Netflix - Let's Dance

6/28/2020 09:01:00 PM |


Alguns filmes conseguem trabalhar tão bem a essência e espalhar mais do que um simples roteiro, de forma que acabamos nos envolvendo nas musicalidades, torcendo para os protagonistas e tudo mais, mesmo sabendo que na maioria das vezes o fechamento vai ser com tudo dando certo. Ou seja, os diretores/roteiristas já fazem toda essa montagem correta para que nosso cérebro caia certinho na ideia e se desenvolva o carisma para cada ato, e dessa forma o longa francês da Netflix, "Let's Dance", consegue agradar bastante, brincando tanto com a desenvoltura seca dos protagonistas, como o descobrimento de novas frentes em suas danças, ao ponto de que um recomeço para alguns sai como mudança para outros, e usando bases de perseverança de grandes filmes, trabalhando com atitude e tudo mais, o resultado acaba sendo gostoso e motivacional de ver, ao ponto que vamos entrando no ritmo, e ao final já torcemos pelas conexões de tudo. Sendo assim, é daqueles filmes que vai agradar alguns tipos de pessoas, geralmente aqueles que gostam mais de dança, mas que também passa boas mensagens no contexto geral, e que vai funcionar para um público maior também.

A sinopse nos conta que a paixão de Joseph pela dança hip-hop o leva a rejeitar um emprego na empresa da família e a se mudar para Paris para tentar a sorte. Com sua namorada Emma e seu melhor amigo Karim, ele se junta a uma equipe formada pelo proeminente disjuntor parisiense Youri para tentar ganhar uma competição internacional de hip-hop. Na preparação para o evento, nada corre como planejado - Joseph é traído por Emma e Youri, e o grupo implode. Tomado por Rémi, um ex-dançarino de balé que se tornou professor, Joseph descobre o mundo da dança clássica e é apresentado à deslumbrante Chloé, que está se preparando para uma audição para o New York City Ballet. Através do encontro, orquestrando uma aliança improvável entre hip-hop e balé, Joseph aprende a desenvolver uma personalidade como dançarino, líder e legitimidade como artista.

Talvez a maior falha do longa tenha sido a falta de uma direção mais imponente, pois é o primeiro filme de Ladislas Chollat, que se baseou na franquia americana "StreetDance 3D", e acabou roteirizando uma trama até que envolvente, que passa uma verdade nos atos, e até cria um molde bem centrado em cima dos jovens que vivem (ou tentam pelo menos) de dança no mundo, buscando se encontrar como artista, como coreógrafos ou até mesmo professores de outros dançarinos, incorporando sonhos, e dando nuances suficientes para que os jovens sigam seus objetivos sem desistir por qualquer coisa. Ou seja, a ideia toda foi muito bem feita, a história foi bem amarrada, mas faltou aqueles momentos de arrepio que alguns diretores sabem fazer bem, aonde o clímax pegaria fundo e levaria a trama até o final perfeito, pois ao final temos sim uma bela dança e uma junção completa de tudo o que desejavam passar, mas fecha com isso, e talvez um pouco antes emocionaria mais. Sendo assim, não digo que foi algo ruim o que ele fez na sua estreia, mas que certamente daria para aprimorar um pouco mais e entregar algo ainda melhor.

Sobre as atuações, fiquei até assustado ao pesquisar e ver que ao menos os protagonistas eram atores mesmo dançando, e não algum grupo de dança formado, pois todos mandaram muito bem nos movimentos e chamaram bastante atenção do começo ao fim, começando com Rayane Bensetti (que por acaso ganhou o Dança dos Famosos da França), e aqui entregou um Joseph bem cheio de olhares, com boas dinâmicas, e criando coreografias bem inusitadas para seu personagem, indo bem tanto na interpretação do personagem com ares introspectivos, momentos de dúvida e tudo mais, quanto na dança. Alexia Giordano também trouxe personalidade para sua Chloé, dançando bastante, trabalhando sentimentos e funcionando com um ar tímido e gracioso, além de entregar muita química com o protagonista. Guillaume de Tonquédec deu o ar mais adulto para a trama com seu Rémi, ousando em atos mais diretos, encontrando trejeitos clássicos de professores, e principalmente incorporando lições para os demais, num correto e bem colocado personagem. Fiorella Campanella até trouxe algumas expressividades para sua Emma, mas sua personagem é daquelas que o público acaba não gostando, então mesmo indo bem no que faz, ficou bem em segundo plano. Agora os demais realmente eram dançarinos, e mesmo assim Mehdi Kerkouche entregou comicidade e sentimento para com seu Karim, mas pelo tanto que dançou já era esperado que não fosse um ator realmente, ou melhor um ator dramático, pois se você já jogou qualquer um desses jogos de dança modernos, ele é quem usaram para criar os movimentos, então brincou bastante e foi bem atuando também. 

No quesito visual, montaram bem um estúdio de dança com ambientes comuns do estilo, usaram bem as ruas de Paris para brincar com as danças diversas, e principalmente criaram duas competições incríveis com público e tudo mais, além de ótimos figurinos, ou seja, uma composição que brincou bastante com luzes, com dinâmicas, e até menos com objetos, fluindo desde o balé clássico, passando pela ópera, até chegar no street dance/hip hop, ou seja, tudo muito bem usado para remeter a junção entre o clássico e o moderno, num trabalho simples, porém muito bem feito.

Enfim, é um longa que não faz muito a linha casual que alguns estão acostumados, e que muitos vão acabar até pulando ele nas indicações que a Netflix faz, por ser um longa de dança, mas que passa boas mensagens, e funciona bem dentro do conteúdo como um filme dramático/romântico, e assim sendo recomendo ele para todos, mesmo com as devidas falhas de dinâmica que o diretor teve em alguns atos. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Asfalto de Sangue (Burn Out)

6/27/2020 11:45:00 PM |


Como essa semana teve poucas estreias de filmes, para dar espaço para as sereis do momento, resolvi ver alguns longas que estavam na minha lista da Netflix, e caí no francês "Asfalto de Sangue" que até tem uma boa premissa, algumas atuações bem fortes, e que mostra bem como é a loucura das drogas, mas ficou parecendo faltar algo para a trama decolar, não indo a fundo nem no caso das drogas, nem na vida de piloto profissional, nem nada, tudo no meio termo, e assim sendo não empolga como deveria, nem causa envolvimento do público para com as cenas de ação. Ou seja, é daqueles filmes que vemos ele inteiro e no final ficamos nos perguntando o que eles desejavam realmente mostrar. Não digo que seja uma bomba imensa, pois as cenas de corrida do jovem com a moto entre duas cidades são bem bacana, as fugas em diversos atos pareceram bem reais, mas faltou uma história a mais para funcionar melhor, e assim sendo o resultado não tem agrada.

A sinopse nos conta que Tony é um piloto de superbike promissor. Ele dedicou toda a sua vida à sua paixão e seu sonho finalmente está se tornando realidade: se tornar parte de uma equipe profissional de alto nível. Mas tudo se desenrola no dia em que sua ex-namorada contrai uma dívida com um mafioso perigoso de seu projeto habitacional. Para salvar a mãe de seu filho em perigo, Tony não tem outra escolha senão usar seu talento para fazer corridas com drogas perigosas em sua moto para o bandido.

O diretor e roteirista Yann Gozlan tentou criar algo mais aberto do mundo das drogas e das corridas, mas ficou muito em cima do muro, não atacando nem para um lado nem para o outro, dando até boas nuances com o protagonista pirando por ter de estar em três trabalhos que exigiam muito dele, mas sempre ficando com pouco envolvimento e poucas dinâmicas, inclusive no romance do protagonista como algo fraco demais de ver. Ou seja, o diretor quis criar um ambiente envolvendo máfias, envolvendo corridas e ainda trabalhando envolvimento sentimental, mas não conseguiu nenhum deles, trabalhando com um filme corrido, com situações espalhadas, e poucas dinâmicas realmente que surpreendesse, de forma que vemos o filme inteiro, acabamos e ainda ficamos pensando aonde queriam chegar com a trama, mas como disse não é ruim o que ele fez, pois as cenas de ação foram bem dirigidas, certamente os dublês foram bem ousados nos movimentos com as motos e câmeras, e o resultado visual chama a atenção ao menos, mas faltou um pouco mais de roteiro e diálogos para que tudo funcionasse realmente.

Sobre as atuações, François Civil tem estilo, já falei isso nos diversos filmes dele que vi, mas aqui o jovem pareceu não chamar a responsabilidade para seu Tony, ao ponto que já começa errado quando lhe apresentam na metade do filme como sendo português (?!?) sem necessidade nenhuma, a não ser um parabéns pra você no final do longa, depois o rapaz fez somente trejeitos cansados com razão, mas nada que impressionasse, e por fim faltou com a emoção, ou seja, apenas fez o papel. Olivier Rabourdin até entregou um Miguel convincente, mas seu papel só aparecia rapidamente, então nem foi muito além do que era comum ver, mas não decepcionou ao menos. Samuel Jouy trouxe um Jordan cheio de imponência, com cara de mau, cheio de trejeitos, mas da mesma forma que Rabourdin, não teve quase diálogos, então ficou bem em segundo plano. Manon Azem trabalhou sua Leyla para enfeite praticamente, aparecendo apenas nas cenas, fazendo caras tristes, dando alguns beijos no protagonista, e nada além disso. E para finalizar sabíamos de cara que Narcisse Mame serviria para algo mais no fim com seu Moussa, e até que o jovem trabalhou alguns trejeitos, fez algumas dinâmicas, mas foi usado apenas como algo jogado, e assim sendo não empolgou. Ou seja, um elenco que ficou fraco de textos, que só se manteve preso pelas dinâmicas do protagonista, e assim sendo não conseguiram levantar o filme.

No quesito cênico, o longa contou com motos potentes, boas cenas de corridas, fugas em pista rápida, galpões abandonados, comunidades recheadas de criminosos, e poucos elementos cênicos, mas tudo foi bem montadinho ao menos para passar a sensação que o filme tinha, porém não foram muito além, então ficou só algo para exibir mesmo.

Enfim, é um filme de mediano para fraco, que tem uma dinâmica funcional, mas que falhou tanto na ideia, quanto no roteiro, não envolvendo nem tendo muitos diálogos para que a história ao menos fluísse, ou seja, quem gosta de corridas de motos até pode passar um tempo, mas no final irão desanimar com todo o resultado, e sendo assim, não recomendo o longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars (Eurovision Song Contest: The Story of Fire Saga)

6/27/2020 02:08:00 AM |


Se você já assistiu qualquer filme do Will Ferrell você já sabe exatamente o que vai acontecer em qualquer outro que contenha o ator: uma bagunça cheia de bizarrices e clichês. Porém no novo longa da Netflix, "Festival Eurovision da Canção: A Saga de Sigrit e Lars" foi inserido algo do estilo de diversos filmes musicais bacanas, com boas canções e uma desenvoltura tão maluca que o resultado acaba sendo gostoso de conferir, mesmo com tanta loucura em cena, e claro as caras e bocas do ator. Ou seja, seria quase que o longa "A Escolha Perfeita" exagerado e forçado, que da mesma forma se passa em um festival, mas que tenta brincar com romances, com disputas bizarras, e claro com personagens malucos, e dessa forma só as músicas e a produção em si consegue salvar o longa de algo desordenado. Sendo assim, confesso que não esperava nada do longa e até me diverti, principalmente por gostar de musicais, mas garanto que a maioria vai ficar meio perdido com tudo o que é mostrado, e reclamará mais do que curtirá o resultado final.

O longa nos mostra que quando os aspirantes a músicos Lars e Sigrit têm a oportunidade de representar seu país na maior competição de músicas do mundo, eles finalmente têm a chance de provar que qualquer sonho que vale a pena ter é um sonho pelo qual lutar.

Como o diretor David Dobkin tem uma carreira bem voltada para clipes musicais e também diversos longas de comédia (mas ainda acho seus dramas melhores que suas comédias), claro que soube orquestrar bem a junção de ambas as coisas em um único filme, escrito claro por Will Ferrell, de modo que se tem algo positivo na trama é a execução que escolheu entregar, pois vemos realmente uma grande produção de um festival gigantesco (que existe realmente!), e que bem trabalhado conseguiu passar envolvimento através da música, cenários bem ambientados, e principalmente uma história até que convincente por trás de tudo, porém como já conhecemos bem Will, e acredito que o diretor nem tanto, ele precisaria de muito mais para que o filme convencesse na totalidade, e entregasse algo não tão forçado de clichês, e muito menos bizarrices para que tudo agradasse mais, porém quem gosta de longas musicais até que acabará se divertindo com o resultado, e de certa maneira podemos dizer que o diretor fez um bom trabalho como uma produção gigante, e diferente.

Sobre as atuações, como já disse no começo já sabemos bem o que vamos ver em todos os filmes que Will Ferrell entra, e aqui seu Lars apenas é o mesmo de sempre, porém com uma vasta cabeleira, que entrega boas dinâmicas, mas que é exagerado em tudo, e o ator até emprestou sua voz para a cantoria toda, agradando no desenvolvimento geral, mas confesso que o filme com um ator menos exagerado cairia muito melhor. Sabemos que Rachel McAdams é daquelas atrizes completas que geralmente se entregam para todos os papeis que fazem, e aqui sua Sigrit tem personalidade, tem atitude e trabalha muito bem cada um dos trejeitos para que o carisma fosse lá nas alturas, se envolvendo bastante em tudo, e mesmo dublando na cantoria (a voz é da sueca Molly "My Marianne" Sanden) vemos algo totalmente crível e que emociona (principalmente na canção final!). Da mesma forma Dan Stevens se soltou completamente na dança de seu Alexander, fazendo carões, incorporando trejeitos e mostrando atitude em cima de atitude, mas também sendo dublado pelo barítono sueco Erick Mjönes, afinal nunca teria uma entonação tão forte como o personagem pedia nas canções, mas ainda assim o que vemos interpretando é ele, e já pode montar o show, pois foi bem demais. Quanto aos demais, a maioria entregou participações, algumas maiores, mas nada que fosse imponente demais, e desde Pierce Brosnan como o pai do protagonista completamente rude com os atos do jovem, passando por Mikael Persbrandt como um estilo de ministro da Islândia insano, misturando com os diversos cantores de vários países, o destaque acaba ficando mesmo com a cantora Demi Lovato com sua Katiana, que inicialmente é uma adversária musical dos protagonistas, mas depois acaba tendo participações bem malucas, ou seja, uma bagunça meio que organizada.

Fiquei realmente na dúvida se usaram algum ano da Eurovision original mesmo para gravar ou se a equipe de arte fez toda a composição completa dos shows, pois foi algo bem trabalhado, cheio de efeitos de palco, com muita personalidade nos ambientes, figurinos incríveis, além claro da mansão de um dos personagens toda cheia de pompa para uma digna festança também cheia de detalhes, além claro de uma cidadezinha islandesa a base de pesca simples e sem muitos elementos, aonde praticamente só usaram um bar e alguns poucos lugares, mas tudo muito bem feito e representativo, mostrando lendas da cidade, cultura e até mesmo a forma de trabalho, ou seja, um trabalho bem montado, que vai sendo incrementado e acaba chamando muita atenção.

Agora com toda certeza o melhor da trama como todo bom musical foram as músicas originais criadas de forma irreverente e bem colocadas nas personalidades dos protagonistas, ao ponto de que acabam entrando na nossa cabeça e ficando como chiclete depois da exibição, e como sou bonzinho com vocês, vou deixar o link completo para aqueles que quiserem ficar ouvindo mais depois de ver o filme.

Enfim, é daqueles filmes que até servem de passatempo, que divertem pela essência maluca, que para quem gosta de um musical vai agradar bastante, mas que é repleto de exageros, cheio de clichês, e que força em tudo para trazer graça para a trama, de forma que não chega a ser ruim tudo o que entrega, mas certamente com um ator menos forçado como protagonista, e não apelando tanto seria daqueles filmes que sairíamos vibrando após conferir tudo, ou seja, vale a conferida, mas tem de estar disposto a aceitar bizarrices mil. E assim sendo fica a dica para ver, ou não, dependendo do que você esteja disposto. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Toc Toc

6/26/2020 12:51:00 AM |


Hoje vou falar de um filme que não é um lançamento da Netflix, e que estava já há muito tempo na minha lista, mas por parecer bobo demais acabei pulando ele indo para outros exemplares, mas se arrependimento matasse, eu já estava no chão faz tempo, pois a comédia espanhola "Toc Toc" é simplesmente fenomenal (como diria um dos personagens da trama), sendo daquelas que você ri o tempo inteiro com as loucuras e TOCs de cada um dos personagens, de modo que chega a ser brilhante a fórmula usada sem precisar apelar (mas apelando na medida certa), ao ponto que tudo funciona, e por ser baseado em uma peça de teatro, o resultado preza pelas boas interpretações, e aqui não temos falhas, nem absurdos estéticos que acabem atrapalhando algo, mas sim uma montagem simples, funcional e direta ao ponto. Ou seja, vale muito a conferida para aqueles momentos que você está precisando de algo que vá animar seu dia, pois é muito bom mesmo exagerando em alguns atos.

O longa nos conta que na sala de espera de um médico especialista conhecido internacionalmente em tratamentos para TOC (Trastorno Obsesivo Compulsivo) encontra algumas pessoas que, por mau funcionamento de um novo programa de computador, foram agendadas para o mesmo dia e horário. No grupo estão os seguintes: Emilio, um motorista de táxi especialista em cálculo matemático astronômico, que também é afetado pela Síndrome de Diógenes (desordem do tesouro); Blanca, uma trabalhadora de laboratório que sofre de mysophobia, um pânico extremo em todos os vírus e bactérias; Ana María, uma religiosa fervorosa com desordem de verificação; Otto, um jovem obcecado por simetria, incapaz de pisar nas rachaduras nas calçadas; Lili, uma jovem simpática e treinadora de academia que é afetada ao mesmo tempo por palilalia (repetição não intencional de citações, palavras e sílabas ditas por si mesmo) e ecolalia (repetição não intencional de citações, palavras e sílabas ditas por outra pessoa); e finalmente Federico, um aspirante a advogado maduro afetado pela Síndrome de Tourette, forçando-o sem querer a dizer todo tipo de palavrões e a fazer gestos obscenos. Após um primeiro contato tenso entre eles, que aumenta quando Tiffany, recepcionista do Dr. Palomero, informa que o avião do médico atrasaria em Londres, Federico sugere que os outros compartilhem seus diferentes TOCs na esperança de encontrar uma cura, iniciando uma série de eventos cada vez mais loucos.

Certamente o trabalho do diretor Vicente Villanueva foi fazer com que os atores não morressem de rir nas gravações para que o resultado fluísse, pois ver os demais fazendo suas loucuras e conseguir segurar o riso é algo dificílimo, e aqui ele que adaptou uma peça, que foi recordista de bilheteria na Espanha, conseguiu captar essências bem colocadas, deu dinâmicas coesas na montagem, e principalmente fez a trama soar divertida do começo ao fim, coisa que é rara de ver em algumas comédias espalhadas por aí, pois até temos apelações, temos exageros, mas tudo acaba fazendo parte da loucura completa da trama, e assim sendo ele apenas conseguiu captar o melhor de cada personagem, entregando tudo para que os atores se soltassem ao máximo, e fluíssem junto com a história toda. Confesso que cheguei a imaginar duas frentes diferentes para o final, inclusive uma sendo a que ocorre, mas é daqueles filmes que isso é o de menos, pois todo o restante funciona sem precisar ter um final coerente.

Agora sem dúvida alguma o grande acerto da trama ficou por conta das ótimas atuações, afinal por ser um filme teatral o elenco precisou dominar cada momento e se entregar a fundo para cada personagem soar engraçado e certeiro com suas dinâmicas, e felizmente isso aconteceu com todos. Chega a ser desesperador ver Paco León fazendo as milhares de contas com seu Emílio, ao ponto que ficamos morrendo de vontade de pensar como uma outra protagonista de pegar a calculadora, parar o filme e conferir se está tudo certo, mas não precisa, pois acabamos acreditando e ficando desesperados com sua forma de viver, tanto que na sessão de cura é duríssimo pensar como alguém ficaria pressionado, e o ator foi genial em tudo o que fez com suas expressões. Oscar Martínez é daqueles atores espanhóis que consegue trabalhar qualquer papel, e puxar a responsabilidade do filme para si, e aqui seu Federico é daqueles que você pula com a quantidade de palavrões gritados a cada berro, e o ator soube conduzir tiques, trejeitos e muito envolvimento do começo ao fim, ou seja, perfeito. Alexandra Jiménez trabalhou sua Blanca com muito cuidado, colocando algo que muita gente tem de exageros com limpeza, por medos de vírus, bactéria e tudo mais, e a atriz soube fazer isso com maestria, pois em alguns casos poderia passar como algo falso ou exagerado, mas não, sentimos seu desespero, e a cada volta ao banheiro as coisas só pioram numa paranoia incrível de ver como ela fez (e sabemos agora com a pandemia que muitos estão assim), ou seja, perfeita também. Rossy de Palma é uma das atrizes espanholas que mais vimos nos cinemas, afinal é uma das queridinhas de Almodóvar, e aqui sua Ana Maria é insana com o desespero de ficar voltando para checar tudo, e minuciosa em detalhes soube conduzir tudo com primor e muita desenvoltura, dando um show também. Adrián Lastra foi o que mais exagerou com seus pulos e contorcionismos, mas foi preciso nos movimentos para passar o desespero de seu Otto com simetrias e fuga de pisar em linhas, ou seja, foi adequado para o papel, mas soou levemente falso. Nuria Herrero poderia ter botado mais energia com sua personagem Lili, pois é mostrado como uma professora de ginástica maluca, mas na sala fica calma demais com suas repetições, e chega a ser cansativo, mas foi uma opção para mostrar uma síndrome, e talvez fosse melhor de outra forma. E para finalizar tivemos a secretária vivida por Inma Cuevas que entregou ser tão maluca quanto os que estavam lá, e acertou bem no tom, foi dinâmica e coerente com seus atos, e acabou não atrapalhando o desenvolvimento, o que é raro em coadjuvantes quando temos muitos protagonistas, ou seja, acertou bem também.

O conceito visual da trama foi simples, afinal voltamos na ideia de que a trama toda é em cima de uma peça, então não era nem necessário exagerar com tudo, mas foram dinâmicos com um começo bem apresentado de cada um dos personagens com suas loucuras nos seus próprios ambientes de trabalho ou em casa, e na sequência já vamos para a clínica ampla, cheia de salas simples, porém bem montadas no melhor estilo de consultórios, com várias salas de espera, objetos comuns desses lugares como revistas, ornamentos pequenos, plantas e tudo mais que vemos casualmente, e que até serviram para algumas dinâmicas, ou seja, a equipe de arte não precisou se preocupar muito, e sendo coerente acabaram agradando bastante também.

Enfim, é um tremendo filme que vale demais a conferida, que muitos vão se enxergar um pouco em alguns TOCs dos personagens (claro que com devidas quantidades menores - espero eu!), e que diverte muito do começo ao fim, ou seja, se você quer um longa que vai realmente rir muito essa é a melhor opção do streaming atualmente, e que mesmo tendo alguns errinhos bobos, vale demais a conferida. Então é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Ninguém Sabe Que Estou Aqui (Nadie Sabe Que Estoy Aquí) (Nobody Knows I'm Here)

6/24/2020 11:07:00 PM |


Hoje existe algo que muito se discute sobre bullying, que não deve fazer isso, que não pode aquilo, e tudo mais, porém geralmente a defesa de um acaba sendo algo pior para o outro, e muitas vezes nem sempre o que ocorre é algo inteligente para ambas as partes. Dito isso, o longa chileno da Netflix, "Ninguém Sabe Que Estou Aqui" é daqueles que nos fazem refletir sobre as atitudes do passado e do presente do protagonista, pois nos é mostrado desde o começo apenas seu sonho destruído, suas virtudes, e claro sua reclusão, que não é entendida em momento algum, e apenas mais próximo do final sabemos um pouco mais da história, e somente na penúltima cena descobrimos tudo o que ocorreu. Ou seja, é uma trama que tem uma intensidade de acordo com a parte que você vê, e conhece, que até é bonita, porém introspectiva demais, de modo que você fica o tempo todo esperando algo a mais acontecer, e não acontece, nem acontecerá, de forma que o final é interessante pela busca da paz de espírito apenas, e não algo que impacte realmente, e assim sendo esse acaba sendo daqueles filmes que você termina de assistir e não sabe se gostou ou não, que talvez refletindo saia algo melhor, mas não acredito muito na reclusão, então prefiro dizer que o longa falhou, e poderia ter ido muito além.

O longa nos conta a história de Memo, que mora em uma fazenda remota de ovinos chilenos, escondendo uma bela voz do mundo exterior. Recluso com um toque cintilante, ele não consegue parar de pensar no passado, mas o que acontecerá quando alguém finalmente ouvir?

O longa de estreia do diretor Gaspar Antillo tem seus méritos, de forma que em algumas cenas chegamos a arrepiar com a emoção passada, porém volto a repetir que o tempo todo ficamos esperando algo a mais da trama, parecendo que o diretor não encontrou uma forma seja na montagem ou na própria história para que seu filme tivesse um peso realmente. Claro que vamos compreender a vontade do protagonista de desejar ficar escondido, vamos entender o bullying que sofreu e que acabaram lhe tirando seu sonho de ser um cantor de sucesso por ser gordo, mas talvez um estouro de personalidade, um momento de reviravolta, ou até mesmo a cena final lá pelos 40 minutos do filme, para que pudesse acontecer algo a mais após, mas não, encerra, e a emoção broxa. Ou seja, diria que o diretor pode até conquistar o olhar de alguns críticos que gostam de filmes abertos, mas faltou muito para empolgar ou causar algo em um público mais comercial, e sendo assim a introspecção vai cansar mais do que envolver a todos.

Sobre as atuações, é fato claríssimo que Jorge Garcia dá um show de expressões do começo ao fim do filme com seu Memo, emprestando inclusive a sua voz para a canção tema do filme, de forma que vemos sensações nos seus trejeitos, vemos dinâmica, e até mesmo nos momentos mais calmos da trama vemos seu estilo predominar ao ponto de não conseguirmos tirar os olhos do protagonista, ou seja, ele foi muito bem, e se não fosse por ele o filme certamente desandaria muito. Luis Gnecco até tenta entregar algo a mais para seu Braulio, porém o personagem é amarrado demais, não indo nem para frente nem para trás, de modo que mesmo seu ato forte no acidente com o barco serve praticamente para nada na trama, e isso é ruim de ver. Millaray Lobos entregou para sua Marta uma sensibilidade até que bonitinha de ver, mostrando carisma, porém não pegou muito como poderia, de forma que seu fechamento é simbólico e bonito de ver, mas nada de impressionante. Quanto aos demais personagens todos acabaram sendo apresentados e usados com tanta rapidez nas cenas finais que quase nem conseguimos distinguir quem é quem, e para que serviriam, ao ponto que chega a ser uma falha da trama, mas é bonitinho ver os garotos com suas personalidades, ver o pai tradicional que só pensa em ganhar dinheiro com a habilidade do filho, e até mesmo Gaston Pauls com seu Ángelo adulto tem uma boa entrega na cena final, mas nada imponente ao ponto de se destacar.

Visualmente encontraram uma ilha bem bacana de refúgio para o protagonista, algo completamente isolado, com muitos elementos cênicos que podem até representar algo a mais, mas que parecem ser uma imensa bagunça de alguém que não cresceu, e que até pode simbolizar momentos e intensidades para a trama, porém o diretor usou bem pouco, apenas mostrando o curtume aonde o protagonista e o tio preparam as peles dos animais, e não indo muito além. A fotografia trabalhou alguns atos com uma luz forte avermelhada, também sem muitos motivos aparentes, apenas para dar destaque nos momentos de imaginação do jovem, que até funcionam, mas sem ser algo imponente, e claro a cena de fechamento toda bonita num programa de auditório (sem auditório!), aonde fizeram um debate interessante, e o funcionamento da banda agrada, mas certamente poderiam ter ido bem além.

Enfim, é um filme que tem uma proposta muito boa, porém um desenvolvimento fraquíssimo que acabou resultando em algo mediano, e assim sendo não digo que recomendo ele com muita força, pois acredito que a maioria das pessoas irá mais se cansar com tudo do que se emocionar realmente com o resultado completo, mas que volto a frisar que não é um longa ruim, então quem tiver sem nada para conferir até vale uma olhada. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Boneco de Neve (The Snowman)

6/23/2020 11:42:00 PM |


Antes de mais nada, esse não é um filme da Netflix, mas sim um filme que só consegui ver na Netflix devido ao problema que sempre relatei nas programações de as distribuidoras não mandarem seus filmes para o interior!! Desabafo feito, posso dizer que desde que vi o primeiro trailer de "Boneco de Neve" nos cinemas, eu tinha certeza que seria um filme do estilo que gosto de conferir, daqueles que prendem a atenção do começo ao fim, que vamos fazendo apostas de quem é o assassino, por quais motivos está matando e tudo mais, que tem reviravoltas mil no miolo, ou seja, perfeito mistério, mas como é de praxe, acabou que o filme não estreou por aqui, e até tinha esquecido dele, mas eis que semana retrasada apareceu uma notificação das estreias das próximas semanas na Netflix, e já coloquei na lista para me avisar, e não perdi tempo, hoje estreou, já dei o play, e todas as minhas expectativas foram cumpridas exatamente como imaginava quando vi o trailer, pois o longa tem essência, tem todo o mistério, tem uma boa história, e principalmente tem um elenco afiado com tudo. Ou seja, é um tremendo filmão que até tem alguns defeitos, principalmente não explicar muito algumas invasões do assassino, e o motivo ser meio digamos bobo, mas a intensidade da trama compensa essas besteiras, e vale demais a conferida (claro, para quem não viu no cinema na época que foi lançado em 2017).

O longa se passa em Oslo, na Noruega, onde Harry Hole é um policial reconhecido pelos casos resolvidos no passado, mas que sofre com problemas de alcoolismo. Após encontrar por acaso com a agente novata Katrine Braft, ele passa a investigar o desaparecimento de uma série de mulheres. A peculiaridade é que o responsável enviou, ao próprio Harry, um cartão enigmático com a imagem de um boneco de neve que está sempre presente nos locais onde as vítimas são atacadas.

O diretor Tomas Alfredson trabalhou tão bem sua trama de forma que chega a dar vontade de ler o livro de Jo Nesbø, que basearam para escrever o roteiro do filme, pois foram espertos em cortes e nuances, souberam encontrar os pontos de virada certeiros, e principalmente ele encontrou uma forma de o filme ficar violento sem causar, e sem precisar enfeitar como a maioria dos longas usa, de modo que vemos algo real de crimes fortes, com uma pegada própria dele que não deixou que sua trama ficasse nem lenta demais, nem acelerada demais, ao ponto que tudo parece seguir um rumo nos prendendo bem e funcionando. Ou seja, ele conseguiu criar as diversas amarrações que pareciam desconexas com cortes precisos e funcionais, ao ponto de vermos cada ato já esperando o próximo, e até chega a ser engraçado ficarmos pensando, mas pra que essa pessoa na trama, qual motivo disso, aonde ele vai chegar, e tudo vai sendo amarrado até o grande fechamento, e é assim que deve ser qualquer filme, pois muitas vezes somos apresentados no miolo tudo, e o longa broxa depois, enquanto aqui tudo vai só aumentando a tensão, e acaba sendo igual a um livro, queremos ir logo para o final para saber como vai deslanchar, e aqui tivemos um ótimo final. Claro que como todo filme de suspense/mistério a trama tem inúmeros erros, várias falhas sequenciais, e explicações largadas para trás, mas felizmente o resultado de tudo é tão bom que passamos rápido pelos erros, e o resultado final funciona.

É fácil falar de atuações quando o elenco cai como uma luva para a trama, e aqui todos se entregam para seus personagens, temos diversos momentos marcantes com cada um, e o resultado é visto como uma soma completa de bons atos. Para começar temos o sempre bem colocado Michael Fassbender, que conseguiu fazer com que seu Harry tivesse personalidade, fosse misterioso o suficiente para criar as nuances do personagem, e principalmente não fosse insistente nos atos, pois alguns detetives cansam por serem chatos, enquanto aqui a calma é o principal ponto positivo do personagem, e o ator fez de maneira incrível. Rebecca Ferguson trouxe para sua Katrine exatamente o oposto do que vimos em Fassbender, colocando a personagem num desespero sem limites, se enfiando em tudo o que fosse possível, pulando muros, instigando personagens, e a atriz embora não seja daquelas que marcam presença, fez boas atitudes em muitos atos, o que acaba agradando de certa forma. Charlotte Gainsbourg inicialmente traz para sua Rakel uma personalidade estranha, mas depois acaba até tendo um contexto bem colocado na trama, e ainda continuando o estilo segurou bem seus atos ao menos. Jonas Karlsson fez seu Mathias de forma interessante, meio que jogado, com olhares e nuances não muito comuns, mas também não desaponta, de forma que até poderia ser mais imponente em alguns momentos, mas não chamaria tanta atenção também. J.K. Simmons fez seu Arve quase que de enfeite, mostrando um ar político, momentos misteriosos, mas tudo bem condizente ao menos, e isso agrada bastante, porém poderia ser qualquer ator, que o resultado seria o mesmo. David Dencik trabalhou seu Vetselen de forma misteriosa, e até teve alguns atos chamativos, mas não impôs nada que o filme desse um tom a mais para ele, de forma que nem quase diálogos teve para trabalhar. Dentre os demais, tivemos a participação de Val Kilmer com um bom detetive Rafto, mostrando uma velhice misturada com bebedeira, mas bem usado também, e pegaram o Toby Jones passeando pelos corredores e resolveram colocar ele num papel inútil, que talvez no livro tenha algo a mais, mas aqui foi jogar ator a toa na tela. Dentre as mulheres que foram mortas ou sumidas apenas, nenhuma teve nada de destaque, muito menos os parceiros e familiares que aparecem, sendo que podem ser considerados como figurantes apenas.

Visualmente o longa trabalha imagens incríveis, com muita neve para todo lado, um frio monstruoso dominando a Noruega, e claro ambientes bem densos, com pouca iluminação, e ângulos precisos para não revelar nada para ninguém de quem seria o assassino, além de alguns apetrechos de matança bem impactantes como espingardas e cortadores, que fizeram com que a equipe de arte tivesse bastante trabalho para criar cabeças para rolar, rostos deformados por tiros, e claro contratar muitas crianças para fazer diferentes bonecos na neve, ou seja, um trabalho forte e bem marcado.

Enfim, é um filme bem intrigante, que agrada bastante, e que tem muitos furos, daqueles que quem for mais chato vai passar o longa inteiro reclamando, mas que no geral vale muito a conferida, e que certamente quem gosta do estilo irá pensar tanto em ler o livro, quanto ficar desejando uma continuação, afinal deixaram aberto para isso. Sendo assim, fica minha recomendação, e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Expresso Do Destino (Yarina Tek Bilet) (One-Way To Tomorrow)

6/21/2020 07:35:00 PM |


Essa nova leva de filmes turcos anda surpreendendo bastante, pois mesmo sendo baseada em filmes de outros países (preciso dar uma pesquisada se também é uma moda por lá!), conseguem trabalhar essências emocionais bem interessantes e envolver o público com a história contada, e isso é algo muito bom de ver. Diria até que o longa da Netflix, "Expresso do Destino", se visto por alguém na versão dublada acabará pensando ser um filme de Richard Linklater pelo estilo de discussões de casal, das coincidências, e do romance subjetivo que acaba pairando no ar, ou seja, é daquelas tramas que bons diretores acabam fazendo sem pesar a mente do público, aonde o destino parece falar mais alto, e que cada coisa até parece absurda de estar ocorrendo, mas como é comum de ver em filmes, o amor não escolhe as pessoas nem a hora para acontecer, ele simplesmente acontece, e é bem isso o que vemos aqui, de uma forma gostosa, sem muitas desenvolturas, sem precisar de cenários mirabolantes, mas apenas dois bons atores, uma cabine de trem, e 14 horas de viagem (que viraram 90 minutos no filme) para envolver, funcionar e agradar bastante.

A trama é simples e nos conta uma história romântica de dois estranhos que se encontram em uma viagem de Ancara a Izmir

Ao dizer que o diretor Ozan Açiktan se compara a grandes diretores estou sendo direto e exclusivo nesse filme, pois não conheço nada de sua filmografia, mas ao menos aqui conseguimos enxergar claramente suas referências, e olhando fotos do filme sueco em que foi baseado ("Hur man stoppar ett bröllop - How To Stop a Wedding") vemos que copiou até elementos cênicos da trama original, ou seja, talvez se conferirmos ele veremos que o jovem diretor nem tem tanta boa mão, mas como não vimos vamos considerar seus feitios bem trabalhados, brincando bem com a câmera em planos e contraplanos mesmo em um espaço minúsculo, usando os artifícios rápidos do bom diálogo entre os protagonistas, e claro sendo bem coerente ao segurar as emoções nos atos, pois é notável que alguns cortes recaem em momentos diferentes, e souberam dosar tudo para parecer linear, e isso fez do filme algo bonito e acertado tanto por parte da história, quanto da direção, fazendo com que o filme até fosse funcional para uma peça teatral ou qualquer outra obra visual.

Sobre as atuações, fica claro logo de cara a química entre o casal de protagonistas, de modo que até poderiam ter disfarçado um pouco o começo, afinal pela história ambos estão tristes e desapontados com o que vai ocorrer aonde estão indo, então poderiam ter iniciado menos empolgados, mas isso não atrapalhou o andamento do filme, e ambos foram bem em tudo, além de conseguirem segurar a trama. Dito isso, Dilan Çiçek Deniz tem presença, é bonita e tem uma desenvoltura para com a câmera bem chamativa, ao ponto que em todas cenas conseguia puxar o assunto para sua Leyla, e isso é algo bem difícil em duetos, ou seja, foi muito bem no que fez. Da mesma forma, Metin Akdülger trouxe para seu Ali uma dinâmica bem curiosa, cheia de atos imponentes e bem marcados, fazendo com que seu personagem tivesse algo a mais sempre, e isso é bacana de conferir, fazendo com que as cenas funcionassem bastante.

No conceito visual, basicamente o longa fica quase que na íntegra dentro da cabine do trem, tendo algumas saídas para o corredor do trem, outras para o vagão refeitório, e até alguns momentos em paradas estratégicas, aonde a iluminação cênica deu um show, trabalhando bem tanto o ambiente, quanto as nuances seja no meio do mato ou numa pracinha bem iluminada, ou seja, a equipe trabalhou cada momento de maneira bem pensada, funcional, e claro ousada, pois nos atos mais fechados tudo ali necessitava ser bem empregado, e o resultado agrada bastante.

Não sou conhecedor da música turca, mas posso dizer facilmente que as escolhas musicais super combinaram para cada momento da trama, e dessa forma como tem no Spotify, vou deixar aqui o link para todos curtirem após ver o filme.

Enfim, é um filme bem gostoso de conferir, que tem ritmo, que tem boas atuações, e que principalmente funciona dentro do que se propôs, não soando nem exagerado nem bobo demais, e com isso valendo muito a conferida para quem gosta de um romance leve, cheio de dramatizações, e que não vai incomodar seu cérebro, nem fazer você lavar a sala, dando para conferir tranquilamente em qualquer horário, então fica a dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Feel The Beat

6/21/2020 01:35:00 AM |


Se tem um estilo de filme que veria um dia inteiro sem cansar é o de competições, pois mesmo sendo bem bobinhos, tendo motes motivacionais completamente clichês, com personagens que geralmente são motivo de riso, e tudo mais, acabam sempre emocionando com algo, divertindo em algum ponto, e principalmente acabam sempre de uma forma positiva, inclusivo os que falham horrores durante toda a execução conseguem ao final fechar com algo bem feito. E dito isso, claro que veria o lançamento da Netflix da semana, "Feel The Beat", que de cara, passado os primeiros minutos você já sabe exatamente o que vai acontecer em cada uma das cenas, mas ainda assim acaba sendo gostoso ver tudo acontecer com os personagens, criar o carisma positivo/negativo em cima da protagonista, e principalmente ver a desenvoltura das crianças, que certamente foram escolhidas nas escolas de dança para darem um show nos atos finais. Ou seja, o tradicional filme de ver num domingão tranquilo apenas relaxando e vendo acontecer, sem esperar nada além do que é mostrado.

A sinopse é bem simples e nos mostra que ao fracassar na Broadway, a dançarina April volta para sua cidade natal e aceita treinar um grupo de crianças para uma competição.

A diretora Elissa Down não quis florear muito seu longa, de forma que se formos olhar a fundo daria até para aumentar ele com as situações envolvendo um pouco da história da protagonista, seu passado e tudo mais, mas certamente demandaria muito tempo, mais cenas, e o resultado não mudaria tanto, então ao optar por trabalhar o desenvolvimento das crianças, os problemas com pais, e claro a competição em si, o resultado que vemos foi bons atos, uma edição meio que acelerada (mostrando poucas competições realmente! Com um candidato só por etapa contra, de forma que nem sabemos quantas equipes tinham competindo!), mas sendo funcional com o resultado, ao ponto de curtirmos cada estilo escolhido. E com isso até vemos que o roteiro que usou seria mais amplo, porém escolheu ser direta e objetiva, o que agrada, mas parece acelerado demais, o que não atrapalha, afinal o estilo pede algo assim mais bonitinho de ver, sem muitas preocupações. Ou seja, o resultado da direção nem é tão visto, pois tudo ocorre sem muitas aberturas, mas como já estamos acostumados com o estilo, o resultado empolga e emociona ao menos, e é isso que é necessário.

Sobre as atuações, basicamente temos de falar de Sofia Carson com sua April bem cheia de estilo, trabalhando olhares e sensações, se mostrando fraca em alguns atos, mas bem imponente em outros, e que acaba agradando bastante nos diversos momentos, ou seja, faz sua personagem de maneira bem oscilante e funcional, o que é interessante de ver, e mostra que a jovem tem boas dinâmicas e bons olhares, além de ser bem bonita também (de forma que o pessoal que vê séries até já conheciam ela, mas para mim foi o primeiro filme, e já mostrou ser boa de estilo). O par romântico da protagonista, afinal o estilo pede, Wolfgang Novogratz é outro que está aparecendo em todas as produções da Netflix sempre como coadjuvante, de modo que ainda não teve nenhum grande chamariz, mas aqui seu Nick foi bem colocado, teve algumas atitudes bonitinhas, e teve seu charme também, de modo que não errou. Quanto aos demais adultos da produção, todos tentaram aparecer um pouco, mas sem muito o que falar, dando dinâmicas e fazendo até algumas besteiras comuns do estilo também, tendo leves destaques para Enrico Colanto como pai da protagonista, Donna Lynne Champlin como Barb a professora e dona da escola de dança da cidade, mas nada que fossem expressivos ou chamativos, apenas bem encaixados. Agora quanto das crianças, todas tiveram seu charme, apareceram bem para seus atos, tendo claro destaque para Eva Hauge com sua Sarah por ter um papel mais chamativo já que é irmã do par romântico, e claro para a doçura carismática de Justin Caruso Allan que surpreende a todos com seu Dicky nos atos certos.

Visualmente o longa brinca com muitas cores nos figurinos das crianças, afinal competições de dança tem esse chamariz, e trabalha com cenários casuais para contrapor bem cidades grandes e cidades interioranas, com sua ruralidade, pessoas simples, e tudo mais, além disso colocaram bem um celeiro que acaba mudando durante a produção, um estúdio de dança simples, além de diversos teatros durante cada uma das fases do concurso, aumentando em tamanho e qualidade, o que deu um tom bacana para o filme, mas que poderiam até ter ido além se mostrassem mais as competições, além claro da fase final toda mais produzida, com flores e tudo mais, o que mostra que a equipe de arte foi bem simples, mas não economizou em detalhes.

Enfim, é o tradicional do estilo, envolve, é bonitinho pelas crianças se superando, tem boas sacadas, tem todo o lance moral que o gênero pede, e funciona sem precisarmos ficar pensando muito, ou seja, uma diversão gostosa de ver, que muitos nem gostam por ser básico demais, mas que vale o passatempo. Sendo assim recomendo ele para toda a família, e fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.
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Netflix - Bala Perdida (Balle Perdue) (Lost Bullet)

6/20/2020 07:44:00 PM |


O cinema francês é muito conhecido pelos ótimos dramas e comédias dramáticas que sempre são bem feitos, porém ultimamente tem surgido alguns longas que tentam mostrar que eles acertam em outros gêneros também, sendo que muitos dos filmes tem claro puxado ideias de filmes americanos, e eis que agora podemos dizer que eles possuem sua própria versão de "Velozes e Furiosos", porém indo por outro caminho que não carrões de luxo, mas sim uma mecânica turbinada para os carros da polícia com o longa da Netflix, "Bala Perdida". Chega a ser bem interessante as semelhanças com o irmão americano, mas aqui trabalharam um pouco mais os diálogos, e puxaram a trama para algo mais direto de essência, afinal o orçamento não é milionário como a versão americana para sair destruindo carros a rodo (apesar que aqui tivemos um momento bem forte nesse quesito também!). Ou seja, para os amantes deu um bom longa policial, cheio de boas dinâmicas, com uma história envolvente, e personagens com um bom carisma certamente encontrarão um refúgio nessa obra, ainda mais com as semelhanças com o original, e principalmente, sem enrolação, afinal são apenas 92 minutos de duração, e isso é algo que agrada mais que tudo.

A sinopse nos conta que um mecânico é injustamente acusado de um homicídio e a única prova de sua inocência é a bala do crime, que está presa em um carro desaparecido.

Em seu primeiro filme, Guillaume Pierret foi direto no que desejava, e isso já mostra um acerto, pois como costumo falar, geralmente em estreias os diretores costumam enfeitar sua trama, colocar detalhes, reviravoltas, uma tonelada de diálogos, e tudo mais que for possível, e aqui ele optou por algo mais coeso, direto no ponto de mostrar a inocência do protagonista, e com isso o filme ficou gostoso de conferir, rápido e sem grandes falhas, o que acaba funcionando tanto para quem gosta de longas de ação, quanto para aqueles que querem apenas uma boa experiência com um filme, e aqui tem as duas coisas. Claro que é um filme básico também, não tendo grandes ousadias, nem pontos de marcação que chamem atenção, porém é tão bem feitinho, tão imponente de personalidade que o resultado agrada bastante, e certamente fará com que o filme faça sucesso, e consequentemente ganhe uma continuação, afinal, deixaram o final aberto para essa possibilidade, basta imaginar algo bom que não soe forçado.

Assim como a trama é básica, os atores também não se impuseram para chamar muita atenção, mas claro que todos brigaram bastante e fizeram cenas de ação bem imponentes, e como o longa pedia isso, o diretor não foi bobo e economizou logo de cara colocando um dublê como protagonista, e Alban Lenoir, que iniciou lá trás como dublê de grandes estrelas, hoje já mostra dinâmicas suficientes para convencer tanto dialogando, quanto brigando corpo a corpo com diversos personagens, de forma que seu Lino tem estilo, tem pegada, e consegue segurar a barra da trama nos atos que lhe foi pedido isso, e o acerto de não precisar ficar mudando atores/dublês em cena deu ganho para a trama ficar mais com a cara de algo real, com o ator se machucando e sujando muito com tudo, ou seja, foi bem no que fez. Nicolas Duvauchelle trabalhou seu Areski de maneira intensa de olhares, fazendo com que ele entregasse momentos sérios bem colocados, e também tendo atitudes extremas malucas demais, mas ao menos não desapontou, e da mesma forma que começou intenso, terminou intenso. Já Stéfi Celma fez exatamente o contrário, e trouxe para sua Julia indecisão demais de atitudes, de forma que sua personagem ficou meio perdida em cena, não mostrando tudo o que ocorreu, e parecendo que teve cenas cortadas demais, mas não errou tanto, e ao menos foi razoável. Ramzy Bedia trabalhou seu Charas de uma forma bem colocada, criando um carisma para o personagem, e agradando o quanto deu na sua química com o personagem, ao ponto de acabarmos até gostando dele. Quanto aos demais todos foram simples e sem muito uso, desde Sébastien Lalane com seu Marco violento, passando pela inspetora Moss simples demais vivida por Pascale Arbillot, e até o jovem Rod Paradot com seu Quentim singelo, todos apareceram, fizeram seus atos, e nada além disso para se destacar.

Visualmente o longa também foi bem simples, mas acertado em carros tradicionais franceses para a polícia, claro que modificados pelo protagonista para ter um ganho maior de potência, bons momentos de perseguição no final, uma desenvoltura ninja para que o protagonista crie apetrechos em minutos para seus atos, e até locações bem colocadas para dar as nuances que o filme pedia, como estradas movimentadas, ruas pequenas, galpões suspeitos, e claro muito exagero cênico também, afinal esse estilo de filme pede isso.

Enfim, é um filme bem trabalhado, simples, curto e direto ao ponto, que vai agradar quem gosta do estilo policial, não tendo muitas firulas, nem grandes atuações, mas que de uma forma correta e envolvente consegue agradar bastante, e sendo assim vale muito a conferida. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Looke - Piedade

6/20/2020 01:26:00 AM |


Muitos estavam falando que eu não postava nenhum texto de filme nacional durante essa época longe dos cinemas, mas claro que no dia do cinema nacional (19/06) não poderia deixar de ver uma obra inédita do nosso cinema, e colocar um texto sobre "Piedade", que entrega um cinema de essência, de protesto e principalmente de alma, algo característico do cinema não-cômico nacional, e classifico ele assim afinal hoje no país o que não vira uma comédia, recai para romances novelescos ou dramas de essência crítica, e isso não é algo ruim, pois faz refletir em tudo o que passa, tem uma abertura interessante da proposta, e até envolve mostrando a briga pelo pedaço da natureza, do próprio homem pelas grandes empresas que estão destruindo tudo. Ou seja, é daqueles filmes que certamente veríamos em festivais, em sessões de debates e tudo mais do estilo, menos nas salas comerciais, pois mesmo tendo um elenco de peso, muitos torceriam o nariz logo nas primeiras cenas mais densas, e assim, o resultado não chamaria atenção de um público maior.  

A rotina dos moradores da fictícia cidade de Piedade é abalada pela chegada de uma grande empresa petrolífera, que decide expulsar todos de suas casas e empreendimentos para ter melhor acesso aos recursos naturais.

O diretor Claudio Assis tem um estilo bem próprio de trabalhar seus temas, indo a fundo naquilo que acredita, e principalmente nas sensações, algo muito comum em suas produções que geralmente apelam para o olfato dos protagonistas, e para algo mais enraizado de culturas, tanto que aqui ele preza pelas famílias ribeirinhas que vivem da pesca e de bares da cidade fictícia, que quando uma empresa petrolífera passa a atrapalhar o bioma da região fazendo com que tubarões dominem as praias, e empresários comecem a negociar as regiões para melhor uso, vemos os personagens brigando para vender ou não, sobreviver ou não, e claro que nessa briga entram relances de passado, histórias obscuras, e tudo mais, entrando até em um cinema pornô que se sente o sexo pelo cheiro. Ou seja, o diretor brinca com tudo ao seu redor, faz o público questionar até onde se pode dar valor, como não desapegar de algo de herança, e até faz florescer o abuso dos jovens hoje que nem ligam mais para a natureza, podendo ver ela através de uma realidade virtual que não transmite o prazer da sensação tátil, mas ilude, e assim o filme tem seus tons, e chama um público que gosta desse sentimento, mostrando que o diretor acerta bem no desenrolar, mas ainda mantem também sua essência de não ir jamais para o lado comercial do cinema, o que é um risco.

Sobre as atuações, o elenco é de um peso monstruoso do cinema nacional, começando claro com Irandhir Santos com seu Omar cheio de diálogos pontuais, discursando a todo momento para saborear seus motivos de não querer vender o bar e tirar sua raiz dali, vemos grandes atos emotivos seus no cemitério e no cinema, vemos dinâmicas expressivas em tudo o que faz, ou seja, como sempre perfeito só que agora com uma cabeleira imensa. Matheus Nachtergaele vem aqui como um negociador sem escrúpulos chamado Aurélio, que tem palavras para todos os estilos como seu nome diz, que a mãe acredita ser perfeito, mas que esconde sua fama e seus atos ilícitos, ou seja, cheio de estilo, faz cenas fortes e acerta bem no que faz. Cauã Reymond traz para seu Sandro um vértice cheio de símbolos, trabalhando os momentos e os ensejos juntamente com desejos e memórias, encontrando em olhares vagos muitas nuances e deixando no ar tudo o que deseja mostrar, caindo muito bem para o papel também. Gabriel Leone já joga com o ar mais rebelde para seu Marlon, aonde acende toda a gana de protestar, da mídia digital misturada com o grafite, a juventude direta, e tudo mais que caberia para um jovem cheio de ação, e o ator se joga também sem falhas. E claro temos a rainha do cinema nacional Fernanda Montenegro, com uma Carminha doce, cheia de virtudes, com olhares simples e efetivos, sabiamente desenhando sua personalidade como uma anciã do ambiente ali presente, nem tanto se jogando como casualmente faz, mas sendo mais um grande símbolo do cinema, e do acerto no papel que lhe foi dado.

Visualmente a trama brinca com os ataques de tubarões com ataques virtuais, coloca o cinema pornô como um ambiente para transmitir os sentimentos e desejos num lugar privado longe do mundo real, aonde a imagem projeta algo a mais, mistura o ambiente natural com máquinas gigantes exploradoras, e coloca claro as negociações com luxo contrapondo a simplicidade dos alimentos, ou seja, a equipe de arte brincou na tela, e o acerto é preciso.

Enfim, é um filme amplo que tem símbolos por onde quer que olhemos, que muitos irão enxergar de uma forma, outros irão por outro caminho, mas que no fim tudo chega na mesma conclusão, que o cinema nacional é extremamente definido entre comercial e o artístico, e infelizmente os dois não se misturam, inclusive o público, e sendo assim, só posso recomendar esse filme para quem ama o artístico, que vive em festivais, e só, pois qualquer outra pessoa que for conferir irá odiar a trama, e não quero isso de forma alguma para o longa, pois mesmo tendo defeitos como falta de dinâmica, uso de linguagens exageradas jogadas, e outros detalhes simples demais, a realização é linda e bela de ver, e assim vale a conferida. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Wasp Network: Rede de Espiões (Wasp Network)

6/19/2020 09:16:00 PM |


Como costumo dizer, sempre é bom conhecer um pouco mais da História, e muitos filmes baseados em fatos reais acabam trazendo um pouco mais de épocas que éramos crianças ou então nem estávamos vivos para conhecer, e que por não serem grandes marcos acabam nem aparecendo tanto nos livros. Dessa forma, conhecer um pouco mais das tentativas dos dois lados de tirar Cuba de Fidel nos anos 90 só chegaram até nós em uma versão, e com o longa da Netflix, "Wasp Network - Rede de Espiões", vemos os jovens que desertaram de Cuba para Miami para infiltrados em organizações terroristas que desejavam derrubar o governo através de assaltos e explosões, passarem informações para Cuba tentar derrubar essas ações, ou seja um pessoal bem trabalhado, cheio de reviravoltas interessantes, porém contendo histórias demais para serem mostradas apenas em um filme, de forma que o conteúdo todo acaba sendo meio que disperso em todas as situações, e talvez uma minissérie sobre o tema recaísse melhor, mas ao menos o grande elenco latino repleto de estrelas conseguiu dar todas as nuances e agradar bastante com tudo o que foi mostrado. Ou seja, vale a conferida pela dinâmica inteligente do diretor, mas não espere muito ação, pois é meio parado demais.

A sinopse é bem básica, e baseada em uma história real, ela nos mostra que durante a década de 1990, o governo de Cuba decidiu instalar um grupo de espiões em plena Flórida, no intuito de combater movimentos instalados no local, que buscavam desestabilizar o país com o objetivo de derrubar Fidel Castro.

O diretor Olivier Assayas é daqueles que sempre gosta de trabalhar bem suas histórias, de modo que aqui se inspirando no livro "Os Últimos Soldados da Guerra Fria" de Fernando Morais, conseguiu captar bem a essência da trama, desenvolveu bem os personagens, e criou bem uma rede de espiões como a trama pedia, porém para tudo isso acontecer ele segurou um pouco a dinâmica da trama, e não colocou um ritmo mais forte no seu longa, o que não é ruim também, porém a todo momento ficamos esperando algo a mais acontecer, e somente mais próximo do final que vemos algo a mais. Ou seja, o diretor quase criou um documentário dramático, bem ficcional, que agrada ver, funciona bem, e que cria o ambiente em si, de modo que tudo entra em nossa mente e ficamos pensando quem foram essas pessoas, e por quais motivos defendiam tanto Fidel, mas vamos vendo a trama e acreditando neles ao ponto de vermos bem o lance de patriotismo, e assim o resultado vem. Claro que ainda vou afirmar que esperava, por ser um filme de espionagem, algo mais dinâmico, com tiros, bombas e tudo mais, com personagens correndo para não serem presos, mas o resultado não decepciona, pois o diretor fez com que cada personagem chamasse bem a atenção, e assim sendo vale tudo o que é mostrado, mesmo não sendo algo tão imponente.

Agora falar das atuações é quase como bater palmas do começo ao fim, pois conseguiram pegar o melhor elenco latino possível para os papeis principais, e o resultado é um show de expressões marcantes, personagens interessantes, e claro boas cenas. Edgar Ramirez trouxe força para seu Rene, mostrando inicialmente algo até estranho de se entender, mas depois de uma virada clássica (e explicativa), começamos a gostar do que faz, e o ator mostra atitude e bons momentos com seu personagem. A sempre bem encaixada Penélope Cruz traz para sua Olga sofrimento, estilo e chega até parecer daquelas mulheres que são abandonadas pelos maridos e acabam ganhando força, e a atriz concentra bem as dinâmicas de sua personagem do começo ao fim, chamando atenção em todos os atos e trabalhando muito com os olhares, que é sua marca característica aqui também. Wagner Moura já deve estar casado com Ana de Armas, pois segundo filme em menos de um ano na plataforma como um casal, e ainda contando com uma química bem colocada fez com que seus Juan e Ana soassem bem como um casal de estrelas de cinema, cheios de mistérios e estilos ao ponto de chamar bem atenção e funcionar. Ainda tivemos o sempre charmoso Gael Garcia Bernal trabalhando com seu Manuel/Gerardo cheio de mistérios, com sutilezas marcantes e chamando para si as cenas mais fechadas do longa, ou seja, fez o chefe de tudo sem parecer chefe de nada. Quanto aos demais, a maioria apenas faz conexões com os protagonistas, mas sempre tendo um ou outro momento marcante, e tendo apenas Leonardo Sbaraglia com um leve destaque para seu Jose Basualdo.

No conceito visual, o filme mostrou bem as casas da época, os aparelhos de grampo telefônico, os métodos de divulgação panfletária da revolução, os métodos de imigração, casas clássicas da época tanto em Cuba quanto na Flórida, ou seja, a equipe fez uma boa pesquisa, conseguiu encontrar bons figurinos e cenários característicos para moldar bem a trama. Ou seja, é daqueles filmes que os detalhes nem contam tanto por focar mais nos diálogos e situações, mas tudo é tão bem feito que acaba chamando atenção, claro com destaque para a gigantesca festa de casamento de um dos protagonistas.

Enfim, é um bom filme, cheio de tramas bem colocadas, que até vão agradar quem gosta de uma boa história que não é tão conhecida, mas se o diretor tivesse prezado por um pouco mais de dinâmica ao invés de querer apresentar tanta gente, certamente o resultado investigativo seria mais envolvente e agradaria bem mais. Ou seja, recomendo ele com a ressalva de que se você não gosta muito de filmes de conteúdo apenas deva fugir, pois a chance de reclamar de tudo é bem alta. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Looke - Branca Como a Neve (Blanche Comme Neige) (Pure As Snow)

6/19/2020 02:05:00 AM |


Já vimos tantas versões do conto da Branca de Neve que é até difícil imaginar como alguém pode nos surpreender com uma história embasada nele, e por incrível que pareça, uma diretora que já estamos acostumados a ver sempre no Festival Varilux, trouxe algo que chega perto da versão erótica presente em sites de adultos, porém com uma pegada dramática em cima disso, ou seja, um filme sem nenhum tabu, com uma irreverência forte em cima do sexo, e que ousa com muitos vértices. Claro que não é um longa pornográfico como anda surgindo no streaming nos últimos dias, mas é um filme que tem uma pegada bem imponente e que usa a ideologia da beleza e da pureza para tentar criar uma rixa entre madrasta e enteada. Ou seja, é um filme digamos interessante, que até tem nuances comerciais fortes, que funcionam, e mostra bem a dinâmica de todos os protagonistas sendo funcionais para o longa, pois pode até parecer que são muitos, mas cada um da sua forma consegue passar algo para as protagonistas. 

O longa nos conta que Claire é uma bela jovem que trabalha no hotel de seu falecido pai. O local agora é administrado por sua madrasta má, Maud. Claire inconscientemente desperta ciúme incontrolável em Maud, cujo, jovem amante se apaixonou pela bela enteada. A madrasta decide então se livrar de Claire, que consegue fugir com a ajuda de um misterioso homem e encontra abrigo na fazenda dele. Sem ter para onde ir, a jovem decide ficar no vilarejo e sua beleza causa bastante agitação entre os rapazes locais. Em pouco tempo, Claire tem sete homens aos seus pés. Esse é o começo de uma jornada de descoberta e libertação.

A diretora Anne Fontaine é daquelas que já conhecemos bem o estilo, pois quase todos os anos o Festival Varilux traz uma obra sua para conferirmos, e nesse ano que estamos sem ele fisicamente, na versão em casa temos além de várias obras suas que já vimos, essa novidade por lá, que estreou comercialmente em Setembro do ano passado, mas que não chegou até o interior, e é fácil entender o motivo, pois sua obra é intrigante, tem toda uma história bem embasada no conto, porém ela é mais picante, e talvez colocada nas salas comerciais, acabaria levando um público errado para as salas, afinal o filme não tem insegurança nenhuma no que deseja passar, de uma jovem que era retraída e fechada no hotel da família, sem conhecer nada da vida, e quando quase morre, se joga completamente na libertinagem com sua beleza e os ares das montanhas atraindo todos os jovens do vilarejo aos seus pés em cenas bem quentes, ou seja, a diretora não economizou em cenas tórridas, com algumas até engraçadas como a do carro com esquilos, e a cada momento vamos vendo mais seu ar de encantamento, e claro que com a madrasta vendo tudo aquilo para a jovem e nada para ela, acontece as tradicionais cenas de tentativa de vingança. Ou seja, é um filme bem formatado, que tem seus momentos marcados, que soube entregar o que propôs, mas que muitos não vão curtir, outros vão dizer que é apenas sexo (em muitos momentos também achei que ela fosse dar até para o cachorro do longa), mas que funciona, e isso é o que importa, sendo uma versão completamente diferente do conto que tanto conhecemos, e que a diretora acertou em muitos pontos, e errou em alguns exageros, mas nada que comprometa a trama.

Sobre as atuações, posso dizer facilmente que Lou de Laâge tem seu charme, e conseguiu trabalhar bem os ares de sua Claire, de modo que pode até faltar um pouco de carisma para a jovem, mas ela entregou bem um modo sedutor, conseguiu convencer dos seus atos, e principalmente não teve pudores para as cenas mais fortes, se colocando sempre em primeiro plano e até segurando algumas cenas que precisaram de um diálogo a mais, ou seja, não foi algo brilhante de ver, mas foi bem no que fez. Como sempre Isabelle Huppert rouba as cenas que está presente, tanto que aqui seguraram bem suas cenas para atos mais deslocados, pois facilmente apagaria a protagonista, e sua Maud tem estilo, tem vivência, e tem o principal do conto, que é ser a segunda mais bela, então a atriz soube conduzir olhares, soube montar toda a trama ao seu redor, e fez momentos marcantes bem diretos e funcionais, ou seja, como sempre acertou tudo. Dos homens da trama é bacana ver Damien Bonnard fazendo gêmeos na trama, e embora um apenas tenha a gagueira que o diferencie da braveza do outro, faltou um pouco para ele trabalhar trejeitos diferentes para que seus Pierre e François soassem melhores, mas ainda assim conseguiu chamar atenção. Vincent Macaigne trouxe a sutileza da música, a paixão pela arte, e até o exagero de doenças para que seu personagem trouxesse outro estilo de orgasmo para a protagonista, e o ator foi bem junto como cachorro Chernobyl, dando bom tom para a trama. Jonathan Cohen trouxe para seu Sam a insegurança nas atitudes, olhares dispersos e convenceu bem no que fez, soando até um pouco bobo demais, mas não falhando nisso. Pablo Pauly colocou seu Clement meio forçado nas lutas e meio que mostrando a quebra da pureza também em suas atitudes, de modo que o jovem foi bem nos atos, mas junto com seu pai vivido pelo sádico Benoît Poelvoorde no papel de Charles soaram forçados demais no conjunto. E para finalizar tivemos até um padre caidinho pela jovem, que mesmo não indo para os atos, demonstrou bons ensejos e foi aonde ao menos saíram mais diálogos na trama, mostrando que Richard Fréchette tem estilo.

Visualmente o longa saiu felizmente de cenas fracas num hotel (ainda bem, pois a garota demorou uma cena inteira para colocar meia dúzia de toalhas!!) para um local incrível, rodeado de montanhas, com um ar místico misturando floresta com vilarejo, que filmado em Isère e Drôme deram um tom maravilhoso para o longa, e mesmo tendo poucos elementos cênicos, no caso alguns instrumentos musicais, algumas maçãs, um santuário bem montado, e claro bem pouca roupa, afinal a jovem quase sempre está sem ela, mas tendo sempre bons contrastes com a pele branca, a vestimenta e o ambiente, para dar as nuances necessárias para que o filme tivesse planos.

Enfim, é um filme que garanto que muitos não vão gostar por achar que é apenas sexo, mas que outros irão captar bem a essência do conto e até irá florear algo a mais na trama. Claro que poderiam ter ido muito além, e talvez até não precisar de tantas cenas de sexo, mas aí seria apenas mais um filme baseado na história, e não algo original diferente do que já vimos, e sendo assim, até é que foi um bom acerto. Digo que recomendo bem o que vi, mas certamente não é a melhor história do mundo, e que muitos não irão se conectar com o que é passado, ou seja, veja e tirem suas conclusões também. Para quem ainda não viu algum filme do Festival Varilux Em Casa, aproveite, pois é 100% de graça até 27/08, então não perca tempo que são 50 filmes para fazer a festa, sendo que a maioria para quem estiver na dúvida de ver ou não tem crítica aqui no site, só dar uma pesquisada aqui do lado, então aproveitem. Eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.
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Netflix - A Comédia Dos Pecados (The Little Hours)

6/17/2020 12:47:00 AM |


Geralmente quando longas americanos resolvem mexer com um lado mais apelativo de humor o resultado costuma não ficar algo muito interessante, pois acaba sendo daqueles filmes que olhamos a estrutura, rimos de um ou outro ponto, e ao final ficamos pensando: será que gostei disso mesmo? Pois bem, o longa do diretor Jeff Baena, "A Comédia Dos Pecados", foi lançado comercialmente lá fora bem antes de seu longa da Netflix que foi lançado nesse ano, "Entre Realidades", porém apareceu na plataforma hoje e resolvi conferir para ver qual motivo fez com que seu peixe fosse tão bem vendido para conseguir um lançamento pelo streaming afora, e posso dizer que a trama tem uma pegada boa de época, envolvendo monarquia, religião, pecados para todos os lados, e principalmente uma certa zoação com toda a ideia de filmes desse estilo, porém faltou um pouco mais de graça em tudo, de modo que você até acaba rindo, mas não se divertindo como poderia. Ou seja, é um filme apelativo, que tem uma montagem tradicional, tem uma história e tudo mais, mas que talvez se fosse por outros caminhos agradaria bem mais.

A trama nos conta que fugindo de Lord Bruno, experiente em batalha, por dormir com sua esposa, o servo bonito e disposto, Massetto, foge para a segurança da floresta durante o verão quente e pacífico de 1347. Lá, depois de um encontro casual com o sempre embriagado, mas misericordioso padre Tommasso, o jovem encantador encontrará refúgio no santuário de seu convento, sob uma condição: fingir que é surdo-mudo. No entanto, a presença tentadora de Massetto perturbará inevitavelmente o já frágil equilíbrio de coisas dentro do reino feminino reprimido sexualmente, já que freira após freira busca desesperadamente uma fuga de seu estilo de vida tedioso e uma razão extra para molestar o charmoso trabalhador manual. No final, aquelas irmãs enclausuradas finalmente descobrirão o que estavam perdendo todos esses anos?

Chega a ser até estranho falarmos do estilo do diretor Jeff Baena aqui depois de termos visto seu filme posterior a esse, pois se lá achávamos tudo muito confuso e ficávamos nos perguntando que tipo de porre ele tinha tomado junto da roteirista para criar toda a loucura, aqui vemos que ele já tinha essas nuances malucas na cabeça, e que lá apenas se aprimorou, pois aqui tudo flerta com algo cômico (afinal é uma comédia), mas mais choca do que faz rir, e assim vemos a tradicional loucura por sexo de freiras não muito santas em um convento, mas ousando por situações bizarras, e que até poderiam ir além, mas que acabaram usando pouco. Ou seja, todos os atos são funcionais, a história convence, mas ficou parecendo que o filme foi rápido demais em tudo, não desenvolvendo muito as situações, ainda mais sendo baseado em um livro. E dessa forma não digo que seja um longa ruim, apenas foi mal desenvolvido, pois certamente com a ideia mais aberta, o resultado seria ainda mais engraçado, e talvez até pegaria mais em alguns outros pontos.

Sobre as atuações, tivemos um Dave Franco bem cheio de trejeitos com seu Masseto, agradando bem tanto nas nuances como surdo-mudo, como nos olhares mais tentadores para cima de todas as mulheres da trama, de modo que ele é o quebra ponto do filme, e funcionou muito bem, usando pouco do diálogo, mas mostrando bem pertinente ao personagem do começo ao fim. Dentre as jovens freiras, é até cômico ver a semelhança delas tanto nas atitudes, quanto nos trejeitos, de modo que chega a ser até confuso ver quem é Alison Brie com sua Alessandra e Aubrey Plaza com sua Fernanda, que claro há diferenças corporais, mas ambas fazem praticamente um complemento da outra nas cenas, e trabalham tudo com dinâmicas tão bem orquestradas de forma igual, que o resultado agrada e cai bem para a produção. Ainda tivemos alguns momentos mais doidos com Kate Minucci com sua Ginevra, e claro pontos marcantes com o padre Tomasso vivido pelo sempre correto de estilo John C. Reilly, ao ponto que seus atos malucos e incorretos como um ministro da fé acabam virando comédia pura, e acerta bastante. Além desses principais, ainda tivemos momentos bem marcados com outros personagens, mas sempre atos rápidos sem muito destaque, mas bons de verem ao ponto de mostrar que ao menos no quesito atuação, todos foram razoavelmente bem.

Visualmente o longa tem uma essência bem de época, mostrando os conventos tradicionais, com pouco contato das freiras com homens, a não ser o padre do local, fazendo suas tarefas de bordados, limpeza, colheita, e mais ao norte tendo os castelos de lordes, mas claro que aqui como a irreverência faz parte da trama, tivemos bruxaria, homossexualismo, muita tensão sexual, e claro figurinos ousados, que chamam bem a atenção, ou seja, toda a parte artística, bem como os elementos cênicos foram usados para montar a trama, mostrando que a equipe de arte foi bem coerente e preparada para tudo o que o diretor precisasse usar e ousar.

Enfim, é um filme que diverte de certa forma, mas que não ousa como poderia, pois certamente se melhor trabalhado teríamos um longa divertido, que talvez não precisasse apelar tanto, e o resultado agradaria bem mais, mas ainda assim é um filme que muitos irão gostar e serve de passatempo, mesmo sendo bem maluco. E assim sendo, até que recomendo ele de leve, e fico por aqui hoje, voltando em breve com mais textos, então abraços e até logo mais. 
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