HBO Max - A Vida Depois (The Fallout)

1/30/2022 11:08:00 PM |

Alguns filmes conseguem o feitio interessante de nos fazer pensar como reagiríamos em presenciar uma tragédia no ambiente em que convivemos, pois como bem sabemos a nossa mente não é algo que tem um botão que vai reagir igual para todos, e isso é o mais bacana de ver, pois como cada um enxerga o conflito, como a situação vai chegar, e como ela vai deslanchar, é motivo de estudos de terapeutas, psicólogos e tudo mais, então como retratar isso certamente foi o pensamento da diretora e roteirista para que seu filme "A Vida Depois", que foi lançado na HBO Max, fluísse bem ao mostrar como reagiram alguns alunos que sobreviveram às chacinas em suas escolas nos EUA. Ou seja, muitos vão olhar o longa como algo exageradamente simples que não vai muito além, outros irão se emocionar com os protagonistas, mas a base é tão marcante para se refletir, que o resultado acaba indo até além, pois nunca iremos saber exatamente o que vai acontecer com a nossa mente, e isso fica bem claro com a reação final da protagonista, pois mesmo não estando no mesmo ambiente, tudo foi bem diferente.

A sinopse nos conta que uma estudante do ensino médio enfrenta consequências emocionais após uma tragédia escolar. A partir desse processo, ela forma um vínculo único e dinâmico com outros dois adolescentes, em uma jornada muitas vezes confusa, de cura. A jovem experimenta em seus relacionamentos, seja com a família, amigos ou até mesmo em suas visões de mundo, uma transformação significativa, potencializadas pela intensidade desse período da vida e por seus traumas. O filme retrata os rostos invisíveis de uma tragédia, e seus esforços em conseguir (ou nem sempre conseguir) transformar a dor em uma mudança positiva no mundo.

Diria que a estreia da atriz Megan Park como diretora e roteirista de longas foi algo bem trabalhado e cheio de vitalidade, pois ela não quis criar um filme cheio de propostas e aberto demais, mas que sim sua opinião sobre as diversas formas de pensar e vivenciar uma tragédia fossem mostradas, construídas e bem retratadas, pois não existe uma forma certa de sentir algo o qual você nunca vivenciou, e essa estrutura, essa forma criativa de colocar toda a densidade em cima da garota, dela ir conhecendo e vivendo cada momento foi algo simples e muito bem trabalhado, conseguiu criar ângulos bem propostos com um ar proximal para que realmente estivéssemos juntos da garota, e assim tudo foi bem encaixado, bem determinado e cheio de nuances expressivas, ao ponto que mesmo nos atos de terapia da garota a síntese não fosse uma obrigação, mas sim uma comoção aberta e ampla, o que mostra tanto a segurança dela como diretora, como uma roteirista criativa e bem pontuada que deve despontar ainda mais nos anos futuros.
 
Sobre as atuações, vou frisar um detalhe bem marcante que se Jenna Ortega tivesse feito só metade das expressões que fez aqui com sua Vada na sua personagem Tara no filme "Pânico", certamente teríamos outro longa lá, pois aqui ela deu perfeição aos sentimentos de medo, de angustia, de preocupação e tudo mais, demonstrando frieza em alguns atos, e principalmente sabendo aonde se colocar frente à tudo o que está acontecendo, ou melhor, não sabendo, pois a garota não sabe o que sentir, como sentir, e isso ela passou com uma naturalidade tão presencial que acaba agradando demais. Da mesma forma vemos as diferentes reações de Maddie Ziegler com sua Mia, e Niles Fitch com seu Quinton, de forma que eles se entregaram bem, criaram todas as interações com a protagonista, e fizeram fluir bem seus ares com o acontecido, o que acaba sendo bem bacana de ver. Outro que mudou bem e de uma forma diferente a personalidade foi Will Ropp com seu Nick, passando de alguém alegre e cheio de vida para um idealizador de protestos, e isso não é errado, pois passou a se preocupar com o mundo, o que foi bem bacana de ser retratado também. Quanto dos pais e da irmã menor da protagonista, eles também mostraram interações bem marcantes, dando boas nuances para seus momentos e agradando com palavras bem interessantes, e assim tanto Lumi Pollack com sua Amelie, quanto John Ortiz e Julie Bowen dominaram bem seus atos e agradaram. Agora uma surpresa interessante foi ver Shailene Woodley como uma terapeuta séria, pois se alguns anos atrás a víamos fazendo romances adolescentes e ações distópicas, agora como uma mulher mais experiente, passando mensagens e analisando a adolescente, e que mesmo aparecendo apenas em duas cenas, foi bem e fez valer seus atos.

Visualmente o longa tem uma boa intensidade, mostrando diferentes ambientes entre a casa da garota e a casa da amiga, o desespero de voltar a usar o banheiro da escola, as experiências com bebidas e drogas para tentar abrir a menta, a sexualidade explodindo mesmo nos momentos que não deveria, e claro como todo bom longa adolescente moderno, as mensagens de celulares fazendo as vezes com conversas abreviadas e tudo mais que fosse bem simbólico, mas como é um longa de pensamentos a cenografia nem se faz valer tanto, afinal o pensamento é maior, os sentimentos, e tudo mais, sendo assim a equipe de arte foi bem econômica, representativa e agradou com simplicidade.

Enfim, é um filme que se formos parar para refletir como cinema/arte é até simples demais, não tendo grandes emoções ou situações, mas tudo é tão simbólico e forte para nossa mente abrir e pensar em como sentiríamos na situação, que o envolvimento passa ir além e assim fazendo valer demais a conferida, e claro, a indicação para todos. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Telecine Play - G.I. Joe Origens: Snake Eyes (Snake Eyes: G.I. Joe Origins)

1/30/2022 06:44:00 PM |

Confesso que vi tantas vezes o trailer do filme "G.I. Joe Origens: Snake Eyes" nos cinemas, que quando falaram que não estrearia mais fiquei bem triste, pois parecia uma boa história, e como já disse nos outros filmes curti muito brincar com os bonequinhos na infância, mas agora que lançaram ele nos streamings pude conferir e consegui entender o motivo de não ter entrado em cartaz nos cinemas, afinal é uma trama simples, sem grandes desenvolturas, sem algo que fique marcado, parecendo ser realmente apenas um filme de origem de personagem, com algumas lutas falsas, alguns elementos cênicos importantes, e até algumas poucas aparições realmente dos Joe, ao ponto que tudo poderia ser melhorado com poucos elementos montados, e isso não aconteceu. Ou seja, acabou sendo daqueles longas japoneses com missões para aprender a ser um ninja, tendo traições e boas lutas, mas que nos momentos finais acabam tendo tantas falhas exageradas que acaba não indo além como deveria.

A sinopse nos conta que depois de salvar a vida de seu herdeiro aparente, o tenaz solitário Snake Eyes é recebido em um antigo clã japonês chamado Arashikage, onde ele aprende os caminhos do guerreiro ninja. Mas, quando os segredos de seu passado forem revelados, a honra e a lealdade de Snake Eyes serão testadas - mesmo que isso signifique perder a confiança daqueles mais próximos a ele.

É até estranho ver um trabalho sem tanto impacto do diretor Robert Schwentke, pois ele costuma sempre ser bem criativo em longas de ação, e aqui ele apenas fez o básico em entregar uma trama com todas as características clássicas dos filmes de ação japonês, que só tem pancadaria e pouquíssima história, e isso não é legal de ver, pois até é interessante saber sobre a origem de um personagem tão marcante no grupo dos Joe, mas acabou faltando um pouco mais de interação entre os personagens, e até mesmo um carisma maior na formação do caráter dele, pois sempre soubemos que era alguém problemático, mas aqui o ator acabou oscilando entre agradável e malvado, e isso não é algo que funcionasse para o papel, e aparentemente essa oscilação veio de uma falha no estilo que o diretor optou para o arco dramático da trama, o que acabou falhando um pouco. Ou seja, é daqueles filmes que até empolgam com alguns atos de ação, mas que a história não convence, e principalmente nas atitudes finais os erros sobressaem mais do que os acertos.

E já que falei sobre a falha na escolha da personalidade do protagonista, diria que foi um erro na escalação de Henry Golding, pois ele é sim um tremendo ator, porém tem carisma demais para um personagem que precisava ser mais fechado como o Snake Eyes, pois ele trabalhou bem olhares e dinâmicas, mas foi envolvente demais, e se entregou facilmente para os atos mais jogados, o que não era tão necessário, ou seja, fez bem o papel, mas não caiu como deveria, e isso acabou sendo algo que faltou lhe pedirem mais. O vilão Kenta vivido por Takehiro Hira foi bem interessante nas propostas e nas atitudes, mas não conseguiu ir muito além de cenas jogadas, de forma que suas cenas finais acabaram sendo forçadas demais, já que ele está com a joia botando fogo em todo mundo, e acaba enfeitando demais para atacar os protagonistas, e assim como já disse antes o erro nem foi tanto do ator, mas sim de uma direção fraca. Já Andrew Koji foi quem mais deu nuances certeiras para o papel de Tommy/Storm Shadow, pois manteve do começo ao fim um ar misterioso, segurou bem o ar de líder rejeitado, e conseguiu chamar a atenção nos atos que precisava, agradando de certa forma, ou seja, talvez se a virada de seu personagem fosse antes, e colocasse logo para lutar com o protagonista, nem precisariam de uma continuação desse filme, já conectando tudo e funcionando bem. Quanto das mulheres, claro o destaque fica com Haruka Abe com sua Akiko, pois a jovem teve alguns atos bem marcantes, chamou a responsabilidade para si, e entregou algumas dinâmicas bem colocadas, enquanto as demais Samara Weaving e Úrsula Corberó apenas foram enfeites com suas Scarlett e Baronesa, e isso foi um erro monstruoso de apenas jogarem elas na tela. Ainda valem destacar rapidamente Peter Mesh como o mestre cego e Eri Ishida como Sen, mas seus personagens foram apenas símbolos, e serviram apenas para dar um mote além de tudo, e claro na luta final.

Visualmente o longa teve alguns bons momentos com tiros, lutas de espadas, boas perseguições com lutas em cima de um caminhão, e claro muita correria, além claro de todo um clã bem moldado em cima de toda uma simbologia, com o ar clássico do estilo japonês, e muito envolvimento, porém no lado da turma da Yakuza faltou chamar um pouco mais atenção, pois os personagens não impactaram como poderia, ou seja, a equipe focou tanto no clã que não criou nada demais nas cenas extras.

Enfim, é um filme que certamente poderia ir muito além, mas que não convence nem como uma trama de ação, nem como uma apresentação de personagem, ficando naquele famoso miolo que você até torce por algo a mais, mas não acontece, e assim o resultado mais falha do que agrada. Ou seja, não diria que recomendaria a trama, mas quem curte o estilo de filmes japoneses com brigas de gangues talvez até goste um pouco do que verá. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Belle (Ryû to sobakasu no hime) (竜とそばかすの姫)

1/29/2022 11:59:00 PM |

O mais bacana das animações japonesas é que na maioria das vezes elas nos levam a pensar em algo que vai muito além do mostrado apenas na tela, pois trabalham temas difíceis e fortes com uma precisão de estilo, colocando cores fortes e dinâmicas bem encontradas que resultam em algo sempre bem chamativo, e com o filme japonês "Belle" temos tudo isso e muito mais, pois a trama nos leva para meio que algo que andamos vendo acontecer no Metaverso de Mark Zuckerberg, mas não bastando essa interação de avatares dentro de um mundo virtual, acabamos entrando em problemas reais de personalidade, de perda de entes queridos, e até mesmo em violência doméstica, ou seja, uma trama completa de situações fortes, que acaba sendo bonita pela essência musical, pelas cores, pelo mundo abstrato irreal contra o real, e que usando e ousando do estilo dos famosos animes, a trama flui fácil, emociona e agrada bastante. Sendo assim, muitos vão falar que o filme puxa algumas sacadas de "A Bela e a Fera", mas é algo bem original com algumas boas pitadas, e que acabou caindo nas graças das premiações, tendo já várias indicações, veremos se vão se concretizar, afinal é um grandioso filme.

A sinopse nos conta que Suzu é uma estudante tímida do ensino médio que vive em uma vila rural. Por anos, ela foi apenas uma sombra de si mesma. Mas quando ela entra em "U", um enorme mundo virtual, ela foge para sua persona online como Belle, uma cantora linda e globalmente amada. Um dia, seu show é interrompido por uma criatura monstruosa perseguida por vigilantes. À medida que sua caçada aumenta, Suzu embarca em uma jornada épica e emocional para descobrir a identidade dessa misteriosa "fera" e descobrir seu verdadeiro eu em um mundo onde você pode ser qualquer um.

Diria que o diretor e roteirista Mamoru Hosoda foi bem preciso com o que desejava entregar, ao ponto que vemos daqueles filmes que parecem simples nas atitudes iniciais, mas que vão crescendo nas dinâmicas, vai fazendo com que o público entenda aonde ele quer chegar, e mais do que isso ao entregar quem é a fera/dragão quebra com todas as expectativas, pois facilmente achei que era o amigo, depois achei que fosse o pai, depois alguém do seu meio, e quando tudo é revelado e o motivo do personagem o baque é ainda maior, embora tenha sido exagerado a ida da protagonista até o personagem real, fazendo parecer que Tóquio é uma vila de duas ruas. Ou seja, tirando esse detalhe, e também o enfrentamento com o "vilão" real fugindo tão facilmente, o restante da trama tem todo um sentido maior, tem uma perspectiva bem colocada, e chega a emocionar bem com todos os temas colocados em pauta, o que pode até ser novamente a garantia de uma indicação à melhor animação nas premiações, coisa que o diretor já conseguiu em 2018 com "Mirai".

Sobre os personagens, Suzu é muito tímida e tem as emoções muito afloradas, e é até engraçado como fazem nos animes, o tamanho da boca na hora que a pessoa vai gritar, e tudo mais, mas sua versão no universo U é incrível, com uma Belle cheia de nuances, de desenvolturas, e com uma cantoria maravilhosa num tom muito bacana que Kaho Nakamura conseguiu entoar e agradar bastante, ou seja, a personagem trabalha no tom, nos olhares, nos atos humildes e bem colocados, e que colocando muita cor, muitos elementos cênicos em suas canções, o resultado acaba indo até além. Ainda tivemos bons momentos com a fera/dragão todo violento, com uma estética não muito bonita, mas cheia de intensidade, tendo floreios completamente fechados, mas no final ficamos sabendo o real motivo, e o acerto da personalidade virtual bateu muito com o que sentem esse estilo de pessoa, ou seja, um personagem muito criativo e intenso de ver. A melhor amiga da protagonista foi muito divertida e completamente maluca com a criatividade entregue, trabalhando quase como uma produtora dentro do jogo para que as canções, as proteções, e até mesmo as atitudes de Belle fossem mais além com sua personagem voando ao redor, ou seja, é aquela parceria real para a vida, que valeu cada momento.

Visualmente a trama é bem bonita com o ar do campo aonde os jovens vivem, tendo toda uma desenvoltura de escola simples com os personagens bem casuais, mas tudo muito bem desenhado mostrando times, bandas, os nerds e tudo mais, tendo a amiga equipamentos de primeiro nível para jogar, enquanto a protagonista usa apenas um celular e seu fone de transmissão, mas quando entramos para o universo virtual tudo possui muitas cores, muitos personagens diferentes, todos voam, baleias voam, temos caixas de sons gigantes, castelos, estádios musicais em formato de bolha e tudo mais, sendo algo bem tecnológico e cheio de símbolos, que envolvem e agradam bastante, dando para passar um bom tempo procurando tudo em cada detalhe, e o mais bacana é que não é um filme tridimensional realmente, parecendo ser bem algo desenhado, mas com uma profundidade cênica tão precisa que mostrou a trabalheira que foi criar tudo isso.

Como no ambiente virtual a protagonista é uma cantora de sucesso, é claro que a trilha sonora original é incrível, e envolve bastante, mesmo que ouçamos ela em japonês, lendo tudo o sentimento ainda é mais emocionante com tudo o que diz, e sendo assim recomendo a trilha sonora completa que deixo o link aqui.

Enfim, é um filme bem interessante por toda a proposta entregue, que envolve e emociona na medida, e que passando uma mensagem bem marcante tanto para o lado real quanto para o lado virtual resulta em algo que vai valer a conferida mais para os adultos do que para os menores, então se você é fã de animes ou gosta de animações mais adultas vá conferir que vai valer a pena. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Spencer

1/29/2022 02:09:00 AM |

Sinceramente não sei se eu esperava algo a mais por falarem tanto de "Spencer" na época que seria lançado lá em novembro do ano passado, ou se realmente o diretor exagerou tanto nas considerações que falavam que Diana tinha ficado maluca após a traição de Charles e de toda a pressão da realeza que o filme acabou ficando como é dito no começo uma fábula de algo trágico muito forçado para algo que não víamos ao menos sob os holofotes da mulher forte que foi. Ou seja, não digo que o que vi foi um filme ruim, muito pelo contrário, é um tremendo filme artístico com uma imponência perfeita e cheia de nuances marcantes, mas que para alguém que está acostumado com biografias docinhas e de homenagens para os protagonistas, aqui basicamente jogaram ela como uma maluca que odiava a realeza e que estava surtada no Natal da família, o que ficou sendo abstrato, exagerado e meio que fora da base comum, mas que contando com tanta técnica, tanto envolvimento de persuasão, e uma grandeza cênica bem marcante, acaba até chamando bastante atenção, porém acredito que Diana merecia algo melhor.

O longa narra o que poderia ter acontecido nos últimos dias do casamento da princesa Diana com o príncipe Charles. O casamento da princesa Diana e do príncipe Charles há muito esfriou. E embora haja muitos rumores de casos e de divórcio, a paz foi ordenada para as festividades de Natal no Queen’s Sandringham, a casa de campo da Família Real. O evento é repleto de comida e bebida, tiro e caça. Diana conhece as regras do jogo de aparências. Mas este ano, as coisas serão muito diferentes.

Diria que o estilo do diretor Pablo Larraín é daqueles que abrem bem diversos vértices, pois já vimos ele dar nuances há duas grandes biografias, e foi marcante na forma que acabou entregando, então confesso que fui esperando algo muito mais próximo de "Jackie", ou até mesmo a intensidade de "No", e acabou não acontecendo, pois acredito que o roteiro de Steven Knight foi exagerado para um lado muito mais maçante do que trabalhado em nuances, fazendo com que nem nos conectássemos à protagonista por tudo o que está passando, nem na sua possível loucura em cima da outra rainha que foi abandonada, ficando um misto de histórias, de problemas reais e imaginários, e recaindo para algo que nem o diretor provavelmente desejava, nem para algo clássico. Ou seja, é um bom filme, é uma obra épica, porém florearam demais em algo fantasioso e abstrato, e menos em algo biográfico, o que é um pecado para a "homenageada".

Quanto das atuações, já é fato que Kristen Stewart mudou completamente da água para o vinho e cada vez mais tem entregue atuações precisas e incríveis, e aqui sua Diana é incrível, cheia de nuances, com personalidade, com vida própria e principalmente sendo um bom reflexo de tudo o que o filme precisava, além de que com uma maquiagem perfeita ficou muito parecida com a Diana verdadeira (tirando algumas cenas que praticamente esqueceram a maquiagem e ficou outra pessoa - por exemplo na cena que está brincando com os filhos a luz de velas), e assim se doou demais e acertou demais em tudo, e soou bem maluca, bem surtada e desesperada com tudo o que tinha para fazer. Timothy Spall acabou entregando um Major Gregory meio estranho, com uma imposição forte e cheia de trejeitos que até chega a assustar, e nem estamos falando de um filme de terror, mas conseguiu florear bem os pensamentos da protagonista, e seguiu resistindo brilhantemente com olhares secos e bem colocados. Outra que caiu muito bem no papel foi Sally Hawkins com sua Maggie, entregando a camareira e amiga da protagonista, Maggie, conseguiu ser singela e ao mesmo tempo bem colocada, deu um ar alegre para as cenas finais, e ainda soube dosar seus trejeitos para não parecer forçada, o que agradou bem em tudo. Quanto os demais, tenho de dar destaque para a grande semelhança das crianças Jack Nielen e Freddie Spry com seus William e Harry, a postura firme e bem direta de Jack Farthing com seu Charles, e até alguns atos marcantes de Stella Gonet com sua rainha, além claro das cenas fortes de Amy Manson com sua Anne Boleyn, ou seja, um elenco de apoio bem marcante e interessante, que deram os vértices para que a protagonista se destacasse.

Visualmente não filmaram na fazenda real, mas conseguiram reproduzir tudo tão bem, todo o movimento de uma cozinha real, dos ambientes preparados para receber a realeza num Natal, as caçadas, a desenvoltura dos ambientes duros para uma mulher sofrendo, além de muita ambientação cênica na antiga casa de Diana, com situações vividas ali misturadas com o sonho de terror dela com o livro da antiga rainha, ou seja, a equipe de cenografia trabalhou demais, e junto com uma equipe precisa de figurinos imponentes trabalhando diversos vestidos para cada momento do dia (mostrando que a pessoa não fazia outra coisa a não ser comer e trocar de roupa, comer de novo, outra roupa, e assim sucessivamente), além claro duma maquiagem bem precisa para representar bem todos os personagens e funcionar na medida certa com isso, tirando algumas falhas espaçadas.

Nem vou falar muito da trilha sonora, pois certamente foi ela que ficou tocando durante toda a filmagem para deixar a personagem maluca, pois é daquelas entonações de cordas que marcam o tempo inteiro, e chega até a cansar.

Enfim, é um bom filme, mas que poderia ser um longa incrível daqueles memoráveis sobre os momentos finais de Diana na realeza, criando algo talvez mais realista e menos maluco, ao ponto que o escrito no começo entrega bem a ideia de fábula, mas esperávamos algo muito mais próximo ao real, o que não aconteceu. Sendo assim, até recomendo o filme com muitas ressalvas, a principal é que não vá esperando ver algo que aconteceu realmente, pois tirando essa ideia da cabeça é capaz até que curta um pouco mais com toda a alegoria. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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O Beco do Pesadelo (Nightmare Alley)

1/28/2022 02:05:00 AM |

Hoje iria conferir outro filme nos cinemas, mas confesso que dei um jeito de mudar tudo para poder ir primeiro no novo filme de Guillermo del Toro, "O Beco do Pesadelo", pois desde quando vi o trailer uma única vez já tinha ficado com muita curiosidade para o que parecia ser algo perfeito de ideia, então nem coloquei pressão e já fui hoje com a expectativa lá no alto, e eis que acontece o que? .... Não meus amigos, não foi dessa vez que me decepcionei como sempre ocorre quando vou com muitas expectativas, o filme é uma tremenda de uma obra incrível, cheia de nuances de época, cheia de ideias místicas e trapaças, com um elenco que não tinha como dar errado, afinal só tem fera fazendo o que sabe fazer melhor, e que entregando uma trama que facilmente poderia ser dividido em dois filmes, com um primeiro ato bem mais de aprendizado e envolvimento de mais de uma hora, e um segundo ato explosivo e cheio de perspicácia, trambiques e assombrações falsas também de mais de uma hora, mas que juntos acabam sendo tão precisos e marcantes, e que guardem bem o aprendizado do protagonista no começo do filme, pois será usado muitas vezes, e principalmente no final (e que final!!!). Ou seja, é uma trama gigantesca, completa tanto artisticamente quanto de técnicas e de histórias, que acabamos envolvidos demais e nem vemos o tempo passar, resultando naqueles filmes que certamente iremos querer ver outras vezes, mesmo já sabendo tudo o que acontece.

A sinopse nos mostra que o carismático, mas sem sorte, vigarista Stanton Carlisle acaba entrando para um "circo dos horrores" após perder tudo. Lá ele encontra a vidente Zeena e seu marido Pete, que fazem um show de leitura fria e um engenhoso sistema de linguagem codificada para fazer parecer que ela tem poderes mentais extraordinários. Mas logo Pete começa a ensinar a Stan sobre os truques, fazendo com que Stan tenha uma ideia para um "passaporte" para a riqueza e tirar dinheiro da elite Nova Yorkina dos anos 1940. Anos depois, após sair do circo e se juntar com Molly, uma das intérpretes do show, Stan é conhecido como "O Grande Stanton", pondo em prática o que tinha imaginado anos antes. Mas durante uma de suas performances, ele acaba se envolvendo em um jogo de gato e rato com a psicóloga Lilith Ritter que tentar expor suas habilidades fraudulentas. Não conseguindo, Stan se envolve com um rico da época que quer contratá-lo para falar com o falecido filho e ganhar muito dinheiro, mas a psicóloga não vai deixar isso passar tão rapidamente.

Falar que a direção de Guillermo del Toro é algo perfeito demais é ser repetitivo, pois já vamos conferir um filme dele esperando algo perfeito, afinal ele tem seus defeitos, mas o exagero técnico é algo que sempre vemos em suas tramas, e aqui sua adaptação do livro de William Lindsay Gresham foi algo tão imponente, tão cheio de detalhes e precioso de estilos, que tudo o que vemos na tela acaba tendo um sentido, uma explicação, um momento, e isso é incrível, pois todo o primeiro ato alguns elementos parecem meio que desnecessários, toda a explicação de como é feito realmente o truque que tanto já vimos em programas de ilusionistas, todos os demais elementos do circo/show de horrores que falamos pra que isso está sendo mostrado, mas não, ele apenas no dá os elos, brinca com tudo, faz parecer algo meio que inútil, mas lá no finalzinho ele devolve com chave de ouro para a grandiosa surpresa fazer efeito. Ou seja, é daquelas direções que você nota algo tão liso e preciso que vamos curtindo, vamos vendo, e até parecendo que vamos nos cansar de algo, mas não, ele devolve essa vida em outros atos, coloca coisas impossíveis para reclamarmos, coloca intensidade aonde poderia ter sutileza, e funciona demais, sendo até chato de ficarmos procurando defeitos para reclamar, e praticamente não tem.

Sobre as atuações, vou tentar me conter um pouco, senão vai virar um texto imenso, afinal que elenco foi esse que escolheram para o longa, só os melhores possíveis para cada papel, e começando claro pelo protagonista Bradley Cooper, que está completamente diferente de seus últimos papeis, pegou seu Stanton Carlisle com uma determinação incrível, se mostrando ao mesmo tempo um aprendiz que domina rapidamente a arte de enganar com o truque em mente, mas também já de cara se mostra alguém complexo e cheio de sacadas, abrindo todos os vértices possíveis para que seus momentos fossem além, ou seja, fez o papel nem parecer ser ele, e isso é atuar. Agora quem sem dúvida alguma botou o nome para jogo foi Cate Blanchett, pois se em sua primeira aparição no hotel parecia ser uma mera figurante, ou talvez uma coadjuvante simples, quando começa a mudar seu estilo nas cenas seguintes e entregar uma Lilith completamente imponente, vemos outra mulher entrando para explodir, e suas cenas finais são tão fortes e densas, que a complexidade do papel acaba indo muito além de tudo, ou seja, deu show em cena. Ainda tivemos Rooney Mara entregando uma Molly bem doce e cheia de virtudes emotivas, ao ponto que até poderia ir além, mas não sobrou tanto espaço para ela. Todo um ótimo gracejo e envolvimento pela dupla Toni Collette e David Strathaim com seus Zeena e Pete, cada um com uma simplicidade bem encaixada e uma parceria bem marcante. Tivemos Willem Dafoe perfeito como o dono do circo Clem, com seus ares bem marcados e diretos, entregando uma desenvoltura própria para seus atos, e focando bastante na ideia que será necessária no final e no miolo, ou seja, entregando as fichas que o público tem de observar. Ainda da turma do circo tivemos Ron Perlman como o brutamontes Bruno cheio de imposições para o protagonista, e o pequenino e bem colocado Mark Povinelli com seu Major cheio de estilo. E já no lado dos ricaços, os destaques claro ficaram para Richard Jenkins com seu Ezra complexo, mafioso, criminoso e cheio de dinâmicas, que até poderiam ter explorado mais, mas não teria tempo, tivemos junto dele seu capataz muito bem feito por Holt McCallany, e não menos importantes tivemos Peter MacNeill e Mary Steenburgen como o juiz Kimball e sua esposa, que num primeiro momento foram bem enganados pelo protagonista, mas seu ato final foi de um impacto monstruoso e incrível de ver.

O conceito visual da trama, assim como todo filme de Del Toro, é um luxo do começo ao fim, mostrando bem todo o ambiente dos anos 40, com as notícias de Hitler invadindo a Europa no rádio a todo momento, mas a base sendo vista num circo dos horrores completo com todas as atrações clássicas, toda a desenvoltura mística dos shows sendo revelada para o público, mostrando como eram feitas as leituras de cartas, como viam o que falar nos shows, como descobrir os objetos, toda a montagem de como criar uma pessoa selvagem, as lanchonetes da época, os artistas comendo juntos e vivendo em seus trailers/casas, tudo bem baratinho na base dos centavos no primeiro ato, e depois indo para os hotéis chiques, com shows de terno e tudo mais, os cachês milionários por revelar conversas com entes que já morreram, a clínica da psicóloga com todo um ar bem marcante com seu gravador de rolo, um polígrafo das antigas bem cheio de nuances, ou seja, um trabalho impecável da direção de arte.

Enfim, saí encantado com o que vi, e diria até que é um filme com praticamente nenhum defeito, mas mesmo não me cansando com ele gostaria de um pouco mais de dinâmica, mais shows do protagonista enganando mais pessoas, e até mesmo uma desenvoltura mais trabalhada no final, pois acabou rolando tudo muito rápido para o desfecho e enrolando um pouco demais no miolo, mas volto a frisar que é um filme incrível e que recomendo demais, e se tivesse notas pela metade daria um 9,5. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais. 


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Telecine Play - Efeito Flashback (Flashback)

1/27/2022 12:32:00 AM |

Costumo gostar bastante de filmes que fazem viagens temporais, misturando buscas de memórias e talvez algumas mudanças nas vidas dos personagens, mas confesso que quando brincam com drogas e abstrações fico com um pouco de raiva pela loucura que acaba virando o filme, e com "Efeito Flashback", que entrou em cartaz no Telecine Play, o conflito de ideias, as situações cheias de efeitos piscantes, a bagunça da mente do protagonista é tão grande, que fiquei pensando que tipo de droga eu precisaria tomar para entrar completamente na mesma vibe dele e entender completamente a trama, pois não digo que não entendi o resultado final por completo, mas tenho ao menos uma boa ideia de tudo, só que é tanta confusão de ideias, tantas situações abstratas, que ao final nem sabemos bem quem é o que ou o que rolou, ou que época o protagonista está realmente. Ou seja, é um filme interessante de proposta, mas extremamente confuso e complexo, ao ponto de até gostarmos dele pela loucura toda, mas se gostamos realmente do que vimos, aí já é outra história.

O longa nos mostra que Fred é um jovem de quase 30 anos, com a vida adulta cada vez mais eminente, ele passa a se questionar sobre uma série de assuntos aleatórios que, por conta de sua instabilidade emocional, parecem ser extremamente relevantes. Em paralelo, ele tenta desvendar os mistérios relacionados ao sumiço de uma jovem mulher, uma droga chamada Mercury e a uma terrível criatura que o assombra desde a infância.

Como é um filme tão maluco, mas tão maluco, fiquei realmente preocupado com o tanto da droga que é mostrada no longa que o diretor e roteirista Chistopher MacBride ingeriu para fazer o longa, pois longe do filme ser algo ruim, mas é tão confuso e abstrato que ficamos pensando de onde pode sair tantos conflitos, sendo daquelas bagunças de trama que se você piscar já se perde completamente e fica preso num loop imenso sem saber como sair, ou seja, o diretor conseguiu criar uma trama cheia de ideias e sentidos, que só bem próximo do final conseguimos entender uma das partes da história, e algumas outras vamos pescando durante toda a exibição, ficando tudo razoavelmente explicado, ou ao menos com nuances que possamos entender. Sendo assim, diria que é daqueles filmes que até possuem uma trama simples para ser estudada, mas que foi tão trabalhado de idas e vindas, de quebras de tempo e psicodelias que nem sabemos no final se entendemos tudo, mas diria que com um pouco mais de tempo se consegue compreender bem a ideia.

Sobre as atuações, Dylan O'Brien amadureceu tanto nos últimos anos que logo mais deve encaixar personagens ainda mais impactantes, pois já entrega olhares fortes, nuances bem colocadas, e aqui seu Fred é daqueles que ficamos com raiva de ficar pensando demais, procurando coisas aonde nem sabe se existe, e fazendo sua mente e a nossa viajar demais, e se entregando por completo faz cenas bem malucas e interessantes de ver. A atriz Maika Monroe trabalhou também com muita intensidade nos olhares de sua Cindy, e a maquiagem brincou muito com seu rosto ao ponto de em alguns atos nem a reconhecermos direito, e isso deu uma perspectiva bem bacana e interessante para seus momentos, ou seja, agradou com o que fez. Ainda tivemos bons momentos de Emory Cohen com seu Sebastian meio maluco, meio agitado, mas bem colocado, tivemos Hannah Gross introspectiva demais com sua Karen, e parecendo até ser uma personagem perdida, mas no final tudo acaba se encaixando, e ainda tivemos Keir Gilchrist com um Andre mais maluco que tudo, se jogando forte nos atos com a droga, e nos atos calmos ficando meio que estranho, mas de uma maneira até que acertada. Quanto dos personagens mais secundários ainda, vale o destaque claro para a mãe do protagonista vivida por Liisa Repo-Martell pela forma estranha de suas cenas, e para Ian Matthews como um drogado/mendigo com chifres bem estranhos.

No conceito visual o longa é bem sujo e cheio de tantos efeitos psicodélicos, tantas mudanças cênicas com idades, cabelos, figurinos e tudo mais, que confesso que fiquei com dó da equipe de arte, do editor e da equipe de maquiagem, e nem tenho como falar do continuísta, pois esse morreu na metade do filme, afinal é muita coisa sendo colocada em tudo quanto é lugar, é objeto cênico importante em tudo quanto é cena, é personagem aparecendo diferente a toda hora, ou seja, colocaram a base na escola, numa zeladoria, num casarão abandonado, no escritório, num hospital, no apartamento do protagonista, mas esses lugares praticamente se entrelaçam a todo momento, o que dá um luxo a mais para o filme.

Enfim, é um filme que prende bastante, mas que é tão confuso de situações que não dá para indicar na certeza de que quem for ver irá curtir, pois como já disse piscou um olho já perdeu toda a nuance completa, e não vai entender mais nada, e assim a maioria vai acabar achando ele muito ruim. Ou seja, fica a dica para conferir com bastante calma, e se envolver com a bagunça completa, e depois refletir o quanto que o diretor tomou da droga para fazer tudo isso. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Inimiga Perfeita (A Perfect Enemy)

1/25/2022 12:59:00 AM |

Já disse isso algumas vezes, e volto a frisar que amo filmes que tenham reviravoltas surpreendentes, daquelas que nos pegam desprevenidos sem pensar de forma alguma na possibilidade final, pois é o suprassumo do trabalho de um bom roteirista, e consequentemente de um diretor, conseguir surpreender o espectador com dinâmicas, com histórias e principalmente com atuações na medida certa. Porém eu diria mais, que o escritor do livro em que o filme "Inimiga Perfeita", que entrou em cartaz hoje na Netflix, tomou alguns alucinógenos bem fortes para conseguir imaginar uma história completa dessa, pois não tem outra forma de tudo rolar e ser intenso e estranho ao mesmo tempo com algo tão bem feito. Ou seja, é daquelas tramas que você fica meio que sem entender durante a maior parte do filme, acha tudo muito confuso e estranho, mas quando o longa dá aquele tapa na cara e muda tudo, o resultado completo se transforma em algo tão genial e interessante, que até ficamos querendo mais, mas aí seria aquele tipo de coisa de ficar repetindo demais para entender, e acabaria ficando ruim, e sendo assim veja tudo, preste muita atenção e depois refaça tudo na sua cabeça, que o exercício fica bem bacana.

A sinopse nos conta que o arquiteto de sucesso Jeremiasz Angust é abordado em sua viagem ao aeroporto de Paris por uma garota tagarela chamada Texel Textor. Ela é uma jovem estranha que parece estar procurando por vítimas cativas que ela força a ouvir suas histórias estranhas. Jeremy perde o voo por causa de Texel e, uma vez instalados na área do lounge, ele não poderá se livrar da estranha irritante. Embora o encontro pareça fortuito, em breve haverá uma reviravolta que transformará o caráter daquele encontro em algo muito mais sinistro e criminoso.

O diretor Kike Maíllo foi muito sagaz no desenvolvimento da trama baseada no livro de Amélie Nothomb, pois o filme facilmente poderia cair em contradição com várias cenas, poderia estar lotado de furos de roteiro, mas conseguiu manter o mistério completo até o final com tantas histórias secundárias bem moldadas que em momento algum imaginamos a realidade de tudo, só ficamos intrigados com toda a entrega dos personagens, os motivos e tudo mais esperando a explicação, e quando ela vem, explode de vez com tudo, pois a construção que o diretor fez é plausível e muito completa, tendo estilo, tendo força, e principalmente tendo seriedade por parte de todos, o que dá a convicção para entrarmos no clima e compreendermos a ideia completa. Ou seja, é daqueles filmes que o escritor reza para cair nas mãos de um bom diretor, pois poderia virar uma completa confusão inacreditável, e o resultado desanimaria demais, mas muito pelo contrário do que ocorre aqui, pois como o protagonista sempre buscou a perfeição em suas obras, o diretor fez o mesmo com o seu longa, e raspou a trave de conseguir, pois alguns atos soaram irreais, mas felizmente não atrapalharam em nada.

Sobre as atuações, que dinâmica incrível teve a dupla de atores, pois ambos se entregam do começo ao fim, criaram as devidas dinâmicas, olhares e impactaram com muita sutileza, ao ponto de ficarmos tensos com tudo o que fizeram em cena, ou seja, foram perfeitos e diretos. Dito isso Tomasz Kot foi bem sério com seu Jeremiasz Angust, mostrou segurança em todas as cenas que precisavam de mais personalidade, e demonstrou um envolvimento que poucos atores fazem em dramas desse estilo, não dando brecha para erros, e o melhor fazendo com que queiramos ver mais coisas dele, e olhando sua filmografia vi que elogiei bem ele no polonês "Guerra Fria" e nem lembrava, ou seja, é um tremendo ator e foi muito bem em tudo. Athena Strates já foi daquelas que chega a irritar com sua Texel Textor, criando as nuances, rindo com uma força que chega a dar medo e raiva ao mesmo tempo, e tendo um temperamento tão marcante que ficamos surpresos com tudo o que faz em cena, ou seja, mandou muito bem também, e vale destacar também sua versão criança com Felizia Trube. Ainda tivemos alguns atos meio calmos, meio sombrios de Marta Nieto com sua Isabelle, mas sua personagem acaba sendo muito importante no fim, então a atriz caiu bem pelas expressões que doou para o papel.

Visualmente nas vezes que fui para alguns aeroportos me irritou um pouco o ar de nada, e aqui esse lounge aonde os protagonistas vivenciam todos os momentos é tão clean que chega a ser irritante também, mas como ali é apenas o ambiente para os protagonistas contarem as histórias, aonde vamos depois para casas, trailers, salas de balés, cemitérios, boates e tudo mais de uma forma bem simbólica, o aeroporto passa a ser apenas representativo, e acaba sendo muito show toda a movimentação dos bonequinhos na maquete, com as devidas marcas no chão e toda a encenação simbólica, ou seja, usaram e ousaram bem todos os elementos e arquétipos, para no final ainda voltarmos em algumas cenas e pensarmos em outras para que tudo se conecte de uma forma melhor ainda. 

Enfim, é um filme que nem esperava nada dele e parecia ser apenas mais um que eu tinha colocado aleatoriamente na minha lista pelas estreias que viriam, mas foi algo tão bom e surpreendente que vou indicar para muitos com toda certeza, pois faz valer o tempo de tela, e quem gosta de reviravoltas vai ficar bem chocado com tudo. E assim eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais pessoal.

PS: Até pensei em dar uma nota maior, mas algumas situações foram forçadas demais e não fluíram tão bem no miolo, mas é algo que facilmente beira a perfeição.


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Netflix - Companhia Das Focas (Seal Team)

1/24/2022 02:01:00 AM |

É tão bacana quando uma animação funciona bem, pois costumo dizer que quando dou um play em um "desenho", o que eu mais quero é me divertir, rir dos personagens, entrar no clima de tudo e me envolver com a história ao ponto de acreditar que um grupo de animais está pronto para uma guerra contra seu maior inimigo, e felizmente a animação da Netflix, "Companhia das Focas", entrega tudo isso com muito carisma e loucura nos atos dos personagens, realmente tendo várias sacadas e comparações com os diversos filmes de batalhas, de formação de equipes, e até mesmo com grandes clássicos que são citados em alguns momentos da trama. Ou seja, acaba sendo daquelas animações simples que muitos acabam nem dando nada para elas, mas que entregam tanto entretenimento que o resultado acaba indo além em tudo, valendo bem a conferida, e a diversão em família, afinal o longa funciona bem tanto para os pequenos quanto para os grandinhos, pois tem piadas para todas as idades, e claro muitas cores e loucuras.

A sinopse nos conta que depois que seu melhor amigo é morto em um ataque de tubarão, Quinn, uma foca adorável, porém tenaz, monta uma Companhia das Focas para lutar contra uma gangue de tubarões que toma conta da vizinhança. Mas esse alegre bando de focas internacionais não foi treinado para tal missão. Eles procuram a ajuda de um combatente muito mais habilidoso, Claggart, mas mesmo seus truques e saltos não conseguem colocar esses caras em forma. No entanto, com um pouco de engenhosidade, inteligência e muito coração, nossa Companhia das Focas pode realmente ser capaz de trazer a paz de volta para sua comunidade submarina.

Essa é a estreia dos diretores Greig Cameron e Kane Croudace, mas eles conseguiram criar tanta dinâmica na trama, tanto envolvimento e carisma para os personagens, que acabamos nos divertindo com o que ele faz, vivenciando cada momento e torcendo pelas focas, e mesmo os tubarões sendo os vilões torcemos pela interação deles que é bacana de ver, e além disso criaram modelos bem trabalhados, personagens com profundidades, e principalmente uma história bem moldada para criarmos todas as perspectivas e entrarmos no clima, o que faz valer a conferida, e até sentir algumas morais colocadas em segundo plano. Ou seja, é daqueles longas que não damos nada logo de cara, mas que os diretores fizeram tanto para a trama ser algo a mais que no miolo já ficamos pensando como não foi um filme que saiu no cinema em 3D, pois seria tudo ainda mais divertido e bem encaixado.

Sobre os personagens, todos tem o devido carisma, as muitas cores e situações, e embora o líder das focas Quinn tenha ficado meio de lado em alguns momentos, toda a sua desenvoltura acaba nos conectando com ele, mas que certamente torcemos bem mais pro casal Geraldo e Jing, pro maluco do Switch com suas mil armas, e pro general Claggart por sua imponência, além da divertida Beth. Ou seja, cada um tem um estilo tão diferente que acabamos ficando focados em tudo e todos, e isso é bem bacana de ver, e se envolver. Diria até que os secundários deram muito mais do que os principais, e isso é algo que pesa bem, então talvez precisassem brincar mais com o personagem principal para que ele aparecesse realmente, o que acabou não acontecendo. Dos demais, é muito bacana toda a interação dos pássaros, e todos os tubarões foram tão diferentes que cada um da sua forma chamou atenção e agradou demais, com destaque claro para o maior Grimes com sua leva de peixes ao redor.

Visualmente o filme é bem interessante, pois tem muitas bombas, tiros, impactos, cenas com mortes, e isso é algo não muito comum de ver em uma animação, mas colocaram tudo com cores e bichinhos fofos para dar uma aliviada e funcionou muito bem, ao ponto que poderiam ter usado um pouco mais da ilha do Switch com um arsenal completo, poderiam ter brincado mais em cima do navio, e mesmo no fundo do mar aonde vivem os principais tubarões, pois são tantos detalhes para brincar ali, que o filme se desenvolveria até melhor, mas tudo funciona bem, e isso é o que importa, e mostra que a direção de arte foi bem caprichada.

Enfim, é uma animação simples de temática, mas que tem tantas ambientações que funciona bem e agrada até mais do que pensava antes de dar o play, ou seja, indico com toda certeza tanto para a criançada se divertir, quanto para os adultos, pois mesmo não sendo uma tematização leve, o resultado é engraçado e bem colocado. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Telecine Play - A Menina Que Acredita Em Milagres (The Girl Who Believes In Miracles)

1/23/2022 07:16:00 PM |

Uma das vantagens do filme "A Menina Que Acredita Em Milagres" não ter sido lançado nos cinemas, e sim diretamente no Telecine Play, é o de podermos ver ele legendado com as vozes doces da garotinha, o tom emotivo dos familiares e tudo mais sem ser as mesmas vozes dos filmes religiosos que vão para o cinema, pois todos os atores tem praticamente as mesmas vozes sempre, e mesmo sendo bons no lipsynk fica estranho toda criança com o miadinho tradicional, toda mãe com voz de choro de soluço e por aí vai. Dito isso, muitos se assustam de eu dar o play em pleno domingão em um filme religioso, e falo que não tenho preconceito com gênero algum, se o filme parecer interessante vou lá e assisto mesmo, e sim, eu compro filme pela capa, tanto que tem pelo menos uns cinquenta filmes nas minhas listas dos vários streamings que estou pulando desde quando comecei com essa sina, e felizmente aqui não fui decepcionado, pois embora tenha claro as forçadas tradicionais de barra para as pessoas acreditarem em milagres, em toques, em pessoas santas que veem o Deus vivo entre as pessoas ajudando a curar e tudo mais, o filme tem uma estrutura bem feitinha, uma dinâmica coerente seguindo bem a base do gênero, e até serve de um bom passatempo e dica para quem curte esse gênero religioso, ou seja, passa longe de ser um filme que vamos lembrar daqui alguns anos, mas funciona bem para quem quiser se emocionar com toda a base, só talvez melhoraria o final que acabou sendo meio que frouxo, e sim faria tudo acontecer na montanha, mas valeu a ideia toda.

A sinopse nos conta que ao contrário da maioria das pessoas, a jovem Sara Hopkins está disposta a aceitar a palavra de Deus. Então, quando ela ouve um pregador dizer que a fé pode mover montanhas, ela começa a orar. O que começa com um pássaro misteriosamente curado leva a pessoas de repente curadas de sua miséria e infortúnio por toda a cidade. Mas o pesado apelo de notoriedade e atenção da imprensa logo afeta Sara. Será que sua família será capaz de salvar sua garota milagrosa antes que seja tarde demais?

O mais interessante de tudo é que o gênero religioso tem um grupo bem fechado de diretores e roteiristas que já estamos até acostumados a ver os nomes na tela, e aqui Richard Correll estreia nesse nicho depois de muitas séries e filmes de besteiróis e musicais para TV, então é praticamente uma mudança completa já que o estilo que ele encarou agora não tem nenhum outro semelhante, e conseguiu segurar bem toda a simpatia dos personagens, colocar exageros cênicos sem precisar forçar, e o principal que é simbolizar tudo como algo bem representativo bonito de se ver, ou seja, fez o básico bem feito que é o que se necessita em histórias desse estilo, pois até poderia colocar alguma reviravolta mais impactante, mas sairia da base, e assim a emoção fluiu bem e acabou agradando da forma entregue. Sendo assim, a proposta da direção foi certeira e criativa, pois deu cura principalmente para crianças, trabalhou um Deus da forma que os pequeninos enxergam, e até mesmo no ato mais forte do longa entregou uma tempestade gigantesca, e brincou usando aí sua expertise no estilo com a sacada do policial falando que com o dilúvio que deu todos saírem secos do topo da montanha foi algo inexplicável.

Sobre as atuações, como é comum de vocês verem nos meus textos de filmes religiosos, não consigo elogiar ninguém pois sempre fazem exageros clássicos e acabam forçando em demasia para passar uma crença gigante no que está acontecendo, e mesmo isso sendo o correto de se fazer em uma atuação poderiam ter feito coisas mais coerentes em cena. Mas ao menos a garotinha Austyn Johnson entregou bem sua Sara, fez olhares certeiros e emotivos, e passou bem sua mensagem de fé, conseguindo trabalhar bem as nuances e principalmente na sua cena final dominando todo o ambiente com um texto grande e trabalhado com muito impacto. Quanto dos jovens, os garotos Luke Harmon e Collin Place foram muito exagerados na sua rixa, e de cara já dava para saber que aconteceria na cena final, ao ponto que poderiam ter feito algo menos chamativo. Quanto dos pais e do médico, todos fizeram emoções fortes e marcantes, com destaque claro para Mira Sorvino que está em quase todos os longas religiosos da atualidade, e se doou bem para o papel, não sendo chamativa, mas agradando bem. E para finalizar, o avô vivido por Peter Coyote entregou uma certa segurança forçada para suas cenas, mas foi bem direto na conversa com Deus, e acabou agradando bem ali.

Visualmente a trama também manteve o tradicionalismo do gênero, com algumas cenas na igreja, alguns atos em hospitais, jogos de futebol, algumas leves sacadas dentro da casa dos protagonistas, mas claro tendo o ato do lago como principal na maioria das cenas, com o destaque positivo para os desenhos feitos, e negativo para a grande bola branca no meio do lago que foi a aparição de Deus, pois poderiam ter feito algo mais próximo ao desenho como uma cúpula e não um portal meio estranho, mas de certo modo tudo foi bem usado, e como já falei lá no começo, a cena da tempestade foi feita de uma maneira bem impactante, com muita água, ventos e falhando um pouco nas caídas das árvores, que ficou bem falso de ver.

Enfim, é um bom exemplar do gênero que agrada de certa forma e é bem feito na medida para o público-alvo religioso, mas que não poderíamos esperar muito dele, e assim sendo quem for dar o play vá com a convicção de acreditar na fé, senão tudo vai ser exagerado e chato, do contrário a emoção pode aflorar em alguns bons momentos. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Munique: No Limite Da Guerra (Munich: The Edge Of War)

1/23/2022 02:28:00 AM |

É até engraçado pensar que hoje as notícias e informações rodam o mundo tão rapidamente que se pararmos para olhar como era na época das guerras ficamos contrariados da pessoa não ligar para o outro rapidamente avisando que pegaram o seu papel, e pra isso precisar ir junto com alguém em uma reunião! Estou citando uma das cenas do longa da Netflix, "Munique: No Limite Da Guerra", apenas para dar um exemplo, pois o que é mostrado aqui é todos os artifícios para que um documento importante chegue até o primeiro ministro britânico antes que ele assine algo com Hitler, para que no meio de todo o conflito dois antigos amigos de faculdade que hoje estão em lados opostos, possam se ajudar com algo importante, mas que sabemos bem quando a politicagem rola, ninguém consegue entrar no meio, afinal ninguém nunca ouve os peões abaixo. Ou seja, é um filme com uma pegada bem política, cheio de nuances iminentes da explosão da guerra, e claro muitas jogadas de todos os lados, os riscos de serem pegos por espionagem, e tudo mais, que acaba criando uma tensão bem interessante de ver, mas que ao mesmo tempo irrita em saber quem estava certo e não quis ouvir, e tudo o que sempre vemos de que na hora que tudo aperta perdemos a coragem, sendo então um filme forte, que até poderia ter ido mais além, mas que funciona no que se propôs a entregar.

O longa nos mostra que o ano é 1938. A Europa está prestes a entrar em guerra, e Adolf Hitler se prepara para invadir a Tchecoslováquia. O governo de Neville Chamberlain busca desesperadamente uma solução pacífica, e a pressão não para de aumentar. O oficial britânico Hugh Legat e o diplomata alemão Paul von Hartmann viajam a Munique para uma conferência de emergência. Conforme as negociações avançam, os dois amigos se envolvem cada vez mais em uma teia de artifícios políticos e perigos muito reais. O mundo todo está observando, mas será que é possível evitar essa guerra? E a que custo?

O diretor alemão Christian Schwochow trabalhou bem o roteiro que lhe foi entregue, pois sendo uma obra baseada no livro de Robert Harris é possível ver muita abertura para exposições de erros de ambas as partes, conseguiram segurar tanto versões utópicas e políticas de ambas as vertentes, e mostraram que espionagem de verdade tem de ser pessoas da área, pois quem não nasceu para dar um tiro jamais dará sem estar sendo ameaçado realmente, e assim o diretor brincou com facetas amplas, ousou questionar muito em cima do ar político, e principalmente deu seu estilo para o filme, pois é um tema que poderia vir com muito mais ação, poderia ser muito mais denso, mas não, ele soltou a mão e deixou que os protagonistas fizessem suas convenções, entregassem as dinâmicas mais fechadas, e o resultado foi um longa que tem uma boa pegada mesmo sendo alongado e enrolado, o que é raro de ver, e assim mesmo não sendo algo que comova, choque ou impacte o público, a ideia política foi funcional.

Sobre as atuações, George MacKay entregou bem seu Hugh Legat, trabalhando expressões bem desesperadas, correndo igual um maluco parecendo estagiário ao invés de um funcionário do governo, e trabalhando muito o sentimento nos seus trejeitos, ao ponto que conseguiu chamar até mais atenção do que o necessário no papel. Jannis Niewöhner deu um tom bem sério para seu Paul von Hartmann, criando um ambiente mais marcado em todas as suas cenas, e conseguindo dinamizar elas por mais que parecessem fechadas, não chamando tanto a responsabilidade para si, mas envolvendo bem no que fez em todos os atos. Jeremy Irons é mestre onde quer que apareça, e aqui seu primeiro-ministro Neville Chamberlain é marcante, tem estilo, tem dinâmica, e principalmente consegue dominar seus atos, fazendo com que os protagonistas ficassem bem em segundo plano, e isso foi um risco gigante da trama, pois o ator sênior não deu abertura para os mais novos, e isso acabou pesando. Ulrich Matthes trouxe um tom até que bem interessante para o seu Hitler, mas faltou um pouco mais da loucura imponente que sempre foi falado do ditador, e ele foi passivo demais em seus atos, o que acabou pegando um pouco. Ainda tivemos outros bons personagens, mas sem grandes momentos, valendo um leve destaque apenas para August Diehl com seu Franz pelos olhares e intensões bem colocados nos momentos certeiros, mas foram poucos atos, então nem foi muito além.

Visualmente o longa teve um ar bem diplomático, com muitas cenas de gabinetes, algumas de convenções, algumas sacadas de jantares, muitos charutos e cigarros, mas todo o início marcante de amizade e o lado mais imponente da espionagem acabou ficando muito de lado, não impactando nem nos atos nem na cenografia completa, deixando tudo bem seco, com tons exagerados de marrom, preto e cinza, e assim mesmo sendo um longa de época, com muitos carros marcantes, figurinos e até locações icônicas, o resultado da equipe de arte não conseguiu fluir muito.

Enfim, é um bom longa, mas daria para reduzir uns 20 minutos pelo menos, e ainda assim sobraria tempo para tudo, além de que poderiam ter trabalhado bem mais o ar de espionagem e tensão que envolveria muito mais do que todo o ar politizado que o longa acabou ficando. Ou seja, passa longe de ser um filme ruim, mas também passa bem longe de ser algo interessante de se envolver, ficando naquele famoso miolo bom de acreditar, e assim recomendar com muitas ressalvas. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais críticas, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - A Lenda Do Cavaleiro Verde (The Green Knight)

1/22/2022 08:11:00 PM |

Histórias medievais sempre são intrigantes e bem colocadas, tendo uma boa base de estilo e desenvolturas bem próprias com lutas de espadas, as famosas tabernas e prostíbulos, as reuniões com reis, e claro toda a mitologia envolvendo bruxas, feitiços e tudo mais, ao ponto que já vamos conferir sabendo bem o que esperar deles, mas tem vezes que o pessoal coloca algumas abstrações tão malucas na ideia toda que acabamos ficando confusos se gostamos ou não de tudo o que é mostrado, e isso infelizmente faz com que o filme passe a incomodar mais do que agradar. Dito isso o lançamento da semana da Amazon Prime Video, "A Lenda Do Cavaleiro Verde", entra bem nessa ideia toda medieval e tem uma boa base de história, sendo algo fantasioso que já até ouvimos falar nas histórias lá da época do Rei Arthur e tudo mais, porém criaram colocaram um tom místico em cima de feitiços e loucuras, que após o jovem ir para uma festa natalina no palácio, sua mãe e outras bruxas acabam criando toda uma loucura completa para que o jovem se torne rei, e a partir daí ficamos a todo momento pensando no que é real e o que é imaginário do protagonista, numa produção até que bem gigantesca, mas bem esquisita, e que garanto que muitos vão ficar sem saber se gostaram ou não.

O longa é aventura de fantasia épica baseada na lenda arthuriana atemporal, com a história de Sir Gawain, o sobrinho imprudente e teimoso do Rei Arthur, que embarca em uma ousada busca para enfrentar o homônimo Cavaleiro Verde, um gigante esmeralda - estranho de pele e testador de homens. Gawain enfrenta fantasmas, gigantes, ladrões e conspiradores no que se torna uma jornada mais profunda para definir seu personagem e provar seu valor aos olhos de sua família e reino, enfrentando o desafiante final. 

Como é um filme do David Lowery dá até para entender um pouco toda essa confusão filosófica que ele acaba nos colocando, criando um filme cheio de símbolos e situações, e sua criatividade é bem recompensada, afinal o longa tem estilo, tem uma produção imensa, e principalmente tem sentenças bem presas para envolver e fazer o público pensar, porém ele como sempre acaba jogando coisas demais para uma reflexão e deixando no ar sempre tudo para que cada um tire as devidas conclusões, não sendo algo muito fácil de acompanhar, nem sendo daquelas tramas que pegam o público de cara, pois ficamos meio que sem entender o motivo da mãe estar fazendo a bruxaria toda, as várias coisas que acontecem na jornada do rapaz sendo extremamente abstratas e ainda criando uma vivência estranha de entrar no clima, ou seja, é o famoso filme aberto demais que causa, mas não funciona.

Sobre as atuações, posso dizer facilmente que Dev Patel é um dos atores que mais cresceram em Hollywood, e aqui seu Gawain tem força, tem estilo e entrega uma dramaticidade perfeita para o papel, se jogando literalmente em tudo o que fosse necessário, fazendo cenas tensas e sujas, dominando o ambiente e se expressando muito bem em todos os momentos, ou seja, caiu bem no papel e agradou. Ainda tivemos alguns atos interessantes de Alicia Vikander com dois papeis, primeiramente como Essel a prostituta que o protagonista ama e depois como uma Lady de um castelo, com uma personalidade bem estranha, e em ambos os casos fez bons olhares marcantes e dominou suas cenas, agradando bem no que fez também. Outro que apareceu pouco, mas foi chamativo nas suas cenas foi o jovem Barry Keoghan como um ladrão/carniceiro da guerra, trabalhando bem alguns truques chamativos e sendo bem simbólico. Joel Edgerton também entregou alguns atos interessantes como o lorde de um castelo no meio da jornada. Erin Kellyman deu alguns atos meio malucos no meio do nada com sua Winifred. E claro tenho de falar de Ralph Ineson como o Cavaleiro Verde, sendo bem imponente na dramatização, fazendo entonações fortes bem marcantes, e agradando bastante, tanto que poderiam ter até usado mais ele em cena, mas foi bem demais.

No conceito visual da trama, a equipe de arte foi muito representativa e simbólica, criando diversos ambientes intensos e marcantes, começando com toda a imponente cena da comemoração natalina no palácio, antes tendo toda a movimentação na taverna simples porém cheia de detalhes, depois toda a retratação nos teatros de fantoches, a guerra bem representada com as pessoas pegando coisas de lá, uma casa abandonada no meio do nada, mas cheia de bruxaria, e ainda o castelo do lorde riquíssimo em detalhes, mostrando já a cultura como um vértice literário forte, e tudo mais até chegar na capela verde, aonde temos a volta misteriosa e simbólica novamente no castelo, ou seja, uma produção gigantesca, que poderia ser até melhor usada para tudo, mas funcionou ao menos.

Enfim, é um filme interessante pela proposta ficcional, sendo bem criativo em uma adaptação livre de um conto, com toda a situação chamativa para as reflexões que traz em seu segundo plano, mas que acaba sendo mais estranho do que envolvente, e sendo um filme de streaming isso vai pesar muito se as pessoas irão até ao final ou desistirão pelo meio, ou seja, até digo que recomendo o filme, mas com tantas ressalvas de público-alvo que não sei se muitos vão acabar dando o play. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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As Agentes 355 (The 355)

1/22/2022 02:32:00 AM |

Desde o dia que vi o trailer do filme "As Agentes 355" já sabia exatamente o que veria na tela, e mesmo tendo algumas reviravoltas no miolo, tudo é tão marcadinho que você nem chega a se surpreender com nada, e isso não é algo que eu possa dizer que foi ruim, muito pelo contrário, a trama é divertida, tem uma boa pegada, lutas intensas, tiros convincentes e o famoso girl power com a mulherada descendo a porrada em quem estiver na sua frente, seja entre elas no começo, ou depois com os vilões da trama. Ou seja, é o famoso filme de espionagem cheio de traquejos, que quem gosta não liga para furos de roteiro, não liga para clichês, não liga para nada, apenas quer ver a pancadaria, e assim sendo acaba sendo um bom entretenimento na telona, mas se você não for desse time vai reclamar até da roupa que não rasga de forma alguma no meio de uma explosão, da moça tomando pancada na cabeça e não apagando, e por aí vai, sendo assim é o famoso filme feito para um nicho, e funciona bem no que faz.

O longa nos conta que ao ficarem sabendo que uma organização global de mercenários que ameaçam o mundo quer adquirir uma arma ultrassecreta, a agente da CIA Mace Brown terá que unir forças para essa missão, com a agente alemã Marie; a ex-membro do MI6, especialista em computadores, Khadijah; a psicóloga Graciela, e com Lin Mi Sheng, uma mulher misteriosa que está rastreando todos os seus movimentos, para evitar que tal poder caia nas mãos erradas. O grupo de melhores espiãs do mundo forjará uma lealdade tênue que poderá proteger o mundo - ou matá-las. E para fazer isso, elas vão ter que lidar com as diferenças políticas e culturais que as separam.

Diria facilmente que Simon Kinberg é muito melhor roteirista do que diretor, pois seus roteiros são incríveis, mas foi extremamente criticado com sua primeira direção em "X-Men - Fênix Negra" e agora ele até criou algo cheio de interação, locações em vários países, ação desenfreada do começo ao fim, e até boas sacadas, porém ainda não deu o seu toque realmente de direção, mostrando algo inovador, ou alguma coisa que fosse seu estilo próprio, pois tudo no longa tem mais a cara do gênero em si do que algo dele, tudo é premeditado de tal forma que já sabemos exatamente o que vai rolar no segundo seguinte, ou seja, ele não fez um filme ruim, mas apenas fez mais um filme de ação/espionagem igual a todos os demais, que você vai assistir e vai olhar tal cena e falar: "já vi isso em outro filme" ou "agora vai acontecer isso". Sendo assim, não vou falar em momento algum que não curti o que vi, pois me diverti bastante com o que o diretor me entregou, mas poderia ter algo mais chocante no miolo para surpreender, ou então algum tipo de reviravolta melhor que pegasse quem já viu todos os filmes desse gênero, pois 10-20 minutos antes vimos a pessoa falando de algo, lá no final tá o algo acontecendo, e assim segue o jogo.

Sobre as atuações, posso falar que todos foram muito bem na maioria das cenas, não chegando a chamar atenções fortíssimas, mas acertando bem no tom em cada momento que foram colocados, sendo bacana ver o estilo mais impulsivo de Jessica Chastain com sua Mace, bem ampla nas movimentações e disposta a um jogo mais afetivo, tendo Diane Kruger totalmente insana e desesperada com um ar alemão bem imponente para sua Marie, Lupita Nyong'o fazendo a gênia da informática com sua Khadijah cheia de desenvolturas e muita expressividade nos atos, e ainda Penélope Cruz sendo a diversão com sua psicóloga jogada no meio do conflito, fazendo trejeitos apavorados e bem colocados, ou seja, todas se doaram demais. Ainda no segundo ato tivemos Bingbing Fan trabalhando de uma forma bem séria sua Lin Mi, com nuances bem impactantes e misteriosas. E falando dos homens da produção, é claro que todo o destaque ficou a cargo de Sebastian Stan com seu Nick bem imponente e cheio de traquejos, afinal o ator sempre domina bem pessoas com dupla personalidade, e aqui caiu muito bem no papel. Outro que apareceu pouco, mas foi bem interessante nos atos foi Edgar Ramirez com seu Luis no começo da trama bem colocado, e ainda tivemos algumas nuances de Jason Flemyng como o vilão Clarke, e duas rápidas boas participações de John Douglas Thompson com seu Marks. Ou seja, todos bem colocados, mas ninguém chamando a responsabilidade para si.

Visualmente a trama teve uma explosão incrível em todas as cenas, desde a correria em Paris passando pelos cafés, pelos trens com muita desenvoltura dos protagonista, depois as cenas lotadas de figurantes no mercado do Marrocos, com facas, tiros escondidos e muito desenvolvimento nas fugas, saltos e tudo mais, até chegarmos no luxo completo do leilão na China, o hotel e tudo mais dali, ou seja, a equipe de arte surpreendeu demais com tantos elementos cênicos, tantas armas, tantas locações perfeitas, que não tem nem como reclamar de nada no conceito da produção, sendo um orçamento certamente gigantesco que foi muito bem usado para representar tudo o que o longa precisava, ou seja, nesse quesito o acerto foi nota mil.

Enfim, é o famoso filme pipoca de ação, daqueles que você curte tudo o que acontece, não se surpreende com nada, mas ao mesmo tempo vibra com a pancadaria toda das mulheres, sendo algo que faz valer o entretenimento completo do começo ao fim, não tendo espaço para cenas cansativas, e assim sendo algo muito bacana de ver e indicar, que até poderia ser muito melhor com bem poucos ajustes no roteiro com algumas reviravoltas melhores, mas não foi dessa vez, então vá, se divirta bastante, e quem sabe numa continuação melhorem algo para ficar algo memorável realmente. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto muito em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Eduardo e Mônica

1/20/2022 10:21:00 PM |

Costumo dizer que para um romance ficar gostoso de ser conferido a base necessária é que nada seja muito comum entre os protagonistas, pois se possuem muitas coisas comuns a trama acaba ficando melosa demais e acaba não tendo conflito para que o filme deslanche, então a sacada da música de Renato Russo é tão bem trabalhada nessa síntese que já veio com o roteiro praticamente pronto para ser filmado, ao ponto do resultado de "Eduardo e Mônica" acabar sendo tão bem trabalhado pelas diferenças entre os personagens, pelas confusões de idade, de ideias, de família e tudo mais que conseguiram colocar na trama, fazendo com que o público não apenas veja a música impressa na tela, mas sim aquele algo a mais, aquele desenvolvimento amoroso, todas as interações comuns em paixões diferentes, e assim tudo passa a funcionar muito bem. Ou seja, o longa passa longe de ser algo que impressione, mas acaba sendo daqueles que entramos esperando algo simples, e saímos felizes mesmo não sendo apaixonados pelo gênero, tendo momentos que exageraram um pouco no estilo novelesco, mas que passa tão rápido e de uma forma tão funcional que agrada mais do que cansa.

A sinopse nos conta que em um dia atípico, situado em Brasília na década de 1980, uma série de coincidências leva Eduardo (Gabriel Leone) a conhecer Mônica (Alice Braga), tendo como pano de fundo uma festa estranha com gente esquisita. Uma curiosidade é despertada nos dois e, apesar de não serem parecidos, eles se apaixonam perdidamente. Ambos são completamente diferentes. Além da discrepância de idade entre os dois, signos diferentes e cores de cabelo diferentes, eles também têm gostos que, aos olhos de outras pessoas, são incompatíveis. Parece que o amor entre os dois nunca passará apenas de alguns meses. Depois de começarem um namoro, esse amor precisará amadurecer e aprender a superar as diferenças. Eduardo e Mônica terão também que superar o preconceito de outros que tentarão acabar com o relacionamento. Mas é aquilo: "Quem um dia irá dizer que não existe razão nas coisas feitas pelo coração".

Quando estava finalizando "Faroeste Caboclo" lá em 2013, o diretor René Sampaio disse que gostaria de fazer um universo maior com junções de filmes das músicas de Renato Russo, e com isso muitos já jogaram que logo ele faria "Eduardo e Mônica", e até que não demorou muito para já estarem com a ideia nos projetos futuros e lá em 2018 filmaram o longa, mas como bem sabemos, datas no Brasil, pandemia e tudo mais, agora que o longa está sendo lançado, e pudemos ver que diferente do primeiro que continha praticamente tudo (afinal a canção tem é imensa), a trama aqui teve sim a base da música, mas colocaram tantas coisas bacanas acontecendo que acabamos entrando completamente no clima com muito mais detalhes do que apenas com o que acontece lá, e esse envolvimento funciona bem, tem carisma por parte dos protagonistas, e já que falamos de um Universo compartilhado, usaram até a sacada de ter em determinada cena Fabricio Boliveira com uma participação rápida, porém bem semelhante com seu João de Santo Cristo, ou seja, além de brincarem bem com a ideia, ousaram em algo não muito comum no Brasil, então quem sabe o que veremos mais para frente do diretor, pois canções com temas para filmagens é o que mais Renato Russo fez em vida.

Já que já falei sobre uma participação no filme, vamos falar um pouco mais sobre as atuações, pois a escolha do elenco foi impecável, afinal quando escutei a música mais novo nunca pensei em Alice Braga como Mônica, mas a atriz pegou o papel com uma vontade, com um estilo próprio e ousado, criando uma mulher cheia de vida, de vontades, de voos como diz o seu parceiro de cena, que a forma que ela deseja tudo é a cara completa da atriz, ou seja, a personagem foi aumentada com sucesso pela ideia que lhe foi entregue, e isso ficou muito bom de ver, sendo um grandioso acerto. Da mesma forma Gabriel Leone conseguiu ser tão representativo com seu Eduardo que precisei procurar mais fotos do ator que não lembrava dele nos outros filmes e novelas que fez, pois a equipe de maquiagem mudou tanto seu visual para parecer ter 16 anos que o ator virou outra pessoa, e como um bom ator achou muita personalidade e desenvoltura para divertir e cair bem no papel, agradando com sutilezas até meio bobinhas, mas muito bem encaixadas, dando show em cena. Ainda tivemos algumas cenas tensas provenientes de Otavio Augusto com seu Bira, colocando todo o ar turrão dos fanáticos pela época militar do país, que caiu muito bem na sacada do filme, e assim o ator foi bem no que fez. E claro tenho de falar de Victor Lamoglia que tem caído perfeitamente em todos os filmes que é colocado seja de protagonista ou de coadjuvante, e aqui seu Inácio é um misto de personalidades tão bem trabalhadas que diverte e agrada demais, sendo daqueles amigos que te levam pra lugares fora de base, mas que também são sua base para dar apoio em tudo, ou seja, saiu muito bem em cena.

Visualmente o longa também foi bem sacado, mostrando uma Brasília mais ampla do que apenas vemos, passando claro pela praça dos poderes, mas não ficando só ali, tendo festas claro com muita gente esquisita e performances estranhas, mostrando manifestações, tendo vários atos no atelier do pai da garota aonde ela mora agora com coisas bem diferentes, tendo claro os passeios de moto, de bicicleta (camelo como é chamada na cidade), alguns acampamentos na chapada, alguns elementos simbólicos no quarto do garoto como o futebol de botão, vários playmobil, e muito mais dando o tom jovial do garoto, o lance da faculdade, de trotes e tudo mais, entre muitos outros detalhes cênicos que conseguiram montar, mas o grande feitio foi a forma de fechamento do longa que criou um ambiente completo muito bonito e representativo para a canção completa, e para a vivência demonstrada na trama inteira, ou seja, a equipe de arte trabalhou muito bem e agradou demais.

O longa conta com uma trilha sonora de primeiríssima linha, contando claro com a música tema do filme em diversas versões instrumentais e cantada no final do filme, mas ainda tendo outras ótimas escolhas que entram nos mais diversos momentos, então vale deixar aqui o link de uma playlist que está quase completa para ouvirem depois. 

Enfim, é um filme que foi muito esperado, e que foi tão bem montado que acaba surpreendendo bastante por toda a ideia, e por não ficar um romance simples e bobinho demais, indo além da canção e funcionando bastante. Como disse não é algo completamente memorável, mas tem estilo, tem graciosidade e envolve bastante, funcionando tanto para rir, quanto para se emocionar com alguns atos, tendo sim defeitos, mas com muito mais qualidade do que tudo. Ou seja, recomendo a conferida com toda certeza para todos, e fico por aqui hoje, então abraços e até breve com mais textos.


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Amazon Prime Video - Armadilha do Caçador (The Birdcatcher)

1/20/2022 04:12:00 PM |

É interessante vermos como as pessoas se adaptam para a sobrevivência, pois na hora de um conflito você precisa atuar, mudar sua personalidade e até mesmo o seu visual para não ter um fim trágico, e a grande sacada expressiva do filme "Armadilha do Caçador", que pode ser conferido na Amazon Prime Video, é mostrar como uma garota judia, que desejava ser atriz, passou em seu maior teste de interpretação da vida, ao fugir da morte pelos nazistas, e cortando apenas o cabelo conviver como um garoto junto de uma família norueguesa que dava abrigo para os soldados. Ou seja, na trama temos um pouco de tudo, desde traições familiares, maus tratos entre pais e filhos deficientes, e claro as paranoias que muitos tinham de um mundo ideal na época, além claro da desenvoltura da jovem garota, de forma que vamos entrando no clima passado, torcemos pelos objetivos dela, e até acreditamos nos seus floreios visuais muito bem colocados, ao ponto que o filme soa simples, mas envolve bastante do começo ao fim.

O longa nos conta que sonhando com o estrelato de Hollywood de seu quarto em Trondheim, Noruega, uma garota judia Esther, de repente se vê diante do papel de sua vida; disfarçado de menino em uma fazenda nazi-norueguesa. Traçar sua fuga para a Suécia, seu desafio diário de manter sua verdadeira identidade em segredo, leva a uma série de escolhas e consequências, que mudam os caminhos de vida daqueles ao seu redor.

Diria que o diretor Ross Clarke foi bem sutil na forma de conduzir sua obra, não criando nada que fosse chamativo demais, mas também não deixando que a trama ficasse morna ao ponto de cansarmos dela, usando bem os artifícios e problemas casuais de uma mentira bem contada, juntando toda a ideia de um passado tenso e forte, ou seja, basicamente como disse no começo ele pôs todas as temáticas tensas do passado, e algumas ainda atuais, em uma única fazenda, causando e envolvendo na mesma proporção, e fazendo com que as dinâmicas fossem coerentes e bem chamativas. Ou seja, é um filme que facilmente poderíamos ver escrito como sendo uma obra real, mas ao mesmo tempo também tem atos bem absurdos das pessoas não notarem, e assim toda a essência vai fluindo, acontecendo, até o ato mais explosivo na sauna, aonde o diretor resolveu quebrar todas as possibilidades de uma calmaria, e assim impactar com a desenvoltura certeira dos protagonistas para mudar o ângulo e já acabar com a história. Sendo assim, é um filme que o diretor poderia ter dividido melhor o tempo, pois ele tem um começo e um final rápidos demais, e situações múltiplas para desenvolver no miolo, ao ponto que acaba não montando algo chamativo ao ponto de lembrarmos dele futuramente, sendo aqueles longas que tem de tudo, ao mesmo tempo que não tem nada.

Quanto das atuações, diria que a jovem Sarah-Sofie Boussnina deu nuances bem fortes para sua Esther/Ola, sempre segurando bem nos olhares e nas atitudes, mas que poderia ter incorporado um ar mais masculino nas suas cenas como garoto, pois os soldados e a família se fizeram de bobo para não ver que era uma mulher ali em tudo o que fazia, e isso pesou um pouco, mas sua desenvoltura de forma geral é tão bonita e marcante que acaba agradando bem em tudo o que faz em cena. Arthur Hakalahti trabalhou bem as dinâmicas de seu Aksel, mancando muito, fazendo as intenções fortes e muito julgadas por seus pais, passando olhares e envolvimentos marcantes, e acertando no que precisava, não se impondo muito para chamar a cena para si, mas sempre presente como alvo dos problemas. Jakob Cedergren apareceu nas cenas mais fortes com seu Johann, porém já vimos ele em outros filmes noruegueses mostrando que sabe ir além, e aqui mesmo com diálogos fortes, ficou a maior parte do filme apenas andando pra lá e pra cá sem chamar atenção, o que é ruim de ver, mas quando precisou foi certeiro. Ainda tivemos todo o envolvimento marcante de Laura Birn com sua Anna, apanhando nos atos duros, sendo amorosa com o filho, e ajudando a garota quando precisou, e a retribuição vem no final em uma cena bem bonita de fechamento, ou seja, foi muito bem no que fez. Quanto os demais, vale apenas a menção para August Diehl como Herman e Johannes Kuhnke como Fred, pelos atos fortes que entregaram, mas sem ir muito além na trama.

Visualmente a trama trabalha bem o ar rural da Noruega da época, mas não chegando a mostrar muito das invasões nazistas, sendo simbólicos apenas pelos carros e fardas, tendo algumas festividades entre os soldados nós celeiros e sauna da fazenda, mostrando o ar de querer fazer parte do partido, contando com muita neve dando um ar frio para o ambiente, e trabalhando bem mais a essência de tudo do que algo mais representativo, ao ponto que a arte acabou sendo simples demais para tudo o que o filme poderia trabalhar.

Enfim, é um filme interessante de proposta, que tem sua dinâmica bem moldada, e que funciona por mostrar bem que uma pessoa acaba se dispondo a tudo para sobreviver. Claro que não é daqueles filmes que vamos lembrar eternamente, pois não tem um impacto maior como deveria ter, mas vale o tempo de tela, e acaba sendo mais um filme mostrando os males que os nazistas fizeram mundo afora, então deem o play e boa sessão. É isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda vou para mais uma conferida, então abraços e até logo mais.


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