Alguns filmes conseguem o feitio interessante de nos fazer pensar como reagiríamos em presenciar uma tragédia no ambiente em que convivemos, pois como bem sabemos a nossa mente não é algo que tem um botão que vai reagir igual para todos, e isso é o mais bacana de ver, pois como cada um enxerga o conflito, como a situação vai chegar, e como ela vai deslanchar, é motivo de estudos de terapeutas, psicólogos e tudo mais, então como retratar isso certamente foi o pensamento da diretora e roteirista para que seu filme "A Vida Depois", que foi lançado na HBO Max, fluísse bem ao mostrar como reagiram alguns alunos que sobreviveram às chacinas em suas escolas nos EUA. Ou seja, muitos vão olhar o longa como algo exageradamente simples que não vai muito além, outros irão se emocionar com os protagonistas, mas a base é tão marcante para se refletir, que o resultado acaba indo até além, pois nunca iremos saber exatamente o que vai acontecer com a nossa mente, e isso fica bem claro com a reação final da protagonista, pois mesmo não estando no mesmo ambiente, tudo foi bem diferente.
A sinopse nos conta que uma estudante do ensino médio enfrenta consequências emocionais após uma tragédia escolar. A partir desse processo, ela forma um vínculo único e dinâmico com outros dois adolescentes, em uma jornada muitas vezes confusa, de cura. A jovem experimenta em seus relacionamentos, seja com a família, amigos ou até mesmo em suas visões de mundo, uma transformação significativa, potencializadas pela intensidade desse período da vida e por seus traumas. O filme retrata os rostos invisíveis de uma tragédia, e seus esforços em conseguir (ou nem sempre conseguir) transformar a dor em uma mudança positiva no mundo.
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Diria que a estreia da atriz Megan Park como diretora e roteirista de longas foi algo bem trabalhado e cheio de vitalidade, pois ela não quis criar um filme cheio de propostas e aberto demais, mas que sim sua opinião sobre as diversas formas de pensar e vivenciar uma tragédia fossem mostradas, construídas e bem retratadas, pois não existe uma forma certa de sentir algo o qual você nunca vivenciou, e essa estrutura, essa forma criativa de colocar toda a densidade em cima da garota, dela ir conhecendo e vivendo cada momento foi algo simples e muito bem trabalhado, conseguiu criar ângulos bem propostos com um ar proximal para que realmente estivéssemos juntos da garota, e assim tudo foi bem encaixado, bem determinado e cheio de nuances expressivas, ao ponto que mesmo nos atos de terapia da garota a síntese não fosse uma obrigação, mas sim uma comoção aberta e ampla, o que mostra tanto a segurança dela como diretora, como uma roteirista criativa e bem pontuada que deve despontar ainda mais nos anos futuros.
Sobre as atuações, vou frisar um detalhe bem marcante que se Jenna Ortega tivesse feito só metade das expressões que fez aqui com sua Vada na sua personagem Tara no filme "Pânico", certamente teríamos outro longa lá, pois aqui ela deu perfeição aos sentimentos de medo, de angustia, de preocupação e tudo mais, demonstrando frieza em alguns atos, e principalmente sabendo aonde se colocar frente à tudo o que está acontecendo, ou melhor, não sabendo, pois a garota não sabe o que sentir, como sentir, e isso ela passou com uma naturalidade tão presencial que acaba agradando demais. Da mesma forma vemos as diferentes reações de Maddie Ziegler com sua Mia, e Niles Fitch com seu Quinton, de forma que eles se entregaram bem, criaram todas as interações com a protagonista, e fizeram fluir bem seus ares com o acontecido, o que acaba sendo bem bacana de ver. Outro que mudou bem e de uma forma diferente a personalidade foi Will Ropp com seu Nick, passando de alguém alegre e cheio de vida para um idealizador de protestos, e isso não é errado, pois passou a se preocupar com o mundo, o que foi bem bacana de ser retratado também. Quanto dos pais e da irmã menor da protagonista, eles também mostraram interações bem marcantes, dando boas nuances para seus momentos e agradando com palavras bem interessantes, e assim tanto Lumi Pollack com sua Amelie, quanto John Ortiz e Julie Bowen dominaram bem seus atos e agradaram. Agora uma surpresa interessante foi ver Shailene Woodley como uma terapeuta séria, pois se alguns anos atrás a víamos fazendo romances adolescentes e ações distópicas, agora como uma mulher mais experiente, passando mensagens e analisando a adolescente, e que mesmo aparecendo apenas em duas cenas, foi bem e fez valer seus atos.
Visualmente o longa tem uma boa intensidade, mostrando diferentes ambientes entre a casa da garota e a casa da amiga, o desespero de voltar a usar o banheiro da escola, as experiências com bebidas e drogas para tentar abrir a menta, a sexualidade explodindo mesmo nos momentos que não deveria, e claro como todo bom longa adolescente moderno, as mensagens de celulares fazendo as vezes com conversas abreviadas e tudo mais que fosse bem simbólico, mas como é um longa de pensamentos a cenografia nem se faz valer tanto, afinal o pensamento é maior, os sentimentos, e tudo mais, sendo assim a equipe de arte foi bem econômica, representativa e agradou com simplicidade.
Enfim, é um filme que se formos parar para refletir como cinema/arte é até simples demais, não tendo grandes emoções ou situações, mas tudo é tão simbólico e forte para nossa mente abrir e pensar em como sentiríamos na situação, que o envolvimento passa ir além e assim fazendo valer demais a conferida, e claro, a indicação para todos. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.