isso o diretor Luc Besson sabe fazer muito bem, junte a isso uma mulher extremamente atraente, incorpore KGB contra CIA, trabalhe com bons atores nas pontas, e pronto, você tem um daqueles filmes que vamos vibrando a cada nova apresentação de ato, que muda completamente tudo o que você achava que sabia do anterior, e que na sequência já muda tudo novamente, num tremendo quebra-cabeças delicioso de curtir. Pronto, resumi em poucas linhas o que quem for conferir "Anna - O Perigo Tem Nome" verá na telona com muitas dinâmicas, e que certamente fará com que todos saiam bem surpresos da sessão. Não digo que seja um filme perfeito, mas que o diretor foi tão sagaz para amarrar os furos de roteiro com voltas temporais para mudar tudo o que achamos impossível de acontecer, que chega a ser incrível imaginar o filme inteiro detalhado para filmagens, pois tudo é muito minucioso, e um detalhe muda tudo, ou seja, como já diria o bom ditado de filmes de espiões: "nem tudo o que você vê acontecer, é realmente o que você acha que está acontecendo, e ninguém é inocente de todos os atos, afinal nunca confie em um espião mesmo que ele esteja do seu lado".

O longa nos conta que oficialmente, Anna Poliatova é uma modelo famosa e muito requisitada pelas marcas de luxo ao redor do mundo, mas o maior segredo que esconde é que ela é uma das assassinas mais perigosas e bem treinadas da KGB. No entanto, Anna fará de tudo para se sentir liberta da repressão do governo russo.

Se existe um diretor que não tem medo de errar, e encara qualquer loucura que venha em sua mente é Luc Besson, e com isso, geralmente vemos uma grande oscilação nos seus filmes que ora são geniais, ora são tremendas bombas, mas felizmente o caso desse novo longa fica na primeira leva, principalmente pela montagem feita pelos editores (que claro estava assim na cabeça do diretor), de não seguir uma linha reta comum, pois certamente o filme acabaria meio bobo e simples demais, mas com as idas e vindas de tempo, o resultado acaba impressionando bastante, e vamos nos surpreendendo cada vez mais com toda a técnica envolvida, com a história cativante em si, e claro com as boas lutas corporais que a protagonista se dispôs a fazer junto claro com sua dublê. E assim sendo, temos um filme rápido, dinâmico e cheio de impressionantes situações, que foram muito bem coreografadas, e que mesmo exagerando para a famosa situação de luta corporal (ao invés de meterem logo uma bala na cabeça da pessoa e resolver o problema de uma vez!) acabam agradando demais.

Sobre as atuações, temos de pontuar primeiramente que Sasha Luss não é atriz de profissão, e sim modelo como o papel exigia, e até que saiu muito bem nos diversos atos, sendo expressiva e trabalhando bem em todos os momentos que sua Anna precisava encaixar bons trejeitos, além de que possui uma beleza imponente que certamente lhe trará mais papeis no cinema, ou seja, se encaixou no que precisava fazer e junto de Agel Aurelia como sua dublê de lutas, entregou cenas bem dinâmicas que nos fizeram acreditar muito em tudo o que fez, agradando bastante. Helen Mirren sem estar loira parecendo uma rainha é algo que raramente vemos no cinema, e aqui sua Olga é daquelas chefonas da KGB que com toda a personalidade que sabe fazer entrega uma pessoa sem alma, forte e cheia de desenvoltura para o papel, de tal forma que chegamos até ficar com raiva dela em alguns atos, e isso mostra o potencial da atriz que bem sabemos que tem. Luke Evans é daqueles atores que sabem encaixar olhares, e que acaba abrindo frentes no estilo que escolhe para dar personalidade aos seus personagens, de tal forma que seu Alex Tchenkov inicialmente chega imponente, depois se desenrola bem com a protagonista, para termos um final bem interessante com ele, e assim acaba agradando bastante também. Cillian Murphy parecia que seria um personagem bem inútil com seu Lenny Miller, mas ao desenrolar a trama, acaba entonando olhares bem coesos, e o resultado chama bastante atenção, mas ainda assim poderia ter aparecido mais para encaixar melhor suas cenas. Quanto aos demais, tivemos alguns momentos chaves com Lera Aboca como Maud, mas nada que fosse chamativo para o desenrolar da trama, e principalmente a forte presença de Eric Godon como Vassiliev, o grande chefe da KGB, que teve apenas duas cenas, mas mostrou impacto no que fez.

Visualmente o longa foi moldado quase que em locações estratégicas para representar bem os movimentos rápidos que o diretor necessitava, trabalhando muito em quartos de hotéis para as diversas mortes que a protagonista causa, tendo diversas cenas em esconderijos, saletas e claro muitas cenas em carros para conversas com os líderes, e claro muitas sessões de fotos de modelagem cheias de estilo, além de algumas cenas em prédios imponentes das empresas de espionagem para dar toda a dinâmica forte nos momentos mais fortes da trama, ou seja, a equipe de arte teve um trabalho bem minucioso com detalhes, pois o filme se passa nos anos 80, então tiveram de encontrar muitos figurinos de época fortes, trabalhar o estilo que a moda pedia na época, e principalmente sujar muita roupa com sangue falso, pois haja tiros, cortes com facas e tudo mais, que acabaram dando um tom tenso para a fotografia, que aliada de muita ação nos movimentos encontrou tons escuros para funcionar os ambientes cheios de tensão, e contrapondo com as cenas fotográficas dos ensaios das modelos cheias de cores, o formato não cansasse tanto.

Ou seja, volto a frisar que o longa passa bem longe da perfeição, pois não temos uma atriz imponente de entonações mais fortes, não temos um filme inovador cheio de situações clássicas, mas que ao escolherem bem o estilo, e encaixar uma montagem incrível nesses vai e vens, conseguiram apagar a maioria dos erros do roteiro, e o resultado empolga demais quem gosta de um bom filme de espionagem, com agentes brincando com nossa percepção, e isso o longa entrega muito bem. E sendo assim, recomendo bastante o filme, e vamos ver quem sabe se o diretor encara talvez uma continuação, pois mesmo a trama sendo bem fechada no ato final, tudo pode acontecer nesse estilo de filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Minha Lua de Mel Polonesa (Lune de Miel) (My Polish Honeymoon)

8/30/2019 01:15:00 AM |

Alguns filmes franceses costumam trabalhar situações bem incomuns, e isso é bacana de ver pois acabam fluindo de uma forma diferente da usual e o resultado costuma surpreender, porém com "Minha Lua de Mel Polonesa" ficou muito em cima do muro do que realmente deveria atacar, se iriam mexer realmente com as feridas do holocausto para com as famílias judias, ou se iria trabalhar a relação familiar da protagonista em busca das suas origens, e ainda em cima disso colocar um road-movie homogêneo por cidades polonesas. Ou seja, temos um filme leve, com uma pegada até que bonitinha, mas que por falta de atitudes mais ousadas acaba cansando e ficando meio que sem rumos, o que não é bom. Diria que ele até tem momentos divertidos pelas situações em si, e também consegue emocionar pela relação prevista mais para o fim, mas certamente se a diretora tivesse escolhido um dos lados logo de cara, o resultado funcionaria muito melhor.

O longa nos conta que Anna e Adam são dois franceses de origem judaica que têm um bebê recém-nascido. Quando o avô de Adam os convida para uma celebração no vilarejo onde mora, no interior da Polônia, cada um vê a oportunidade de viajar de uma maneira diferente. Enquanto ele não se empolga muito com a ideia, embora esteja feliz por retomar a vida de casal, ela quer aproveitar para conhecer melhor as raízes de sua própria família. O que parecia uma simples viagem se transforma em uma jornada de autoconhecimento e aceitação.

Estreando na direção e no roteiro, a atriz Élise Otzenberger até consegue estruturar sua história como uma busca emocional de conhecer a família da protagonista, meio como algo que ela talvez desejasse também, de ter um conhecimento maior sobre as famílias judias que fugiram da Polônia durante o holocausto e sintetizar isso em uma trama, porém tentar deixar um tema digamos pesado em uma comédia leve e chuvosa não é algo nada fácil de acontecer, e dessa forma o filme parece faltar pedaços ou uma pegada mais forte por parte da diretora, rumando para vértices simples e quase sem fechamentos. Ou seja, inicialmente somos praticamente jogados dentro do rumo familiar dos protagonistas, com algo acontecendo às pressas, e tudo fluindo para uma viagem (que quem não tiver lido a sinopse irá até achar que perdeu alguma parte do filme!), mas depois quando vamos entendendo cada uma das partes, o resultado vai soando aberto demais, e o fluxo de ideias ao mesmo tempo fechado para sintonias de tudo que o momento pode passar, de tal forma que ficamos a qualquer momento esperando algo mais chocante, ou então que eles nos vertessem realmente a algo cômico e forte, o que não acontece. E dessa forma o filme fica inteiro quase que rodando em círculos, sem nenhuma atitude mais contundente, e se alonga demais em cada ato, de tal forma que o filme que tem apenas 88 minutos, parece ter muito mais tempo de tela, ou seja, temos um filme bonito e interessante até de propostas, mas que cansa por não aprofundar nenhuma das ideias colocadas no longa, mostrando uma falha imensa da diretora em não saber encaixar algo mais impactante de vez.

Quanto das atuações, Judith Chemla chega a nos incomodar com os exageros que entrega com sua Anna, de modo que em determinada cena que seu marido dá um sermão nela no carro, nos vemos na personalidade dele para fazer exatamente daquela forma, e a atriz não se esforçou muito para conseguir símbolos em suas expressões, parecendo estar levemente perdida quanto ao que fazer, travando demais os olhares sem agradar como poderia. Arthur Igual já saiu um pouco melhor na trama com seu Adam, de modo que não foi tão chamativo em cena, mas pareceu mais descontraído com as situações, o que acaba fazendo com que sua personalidade deslanchasse mais, ainda que não seja nada impressionante também. Já Brigitte Roüan foi algo que resolveram jogar no longa com sua Irène, pois inicialmente seria algo apenas para ser falado e mencionado, mas já para as cenas finais resolveram utilizá-la mais, e isso foi algo desnecessário e que acabou desandando mesmo que entregasse algo emotivo na relação mãe/filha. Quanto aos demais, foram rápidas participações, e a maioria deve ainda estar se perguntando após assistir ao filme o que foram fazer lá, pois tudo acaba nem funcionando.

No conceito visual o longa até tem um bom funcionamento, afinal road-movies sempre acabam sendo interessantes de conferir para conhecer mais lugares, e aqui como o casal acaba visitando diversas locações, acabamos conhecendo a parte da cidade da Cracóvia aonde virou algo bem separado para judeus, que os protagonistas até apelidam com um nome bem carinhoso, vemos diversos cemitérios, e uma cidade que praticamente só chove, que inicialmente parece até ser algo falso por os protagonistas se molharem sempre com todo o frio, mas depois entendemos que faz parte o frio não ser tão sentido, e assim a trama deslancha melhor. Diria que a equipe de arte não precisou se preocupar tanto com a concepção da trama, deixando apenas que o filme fluísse pelas diversas paisagens e locações, e isso resultou em algo bem feito ao menos.

Enfim, é um longa que poderia ser melhor explorado pelo tema, mas que da forma que acabou sendo trabalhado nos deixa bem na dúvida do que desejavam nos passar, tendo raros momentos engraçadinhos, outros que envolvem um pouco, mas nenhum que falasse sozinho para o público qual era a verdadeira funcionalidade da trama, e dessa forma o resultado acaba não acontecendo. Sendo assim é um filme que não consigo recomendar, mas que certamente terá aqueles que irão se envolver por algo espalhado que não necessariamente seja da história completa do filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, afinal essa semana está bem recheada de estreias, então abraços e até logo mais.

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Bacurau

8/25/2019 02:51:00 AM |

É engraçado ver como o diretor Kleber Mendonça Filho gosta de provocar seu público com os filmes que entrega, pois mesmo quando entrega algo mais fácil de ser conferido, como é o caso aqui em "Bacurau", ele permeia vértices fortes e cheios de situações que acabamos saindo da sessão chocados com tudo e pensando: será que gostei mesmo do que vi, ou será que se eu reanalisar tudo irei odiar? Mas a priori vendo de uma só vez e vindo aqui já escrever, posso dizer facilmente que o longa é a nossa versão de um faroeste, com pegadas bem próprias do estilo, situações de impacto envolvendo política, recursos escassos, bandidos de ambos os lados, e claro comunidades prontas para se abater e atacar, de maneira que dá para refletir muitos âmbitos que certamente os diretores (que nesse caso além de Mendonça temos Juliano Dornelles) desejavam mostrar. Ou seja, é um filme que não é de fácil degustação, mas que entrega um estilo de fácil apreciação, e o resultado acaba sendo imponente, cheio de detalhes, com bons momentos e que agrada pelo que é mostrado, porém poderiam ter eliminado muitos momentos desnecessários para a narrativa, que ainda assim seria um filme forte e interessante.

O longa nos mostra que pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no sertão brasileiro, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais em qualquer mapa. Aos poucos, percebem algo estranho na região: enquanto drones passeiam pelos céus, estrangeiros chegam à cidade pela primeira vez. Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, Teresa, Domingas, Acácio, Plínio, Lunga e outros habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados. Falta identificar o inimigo e criar coletivamente um meio de defesa.

Felizmente o longa possui muito mais pontos positivos do que negativos, pois sei bem das qualidades dos longas de Kleber Mendonça Filho, mas sei mais ainda dos pontos que me irritaram, e aqui embora o filme tenha ganhado diversos prêmios internacionais, já fui preparado para ver algumas situações desnecessárias, e que mesmo elas existindo (já vou frisar, e sei que muitos vão reclamar do que falarei: o longa possui diversas cenas de nudez desnecessárias, pois acho lindo nudez quando usada em prol do filme, e aqui é só para chocar sem serventia alguma!) o longa consegue passar por cima desses momentos e fazer cada ato acontecer com primor técnico de história, de envolvimento dos personagens, e principalmente de estilo, pois o filme entrega uma fotografia ampla, momentos de grande violência bem encontrada, e principalmente acaba saindo com resultado de uma ótima invasiva incrível, que acaba acontecendo por mostrar meios de sumir com pessoas, invasões, e até mesmo a falta que faz você não conhecer a cultura de alguma cidade, pois se os gringos tivessem entrado no museu da cidade saberiam bem o que esperar (e isso não é um spoiler!). Ou seja, os diretores montaram sua história com boa técnica, pegaram referências incríveis para que o filme tivesse um conteúdo extra, e principalmente mostraram bem um filme de faroeste com todas as letras, e que certamente muitos enxergarão dessa forma, e sendo assim, o resultado empolga bem, mas que certamente poderiam ter ido mais além.

Sobre as atuações, temos um grande conjunto no filme, pois os protagonistas foram muito generosos com a população local que foi usada de figuração, e os que ficaram em destaque souberam se encaixar perfeitamente com os momentos para que a trama deslanchasse sozinha, de modo que Bárbara Colen entregou olhares estranhos para sua Teresa, sem que sequer ficasse surpresa com nada, encaixando ares próprios e bem funcionais. Sônia Braga trabalhou sua Domingas com atitude e simplicidade para que nos seus atos próprios pudesse até ter leves destaques, mas sem sair do eixo. Thomas Aquino soube dar para seu Acácio/Pacote momentos tensos e olhares prontos para começar uma guerra e chamar a responsabilidade para si quando precisou. E principalmente do lado da comunidade, ainda arrumaram Silvero Pereira pronto para fazer picadinhos com seu Lunga, incrivelmente caracterizado, e com trejeitos próprios para ter o destaque em níveis altíssimos, ou seja, preciso demais. Do lado dos gringos o destaque é claro para Udo Kier com seu Michael cheio de desenvolturas, olhares, e principalmente criatividade para poder puxar o filme para si, ou seja, dando show no que fazia.

Não digo que o processo de composição da trama foi rápido, mas certamente a equipe de arte merece todos os aplausos possíveis por encontrar essa locação incrível de uma cidadela que realmente parece estar desaparecida do mapa, com todas as características de uma comunidade com vida própria e que realmente acaba acontecendo o que vemos no filme, do descaso dos políticos para com as pessoas que vivem ali, aparecendo somente nos momentos de eleição. Ou seja, trabalharam bem cada momento da trama, mostrando bem os costumes da cidade, os personagens icônicos, e junto com uma equipe de maquiagem minuciosa fez as cenas violentas serem de níveis fortíssimos de tiros, sangue, explosões e tudo mais, ou seja, um belo trabalho visual. Destaques cômicos ficou para a super telona na caminhonete que sei que existem essas coisas por aí, mas ficou abusivo demais, e para o drone em forma de nave alienígena, pois poderiam ter feito algo menos exagerado, do restante, a equipe mandou bem demais em tudo. Quanto da fotografia, a aridez do sertão, que mesmo na cena com chuva conseguiu manter o tom amarelado/marrom, com muito vermelho sangue, e envolvimentos precisos nos enquadramentos para que ficássemos tensos e presos junto com cada um dos personagens.

Um ponto bem positivo do longa ficou a cargo da trilha sonora remetendo bem ao nordeste, as tocadas entoadas pelo violeiro da vila, e que com bons atos escolhidos para ajudar na concepção sonora da trama, o filme acabou tendo uma vida além do normal, ou seja, vale conferir cada detalhe sonoro seja musical, ou apenas pelos barulhos da trama.

Enfim, é um filme que vai ter aqueles que vão amar, e certamente terão muitos que irão odiar, de forma que eu diria que fiquei bem no meio termo, pois se tirassem todos os exageros que citei acima, o longa melhoraria muito na minha concepção, mas talvez não atingisse o efeito que causa, e sendo assim, é melhor manter eles (tirando as nudezes desnecessárias que não serviram para nada). Ou seja, recomendo a trama pela essência em si, mas vá preparado para reclamar muito também, mas certamente é um filme que você irá lembrar quando ver algo parecido. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Até pensei em dar uma nota menor pelos excessos, mas é um filme que tem marca, e isso é muito válido em um cinema como o nosso aonde ficam muito atrás de referências e não fazem suas próprias, e aqui ele coloca seu dedo na ferida, fazendo suas próprias marcas, então valeu a melhorada na nota.

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Os Brinquedos Mágicos (Tea Pets) (Toys & Pets)

8/24/2019 08:37:00 PM |

A única animação que conhecíamos que trabalha bem a mitologia e os costumes chineses a vir para o Brasil era a série "Kung-Fu Panda", e lá tudo foi mais colocado para o estilo americano, afinal o longa pertencia a uma companhia americana, porém hoje posso dizer que vi algo com uma formatação própria para mostrar as culturas deles, porém não trabalharam tanto com a essência, e usando de personagens levemente estranhos, com uma história estranha, e principalmente pela falta de ritmo, acabamos vendo com "Os Brinquedos Mágicos" um filme apenas bem colorido que não tem uma dinâmica muito coesa nos objetivos dos personagens, e que até soa agradável, mas passa bem longe de ser algo que acabamos gostando de ver, e certamente daqui a algum tempo nem lembraremos mais desse filme. Ou seja, até tentaram trabalhar algo bem cheio de detalhes (o que é bom), mas esqueceram que o principal de um filme é a história convencer e divertir quando se tratam de animações, o que aqui passa bem longe.

O longa nos conta que Nathan é um bonequinho de argila feito para a coleção de chá de um tradicional mestre chinês. As obras do Mestre mudam de cor quando o chá quente é despejado sobre elas, seguindo o costume oriental de dispensar o primeiro gole em homenagem a criaturas, mas não é o caso de Nathan. Por ser a única peça da coleção que não muda de cor, ele é muito zombado pela turma. Quando aparece uma chance de ir para o futuro com robô redondinho e descobrir o mistério de sua mudança de cor, Nathan e Futurobô saem em busca de respostas. Nas aventuras do caminho, os dois encontram coisas que não buscavam, como o significado de amor e amizade.

O diretor e roteirista Gary Wang até teve boas ideias para seu longa, criou boas movimentações de personagens, barulhos bacanas do contato dos personagens de argila em contato com as superfícies (o que acaba lembrando um pouco "Gnomeu e Julieta"), mas faltou para ele determinar melhor o que desejava conseguir a partir do estilo e partir para um filme mais cheio de dinâmicas e que acabasse resultando em situações mais divertidas, pois o filme em si tem até uma boa ideia, mas em momento algum temos personagens chaves para sair dos protagonistas, ou personagens que façam o papel de puxar as situações para risadas, de modo que o resultado acaba soando bobo demais e com atitudes sérias demais para uma animação, ou seja, temos um bom filme que falha por não querer divertir os pequenos como poderia, mas que agrada pelas texturas interessantes, e certamente uma melhorada no desenvolvimento envolveria demais a todos.

Já falei um pouco sobre os personagens, mas diria que falta um pouco mais de força nos dois protagonistas, de modo que tanto Nathan quanto Futurobô são levemente fracos de estilo, e suas aventuras acabaram parecendo forçadas, já indo pelo vértice do vilão Raio, esse sim incorporou todo o estilo que um vilão deve ter e não desistiu em momento algum do seu objetivo, indo para cima sem dó nem piedade, e isso é bacana de ver, pois vemos as ações dele acontecer, enquanto os demais parecem quase de enfeite. Os personagens secundários acabaram sendo jogados demais, de modo que os primeiros bonecos até aparecem depois (todos juntos sem nenhuma explicação), mas os animais que os personagens conhecem no meio do caminho simplesmente serviram para mostrar um mapa e nada mais, ou seja, foram também jogados ali apenas para gastar horas de animação, o que não é algo bacana de ver.

Visualmente o longa é bem bonito, com cores vibrantes, personagens com sentidos próprios da mudança de cores, e passagem por muitos ambientes bem colocados para criar as nuances, mas poderiam ter ido além com emoções mais fortes, e acredito que por tudo o que foi mostrado de coisas em primeiro plano, a trama funcionaria bem em 3D caso quisessem entregar dessa forma, pois vemos a todo momento os personagens pulando e jogando algo para frente, ou seja, o resultado funcionaria bem com a tecnologia, e quem sabe chamaria até mais atenção alguns atos.

Enfim, é um filme simples demais de entrega, mas que tinha conteúdo suficiente para cativar e funcionar mais, de modo que quem for conferir até poderá gostar de um ou outro ato, mas dificilmente se lembrará dele depois, pois não tem nada que nos conecte a ele, nem mesmo as mensagens que foram trabalhadas dentro da trama. Sendo assim, não recomendo ele, mesmo que divirta um pouco, pois não chega a ser algo ruim, mas também não empolga para ser chamado de algo bom, ficando bem na classificação mediana. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Socorro, Virei Uma Garota!

8/23/2019 01:23:00 AM |

Alguns filmes chegam aos cinemas com propostas diferentes, e muitas vezes o público acaba não se encontrando com a ideia, pois muitos olhares recaem para um estranhamento e ficamos naquela dúvida: será uma comédia ou um filme com uma pegada mais moral? E isso é o que acabamos vendo em "Socorro, Virei Uma Garota!" que estreou hoje nos cinemas, e pelo trailer parecia algo bem mais cômico, que faria o público gargalhar com uma proposta excessiva e talvez até forçada, mas felizmente se verteu para um outro lado, uma comédia mais pautada, com lições bem colocadas sobre as diferenças, trabalhando bem o lado da amizade, e principalmente usando boas sacadas casuais para que o filme fluísse sem precisar apelar, de modo que lembramos de vários bons filmes do estilo, mas em momento algum conseguimos achar algo exatamente igual, o que é ótimo, pois entrega então um filme jovem, com um elenco muito bem colocado, que não vai agradar somente o público teen, mas sim quem gosta de uma boa história que vai fazer você se divertir e ficar feliz, mesmo que não saia rolando da sala do cinema. Ou seja, um longa que passa longe da perfeição, mas que pelas boas pegadas e dinâmicas bem encontradas, resulta num filme agradável e gostoso para todos curtirem no cinema.

O longa conta a história de Júlio, um garoto tímido, praticamente invisível aos olhos de seus colegas de colégio, que um dia, ao ver uma estrela cadente, faz um pedido: deseja ser a pessoa mais popular da escola. Logo ele se transforma em uma garota, Júlia, que é extremamente popular. Sem saber como lidar com o corpo feminino que acabou de ganhar, ele precisa ainda lidar com a proximidade de Melina, a garota por quem é perdidamente apaixonado.

É interessante ver o estilo que o diretor Leandro Neri encontrou para trabalhar sua trama, pois ele soube dosar um pouco de vários estilos que o roteiro de Paulo Cursino foi desenhado, criando vértices bem rápidos, mas que principalmente não passam despercebidos, de modo que vemos sua habilidade em trabalhar com os jovens (quem não o conhece, ele dirigiu diversos episódios do antigo seriado Sandy e Junior, além de algumas novelas) acontecer e ir encaixando cada momento com boas sacadas, criando piadas ácidas, mas sem apelos, e sabendo aonde a trama poderia atingir, pois já disse que o trailer passou o filme como sendo uma comédia daquelas bem escrachadas que seria até impactante pelo desenrolar proposto, mas na composição final acabamos vendo um filme realmente (fiquei com muito medo de ver uma novela teen!!) aonde os personagens são bons, a história convence e o desenvolvimento funciona, ou seja, um filme que não desaponta, e ainda passa boas lições de entender as diferenças, dar valor a algumas coisas que não vemos normalmente, e tudo mais que uma boa trama teen deve ter para agradar não só ao público teen, mas também aos pais e adultos que forem conferir.

Com um elenco bem jovem, e praticamente desconhecido da maioria, o diretor soube usar boas qualidades de cada um para desenvolver os papeis, pois não teve a sorte de poder contar com carisma ou fãs deles nas sessões (já notei bem isso hoje que na primeira sessão da noite tinha apenas eu e mais uma jovem na sala, ao contrário do que costuma com a maioria das comédias nacionais!), e dessa forma o resultado acaba sendo bacana de ver e conhecer um pouco mais dos personagens, e até valeria uma leve alongada para conhecermos um pouco mais do Júlio, já que seu papel é bem rápido, e nos atos de Victor Lamoglia vemos que o ator daria super bem com mais cenas, pois o ator tem dinâmica e conseguiu trabalhar tanto os vértices mais bobos do começo, quanto as coisas mais imponentes do final. Thati Lopes soube segurar muito o clima e o tom do filme com sua Júlia, entregando ao mesmo tempo boas sacadas cômicas para a personagem, encontrando atos desengonçados para a personalidade (alguns até demais), mas principalmente sabendo dosar as expressões nas cenas mais melódicas, o que raramente vemos em artistas cômicos, e esse acerto certamente mostra que a jovem pode jogar bem em ambas as posições, e aqui já mostrou seu potencial. Leo Bahia foi bem encaixado como Cabeça, e trabalhou bem as jogadas de amizade, as desenvolturas para com os problemas de ambos os protagonistas, e acabou agradando bastante mesmo com um personagem que quase ficou apagado na trama. Manu Gavassi ficou meio de lado com a personalidade de sua Melina, não chamando muito a atenção nos momentos chaves, e isso não é algo legal de ver, pois poderia ter sido daquelas personagens que causam mais, e aqui foi apenas elo de paixonite do protagonista. Quanto aos demais, temos de pontuar os bons destaques de Nelson Freitas como o pai da protagonista, e alguns rápidos atos de Kayky Brito como o irmão que foram bem sacados nos dois mundos, e Lua Blanco como a irmã de Cabeça, e colocar como destaque negativo os exageros para cima de Lippy Adler como Douglas.

No conceito artístico da trama, não tivemos muita ousadia por parte da equipe de arte, mas nada que atrapalhasse a trama, tendo apenas um colégio com suas aulas, alguns passeios por shopping, um acampamento bem breve numa praia e alguns momentos nas casas dos protagonistas (essas com um de filme americano já que foi filmado em um condomínio de casas bem bonitas sem portão), ou seja, o básico bem feito para compôr o cenário mesmo, de modo que o longa casaria bem até mesmo numa peça teatral, pois o bom da trama é o texto em si e seu desenvolvimento, e assim sendo nem se preocuparam tanto com a produção em si, destaque apenas para a equipe de maquiagem que fez Nelson Freitas ficar bem engraçado nas partes de Júlia. E quanto dos efeitos do meteoro, poderiam ter trabalhado um pouco mais!

Enfim, é um longa gostoso de assistir, mas que certamente muitos irão reclamar da falta de cenas mais cômicas, pois as que realmente fazem rir já estavam presentes no trailer, e o restante acabou sendo pitadas bem espalhadas aos poucos, deixando que o lado mais emotivo/romântico/dramático predominasse na trama. Ou seja, recomendo a conferida pela essência gostosa da trama, pelos bons tons de discussão que pode levantar sobre gênero, sexualidade, amigos, família, mas poderiam ter feito rir um pouco mais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos das estreias, então abraços e até logo mais.

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Brinquedo Assassino (Child's Play)

8/21/2019 01:39:00 AM |

Acho que nunca fiquei tão feliz ao sair de uma sessão de um filme de terror sangrento, pois após tantas continuações e refilmagens ruins, finalmente o reboot de "Brinquedo Assassino" veio de uma forma bem nova e muito interessante, cheia de cenas bem tensas interessantes, mortes bem violentas, e claro um tom cômico adequado sem exageros, de modo que o boneco Chucky até chega a ser gracioso, e a ideia de inteligência artificial num mundo completamente dominado pela tecnologia vem com um primor incrível se comparado ao anterior que usava de vodu. Ou seja, fui esperando rir de tudo e voltar reclamando da pré-estreia, mas fiquei tenso com cada uma das mortes e gostei muito do que vi de forma que recomendo o novo longa com certeza para quem gosta do estilo, pois souberam trabalhar bem a divisão entre carnificina e dramaticidade de modo que dá até para pensar na possibilidade de continuarem a franquia a partir desse novo longa, pois dá para brincar bem com o boneco irritado, afinal tecnologia na nuvem nunca morre ou apaga!!!

O longa nos conta que Andy e sua mãe se mudam para uma nova cidade em busca de um recomeço. Preocupada com o desinteresse do filho em fazer novos amigos, Karen decide dar a ele de presente de aniversário um boneco tecnológico que, além de ser o companheiro ideal para crianças e propor diversas atividades lúdicas, executa funções da casa sob comandos de voz. Os problemas começam a surgir quando o boneco Chucky se torna extremamente possessivo em relação a Andy e está disposto a fazer qualquer coisa para afastar o garoto das pessoas que o amam.

Posso dizer com certeza que a estreia na direção de longas de Lars Klevberg foi feita com sucesso, de modo que iremos esperar mais dele nos seus próximos filmes, pois usando o roteiro de Tyler Burton Smith (que antes só tinha feito roteiros de jogos de videogame e também estreia aqui), baseando na história original de Don Mancini, o resultado do reboot é algo completamente diferente do que já vimos nos outros muitos longas do personagem que começou lá em 1989, mas usando claro a essência de um brinquedo que acaba tendo atitudes bem psicopatas, e aqui com um "bom" motivo, afinal quer ser único amigo de Andy, não tendo que dividi-lo com ninguém mais. Ou seja, foram bem coerentes na formatação de um novo filme, usando como base o que já havíamos visto lá atrás, mas adaptando para o mundo atual, aonde a tecnologia domina, com o boneco sendo um robô bem tecnológico com um chip capaz de usar todos os demais equipamentos comercializados pela companhia que o criou. Claro que poderiam ter desenvolvido um pouco mais sobre a Kaslan e seus equipamentos, poderiam também ter trabalhado o ranço ridículo do funcionário que programa o boneco para ficar do mal (uma das cenas mais rápidas e bestas que já vimos, sendo completamente jogada), mas para isso precisariam aumentar o tamanho do longa, e quem sabe desandar com explicações demais, então vamos aceitar o começo rápido e jogado que deram como apenas uma falha simples, mas de resto, o longa acaba compensando depois.

Sobre as atuações diria que já vi muitos atores bem melhores, principalmente para o papel da mãe do garotinho, pois Aubrey Plaza foi bem jogada como Karen, de modo que faz trejeitos forçados e está sempre exagerando para não parecer bobinha demais, além de não convencer como mãe de forma alguma, ou seja, pode até ser que pela inexperiência do diretor ele não tenha conseguido conduzir ela melhor, mas aí deveria ter entrado os produtores para escolher alguém melhor para o papel que conseguisse fazer algo melhor sozinha. Em compensação, o garotinho Gabriel Bateman entregou um Andy bem cheio de vertentes, com olhares carismáticos e até com uma afeição bacana pelo boneco, de modo que suas atitudes acabam nos convencendo e o resultado por ele ficar mais à frente da história acaba funcionando. Brian Tyree Henry soou meio bobo como detetive Mike, de modo que aparece pouco na trama, mas sempre com piadinhas e olhares meio que jogados, o que não caberia para um policial, e isso talvez pudesse ser melhorado no roteiro, mas nada que atrapalhe muito. As demais crianças foram pouco usadas, mas agradaram bem no que fizeram e tivemos bons resultados de expressões por parte deles, então nada a reclamar ao menos, e os outros adultos serviram bem para as mortes, e claro que alguns até mereceram bem as que tiveram, ou seja, um bom resultado. Agora falando do boneco, foram muito sagazes em usar um animatrônico, de modo que todos no set de filmagem viam o boneco se mexendo e podiam se assustar facilmente com seus atos (claro que nas cenas mais tensas a computação domina, mas o básico foi feito em cena), e Mark Hamill entregou uma voz imponente para Chucky com boas doses dramáticas bem interessantes para nos envolver.

Visualmente o longa funciona muito bem, pois não abusa de locações grandiosas, ficando praticamente só no conjunto de apartamentos aonde a família vive, passando por três ou quatro cômodos bem montados para não precisar muitos efeitos e o resultado convencer, além do mercado e a casa com jardim, de modo que o resultado fica bem coerente na textura do boneco e seus movimentos, além de objetos usados como armas letais e claro uma grande sagacidade por parte da equipe de fotografia para trabalhar os tons de luzes com o azul para quando o boneco está bem normal, e o vermelho predominando o ambiente para quando o bicho vai pegar, e isso foi muito bem usado dentro das cenas escuras para criar situações. A maquiagem juntamente com a equipe de efeitos especiais também teve um trabalho perfeito para todas as mortes serem fortíssimas, com pedaços e muito sangue voando para todos os lados, de modo que chega a impressionar por um lado, mas agradar muito quem gosta do estilo do filme.

Enfim, tirando o detalhe de não termos um começo mais decente explicativo sobre a Kaslan e sobre a família de Andy, sendo tudo muito jogado na tela, o resultado geral da trama acaba sendo muito bom e acaba superando todas as expectativas, pois certamente a maioria irá esperando ver uma tremenda bomba, visto que os últimos filmes foram bem ruins tanto que nem chegaram a ser lançados nos cinemas, ou seja, recomendo ele com certeza, e claro que agradeço aos parceiros da Difusora FM 97,1MHz pela ótima pré-estreia, que fez todos rirem, se divertirem e também ficarem tensos com tudo o que foi mostrado na telona. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.

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Nada a Perder 2 - Não Se Pode Esconder a Verdade

8/19/2019 12:31:00 AM |

Costumo dizer que continuações no Brasil são um perigo, pois costumam estragar algo de bom que fizeram e você gostou no original, mesmo que não seja adepto daquilo, e digo isso com um grande pesar, pois foi bacana conhecer a história de Edir Macedo no longa "Nada a Perder", mesmo com toda a paia marqueteira em cima de muita coisa para endeusarem o bispo, mas aí vir com "Nada a Perder 2", aonde tudo é montado para mostrar que foram vítimas de tudo e todos, montar cenas grandiosas, com uma trilha melódica alta que chega a quase sobrepor as vozes, exagerando sempre em clichês de vitimização, de tal maneira que analisando como filme até temos muita coisa boa (tirando os excessos de textos de jornais, momentos de documentários, entre outros relances que saem da ficção), mas é tanto exagero que chega um momento que ficamos nos perguntando se estamos vendo algo realmente biográfico ou se é algum tipo de propaganda panfletária, pois o diretor do longa se jogou completamente no que foi solicitado e esqueceu que estava fazendo um filme, e isso é uma pena, pois o que fez no primeiro filme, se seguisse aqui a mesma linha seria muito bom de ver. Portanto se você não for membro da Igreja Universal do Reino de Deus para ir conferir um pouco mais da vida do bispo, ou não for um dos que vai ganhar ingresso do pessoal que fica distribuindo por aí, não digo que vá valer perder seu tempo conferir a trama, pois a chance de reclamar é bem alta.

A sinopse nos conta que após deixar a prisão, em 1992, Edir Macedo (Petrônio Gontijo) atravessa uma série de provações: a conduta inapropriada de outros bispos da Igreja, o ataque de políticos e católicos, a doença de sua mãe, a tragédia do desabamento do teto de uma Igreja em São Paulo. Enquanto isso, fiéis começam a ser perseguidos nas ruas e as Igrejas correm o risco de fechar. Pressionado, ele decide subir o monte Sinai e visitar Jerusalém, onde tem uma ideia: construir o Templo de Salomão, réplica do local homônimo citado na Bíblia, localizado em São Paulo.

Já sabemos o porquê do diretor Alexandre Avancini ser o queridinho da Record, fazendo praticamente todas as novelas e filmes da emissora: não ter ideia própria e entregar basicamente o que lhe foi encomendado. E isso não é ruim, pois temos filmes que são de diretor, e tem aqueles que são de produtores, aonde o diretor é apenas contratado para fazer o que lhe impõem e nada de suas ideias são utilizadas, e aqui vemos bem esse estilo, pois diferente do primeiro longa que temos uma história de vida com uma panfletagem da igreja em segundo plano, aqui temos uma panfletagem colocada em primeiro plano máximo que quase não vemos uma história no segundo plano, e isso é algo muito ruim de ver num filme, afinal acaba sendo direcionado demais, e mesmo que a igreja tenha comprado quase que 90% dos ingressos disponíveis nos cinemas para marketing, o longa acaba sumindo do mapa facilmente, e isso não é bom para nenhuma produção. Ou seja, diria que Avancini ficou muito atrás da concepção desse filme, usando material demais do jornalismo, e brincando pouco com a ficção, de modo que vemos quase um documentário dramatizado, aonde temos alguma atuação, e certamente essa não era a ideia de nenhum diretor, mas quem sabe dos donos do filme apenas.

Quanto das atuações, diria que Petrônio Gontijo se entregou por demais no personagem de Edir, e com muita maquiagem conseguiu ficar muito semelhante em tudo, incorporando trejeitos, forma de andar e até modo de falar usando muito do que viu do material que lhe foi entregue, sendo quase perfeito no conceito de tudo. Por incrível que pareça, o filme deu frente praticamente só para o protagonista, de modo que os demais aparecem tão pouco na trama que quase nem vemos suas atuações, tendo leves destaques para Cesar Mello como Paulo, o braço direito do bispo aparecendo sempre ao seu lado para trazer as notícias ruins rapidamente, bons olhares também foram entregues por Day Mesquita como a esposa Ester, alguns semblantes tristes por parte da mãe vivida por Beth Goulart, e claro os ares imponentes e revoltosos dos personagens de Eduardo Galvão e Dalton Vigh como membro da igreja católica e do governo, ou seja, todos apareceram rapidamente para dar seu recado, mas nenhum chamou atenção.

A equipe de arte teve tudo em mãos para fazer um filme grandioso, passaram por mais de 120 locações, foram para outros países, e encontraram bons momentos para refazer na telona, de modo que vemos um trabalho coeso de pesquisa para que tudo ficasse detalhado em minúcias (claro que usando da versão do protagonista), e sem economizar em nada foram efetivos no que fizeram, claro que exagerando bastante, pois não posso afirmar que o céu do Egito possui tantas estrelas como mostrado no filme, muito menos que filmaram em São Paulo com tanta chuva, pois a cada nova cena tinha chuva, ou seja, poderiam ter sido mais singelos que o efeito seria o mesmo.

Quanto da parte sonora, assim como ocorre na maioria dos longas religiosos, abusaram de trilhas de efeito para fazer o público se emocionar, passar sentimentalismo e até tentar manter o ritmo calmo da trama, de modo que chega a ser cansativo, além de em diversos momentos exageradamente alta até quase sobrepondo as vozes, ou seja, podiam ter economizado nesse sentido também.

Enfim, volto a frisar que o primeiro longa foi bem bacana de conferir, mas esse somente o público fiel da igreja do bispo Edir Macedo conseguirá gostar de algo do longa, e mesmo que a cena emocionante da inauguração da igreja na África seja cativante, o filme derrapa demais em exageros que não tem como ficar feliz com o que verá na telona sem ser devoto. Ou seja, só recomendo ele para quem irá ganhar ingresso na igreja, e nada mais, mesmo que o filme não seja ruim, pois como analiso sempre a parte da produção, nesse quesito o longa é bem feito, mas nada além disso. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Acho que estou sendo até bonzinho demais na nota, mas como a parte da produção do longa foi bem interessante de ser vista, e a interpretação do protagonista ficou bacana, valeu a tentativa ao menos.
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Era Uma Vez Em... Hollywood (Once Upon A Time...in Hollywood)

8/18/2019 12:50:00 AM |

Diria que o nono filme de Tarantino tem essência grandiosa por mostrar uma história real montada como ficção para mostrar a época em que o cinema de faroeste nos EUA estavam entrando em baixa, juntando com a moda hippie estranha que teve, moldando a vida de alguns famosos que viveram nessa época e muito mais, porém ele quis mostrar tanta coisa em um único filme, colocando tantos personagens desconexos conectados, criando tantas perspectivas, que seu "Era Uma Vez Em... Hollywood" acaba sendo longo demais, e tendo somente uma tradicional cena clássica de um filme tarantinesco, claro que do vértice bem sangrento, mas tendo outras com seu gosto, boas trilhas e enquadramentos. Ou seja, o filme acaba cansando no miolo, soando repetitivo, mas como possui vários elementos bons: a beleza da protagonista, as boas atuações, uma produção precisa de recriações visuais de uma época, um cachorro carismático, o resultado acaba sendo bacana de ver, mas muito longe de vermos uma obra-prima do diretor que tanto estamos acostumados a ver, e dessa forma acredito que esperava bem mais, já que as boas cenas (tirando a final) já haviam sido mostradas nos trailers.

O longa revisita a Los Angeles de 1969 onde tudo estava em transformação, através da história do astro de TV Rick Dalton e seu dublê e amigo de longa data Cliff Booth que traçam seu caminho em meio à uma indústria que eles nem mesmo reconhecem mais. Junto a isso, ele trabalha múltiplas histórias paralelas para fazer um tributo aos momentos finais da era de ouro de Hollywood.

Todos sabemos bem que o diretor e roteirista Quentin Tarantino é meio maluco, e possui manias gigantescas que fazem de seus filmes grandes obras cheias de detalhes, tiros, explosões, e claro, bons diálogos, e aqui até vemos um pouco disso em cenas espalhadas, porém um dos pontos que mais gostamos de ver em suas obras é o fato de as histórias contadas nos surpreenderem, e envolverem para termos um final de impacto, o que aqui até tem um excelente final (até antes do momento que achávamos que veríamos - afinal a maioria conhece a história de Charles Manson e Sharon Tate), porém ele exagerou em ter tantas histórias paralelas, colocando tantos personagens que precisariam de um desenvolvimento maior, que vemos quase uma série encurtada, que com rápidos momentos não nos é entregue uma trama montada realmente, e assim sendo o filme encalha. Claro que terão aqueles que irão adorar ver os clássicos momentos da era de ouro de Hollywood, as montagens dos filmes western já decadentes, os atores em suas mansões, e tudo mais, porém o feitio de uma história realmente acaba não acontecendo, e isso é muito ruim, pois sempre vamos ver um filme de Tarantino esperando muita coisa, e aqui ele desapontou um pouco.

Não tenho nem o que falar das atuações perfeitas, afinal com um elenco desses não tinha como algo sequer dar errado, e no quesito interpretativo o filme deslancha de uma forma incrível, com todos os personagens sendo precisos em seus momentos, trabalhando bem os olhares, e retratando bem os diversos personagens reais ou não que viveram nessa época, de modo que acabamos nos envolvendo bastante com cada um, rindo muito de Rick Dalton e suas maluquices, numa ótima interpretação de Leonardo DiCaprio, que conseguiu entregar bons trejeitos, mostrando a vivência dos galãs de western que acabaram virando vilões depois para praticamente sumirem como garotos propagandas apenas. Torcemos nas lutas da vida de Cliff Booth como um dublê bem imponente e boa pinta, amigo de todas as horas e que mostrou que Brad Pitt está completamente em forma para bons papeis. Margot Robbie mostrou mais uma vez sua beleza, carisma e muita desenvoltura para colocar sua Sharon Tate de uma forma singela, mas bem trabalhada no longa. E principalmente vimos todos os hippies malucos (Dakota Fanning, Austin Butler, Margareth Qualley) comandados por Charles Manson, que aqui foi vivido por Damon Herriman numa aparição tão rápida que ficamos com certeza que Tarantino não quis tocar fogo no vespeiro. Quanto aos demais, tivemos uma boa dose rápida de Al Pacino como um grande empresário e uma homenagem meio caricata de Mike Moh para Bruce Lee e seus tradicionais gritos.

Outro grande show ficou a cargo da equipe de arte, que soube recriar muito bem a época do longa, remontando sets de filmes western, criando uma Hollywood cheia das cores, cinemas e tudo mais no estilo que tinha na época, trabalharam bem figurinos clássicos, montaram bem as casas tradicionais, e principalmente não exageraram em clichês comuns de filmes de época, de modo que acaba sendo gostoso ver os ambientes, as situações, e claro toda a tradição costumeira que Tarantino gosta de permear em seus longas, ou seja, um filme com um ar clássico, mas com virtudes modernas, em que o visual acaba agradando demais de ser visto. A fotografia talvez tenha sido exagerada com tons bem quentes, de modo que parece que mesmo em épocas frias dos EUA, os atores estão exageradamente com muito calor, mas isso se deve também ao filtro para fazer os western, que não mediram muito para dividir com as demais cenas, e sendo assim diria que poderiam ter oscilado mais os tons para dar um envolvimento mais diferente.

O diretor exagerou um pouquinho na quantidade de canções do filme, todas muito boas, mas praticamente a cada virada de câmera entrava uma trilha nova, e isso acabou ficando levemente estranho. Só não falo que foi ruim pela qualidade musical, mas poderia ter feito algo mais clássico que agradaria mais. Para quem quiser curtir as músicas, aqui vai o link.

Enfim, é um filme que tem mais problemas do que qualidades, e pela primeira vez acredito que nem tenha sido a alta expectativa que estava com o filme, pois fui conferir esperando um longa bem maluco como todos os demais do diretor, mas que tivesse uma história mais pontuada, e não vários momentos encaixados, que poderiam virar uma série ou até mesmo uma novela, afinal elenco é o que não falta, e histórias paralelas tem aos montes também, ou seja, é um filme bom, mas que não atinge nem metade da capacidade do diretor. Sendo assim recomendo ele para quem quiser ver bons atores em cenários bem trabalhados de época, pois quem for esperando ver uma história bem mais forte certamente irá se decepcionar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Jornada da Vida (Yao)

8/17/2019 01:24:00 AM |

Um road-movie que transparece as essências de origem, essa pode ser facilmente uma definição dos eixos bases de "Jornada da Vida", que consegue não apenas seguir uma linha bonita de amizade entre um ídolo e seu fã, mas também colocar a vida desse ator/escritor para conhecer um pouco mais de suas bases, e não apenas como um eixo ficcional, mas também trabalhando um pouco da realidade, afinal Omar Sy nasceu na França, mas seus pais são do Senegal e da Mauritânia, ou seja, bem no elo aonde o filme se passa, e dessa forma o diretor não apenas consegue montar sua história, mas puxar as memórias familiares do ator para algo a mais, e o filme embora não seja tão emotivo, tem bons momentos de rituais, diversas bases culturais, e principalmente uma entrega envolvente de sintonias entre o garoto e o adulto, meio como uma troca de experiências sem muita dinâmica, e dessa forma o filme soa gostoso, é bem trabalhado, e o resultado agrada de certa forma.

Em seu vilarejo no norte do Senegal, Yao é um garoto de 13 anos de idade disposto a tudo para encontrar o seu herói: Seydou Tall, um famoso ator francês. Convidado a promover o seu novo livro em Dakar, Tall retorna ao país de origem pela primeira vez. Para realizar o seu sonho, o jovem Yao prepara uma fuga e atravessa 387 quilômetros sozinho até a capital. Comovido com este jovem, o ator decide fugir às obrigações e acompanhá-lo de volta à sua casa. No entanto, pelas estradas empoeiradas e incertas do Senegal, Tall compreende que ao se dirigir ao vilarejo do garoto, ele também parte ao encontro de suas raízes.

O diretor e roteirista Philippe Godeau entregou uma trama estilosa, simples e bonita de se ver, não se preocupando com cenas muito ensaiadas, nem desenvolturas clássicas do estilo, botando mais em prática o carisma de ambos os protagonistas, e a situação de cada um vivenciando aquilo, de tal maneira que se ele tivesse pedido para Omar ser mais pessoal ainda (apesar que atualmente o ator já é uma tremenda estrela francesa, quem sabe no começo da carreira o filme seria bem diferente), o filme teria um desenvolvimento ainda melhor, mas ainda assim o resultado encanta, vemos muitos momentos bem entregues, e outros levemente artificiais, mas que no contexto completo acabam funcionando bem. Ou seja, o trabalho do diretor foi criar uma ficção em cima de algo com um embasamento bem real, mas que funcionasse com um tom afetivo bem colocado, e o resultado dessa forma foi bem satisfatório.

Sobre as atuações, sabemos bem o quanto adoramos ver na telona a presença de Omar Sy, que lá trás era uma grande promessa, e hoje já entrega dinâmicas incríveis em diversos filmes, e aqui fazendo quase o papel de sua história "real", ele entrega personalidade para seu Tall, e encontra olhares e sintonias na mesma intensidade por parte dos demais, de modo que funciona o que faz na tela, funciona o que passa de perspectiva e agrada como deveria fazer e faz, claro que poderia ter sido ainda mais singelo de expressividades, mas ainda assim envolve e acerta no que faz. O jovem Lionel Louis Basse entrega bons olhares com seu Yao, transportando sua felicidade de conhecer seu ídolo, mostrando desenvoltura nas cenas mais simbólicas, mas principalmente agradando pelo excelente tato que tem para pegar suas cenas sem se perder, de modo que certamente se o garoto tiver chances artísticas, irá deslanchar mais para frente. Fatoumata Diawara tem uma participação bem coesa com sua Glória, e incorpora dança típica, envolvimentos casuais bem colocados com os protagonistas, e acerta no que foi proposto, mas poderia ter ido bem além no desenvolvimento da personagem, pois acabou levemente jogada. Quanto aos demais, a maioria fez rápidas participações, mas todos entregaram bons sorrisos e não atrapalharam em momento algum.

Visualmente o longa entrega lugares fotograficamente perfeitos, cheios de personalidade, cultura, e claro muita simbologia para criar o conceito de origem que o filme tanto prega, e até mesmo o carro velho da marca foi usado mais ao final para representar algo na trama, ou seja, um filme com muitos elementos espaçados, que durante toda a duração vão sendo usados e marcados para mostrar esse outro lado da África que não é tanto mostrado nos longas, e dessa forma o resultado ainda coincide no choque França versus África, origens e originados, de maneira que vamos nos envolvendo com o trabalho da equipe que ainda escolheu bem o ritmo do andamento do carro, da poeira e claro das boas canções para funcionar como um todo.

Enfim, o longa passa bem longe de ser daqueles que você irá guardar na memória como um dos mais marcantes de sua vida, mas certamente sempre que pensar em um longa bem cultural, cheio de expressividade vai ficar pensando no nome até lembrar pelo bom estilo, ou claro pelo ator, que sem ele o resultado não seria o mesmo. Recomendo a trama pela essência, pelos bonitos atos, e claro pela cultura em si, mas poderiam certamente ter melhorado muitos pontos para emocionar mais, pois isso foi o que mais faltou no filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Eu Sou Brasileiro

8/16/2019 12:06:00 AM |

Muitas vezes o não exagerar em um roteiro funciona e emociona muito mais do que criar algo mirabolante e cheio de virtudes, e digo isso principalmente ao ver alguns longas que até tentam sair do básico, mas que já estão funcionando bem dentro do simples, e só mantendo o arroz e feijão conseguiriam entregar algo sutil e bem colocado, mas como muitos optam pela ousadia, as vezes precisam pagar o preço. Disse isso para começar a falar do drama nacional "Eu Sou Brasileiro", que certamente muitos irão torcer a cara pela sinopse com cara de tema de novela, outros irão reclamar do exagero do famoso dito popular que brasileiro não desiste nunca, mas certamente embasado nessa essência conseguiram criar um longa que entrega esses dois vértices (um estilo novelesco e o exagero utópico do lema), mas que consegue emocionar pela simplicidade, e talvez se não tivessem alongado tanto a densidade, afinal o filme é curto com apenas 85 minutos (mas parece pelo menos 2 horas!), talvez o filme tivesse sido ainda melhor. Porém mesmo com esses leves defeitos, ainda digo que vale a pena dar a chance para a trama, pois os atores até foram bem coesos nos seus momentos, e traz a lição de que vale tentar para conseguir ir em frente, pois as vezes ainda não era sua hora de estourar, e assim, o filme passa bem o que desejava, mesmo que não indo direto ao ponto.

A sinopse nos conta que Léo passou a sua vida inteira tentando se tornar um jogador de futebol famoso e bem sucedido, mas a rotina suburbana nunca aliviou o seu lado. No entanto, mesmo com todos os problemas, ele faz o mesmo que todo bom brasileiro: não desiste e continua tentando. Na intenção de dar a volta por cima, Léo vai para o tudo ou nada e arrisca uma última grande chance.

A estreia do diretor e roteirista Alessandro Barros pode ser dita como um pequeno passo para algo bem maior, pois já trabalhando com grandes atores jovens e também alguns grandes nomes já do cinema nacional, ele conseguiu entregar sua trama somente usando a base novelesca, mas não seguindo a linha da necessidade de trabalhar com diversos núcleos (o que é excelente!), de modo que vemos a história praticamente toda focada no protagonista e em sua família, e seus perrengues no miolo da história, e tirando o mote do cunhado que poderia ser utilizado de outra forma, tudo acaba bem encaixado e resultando em algo bem montado. Claro que temos diversos exageros, afinal o longa trabalha uma essência otimista demais, e com isso muitos podem até reclamar do estilo, além disso, o diretor usou um artifício muito batido para o miolo da trama, de modo que quem não desconfiar do que está acontecendo certamente nunca viu um filme na vida, e isso poderia ter sido amenizado, mas de forma alguma atrapalha o conteúdo da trama, e sendo assim, diria que o resultado é interessante, e certamente ele irá melhorar muito no próximo filme com o que aprendeu errando aqui, principalmente pelos diversos pontos não explicados na trama, como já disse do caso do cunhado, ou então da quantidade de bandeiras que tanto a mãe quanto a esposa faz, entre outros momentos.

Diria que a equipe foi bem coesa na escolha do elenco, pois todos entregaram um carisma bem próprio para cada um dos papeis, e encontraram estilos certeiros para que suas atuações ficassem bem dentro das personalidades de cada um. O protagonista Daniel Rocha consegue se passar bem tanto no momento mais jovem, quanto na versão mais adulta de seu Léo, de maneira que entrega olhares simples, mas bem encontrados para com o momento que está passando, claro que poderia ter ido bem além, mas não decepciona ao menos. Já Fernanda Vasconcelos entrega momentos bem oscilantes com suas maiores características: um olhar exageradamente triste, de tal maneira que mesmo nas atitudes mais envolventes da trama parece incomodada com sua Lu, mas ao menos se encaixou bem no que era preciso para funcionar o papel. Quanto os demais, tivemos atos bem colocados de Zezé Motta como a diretora da escola, Letícia Spiller como uma terapeuta, e até Cristiana Oliveira caiu bem no papel da mãe do protagonista, de modo que não chegam a surpreender em nada, mas também não atrapalham com o que fazem.

Visualmente o trabalho da equipe de arte foi fazer o básico sem precisar gastar muito, e contou claro com locações simples, e momentos mais bem enquadrados para encontrar um resultado coerente quanto ao jogo, quanto as sessões de terapia, e até nas aulas nos colégios foram sem muito luxo, mas representando bem o que o diretor desejava, trabalhando os elementos cênicos de forma coesa, e com isso o resultado não vai muito além, mas funciona. O único detalhe que não necessitava foi mudar o tom da fotografia para as cenas do protagonista mais velho, pois de cara entregam o que está acontecendo, mesmo com essa parte do filme sendo a maior, ou seja, talvez outros arquétipos encaixariam melhor, e o resultado surpreenderia mais, mas como não é um erro isso, apenas um clichê totalmente tradicional, funcionou ao menos.

Enfim, é um longa que tem muitos pequenos problemas, mas que em essência consegue emocionar e passar sua mensagem, ou seja, funciona de uma maneira simples que poderia ir até mais além, ou talvez trabalhar esses pequenos detalhes para fazer algo mais envolvente ainda, ou seja, vai ter muita gente reclamando dele, mas muitos irão se encontrar com a mensagem, e sendo assim recomendo ele com essas ressalvas, de não esperar muito, e se deixar levar, pois ele passa longe de ser um filme ruim como muitas críticas andaram queimando ele. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Badla

8/15/2019 12:10:00 AM |

Ainda estou em choque com o final do longa indiano "Badla" que estreou essa semana na Netflix, pois até cheguei a imaginar algo do tipo lá pelo meio do filme, mas fui convencido de outras hipóteses através do grande jogo de verdades e mentiras entre a empresária acusada e seu grandioso advogado (o qual nunca perdeu um caso em 40 anos!). Porém longe do ótimo final, a trama inteira é cheia de reviravoltas tão bem feitas, num tremendo jogo de xadrez dos bons, que vamos montando as cenas dos crimes da mesma maneira que o diretor, trabalhando os ângulos da verdade ou da mentira, criando hipóteses, que quando vemos já estamos tão envolvidos com a história que já nem imaginamos mais o que é verdade ou o que é mentira, e quem está certo na composição completa da trama. Ou seja, um filmaço de primeira linha que de início parecia ser simples demais, pela sinopse parecia bobinho de tudo, mas que no desenrolar completo tirou muitos coelhos da cartola, e que talvez até possa ter um furo ou outro no roteiro, mas é tão bem remendado que acabamos passando despercebidos por eles, e vibrando com o fechamento. Acho que nunca recomendei um longa indiano, pois já vi alguns bem ruins, mas esse pode anotar aí e ficar de olho no diretor, que vai valer a pena.

A sinopse nos conta que uma jovem empresária dinâmica é encontrada trancada em um quarto de hotel com o cadáver de seu amante morto. Ela contrata um advogado de prestígio para defendê-la e eles trabalham juntos para descobrir o que realmente aconteceu.

O diretor e roteirista Sujoy Ghosh adaptou a trama do filme "Um Contratempo" (que também tem na Netflix, e é muito bom também - devo rever em breve para colocar um texto aqui também, mas que já falei do outro longa do mesmo diretor e roteirista Oriol Paulo, "Durante a Tormenta") para um vértice digamos um pouco diferente, e com o outro ponto de vista, já que no espanhol temos um empresário e uma advogada, enquanto aqui é o inverso, mas que no miolo possui muitas semelhanças. Porém o diretor foi sagaz em trabalhar dinâmicas bem rápidas, colocar simbologias nos diálogos, e incorporar para seus personagens toda a situação com muitas viradas rápidas e funcionais, de modo que vamos nos surpreendendo e caindo em cada uma delas, para ao final fechar com chave de ouro, e isso é raro de vermos em filmes simples como esse, pois não temos uma produção caríssima, não temos atores renomados, mas na simplicidade de causa, o resultado acaba grandioso e bem feito, e isso faz valer muito para quem gosta de longas de suspense envolvendo crimes enigmáticos, e aqui isso é entregue com perfeição, e certamente irei procurar mais coisas do diretor, pois ele mostrou muita sabedoria tanto na condução dos arcos, como na montagem escolhida quase teatral.

Um ponto que diria que poderia ser melhorado no longa sem dúvida fica a cargo das atuações, pois embora os protagonistas tenham um bom jogo de cintura na forma de entregar suas versões, brincando bem com trejeitos expressões, ambos poderiam ter floreado mais os olhares, causado ainda mais envolvimento e certamente passado mais convicção no seu estilo, embora acabemos confiando completamente em cada uma das versões apresentadas por eles como sendo perfeitas para solucionar o crime. Amitabh Bachchan entrega com seu Badal um advogado preciso de insinuações, cheio de opinião e muita desenvoltura no que faz, de modo que acabamos quase já procurando seu telefone no Google para usar quando for preciso, pois o cara dá show no que faz. Taapsee Pannu tem bons atos com sua Naina, e dialoga com uma precisão cirúrgica, mas nos atos que precisou trabalhar mais o corpo, seu gestual acaba ficando jogado demais, com olhares meio que jogados, que até servem para o final da trama, mas poderiam ser mais imponentes pela personalidade empresarial que a personagem tem. Dos demais, Amrita Singh foi coesa nos atos de sua Rani, cheia de envolvimentos bem colocados, mas sem muito destaque, afinal é personagem secundária, e Tony Luke entrega um Arjun bem colocado em diversas cenas, com sintonias claras de cada momento, chamando até a atenção para si, mas não empolga muito com a situação, pois também é secundário.

Visualmente o longa possui uma parte bem simples, afinal se passa quase todo dentro do apartamento da protagonista com os dois dialogando os fatos, com poucos elementos cênicos, mas tudo bem dentro do contexto, e sempre criando as cenas através do que vão contando, vemos os crimes acontecerem como realmente são feitas as reproduções policiais, mas claro que de forma cinematográfica que funciona bem e entrega bons atos no hotel, na casa do mecânico e principalmente no meio da floresta, com tudo fluindo bem entre cada detalhamento, aparecendo em momentos espaçados alguns pontos extras para a condução ficar mais encaixada tanto na mente do público, como na história, ou seja, um trabalho bem feito por parte da equipe de arte sem precisar gastar muito.

Enfim, fiquei realmente muito feliz com o que vi, pois fui conferir esperando ser mais um longa investigativo que provavelmente reclamaria de tudo e estaria aqui dando uma nota mediana para baixa, pois o trailer não me chamou a atenção, e a sinopse menos ainda, mas agora após conferir recomendo demais para todos que gostam do estilo, e que certamente ao final irão ficar bem chocados com tudo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos das estreias do cinema, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Missão no Mar Vermelho (The Red Sea Diving Resort)

8/13/2019 01:10:00 AM |

Hoje se fala muito de refugiados, de pessoas que cruzam os mares para fugir de guerras ou regimes autoritários que matam famílias e tudo mais, mas vemos isso por termos mais divulgação jornalística, pois já há muito tempo já existem diversas fugas e tentativas de povos sofrendo muito conseguirem um lugar para viver em paz, e o novo longa da Netflix, "Missão No Mar Vermelho" conseguiu mostrar um pouco de uma grande sacada que um grupo israelense conseguiu fazer para salvar diversas vidas nos anos 80, montando um resort de fachada no meio de uma guerra civil gigantesca no Sudão, e só isso já faz do longa algo que é muito válido de se conferir, mas além disso temos boas cenas de ação e tensão, momentos bem trabalhados pelo elenco grandioso, e uma fotografia bem pautada para ambientar cada momento. Claro que temos cenas bem falsas, diálogos jogados, e alguns atos até que parece que o roteirista nem pensou que viraria um furo imenso, mas como bem sabemos: longas de ação são cheios de furos, então vale ao menos para passar um bom tempo e conhecer um pouco mais na TV.

O longa nos mostra a incrível história de um grupo de agentes secretos que no começo dos anos 80 usaram um resort de férias no Sudão como fachada para o transporte de milhares de refugiados para Israel. A equipe responsável pela operação foi liderada pelo carismático Ari Levinson e pelo corajoso etíope Kabede Bimro.

O diretor e roteirista israelense Gideon Raff quis certamente entregar algo que envolvesse uma exaltação à sua cultura através de mostrar os primórdios da equipe de inteligência secreta Mossad, e como ela salvou milhares de judeus na África, e para isso o que ele pensou primariamente: preciso ter alguém de renome que já tenha brigado contra o nazismo, que tenha superforça e muito mais, e quem veio na mente? Claro, o Capitão América, mas como não estamos falando de um filme com super-heróis, vamos pegar Chris Evans que já serve para representar bem o estilo de Ari Levinson (que pelas fotos ao final até tentaram fazer ele ficar igual, mas passou bem longe). Não digo que a ideia do diretor tenha sido ruim, pois fez com que o filme ganhasse mais visibilidade (afinal muitos irão ver o longa pelo ator), mas poderia ter trabalhado um pouco mais os diálogos no roteiro para que os momentos conversados fossem mais críveis, pois o longa peca demais nesse sentido, e mesmo os longas de brucutus, cheios de ação, possuem ao menos cenas-chave com envolvimento, e aqui vemos algo quase que sem pé nem cabeça entre conversas com ministros, secretários de segurança, embaixadores, e tudo mais, como se fossem pessoas da esquina conversando sobre como vão tomar o café na praça. Ou seja, a maior falha recai nesse sentido, pois tirando esse detalhe, o resultado do filme acaba empolgante, e agrada de certa forma bastante.

Diria que o elenco é maior do que os personagens pediam, pois com diálogos bem simples, parecia que todos estavam apenas tirando algumas férias de interpretações fortes, e fazendo a ação correr, de modo que Chris Evans até trabalha bem seu Ari Levinson, criando boas nuances, correndo para todos os lados, e fazendo olhares mentirosos bem marcados, mas não encaixa seus momentos com algo que surpreenda, e assim apenas faz bem. Michael Kenneth Williams foi bem simples e claro nas atitudes de seu Kabede, de que ninguém ficaria para trás e sua vida dependia somente disso, com olhares sempre bem calmos e não chamando tanta atenção, mas saindo bem no que fez. Um dos atores que mais se mostrou desmotivado com seus textos foi certamente Alessandro Nivola, pois é notável em seu Sammy os atos que ele tenta puxar algo a mais e o filme não tem condições para responder, ficando bem encaixado no que se propunha, mas não cativando como ele queria, e isso transpareceu demais para o longa. Haley Bennett entregou uma boa imponência feminina para a trama, mas teve tantas cenas jogadas desnecessárias, que se eliminarmos tudo seu sobraria umas 2 ou 3 apenas que valeriam da necessidade dela estar na trama com sua Rachel, e isso é algo que não pode acontecer com uma protagonista. Ben Kingsley e Greg Kinnear foram simbólicos para seus papeis de Ethan Levin e Walton Bowen pelos envolvimentos diplomáticos das missões, mas qualquer outro ator mais simples fariam os mesmos atos rápidos com a mesma precisão. Agora um vilão bem marcado e interessante foi a atuação que Chris Chalk deu para o coronel Abdel, pois fez caras fortes e bem trabalhadas, que mesmo soando bobas as vezes, chamou a atenção pelo rigor na maioria.

Visualmente o longa foi até que bem trabalhado, com um "resort" bem destruído para mostrar a enrascada inicial que os protagonistas se metem, muitas cenas em lugares públicos para mostrar conflito, cenas cheias de figurantes em lugares lastimáveis para representar os refúgios e as condições ruins que as pessoas estavam vivendo, e claro cenas fortes com os militares matando pessoas em primeiro plano para impactar bem, ou seja, a equipe de arte ao menos encontrou bons atos para representar os momentos que o filme pedia, mas encheu muita linguiça também com cenas desnecessárias apenas para mostrar serviço, e isso poderia ter economizado o orçamento. A fotografia trabalhou bem alguns planos de ângulos marcantes, com muita aridez visual e cores bem marrons para chamar a atenção do clima do local, e isso agrada bastante para envolver o público, pois ajudou e muito na tensão em diversos atos.

Enfim, é um longa que passa bem longe de ser perfeito, que possui muitos defeitos técnicos, mas que prende a atenção do público, que talvez um pouco melhor produzido, e principalmente com algumas revisões de roteiro para melhorar os diálogos, seria incrível, porém isso não atrapalha tanto o envolvimento, e sendo assim acabamos gostando do que vemos, passando um bom tempo na frente da TV. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Histórias Assustadoras Para Contar No Escuro (Scary Stories to Tell in the Dark)

8/11/2019 02:29:00 AM |

Antigamente víamos o povo todo com medo de ir conferir um longa de terror, hoje parece que os filmes já não causam tanta tensão e as salas acabam lotando com histórias que procuram mais passar mensagens do que criar temor nos espectadores, e embora a trama de "Histórias Assustadoras Para Contar No Escuro" consiga assustar em algumas cenas espalhadas (usando claro o manual de pegar desprevenido), a trama que Guillermo Del Toro adaptou ficou juvenil demais para impressionar, tendo sim bons elos, causando bem pelos estranhos personagens, mas sendo algo mais bonito de ver pelo estilo do que algo que fizesse você sair da sessão pensando em como iria dormir só de lembrar de qualquer ato. Por isso não digo que seja um filme ruim, muito pelo contrário, ele nos entrega algo visualmente perfeito, histórias bem montadas, e possivelmente até uma continuação pela última fala do longa, porém esperava ver algo mais forte e tenso, embora a cena das aranhas seja uma das mais horrendas desenvolvidas, ou seja, o filme tem seus méritos, mas poderia ter ido muito além no conceito de algo aterrorizador.

O longa nos conta que no tranquilo povoado de Mill Valley, durante gerações, o legado sombrio da família Bellows cresceu enormemente. Sara Bellows, uma jovem que oculta horríveis segredos, transformou sua tortuosa vida em uma série de histórias macabras escritas em um livro, cuja particularidade é que as mesmas se tornam reais para um grupo de adolescentes que o encontram.

O diretor André Øvredal já havia mostrado seu estilo de trabalhar com sustos no longa "A Autópsia", e aqui junto com Guillermo Del Toro, teve aprimorado ao menos a técnica de colocar ambientações (que foi algo que faltou muito no seu último filme) e conseguiu desenvolver boas situações para algo que possui sim um estilo de série e/ou contos paralelos que encaixam bem no decorrer da trama, e como sempre, ao compôr a história Del Toro colocou o medo vs vontade dos jovens de ir para o Vietnã, encontrou situações para falar de desastres ambientais, e ainda trabalhou outros vértices como o medo dentro de sonhos, brincando até com momentos de racismo, ou seja, incorporou diversos elementos possíveis e achou onde seguir para mostrar os diversos tipos de medo nos anos 60/70. Talvez esse excesso de aberturas tenha ajudado o filme a não ir para um rumo melhor, mas se tivessem mantido a essência, e causado mais tensão de terror mesmo no filme, teríamos algo para colocar com o nome nas alturas, pois só faltou fazer o público ficar com medo realmente de tudo, já que o restante foi perfeito.

Sobre as interpretações, diria que vemos um "Goosebumps" melhorado, pois temos adolescentes correndo na noite de Halloween, temos os mesmos quase que sem expressões, e monstros esquisitos, ou seja, tudo o que o outro já nos entregou, só que aqui a diferença é que sumiços ocorrem (não digo mortes, pois não ficou bem explicado o que acontecerá na sequência!), e as cenas aonde vemos impacto são bem fortes (como a do personagem se montando com suas partes, o espantalho espetando o garfo, as aranhas saindo aos montes, entre outros), e sendo assim diria que talvez o diretor precisava só de mais um pouco de atitude para transformar os jovens em atores melhores e mais expressivos, mas não conseguiu. Dessa forma, Zoe Margareth Colletti apenas fez caras espantadas com sua Stella (tendo a melhor cena ao final quando entra em uma cena antiga). Michael Garza tentou ser um galã com seu Ramón, mas apenas vimos cenas suas sem muita desenvoltura, e isso não chama a atenção. Gabriel Rush e Austin Zajur foram os que mais demonstraram temor nas interpretações de seus Auggie e Chuck, mas como foram bem secundários, nada chamaram atenção. Ou seja, apenas Austin Abrams com seu Tommy caiu bem para a cena mais tensa do longa, a jovem Natalie Ganzhorn também foi bem coerente na cena forte de sua Ruth, e só, pois os demais apenas foram coadjuvantes bem secundários.

Agora sem dúvida o grande mérito do longa ficou pelo conceito visual, tendo locações bem planejadas e detalhadas que mereciam muito mais cenas de impacto, como o casarão dos Bellow que entregou toda uma imponência tensa, as cenas de carro com o morto brigando com o jovem galã, e claro as cenas no milharal e na escola, ou seja, cada ato foi bem pensado e desenhado com diversos elementos visuais, muitas cores e tons para criar sutilezas nos ambientes, e principalmente um elo maior da trama, o que sempre caracteriza os longas de Del Toro, ou seja, um filmão visual que poderia ter ido muito além.

Enfim, volto a frisar que o longa não é ruim, mas ele permeia mais o ambiente, cria situações e falha em causar tensão no público, de modo que parece faltar atitude realmente para o diretor querer ir muito além, afinal muitos irão ver a trama por Del Toro, ou por já ter lido o livro de contos em que a trama é baseada, mas certamente muitos sairão desapontados pelo trabalho simples demais que o diretor acabou entregando, ou seja, é daqueles medianos que não agradam, mas que também não desapontam tanto. Fica assim minha recomendação então, se você gosta de um bom filme visual com elementos de terror bem desenvolvidos, mas que não assusta nada, pode ir conferir tranquilamente, agora se você gosta de sair da sessão morrendo de medo do que viu, pensando em tudo e mais um pouco, aqui você irá se desapontar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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