Golda - A Mulher de Uma Nação (Golda)

8/31/2023 11:53:00 PM |

Confesso que acreditava que o longa "Golda - A Mulher de Uma Nação" seria um pouco mais da vida da imponente primeira-ministra israelense e não apenas seu último ano no poder, doente e tendo de enfrentar uma guerra surpresa em pleno dia santo no país, mas ainda assim vemos toda a imponência dessa mulher que deixou muitos líderes espantados com sua força, vemos todo o sofrimento físico e emocional que viveu nesses quase 30 dias de guerra, e principalmente vemos uma tremenda atriz se entregando ao máximo para que sua personagem brilhasse na tela, de tal forma que deram um ar mais emotivo para ela, mas ainda assim suas atitudes e desenvolturas acabam chamando atenção do começo ao fim, os sons das bombas ecoando e todo o envolvimento cênico sendo marcante e muito mais, de tal maneira que diria que a trama passa longe da perfeição por focar apenas em um período, porém foi nesse período que ela realmente apareceu mesmo para o mundo, e assim sendo o filme funciona demais.

A sinopse nos conta que primeira-ministra israelense Golda Meir, também conhecida como a "Dama de Ferro de Israel", deve tomar decisões extremamente importantes e é responsável pela segurança de seu país em 1973, quando Egito, Síria e Jordânia lançam um ataque surpresa contra Israel em seu dia santo. Durante a Guerra do Yom Kippur, as vidas de muitas pessoas são de sua responsabilidade e ela deve prevalecer contra os membros do gabinete exclusivamente masculinos que são hostis a ela.

O diretor Guy Nattiv ganhou muitos olhares dos produtores após ganhar o Oscar de Melhor Curta-Metragem em 2018, e assim foi escolhido para esse projeto bem amplo da História, afinal muitos países na época de Meir não considerava Israel como um país, e somente com muitos conflitos entre defesas e ataques, aliados e inimigos, conseguiram ser chamados como desejavam, e diria que o jovem diretor usou bem o roteiro de Nicholas Martin para desenvolver um lado ainda bem rígido da personagem, mas como já estava tratando seu câncer, sofrendo da velhice e tudo mais, acabou no meio de um conflito tão marcante dos vários ministros de segurança e guerra, que mesmo não se impondo tanto ainda foi longe. Ou seja, o diretor soube aproveitar bem a época em que o filme se passa para mostrar toda a argumentação de guerra, os bastidores de um conflito aonde os líderes ficam bem escondidos negociando as coisas enquanto os peões se matam, e ele soube conduzir a emoção da protagonista para um estilo bem trabalhado, o que acaba chamando muita atenção.

Sobre as atuações, ainda estou me perguntando se teve mais alguém que conseguiu ter algum destaque e aparecer na tela sem ser Helen Mirren, pois a atriz que passou mais de três horas e meia se maquiando cada dia de gravação para entregar uma Golda perfeita, pegou o papel com toda a imponência que ela sabe fazer bem, desenvolveu olhares, trejeitos, gestuais e tudo mais que pudesse para que em momento algum tirássemos os olhos dela, e mais do que isso entre milhões de cigarros e discussões presenciais ou via telefone, marcou cada ato seu com algo incrível de ver, que certamente será mais um grande nome no seu currículo. Quanto aos demais, vale claro colocar Camille Cotin bem direcionada como a auxiliar pessoal de Golda, Lou Kaddar, que auxiliou demais a personagem nos atos difíceis de lidar da doença, e a atriz foi bem doce em seus atos; Rami Heuberger com seu Moshe Dayan, ministro da defesa de Israel, desesperado após ver o conflito de perto; Lior Ashkenazi bem empostado com seu David 'Dado' Elazar, chefe de Estado que arquitetou bons momentos da guerra; e claro Liev Schreiber como Henry Kissinger, chefe de Estado americano que arquitetou o cessar-fogo da guerra conversando e tendo muita intimidade com Golda. Esses foram os que mais apareceram, mas sem dúvida vale citar ainda a emoção de Ellie Piercy como uma datilógrafa das reuniões que tem o filho no meio da guerra desaparecido e é comunicada pela própria primeira-ministra do que ocorreu com ele, numa cena bem forte.

Visualmente a trama tem um bom estilo, ficando bem mais concentrada em elementos da época, mostra muito da desenvoltura do julgamento de Golda pelo que fez na guerra, mostra meio que subjetivamente o conflito usando mais sons e explosões, sem mostrar realmente tanques, tiros e mortos, e claro muitas reuniões de ministros em vários lugares, seja num centro de guerra, seja na casa da protagonista, aonde vemos muita simplicidade e comida, nos é mostrado o tratamento do câncer da personagem num lugar meio que estranho ao lado de um necrotério que começa vazio e vai enchendo conforme vai rolando a guerra, e os dois principais elementos cênicos: os muitos cigarros que ela mesmo doente fumava, inclusive dentro do hospital e o caderninho de anotações aonde marcou dia a dia a quantidade de mortos. Ou seja, a equipe de arte foi muito direta no que desejava mostrar, e claro junto com a equipe de maquiagem conseguiu deixar a protagonista idêntica a verdadeira Golda, e isso certamente será muito falado nas premiações.

Enfim, é um filme que não é perfeito só pelo motivo de quem não viveu a época e não conhecer tanto a história da protagonista ver apenas seus últimos anos no meio de uma grandiosa guerra, mas ainda assim é algo que envolve bastante e funciona bem dentro do recorte escolhido, valendo a recomendação, e ainda por cima ele fecha com a música "Who By Fire" de Leonard Cohen de uma forma bem bonita incorporando uma oração dos judeus durante a guerra acaba dando ainda mais um  bom tom para a trama. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Star+ - Embattled: Dias de Luta

8/29/2023 10:21:00 PM |

Não diria que sou muito fã de filmes de lutas, mesmo gostando muito de tramas esportivas, pois geralmente o quesito superação/motivação recai para lados mais trágicos do que envolventes, e se o diretor não trabalhar bem acaba indo para situações não tão interessantes de estilo, ou seja, acabamos vendo filmes aonde as pessoas praticamente se matam, e o tema em si fica meio que perdido. Dito isso, o longa "Embattled - Dias de Luta", que pode ser conferido na plataforma da Star+, entrega algo meio que complexo, pois o jovem parece não se lembrar direito do motivo da separação da mãe e do pai, um lutador ultrafamoso por praticamente matar seus adversários no octógono, e vemos também como o pai não ajuda praticamente nada na criação do irmão mais jovem que tem problemas mentais, e todo o desenvolvimento da trama parece meio que jogada, sem ir muito além, o que é estranho, ficando apenas no ar morno e tudo mais, mas temos um final intenso com a reviravolta quando se lembra e tudo muda quando os chefões do esporte desejam colocar ambos numa luta, pai matador contra jovem de 18 anos. Ou seja, os atos finais são bem trabalhados, mas ficou parecendo que o começo e o miolo não se desenvolveram de uma forma intensa como deveria para criar tudo para o embate, não sendo algo ruim, pelo contrário, mas parece que faltou algo a mais para tudo ir além.

A sinopse nos conta que criado por um pai abusivo, Cash canaliza sua agressividade para se tornar um lutador campeão mundial de MMA. Quando Jett, seu filho mais velho, decide seguir os passos do pai e entrar no jogo da luta, ele encara seu passado de frente, embarcando em um curso que inevitavelmente coloca pai contra filho em uma batalha que, não importa o resultado, nenhum dos dois pode vencer.

O diretor Nick Sarkisov até teve bons momentos para desenvolver, porém faltou para ele aquele algo a mais que diferencia uma trama no desenvolvimento, pois seu filme dava para ser daqueles históricos pelo fechamento escolhido, mas como a história não explode desde o começo, o resultado acaba se perdendo um pouco, soando até confuso de certo modo, pois até é aceitável que o garoto não lembre de sua infância por algum tipo de bloqueio, mas a mãe poderia influenciar, fora o estilo de contrato de guarda e tudo mais que fica meio que jogado na tela. Ou seja, meio que ficou parecendo algo imposto no roteiro que não flui com facilidade, até o ato de virada que já entra nos momentos finais, e isso pega um pouco. Claro que para desenvolver tudo muito bem a trama talvez ficaria alongada demais, mas dava para resumir melhor todas as situações de um modo mais crível, e isso talvez dependesse mais de algum diretor mais trabalhado de estilo.

Quanto das atuações, Stephen Dorf caiu muito bem na personalidade de Cash, sendo imponente, cheio de estilo, e principalmente nos entrega daqueles lutadores que temos muita raiva pelos atos que faz, de tal maneira que o ator foi bem demais, e com um desenvolvimento melhor do roteiro conseguiria ir mais além. O jovem Darren Mann trabalhou seu Jett como o oposto completo do pai, sendo um bom filho, disposto a estudar para ir além, carinhoso com o irmão com problemas mentais, e com muita disposição cênica, chamando bem os atos para si, e mostrando um algo a mais até na sua personalidade, o que valeria também um texto melhor. Elisabeth Reaser trabalhou sua Susan como uma mãe bem trabalhadora, tentando ganhar a vida honestamente para dar o melhor para os filhos, sem precisar depender do ex-marido violento, fazendo trejeitos bem emocionais e agradando de certa forma como uma boa parceira cênica do garoto. Ainda tivemos alguns bons momentos do garotinho Colin McKenna com seu Quinn bem cheio de facetas, Ava Capri trabalhando um par amoroso meio que oculto com o protagonista, e até Karrueche Tran tentou um algo a mais com sua Jade, mas como disse o desenvolvimento de personagens ficou muito artificial na trama, e isso pesou um pouco.

Visualmente a trama tem bons atos mostrando o treinamento do garoto, a vida de festas do pai, alguns atos dos jovens na escola, mostra o lado mais pobre da família do garoto versus o lado cheio de luxo do pai, e claro as lutas recheadas de sangue e bons enquadramentos, de modo que a equipe soube escolher bem para que o filme tivesse uma fluência bem intensa de detalhes para causar mais, e mesmo na bagunça o resultado funciona.

Enfim, é um filme bom, que trabalha um tema digamos forte que é a violência doméstica, e também um pouco das lutas, mas que merecia um trabalho mais requintado para ir mais além, de maneira que o que acaba valendo mesmo são mais os atos finais, já que o miolo e o começo são meio que bagunçados demais, porém ainda assim o resultado geral é interessante e vale a conferida, então fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Campeões (Champions)

8/29/2023 01:07:00 AM |

Costumo dizer que filmes esportivos sempre trazem mensagens bem colocadas, e que se olharmos de todos os ângulos possíveis é capaz de encontrarmos tantas mensagens subjetivas incorporadas que não tem como não se emocionar no final, e com o longa "Campeões" é nítido todo o envolvimento dos atores com deficiências, suas alegrias de estarem contracenando e envolvendo, e mais do que isso, fica claro também como Woody Harrelson se envolveu com eles, entregando cenas tão bem encaixadas que tudo fica bonito de ver. Claro que não é um filme perfeito, mas o elo motivacional é tão gostoso de ver na tela, que desde o primeiro dia que vi o trailer torci demais para que viesse para a cidade na estreia, o que acabou não acontecendo, mas agora que está para locação na Amazon Prime Video, deixo como uma grandiosa dica para um dia cansativo no trabalho enxergarmos como que esses jovens foram campeões só pela entrega cênica, e o protagonista ainda cita mais motivos para cada personagem ser campeão, e isso funciona demais. O longa é uma refilmagem de uma trama espanhola de 2018, mas que não achei para conferir ainda, então vou considerar esse como sendo o primeiro e falarei como senti com ele abaixo.

O longa nos conta que Marcus é um ex-técnico profissional de basquete que, como parte de seu serviço comunitário, é ordenado pelo tribunal a trabalhar com uma equipe de jogadores com deficiência intelectual. Logo de cara, Marcus tem várias dúvidas sobre a capacidade do time, e não acredita no potencial dos jogadores. Porém, com o tempo, o técnico teimoso e cabeça-quente começa a perceber que, trabalhando em equipe, o time pode chegar mais longe do que ele imaginava.

É bacana ver que o diretor Bobby Farrelly que tem o costume de fazer muitos longas com comicidade exagerada aqui se manteve mais centrado, trabalhando sim algumas piadas duplas, mas que dentro do contexto do filme não ficaram tão forçadas, e principalmente brincou mais com o lado motivacional de um cara que só quer inicialmente cumprir sua pena, e depois passa a ter um grande envolvimento com os garotos. Claro que isso ficaria bem claro para todos que já viram uma tonelada de filmes desse estilo, seja com jovens com deficiência, pobres ou órfãos, mas sempre que bem trabalhado funciona como uma cartilha bem tradicional a ser seguida. Ou seja, quem for conferir esperando algo que vá muito além é capaz de se decepcionar, mas quem pegar a ideia do diretor e conferir com um bom envolvimento vai acabar gostando até mais do que o esperado.

Quanto das atuações, a grande base ficou para Woody Harrelson que soube dominar bem todo o estilo com seu Marcus, fez um bom treinador, se envolveu bem com os garotos e trabalhou seus trejeitos para que não ficasse forçado no papel, de tal forma que pelo carisma dele foi uma ótima escolha, pois chamou para si a responsabilidade e agradou bastante. Kaitlin Olson também fez bons atos com sua Alex, trabalhando bem o lado emocional de irmã e conseguindo encaixar um bom ritmo na conexão com o protagonista. Quanto dos jovens todos foram muito bem, são realmente atores com algum tipo de deficiência intelectual, e vale destacar claro Kevin Iannucci com seu Johnny cheio de boas sacadas e tendo mais interações por ser irmão do par romântico do protagonista, Joshua Felder mais pelo potencial de jogo com seu Darius, e claro toda a explosão de personalidade de Madison Tevlin com sua Consentino, que botou banca em muitas cenas e chamou a responsabilidade para si sem nem pensar duas vezes.

Visualmente o longa mostra bons jogos, meio que repetidos de times (uma falha meio que estranha de mostrar quase sempre a mesma técnica e os mesmos jogadores adversários), uma quadra meio que de improviso, alguns atos nas casas dos protagonistas, a van de atuação da protagonista que vira ônibus do time, e alguns atos mais soltos em restaurantes, de tal maneira que a equipe de arte fez um trabalho honesto dentro do estilo, que talvez até desse para ir um pouco além, mas foi agradável de ver.

Enfim, é um filme bem gostoso, simples e interessante, que fui assistir sabendo exatamente o que veria, mas que funcionou e me entreteve durante toda sua duração, sem ter cenas sobrando, com o corte na medida certa, além claro do texto motivacional, então quem quiser algo desse estilo fica a recomendação de play (está por enquanto apenas para locação na Amazon e em várias outras plataformas, mas acredito que em breve vire parte do catálogo normal). E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Alguns vão falar, nossa você falou tão bem e deu apenas 7 para o longa, e a resposta é bem direta, que sim, pois faltou um ar mais emocional realmente para dar aquele soco que gostamos de ver nesse estilo, mas não é nada que atrapalhe a experiência, então fica a dica... e claro que tentarei ver a versão original se aparecer nos streamings da vida!


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Amazon Prime Video - Entre Mulheres (Women Talking)

8/27/2023 11:58:00 PM |

O longa "Entre Mulheres" ganhou o Oscar de Melhor Roteiro Adaptado e passou em pouquíssimos cinemas do Brasil, e agora já pode ser conferido dentro da plataforma da Amazon Prime Video, e mesmo sendo uma ficção, a principal pauta da trama é a que muitos deveriam parar e pensar, afinal quem deveria criar leis que envolvam as mulheres? Os vários políticos machistas de sempre ou uma comissão própria feita exclusivamente por elas que sabem o que é melhor ou pior para elas? O longa em si não trabalha bem essa temática, mas mostra bem um grupo de mulheres que revoltadas após descobrir os abusos que sofriam eram por parte dos homens da colônia que as dopavam para abusar durante a noite, colocando a culpa em fantasmas e demônios, até o dia em que foram descobertos, mas que se encobriram pagando fianças e tudo mais, e além da discussão que propus no começo, outro ponto chama a atenção, como a crença religiosa pode dominar uma população, afinal todas ali estão discutindo sua sobrevivência e ainda pensando em como perdoar aqueles que lhe abusaram. Ou seja, é um filme forte, que tem um bom trabalho em cima do tema, e que é bem desenvolvido na tela, claro que dentro das quatro linhas do campo, não indo muito além, pois ao menos na minha opinião, eu seguiria com o longa mais alguns minutos para mostrar o pós da decisão delas, e não apenas até aonde vai, pois aí sim o filme ficaria completo, mas é apenas uma opinião, já que o livro provavelmente encerra assim, e toda a encenação fecha bem de certa forma como algo esperançoso, e assim sendo, mesmo sendo forte, acaba de uma forma bonita e emocional.

O longa é segue as mulheres da comunidade religiosa que lutam para conciliar sua fé com a realidade. Em 2010, as mulheres da comunidade isolada seguem a religião da igreja Menonita, e acabam descobrindo um segredo chocante sobre os homens da comunidade que controlaram suas vidas e fé. É revelado que os homens usaram anestésicos para drogar e estuprar mulheres e meninas durante a noite por muitos anos, às vezes resultando em gravidez. É tradição da comunidade quase menonita manter a mulher em um estado sem educação, sem escolaridade e analfabetismo, com o objetivo de ajudá-la a ser totalmente subserviente aos membros masculinos da comunidade e às suas necessidades.

Diria que a diretora e roteirista Sarah Polley foi bem enfática aonde desejava chegar com a trama do livro de Mirian Toews, que foi inspirado em tramas reais que aconteceram na Bolívia, mas que no filme a diretora preferiu não situar a localização, e fez bem isso, pois a trama acabou sendo mais abrangente, e claro crítica em relação aos cultos e modos de vida de algumas pessoas, e dessa forma embora muitos critiquem a trama como um feminismo exagerado, o filme pauta bem toda a situação que muitas mulheres vivenciam em suas vidas de abusos, de homens decidindo o que elas devem fazer, algumas não ligam e perdoam tudo continuando a viver com os mesmos abusadores, outras preferem te paz e sair de perto, e outras mais revoltadas querem lutar, mas não sabem como, e dessa maneira toda a didática da produção entrega ares pesados, com uma fotografia quase em preto e branco, mostrando que a maioria ali já perdeu suas cores, e dessa forma o texto junto com o desenvolvimento funcionam bem demais.

Quanto das atuações, temos atos marcantes de praticamente todas, mas ao mesmo tempo não temos grandes destaques expressivos, pois o filme é quase uma peça aonde todas as protagonistas só falam no mesmo ambiente e se desenvolvem ali, aliás tenho quase certeza que o longa irá fazer com que o texto vire peça facilmente, valendo claro chamar a atenção para Rooney Mara com sua Ona bem eloquente e certa das escolhas, com um ar mais emocional bem colocado; tivemos Jessie Bucley e Claire Foy mais explosiva com suas Mariche e Salome; as mais velhas foram bem centradas e diretas em suas opiniões, tendo Judith Ivey e Sheila McCarthy mais serenas com suas Agata e Greta, enquanto Frances McDormand foi mais dura e direta no tradicionalismo de sua Janz; e até mesmo as garotas mais jovens conseguiram ter bons atos com destaque para Emily Mitchell com sua Miep graciosa e bem colocada em cena. E claro sobrou para o único homem em cena passar toda a emoção de um professor bem colocado, aonde Ben Wishae soube conduzir toda a reunião com muito envolvimento e segurança de seu August.

Visualmente como já disse o filme pode virar facilmente uma peça e ser exibido em todos os teatros mundo afora, afinal como cenografia basta apenas montar um celeiro para as votações e discussões, e ali ambientar as mulheres distribuídas conversando e argumentando, com figurinos mais recatados claro para manter o tradicionalismo, e fora dali vemos as crianças brincando nas plantações e claro o ato final com muitas carroças, mas só, e isso foi o que chamo de ato cru, aonde ou o texto funciona bem, ou o longa vira um desastre, o que felizmente não aconteceu.

Enfim, é um filme bem seco que serve para muitas discussões, e acredito que muitos também vão odiar, pois mexe com toda a ideia tradicionalista que gira o mundo atual, e que muitos não aceitam mudar, além de ser uma trama um pouco lenta de atitudes, o que alguns não curtem, mas digo que é algo bem válido de se conferir, e claro pensar nas ideias que coloquei no primeiro parágrafo, pois vale a discussão, e consequentemente a conferida do longa. E minha única reclamação mesmo é que dava para fazer ele menos teatral com mais aberturas cênicas, e com um final mais desenvolvido com o que ocorre depois do ato mostrado na tela, mas isso é uma opinião minha apenas. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - O Rei Macaco (The Monkey King)

8/27/2023 07:04:00 PM |

Tem vezes que eu penso em não dar play em alguns filmes do streaming por parecer estranho, mas forças maiores acabam me empurrando (no caso hoje com um pouquinho só de chuva internet ficou uma carroça e só a Netflix que tem pacto com a NET/Claro abriu!), então eis que resolvi ver a animação "O Rei Macaco", que entrega uma trama ágil, porém bem maluca, aonde vemos um macaco que nasceu de uma rocha, isolado por todos e que deseja ser reconhecido como o maioral, destruir reis e deuses e virar imortal, isso usando um bastão mágico roubado de outro rei. Ou seja, algo completamente maluco, que tem uma jornada até que interessante junto de uma garotinha que deseja apenas que chova em suas terras, e que através de artifícios bem colocados pode até ser que bem lá no fundinho achássemos alguma ideia moral, mas ainda assim não é algo que em dias normais eu daria play, e nem recomendo também, pois serão poucos que irão vivenciar bem a ideia por completo.

O longa é uma comédia familiar cheia de ação que segue um macaco carismático e seu bastão mágico em uma busca épica pela vitória sobre 100 demônios, um excêntrico Rei Dragão e o maior inimigo de todos os Macacos - seu próprio ego. Ao longo do caminho, uma jovem aldeã desafia a sua atitude egocêntrica e mostra-lhe que mesmo a mais pequena pedra pode ter um grande efeito no mundo.

A trama que usa a base de uma mitologia chinesa sobre um macaco que enfrentou Buda foi bem desenhada e dirigida por Anthony Stacchi, porém diria que para o público que não conhece a lenda (me incluo nesse time, pois fiquei sabendo disso só depois enquanto escrevia o texto) vai achar tudo muito abstrato e estranho, sendo apenas uma trama acelerada de lutas e de egocentrismo por parte do protagonista, aonde alguns atos tem ares morais interessantes, mas nada que vá surpreender ninguém, e também sem causar algo a mais. Claro que para os pequenos a história pode até ser divertida, afinal tem muitas cores e uma velocidade frenética bem encaixada, porém os pais que assistirem junto é bem capaz que durmam na metade da trama.

Sobre os personagens, diria que exageraram um pouco na personalidade do macaco, de tal forma que até vemos cenas bem intensas feitas na tela, mas dava para deixar ele ainda forte de egocentrismo sem soar abusivo, e isso causou um certo estranhamento na tela, ou seja, a história é determinante nesse sentido, mas soa forçado por vezes colocar tudo dessa forma. A garotinha Lin tem bons ares tanto no quesito de ajudar, quanto também pela sua meta que descobrimos depois, e foi bem interessante sua participação na trama, agradando bastante. O rei Dragão também mostrou ares de egocentrismo forte, e soou bem imponente na briga com o adversário, de modo que chama atenção, mesmo estando sempre em segundo plano. Quanto aos demais deuses e reis, vale o destaque para o do inferno que lutou bastante para conseguir evitar as confusões do macaco, mas não surpreendeu como poderia.

Visualmente a trama até é interessante, mostrando alguns lugares bem diferentes de estrutura, como a terra dos macacos, uma vila meio que vazia aonde tudo vai pelos ares com os fogos e a briga (meio que uma sátira aos filmes de heróis que destroem a cidade inteira como mote de salvar alguém), vemos um inferno bem trabalhado de almas aonde de acordo com o que morreu tem seu andar para ir, um céu meio que abstrato de ideias, e claro o fundo do mar com um rei que deseja dominar todos os demais, tudo com cores bem marcantes e diferentes, o que deu um tom mais fora do comum para a trama.

Enfim, não é um filme ruim, mas dava para ir mais além ou explicar melhor toda a interação antes para que o público compre a ideia por completo, pois do contrário acabou parecendo apenas algo corrido e estranho. Diria que cansei um pouco com tudo, mas que ao final ficou interessante ao menos de conferir, e assim deixo a recomendação. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto mais tarde com outro longa, então abraços e até breve.


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As Tartarugas Ninja - Caos Mutante (Teenage Mutant Ninja Turtles: Mutant Mayhem)

8/26/2023 05:30:00 PM |

É sempre interessante ver novas introduções de personagens no mundo do cinema, pois muitos não conhecem e não conseguem imaginar de onde vieram algumas tramas icônicas, e se deu certo com a versão animada do Homem-Aranha, eis que agora surge algo bem inovador e interessante com "As Tartarugas Ninja - Caos Mutante", aonde conhecemos como os personagens viraram grandes lutadores e toda a conexão criativa deles junto de outros personagens mutantes, de tal forma que o filme tem um estilo bem diferente de desenho, e de sacadas, trabalhando uma animação digamos até mais adulta e segura aonde tudo flui bem e diverte na medida, sendo gostoso de ver e brilhante de estilo. Ou seja, é algo ao mesmo tempo novo, com uma ideia mais próxima do público, colocando os personagens com suas vontades e conhecendo melhor o mundo, mas que também bate a nostalgia por ver algo que acompanhou a infância com desenhos e missões bem trabalhadas, de tal maneira que saímos da sessão (após a cena no meio dos créditos bem importante) felizes demais com o resultado, torcendo pela continuação que virá, e preparados para uma nova franquia de heróis.

A sinopse nos conta que depois de anos sendo protegidos do mundo humano, os irmãos tartarugas saem para ganhar os corações dos nova yorkinos e serem aceitos como adolescentes normais através de seus atos heroicos. Sua nova amiga, April O’Neil, vai ajudá-los a derrotar um misterioso sindicado do crime, mas eles logo se veem em maus lençóis quando um exército de mutantes vai atrás deles.

Essa nova versão da história é assinada pelo roteiro de Seth Rogen junto do diretor Jeff Rowen que ficou conhecido pelo brilhante "A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas", e que junto do artista Kyler Spears foram bem criativos para dar novas versões tanto pelo desenho quanto pela formação dos personagens que surgiram em 1984 como quadrinhos e depois em 1987 como desenho animado que explodiu mundo afora e que até hoje ainda saem novas versões, ou seja, tiveram de ser bem corajosos para criar algo tão diferente e que fosse interessante para todas as idades, não apenas algo jogado na tela, e felizmente conseguiram, pois mesmo sendo levemente estranho de técnica, com um visual meio que rabiscado e cheio de intensidade, acabou dando um ar sujo, mas ao mesmo tempo inovador para a história, pois conhecemos mais o ambiente colocado deles, vivenciamos suas ambições, e junto de outros mutantes bem diferentes acabamos entrando no clima que a equipe criativa quis mostrar. Ou seja, é daqueles filmes que tentam reinventar a roda, que parecem não ser nada demais, mas que depois conseguem emocionar e envolver com tudo o que acaba sendo entregue, agradando na medida certa.

Quanto dos personagens e dublagens, na pré-estreia só vieram cópias dubladas, o que deve acontecer também na estreia, mas posso dizer que as vozes escolhidas combinaram bem com todos, e a desenvoltura funcionou com boas piadas envolvendo o mundo completo do cinema, TV e tudo mais, tendo sacadas de tudo quanto estilo que agrada bastante. Claro que o destaque fica para todas as quatro tartarugas, Leonardo, o líder, que foi bem dimensionado na voz de Rodrigo Ribeiro; Rafael, o mais revoltado e nervosinho, que Victor Hugo Fernandes soube impor um bom tom de voz para o estilo; Donatello, o inteligente que Arthur Carneiro brincou com as sacadas; e Michelangelo, o ar cômico, aonde Enzo Dannemann brincou do começo ao fim com todas as ideias do roteiro. Isso sem falar do bom estilo encontrado para Mestre Splinter que Marco Ribeiro conseguiu dar um tom sereno e bem desenvolvido. E até mesmo Any Gabrielly foi bem sagaz com o estilo acelerado de sua April O' Neal, que aqui é bem mais jovem que a personagem que conhecíamos dos outros filmes e acabou sendo bacana ver seu início de carreira. Do lado dos "vilões", é claro Jorge Lucas brincou bastante com o estilo do Supermosca, fazendo ele descolado e cheio de atitude, que foi bem a ideia dos desenhistas. Isso sem falar de muitos outros nomes que trabalharam na gangue mutante e com personalidades meio que bizarras dos vários animais acabaram criando tudo e dando um ar diferente na tela.

Como disse no começo, optaram por um desenho mais rabiscado e diferente do método tradicional que tem aparecido ultimamente, não tendo personagens lisinhos e bonitos na tela, sendo algo mais duro e intenso, que claro puxa tudo para algo mais sujo também, já que os personagens vem do esgoto e estão numa Nova York meio que caótica dominada pelo crime, e assim os traços foram mais rígidos e interessantes, mas sem perder a graciosidade e curiosidade dos personagens pelo mundo dos humanos, mostrando o treinamento deles com vídeos de aulas e lendas das artes marciais, tendo boas referências aos jogos ninjas de cortar alimentos, e até mesmo a construção dos personagens do "mal" foram bem intensas, aonde vemos suas mutações e junções, que ao final o supermonstro ficou ainda mais bizarro com tudo o que se juntou (aliás até estranho, já que o bicho cai no mar e surge com coisas de cavalo????). Ou seja, a equipe de arte foi muito criativa e soube brincar bastante na tela com cores fortes, escuras e bem trabalhadas, que deram uma paleta diferente e ousada de ver.

Enfim, é uma animação bem interessante, que funcionou bastante do começo ao fim, que foi criativa e que conseguiu trazer esses heróis que fizeram a infância de muitos bem felizes agora para um estilo diferente e ousado, que talvez ganhe muitos outros filmes e caminhos, e claro que deve conquistar novos públicos. Claro que diria que dava para terem incrementado com algo a mais para ficar menos forte visualmente para cativar mais os pequenos, mas como uma obra aonde os pais vão curtir até mais que os filhos, sendo algo vindo claro de Seth Rogen, não dava para esperar algo mais light. E assim sendo, diria que recomendo sim o filme para todos, alguns pais talvez reclamem de alguns elementos, mas não é nada que vá chocar a criançada, então dá para ver de boa com a família toda. E é isso pessoal, o longa estreia na próxima quinta-feira, mas nesse domingo ainda tem mais algumas sessões de pré-estreia, então fica a dica, e eu fico por aqui agora, mas amanhã volto com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Drácula - A Última Viagem do Deméter (The Last Voyage of the Demeter)

8/26/2023 02:27:00 AM |

O livro clássico "Drácula" de Bram Stoker é gigante e já gerou diversos filmes que usaram pedaços seus, porém um capítulo que poucas vezes foi sequer citado é o caso que vemos agora em "Drácula - A Última Viagem do Demeter", e confesso que estava com muito medo de ser uma tremenda bomba, pois já sabia bem a base da história que um navio partiu da Romênia rumo à Londres com vários caixotes, e chegou até a cidade sem nenhum sobrevivente, completamente destruído, e como o livro mostra tudo através de cartas e jornais, tem várias vertentes de histórias rolando tanto em vilas da Transilvânia, como também casos que acontecem em Londres, e assim diria que o mais certo mesmo tendo outros filmes chamados inclusive de "Drácula de Bram Stoker" de 1992 feito por Coppola, seria um novo filme contando um começo bem trabalhado na Romênia, depois esse do navio, e na sequência o que rolou em Londres, afinal dão essa deixa para uma continuação com o que acaba acontecendo no final do longa, mas veremos se terá fôlego, pois muitos amigos críticos queimaram mais o filme do que os mordidos pela besta que foram expostos ao sol, e o que eu diria é que até gostei do que vi, só queria ter me assustado um pouco mais.

Nessa nova trama inspirada na icônica lenda do vampiro Drácula, acompanhamos a terrível história do navio Deméter, que foi fretado para transportar cargas particulares. Estranhos eventos acontecem à tripulação, que tenta sobreviver à viagem oceânica, perseguidos todas as noites por uma presença impiedosa a bordo do navio. Quando o Deméter finalmente chega à costa, é apenas um navio carbonizado e abandonado. Não há vestígios da tripulação. 

É engraçado ver que o diretor André Øvredal costuma deixar sempre pontas para continuações em quase todos os seus filmes ("Mortal", "A Autópsia", "Histórias Assustadoras Para Contar no Escuro"), porém somente o último teve nesse ano um anúncio de uma possível continuação, claro muito mais pelo produtor da trama ser extremamente famoso, mas do contrário ele cria muito, deixa aberto a possibilidade, e acabam esquecendo disso, o que é uma pena, pois seu estilo é bem marcante, tem pegada, e aqui embora seja um filme com ares estranhos, consegue chamar bastante a atenção por tudo o que ocorre. Claro que temos muitos exageros, temos o politicamente correto atual de toda a falação de racismos e etnias, mas funciona dentro da proposta, e assim sendo quem for sem esperar muito acabará gostando do estilo do diretor.

Diria que o longa não tem atuações tão marcantes, pois todos entregam um pouco em suas cenas, fazendo alguns trejeitos mais colocados, e acabamos nem nos afeiçoando tanto aos atores, mas Corey Hawkins conseguiu trabalhar bem seu Clemens, sendo uma ótima escolha de levarem um médico num navio, meio que já se prevendo que necessitariam de muitas transfusões, e o ator soube segurar o protagonismo e estar presente em quase todos os atos. Aisling Franciosi surgiu meio que de uma forma estranha na trama com sua Anna, mas trabalhou bem o que lhe foi pedido, e esteve presente nos atos mais intensos, tendo voz em muitos momentos e agradando de certa forma. Liam Cunningham fez bem o capitão do navio Eliot, de maneira que dava para ser mais imponente em cena, mas segurou bem os momentos mais pegados do final. Woody Norman deu boas nuances para que seu Toby fosse daqueles que torcemos para não morrer, que se mete aonde não deve, e até trabalhou bem alguns trejeitos, sendo interessante de atitudes. Claro que se tem monstro em filme, tem Javier Botet com seu Drácula/Nosferatu afinal está em vários filmes fazendo os monstros mais bizarros pelas habilidades corporais, e aqui não foi diferente, com uma maquiagem meio tosca e estranha, mas agradando pela intensidade corporal como sempre faz. Quanto aos demais, David Dastmalchian trabalhou um Wojchek meio durão, mas deslocado em cena, Chris Walley deu para seu Abrams ares pensativos, mas sem ir muito além, Jon Jon Briones fez o cozinheiro Joseph com todo o ar religioso meio que forçado, e Stefan Kapicic foi quem mais se destacou com seu Olgaren virando um ser das trevas bem trabalhado como algo meio zumbi, meio vampiro.

Visualmente diria que a equipe de arte usou um barco bem sinistro, com muitos ambientes bem escuros, propícios para pregar sustos nos espectadores, teve atos bem violentos com a besta atacando e dilacerando tantos os bichos (já adianto que infelizmente o cachorrinho é a primeira vítima!) quanto as pessoas, tivemos uma maquiagem meio que feia para o Drácula, mas vemos que ele vai evoluindo conforme vai se alimentando, e claro por estar no mar tivemos tempestades e muita movimentação com as ondas, sendo algo bem interessante de ver na tela. Claro que tem muitos defeitos técnicos, afinal não é uma superprodução cara, mas não chega a incomodar.

Enfim, é um filme honesto de monstro num barco, com uma viagem intensa cheia de mortes, aonde não se pode esperar muito, e principalmente desejar ver um terror de sustos, pois não acontece, mas tirando esse detalhe acaba sendo algo bacana de ver como um bom passatempo do estilo, então fica a dica para todos. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos e dicas, então abraços e até logo mais.


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A Chamada (Retribution)

8/25/2023 09:35:00 PM |

Todos sabemos que a maioria dos americanos odeiam filmes legendados, e se um roteiro é interessante eles compram os direitos e fazem sua versão, de tal forma que já vimos grandes obras virarem coisas melhores, mas também já vimos muitas bombas, e quando assisti a versão sul-coreana desse filme de hoje no ano passado, já me interessei muito pela versão americana com Lian Neeson, afinal ele sempre traz coisas muito imponentes em seus filmes, porém diria que o longa "A Chamada" entrega exatamente as mesmas cenas das demais versões, apenas mudando as cenas finais, que sim deram uma ideia muito mais interessante para a proposta, mas senti falta de ficar tenso com tudo, de ver tudo acontecendo em primeira mão, e o que ocorreu foi que fiquei esperando cada coisa acontecer, e rolava exatamente igual. Ou seja, diria que a ideia poderia ter sido melhor trabalhada para empolgar mais, o que não ocorreu, ficando tudo muito morno demais.

A sinopse nos conta que em uma manhã aparentemente comum, o telefone toca. Matt Turner atende uma voz misteriosa, que diz a ele que há uma bomba sob seu assento. Ele é instruído a seguir ordens, ou ele e seus filhos morrerão. Matt inicia então um jogo distorcido de vida ou morte. A bomba explodirá se ele sair do carro, matando ele e seus dois filhos no banco de trás e também detonará se ele se recusar a seguir as instruções do bandido. A partir deste momento, Matt além de enfrentar o perigo, precisa dar uma olhada em sua vida para descobrir o que o levou a se tornar alvo de tal ataque.

O longa espanhol "El Desconocido" de 2015, chamou tanta atenção mundo afora que já teve em 2018 uma refilmagem alemã chamada "Direção Explosiva", e o ano passado tivemos outra refilmagem sul-coreana chamada "Ligação Explosiva", mas eis que agora o mesmo texto chega na versão americana sob os cuidados do diretor Nimród Antal, que tem muitos longas de terror feitos, mas que chegou mesmo por aqui foi o show/filme do Metálica "Through The Never", aonde deu show literalmente, e agora ele poderia com Neeson entregar algo tão surpreendente, afinal a trama é bem boa e o ator sabemos que é fenomenal, mas se acomodou para entregar a mesma história do mesmo jeitinho criando até às mesmas cenas, ou seja, nem o básico da criatividade ele fez.

Quanto das atuações, Liam Neeson até segurou bem os atos de seu Matt Turner, de forma que convence como um bom gerente de investimentos picareta, e trabalhando suas ideias com bons momentos acabou sendo denso e interessante de ver, mas faltou o Neeson raivoso que conhecemos bem, faltou explosão pessoal, e assim o resultado de seu personagem foi morno demais. Já Noma Dumezweni trouxe para sua Angela Brickmann uma intensidade bem marcante como investigadora e negociadora, fazendo trejeitos fortes bem trabalhados, de tal forma que mesmo tendo poucas cenas conseguiu conectar bem com tudo. Quanto dos filhos do protagonista, Lilly Aspell com sua Emily e Jack Champion com seu Zach, fizeram bons trejeitos de desespero, e o garoto que se destacou em "Avatar - O Caminho da Água" como Spider, mostrou que cresceu bastante e já pode ir mais além. Ainda tivemos alguns bons atos rápidos de Embeth Davidtz com sua Heather e Matthew Modine com seu Anders, tendo esse último se destacado mais pelos atos mais tensos, mas nada que fosse muito além.

Visualmente, assim como ocorreu nas demais versões, o foco inicial é o de mostrar as casas bem ricas, e claro os carrões dos protagonistas, tendo algumas paisagens urbanas bem colocadas nas perseguições, algumas boas explosões, e a sacada aqui de ir para um lugar sem sinal foi bem inteligente diferente dos demais, e sendo assim, diria que a equipe se preocupou bem em ser mais realista ao menos, com celulares sendo bem usados e tudo mais.

Enfim, acredito que fui esperando demais do longa e me decepcionei mais do que fiquei feliz, e digo mais, se era para fazer algo tão igual, que esperassem mais, pois não se passou nem um ano da versão coreana, e quem viu ela certamente irá comparar, não ficando feliz também. Ou seja, diria que recomendo apenas para quem não viu os demais, pois aí talvez se empolguem e curtam tudo, do contrário, é melhor pular. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto mais tarde já que verei outro longa hoje, então abraços e até breve.

PS: pela história para quem não viu nenhum dos outros três longas, a nota é um 8, que indica ser um filmaço, mas quem já viu os outros, por copiarem tudo, fica aqui um 2, então vamos na média.


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Gran Turismo - De Jogador a Corredor em Imax (Gran Turismo)

8/24/2023 01:32:00 AM |

Já falei aqui diversas vezes que amo demais filmes esportivos, de tal forma que vibro, choro, xingo, brigo com os personagens e tudo mais, ou seja, me envolvo por completo dentro do estilo, e hoje já fui assistir "Gran Turismo - De Jogador a Corredor" da maneira mais errada que sempre falo, que é ir com as expectativas lá nas alturas, afinal joguei o game quando mais jovem, e por incrível que pareça não conhecia a história real de Jann Mardenborough, ou seja, apenas estava bem curioso de como colocariam uma história real dentro de uma trama de um simulador (jogo) de carros de corrida. Porém fui muito, mas muito mesmo, surpreendido com uma história intensa, bem trabalhada dentro do estilo, com cenas de ação incríveis com tanto realismo e perspectivas de cena que você acaba se sentindo pilotando junto com o protagonista em diversos ângulos, meio como se o jogo fosse pra telona, e toda a competição fosse para algo mais além. Ou seja, mais do que apenas um filme esportivo, o diretor conseguiu trabalhar técnicas de videogame ou melhor de simulação de corrida tão perfeitas que não tem como reclamar de nada, e a curtição fica num nível de êxtase.

No longa conhecemos o jovem Jann Mardenborough, cujas habilidades impressionantes no Gran Turismo o levaram de jogador a corredor profissional. Desde sua adolescência, Jann era apaixonado pelo game, acostumado a jogá-lo no console, mas suas habilidades cresceram de tal forma que o levaram a viver uma verdadeira fantasia improvável. Ele foi convidado pela Nissan para participar de uma série de competições que buscavam tornar jogadores em verdadeiros pilotos de corrida profissional. Se destacando cada vez mais e nunca parando de correr atrás da realização de seus desejos, o jovem desafiará o impossível, encontrando a motivação necessária em um grupo que também acredita no seu potencial.

Já falei no começo, mas vale o reforço de elogios para o diretor Neill Blomkamp, que muitos conhecem por "Distrito 9", "Elysium" e "Chappie", e sabem da qualidade técnica que sempre dominou suas obras, mas aqui ele foi muito, mas muito além, pois pegou a história de Jann Mardenborough, uniu com toda a ideia da competição criada pela Nissan e a GT Academy de 2011, e transportou para dentro da franquia criada em 1997, de tal maneira que vemos toda a ideia de concepção de carros tão perfeitos no simulador aonde os jogadores sabem identificar até problemas de aquecimento de freio e tudo mais, e junto com uma história de superação incrível na vida do garoto, pois sem dar spoilers sua primeira corrida profissional foi algo que certamente lhe marcou demais, e usando desses artifícios o diretor foi levando o público para dentro dos carros, e consequentemente das corridas, aonde a tela fica imensa, a visão nos leva longe, e as técnicas computacionais são de virar os olhos (eis que aqui cito a cena aonde o carro é literalmente desmontado peça a peça no meio da corrida para mostrar o garoto como se tivesse jogando no seu console em casa, e tudo retorna se montando novamente como o carro na tela). Ou seja, a trama foi brilhantemente escrita para algo que convencesse o público, usou a história de vida do jovem jogador que virou piloto profissional (aliás o verdadeiro Jann é dublê aqui do protagonista da história, pois são muito parecidos), conseguiu usar a ideia do jogo transportada muito perfeitamente para a telona, e principalmente, foi tão bem dirigida que empolgou demais quem for assistir na telona (e já peço demais que vejam na maior tela possível, pois não é um filme que vai ficar legal visto na TV de casa, muito menos num computador ou celular como muitos veem alguns longas!).

Sobre as atuações, diria que o jovem Archie Madekwe conseguiu convencer bem com seu Jann Mardenborough, tanto visualmente por parecer muito com o verdadeiro gamer/piloto, quanto pelo semblante sério nos momentos mais precisos, desesperado em relação aos acontecidos, e com muita disposição para mostrar que entendia do que estava fazendo ali, sendo mais fechado, tímido para as câmeras, e se desenvolvendo bem durante toda a trama, e fez o principal, que é fazer com que o público comprasse sua história e torcesse pelo personagem, pois muitos atores fariam apenas o básico e o ator teve esse carisma na tela. E falando em carisma tenho de falar de David Harbour com seu Jack Salter, pois o ator conseguiu pegar um ex-piloto e agora engenheiro-chefe e não ser nenhum pouco motivacional com os garotos, botando eles para sofrer ao máximo, mas claro criando personalidades neles, e soube trabalhar traquejos tão gostosos de ver, que mesmo sendo durão acaba encantando, e convence demais em suas cenas de preocupação com o garoto, usa artifícios musicais e dá show, sendo sem dúvida um de seus melhores personagens, e olha que já fez muita coisa. Orlando Bloom está bem diferente do que vimos em outros filmes, com um ar mais velho, mas sendo bem preciso com seu Danny Moore, trabalhando como um bom marqueteiro deve ser, empolgado, disposto a arriscar, e sabendo encaixar dinâmicas bem colocadas na trama, ou seja, fez o time. Ainda tivemos Djimon Hounson emocionando bastante como o pai do garoto, Maeve Courtier-Lilley bem doce como a namorada do rapaz, mas sem dúvida ficamos com muita raiva de Josha Stradowski com seu Nicholas Cappa, pois sendo daqueles filhinhos de papai rico como a maioria dos corredores, conseguiu irritar demais, e isso é um tremendo potencial de vilão.

Visualmente a trama é incrível, pois filmaram nas maiores pistas de corrida do estilo, usaram com certeza muitos momentos das filmagens do jogo que cada vez mais estão perfeitamente realistas (aliás no final enquanto sobem os créditos é mostrado como a equipe do jogo cria os escaneamentos dos carros, das peças e das pistas para ficar tão real), vemos carros velozes e bem detalhados (volto para o que falei da desmontagem na tela), temos acidentes bem reais e intensos, muita disputa e desenvolturas, ou seja, a equipe de arte foi tão precisa nos detalhes que se não conhecêssemos alguns atores iríamos achar que filmaram as corridas reais apenas trocando os rostos nas cenas mais abertas, o que realmente fizeram em alguns atos, e isso deu tanto conteúdo visual para a trama que brilha na telona gigante.

Outro ponto positivo da trama ficou a cargo da trilha sonora, que é divertidíssima pelo gosto musical dos verdadeiros Jann e Jack, pois Jann adora ouvir Kenny G e Enya para desestressar antes das corridas, e Jack gosta dos clássicos de Black Sabath, ou seja, algo bem eclético que deu o tom do começo ao fim, além de muito barulho dos motores e trilhas empolgantes de fundo, o que não ia deixar de colocar o link para todos curtirem.

Enfim, pode até ser que esteja dando uma nota emocionado demais com o que vi na tela, pois até dá para achar defeitos em alguns detalhes da trama, porém não suficientes para que eu tire um ponto inteiro, então se fosse dar uma nota quebrada daria 9.5, o que ainda é uma tremenda nota, mas vou manter a nota máxima pois conseguiu me fazer emocionar em algumas cenas com a família do garoto, me divertir com as sacadas das músicas, ver todo o treinamento intenso bem feito, e claro com todas as corridas imponentes aonde me vi dentro do cockpit pilotando os carros junto do protagonista, ou seja, volto a recomendar demais que o filme seja visto nos cinemas, na maior tela possível (eu vi em Imax com o som no máximo vibrando tudo!) pois certamente quem ver em casa não terá as mesmas sensações. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje deixando meus abraços com vocês.


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Telecine - Zoe e Tempestade (Tempête) (Ride Above)

8/23/2023 11:44:00 PM |

Costumo dizer que a maioria dos dramas envolvendo animais, crianças e competições geralmente seguem uma cartilha tão certinha que não tem como dar errado, pois sempre vai emocionar e envolver na medida certa, criando desenvolturas no miolo que por vezes até irritam de tão marcantes, mas só um diretor sem juízo algum erra em filmes desse estilo, o que felizmente não foi o caso de "Zoe e Tempestade", que aliás fiquei um bom tempo olhando para o cartaz pensando já ter visto algo parecido em outra plataforma de streaming, mas coincidentemente não tinha visto esse, apenas vi que é muito comum filmes de cavalos com protagonistas chamando Zoe. Dito isso, a trama é simples, tem um ponto de virada bem marcante, mas demora demais para acontecer, pois optaram por trabalhar muito mais os perrengues da família do que seu momento de glória, e isso embora assuste um pouco alguns, acaba sendo bonito para quem espera, e assim sendo, vale o play e o envolvimento com os personagens.

A sinopse nos conta que literalmente nascida e criada com cavalos, Zoe leva uma vida feliz nos estábulos de cavalos de corrida de seus pais, movida pelo sonho de um dia se tornar uma jóquei como seu pai. Para Zoe, nada se compara a estar com cavalos, especialmente com sua “melhor amiga”, Belle, a égua premiada do estábulo, que ensinou a criança a andar. Quando Belle dá à luz um potro que Zoe chama de Tempestade, a menina é a primeira a ver o potencial campeão que seus pais esperaram durante toda a vida - o vencedor que ela montará para a vitória. Mas os sonhos de Zoe são destruídos em uma noite tempestuosa, quando Tempestade, em pânico, fere acidentalmente a garota, deixando-a permanentemente incapacitada. Furiosa com a vida, Zoe entra em desespero e arrasta toda a sua família consigo. Mas com o apoio indefectível de sua família e a ajuda de Seb, um cavalariço com dom para se comunicar com cavalos, Zoe buscará conquistar o impossível, em busca de seu sonho.

Diria que o diretor Christian Duguay usou bem a cartilha de como usar animais e famílias em filmes emocionais para que a história do livro de Christophe Donner fosse bem trabalhada, pois já começa bem marcante ao mostrar o parto do potrinho e da garota no estábulo ao mesmo tempo, e vai desenvolvendo toda a paixão da garota por animais, entra com a ideologia da culpa dos pais de não terem levado a garota para uma corrida, tem toda a dramaticidade do adestrador que tem problemas mentais, mas um dom com os cavalos, os conflitos pós-acidente junto de uma depressão, e a volta bem encaixada com um fechamento ainda mais bem colocado, ou seja, poderia facilmente dizer que aqui eu li todos os títulos dos capítulos do livro que na tela tiveram alguns desenvolvimentos maiores, mas que como falei no começo, eu no lugar do diretor colocaria a glória mais próxima ao miolo para poder desenvolver ainda mais a história, mas aí sairia da cartilha, então diria que o resultado mesmo sabendo tudo o que vai acontecer parte por parte vale a pena.

Sobre as atuações, gosto bastante do estilo de Pio Marmaï, pois ele costuma sempre pegar seus personagens e entregar atos marcantes e fortes, e geralmente colocando sempre um ar meio cômico, porém aqui seu Philippe ficou muito preso à um personagem que não tem muita evolução, e com isso acaba fluindo tanto como o pai da garota. Conseguiram deixar Mélanie Laurent velha demais com sua Marie, de modo que a atriz que está com apenas 40 anos aparentou muito mais nas cenas como a mãe e também não foi muito além. Agora falando da garota, tivemos três atrizes entregando Zoe, com todo o destaque para Charlie Paulete que faz a jovem no momento do acidente e durante os próximos anos desanimada com a vida, trabalhando olhares e dinâmicas de um modo tenso e mesmo parecendo não querer o destaque para si, acaba indo bem no que faz, já nos atos finais a personagem ficou a cargo de Carmen Kassovitz, e a jovem ainda manteve boas cenas com densidade, e claro os atos mais imponentes finais foram bem marcados com seus olhares. Kacey Mottet Klein entregou um Seb com um coração fora dos padrões, emocionando com atos simples e bem colocados, tendo dinâmicas tão bem preparadas que chegamos até a pensar que ele tivesse a deficiência mental, mas não, o ator que incorporou tão bem o personagem que deu show na tela. Quanto aos demais tivemos alguns atos bem colocados de Danny Huston com seu Cooper, Hugo Becker bem colocado como o terapeuta Pierre, e até mesmo Paul Bartel fez algumas boas cenas impositivas com seu Barillot, mas sem grandes chamadas de emoções como o filme pedia.

Visualmente a trama mostra bem a coudelaria da família (aliás ainda não entendi muito bem a diferença de uma coudelaria para um haras, quem souber e quiser compartilhar nos comentários, fique à vontade) na beira de uma bela praia aonde o protagonista faz alguns de seus treinos, vemos a cabana que os empregados fazem para a garotinha ficar mais próxima dos animais, tivemos boas cenas de corrida de cavalos com sulkys (espécie de charrete pequena), sendo algo novo pra mim, pois achava que só tinha corrida de cavalos com jóqueis montados, e claro toda a força de uma tempestade que causa alguns problemas para os personagens, isso sem contar nos belíssimos cavalos que participaram da produção, ou seja, a equipe de arte sofreu um bocado, pois trabalhar com animais é sempre muito complicado.

Enfim, é um filme simples, bem feito, que entrega daqueles passatempos gostosos de curtir e relaxar sem se preocupar com praticamente nada, e que como falei, mesmo sabendo como tudo vai se desenrolar acaba funcionando de uma forma bem trabalhada, e assim valendo a recomendação de play na plataforma do Telecine (seja ela dentro da Globoplay ou da Amazon Prime). E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Projeto Extração (Hidden Strike)

8/22/2023 10:15:00 PM |

Algumas vezes o pessoal pergunta se não vou ver tal filme do streaming que saiu e está bombando na plataforma, e apenas respondo que coloquei na lista para quando tiver um tempinho dar o play nele, mas muitas vezes é melhor nem dar o play mesmo, pois pelo meu faro consigo imaginar o tamanho da bomba realmente. E hoje foi um desses exemplares que só de olhar já tinha a certeza de ser algo bem jogado, mas resolvi dar a chance para "Projeto Extração" da Netflix, e como previsto, foi só cenas de pulos, socos, tiros e piadas ruins com Jackie Chan e John Cena, em algo que até dava para tentarem tirar um algo a mais dali, mas optaram por entregar uma comédia de ação meio boba demais que apenas força do começo ao fim. Ou seja, é daquelas produções gigantescas que não entregam nada de útil, mas que serve de passatempo para quem curte o estilo cômico de ação.

Na trama vemos que quando uma refinaria de petróleo da China é atacada em Mosul, no Iraque, Luo Feng, um empreiteiro chinês, é convocado até o local para cuidar dos trabalhadores e tirar todos do local em segurança. Porém, ao chegar lá, ele acaba descobrindo que a real intenção dos saqueadores é roubar uma grande fortuna em forma de petróleo. Para detê-los, ele terá que unir forças com um ex-membro da Marinha dos Estados Unidos, Chris Van Horne.

O diretor Scott Waugh é muito mais conhecido por ter dirigido vários dublês em filmes grandes e ter participado muitas vezes das cenas socando todo mundo, mas também já dirigiu alguns bons filmes, e enquanto muitos estão esperando o que ele vai fazer com "Mercenários 4", eis que surgiu esse trabalho com um grande orçamento do streaming, mas que acabou sendo mais bagunçado do que entregando algo que chamasse realmente atenção, de tal forma que seu filme ficou realmente parecendo algum tipo de treino de dublês, com saltos e socos para todos os lados, até tendo uma história simples demais, daquelas que você fica se perguntando se é algum tipo de continuação, mas que não atinge nenhum ápice para isso. Ou seja, ele praticamente esqueceu que tinha realmente uma história e pôs os personagens em perseguições, lutas e explosões, e quem curte esse estilo acaba nem ligando tanto, mas dava para ter trabalhado um pouco melhor alguns detalhes para convencer como uma trama realmente deve ser.

Quanto das atuações, diria que Jackie Chan e John Cena se divertiram ao menos em suas entregas como Luo e Chris respectivamente, lutando com muitas coreografias, fazendo caras e bocas e se impondo como tradicionalmente ambos fazem na maioria dos filmes que se jogam, e aqui as personalidades deles até foram engraçadas para o contexto, mas dava para fazer algo um pouco menos cômico. Ainda vale um leve destaque para Pilou Asbæk com seu Owen cheio de imponência em várias cenas, mas depois apenas alguém que mais foge do que luta, e também para Chunrui Ma com sua Mei bem calma e marcante em suas cenas, mas nada que fosse muito além, isso sem esqucer de Tim Man com seu Knox pronto para brigar do começo ao fim.

Visualmente aí já entramos em um assunto bem trabalhado pela produção, pois se passando inteiramente no meio do deserto, a trama teve ares de "Mad Max", com tempestade de areia, caminhões com jato na caçamba (fazendo quase voar), jipes menores saltando de um lado para o outro, muitos tiros e explosões, helicópteros, ônibus e tudo que desse para criar boas perseguições, e além disso uma refinaria bem grande, com algumas salas estranhas aonde os computadores pareceram pintados caindo, luta no meio de espuma e tudo mais, valendo destacar ainda uma vila com construções bem frágeis aonde os protagonistas arrebentaram as paredes nos socos. Ou seja, ao mesmo tempo que foi imponente, a equipe de arte também foi cômica com muitos "defeitos" especiais, o que acabou sendo engraçado de ver.

Enfim, é daqueles filmes que não empolgam nem causam qualquer reação nossa, que talvez pudessem ter colocado uma história mais trabalhada para ir além, mas quem curte os filmes de Chan mistos entre pancadaria e ação vão até entrar no clima como um passatempo razoável, do contrário é melhor nem dar o play, senão a chance de ficar bravo com tudo é bem alta.


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Vai Ter Troco

8/22/2023 12:49:00 AM |

Costumo sempre falar que o gênero cômico é o mais difícil de agradar ao público, pois as vezes tem uma entrega tão ingênua e bem colocada que faz todos rirem na sessão até chorar, enquanto outros forçam até a última gota e você sai da sessão até desapontado com o resultado. E diria que o longa "Vai Ter Troco" se coloca bem próximo ao segundo exemplo, pois até consegue fazer rir com algumas cenas, mas ficou parecendo um programa especial do Porta dos Fundos, aonde exageram ao limite em todas as cenas e correm com tudo para entregar uma história completa. Ou seja, não digo que é algo ruim de ver, pois estaria generalizando, e mesmo que de forma forçada conseguiu tirar algumas risadas minhas e dos demais que estavam na sessão, porém dava para a história funcionar melhor sem precisar exagerar em tudo, mas para isso precisariam ter desenvolvido tudo de uma forma maior, e talvez não desse certo, e sendo assim, vamos ficar dessa forma e rir das cenas toscas mesmo, que era o que tinha para hoje.

O longa mostra as domésticas Tonha e Zildete, que trabalham para a família de Afonso, Sarita, John John e Miranda. Alegando estarem falidos, os patrões estão há meses sem pagar os salários de Tonha e Zildete - apesar disso, estão sempre esbanjando em festas e jantares da alta sociedade. Fartas da situação, as mulheres bolam um plano com a ajuda de Nivaldo, o motorista faz-tudo. Porém, as coisas não saem como o planejado e, logo, todos se veem em um cenário bem inesperado.

O diretor Mauricio Eça é daqueles que atira em todos os gêneros possíveis, mas que deu muito mais certo no drama do que na comédia, e aqui sua principal falha diria que foi num texto que precisaria de mais tempo e desenvolvimento, e que na finalização e nas filmagens lhe cobraram algo muito menor, pois a impressão que passa é que tudo precisou ser corrido na trama, não tendo espaço para desenvolver a prisão, não tendo espaço para as festanças, nem tendo muito tempo para desenvolver o conflito entre os personagens, ou seja, vemos um filme que foi amarrado pelos depoimentos na delegacia, aonde qualquer um que tenha visto qualquer outro filme no mundo inteiro sabe o desfecho, e tudo o que é mostrado meio que em câmera acelerada daquele estilo que você vê nas gravações para tentar achar um furto nas câmeras de segurança da empresa. Ou seja, faltou ritmo para que os espaçamentos cômicos funcionassem e os protagonistas não precisassem ficar gritando para aparecer, e isso desvalorizou um pouco o trabalho da direção, sendo que talvez o problema tenha sido na determinação do tempo de filme, e na edição, mas volto a frisar que não ficou ruim, apenas não temos respiros para que as comicidades fossem desenvolvidas ao invés de impostas.

Quanto das atuações, Evelyn Castro e Nany People praticamente puxam todos os olhares da trama para suas Tonha e Zildete, e isso faz com que o longa dependesse quase que na totalidade de seus trejeitos e exageros cômicos para funcionar, e diria que em alguns bons momentos elas conseguem, mas como disse no começo forçando a barra com trejeitos e gritarias, o que dava para ser mais contido. Edmilson Filho tenta usar das esquetes com um humor mais pesado, mas não consegue sair do tradicional motorista garanhão que já vimos em tantos outros filmes com seu Nivaldo. Miá Mello até teve um segundo ato bem engraçado com sua Sarita a base de remédios, e diria que deveria ter feito isso desde o começo para que ríssemos mais, pois foi um grande acerto bem melhor do que os atos como patroa forçada. Marcos Veras deveria ter abusado um pouco mais das piadas de dentro da prisão, pois ele tem um bom estilo, e seu Afonso como político e negociante de propinas não funcionou tanto. Nicholas Torres foi bem gracioso com seu John John, e diria que seu personagem é engraçado sendo leve, o que é bem interessante de ver, puxando um pouco mais para o emocional e contando com algumas cenas mais bobas quanto ao uso de drogas, mas foi o melhor em cena. E por fim Giovanna Grigio também melhorou demais nos últimos atos quando se colocou menos patricinha e mais pessoa, de forma que ganhou um estilo melhor colocado e trabalhou sem precisar gritar tanto. Quanto dos coadjuvantes da trama, só fizeram caras e bocas, então é melhor nem entrar em detalhes.

Visualmente a trama se passa em uma mansão inicialmente bem requintada para uma festa de noivado, mas que fica praticamente vazia após a ação da polícia federal, inclusive fazendo gracejos com a geladeira vazia e as pouquíssimas comidas que os donos passam a comer até as coisas dos funcionários, tivemos ainda algumas boas sacadas com as festas das velhinhas do condomínio, e algumas boas cenas nos bairros mais simples aonde os funcionários moram, com um lugar para compra/venda de objetos e também mostrando um pouco de uma escola aonde o filho surdo da protagonista estuda. Ao final ainda tivemos boas colocações de uso do dinheiro e claro a sacanagem com o nome do garotinho.

Enfim, é um filme que dava para ir mais além, que dá para rir um pouco, mas que passa longe de ser daquelas comédias que vamos lembrar daqui há alguns dias, diria que se tentarem transformar ele em esquetes menores talvez melhore e chame mais atenção. Ou seja, quem estiver sem nada e quiser ver algo mediano até vale a ida aos cinemas, mas como é uma produção da Star, em breve vai estar no streaming, então fica a dica. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto logo mais com outros textos, então abraços e até breve.


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Amazon Prime Video - Os Tradutores (Les Traducteurs) (The Translators)

8/21/2023 01:00:00 AM |

Diria que a trama de "Os Tradutores" é interessante por mostrar várias facetas da mesma situação, a de como um livro é traduzido simultaneamente para lançamento no mundo todo, o da forma como alguns autores são tratados pelas editoras, e até mesmo a desenvoltura de um grupo preso reagindo sem saber quem é quem realmente ali, de tal forma que o suspense brinca com essas ideias e se desenvolve tão bem que dava para ir até mais além, afinal a história tem seus bons vértices e interações, mas nos atos finais precisaram resolver tudo de uma forma tão rápida que acaba desapontando um pouco, não sendo ruim, mas que dava para a edição ter brincado mais com cada elemento, brincado um pouco com a forma de entregar tudo, e criar mais forças para que a tensão funcionasse sem ficar frouxa em alguns momentos. Ou seja, é um tremendo filmaço que desejei muito conferir na época, mas que acabou não vindo para o interior na época do lançamento, e hoje pude dar play como locação dentro da plataforma da Amazon, usando alguns dias gratuitos do Looke, e que mesmo sendo algo ficcional, é de se pensar como ocorrem tais negociações de direitos de escrita de alguns livros e suas devidas traduções, embora hoje no mundo moderno muito se usem outros meios, mas se pararmos para pensar em grandes lançamentos como foi com "Harry Potter", "Game of Thrones" e outros grandes nomes podemos imaginar alguns grandes escritores traduzindo tudo preso em bunkers sem poder compartilhar com os fãs as principais páginas das continuações.

A sinopse nos conta nove tradutores são escolhidos por uma editora e trancados em um bunker luxuoso para traduzir um livro altamente esperado, de um famoso autor, em tempo recorde. Embora os tradutores estejam confinados visando evitar qualquer tipo de vazamento por conta dos grandes riscos financeiros, uma crise irrompe quando alguém publica na internet as primeiras dez páginas do romance, chantageando a editora a pagar 5 milhões de euros.

Diria que o diretor e roteirista Régis Roinsard foi bem coeso no que desejava passar em sua trama, pois a estrutura é clara e objetiva, dando as nuances certas de uma trama de acusações aonde o mistério em si é o que menos importa, e ao mesmo tempo que isso é algo inteligente de se mostrar, acaba sendo um erro também, pois o filme pedia algo mais fechado durante a maior parte do tempo e somente ser desamarrado nos atos bem finais, que até temos uma boa sacada no fechamento (até imaginei que iria ocorrer isso em determinado momento, mas não tão explícito), mas que não foi suficiente para causar um algo a mais. Ou seja, a história em si é boa, as dinâmicas criadas também foram intensas, mas faltou ousar um pouco mais no miolo, e claro uma assessoria melhor em cima da edição, que ficou frouxa de estilo e quebrada demais, de forma que acaba não prendendo o espectador, e isso pesou um pouco.

Quanto das atuações, diria que temos um elenco mundial de primeira classe, com bons atores de vários países, tendo claro o destaque para o protagonista vivido por Lambert Wilson, com um Eric Angstrom inicialmente bem sociável, mas que vai perdendo completamente seu eixo e surtando conforme tudo vai ocorrendo. Tivemos Olga Kurylenko com uma Katerina Anisinova bem marcante e cheia de ares e nuances em seus trejeitos, sendo intensa e direta na maioria de suas cenas. Alex Lawther fez um Alex Goodman bem sintético e meio que largado de atitudes, mas que se desenvolveu bastante durante a produção, conseguindo chamar muita atenção em seus atos finais. Sara Girardeau trabalhou sua Rose-Marie com intenções bem diretas e envolventes, sendo sutil nos devidos atos para marcar presença mesmo não estando entre os principais. Riccardo Scamarcio fez um Dario totalmente no seu estilo que mais gosta, como um escritor chamativo, pomposo e com momentos bem diretos e intensos. Além de Frédéric Chau, Anna Maria Sturm, Eduardo Noriega e até a portuguesa Maria Leite bem dimensionados nos principais atos, de modo que dava até para brincar mais com cada um, mas sem irem muito além, valendo ainda dar um leve destaque para as duas ou três cenas de Patrick Bauchau com seu Georges, que ao final era o que realmente importava na desenvoltura toda.

Visualmente a trama foi bem marcante, mostrando um bunker que como é dito daria para morar completamente ali até o final dos dias, com esteiras para caminhadas e corridas, piscina, restaurante, biblioteca, boliche, quartos bem completos, só não tendo tecnologia para verem internet, mas recebendo as notícias diárias pelos empregados, ou seja, os escritores mesmo que presos durante um bom tempo ali teriam uma boa vida, mas vemos também atos numa delegacia contando depoimentos e em uma livraria aonde ocorreram alguns atos externos, além de uma desenvoltura bem acelerada mostrando como o livro caiu nas mãos da pessoa que ameaçou divulgar online, ou seja, a equipe de arte brincou bastante e foi bem criativa para montar todos os ambientes com muita cenografia e representatividade, colocando bandeirinhas para mostrar os países e tudo mais.

Enfim, é um filme que até tinha um potencial maior para entregar, mas que falhou um pouco demais na montagem, não conseguindo ir além, mas que ainda assim é interessante de estrutura e tem uma história bem trabalhada pelos atores, então acaba valendo o play e a recomendação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - 10 Dias de um Homem Mau (Kötü Adamin 10 Günü) (10 Days of a Bad Man)

8/20/2023 06:57:00 PM |

Se lá em março eu falei que limparia uns 20% de "10 Dias de um Homem Bom", hoje diria que "10 Dias de um Homem Mal" não precisaria de uma limpeza, mas sim de uma centralização de ideias melhoradas para que focasse em um único caminho e ir além nele, pois no novo longa turco da Netflix temos praticamente duas ou mais histórias se desenvolvendo em paralelo, aonde com o estilo novelesco mantido vários personagens se conectam com o protagonista para que o fluxo seja bem desenvolvido, mas sem dúvida o diretor melhorou muito o resultado, afinal aqui temos uma trama investigativa mais desenvolvida, boas sacadas interligadas e todas as desenvolturas do personagem se vertem para um ar misto entre ir se apaixonando pela garota e pela loucura do vício dos remédios, mas que funciona bem no final e não incomoda tanto quanto no primeiro filme, mas ainda dava para resumir um pouco tudo.

O longa segue Sadik, um ex-advogado que trabalha como investigador particular. Ele assume um caso complicado e sua vida simples começa a desmoronar.

Diria que o diretor Uluç Bayraktar soube conduzir bem o desenvolvimento de sua nova trama, pois ao optar por uma trama mais investigativa do que apenas uma correria envolvendo a máfia, ele acabou criando desenvolturas bem mais intensas e cheias de conflitos, que mesmo sendo colocadas dentro do estilão novelesco dele resultou em algo mais preciso e mais direto. Ou seja, a trama ainda está longe de ser perfeita, mas ao menos não ficou cansativa e teve boas sacadas com os protagonistas, brincando com o estilo investigativo de um modo mais amplo sem precisar recair para o lado novelesco tradicional que o diretor tanto entende, e assim sendo, o filme tem um fluxo bom e agrada bastante.

Quanto das atuações, Nejat Isler voltou para a continuação meio que atrapalhado após as mortes que vamos descobrir durante a trama, e vivendo a base de remédios seu Sadik ou Justus parece um pouco aéreo demais, mas ainda assim com um ar galanteador bem trabalhado, e com um carisma bem marcante que acaba chamando a responsabilidade cênica para si, ou seja, foi bem encaixado no papel e agradou com o que fez. Se no primeiro filme Ilayda Akdogan era apenas uma jovem chantageadora meio que irritante, aqui sua Pinar vira praticamente protagonista junto de Sadik, e ambos tem uma boa química, trabalham bem as investigações e a jovem chama atenção pela boa colocação sempre na tela, não sendo algo imponente, mas com um estilo bem bacana de ver que acaba indo além. Ainda tivemos boas cenas com Riza Kocaoglu e Kadir Çermik com seus Zeynel e Huso bem intensos e cheios de vontade nos seus atos, além de se conectarem bem com o protagonista e ajudarem em tudo, e claro toda a montagem em cima do outro caso que ficou marcado por Hazal Filiz Küçükköse com sua Buket que valeria talvez uma outra história, mas que fizeram bem toda a dinâmica.

Visualmente o longa foi mais econômico que o anterior, mas ainda assim teve boas cenas em alguns apartamentos e mansões, alguns atos em desertos e um ato numa boate, aonde a trama se amarra mais nas conversas e nas situações, sem ter tantos elementos e ambientes para desenvolver, ou seja, a equipe de arte foi levemente poupada, mas ainda assim não largaram o filme como algo feio de ver, o que mostra que não é necessário mil explosões, tiros e tudo mais para funcionar num filme de suspense investigativo.

Enfim, é um filme interessante, que funciona bem como um bom passatempo, e que com um ar investigativo funciona sem ficar com tantas amarrações, só poderiam ter escolhido menos dinâmicas e personagens para que funcionasse mais diretamente, mas aí eu estaria querendo demais, ou seja, vale a recomendação, e felizmente agora a história está 100% fechada sem deixar aberturas como ocorreu com o primeiro filme, e assim sendo juntando tudo funcionou bastante. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda devo ver mais alguma coisa hoje, então abraços e até breve.


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