Já falei aqui várias vezes que se existe um estilo que vai sempre ter público nos cinemas é o gênero de filmes religiosos, pois independente de qual leva ele seguir, sempre haverá milhares de fiéis para assistir e querer ver (assim como os fãs de HQs) se o que foi contado bate com o que leram em grandes livros. E tivemos diversos longas contando o nascimento de Jesus, mais ainda contando a época de sua morte, mas que eu me lembre nenhum contando sua infância, então agora baseado num livro de Anne Rice, que já teve diversas obras adaptadas para a telona, resolveram nos mostrar em "O Jovem Messias", como o pequeno Jesus convive com a descoberta de seus dons sem que lhe seja dada as repostas que tanto busca. E segurando sempre essa temática, com um tom bem leve e singelo, a trama se desenrola de uma forma bem bonita, e sem forçar a barra para ideais, o resultado acaba sendo bem agradável, mesmo para quem não é tão religioso e foi apenas conferir mais um longa no cinema.
O longa nos mostra que aos sete anos, Jesus vive com sua família em Alexandria, Egito, onde eles fugiram para evitar o massacre de crianças pelo Rei Herodes de Israel. Jesus sabe que seus pais, José e Maria, mantêm segredos sobre seu nascimento e o tratamento que o faz diferente de outros garotos. Seus pais, porém, acreditam que ainda é cedo para lhe contar a verdade de seu milagroso nascimento e seu propósito. Com a morte do Rei, eles resolvem voltar para sua terra natal, Nazaré, sem saber que o herdeiro do trono, o novo rei, é como seu pai e está determinado a matar Jesus, ao mesmo tempo em que ele descobre a verdade sobre a sua vida.
Mesmo quando sabemos uma história, se contada de uma forma diferente, sempre consegue prender nossa atenção, mas claro que para isso, necessitam colocar pontos questionadores no conteúdo, para que o público pare e reflita também sobre o que está vendo, e aqui o conteúdo da história é bem bonito de se ver, mas a forma exageradamente leve que acabaram dando para todas as situações acabou transformando o filme quase em um daqueles filmes para meditar, e certamente não era essa a intenção da equipe. E de quem seria a culpa principal do filme ter essa forma? O roteiro criado pelo diretor Cyrus Nowrasteh juntamente com Betty Giffen Nowrasteh é baseado no livro de Anne Rice, que certamente não criou uma história sem pontos de reflexão para o público que desejava atingir, então talvez tenha faltado um pouco mais de ousadia do diretor para que a trama emocionasse mais, não ficando tão dependente apenas da linha histórica, e assim talvez embarcássemos mais junto com as dúvidas do pequeno Jesus, e refletíssemos mais sobre cada situação que ele passou nessa sua jornada de volta para sua terra natal. Isso é apenas uma hipótese que talvez melhoraria o longa, não que ele seja algo ruim, mas ficou leve demais, e quem não estiver bem preparado para tudo o que vai ver, pode acabar dando uns cochilos durante as quase duas horas de projeção.
Tirando a ousada loucura de Mel Gibson em 2004 quando gravou seu "Paixão de Cristo", inteiro falado em aramaico clássico, todos os demais longas sobre Jesus foram falados na língua do país de produção ou em inglês (claro que por conveniência) e de tantos filmes que já vi, estou quase acreditando que Jesus era americano por sempre falar inglês, e agora ainda mais, pois vi que desde garotinho já sabia a língua "mundial"!! Brincadeiras à parte com o idioma do longa, o jovem Adam Graves-Neal trabalhou bem os semblantes questionadores de seu Jesus, mostrando a todo momento que desejava respostas só com a carinha que fazia, sem precisar dizer quase que nenhuma palavra, e quando tinha de dialogar com alguém lhe foi pedido para trabalhar sempre num tom sereno, que acabou ficando muito bonito de ver, e assim sendo, podemos dizer que é um futuro talento para se aproveitar, veremos se decola! Sean Bean é aquele ator clássico que sempre sabemos o que vai nos entregar, e seu centurião romano Severus até trabalhar algumas vertentes diferenciadas, mas sempre sabemos o ponto de virada para sua atuação em cada cena premeditada, o que acaba ficando monótono de ver, e acabamos nem mais querendo ver o personagem. Um personagem que poderiam ter trabalhado mais, e que daria uma excelente história é o demônio vivido por Rory Keenan, pois inicialmente nos deixa com a pulga atrás da orelha se é realmente aquilo que achamos ser, mas quando entra pro embate mesmo, acabam deixando de lado o personagem para nem mais aparecer no filme, e tanto o ator que estava fazendo ótimos trejeitos, quanto o personagem que era interessante, mereciam mais tempo de tela. Sarah Lazzaro e Vincent Walsh foram simples demais para com seus personagens Maria e José, de modo que a família ficou bem contextualizada no ponto histórico de serem humildes, mas faltou mostrar que também sabem ser desesperados frente às situações que acabam passando, e em momento algum vimos isso na trama. Ficaram certamente na dúvida de entregar a Jonathan Bailey um personagem tendencioso à loucuras e ritos sexuais como foi Herodes, mas o ator fez o máximo que lhe foi permitido para que o longa não destoasse do seu conteúdo, e isso fica nítido nos cortes que acabaram fazendo em suas cenas, pois nenhuma é finalizada completamente, o que acabou ficando bem estranho. E para fechar tentaram dar um alivio cômico para o personagem Cleopas de Christian McKay, e o resultado foi temebroso, pois o ator não sabia se puxada sua doença para o lado mais religioso, se brincava com o texto ou se realmente interpretava o que tinha de fazer, ou seja, uma bagunça completa nas suas cenas.
Sobre o visual da trama, mesmo trabalhando bem a simplicidade que sempre foi mote da vida familiar de Jesus, o longa contou até que com alguns adereços mais ricos nas cenas de Herodes, mas sempre nas cenas aonde mostrava a família principal, o lema foi figurino simples básico, quase nenhuma cenografia pomposa, de modo que certamente complicou demais na escolha das locações, e principalmente, raríssimos elementos cênicos para dar algum contexto mais chamativo. E certamente toda essa economia cênica fez com que o longa tivesse um orçamento bem simples também, o que poderia talvez dar mais nuances nas cenas com mais personagens, para envolver mais, mas não era essa a ideia original. A fotografia procurou já que tinha elementos de cores neutras demais, contrapor com tons azuis do céu, verdes de algumas paisagens e quando não tinham esse recurso sempre puxando para o marrom mais forte para que o filme tivesse algum balanço, mas por ser muito cru, a trama chega a ter alguns pontos de cansar o público com o visual, e isso é um alto fator de quando visto em casa fazer com que a pessoa mude de canal, e o resultado final não agrade tanto monetariamente.
Enfim, é um bom filme, bem feitinho, mas com defeitos demais para recomendar ele para quem não seja cristão assistir. Mas a distribuidora foi esperta o suficiente de lançar ele numa semana religiosa, e sendo assim talvez a bilheteria acabe tendo um resultado mais expressivo no país, veremos!! Portanto, se você é religioso e gostaria de ver um pouco mais sobre a infância de Jesus, esse é uma boa dica de programa para o fim de semana, mas se não for, vá somente se tiver muita certeza de que gosta de filmes extremamente calmos, senão a chance de reclamar de tudo e dormir é alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando praticamente a semana cinematográfica, mas tentarei ver a pré que veio para o interior, então abraços e até breve.
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O longa nos mostra que aos sete anos, Jesus vive com sua família em Alexandria, Egito, onde eles fugiram para evitar o massacre de crianças pelo Rei Herodes de Israel. Jesus sabe que seus pais, José e Maria, mantêm segredos sobre seu nascimento e o tratamento que o faz diferente de outros garotos. Seus pais, porém, acreditam que ainda é cedo para lhe contar a verdade de seu milagroso nascimento e seu propósito. Com a morte do Rei, eles resolvem voltar para sua terra natal, Nazaré, sem saber que o herdeiro do trono, o novo rei, é como seu pai e está determinado a matar Jesus, ao mesmo tempo em que ele descobre a verdade sobre a sua vida.
Mesmo quando sabemos uma história, se contada de uma forma diferente, sempre consegue prender nossa atenção, mas claro que para isso, necessitam colocar pontos questionadores no conteúdo, para que o público pare e reflita também sobre o que está vendo, e aqui o conteúdo da história é bem bonito de se ver, mas a forma exageradamente leve que acabaram dando para todas as situações acabou transformando o filme quase em um daqueles filmes para meditar, e certamente não era essa a intenção da equipe. E de quem seria a culpa principal do filme ter essa forma? O roteiro criado pelo diretor Cyrus Nowrasteh juntamente com Betty Giffen Nowrasteh é baseado no livro de Anne Rice, que certamente não criou uma história sem pontos de reflexão para o público que desejava atingir, então talvez tenha faltado um pouco mais de ousadia do diretor para que a trama emocionasse mais, não ficando tão dependente apenas da linha histórica, e assim talvez embarcássemos mais junto com as dúvidas do pequeno Jesus, e refletíssemos mais sobre cada situação que ele passou nessa sua jornada de volta para sua terra natal. Isso é apenas uma hipótese que talvez melhoraria o longa, não que ele seja algo ruim, mas ficou leve demais, e quem não estiver bem preparado para tudo o que vai ver, pode acabar dando uns cochilos durante as quase duas horas de projeção.
Tirando a ousada loucura de Mel Gibson em 2004 quando gravou seu "Paixão de Cristo", inteiro falado em aramaico clássico, todos os demais longas sobre Jesus foram falados na língua do país de produção ou em inglês (claro que por conveniência) e de tantos filmes que já vi, estou quase acreditando que Jesus era americano por sempre falar inglês, e agora ainda mais, pois vi que desde garotinho já sabia a língua "mundial"!! Brincadeiras à parte com o idioma do longa, o jovem Adam Graves-Neal trabalhou bem os semblantes questionadores de seu Jesus, mostrando a todo momento que desejava respostas só com a carinha que fazia, sem precisar dizer quase que nenhuma palavra, e quando tinha de dialogar com alguém lhe foi pedido para trabalhar sempre num tom sereno, que acabou ficando muito bonito de ver, e assim sendo, podemos dizer que é um futuro talento para se aproveitar, veremos se decola! Sean Bean é aquele ator clássico que sempre sabemos o que vai nos entregar, e seu centurião romano Severus até trabalhar algumas vertentes diferenciadas, mas sempre sabemos o ponto de virada para sua atuação em cada cena premeditada, o que acaba ficando monótono de ver, e acabamos nem mais querendo ver o personagem. Um personagem que poderiam ter trabalhado mais, e que daria uma excelente história é o demônio vivido por Rory Keenan, pois inicialmente nos deixa com a pulga atrás da orelha se é realmente aquilo que achamos ser, mas quando entra pro embate mesmo, acabam deixando de lado o personagem para nem mais aparecer no filme, e tanto o ator que estava fazendo ótimos trejeitos, quanto o personagem que era interessante, mereciam mais tempo de tela. Sarah Lazzaro e Vincent Walsh foram simples demais para com seus personagens Maria e José, de modo que a família ficou bem contextualizada no ponto histórico de serem humildes, mas faltou mostrar que também sabem ser desesperados frente às situações que acabam passando, e em momento algum vimos isso na trama. Ficaram certamente na dúvida de entregar a Jonathan Bailey um personagem tendencioso à loucuras e ritos sexuais como foi Herodes, mas o ator fez o máximo que lhe foi permitido para que o longa não destoasse do seu conteúdo, e isso fica nítido nos cortes que acabaram fazendo em suas cenas, pois nenhuma é finalizada completamente, o que acabou ficando bem estranho. E para fechar tentaram dar um alivio cômico para o personagem Cleopas de Christian McKay, e o resultado foi temebroso, pois o ator não sabia se puxada sua doença para o lado mais religioso, se brincava com o texto ou se realmente interpretava o que tinha de fazer, ou seja, uma bagunça completa nas suas cenas.
Sobre o visual da trama, mesmo trabalhando bem a simplicidade que sempre foi mote da vida familiar de Jesus, o longa contou até que com alguns adereços mais ricos nas cenas de Herodes, mas sempre nas cenas aonde mostrava a família principal, o lema foi figurino simples básico, quase nenhuma cenografia pomposa, de modo que certamente complicou demais na escolha das locações, e principalmente, raríssimos elementos cênicos para dar algum contexto mais chamativo. E certamente toda essa economia cênica fez com que o longa tivesse um orçamento bem simples também, o que poderia talvez dar mais nuances nas cenas com mais personagens, para envolver mais, mas não era essa a ideia original. A fotografia procurou já que tinha elementos de cores neutras demais, contrapor com tons azuis do céu, verdes de algumas paisagens e quando não tinham esse recurso sempre puxando para o marrom mais forte para que o filme tivesse algum balanço, mas por ser muito cru, a trama chega a ter alguns pontos de cansar o público com o visual, e isso é um alto fator de quando visto em casa fazer com que a pessoa mude de canal, e o resultado final não agrade tanto monetariamente.
Enfim, é um bom filme, bem feitinho, mas com defeitos demais para recomendar ele para quem não seja cristão assistir. Mas a distribuidora foi esperta o suficiente de lançar ele numa semana religiosa, e sendo assim talvez a bilheteria acabe tendo um resultado mais expressivo no país, veremos!! Portanto, se você é religioso e gostaria de ver um pouco mais sobre a infância de Jesus, esse é uma boa dica de programa para o fim de semana, mas se não for, vá somente se tiver muita certeza de que gosta de filmes extremamente calmos, senão a chance de reclamar de tudo e dormir é alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje encerrando praticamente a semana cinematográfica, mas tentarei ver a pré que veio para o interior, então abraços e até breve.