Retrospectiva 2016

12/31/2016 01:23:00 AM |

E chegamos ao fim de mais um ano... e cada ano que passa dizemos que passou mais rápido que o anterior, mas mesmo que muitas distribuidoras não enviassem seus filmes para o interior, esse 2016 foi o ano que mais filmes assisti (nos cinemas sempre), 226 títulos durante os 366 dias do ano! E claro que tivemos alguns longas bons, muitos medianos e até uma alta quantidade de coisas que devia ter fugido da sessão para não ter na memória traumas horrendos de filmes que não mereciam passar em uma sala de cinema, mas como veio, e minha meta é assistir tudo o que passar, acabei vendo.

Nesse ano tivemos tantas perdas de atores, diretores, técnicos, músicos que é capaz de no Oscar termos umas duas horas de programação extra só para as homenagens, mas não vamos nos aprofundar nisso senão o post ficará triste demais, e não é esse meu objetivo de fechamento no ano.

Ao contrário de ter sido o ano que vi mais filmes, esse também foi o ano que dei mais notas baixas, e com isso a média geral ficou em 6,95 que se for um professor ruim não iria aprovar o ano por ficar abaixo de 7! Mas vamos dizer que entre trancos e barrancos sobrevivemos à tudo o que foi mostrado, e de certa maneira o resultado acabou agradando bastante esse Coelho bonzinho que lhes escreve quase que diariamente.

Dizer de cara o melhor longa do ano é uma tarefa bem árdua, pois somente dei nota máxima para 9 longas, e assim sendo vou utilizar eles como base para dizer os que na minha opinião foram os melhores do ano, e claro que teremos muita discórdia, pois alguns o povo odiou:
- "O Regresso", um filmaço que fez agonizarmos no cinema junto com DiCaprio, e que arrebatou diversos prêmios pelo mundo agora, e sendo assim posso dizer que foi um dos melhores.
- Outro que brigou bastante por prêmios e pelo furor que acabou causando com grandes revelações, é fato que outro grande exemplar foi "Spotlight - Segredos Revelados", e ainda digo mais, esse sim é um filme jornalístico de primeira linha.
- "Zootopia" foi sem dúvida a animação do ano, com muita sensibilidade, boa comicidade e agradou desde os pequenos até os mais velhos.
- "Zoom" foi um dos melhores longas nacionais, e mesmo sendo falado em inglês, a temática ficou tão incrível que vale a pena ser revisto mais vezes, e mereceria passar em breve em algum canal aberto para que mais brasileiros conferissem a ótima produção nacional.
- Por mais incrível que pareça, esse ano dei nota máxima para dois longas nacionais, e sendo assim vale a pena também pontuar e recomendar para que assistam "De Onde Eu Te Vejo", que com muita paixão e carisma acabou comovendo e tendo um quê a mais diferenciado do que vemos no nosso cinema brasileiro.
- O melhor terror é disparado de nosso querido diretor James Wan, com sua "Invocação do Mal 2" que fez todo mundo pular das cadeiras novamente, e já abriu brecha para outras continuações do estilo.
- Classificaria "Viva a França" como o melhor longa não falado em inglês nem em português, que com um ar artístico maravilhoso acaba emocionando e cativando de maneira incrível.
- Como melhor volta ao mundo fantástico temos de pontuar claro "Animais Fantásticos e Onde Habitam", que de uma forma mágica acabou encantando e voltando a colocar o cinema mágico bem trabalhado e cheio de glamour, ou seja, brilho nos olhos com toda a tecnologia bem empregada.
- Embora muitos não tenham gostado por ser diferente do livro, a emoção que "Inferno" acabou causando em quem é fã de Dan Brown acabou fazendo valer uma nota máxima no dia, hoje talvez não lhe daria 10, mas pela empolgação do momento é um excelente filme.

Como já pontuei acima, dei nota máxima para dois longas nacionais, e nesse ano até que a quantidade que apareceu por aqui foi bem alta, com 44 títulos que atingiram uma média um pouco menor que a de todos os filmes: 6,39, o que não é algo de todo ruim. Mas claro que tivemos nomes que não temos como recomendar para ninguém, e no caso nacional, o pior com toda certeza foi "O Amor de Catarina", que nem pagando reveria para uma nova avaliação, ou seja, passe bem longe dele e de outros dois filmes "Mate-me Por Favor", e claro, "É Fada", pois a chance de se aterrorizar com qualquer um dos três é alta.

Dentre os estrangeiros também tivemos algumas bombas, o experimental "Jornada ao Oeste" foi o de menor nota, mas também podemos fugir de "Herança de Sangue" e "Deuses do Egito", que pecaram demais em defeitos e não temos como recomendar.

E para fechar a retrospectiva é claro que temos de falar dos longas mais caros, os famosos longas em três dimensões, que muitas vezes ficam só em duas, mas cobram pelas três. E com apenas 35 títulos durante o ano, a maioria claro com animações, a média até que foi bem melhor, ficando em 7,4, o que não significa que tivemos grandiosos efeitos, mas ao menos tivemos histórias interessantes de acompanhar com a tecnologia, e os destaques positivos fora "Zootopia" e "Animais Fantásticos e Onde Habitam", fica para "Procurando Dory" e "X-Men: Apocalipse". E como destaque negativo de uso de tecnologia podemos linchar "Deuses do Egito" e "Caçadores de Emoção - Além do Limite".

Enfim, essa foi a retrospectiva do Coelho, que felizmente teve um ano bem corrido para conferir tudo o que passou nos cinemas, e que espera um 2017 melhor ainda, afina temos muitas promessas de grandes filmes, muitas dúvidas para conferir, mas que com certeza será mais um ano mágico dentro da sala escura. Desde já agradeço sempre as parcerias do UCI Cinemas e da Rádio Difusora FM que sempre nos dão apoio para que conferíssemos mais e mais longas, diversos em pré-estreias lotadas, e até ano que vem, ou melhor, até a próxima quinta com novas estreias. E como sempre, desejo para todos um ano cinematográfico!

Fernando Coelho
Leia Mais

Invasão Zumbi (Bu-San-Haeng) (Train to Busan)

12/30/2016 12:37:00 AM |

Não lembro quando foi a última vez que vi um longa sul-coreano, mas certamente foi algo completamente diferente de um ataque zumbi num trem em movimento! Digo isso, pois o que vemos em "Invasão Zumbi", embora possa parecer semelhante à qualquer outra produção do estilo, seja pelo trailer, pelo pôster, ou até mesmo pela temática, acabamos vendo um filme que consegue misturar um bom tom de terror com suas cenas sangrentas e zumbis famintos, uma certa dramaticidade bem encaixada com os pensamentos filosóficos de isolamento comuns em países asiáticos, pontuar boas lutas espaçadas, e ainda ter uma boa dose de comicidade com personagens correndo a milhão para pegar o trem, zumbis bobos que se perdem no escuro, entre muitas outras coisas divertidas. Ou seja, um filme que conseguiu juntar um pouco de tudo no último dia de cinema do ano, divertindo, fazendo pensar, deixando um pouco tenso, e claro saindo satisfeito de ver um bom feitio num ambiente tão pequeno e cheio de possibilidades que conseguiram passar, valendo conferir mesmo que seja apenas para dar algumas risadas da dublagem, afinal não quiseram nos dar a graça de assistir falado em coreano.

O longa mostra que um surto viral misterioso acaba deixando a Coréia em estado de emergência. Como um vírus não identificado se alastra pelo país, o governo Coreano declara lei marcial. Todos que estão no trem expresso para Busan, uma cidade que defendeu com sucesso o surto viral, deverão lutar por sua própria sobrevivência!

Chega a ser interessante finalizar o ano com um filme desse estilo, pois o longa está sendo vendido como um terror assustador, e com isso as sessões tendem a ficar menos lotadas, mas a melhor forma de classificação é como um longa de ação bem violento, pois a ideia de sobrevivência é tão grande quanto qualquer outro filme, e o diretor/roteirista soube deixar o tom tenso para ter um ar macabro, colocou bons momentos de muito sangue, mas nada que vá fazer você sair chocado da sala de cinema. Claro que como disse no começo temos doses bem separadas de todos os estilos, e chega a ser interessante incorporar cada um por um instante, mas nos vemos em instantes conversando com os personagens, torcendo pra personagem morrer logo, e por aí vai, ou seja, ficamos conectados com a produção (imensa por sinal pela grande quantidade de atores) e o resultado acaba sendo melhor do que o esperado, embora exista exageros demais que poderiam ser amenizados, principalmente nas cenas de corrida e luta.

Diferente do que costumo fazer, não vou ficar falando de ator por ator, pois primeiro escrever os nomes de cada ator coreano mais o nome do personagem acabaria ficando uma linha pra cada um, e esse não é o objetivo, e segundo por nenhum ator ter feito nuances fortes de expressão que realmente valesse falar individualmente, e principalmente, por o longa ter vindo apenas dublado para a maioria das cidades brasileiras, acaba ficando difícil distinguir se o erro da entonação versus expressão corporal é do ator ou do dublador. Portanto vamos analisar assim, temos o pai da criança, no caso o protagonista-mor da trama que poderia ser bem menos arrogante, pois chega a ser irritante a forma que vê a vida e as nuances que acaba fazendo, mas seu ponto de virada acaba funcionando e agrada (mesmo que de modo bem falso) num contexto geral. A criança embora seja curiosa como toda criança, acaba sendo boba e fora de um eixo de pensamento crível, pois nas cenas mais tensas está lá toda observante no meio dela, logo em seguida numa cena de apenas discussão fica com medo, ou seja, ficou perdida demais. A grávida é a versão ninja melhorada de Tom Cruise, pois consegue correr em altíssima velocidade, pular escadas, andar no maleiro e tudo mais com uma barriga imensa, ou seja, só faltou lutar para poder ser contratada para o próximo "Missão Impossível". O marido da grávida é daqueles brucutus que não levam desaforo para casa, saem na mão sem motivo, e claro tendo um motivo correr enrolar as mãos e sair na pancada, pois está pronto para isso. As velhinhas foram bem bonitinhas para ter um tom amistoso e bonito dentro de um semblante dócil, mas funcionaram melhor nas cenas finais por tudo o que fizeram. Os adolescentes jogadores de beisebol foram românticos e interessantes de ver, mas faltou uma pegada mais clássica para funcionar melhor, porém mesmo assim a cena do vagão cheio de zumbis amigos do time ficou bem interessante de ver, pela grande dúvida do que fazer. E claro para fechar com chave de ouro, temos de ter o senhor antipático que quer salvar sua vida ferrando com a vida dos demais, e sem dúvida alguma suas frases foram bem mais duras na versão legendada, pois a forma de expressão do ator foi algo de cortar o coração nos diversos momentos.

Mesmo com vagões idênticos é interessante ver o nível da produção colocando diversos figurantes virando zumbis assassinos bem diferenciados que mesmo soando até de forma tosca pelo jeito de andar e atacar, acabando funcionando bem como contexto cenográfico, fazendo com que cada vagão ficasse diferenciado pela quantidade e/ou qualidade de cada zumbi ali, e além disso, a equipe trabalhou bem os espaços para que o filme não soasse falso, afinal com toda certeza não gravaram tudo dentro de um trem, mas souberam dosar bem os ambientes para que tudo ficasse bem interessante de ver, com uma quantidade bem bacana de elementos cênicos em cada momento. Além disso, nas cenas externas fizeram um bom desastre, criando cenas de terror e luta como poucos filmes hollywoodianos costumam fazer. As boas sacadas de escuro/claro usando de túneis e luzes piscando ficaram interessantes tanto pelo contexto dos zumbis não enxergarem no escuro, quanto pela tonalidade de tensão que o longa acabou tomando, ou seja, um trabalho simples, mas muito bem executado.

Enfim, é um filme bem feito, interessante, mas que poderia ter menos absurdos para empolgar mais, e claro, a distribuidora prezar pelo público que sabe ler, e que gosta de ver as verdadeiras entonações nas vozes, e mandar para mais lugares pelo menos uma cópia legendada, afinal tivemos uma dublagem razoável, mas que soou engraçada em diversos momentos que com toda certeza eram mais sérios. De certo modo posso recomendar o filme para diversos estilos de público, pois como disse no começo temos um pouco de tudo no longa, então vá ao cinema, se divirta, fique tenso, brigue com os personagens e depois conte aqui o que achou, pois a chance de boas discussões sobre algumas cenas é fato. Bem é isso pessoal, encerro aqui meu ano cinematográfico, afinal só volto amanhã com o texto da retrospectiva para fechar de vez os textos, e volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços, um bom final de ano para quem não vier ler a retrospectiva e até breve.

Leia Mais

Minha Mãe É Uma Peça 2

12/22/2016 02:08:00 AM |

Sendo o gênero mais produzido no país, a comédia nacional oscila muito entre o ar novelesco que diverte mas precisa de suporte ou aqueles mais escrachados que não ligam para pormenores e acabam divertindo atacando tudo o que vem pela frente. Em 2013 tivemos um dos longas mais rentáveis do mercado com "Minha Mãe É Uma Peça" sendo visto por quase 5 milhões de brasileiros, e apostando no sucesso do personagem, eis que novamente Paulo Gustavo retoma sua Dona Hermínia, repaginada pelo glamour do dinheiro, mas ainda pronta para tacar a mão na cara dos filhos, parentes e quem mais atrapalhar sua vida em "Minha Mãe É Uma Peça 2". Não diria se tratar do ator na sua melhor fase, pois o filme acabou tendo uma fluidez um pouco estranha, que quase se transformou num programa de esquetes, ao invés de um longa com um roteiro elaborado, mas como a missão de uma boa comédia é fazer rir, esse mérito foi cumprido com honrarias, pois o longa diverte com uma piada melhor que a outra e muita conexão com o que vemos nas nossas casas, resultando em algo digamos dentro de um padrão aceitável para se divertir sem muito esforço.

A sinopse do longa nos mostra que Dona Hermínia está de volta, desta vez rica, pois passou a apresentar um bem-sucedido programa de TV. Porém, a personagem superprotetora vai ter que lidar com o ninho vazio, afinal Juliano e Marcelina resolvem criar asas e sair de casa. Para balancear, Garib, o primogênito, chega com o neto. E ela também vai receber uma longa visitinha da irmã Lucia Helena, a ovelha negra da família, que mora há anos em Nova York.

Talvez o maior erro do longa tenha sido a mudança de direção, pois se antes o estreante André Pellenz tinha deixado o filme descontraído, mas com uma história bem moldada (claro que roteirizada por Paulo Gustavo e Fil Braz que repetem a parceria), aqui César Rodrigues repete a ideologia de dinâmicas mais fechadas em esquetes que fez em "Vai Que Cola - O Filme", e não que isso não divirta, mas usa apenas a base de um tema, e coloca os diversos clichês e comédias pontuais ocorrendo em cima da trama toda, deixando menos fluído. Não digo que isso seja errado e que não vá divertir novamente milhões e mais milhões de pessoas, mas o personagem é muito bom, o ator é excelente, e se quisessem moldar a trama inteira como um ótimo filme conseguiriam, mas aí vai de diretor para diretor o estilo que desejam trabalhar, e Rodrigues é mais focado nesse formato, mas felizmente não recai para o ar novelesco e muito menos força a barra para divertir, fazendo uma trama gostosa de ver, que por bem pouco não ficou perfeita.

Sobre as atuações, novamente o longa é de Paulo Gustavo, que certamente seu marido deve morrer de medo dele virar uma Dona Hermínia quando ficar mais velho, pois o ator não interpreta a personagem, ele praticamente se apodera dela (que para quem não sabe ele criou o personagem baseado em sua mãe Dona Dea) e cria dinâmicas tão divertidas e bem colocadas que ficamos impressionados com seu ritmo de resposta, olhares, nuances e claro com a forma que lida com seu texto, o que acaba agradando muito. Havia reclamado no texto do primeiro filme que Rodrigo Pandolfo exagerava um pouco demais com seu Juliano (que na teoria seria a incorporação real de Paulo Gustavo), e por mais incrível que pareça, senti falta do exagero de trejeitos dele, ficando um personagem meio que vago que não conseguiu criar carisma dentro das opções que seguiu, mas ainda assim caiu bem em algumas piadas, com destaque para o celular no começo. Diria que Mariana Xavier melhorou muito nesses 3 anos, e sua Marcelina soube dosar seu estilo, fazendo ainda uso do auto-bullying para com gordinhos, mas de uma maneira mais suave e bem feita, porém ainda está longe de ser o sucesso que poderia fazer. Se no primeiro filme Suely Franco teve uma participação maior, mas menos conectada com a história com sua Tia Zélia, aqui o clima foi mais emotivo e até de homenagens demais, saindo um pouco do eixo da história, mas ficando bonito de um modo geral de ver. A responsabilidade por exageros dessa vez ficou a cargo de Patricya Travassos com sua Lucia Helena, e mesmo não ficando presente em todas as cenas, a atriz gritou muito e até foi engraçada em alguns momentos, mas poderia ser mais leve. Os demais foram usados bem pouco para conexão, e de certa forma acabaram indo até que razoavelmente bem.

Sobre o conceito visual da produção, indo do Rio para São Paulo, voltando, pegando avião, voltando novamente, mais um avião, programa na TV, apartamento chique, balada, festa, mercadão, corrida de carro, casa da tia, e peça de teatro podemos resumir bem todas as locações que a equipe de arte precisou trabalhar, e foi de certa forma um trabalho bem feito, pois tudo se encaixou e aconteceu sem que fosse preciso explicitar as locações, criando bem a dinâmica, mas volto a frisar que tudo poderia se conectar melhor para agradar de uma forma cinematográfica melhor. Assim como no primeiro filme, a caracterização de Paulo Gustavo é perfeita e não temos nem como pensar em reclamar de algo, pois a equipe de maquiagem mandou muito bem e o figurino acabou sendo melhor elaborado e caiu como uma luva. Dentro das perspectivas da fotografia a equipe organizou bem cada cena, não exagerando em tons, e isso acabou dando um tom cômico também abaixo, mas nada que seja preocupante para quem quiser apenas rir, pois ainda mantiveram um grau aceitável.

Enfim, é um filme que cumpre com o dever de divertir e fazer rir, mas que poderia ser infinitamente melhor e fazer com que o público rolasse de rir do começo ao fim, sem precisar usar de todos os apelos e clichês possíveis de uma trama cômica tradicional. Volto a frisar que não é errado usar esses artifícios, e principalmente que comparado à grande quantidade de comédias novelescas nacionais ruins que nos são apresentadas quase que semanalmente, o filme é muitíssimo melhor, então se você gosta de rir com boas piadas sobre a vida cotidiana familiar, e não liga para um filme que falta uma base de roteiro melhor, pode ir para os cinemas conferir que a diversão é garantida, mas do caso contrário, pense duas vezes antes de esperar algo a mais da produção. Como sempre tenho de agradecer aos amigos da Rádio Difusora FM 91,3MHz pela ótima pré-estreia que a cada dia fica mais lotada, e desejar um ótimo Natal para todos, afinal esse é meu último post da semana (não imaginam o tanto que estou chorando por não vir nenhum outro filme para conferir nos próximos dias). Então deixo aqui meus abraços e até a próxima Quinta antes da virada de ano.

Leia Mais

Sing - Quem Canta Seus Males Espanta em 3D

12/21/2016 02:01:00 AM |

Muitos podem odiar longas musicais, mas quem é fã desse estilo sempre vai se apaixonar, cantar e vivenciar cada cena de uma nova produção do gênero. E quando se mistura animações com um bom teor, música e animais, o que pode acontecer? A felicidade completa! Digo isso de "Sing - Quem Canta Seus Males Espanta", por dois motivos, o primeiro seria que mesmo mudando a produtora, a o longa certamente poderia ser um adendo dentro de "Zootopia", mas como estamos falando de outro tipo de design é fato que não podemos comparar eles, e o segundo é que sendo um grande fã de realities musicais, um longa animado que envolvesse um concurso do estilo certamente me agradaria demais, porém faltou um pouco mais do ar concursal, e ficou mais de lado o âmbito de superação motivacional, e isso foi bem agradável de ver. Enfim, é um filme bem encaixado, que possui uma seleção de músicas perfeita, mas que poderia ser infinitamente melhor, mas ainda assim vai divertir muito com toda personalidade de cada protagonista da trama.

O longa nos mostra que um empolgado coala chamado Buster decide criar uma competição de canto para aumentar os rendimentos de seu antigo teatro. A disputa movimenta o mundo animal e promove a revelação de diversos talentos da cidade, todos de olho nos 15 minutos de fama e US$ 100 mil dólares de prêmio.

A história de superações que os diretores mostraram na trama foram bem encaixadas e claro mostram suas superações pessoais também, afinal após passarem muito tempo nos setores de animação de diversos grandes filmes, Christophe Loudet e Garth Jennings chegaram à direção de um longa que vai certamente brigar por muitos prêmios. E claro que o ponto mais negativo da trama é a falta de grandes texturas nas modelagens para sentirmos mais os personagens, mas a personalidade de cada um vai nos conquistando, e junto com pequenos personagens jogados na trama o resultado de momentos subjetivos acabam ganhando força e impactando num resultado bem mais positivo do que negativo, o que leva o público a ser conquistado pelo ótimo carisma e claro pelas boas músicas escolhidas, que claro irei deixar o link para todos ouvirem.

Falando um pouco mais sobre os personagens e claro suas dublagens (visto que vieram mais cópias dubladas e as legendadas em horários inapropriados para a maioria), temos de pontuar que mesmo funcionando como um líder, o coala Buster apenas entra como um conector e vai desenvolvendo bem seus trejeitos atrapalhados e claro de um líder falido que pode talvez crescer à custa de outros, acredito que Mathew McConaughey tenha saído melhor que Marcelo Garcia, mas é apenas uma opinião que soou calmo demais para tudo o que ocorre. A porquinha Rosita foi uma grande surpresa, primeiro por mostrar que mães costumam conseguir fazer mil coisas ao mesmo tempo (e geralmente não são valorizadas pelo que fazem), além de ser muito boa com engenhocas, e claro dar um show ao final, e segundo por Mariana Ximenes não incorporar tanto sua voz dando uma personalidade própria para a personagem, o que certamente Reese Witherspoon fez no original. Uma surpresa boa também no conceito de voz nacional ficou a cargo da roqueira Ash, que dublada por Wanessa Camargo sequer notamos a voz da cantora, e mesmo na única música que foi dublada o resultado foi excelente, pois ficou interessante e criativo dentro da boa perspectiva, mas certamente gostaria de ver o que Scarlett Johansson fez no longa. Agora talvez o ponto mais negativo e que mereceria uma maior atenção foi quanto a elefante Meena, pois a voz de Sandy ficou muito gritante, afinal o Brasil inteiro conhece ela, e a timidez gostosa da personagem merecia alguém menos conhecida para ter uma dinâmica melhor, o que foi uma pena, irei conferir o que fizeram com Tori Kelly no original. Outro que emprestou bem a voz sem transparecer foi Fiuk para seu Johnny, afinal o gorila é um dos protagonistas com maior quantidade de cenas, e se abusasse sairia algo estranho, e até que a voz caiu bem para o personagem, e talvez até melhor do que a voz mais crua de Taron Egerton no original. Agora quanto a carisma máximo certamente o destaque são para os coadjuvantes, com os filhotes porquinhos de Rosita, e os cãezinhos chineses cantando k-pop, que garantem boas risadas.

O longa em si possui um conceito visual bem interessante, com muitas cores, e assim como uma boa competição musical, diversos personagens e claro músicas, que poderiam ter escolhido diversos outros personagens para se desenvolver e "competir" musicalmente e mostrar suas personalidades com um tempo maior, mas foram seletivos e colocaram boas escolhas na trama final. A cidade em si foi bem mostrada e a criação teatral foi incrível de ver desde o início com a ópera, fechando bem com o conceito de construção/alicerce familiar, incumbindo aí as famílias de cada personagem seja da porquinha, do macaco ou da elefante, e assim o resultado visual acabou mixando bem com a trama que o roteiro desenvolveu. Agora poderiam ter explorado mais o 3D do longa com nuances melhores e até elementos saindo da tela, pois ficou a cargo somente para as lulas luminosas que deram profundidade em algumas cenas, e mais nada, deixando bem a desejar com a tecnologia, então como costumo falar, leve as crianças, mas podem ir nas sessões mais baratas 2D tranquilamente que não irão perder nada.

Enfim, é um filme que vale a pena mais pelas mensagens que cada participante passa e pela ótima seleção musical, mas que talvez se tivessem trabalhado mais no conceito de competição musical mesmo agradaria e chamaria mais atenção. Ainda assim recomendo bastante o resultado da animação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a outra estreia da próxima semana, então abraços e até breve.


Leia Mais

O Sonho de Greta (Girl Asleep)

12/18/2016 11:56:00 PM |

É engraçado ver como alguns países tratam da temática juventude, pois sempre existiu a mítica festa dos 15 anos, mas são poucos os filmes que tratam de uma mudança da mulher nessa fase, e quando conseguem transparecer bem geralmente agradam. Em "O Sonho de Greta" temos uma mistura de filmes tão grande e variada, que vemos que a diretora em seu longa de estreia bebeu da fonte de diversos diretores e estilos, criando algo bem trabalhado e cheio de nuances que acabou divertindo de uma forma gostosa, mesmo que soe bizarro e bem maluco, mas claro que de uma boa forma.

O longa nos mostra que a adolescente Greta Driscoll reluta em aceitar que está virando uma mulher. Na escola ela tem apenas um amigo e tem pavor das meninas populares. Quando ela celebra seus 15 anos, uma caixinha de música a leva para um universo paralelo, onde precisa sobreviver às agruras dessa nova fase de sua vida.

Logo de cara vemos plaquinhas, elementos alegóricos com escritos e diversidades mil para retratar cada uma das partes de apresentação do longa, e isso soa um pouco estranho de forma a ficarmos pensando algum motivo lógico que a diretora Rosemary Myers tenha colocado isso no filme, logo em seguida vemos fotos em movimento e pensamos que a imaginação fértil poderia ter acabado, daí logo na sequência somos apresentados a personagens circenses mas de tal maneira que lembramos um pouco de "Onde Vivem Os Monstros", e pensamos mais um pouco, será que ela vai conseguir deixar mais maluco tudo isso, sim, ela consegue, inserindo um estilo de "Scott Pilgrim" no miolo. Ou seja, a diretora brincou com muitos elementos, e trabalhou bem a história para que mesmo cheia de referências ficasse algo seu com propriedade, e ao dimensionar o roteiro de uma forma leve e casual, a trama ganhou uma vida bem colorida e interessante de acompanhar. Não digo que seja a melhor forma de se tratar as mudanças na personalidade feminina, ou até mesmo a forma de encarar a vida "adulta" sem perder a inocência, mas são tantas dinâmicas exibidas que acabamos gostando bastante do que vemos e adentramos a esse mundo fantasioso que nos é entregue para curtir.

Trabalhar com jovens atores é um mártir para qualquer diretor, pois muitas vezes os jovens soam dispersos, em algumas cenas trabalham com um tipo de entonação e na seguinte já fazem completamente diferente, mas quem souber dosar bem a energia deles acaba tirando ótimos resultados, e aqui não foi diferente, pois Bethany Whitmore já possuía muita experiência antes dessa produção e colocou para sua Greta uma forma bem singular de expressão que bem dosada acabou sendo gostoso de ver e sentir bem com seus grandes momentos. Harrison Feldman aparentava timidez demais fronte as câmeras, mas quando se soltou acabou fluindo tão bem que acabamos também amigos de seu Elliot. A personalidade de Conrad é bem mais importante do que a atuação de Mathew Whittet, pois funcionou bem tanto como aquele pai brincalhão, protetor e até nojento pela forma de se vestir, que no sonho acabou fluindo de uma forma tão vivencial que acabamos nos impressionando com tudo ao analisarmos o contexto maior. O mesmo flui para Eamon Farren com seu Adam e depois como o sedutor cantor, e por aí vai com cada um que aparece duas vezes, de tal maneira que a história acaba ficando com dois vértices, mas bem mais elaborado no sonho do que na vida real, e isso é lindo de ver.

Sobre o conceito visual, como sempre obras australianas trabalham em demasia com conceitos abstratos e multi-coloridos, que acabam sendo bem representativos, e aqui ao misturar elementos dos anos 60/70 com um ar moderno e conceitual de histórias fantasiosas, cada cena passou a ter um valor ímpar que mesmo ao trabalhar os "capítulos" da história fluindo dentro do contexto da cena o resultado não fica piegas nem cult demais, e isso é o que chamamos de acerto de arte. Sobre a fotografia, com muitas cores poderiam ter trabalhado mais dentro do sonho, mas optaram por brincar com movimentos estranhos e algumas alegorias com filtros, o que não é errado, mas também acaba não agradando tanto.

Enfim, é um filme bonito, divertido e bem gostoso de ver, mas que poderia ser imensamente melhorado. Vale a pena ver em qualquer idade, mas certamente os pais que assistirem irão tirar melhores conclusões de como lidar com as filhas, e claro as filhas com todos ao seu redor, e assim acabamos tendo uma boa lição para aprender com o longa. Bem é isso pessoal, encerro aqui minha participação na Itinerância da Mostra, acabei perdendo alguns filmes por motivos de trabalho, mas irei torcer para que apareçam em outras oportunidades para ver. Fico por aqui hoje, mas volto em breve já com algumas prés dos longas da próxima semana, então abraços e até mais.

Leia Mais

Eu, Olga Hepnarová (Já, Olga Hepnarová)

12/18/2016 08:06:00 PM |

Quando falamos de um cinema mais introspectivo temos de pontuar também a loucura, e muitos roteiristas optam por essa decisão. Com "Eu, Olga Hepnarová" o resultado é um filme que mostra bem a opção que muitos "injustiçados" que acabam também ficando malucos, e claro que possuem também já algum tipo de doença acabam fazendo, e para justificar tudo o que faz e como faz acabaram optando por um longa sem cor, sem vida, que acaba harmonioso, mas também bastante cansativo. Não diria que é um filme que possamos acreditar nas vertentes que mostra, mas sim num conceito artístico da loucura, mostrado através de uma personalidade bem peculiar. Ou seja, algo bem difícil de acompanhar e que poucos acabarão gostando do que irão ver.

O longa nos mostra que Olga Hepnarová era uma jovem, lésbica e solitária de uma família emocionalmente distante, e que não conseguiu desempenhar o papel que a sociedade desejava dela. Seu comportamento paranoico e sua incapacidade de se conectar a outras pessoas levaram-na ao limite quando ela tinha apenas 22 anos de idade.

O maior acerto dos diretores/roteiristas Tomás Weinreb e Petr Kazda foi optar por fazer um longa em preto e branco, pois assim como mostram que a garota não possui entusiasmo nem objetivos em sua vida, é como se não tivesse cor para expressar seus sentimentos, e isso sim pode ser uma referência interessante de ser sentida no longa. Porém tirando esse detalhe o resultado que optaram por mostrar, deixando sem ir a fundo se a jovem possui problemas realmente ou apenas é uma exilada do mundo e por isso que faz as coisas, acabou ficando bem superficial, com longas pausas cênicas, diversas cenas de sexo sem sentido, ambientações desconexas que mostravam todos (ao menos familiares e amigos) sendo sempre bons com ela, e ela menosprezando tudo, ou seja, não acertaram na determinação e acabaram criando um filme que ficamos o tempo todo apenas esperando um final completamente previsível do pior, pois a tentativa deles do meio justificar o fim não foi alcançado.

Sobre as atuações, basicamente temos de falar somente de Michalina Olszanska que trabalhou muito bem sua Olga, fazendo semblantes bem crus e cheios de inflexões, o que acabou deixando sempre um ar misterioso do que a jovem realmente poderia fazer com sua vida, e toda essa dinâmica que acabou fazendo foi satisfatória dentro de um ato maior que é o seu fim premeditado desde a primeira cena, mas sem dúvida alguma a jovem trabalhou bem mais para entender aonde os diretores desejavam chegar do que para fazer a personalidade de sua Olga. Para não dizer que não falei de mais ninguém no filme, tenho de pontuar levemente as caras de desgosto da mãe de Olga, interpretada por Klára Melisková, que sempre com o mesmo estilo acabou sendo simplória no que fazia, mas como uma médica ajudou bastante a filha em algumas cenas.

Visualmente o longa possui algumas cenas bem interessantes de serem vistas por trabalhar o estilo soviético de trabalho, mas a equipe artística optou por ter poucos elementos cênicos na maioria das cenas, deixando o ar vivencial da protagonista em um ambiente com poucas coisas, para mostrar que sua solidão era inclusiva dentro da sua própria casa, e com isso não tivemos grandes detalhes para impressionar dentro da história. Já por outro lado, filmes em preto e branco costumam ser bem trabalhados para que sombras destaquem ângulos e criem uma certa magia noir, e aqui o resultado ficou incrível afinal com muita fumaça dos cigarros, de um clima frio e com pouco sol batendo nas lentes, o resultado chega a ser impressionante visualmente, mas poderiam ter trabalhado menos com filtros e mais filmando realmente já na qualidade PB, pois é fácil notar várias gramaturas de cores por trás das filmagens, o que não ocorreria normalmente.

Enfim, um filme que poderia ser um clássico do estilo loucura juvenil, como tivemos outros que até concorreram em grandes premiações, mas foram subjetivos demais na concepção e inativos demais na execução, e assim o resultado é um longa que vai do nada a lugar algum, o que acaba não agradando quem estiver esperando um filme mais forte, ou quem sabe algo mais sutil. Sendo assim não recomendo o filme para quase ninguém, mas isso não será muito problemático, afinal o longa dificilmente aparecerá em muitos lugares. Bem é isso, fico por aqui agora, mas já irei conferir outro longa na Mostra hoje, então abraços e até daqui a pouco.

Leia Mais

Sully - O Herói do Rio Hudson (Sully)

12/18/2016 02:23:00 AM |

Incrível, comovente, emocionante, impactante são algumas das palavras que podemos usar para expressar o que sentimos após ver "Sully - O Herói do Rio Hudson", pois muito mais do que um longa de desastre aéreo, Clint Eastwood nos entrega uma obra completa ao misturar um longa de ação com um teor bem dramático envolvido em um outro filme de julgamento, o qual se precisa de muito trabalho para agradar, e sem pensar duas vezes o resultado da adaptação do livro que foi escrito pelo verdadeiro Sully, acaba fluindo de uma forma tão boa que não temos como não sair comovidos com o resultado completo, e se duvidar muitos vão ajudar o pessoal da limpeza dos cinemas lavando as salas, pois bate realmente uma grande tristeza nas cenas de resgate, bate angústia nos momentos que precedem a queda, e principalmente bate raiva ao pensarmos que o cara salvou 155 passageiros da morte e ainda foi julgado por acharem que fez errado! Ou seja, um filme completo que vale muito ser conferido por todos.

O longa nos situa em 15 de janeiro de 2009. Logo após decolar do aeroporto de LaGuardia, em Nova York, uma revoada de pássaros atinge as turbinas do avião pilotado por Chesley "Sully" Sullenberger. Com o avião seriamente danificado, Sully não vê outra alternativa senão fazer um pouso forçado em pleno rio Hudson. A iniciativa é bem sucedida, com todos os 150 passageiros a bordo sendo salvos. Tal situação logo transforma Sully em um grande herói nacional, o que não o isenta de enfrentar um rigoroso julgamento interno coordenado pela agência de regulação aérea nos Estados Unidos.

Sei que muitos viram a cara para falar dos últimos filmes de Clint Eastwood, mas temos de pontuar que a sua grande sacada está sendo trabalhar bem com histórias reais, adaptando para um fator quase teatral, aonde o público acaba se conectando tanto com o personagem apresentado que o filme soa emotivo nesse quesito, mas se apontarmos toda a dramaticidade e tensão que sempre consegue passar, o resultado acaba sendo algo que vai muito além do esperado, e sendo assim podemos dizer que temos um longa quase perfeito, que ao adaptar bem uma história real, que já havia sido reduzida em um livro, acabará levando o público à velha indecisão junto do julgamento, o cara é um herói mesmo? Se sim, porquê estão julgando ele? E com isso em mente, o filme flui fácil, e digo até mais, poderia ser até mais longo que passaria despercebido, afinal o elenco completo segurou bem a onda, e ao final quando vemos os reais personagens, a emoção volta a fluir, pois ali estão todos os que foram renascidos naquele dia.

Entrando no mérito dos atores, ainda tenho de falar mais de Clint, pois são raros os longas que dirige que os atores não se saem perfeitos, pois ele além de dar uma boa liberdade expressiva para que façam o que melhor acharem, ainda escolhe ângulos e trejeitos dos personagens para que tudo soe melhor, e isso sim é um trabalho de direção de atores minucioso de ver na tela. Sou suspeito para falar das atuações de Tom Hanks, pois a cada novo personagem que pega para interpretar, ele consegue entregar tanta vivência, que mesmo que não seja um personagem real acabamos acreditando em tudo o que ele nos mostra, e aqui como o personagem estava bem vivo para contar sua história, o real Sully ficou no set de gravação diversos dias, levou Hanks para sua casa para se aprofundarem no roteiro, e o resultado só poderia ser expressivo e bem pontuado. É engraçado ver as mil faces de Aaron Eckhart, pois cada filme que entra ele se modifica tanto visualmente e no estilo de interpretar o personagem, que praticamente nem o reconhecemos, e isso é bom, pois mostra que o ator é múltiplo, e aqui seu Jeff fala até bem pouco, mas demonstra sentimento a cada cena que está presente, vivenciando bem o momento e passando para o público tudo o que está sentindo sem dizer quase nada, o que é bem interessante de ver. Vemos mais Laura Linney no telefone como a esposa de Sully, mas isso não impediu a atriz de pontuar seus sentimentos e dar vivência para tudo o que estava ocorrendo, o que ficou bem marcado na sua última cena. Sobre Mike O'Malley só posso dizer que se fosse um filme de herói versus vilão, seu personagem seria daqueles que odiaríamos ao extremo e ficaríamos com uma vontade maluca de socar, pois fez um julgamento de nível incrível, que até teve um ótimo desfecho, mas foi duro o páreo interpretativo que fez.

Sobre o conceito gráfico, aqui talvez tenhamos o maior problema da trama, afinal foi necessário muita computação gráfica, afinal não dá para gravar um avião caindo num rio imenso diversas vezes, então necessitaram misturar gravações fixas com imagens computacionais, o que resultou em alguns movimentos falsos demais. Porém isso é um detalhe técnico que poucos vão reclamar, pois a equipe artística foi bem precisa com balsas, barcos, coletes salva-vidas, muitos cobertores, toda a parafernalha de malas dentro do avião, e até mesmo o uso de aviões para filmagem foram bem trabalhados para que o mais próximo da realidade se chegasse, e o resultado ficou bem colocado, mas quando vemos o avião caindo, aí poderiam ter melhorado bem mais, e esse problema nem é tanto da equipe de arte, mas sim da equipe de fotografia, que mesmo mostrando que era um dia bem claro, poderia ter jogado um tom abaixo para não ficar tão nítida a imagem falsa.

Enfim, um filme maravilhoso, bem feito que agrada tanto pela história, como pela produção, e que recomendo demais que todos vejam, e claro se emocione com o que é mostrado, pois assim como Sully diz em determinado momento de seu julgamento, temos de analisar a condição humana, pois todos cometemos erros, mas muitas vezes temos tempo para pensar, em outros casos não. Só foi uma pena que devido a data de lançamento nacional ter atrasado um pouco, o longa não ter conseguido as maiores salas, como a Imax, pois o filme teve diversas cenas filmadas com a tecnologia, e sem dúvida alguma o som seria outro, mas ainda assim vale ver em qualquer sala. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos da Mostra Internacional que verei nesse Domingo, então abraços e até mais tarde.

Leia Mais

Rogue One: Uma História Star Wars em Imax 3D (Rogue One)

12/17/2016 02:31:00 AM |

Um sábio mestre jedi diria que enquanto oportunidades tiver, renda fará. Pois não digo que "Rogue One" é daqueles filmes obrigatórios no Universo Star Wars, mas conta um pedaço que simplesmente ocorreu entre outros filmes e que de certo modo explica de uma maneira mais bacana do que o apenas aceite. Porém para um pedaço que ocorre em cerca de 5 minutos no longa original, aqui necessitou 134 minutos de projeção, das quais quase 100 podemos colocar como enrolação, para que somente no final o bicho realmente pegue e empolgue. Claro que dentro desse contexto alongado temos bons momentos ocorrendo, personagens interessantes e até uma história bem cadenciada, mas só quem realmente for muito fã vai gostar do resultado completo, senão vai acabar cansando no miolo e só não irá reclamar do que viu, pois o final compensa toda a espera. Ou seja, é um filmão que até agrada, mas poderia ser bem menor.

Ainda criança, Jyn Erso foi afastada de seu pai, Galen, devido à exigência do diretor Krennic que ele trabalhasse na construção da arma mais poderosa do Império, a Estrela da Morte. Criada por Saw Gerrera, ela teve que aprender a sobreviver por conta própria ao completar 16 anos. Já adulta, Jyn é resgatada da prisão pela Aliança Rebelde, que deseja ter acesso a uma mensagem enviada por seu pai a Gerrera. Com a promessa de liberdade ao término da missão, ela aceita trabalhar ao lado do capitão Cassian Andor e do robô K-2SO.

Como iniciei o texto, o que posso falar de cara é que produtores são pessoas oportunistas, então já foi falado que está programado sempre um filme Star Wars e um paralelo dele intercalando os anos, ou seja, vão ter de trabalhar bem a criatividade para que não vire apenas um produto aonde tudo aconteça num único pedaço e o restante seja a tão famosa encheção de linguiça. De forma alguma digo que o trabalho que Gareth Edwards nos entregou aqui seja um produto ruim, pois agrada visualmente, possui uma certa modernidade bem encaixada, uma história bem contada, e principalmente uma conexão bem determinada com o primeiro filme, o Episódio IV de 1977, mas trabalhou demais a proposta empulhando conceitos e personagens, para algo que poderia ser bem mais enxuto e agradável, o que certamente empolgaria bem mais e cansaria menos. Claro que assim o longa não seria tão didático como acabou sendo, mas mostraria uma dinâmica mais coerente, ainda que o filme não soasse tão forte. Ou seja, teria várias vertentes de entregar o mesmo resultado final (que são as empolgantes últimas cenas), mas que aí dependeria de diretor para diretor finalizar com seu estilo próprio.

É fato que se o filme não fosse longo o suficiente não poderiam desenvolver tanto os grandes atores que estão na produção, e assim nem todos conseguiriam obter grande destaque, mas como tivemos um alongamento, o resultado das interpretações podemos dizer que foi bem satisfatório de ver. Começando por Felicity Jones, que já disse em outras oportunidades que vem numa crescente de boas interpretações, melhorando cada vez mais os olhares e trejeitos, de tal maneira que sua Jyn começa um pouco insossa, mas vai tomando forma e ao final já nos conectamos bem para estarmos torcendo por ela, ou seja, ela conseguiu fazer com que sua personagem crescesse dentro da trama, o que é algo bem difícil de fazer. Chegamos num ponto da trama que acabamos ficando bem incomodados com o estilo que Diego Luna coloca para seu Cassian, mas conforme ele vai trabalhando a dramaticidade do personagem e desenvolvendo bem a química junto com a protagonista, o resultado vai melhorando e acaba sendo agradável seu fechamento. Forest Whitaker caiu como uma luva para a personalidade estranha que Saw Gerrera exigia, e o ator merecia até mais momentos na trama para desenvolver bem o lado rebelde que o filme tanto fala, pois o ator que é muito bom nesse estilo incorporaria a causa e criaria mais força para alguns momentos fracos da trama, mas ainda assim suas cenas fizeram por valer. Ben Mendelsohn entregou um Krennic bem colocado, mas fraco demais para ser o vilão da trama, tanto que foi necessário colocar Darth Vader na trama, senão acabaríamos com o longa tendo apenas alguém mediano para assustar todos. Dentre os demais personagens, temos de dar destaque para a boa dinâmica divertida que deram para o robô K-2SO dublado por Alan Tudyk, para o bom encaixe que Donnie Yen deu para seu Chirrut sempre falando da Força e lutando como nunca mesmo sendo cego, e até mesmo para algumas cenas de Riz Ahmed com seu Bodhi, que soou divertido e interessante.

Quanto ao visual da trama, sem dúvida alguma vamos ver cada ano um filme melhor que o outro no conceito desenvolvido da tecnologia, pois cada vez mais a profundidade de espaço vai ser melhorada com o uso do 3D, novas naves irão cruzar para todos os lados, e claro sempre nas conversões tentarão colocar elementos saindo da tela para termos boas perspectivas, mas o grande trunfo desse novo longa foi a passagem por diversos planetas/luas para mostrar vegetações, climas e ambientes diferenciados, e com isso personagens também característicos desses locais (claro que tudo inventado das mentes mais malucas do planeta - o nosso no caso) que foram resultado de um trabalho minucioso da equipe artística, o qual faz valer mais ainda assistir ao filme, pois como disse no conceito de história tudo é muito alongado, e quando temos filmes dessa forma, o melhor que se faz é preencher com boas cenografias. A fotografia optou por diversos ângulos para realçar os efeitos, e principalmente brincou muito com diversos tons, seja para realçar a atmosfera de cada lugar, ou para criar tensão em algumas cenas, e o resultado é bem interessante de ver.

Mesmo sendo o primeiro longa da série que John Williams não compõe a trilha sonora, podemos dizer que o trabalho de Michael Giacchino honrou tudo o que já foi feito colocando claro as trilhas clássicas, e misturando alguns ritmos e riffs para que soasse levemente novo, o que acaba agradando e segurando o ritmo da trama.

Enfim, não posso falar que foi o melhor da saga, pois passou bem longe disso, mas que será bacana de ver mais para frente na ordem completa I, II, III, 3,5(no caso esse), IV, V, VI, VII, VIII, IX, e claro colocando os outros do meio que teremos, pois aí sim quem sabe ficaremos interessados no contexto completo, e o resultado seja outro. Mas por enquanto recomendo claro ele mais pela produção do que pela história em si, afinal ficou bem mediano como falei durante quase 100 minutos, para depois no final empolgar com muita classe e dinâmica. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos das estreias que apareceram por aqui, então abraços e até mais.

PS: Fiquei na dúvida de 7 a 8 coelhos, daria talvez um 7,5, mas como não quebro coelhos na metade, e a pontuação tá mais para baixo, arredondei 7.

Leia Mais

13 Minutos (Elser) (13 Minutes)

12/15/2016 12:47:00 AM |

Sempre que falo que o cinema alemão é 8 ou 80, muitos acabam retrucando, mas é raro ficarmos em cima do muro com os longas feitos por lá, e mais raro ainda encontrar longas ruins que mostrem a época do nazismo, pois conseguem determinar bem o contexto da época e ainda trabalhar com frieza tudo de ruim que aconteceu, além de sempre dar aquela leve cutucada no calcanhar para mostrar os pontos que a população era contra e os fanáticos que não ligavam para qualquer coisa que lhes eram ditas (mesmo que fosse a verdade), pois apenas ouviam o que desejavam ouvir. E sendo assim, "13 Minutos" realça tudo isso com muita tortura, muitas cenas impactantes, muita determinação da equipe, mas principalmente pela ótima interpretação que o protagonista acaba entregando em cena, fazendo do longa quase um daqueles filmes de ator, mas sem falhar no contexto histórico a trama acaba vivenciando muito mais sem perder a dinâmica em momento algum.

O longa nos mostra que foram apenas 13 minutos que impediram o carpinteiro Georg Elser de mudar o curso da história. No dia 8 de novembro de 1939, ele instalou uma bomba atrás do púlpito de Adolf Hitler em um pub em Munique. O Führer, no entanto, deixou o local antes do previsto e sobreviveu à tentativa de assassinato. Elser é preso e, durante seu confinamento, recorda os acontecimentos e os motivos que o levaram a planejar o atentado.

O trabalho do diretor Oliver Hirschbiegel é interessante por sempre misturar bem o seu ponto de vista com o ponto de vista original da história, pois já trabalhou com diversos temas baseados em histórias reais, inclusive já falando de Hitler em outro longa ("A Queda: As Últimas Horas de Hitler") e com isso ele acaba desenvolvendo sua trama de uma forma bem envolvente, pois todos sabemos que somente contar a história por si só acaba vertendo rumos geralmente chatos, ou talvez que não criassem um ritmo bem pontuado. E se tem algo que me impressiona em um diretor é ele demonstrar sua opinião e ainda fazer bem isso, pois alguns diretores optam deixar que o público crie sua história da trama, e ache o que quiser dos diversos momentos, o que felizmente não ocorre aqui, pois quando precisou ser duro e mostrar torturas, ele foi lá e colocou, quando precisou mostrar um romance quente foi lá e trabalhou bem, mas principalmente evitou exagerar em cada momento para que a história fluísse bem e fosse interessante de ser acompanhada, criando perspectivas boas independente da ideologia política ou da fé de cada personagem, acertando assim em cheio na ideia da montagem completa do longa.

Como disse acima o ponto alto do longa, além claro da boa história, ficou a cargo do ator Christian Friedel por dar ótimas nuances expressivas para seu Georg, fazendo cada momento ser único ao cantar, fazer instrumentos com a boca, ser sensual quando partia para as garotas, sério e compenetrado na forma de conduzir o plano e até nos momentos mais duros e tristes da trama soube dosar energia para vivenciar tudo com força e muita dinâmica de impacto, o que é dificílimo de ver em atores não tão experientes, e sem dúvida alguma esse misto de características envolvendo a certa jovialidade do ator, acabaram resultando nos ótimos momentos do filme com sua atuação. Dos demais atores todos foram bem e mereceriam pontuar individualmente, mas como são nomes difíceis demais de ficar escrevendo aqui, vou priorizar dois, e claro que um seria Katharina Schüttler com sua Elsa, pois a atriz fez cenas fortes e sempre demonstrando um ar pessoal maior do que a personagem exigia, ela acabou acertando em diversas cenas somente trabalhando olhares, e claro que com isso adicionou bem uma personalidade marcante para o filme, mesmo que isso não exigisse tanto na história da trama. E Burghart Klaußner fez de seu Nebe um personagem interessante, pois oscilando bem o humor entre raiva e dúvida do que deveria fazer, acabou criando algumas nuances interessantes para serem analisadas tanto no quesito interpretativo do ator, quanto da forma que Hitler, ou o nazismo no caso, tratava seus elos mais "fracos", ou seja, um personagem que digamos inicialmente não tão demonstrativo, mas que lá pro miolo do filme mudamos a forma de olhar, e com o fechamento, a precisão muda novamente para uma outra forma.

O que mais me impressiona em longas de época é a incrível habilidade das equipes de arte arrumarem locações tão bem encaixadas com o momento em que o filme se passa, pois se tudo se passasse em cenas internas tudo bem, é difícil, mas é bem possível de criar um cenário completo seja através de montagens ou até mesmo usando muita computação gráfica, mas quando falamos de cenas externas com casas e prédios bem trabalhados, as equipes correm demais contra o tempo para encontrar tudo perfeito, e aqui temos locações incríveis da época, que junto de outros bons momentos interiores bem apanhados de elementos cênicos acabaram resultando em um trabalho bem pautado e cheio de vivência para ser visto contemplando cada detalhe. Além de uma boa direção de arte, o longa também manteve uma essência bem densa na fotografia, criando momentos certos para cada ato, e trabalhando bem um tom acinzentado num misto com tons de sépia/marrom que deixou o filme sujo, mas que por ter boas cores de contraste não acabou cansando tanto, muito pelo contrário, o que é algo raro de acontecer. O uso de um filtro pela equipe numa cena envolvendo drogas ficou interessante por granular a imagem, coisa que sairia completamente de eixo, e que muitos até criticariam, mas acabou funcionando por pouco tempo e agradou de certa forma.

Enfim, um ótimo filme que vale a pena ser conferido nos cinemas, pois diferente dos outros da Mostra que ou irão estrear bem para frente, esse já se encontra em cartaz em algumas cidades, e que mesmo sendo duro em críticas e até com algumas cenas fortes de tortura, acaba sendo interessante e agradável de ver, pois o trabalho foi mais vivo do que forçado. Portanto recomendo ele, mesmo tendo algumas falhas no interior que poderiam ser minimizadas, como alguns cortes exagerados e um certo didatismo para que o público entendesse o que realmente estava acontecendo, mas que com certeza é bem melhor do que abstrações forçadas. Bem é isso pessoal, amanhã volto com mais um texto da Mostra Internacional, então abraços e até lá.

Leia Mais

Marguerite & Julien: Um Amor Proibido (Marguerite et Julien)

12/14/2016 02:03:00 AM |

Quado temos um filme com pegada clássica, que mostra dinâmicas e construções bem trabalhadas, e que ainda demonstra um alto grau romântico por trás, o que sempre esperamos é sairmos da sessão apaixonados com tudo, e mesmo que haja algo impactante, ainda assim sairemos suspirando. Porém se algo dá errado no miolo, ou dão um jeito de corrigir, ou o filme vai para o ralo, e infelizmente o que aconteceu (felizmente bem próximo do final!) com "Marguerite & Julien: Um Amor Proibido" foi algo que não teve perdão e por bem pouco não me estragou o longa inteiro, pois somente ficamos pensando em que época tudo aconteceu, se seria uma adaptação maluca da pessoa que está contando a história para as crianças, ou se realmente o erro foi algo implícito na trama, e mesmo sendo um spoiler, digo logo de cara o que tanto atrapalhou minha ótima experiência com o longa: um helicóptero captura a mocinha do filme em pleno ano 1603!!! Ou seja, temos um ótimo filme, que algo bizarro acabou atrapalhando um fechamento clássico, mas que ainda assim por ser apenas no momento final da trama, o resultado acaba sendo interessante de ver.

O longa nos mostra que desde pequenos os irmãos Marguerite e Julien são inseparáveis. Os dois formaram um elo forte e não conseguem esconder a paixão que sentem um pelo outro, despertando o repúdio da família e da sociedade aristocrática. E para viver esse amor, Marguerite e Julien fogem.

Apesar do erro que falei no parágrafo inicial, o trabalho da diretora e roteirista Valérie Donzeli acaba sendo bem mostrado em três vertentes que aparentemente não soaram bem coerentes: primeiro pelo modo bonito e fantasioso que é mostrada a infância dos protagonistas, depois vemos a história sendo contada para crianças de uma maneira ingênua e que até poderia ser estranha, afinal estamos falando de incesto, o que não é muito comum de se contar para crianças, e para finalizar já temos toda a vertente de fuga do casal e toda a revolução mostrada, esquecendo completamente as outras vertentes, o que acaba sendo bem incoerente, pois poderiam ter trabalhado todos os lados, mas não aconteceu. E por mais que o erro que citei tenha raspado a trave de destruir tudo, o longa é interessante, primeiro por termos bem poucos longas que ainda mantém o ar clássico, que fale de incesto como uma coisa que era proibida, mas bem comum naquela época, e principalmente por ser um roteiro que Truffaut rejeitou nos anos 70 por achar bem modinha, ou seja, vamos apagar de ter visto aquele helicóptero (tipo pensar que assim como aparecem relógios em filmes de mitologia, ou aviões passando em longas de dinossauros, esse foi um erro que deixaram aparecer por um tempo maior) e ficar feliz que o restante foi muito bem feito (de um modo geral ao menos).

Sobre as atuações o que posso falar de cara é que o ar amoroso do casal permeia bem o ar, mas o conceito expressivo e interpretativo de todos ficou bem a desejar, parecendo que não estavam empolgados com o que estavam fazendo em cena, tudo sendo artificial demais. Anaïs Demoustier até soou interessante no começo com o ar blasé que deu para sua Marguerite, mas foi ficando dura e cheia de rancor no desenrolar da trama que até mesmo ao lado de seu amor tudo estava acontecendo por acontecer, e isso num romance é falha gravíssima, mas na cena das estrelas ao menos voltou a agradar. Jérémie Elkain fez um Julien bem fajuto diriam as mulheres da época, pois com todo o estudo que fez em suas viagens, acabou sendo simplório em cortejos e aparentou inocência demais para agradar na vivência adquirida, claro que isso é um modo de pensar, mas analisando a fundo o ator poderia ter tido uma postura melhor. Agora decepcionante mesmo ficou a interpretação de Raoul Fernandez com seu Lefebvre, pois nem que fosse o maior cobrador de impostos do reino e não recebesse uma moeda para si ficaria com um tom tão rancoroso e irritante que o ator acabou incorporando, fazendo tudo parecer ruim e chato de ver, e isso é um erro gritante. Quanto dos pais dos jovens, Frédéric Pierrot que tanto já vimos em diversos longas franceses até soou bem colocado, mas teve tão pouco tempo para se desenvolver que acabou apagado demais, e Aurélia Petit trabalhou bem, e agradou mais na cena do tapa que em todo o restante choramingado.

No contexto visual ficou muito agradável de ver os castelos franceses do passado, os figurinos pomposos e até bregas em alguns momentos, toda uma direção de arte bem elaborada para ter requinte de uma família de classe com todos os estilos e regras que acabam ocorrendo, mas aí veio o problema gigante e até o filme pareceu sentir um baque imenso, pois mostra um júri simplório, um conselheiro jogado em uma única cadeira, uma cena final de morte bem fraquinha, e um fechamento tão abstrato que certamente não existia no roteiro original e acabaram inventando para conseguir fechar, ou seja, a equipe se perdeu. No conceito fotográfico como sempre o trabalho de velas em cenas escuras é algo lindo de se ver, mas tivemos alguns momentos que tinha tanta iluminação nas cenas noturnas que ficamos pensando com o que imaginaram aquela luz toda, e isso também flui como um erro.

Enfim, é um filme que estava indo numa linha muito boa e interessante de se ver, mas que virou razoável após o erro, e que durante minha escrita acabei lembrando de tantos defeitos que nem tenho mais certeza de querer recomendar ele para alguém, mas ainda vale a pena pelo estilo clássico de reinados que sempre é algo bacana de ver, mas vá preparado para o susto agora que já soltei o spoiler. Então fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto da Mostra Internacional, fiquem com meus abraços e até breve.

Leia Mais

A Última Ressaca Do Ano (Office Christmas Party)

12/13/2016 12:54:00 AM |

Ainda estou procurando a ideologia que a distribuidora chegou para transformar "A Festa de Natal da Empresa"(Office Christmas Party) em "A Última Ressaca do Ano", pois ao criar um novo "Projeto X" com uma temática natalina, adicionando a estrutura de filmes empresariais, o resultado foi uma bela bagunça, mas que de tão zoneada acaba sendo divertida, e claro que sem perder o ritmo, os roteiristas acabaram colocando piadas com tudo o que fosse possível, desenvolvendo a história de tal maneira que o propósito completo fosse um pouco esquecido, mas ainda finalizando de uma forma bem colocada (com algo proposto bem no comecinho e que talvez até fosse esquecido) que acaba agradando quem for disposto a se divertir. Porém se for esperando um filme com efe maiúsculo é capaz de sair decepcionado, e essa sem dúvida não era a proposta da trama, pois nessa época natalina, o que não podemos perder é o espírito de diversão.

A sinopse do longa nos conta que com a morte recente do pai, os irmãos Clay e Carol Vanston disputam o controle da empresa de tecnologia por ele criada. Presidente da companhia, ele é ameaçado por ela, CEO, que planeja inclusive demitir todos os funcionários. Visando impressionar um novo cliente que pode representar sua garantia no poder, Clay pede que seu braço direito, Josh, organize uma espetacular festa de Natal.

Não temos como dizer que o trabalho de Josh Gordon e Will Speck foi algo memorável no cinema cômico, mas seus filmes sempre prezam pela diversão mesmo que flua por caminhos tortuosos, e sendo assim, acabam entregando longas que primam por uma grande energia que geralmente começa mostrando algo palpável, e com o andar da trama acaba se perdendo, voltando ou não para o que desejavam mostrar logo de cara, mas sempre frisando, que vão te fazer rir com a bagunça. Talvez se o foco tivesse sido mantido de conseguir a conta usando alguns meios, e não misturando tanto a bagunça com diversos outros coadjuvantes, o longa fosse até mais interessante, mas como o longa não desandou tanto, o resultado do filme foi mantido, e os diretores souberam dosar o resultado repassando as boas qualidades de cada um sem ficar focado demais no recheio. Acredito que o maior problema do filme esteja no roteiro, que escrito por seis roteiristas, cada um desejou mostrar um pouco demais do personagem que tinha em mãos para desenvolver, e os diretores por não querer magoar ninguém acabou jogando tudo junto na panela final.

Felizmente a graça do filme passou longe de Jason Bateman, que insiste em fazer comédias mesmo não sendo uma pessoa divertida, e com boas nuances de seu Josh, ele acabou ficando bem no meio do caminho como um protagonista secundário que diverte menos do que poderia, mas mais do que caberia para seu personagem, e sendo assim é possível ligar ele como um bom elo, afinal os diretores já trabalharam com ele, e sabiam até onde podiam explorar. E da mesma forma Jenifer Aniston entrou na parada com sua Carol, porém com um tom de humor mais agressivo ela acabou conseguindo fazer rir, pois quem fica sério demais e impõe demais acaba soando forçado, e isso sem dúvida era o que desejavam. Agora quando a maluquice imposta por T.J.Miller para com seu Clay entra em ação não tem como não se divertir, pois usando bem a argumentação de que tudo é possível para fazer rir, o ator acaba se empolgando cantando, fazendo besteiras e até entrando numa boa dinâmica com os textos relacionados à outros filmes, e assim acaba caindo como uma luva na proposta. Dentre os demais personagens, acabamos nos divertindo bastante com Kate McKinnon mais pela ideologia de pessoas do RH que costumam ser extremamente chatas, e que sua personagem Mary incorporou tão bem, mas claro que para isso foi a personagem que mais apelou para exageros, o que poderiam ter economizado um pouco. Olivia Munn fez bem seu papel de Tracey, mas mais como a bela garota da informática que o chefe tem uma queda, e claro que vai ajudar bem no final, mas seu papel quase desaparece no meio do caminho.

Sobre o visual da trama, nesse estilo de filme tenho certeza absoluta que a equipe de arte fala para todos, levem o máximo de coisas malucas possíveis para o set, e vamos usar tudo, pois inicialmente até temos um escritório certinho, com salas tradicionais (claro que com personagens malucos que praticamente não trabalham nada), mas ao começar a festa, literalmente aparece de tudo (inclusive renas), e ao final a destruição é tão grande que nem se tivesse passado um tornado pelo set a bagunça teria sido tão grande, ou seja, um trabalho imenso da equipe artística. Com uma fotografia mista com cores bem vibrantes para dar o tom cômico, e pontuando algumas cenas mais densas de cor neutra misturadas com o branco da neve dando uma frieza, para que o filme tivesse um ar dramático em alguns momentos, o resultado ficou bem plausível, o que é bacana de ver que tiveram a preocupação disso tudo, mesmo dentro de uma maluquice completa.

O longa teve um ritmo bem cadenciado, com diversas canções funcionando como elo para as maluquices, mas principalmente encaixando bem como trilha sonora da festa, e sendo assim uma boa festa sempre é composta de boas músicas, então claro que deixo aqui o link para ouvir todas elas.

Enfim, um filme que vale mais pela diversão que causa, do que pela história que tentam passar, pois não é algo que se pode levar a sério, e muito menos tentar filosofar com esse estilo de longa, pois a proposta principal é a loucura. Portanto se você gosta desse estilo vá para o cinema e se divirta muito, mas se teve qualquer tipo de problema com outros que remetem à bagunça, evite. Bem fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o primeiro texto da semana da Itinerância da Mostra Internacional, então abraços e até breve pessoal.

Leia Mais

Tamo Junto

12/12/2016 01:41:00 AM |

Sabe aquele momento que você vai no cinema esperando ver um filme comum, mas sai da sessão tão feliz com o que viu que sequer pensa nos defeitos possíveis de terem passado despercebidos? Fazia tempo que não acontecia isso comigo, mas posso dizer que sem dúvida alguma "Tamo Junto" possui muitos defeitos, porém com toda certeza nenhum deles é ser novelesco, e se posso dizer junto com essa "qualidade" é que sem hesitar, agora quando me pedirem uma indicação de comédia romântica nacional, saberei dizer rapidamente o nome do filme, pois além de ser um filme gostoso pela boa história, pelas atuações na medida, pela direção bem consistente, o longa ainda diverte com ideologias bem colocadas prontas para serem bobas, mas de um modo bem trabalhado para não virar pastelão, e muito menos cair em desgosto. Ou seja, raspou a trave de pular esse filme nessa semana, e certamente iria me arrepender demais, pois diria que faltava um longa desse estilo no Brasil, para mostrar que sabemos sim fazer boas comédias românticas, e agora é marcar o nome do diretor, e esperar novos projetos seus, pois se dirigindo, roteirizando e ainda por cima atuando Matheus Souza deu um show na tela, o que mais ele pode fazer se ficar só atrás das câmeras?

O filme nos mostra que depois de um longo relacionamento, um cara se vê solteiro pela primeira vez. Se sentindo livre, ele planeja cair na gandaia e recuperar o tempo perdido, mas logo descobre que o novo estado civil não é tão divertido quanto ele achava que seria.

Acho que nunca tomei um choque tão grande como ao chegar em casa para escrever e ver que o diretor e o ator coadjuvante que tanto adorei o estilo eram a mesma pessoa, pois desconhecia totalmente Matheus Souza até a presente data, e acabei ficando muito feliz de ver que as diversas colagens que fez eu seu longa foram tão bem trabalhadas e agradam demais. Digo colagens, pois o filme possui essência de diversos outros filmes, e certamente ele ao escrever o texto se baseou nesses filmes, e acabou criando algo bem apropriado para dizer que é seu, e ao desenvolver a personalidade de seu Paulo, provavelmente pensou que a maior dificuldade seria arrumar um bom ator, de preferência desconhecido para dar voz ao personagem, e resolveu que seria sua estreia do outro lado das câmeras, e o misto completo foi tão bom, que poderiam criar uma continuação para ontem, que certamente estaria a postos para conferir, afinal longas que conseguem dosar bem o lado romântico gostoso de uma boa comédia, e a comicidade leve de um bom romance, tem de gerar grandes frutos, e o trabalho que o diretor/roteirista nos entrega aqui é algo sublime e de muito boa qualidade para ser apenas um longa. Li rapidamente que esse é o fechamento de uma trilogia, a qual não vi os outros dois filmes por não terem chego nos cinemas do interior, mas felizmente esse longa fluiu bem sozinho, e isso é algo que me deixa mais feliz ainda, pois como sempre friso todo filme não deve necessitar de outros para agradar, e o diretor soube bem como fazer, mas claro que pretendo ver "Apenas o Fim" e "Eu Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida", para ver o quanto tudo se encaixa.

Sobre as atuações, é fato que o diretor Matheus Souza não é o protagonista da trama, mas seu Paulo é tão interessante, com trejeitos (alguns forçados) divertidos e bem colocados dentro da ideologia do personagem, que acabamos nos conectando e divertindo com as situações que acaba envolvido, e da mesma forma que o protagonista vive perguntando "Qual o seu problema?" para ele, também nos vemos indagando isso e o fechamento de amizade entre ambos é tão bom que soou perfeito, ou seja, são raros casos que um diretor/roteirista se dá bem na atuação de seu próprio filme, mas usando uma frase sua do longa, ele estava construindo o filme da história de sua vida ali, e só ele poderia fazer bem isso, ou seja, perfeito! Leandro Soares também é razoavelmente novo nas telonas, pois só fez o longa anterior do diretor como um leve figurante, e nada mais, mas soube encaixar bem a personalidade fracassada de seu Felipe e com uma dinâmica pontual de poucas expressões, ele evitou clichês e ainda acabou acertando com alguns bons olhares, e assim acertando também na boa química com Matheus e claro com Sophie. Falando em Sophie Charlote, a atriz foi tão bem encaixada que valeria até mais tempo de projeção com sua Julia, pois foi divertida com as propostas dinâmicas, e com isso acabou se desenvolvendo bem dentro da personagem, e por trabalhar a expressividade de uma forma bem sincera acabou agradando bastante. Tivemos muitas participações boas no longa, mas sem dúvida a abertura com Fernanda Souza é algo para começar o longa rolando de rir, e até mesmo o momento mais apimentado com Antonio Tabet foi bem colocado na trama, mas também temos de pontuar que os diversos amigos do protagonista ficaram bem exagerados, e poderiam ter economizado as cenas com eles, e no lugar poderiam ter enfeitado mais a trama com o romance do diretor com Alice Wegmann, pois a fofura nerd não teria limites ali.

Com locações mais fechadas, entre um apartamento, uma quitinete, uma casa de família meio suspeita, duas boates e uma festa de casamento, o longa foi bem simplista nas escolhas, mas sem dúvida alguma com a quantidade de bons elementos nesses ambientes, o filme tomou uma proporção bem incrível de ver, e mostrou que a boa pesquisa sempre é algo interessante de ver nos longas, pois ao colocar nos dois quartos elementos complementares da cultura nerd foi algo tão charmoso que nem seria mais necessário os demais elementos, porém a equipe foi precisa em não apelar nas cenas extras, caindo somente no fluxo correto, como na festa sem muita destruição, mas sendo uma festa bem animada, nos momentos românticos trabalhando com simplicidade para comover, e encaixando nas cenas mais apimentadas o elo certo sem que perdesse a classificação, ou seja, um bom trabalho que vale a pena ser observado. Um detalhe interessante ficou a cargo da fotografia, pois como tivemos ambientes pequenos, a equipe soube trabalhar com filtros de diversas cores, e boas lentes para ampliar os espaços, o que acabou ficando bem interessante de analisar, junto claro com os tons corretos para dar o ar de romance, o clima de paixão e até mesmo alguns momentos mais depressivos na dosagem certa.

Enfim, vou dormir cantando "Whisky a Go Go", pois mesmo tendo outras boas músicas, essa é a predominante da trama em muitos momentos, e pensando o quão bom foi conferir o longa nessa semana, afinal acabou me animando bastante para os demais filmes que irei conferir, e claro por conhecer um novo (desconhecido ao menos para mim) diretor que promete muito pelo estilo que acabou entregando, e assim sendo uma referência de indicação para um estilo que raramente fazem bem no país, afinal acabam sempre caindo para as comédias pastelão ou dramáticas que sempre recaem para o lado mais novelesco. Portanto, se tiver um tempo livre, vá ao cinema conferir este longa, pois vale muito a pena, e é garantido a diversão. Bem é isso, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais estreias, então abraços e até logo mais galera.

PS: Só não dou uma nota maior para o longa, pelo excesso de clichês recorrentes, e por algumas cenas serem dispensáveis, mas pelo restante valeria muito mais.


Leia Mais

Fallen

12/10/2016 02:07:00 AM |

É fato que o mercado de cinema para jovens que gostam de sagas românticas fantasiosas anda em falta, mas sabendo disso ficou um pouco estranho uma trama que os livros foram sucesso de vendas, e que foi gravada há mais de 3 anos, com o segundo filme sendo anunciado no ano seguinte, ser lançada somente agora. Mas após conferir "Fallen" fica claro o motivo de tanto atraso, primeiro para que o público esquecesse completamente (ou parcialmente ao menos os fãs) a saga "Crepúsculo", pois o longa se parece bastante na forma contextual da trama, porém felizmente é melhor de aturar por trabalhar mais algo menos fantasioso, e o segundo motivo certamente foi pelos efeitos especiais de nível bem fraco que em alguns momentos (na luta final principalmente) chegam até incomodar de tão mal-feitos. Porém tirando esses detalhes técnicos, a trama possui potencial para segurar as jovens amantes de romances proibidos e fantasiosos, que certamente irão ao cinema mais para ver o galã, e que acabarão lendo os livros (ou relendo quem já os possui desde 2009) por não aguentar até sabe quando irão lançar os demais filmes, afinal são 4 livros para se adaptar se quiserem mostrar a saga inteira da autora Lauren Kate.

A sinopse nos conta que responsabilizada pela misteriosa morte de seu namorado, Lucinda Price vai para um reformatório. Em Sword & Cross ela se aproxima de Daniel Grigori, sem saber que ele é um anjo apaixonado por ela há milênios, e também não consegue se manter afastada de Cam Briel, outro que luta há tempos por seu amor.

Se ao ler a sinopse, ver o trailer e olhar para o pôster e não se conectar com a ideia que já vimos por outrora, me diga em que mundo você viveu nos últimos anos que milhões de jovens lotaram os cinemas para ver a disputa Jacob vs Edward por Bella. Claro que de uma forma bem menos enfadonha, a trama aqui é mais virtuosa por trabalhar elementos mais clássicos e até usar passagens bíblicas conhecidas, mas certamente ainda precisaria de uma melhor polida para que não ficasse tão semelhante ao que já vimos, e principalmente não necessitasse de uma continuação tão marcada, pois colocando um pequeno spoiler, a trama acaba sem um final claro, deixando completamente aberta para continuar num próximo filme, e aí é que entra o grande ponto crucial, se demoraram tanto para lançar o primeiro filme, quanto tempo irão demorar para fazer a continuação? Sobre a direção de Scott Hicks, o que temos de pontuar é que soube observar bem os atores e dar mais dinâmica nas cenas que marcariam algum momento maior, pois o filme mesmo sem ler os livros, certamente tiveram uma pegada diferente, e ele soube dosar as partes mais coerentes para não ficar algo tão cansativo e teen, embora esse seja o público-alvo da trama. Outro detalhe é o excesso de flashbacks para mostrar tanto a morte do namorado de Luce, quanto de seu passado, pois numa montagem diferenciada isso fluiria bem melhor e agradaria bem mais, embora ainda seja um filme gostoso de ver.

Sobre as atuações, a equipe optou por não usar atores tão conhecidos do público, para que fossem criados mesmo os personagens e que talvez após o filme eles passassem a ser conhecido como determinado personagem, mas não posso dizer que a interpretação deles causasse grande furor, pois todos foram bem medianos nas interpretações e soaram simples demais para cada personagem. Addison Timlin foi bem jovial na forma de expressar de sua Lucinda ou Luce como vários chamam, e até agradou por não soar tão ingênua e ter uma certa personalidade, mas faltou dinamizar mais seus atos para que ficasse realmente marcante como aparenta em diversos momentos da história. Jeremy Irvine entrou na trama para ser o galã Daniel, e apenas isso, pois não temos uma grande cena de diálogo em que possa mostrar o nível de sua interpretação, e olha que teve dois grandes momentos para isso, e apenas fez o básico, mas é claro que a mulherada nem vai ligar para isso quando o jovem estiver na piscina. Harrison Gilbertson fez de seu Cam, aqueles personagens que queremos saber mais de sua história, ver o quão intrusivo pode ser com os demais personagens e claro brigar com muito galanteio a disputa como principal affair da protagonista, mas lhe deram tão poucas oportunidades para isso que o ator quase some em cena, o que não é legal, afinal ele mostrou desenvoltura para chamar bastante atenção. Temos de dar destaque com toda certeza para Lola Kirke, que fez de sua Penn uma amiga daquelas que não param de falar mesmo quando queremos ficar quietos num canto, e com uma boa personificação, a atriz interpretou bem e deu dinâmica para o longa de maneira a querermos até mais momentos com ela. Os demais personagens tiveram poucos momentos para se mostrar, mas agradaram dentro do possível, tendo leves destaques para Sianoa Smit-McPhee com sua Molly e Joely Richardson como a professora Sophia, pois ambas foram determinantes nas cenas de maior impacto, embora sejam bem rápidas.

No conceito visual a trama arrumou uma locação incrível na Hungria para fazer o reformatório e que certamente merecia mais cenas nos diversos ambientes, pois se olharmos a fundo a equipe trabalhou diversos detalhes com elementos cênicos bem encaixados, que certamente tinham grande importância nos livros, mas volto a frisar que longas desse estilo preferem focar no romance do que no contextual, e sendo assim só quem estiver bem disposto a ir pegando detalhes irá captar alguns momentos mais interessantes e focados. Outro bom ponto para a equipe de arte foi na concepção dos diversos momentos do passado dos protagonistas, pois ao recriar momentos mais requintados fizeram um trabalho de arte com bastante pesquisa e luxo para ser visto na tela, só é uma pena que sejam flashes rápidos. A fotografia para dar um ar místico trabalhou com muita fumaça, cenas noturnas e ambientes escuros para criar sombras e pontuar momentos mais clássicos, e isso foi uma grande sacada, pois o filme ganhou um tom mais sério e interessante de acompanhar. Agora se teve algo que realmente não deu certo no longa foi para a equipe de efeitos especiais, que acabou entregando algo muito esquisito de se ver numa tela de cinema, como asas brilhantes com detalhes estranhos, uma luta que parecia criar trovões e raios que surgiam do nada e chegavam a lugar algum, umas sombras negras densas que podiam ser movidas com as mãos como se fossem um Ipad gigante, e por aí vai, de tal maneira que se forem realmente fazer um segundo filme, esperaremos uma melhora significativa para que possa empolgar mais.

Com uma boa trilha sonora, o longa teve um ritmo marcado e bem colocado, o que certamente deu um tom gostoso de acompanhar, mas poderiam ter escolhido bandas mais dark para que o filme fosse mais dentro dessa proposta.

Enfim, é um filme interessante de ver, e que agrada dentro da proposta que escolheu atingir, mas que falta ainda muito caldo para chegar a ser daqueles filmes que iremos esperar com grande sede a sequência, e talvez se for no mesmo ritmo que foi para lançar esse, quando vier o próximo nem iremos lembrar da existência desse. Portanto recomendo somente para quem realmente gosta desse estilo, e veremos se terá fôlego suficiente para que todos os livros da saga sejam lançados no cinema. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos das estreias, então abraços e até qualquer momento pessoal.

Leia Mais

Heartstone (Hjartasteinn)

12/09/2016 01:36:00 AM |

A adolescência é uma fase que ou você ama ela ou odeia, sendo algo bem raro alguém que fique no meio do caminho com as descobertas emocionais e o desenvolvimento do corpo, e quando falamos de filmes que envolvam essa temática, são casos raríssimos que saem da mesma proposta, uns trabalhando mais o lado emocional do primeiro amor, outros mexendo mais com o lado emocional da coisa em si, e agora ultimamente tem aparecido um pouco mais envolvendo a temática homossexual nessa época que muitos definem em bom tom de "aborrescência", e que ultimamente tenho concordado bastante com essa denominação. Não digo de forma alguma que "Heartstone" seja um filme ruim, mas ficou parecendo algo que já vimos diversas vezes, com outro estilo de acabamento e que a cada cena já vamos preparados para tudo o que vai acontecer, o que acaba sendo um grande inconveniente, mas talvez com uma pegada mais aprofundada o longa nos mostre um pouco mais da vida no campo das crianças em países com baixa população, e um clima bem diferente do que estamos acostumados.

Em meio a um pequeno vilarejo de pesca na Islândia dois adolescentes ficam amigos. Thór e Christian passam a viver turbulentas experiências no verão. Enquanto um deles tenta conquistar o coração de uma garota, o outro descobre que está desenvolvendo sentimentos pelo amigo. Quando o verão acaba e o rigoroso inverno atinge o país, eles precisam assimilar a vida adulta.

Estreando na direção de um longa, o islandês Guðmundur Arnar Guðmundsson foi categórico na seleção dos jovens e deixou seu filme com um estilo diferenciado, por termos jovens de diversas idades, mas todos dentro da faixa que compreende a adolescência, e se fazer um longa de estreia já é algo complexo, imagina colocar junto diversos jovens na fase mais maluca de suas vidas! Ou seja, certamente o diretor teve milhares de problemas com personalidades diferenciadas, com decisões do que fazer, e claro que com isso a estética do longa ficou um pouco prejudicada, pois ele precisou entregar algo mais básico. Digo isso pois com toda certeza muitos mudariam o vértice da trama na cena que eles estão no penhasco, afinal ali sim o longa tende a ir para um diferencial mais trabalhado e que renderia frutos imaginativos inimagináveis na cabeça do público, mas como o filme não é nosso, o diretor optou por desenvolver brigas familiares de pais separados e como os filhos lidam com isso, colocou as aparições dos primeiros pelos e como os jovens lidam com isso, colocou as primeiras relações, e as determinadas formas de amizade, colocou brigas de pequenos com os quase adultos, e claro que colocou o ciúmes em pauta, ou seja, tudo o que poderíamos esperar de um filme do estilo. Portanto temos quase uma "Malhação" islandesa na telona, claro que com vertentes mais artísticas e elaboradas, mas que facilmente será esquecido muito em breve, ou talvez citado quando virmos novamente outro longa desse estilo, afinal sempre tem um novo diretor querendo mostrar tudo isso novamente.

Com um elenco bem jovem e que provavelmente fez sua estreia nos cinemas, o longa possui diversos defeitos de expressões, mas que não incomodam tanto quanto a temática, e sendo assim temos de pontuar que os dois protagonistas Baldur Einarsson e Blær Hinriksson, respectivamente Thor e Cristian foram bem colocados e criaram boas dinâmicas de amizade e ao trabalhar bem os olhares principalmente mostraram que podem com certeza ter um bom futuro dentro do cinema. Não posso dizer o mesmo das garotas, pois mesmo sendo aparentemente mais maduras que os garotos, Diljá Valsdóttir e Katla Njálsdóttir pareciam bem perdidas na trama com suas personalidades jogadas sempre para fazer um certo charminho cênico. Do elenco mais velho, Sveinn Ólafur Gunnarsson como pai de Cristian, e Søren Malling como Sven são os destaques em pequenas cenas no meio dos jovens.

Coloquei uma pergunta para os amigos responderem, e volto a colocá-la aqui no site, pois acabei ficando intrigado com isso: Temos algum filme que mostre cidades agitadas, urbanas e com características mais marcantes na Islândia? Pois esse já é o quarto ou quinto filme do país que só mostram áreas rurais ou litorâneas, com uma população minúscula que vive de criações de animais e pesca, e enfrentam um frio forte que mexe com as emoções das pessoas! Ou seja, a direção de arte acabou trabalhando dentro dessa perspectiva, claro que escolhendo muito bem locações marcantes para a proposta, com destaque para o estábulo e o penhasco, mas que funcionou mais para uma simbologia maior dentro da trama, e pouco para um visual realmente expressivo, e claro que temos de pontuar também a doca, aonde começamos e terminamos com o famoso e feio peixe-pedra. Tenho de falar também da fotografia intimista que o diretor optou trabalhar, sempre com a câmera bem proximal dos protagonistas, luzes mais detalhadas que acabaram tendo até alguns deslizes com sombras, mas que dentro da proposta até que acabou funcionando razoavelmente.

Enfim, um filme que muitos vão até se apaixonar pelo tema, alguns vão se identificar ao relembrar de sua adolescência, mas que diria como filme algo totalmente dispensável, pois é mais uma obra mostrando mais do mesmo, portanto não recomendo ele, mesmo tendo bons momentos e um teor artístico interessante. E sendo assim, encerro minha participação na Itinerância da Mostra Internacional dessa semana (não conseguirei conferir os longas do Domingo), mas volto na próxima terça com mais textos dos da próxima semana, e claro que amanhã já volto com as estreias normais dessa semana, então abraços e até breve pessoal.

Leia Mais