Netflix - Street Flow (Banlieusards)

10/29/2019 12:53:00 AM |

Uma obra imponente e completamente necessária, essa certamente é uma das melhores definições que posso dar para o filme da Netflix, "Street Flow", pois o rapper Kery James soube trabalhar em seu primeiro longa definições sociais fortes com um âmbito tão preciso e bem colocado que ficamos com os olhos grudados na tela acompanhando não só o debate de dois jovens estudantes de Direito sobre a culpa do Estado com o que vem acontecendo nos subúrbios da França (e porque não do mundo todo!), juntamente com exemplos críveis acontecendo e envolvendo todos os protagonistas. Ou seja, um filme daqueles que paramos para ver e refletir com tamanha força e desenvolvimento que não tem como não se emocionar, além claro de entregar tudo com tremenda personalidade e acerto para ninguém botar defeito, mesmo que ainda seja algo que peca por se limitar a um eixo só, mas que só de existir já vale a abertura para todos os demais, e com isso o resultado acaba sendo perfeito.

A sinopse em si é bem simples, porém não representa nem 10% do que o filme nos entrega, pois ela apenas nos verte ao jovem Noumouké em sua decisão de qual irmão terá como exemplo: o futuro advogado Soulaymaan ou o mafioso Demba.

É muito interessante ver o que Kerry James ao juntar-se com a diretora de diversos clipes seus Leïla Sy fizeram aqui no primeiro longa-metragem dos dois, pois se lermos algumas letras das músicas do diretor (inclusive a música que leva o nome francês/original do filme é incrível!) veremos que ele sempre trabalha bem o cunho social, a defesa/briga com o Estado, e aqui ele representou de uma forma macro toda essa ideia em seu roteiro, de modo que o filme começa simples, vai se intensificando, e conforme vamos para o grande final com o debate entre os dois jovens vemos uma imposição de ideias tão bem formatadas e ditas com uma precisão tão forte que não tem como não se emocionar, e o envolvimento dos atores é tamanho perto de tudo que o filme quase vira uma bomba explodindo em nossa mente. Claro que pelo andar da trama conseguimos imaginar diversos pontos para onde vão rumar, e isso talvez incomode e faça com que muitos reclamem de algo explicativo demais, mas longe de ser algo de cunho que pretenda desafiar seu comodismo e encaixar somente as ideias do diretor, não, ele vai bem mais longe dando abertura para os dois lados se debaterem e irem com um princípio bem fora do comodismo, mostrando em opostos cada um com suas ideias, e isso fica cada vez mais forte, e mais bem estruturado, que se ele quiser ainda pode trabalhar muitos outros vértices em uma continuação, que certamente será muito bem vendida, e todos irão curtir com muita certeza. Ou seja, podemos dizer que Kerry não apenas estreou bem no cinema, como acertou a mão em cheio, e talvez ainda seja bem lembrado por muitos após esse filme.

Sobre as interpretações, pela sinopse colocaríamos o jovem Bakari Diombera como protagonista, porém seu Noumouké é apenas um grande elo entre os diversos vértices, não que o garoto não tenha se expressado bem, muito pelo contrário, pois conseguiu ter boas cenas, fazer olhares bem certeiros, mas passa longe dos demais, e isso é curioso de ver, pois seus atos chegam a ser os mais perigosos para a trama, e com isso ele soube ao menos segurar bem sua responsabilidade. Agora sem dúvida alguma o destaque ficou para Jammeh Diangana com seu Soulaymaan, que trabalhou sua personalidade, deu um show de eloquência no debate de retórica da faculdade, e com uma dinâmica incrível conseguiu fazer anseios fortes em cada momento seu, criando algo que poucas vezes vimos um jovem fazer na tela, e ainda encontrando olhares tão singelos e bem marcados em cada cena que ficamos emocionados em praticamente todos os seus atos, ou seja, deu show. O diretor Kerry James também entregou bons momentos com seu Demba, mas ele mesmo não quis se destacar, de modo que suas cenas sempre são rápidas, porém marcantes, e com isso acabamos fluindo junto com ele em dinâmicas mais simples quando está na tela, ou seja, foi bem determinado, mas sem fazer alarde. A jovem Chloé Jouannet também fez ótimas cenas com sua Lisa, praticamente fazendo uma dança de vocábulos com o protagonista nas cenas finais, mas também sendo incrível de emoções envolventes nas diversas outras cenas, ou seja, caiu muito bem no papel e não desapontou. Quanto dos demais, diria que todos foram bem, alguns tendo um pouco mais de destaque, outros menos, mas de um modo geral fazendo seus atos fluírem para o bem maior da produção.

O conceito visual da produção teve o foco bem marcado nos subúrbios, destacando os prédios aonde o tráfico domina pelas diversas gangues, mostrando a rotina ali dos envolvidos, e claro também de alguns que nem sequer passam perto dos grupos, porém como o eixo da trama está com um dos líderes, também vemos o preconceito da mãe através de alguns detalhes nas fotos, vemos o eixo que os jovens acabam influenciados, e claro também vemos muito o ambiente de concursos de retórica nas faculdades de Direito (algo já bem comum de vermos em alguns longas franceses, que gostam bastante de destacar as salas imponentes imitando tribunais!), além claro de alguns pontos mais belos para o lado romantizado do filme, ou seja, o ambiente em si não chega a ser tão importante quanto o belo texto da trama, mas foi usado em minúcias também para envolver bastante.

Enfim, é um tremendo filme forte, que raspa a trave da perfeição, e quem leu o texto inteiro conseguirá enxergar o motivo de não dar a nota máxima para ele, mas ainda assim é um filme que envolve, que marca e que nos faz refletir muito sobre tudo o que é passado, tanto que vou deixar aqui o link para lerem a letra da canção que toca ao final e também é do diretor, pois vale muito o que é dito ali. Ou seja, recomendo demais o filme e espero que muitos enxerguem bem o que é passado ali, pois mais uma vez um filme francês bem feito pode ser facilmente passado em branco por muitos, e espero que esse que está na Netflix de fácil acesso para muitos não seja mais um exemplar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Netflix - A Volta Por Cima (La Grande Classe) (Back To School)

10/28/2019 01:00:00 AM |

É engraçado como a França faz três estilos completamente diferentes de comédia, aqueles que você ri demais da essência sem precisar de apelações, aqueles que exageram em coisas que você nem acredita que está vendo e geralmente não ri de nada, e aqueles que tentam passar lições, fazem piadas jogadas, e as vezes você ri, e geralmente esse último é o que menos o pessoal costuma gostar, pois fica bem no meio da famosa dramédia que tanto eles gostam (e que funciona realmente muito mais!), e geralmente o resultado não impressiona como poderia. Digo isso pois o longa da Netflix, "A Volta Por Cima" é desse último grupo e até tem alguns momentos engraçados marcantes, mas o fechamento ficou tão jogado que praticamente quebra o clima, e isso é algo bem ruim de ver em comédias, claro que o miolo também não é algo muito impressionante de ver, mas é sempre bacana ver que os nerds costumam se dar bem, enquanto os valentões da escola geralmente acabam tendo suas vidas meio que jogadas de lado. Tudo bem que isso é um dos maiores clichês do cinema, mas quando é bem feito, funciona, o que não é o caso aqui, então poderiam ter ido para o vértice de abusar de apelações, que certamente iriam fazer rir (como é o caso em algumas cenas), e então o resultado empolgaria bem mais.

O longa conta a história de um grupo de colegas de classe que decide se reencontrar para relembrar os velhos tempos. Para isso, dois desses amigos, que moram em outro lugar, viajam até a cidade natal para a tal reunião. Porém, eles vão na expectativa de deixar aqueles que eram "valentões" intimidados e também conquistar as antigas paqueras da época de escola.

Acho que já falei isso outras vezes, mas ter o primeiro longa de drama é imensamente mais fácil do que arriscar com uma comédia, pois o gênero é daqueles que ou você acerta ou erra, não tem o meio termo, enquanto em dramas já dá para dar uma enganada, e aqui Remy Four e Julien War bem que tentaram nos enganar, tendo até um grandioso fechamento que vai impressionar muitos e servir como um daqueles: "nossa como não percebi isso antes", e com isso eles nos mostraram o grande ar de sacadas no texto que poderiam ter funcionado melhor, bem como mostra que eles são bons roteiristas cômicos, porém saber escolher os momentos certos para cada jogada, encontrar a dinâmica perfeita entre os protagonistas, e tudo mais que um bom diretor do gênero precisa, ainda vão ter de aprender bastante. Diria que talvez se a cena final fosse no meio, e aí desenrolasse mais os problemas, o resultado acabaria bem mais interessante, mas talvez tivesse quebras demais para mudar, então vamos deixar assim, como sendo um filme engraçadinho, com um final chocante, mas certamente poderiam ter ido muito além.

Diria que os atores souberam muito bem se encaixar nos momentos, fazer trejeitos bem dosados para cada ato, e principalmente não tentaram fazer gracejos, de modo que o filme flui sozinho pelas ideias cômicas vingativas de cada um dos lados da história, ou seja, é bacana ver cada um sendo tradicional, alguns mais bobos que outros, mas funcionam ao menos para o que o filme se propôs. Ludovik Day entrega seu Pierre-Yves com boas sacadas, meio que bem no âmbito de um perdedor que ao subir ao poder sai atacando com tudo, e seus atos são bem tradicionais do estilo, o que agrada de ver e rir pelos seus olhares bem bobos. Já Jérôme Niel acaba fluindo de uma maneira meio estranha com seu Jonathan, criando um ar tímido demais, mas sem recair em trejeitos normais ele acaba ficando no meio do caminho, sendo bem trabalhado, mas com um estilo meio que perdido na produção. Nicolas Berno jogou com tudo em seu Hervé, mostrando desventuras imponentes como um brucutu deve ser, mas também sabendo pontuar nos olhares, e isso fez dele um personagem bem interessante de ver. Pauline Deshons trabalhou bem com sua Lucille, meio que ficando sempre em segundo plano, mas brincando bastante com os momentos, e sendo bem importante na finalização da trama, o que agrada bastante quando um personagem secundário desponta. Quanto os demais, todos foram bem, tendo aqueles que foram apenas enfeites cênicos, e também alguns que tentaram chamar um pouco mais a atenção como foi o caso de Pitcho Womba Konga com seu Looping, Romain Lancry como Fabrice e Caroline Anglade como Linda, mas nada que surpreendesse muito também.

A parte cenográfica ficou simples, afinal tudo ocorre dentro de uma escola, com as tradicionais cenas que já vimos em uma tonelada de filmes, como o baile no ginásio, a biblioteca, alguns personagens se pegando nos banheiros e em salas, as famosas brigas no pátio, e até mesmo cenas no topo do prédio, ou seja, nada que fosse muito evoluído tendo algum leve destaque para a cena de tensão das crianças macabras (que no lugar dos personagens ficaria com bastante medo delas!) e as sacadas usadas pela vingança dos nerds contra os valentões, mas também coisas que já vimos muitas vezes. Ou seja, tudo muito simples e efetivo, que nem na iluminação fizeram muita questão de trabalhar tons, deixando tudo com muitas cenas escuras, o que falha o ar cômico, e uma ou outra cena com ar mais engraçado aonde brincaram com muitas cores.

Enfim, é um filme que tem suas qualidades, mas que não diverte da maneira que promete, funcionando mais no final e em cenas espaçadas do que no resultado completo de uma comédia, de modo que ficou parecendo que os diretores tinham mais ideias do que realmente conseguiram mostrar na tela, e assim, quem for conferir o longa na Netflix certamente irá rir em alguns momentos, mas até a cena final acontecer ficará parecendo que já viu esse filme diversas outras vezes, e assim fica minha recomendação de que só confira se não tiver outra boa comédia em vista. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve.

Leia Mais

Netflix - Influência (La Influencia) (The Influence)

10/26/2019 03:59:00 PM |

É até estranho ver o tanto de longas de terror que a Netflix lança, claro que muitos bem ruins, mas acho que a plataforma encontrou um gênero que não consegue tanto mercado para ser lançado nos cinemas comerciais, e que aqui consegue ao menos ser visto por um bom número de pessoas, e claro ter também muitas reclamações por alguns filmes serem bem fracos, mas isso faz parte. Digo isso, pois nos últimos dias a plataforma tem me indicado diversos filmes novos do gênero, e claro que vou conferindo eles conforme vai sobrando o tempo, e eis que hoje resolvi dar a chance para o espanhol "Influência", que até tem uma pegada tensa interessante, uma ambientação bem montada, algumas cenas fortes, mas que falta ainda aquele detalhe que faz o público ficar com medo de algo, ou que gere um incomodo maior, e aqui tudo é muito direcionado sem causar, o que acabou deixando a trama levemente fraca de atitudes. Ou seja, é um filme bem feitinho, que tem alguns furos gritantes nas cenas finais (que para variar resolveram fazer tudo nos minutos finais acontecer, e com isso os erros apareceram com tudo!), mas que consegue fazer com que prestássemos atenção do começo ao fim, e isso é algo que funciona, então longe de ser uma bomba imensa, a ideia até que agrada.

O longa nos mostra que Alicia retorna à mansão sinistra da qual fugiu quando criança - uma casa que nunca teve uma infância feliz - agora transformada em uma jovem mãe. Acompanhada por seu marido e sua filha de nove anos, Nora, Alicia procura reconstruir sua vida enquanto é forçada a enfrentar um passado que ela pensava ter sido enterrado e um corpo que resiste à morte: o de Victoria, a matriarca possessiva da família, que entrou em coma profundo e sobrevive conectado a uma máquina, e pela qual a pequena Nora sente um fascínio doentio.

Diria que a estreia do diretor e roteirista espanhol Denis Rovira Van Boekholt em longas, após curtas bem elogiados e premiados, foi algo que pecou um pouco pelo excesso, pois a sua história tem uma pegada tensa bem colocada para funcionar, de problemas familiares tensos, e ainda envolvendo bruxaria no meio sempre dá bons resultados, mas para ir mais além acredito que o filme poderia ter revelado o problema do avô mais cedo, pois aí o filme teria um vértice mais bem trabalhado, e tudo faria um pouco mais de sentido, além de algumas cenas também mostradas em outra ordem. Ou seja, o filme tem toda a trama funcional bem filmada e com ares incríveis, mas a montagem em si acabou pecando e não atingindo todo o eixo que poderia, de modo que vemos o longa, viramos as caras em alguns momentos fortes, e sentimos toda a tensão passada, mas ao final nem sabemos se o longa realmente causou algo em nós, e isso é falhar em conceito. Porém diria que se o diretor melhorar bem pouco, certamente seu próximo filme já será incrivelmente forte e tenso, pois vai arrumar esses leves defeitos com certeza.

Sobre as atuações, diria que arrumaram uma garotinha estranha demais, pois os trejeitos de Claudia Placer com sua Nora não demonstravam nenhum sentimento verdadeiro, ficando parecendo que ela estava incomodada com algo, ou faltou explicar melhor o que ela deveria passar, de modo que seus atos falharam mais do que agradaram. Manuela Vellés entregou uma Alicia bem trabalhada, que só de olhar para ela sabíamos da quantidade de traumas que sofreu quando mais jovem, e que nas cenas finais então entrou num desespero tão forte que mostrou personalidade e imponência em todos os atos, ou seja, atuou muito bem para o papel que lhe foi dado, e com isso chamou a atenção. Maggie Civantos deu para sua Sara algumas boas nuances e soube chamar atenção para envolver em seus poucos atos, mas talvez um algo a mais como fez a irmã chamaria mais a responsabilidade, parecendo afoita demais para tudo o que estava acontecendo, ou seja, poderia ter ido além. Alain Hernández até entregou uma certa personalidade para seu Mikel, porém o filme nem pediria tanto um personagem masculino na trama, tirando uma única cena ao final, e com isso ele pareceu bem descolado em todos os atos, ou seja, talvez se a trama ficasse só com o clã feminino o resultado seria até melhor de ver. E falando em clã feminino, temos claro de pontuar Emma Suárez que passou praticamente o longa inteiro na cama com sua Victoria, mas quando precisou mostrar atitude fez com tudo, e isso deu um ótimo tom para as cenas que fez. Quanto dos demais, vale apenas um leve destaque para a garotinha Daniela Rubio com sua Luna, mais pelo tom imponente cheio de atitude, que talvez se ela fosse a jovem Nora, acredito que chamaria muito mais atenção para o filme, pois a garota foi muito bem.

No conceito artístico é fato que filmes com casas assombradas, ou com algum problema envolvendo mortes e bruxarias sempre dão um show visual, e aqui a equipe de arte trabalhou incrivelmente bem, criando diversos ambientes escuros, com objetos feios, muito pó para todo lado, papeis de parede com símbolos estranhos, e claro uma decoração de hospital bem destruído para o quarto da matriarca em coma, aonde as luzes piscantes e todo o ruído da respiração através de máquinas deram o tom correto para que o filme funcionasse demais visualmente, ou seja, capricharam no gasto do orçamento para algo incrível.

Enfim, é um filme muito bom de essência, com uma tensão no ar do começo ao fim, mas que não atingiu o objetivo de causar muito no público, de modo que vemos o filme tranquilamente ficando com nojo ou temor em apenas alguns atos, mas que muitos que são fãs do gênero não irão ficar muito contentes com o resultado completo, de modo que poderiam ter ido muito além, e assim sendo fica a minha recomendação apenas para quem gosta do estilo, mas não liga para furos e falhas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Netflix - Meu Nome é Dolemite (Dolemite Is My Name)

10/26/2019 02:26:00 AM |

Sei que muitos não conhecem nada de Blaxploitation, e até eu mesmo afirmo que vi pouquíssimos filmes da época, mas ao estudarmos um pouco vemos o impacto dos atores nem tão famosos fazendo filmes imponentes, de baixíssimo orçamento (ou melhor, colocando todo o dinheiro de suas vidas para fazer de seu filme talvez um sucesso para recuperar a vida!), mas que tinham pegada, tinham ação, tinham lutas, e principalmente tinham história para contar as maluquices da vida dos negros em seus guetos, lutando muito contra o preconceito, contra tudo e contra todos, mas sem dúvida se divertindo muito com as histórias malucas, cheias de cambalhotas, tiros com armas imensas, lutas estranhas, e claro muito sexismo de uma maneira divertida, e aqui em "Meu Nome é Dolemite" vemos a volta triunfal de Eddie Murphy entregando como foi feito um desses ótimos filmes por um homem de estilo, cheio de rimas, e que fez tudo praticamente do zero sem ter nenhum grandioso profissional um longa do melhor estilo que foi imensamente criticado pelos críticos, mas que ganhou o público e fez um tremendo lucro. Ou seja, uma recriação de época maravilhosa, aonde vemos como é fazer cinema realmente, e que entrega personalidade e muita ginga por parte de todos, de forma que não tem como não recomendar o filme que a Netflix entrega agora, mas que vamos ouvir falar muito ainda dele, pois ficou na medida para tudo.

O longa conta a história de um vendedor de discos de uma loja pequena e comediante de pouco sucesso, Rudy Ray Moore, que vê sua vida mudar quando começa a ouvir as histórias das ruas para renovar seu repertório, inserindo piadas sujas e repletas de palavrões. Não demora muito para que ele faça imenso sucesso, migrando o sucesso nas casas de show para discos extremamente populares, entre a população negra norte-americana. Decidido a ampliar seus horizontes, Rudy decide rodar por conta própria um filme estrelado por seu alter-ego Dolemite, um cafetão bom de briga que sabe lutar kung fu. O que ele não imaginava era que fazer cinema fosse algo tão complicado quanto conseguir que seu filme fosse exibido em circuito comercial.

É bacana ver que o diretor Craig Brewer possui um ritmo cadenciado em seu estilo, pois fez vários filmes com muita dança e aqui trabalhou o personagem principal dentro de um ritmo próprio, afinal criar o longa em si não deve ter sido nada fácil com um elenco forte, cheio de bons nomes da cultura negra, e que com muita sagacidade consegue incorporar trejeitos, fazer um filme dentro de outro filme, e ainda manter a dinâmica de uma maneira muito gostosa de ver, de modo que me via cada hora mais atento à produção, indo com a cadeira mais perto da TV para olhar detalhes e não enxergar erros, e isso é lindo de ver em um filme, e Craig não só fez o estilo, como encontrou nos personagens e nos atores a vontade de entregar tudo, ou seja, um filme que mostra praticamente a biografia de um nome marcante, mas sem precisar ficar indo de uma maneira comum, e isso é agradável demais de ver na tela. Assim como comecei o texto, posso dizer novamente que muitos continuarão sem saber o que foi a blaxploitation, porém verão como um grupo foda de amigos conseguiu sair de seu cantinho e detonar geral no cinema, na música e na comédia de cara limpa, usando trejeitos fortes, muito palavrão, e impacto cênico da melhor qualidade, com muitas sacadas geniais que só reforçam o nome de cada um em cena.

E falando em reforço de nome, Eddie Murphy estava bem sumido após alguns projetos ruins, e muitos falavam até que tinha abandonado a carreira, mas bastou um bom roteiro para que ele volte a ser um grande nome falado, e aqui com seu Rudy/Dolemite ele simplesmente voltou às suas origens, brincando na tela, fazendo trejeitos, e principalmente deixando que o personagem falasse por si, pois não vemos o ator Eddie em cena, mas sim Rudy vivendo através do corpo dele, e esse é o jeito certo de um ator fazer cinema. É muito engraçado você não reconhecer um ator, e aqui ocorreu isso com Wesley Snipes que acostumamos tanto ver ele como brucutu em filmes de ação, que fazendo seu estranhíssimo D'Urville ficamos bem surpresos com o que faz, nos pegando com trejeitos engraçados, situações clássicas de diretores que nem tem tanta bagagem, mas se acham a última bolacha do pacote, e que com um estilo bem próprio que acabou acertando a mão em cheio. Da'Vine Joy Randolph entrega uma Lady Reed incrivelmente perfeita, com classe, cheia de olhares e trejeitos, com personalidade de forma que acreditava ser uma atriz até bem mais famosa no papel, mas sempre fazendo papeis secundários aqui veio com tudo e assim como fala em determinado momento, conseguiu mostrar que existem bons papeis para pessoas como ela, ou seja, incrível de ver. O elenco ainda conta com outros grandes nomes como Chris Rock, Craig Robinson, Snoop Dogg que não impactam tanto no filme em si, mas que entregam momentos bem marcantes interessantes demais para a produção, além de diversos menores que funcionaram bem para cada ato sem atrapalhar em nada, ou seja, um elenco muito bem conectado entre si, que faz o filme funcionar do começo ao fim.

Sabemos bem o trabalho de uma composição de época, e os anos 70 acredito que seja uma das épocas mais difíceis de representar, pois tem figurinos marcantes, e o longa cadenciou na medida, tem espaços cênicos marcantes, e representaram desde lojas de discos, até restaurantes/bares com shows, passando por hotéis simples e outros bem elaborados, recriando gravadoras, e com muita dinâmica refizeram as filmagens de "Dolomite", que foi um dos grandes e marcantes filmes da época, ou seja, um luxo completo de equipamentos, de mostrar como são feitas as cenas de luta e tiro, os treinamentos de coreografia, as iluminações cheias de gambiarras, os cenários desmontando e tudo mais que o cinema barato acaba sendo feito, além claro dos maravilhosos cinemas de rua clássicos bem representados desde os singelos de pequenas cidades até chegar nos gigantescos que recebem estreias com atores, ou seja, um trabalho minuciosamente perfeito da equipe de arte.

Enfim, um filme incrível com um ritmo perfeitamente musicado, e que certamente muitos que já trabalharam com gravações irão se enxergar, que todos irão se divertir, e que principalmente funcionando como uma biografia é entregue muito bem representada para ninguém botar defeito, ou melhor, colocaria um leve defeito de não terem desenvolvido mais alguns problemas que certamente todos tinham na época, que preferiram minimizar para que o filme não criasse receios politizados e envolvimentos raciais, que não chega a ser um erro, pois o filme é até melhor assim, mas que poderiam ter pontuado mais do que apenas uma cena em que um dos personagens reclama de ter brancos mandando no set de filmagens. Ou seja, um filme muito bom que recomendo demais para todos, e que felizmente a Netflix soltou para o mundo inteiro na mesma data, de modo que já pudemos conferir e se divertir sem precisar esperar nada. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Netflix - Cascavel (Rattlesnake)

10/25/2019 09:56:00 PM |

É intrigante como alguns diretores acabam enrolando tanto seus filmes que acabam passando do ponto, pois "Cascavel" tem uma ideia bem trabalhada, entrega uma tensão evidente, brinca com a ideia do peso na consciência, mas certamente se o filme fosse reduzido em uns 20-25 minutos teríamos tido uma obra perfeita de tudo, mas talvez não seria classificado como um longa-metragem, então essa leve enrolação que acabaram colocando no miolo do filme acaba cansando o público, pois sabemos bem a hesitação da protagonista, conseguimos ver que ela não tem capacidade para matar, mas o diretor fica embaçando tanto que o filme perde o ponto chave de impacto, e com isso seu filme não vai muito para frente. Ou seja, é uma ideia boa com uma conclusão bem feita, mas que falha muito em relação ao que entrega por completo.

O longa nos conta que após Katrina aceitar a ajuda de uma misteriosa mulher, depois de sua filha ter sido mordida por uma cascavel, e a filha estar fora de perigo, a mãe se vê obrigada a pagar a dívida tirando a vida de um total estranho na cidade rural de Tulia, no Texas.

Não vou fazer o mesmo que o diretor Zak Hilditch e ficar enrolando no texto, então vamos direto ao ponto dizendo que a trama em si é bem colocada, consegue passar a ideia de troca de almas, a famosa ajudinha de seres de fora, mas ao direcionar a ideia ele coloca a famosa dúvida na cabeça da protagonista, juntamente com a falta de coragem de fazer o ato em si, mas vemos também a brincadeira de já que vou ter de fazer, que seja para algo bom, ou seja, a trama é cheia dessas reviravoltas de bem versus mal, que funciona e soa interessante de ver, de modo que podemos aplaudir o roteiro de Zak também, mas costumo sempre falar um ditado que ouvia muito na faculdade: "nunca filme o seu próprio roteiro, pois na hora de cortar ficamos com dó de eliminar um céu maravilhoso, uma movimentação de câmera bonita, ou qualquer outra coisa que colocamos no texto, então escreva e dê para outro diretor que confia ou entregue seu roteiro para ser melhorado por outra pessoa antes de ir filmar", e aqui vemos completamente isso, com uma ideia bem feita, mas que 85 minutos viraria facilmente 60 e acabaria incrível logo no banheiro do marido violento, ou no máximo na sala, e pronto, filme incrível, com cena forte incrível, e todos felizes no final.

Sobre as atuações, Carmen Ejogo foi bem com sua Katrina, trabalhou expressões desesperadas, brincou com as emoções, e facilmente dominou seu filme, tendo leves momentos em que poderia ter sido mais contundente, mas ainda assim agradou no que fez. E o mais engraçado é que praticamente só temos a atriz como grande ponto, sendo os demais todos bem de apoio, tendo Theo Rossi com seu Billy apenas um pouco mais de dinâmica pelas cenas fortes suas, mas nada que tivesse feito para impressionar, ou seja, qualquer ator nos demais papeis funcionaria, e todos fizeram apenas o básico para chamar a atenção quando devia.

Quanto da direção de arte, diria que foram bem precisos nas locações, trabalhando bem o ar desértico como quase um segundo elemento artístico, afinal acabamos tendo visões, e quem sabe o que a protagonista vivenciou não foi fruto de uma insolação forte, as cenas com os mortos também foram bem trabalhadas e chocantes, e todo o ambiente em si funciona em todas as locações, desde as tentativas de matar no hospital, o lugar clandestino para comprar a arma, o bar simples, a casa da vítima, e até mesmo o cânion foi bem montado para chamar atenção. Além disso tudo, o longa também contou com uma fotografia árida, cheia de tons laranjas bem fortes, e com isso o resultado acaba chamando bastante atenção.

Enfim, é um longa bem feito, que apenas se alongou demais, pois do restante agrada bem, e é até uma pena ter de dar uma nota mediana para ele, pois essa falha da enrolação acabará cansando muito quem não estiver disposto a ficar esperando tudo acontecer, e com isso o filme certamente terá bem mais reclamações do que elogios por parte do público em geral que for conferir ele na Netflix, então fica sendo assim minha recomendação, que quem for conferir acelere algumas cenas de enrolação, e certamente o resultado talvez fique melhor, pois a ideia é boa. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou conferir mais um longa, afinal está cedo ainda, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Zumbilândia - Atire Duas Vezes (Zombieland - Double Tap)

10/25/2019 01:39:00 AM |

Certamente a vontade de muitos é a de ter uma máquina do tempo e voltar para determinada época para fazer algo, e conferir "Zumbilândia - Atire Duas Vezes" é quase como entrar na máquina e ver novamente o longa que vimos em 2009, melhorado em alguns detalhes de explosões, com mais sangue, mais boas sacadas, novamente ótimas montagens de letreiros passeando pela tela com as regras dos personagens em português (que bate uma felicidade imensa!!), e com boas atuações, afinal o elenco é estrelado, e só isso já se faz valer a conferida, pois o filme diverte bastante, entrega o estilo de filmes de zumbi que estamos acostumados a ver, porém infelizmente não temos absolutamente nada de novidade em cena, tirando o fato de irem para alguns locais interessantes como a Casa Branca com vários elementos dos presidentes americanos, depois as sacadas com Elvis, até chegarmos no reduto paz e amor. Ou seja, temos o mesmo filme em locações diferentes, e isso é bom para funcionar como algo nostálgico, mas que muitos irão reclamar pela falta de ousadia do diretor de criar algo indo além, e assim certamente veremos opiniões bem divergentes dos que vão amar se divertir com tudo, e daqueles que vão reclamar de tudo, e no caso o Coelho, que reclamou de não ver nada novo, mas riu à beça e se divertiu com o que viu, então recomenda o filme.

O longa nos conta que anos depois de se unirem para atravessar o início da epidemia zumbi nos Estados Unidos, Columbus, Tallahassee, Wichita e Little Rock seguem buscando novos lugares para habitação e sobrevivência. Quando decidem ir até a Casa Branca, acabam encontrando outros sobreviventes e percebem que novos rumos podem ser explorados.

Tenho certeza que assim como os fãs que desejavam ver a continuação do filme logo depois que estreou em 2009, o diretor Ruben Fleischer também teve esse mesmo desejo, mas que provavelmente por algum motivo não conseguiram tirar do papel as ideias, e agora 10 anos depois conseguir juntar o mesmo elenco, trabalhar praticamente as mesmas sátiras, e conseguir entregar uma trama divertida certamente faz com que o filme seja agradável e siga a linha de entrega correta que foi planejado lá trás, ou seja, o diretor não quis ser criativo, não era essa a função aqui, mas certamente pegar a ideia, trabalhar ela para os anos atuais, e quem sabe seguir em frente, e o acerto foi muito bom, pois vemos que o diretor ainda tem a mesma pegada, trabalha cada momento com as ideias de família mesmo que foi o que acabou ficando do primeiro longa, e a todo momento procura algo preparado para brincar com a ideia dos filmes de zumbi, dos filmes atuais que deram certo, e mais do que uma paródia dos diversos filmes/séries de zumbi, a trama tem ritmo, e faz com que os 99 minutos passem voando. Ou seja, a sacada foi fazer o filme voltar a toda e talvez ganhar uma continuação mais breve, pois funcionar para os fãs que ficaram loucos com a trama lá em 2009, garanto que funcionou, agora é levar o filme para outro patamar, pois dá para fazer acontecer.

Com um elenco muito coeso, vemos que os 10 anos foram bons para todos, pois não só cresceram profissionalmente como encontraram estilos tão bem precisos para melhorar muito cada momento dialogado seu, pois se o primeiro filme prezou mais pelos tiros e sacadas leves, aqui o humor ácido vem com tudo, e todos sem exceção souberam dominar os trejeitos para que ficasse o mais natural possível. Woody Harrelson entrega seu Tallahassee com total desenvoltura, cheio de movimentos mais durões, mas com o estilo próprio seu que já vimos em tantos outros filmes, e seus atos cabisbaixos sempre que tem de pegar o carro que odeia é demais. Jesse Eisenberg era apenas um jovem quase que sem nome em 2009, e de lá para cá foi indicado a diversos prêmios, teve grandiosos protagonismos, e melhorou demais no conceito interpretativo, tanto que mesmo fazendo papel de bobão com seu Columbus, vemos ele pronto para cada ato, devolvendo tiradas rápidas e agradando na medida com cada trejeito bem encontrado. O mesmo também podemos dizer de Emma Stone que na época era apenas uma jovem de 21 anos, praticamente estreando nos cinemas, e agora já com seu Oscar na prateleira, com protagonismo em cima de protagonismo, mas sem deixar o queixo empinar, veio com sua Wichita imponente, cheia de atitudes, e principalmente com um sarcasmo de nível altíssimo para cada cena sua, encontrando dinâmicas e agradando demais. E o que falar então de Abigail Breslin que tinha apenas 13 anos na época, mas já vinha de uma indicação ao Oscar, e sabia ser bem coesa com os momentos, e aqui já completamente diferente, com outra personalidade entrega sua Little Rock como o elo da trama, dando bons olhares, mas fugindo bem de lado, ou seja, não decolou como poderia, e talvez precisasse de um empurrãozinho maior. As diversas participações do elenco de apoio foram bem divertidas também, principalmente com Rosario Dawson como Nevada, Luke Wilson com sua rápida participação como Albuquerque e Thomas Middleditch como Flagstaff que trabalhou muito bem seus trejeitos semelhantes dos protagonistas. Agora quanto Zoey Deutch com sua Madison, a vontade é a mesma de Tallahassee e Wichita, de pegar e dar um tiro de tão absurda de trejeitos que a jovem faz.

A equipe de arte novamente deu um show com cenários pós-apocalípticos bem encaixados, tudo bem destruído pelos zumbis, pois se lá em 2009 apenas tinha começado a epidemia, aqui tudo já foi morto e jogado pelos cantos, então com boas armas, boas lutas corpo a corpo, diversas sacadas de cenas explicativas, e principalmente locações bem pensadas para funcionar fizeram com que o filme tivesse cores bem fortes para um terror, mas como de praxe escuras para uma comédia, misturando tudo para que a diversão não forçasse a barra e ainda tivesse a tensão no ar, de modo que vemos um hotel com tantos elementos bem feitos de Elvis, temos uma Casa Branca recheada de referências dos ex-presidentes, e principalmente o acampamento imenso da Babilônia cheia de detalhes hippies bem colocados, e no meio do caminho um road-movie funcional, ou seja, perfeição pura, além de ótimos figurinos sujos e zumbis bem imponentes maquiados para envolver mesmo. Além disso, tivemos uma computação incrivelmente precisa para trabalhar os letreiros do filme com as regras do protagonista aparecendo, se movimentando e dando as nuances certas em nossa língua, para não ficar algo jogado, mas sim pronto para agradar mesmo.

O filme contém uma trilha sonora de primeira linha, com canções fortes de rock que envolvem a todos, e mesmo nos atos orquestrados tudo é bem colocado para dar um ritmo envolvente certeiro como o filme pedia, e claro que deixo aqui tanto a trilha com as músicas, quanto as orquestradas compostas diretamente para o filme, então aproveitem bem.

Enfim, é um filme bem bacana, com uma pegada incrivelmente forte e bem colocada, que está longe de ser algo que vá impressionar quem não for fã do original, mas que mesmo quem for conferir esse sem ver o primeiro acabará entrando no clima e passará a se divertir com tudo o que é entregue, e dessa forma, vendo sem muitas expectativas o longa funciona bastante, então vá e dê boas risadas com todas as boas sacadas colocadas na trama. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje com a única estreia que veio para o interior nos cinemas, mas volto em breve com mais textos do streaming, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Netflix - Sombra Lunar (In The Shadow Of The Moon)

10/24/2019 12:47:00 AM |

Confesso que tenho um gosto particular por filmes com voltas no tempo, pois sempre conseguem me intrigar com essa possibilidade, vemos ideias bem colocadas, mas geralmente entregam tantos furos que chega a dar mais raiva do que alegrias, sendo bem raros os exemplares que funcionam completamente. Já tinha visto várias pessoas dos grupos que sigo falando bem mal do longa da Netflix, "Sombra Lunar", mas como sou persistente e gosto de ter a minha opinião também, eis que resolvi conferir ele hoje, e posso falar que a trama em si tem uma ideia bem boa, uma montagem consistente, mas acaba faltando tanto uma amarração mais forte para prender o espectador, quanto um fechamento melhor para tudo, pois o filme começa a soar repetitivo mesmo sem a necessidade de mostrar as mesmas cenas (o que geralmente costuma ocorrer em longas do estilo), e quando ficamos sabendo realmente quem é quem e o que vai rolar a trama já está muito no final. Ou seja, para funcionar bem talvez o filme teria de ter explicado melhor antes, ou ao final o choque ser daqueles de cair o queixo, e não apenas rolar, pois essa falta de conexão melhor faz com que até ficássemos bem envolvidos com o filme, mas não como o gênero realmente pede, e dessa forma temos um filme médio, que passa bem longe de ser ruim, mas que também não chega nem perto de ser impressionante.

O longa nos situa na Filadélfia, em 1988, aonde determinado a se tornar detetive, o policial Thomas Lockhart segue os rastros de um misterioso serial killer que ataca a cada nove anos. Os crimes desafiam qualquer explicação científica e a obsessão de Lock em descobrir a verdade ameaça destruir sua carreira, sua família e sua sanidade.

Diria que a história em si é interessante, mas que foi escrita por roteiristas que só fizeram séries em seu currículo, ou seja, provavelmente o roteiro tem história para uns 4 episódios pelo menos (as 4 datas que o filme se passa), e que o diretor Jim Mickle teve de ter coragem para filmar e montar em sua cabeça algo de apenas 115 minutos que ficasse coerente e funcionasse, mas que pelo que vimos ele se perdeu um pouco ao ficar desesperado e não conseguiu melhorar a trama ao ponto de ficarmos grudados na TV esperando algo acontecer. Como falei no começo não consigo enxergar a trama como uma bomba completa, pois até o final da terceira data estava bem interessante o andamento, começava a ficar intrigante a busca do protagonista pelos possíveis nomes envolvidos, mas aí ao chegar no fechamento resolveram acelerar tudo e a bagunça desandou, não conseguindo amarrar suficientemente tudo, e ainda deixando tantos furos no roteiro que nem vendo novamente conseguiríamos arrumar todos os pontos, e isso é algo muito ruim, pois volto a frisar, o tema voltar para corrigir algo é tão usado em filmes, e quando funcionam fica muito bom de ver, mas aqui, faltou talvez tempo para o diretor conseguir mostrar tudo o que queria, e dessa forma o filme fraqueja no final, como é bem comum dos longas que só saem na plataforma de streaming.

Sobre as atuações, é fato que Boyd Holbrook possui um estilo forte e carisma suficiente para segurar a trama inteira com seu Lock, e com uma maquiagem bem trabalhada envolvendo preenchimentos, barba e perucas conseguiu trabalhar a loucura que o personagem acaba tendo com o desenrolar da trama, e com muita disposição para seguir com seu plano do começo ao fim ele acaba agradando bastante no que faz, ou seja, se o roteiro não tivesse apressado o final, talvez ele se envolveria ainda mais e entregaria algo mais comovente para o público com seu final, mas isso não temos como mudar. Cleopatra Coleman praticamente correu o filme inteiro com sua Rya, e entregou olhares sempre baixos demais que não chamavam a atenção para seu estilo, porém quando deslanchou a falar entregou um ritmo e concisão direta para funcionar seus atos, e claro justificar tudo. Michael C. Hall deu uma envelhecida monstruosa, de modo que mesmo nas primeiras cenas em 88 ele já entrega seu Holt com um visual que nem reconhecemos de cara, mas como conhecemos bem seu estilo de atuação, logo vemos mais cenas simples bem feitas e logo ele mostra sua desenvoltura bem colocada, que talvez pudesse até ser melhor usada no filme, mas não foi. Quanto os demais personagens, vale um leve destaque para o parceiro do protagonista Maddox, vivido por Bokeem Woodbine bem cheio de gingado, que agrada bastante, e quanto as mulheres esposa e filha do protagonista não diria que tentaram chamar nenhuma atenção, então nem compensa falar delas, agora quanto ao cientista vivido por Al Maini, posso dizer que foi enfeite demais suas cenas, e olha que seria muito importante ter trabalhado mais ele no longa.

O conceito visual da produção não foi muito além, trabalhando bem as épocas pelo visual dos carros e dos figurinos não encheram tanto os olhos com elementos cênicos chamativos, e mesmo a câmara de transporte temporal não foi algo que surpreendesse muito, e mesmo a arma letal foi mostrada tão rapidamente que não chegamos a ver nada imponente demais, ou seja, a equipe tentou trabalhar bem as cenas de ação com muito sangue, algumas perseguições fortes com carros batendo, algumas destruições bem feitas, mas o filme em si ficou condensado nos personagens, o que é bom, mas nada muito além. A fotografia usou muitos tons escuros para dar um clima mais tenso no filme, e conseguiu amarrar a dramaticidade ao menos, mas na hora do choque precisava ter ido além, e mesmo sendo uma cena bem clara, ali talvez um algo a mais ao redor como ocorre na cena anterior dentro da van, funcionaria bem mais.

Enfim, é um filme que ninguém vai sair falando: "nossa que filme impressionante, vá ver agora mesmo!", como foi o caso do outro longa temporal que vimos na Netflix, mas também não é a bomba que muitos estão falando por aí em grupos da plataforma, sendo daqueles que dá para curtir, sem esperar muita coisa, e que se relevarmos o fechamento rápido demais (depois de enrolar um pouco em outros momentos), certamente acabaremos gostando mais dele. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Netflix - Dezessete (Diecisiete) (Seventeen)

10/23/2019 01:40:00 AM |

Um filme delicado, gostoso de ver e que passa boas lições familiares, mesmo que usando a base do errado para exemplificar o contrário. Essa é a melhor definição para o longa espanhol "Dezessete" que estreou na última semana na Netflix, pois ele vai com muita simplicidade, com um toque envolvente, e com uma desenvoltura tão bem colocada dos protagonistas nos levando na viagem que os jovens acabam fazendo que mais do que ver a sensação deles com cada momento acontecer, o gostoso é ir quase que junto com eles, ou seja, o longa passa bem longe de ser perfeito por ter alguns elos meio que jogados, alguns exageros que acabam trabalhando para mostrar o certo e o errado, mas que com uma boa dosagem emotiva acaba passando tranquilamente durante toda exibição, sendo um grande acerto de história para ser conferida.

O longa nos conta que como parte do programa de reabilitação de um centro de detenção juvenil, Hector, de 17 anos, cria um vínculo inquebrável com um cão tão tímido e distante quanto ele. Quando o cão de terapia é adotado de repente e não volta ao centro, Hector escapa para procurá-lo. E assim, Hector parte para uma incrível jornada na companhia de seus familiares.

A grande sacada do diretor Daniel Sánchez Arévalo foi não fazer um simples filme de personalidades difíceis, como é o caso de cada um dos personagens, mas sim criar um envolvimento familiar bem colocado, descobertas de vida de cada um, e com isso criar um envolvimento maior do que tudo o que se podia esperar, e olha que certamente pelo trailer e pela sinopse muitos irão pensar que o lado canino da trama é algo que domine o filme, e muito pelo contrário acabam nos levando mais para o lado humano que envolve bastante e funciona, pois temos um personagem quase que sem emoções, com um que transborda emoções fortes, e esse choque acaba sendo acertado demais junto com os elos de meio perfeitos, no caso a avó doente e os cães, que acabaram dando a leveza para a trama e emocionando do começo com algo bem pouco, e ao final já indo direto no coração. Sendo assim, o acerto no roteiro e na formatação da direção foi precisa para agradar demais.

Quantos das atuações foi muito bacana termos um grande contraponto dos protagonistas, pois Biel Montoro quase inexpressivo, seco, e com uma timidez tão forte para seu Hector acaba funcionando demais para o que o personagem pedia, encaixando cada momento com um estilo próprio e agradando pela simplicidade de seus atos, ou seja, o jovem ator agradou em cheio em tudo o que fez. E já do outro lado Nacho Sánchez em sua estreia em longas conseguiu trabalhar tão corretamente com seu Ismael, deixando soltar nuances sarcásticas, ironias bem trabalhadas, e principalmente se deixando levar na onda que o filme propunha para que o resultado agradasse na medida em cada momento, ou seja, fez o básico muito bem feito e se colocou responsável pelos atos certeiros. A jovenzinha de muitos anos Lola Cordón foi quase um Groot do filme com sua personalidade falando apenas "tarapara", mas com olhares tão carinhosos para com os netos que praticamente entendíamos o significado de cada vez que falava pouco, e com uma graciosidade única bem colocada envolvendo a todos. Os cães da produção também foram incríveis, muito bem treinados e cheios de boas desenvolturas para soar fofos e ainda funcionais para cada momento.

No conceito visual, por termos praticamente um roadmovie, o longa teve uma essência simples de locações, passando por paisagens bem bonitas e singelas como a vila que a vó morou, alguns currais, bares, além claro do centro de detenção com os ares tradicionais bem montados, mas sem dúvida a essência visual do filme ficou a cargo das cenas dentro do trailer, aonde tudo acaba acontecendo, com bons detalhes de cada objeto cênico bem preciso e com os personagens fazendo bom uso de cada coisa em seu momento como a carteira, o cinto, o tênis, o celular com as mensagens, o aparelho de oxigenação, as cervejas, o violão, além claro dos personagens como elementos para cada ato funcional, ou seja, tudo se encaixando com bons movimentos, e principalmente com um tom de fotografia bem leve para envolver o público e cativar as emoções.

A sonoridade da trama ficou emblemática com o tocar de poucas notas do violão do protagonista, mas se repararmos o filme inteiro fica com um toque leve e meloso para acompanhar o ritmo da trama, e isso é algo tão gostoso e calmo que vamos nos envolvendo e o filme mesmo longo passa bem rápido.

Enfim, é uma viagem emocionante que agrada bastante, que trabalha os sentimentos, passa boas mensagens, e que principalmente não cansa como geralmente ocorre em dramas desse estilo, ou seja, vale a conferida e certamente tocará muitos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Netflix - Implacável (Avengement)

10/22/2019 12:26:00 AM |

Quando um filme possui uma essência violenta que funciona para algo nem temos o que reclamar, mas quando ele é feito meio que sem propósitos, tipo apenas para mostrar brigas e tudo mais, acabamos mais reclamando do que ficando felizes com o resultado, e no longa "Implacável" da Netflix vemos basicamente uma pessoa que vai presa não injustamente, mas por estar fazendo algo errado e desejar vingança de todas as formas possíveis quando teve a oportunidade, ou seja, vemos o cara apanhar muito na prisão, e ao conseguir fugir ficar contando sua história dentro de um bar até conseguir sua vingança completa. Não digo que seja um filme com falhas, pois praticamente a trama funciona no que se propõe, mas falta um algo a mais na história para envolver realmente e funcionar, já que mesmo nos atos mais fortes a trama não encontra um fluxo de história para contar ficando fraco de atos em si.

O longa nos conta que Cain Burgess é um criminoso que recebe uma licença para sair da prisão. Ele acaba encarando esse momento como uma oportunidade para encontrar as pessoas que o tornaram um assassino cruel e se vingar delas.

Você pega e vai dar uma olhada na filmografia do diretor Jesse V. Johnson e no mesmo instante descobre o motivo do filme ter tanta pancadaria bem coreografada: o cara foi dublê metade da vida e a outra metade entre uma direção e outra foi diretor de dublês, ou seja, é o estilo que gosta de fazer, e sabe fazer bem, de modo que seu filme funciona bem dentro dessa proposta falhando em ter uma história mais desenvolvida, pois mesmo o cara tendo seus motivos para se vingar, o filme ficar somente ali no bar com ele contando tudo o que viveu na prisão, suas diversas horas de preparação para apanhar e não sentir dor, enquanto esperava o grande causador não é algo que empolgue o público, e muito menos faça com que esse fique esperando algo a mais acontecer, afinal sabemos bem o que ele espera, e o que vai rolar mais pra frente, e dessa forma não temos um deslanchar das coisas. Ou seja, é um filme simples demais, com uma trama direta e nada mais.

Quanto das atuações, Scott Adkins, que é lutador e também dublê, além claro de ator, aqui mostrou bem suas especialidades, e com uma desenvoltura melhor lutando do que atuando (mesmo fazendo diversas caras e bocas com uma maquiagem bem de impacto), ele conseguiu chamar a atenção, sendo bem colocado nos diversos atos funcionais da trama, mas sem mostrar nada muito grandioso nos diálogos (afinal isso não está também no roteiro), mas longe de ser algo ruim, trabalhou seu filme como um protagonista deve fazer, chamando a responsabilidade, e mantendo a câmera nele, e nesse conceito funcionou. Agora quanto os demais, diria que todos foram bons sacos de pancadas e ouvidos conscientes para ficarem sentadinhos escutando toda a ladainha do protagonista, o que não rolaria de forma alguma em lugar algum na vida real já que qualquer maluco tacaria uma caneca no cara, ou já partiria pro embate afinal estavam em bem maioria, ou seja, não consigo destacar ninguém, pois todos soaram bem bobos, mas ao menos é divertido ver o medo na cara do único que se acha demais ali, que é o menorzinho Thomas Turgoose com seu Tune.

O conceito visual da trama é bem simples, contando com uma prisão sem nenhum detalhe extra, aonde o protagonista briga bastante, e um bar aonde ele fica parado quase 90% do filme contando sua história na prisão, e no final parte pra porrada também, ou seja, apenas tiveram trabalho de fazer claro os instrumentos de pancadaria de um tipo de material mais forte para quebrar e não machucar tanto os atores, e claro a equipe de maquiagem trabalhar com muito sangue para que as cenas ficassem o máximo reais possíveis, e nada além disso.

Enfim, é um filme feito sob uma única proposta, pancadaria sem história e que convence da forma que é entregue, ou seja, nada saindo do eixo, mas também nada sendo colocado para discussões. Diria que é o famoso filme que quem gosta de lutas acaba vendo pelas brigas e depois de uns dois ou três dias nem lembra que viu e vai ver novamente para ver as brigas da mesma forma, que não chegamos nem a torcer pelo protagonista ou por alguém, ou seja, fraco demais para envolver, mas que não é ruim, ficando bem como algo mediano de atitudes, e que quem conferir também não terá muito o que reclamar (a não ser que veja esperando alguma história, aí a reclamação come solta!). Sendo assim, fica a minha recomendação de ver somente se você gosta de longas de lutas, senão dá pra pular tranquilamente. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Netflix - Eli (Eli)

10/20/2019 09:41:00 PM |

Alguns filmes costumam demorar um pouco a mais para engrenar, de modo que vão criando clima, fazendo um suspense de leve, não entregando ao que veio, para nos últimos minutos deslanchar de uma vez só e causar o máximo que pode. Sei que muitos não gostam desse estilo, preferindo terrores mais fortes e diretos, mas posso dizer que hoje o longa da Netflix, "Eli", me surpreendeu bastante nos 15 minutos finais (pela essência e não tanto pelos sustos), e olha que alguns sustinhos leves no miolo já tinham me pegado, ou seja, um filme bem cadenciado que não entrega nada do que é realmente até o final, trabalhando com uma doença estranha, fantasmas, e sonhos estranhos, para que ao explodir no fim mudasse completamente tudo para algo digamos bem mais sinistro. Ou seja, é um filme que se formos olhar a fundo é bem simples, que tem pouca expressividade por conta de um elenco não muito forte, mas que o diretor que já havia feito uma grande continuação de sucesso soube pegar a ideia e incrementar bem, fazendo com que o resultado final fosse além do esperado, valendo a conferida para quem gosta de filmes de terror.

O longa nos mostra que em uma tentativa desesperada de curar o filho de uma doença autoimune, o casal Miller se muda para a mansão esterilizada onde ele será tratado. Lá, Eli tem visões terríveis consideradas alucinações. Mas será que algo muito mais sinistro está acontecendo?

O diretor Ciarán Foy tem estilo e após dois longas de terror fortes de entidades, aqui resolveu trabalhar de uma forma digamos meio que diferente, e ao invés de sair atirando preferiu fazer algo mais leve e com alguns sustos espalhados pela trama, de modo a ir cadenciando cada momento e resultar ao final em algo maior. Claro que isso vai servir para muitas reclamações, pois ao que se parece o filme muda completamente o eixo base para algo que não era sequer pensado, quanto mais esperado, mas que felizmente funcionou bem (ao menos para mim!), e dessa forma vou até torcer para que a Netflix dê o aval para uma continuação, afinal vai ser bacana ver o que acontecerá na viagem, e claro no grande encontro, mas vou parar por aqui para não dar spoilers do que o filme é, pois a sacada foi muito boa, e quem talvez conferir sabendo de algo vai ver de uma forma muito diferente. Ou seja, o roteiro tem diversos furos bem grandes que o diretor não soube tampar, mas não chega a desandar o resultado, e isso é bom, pois em alguns atos o filme poderia facilmente ter ido abaixo com alguns detalhes.

Diria que o jovem Charlie Shotwell foi muito bem colocado na trama como Eli, sabendo controlar bem as emoções nos olhares, fazendo caras e trejeitos de susto e tensão, e principalmente sabendo fechar o filme com a dinâmica proposta chamando muita atenção, ou seja, tem futuro pois é um garoto que tem estilo para diversos estilos, mas no terror deve ainda lucrar bem. A garotinha Sadie Sink já está famosa por "Stranger Things", mas como raramente vejo séries não a conhecia, e aqui ela entregou muita personalidade nas poucas cenas que apareceu, trabalhando bem seus olhares também e funcionando dentro do que se propõe, de modo que agrada no que faz. Lili Taylor até entregou uma Dra. Horn com boas dinâmicas, mas com segredos demais, e a atriz não conseguiu segurar isso, pois seus trejeitos lhe entregavam, ou seja, ela poderia ter sido mais contida no estilo para que ninguém desconfiasse de nada, mas ainda assim foi boa no que fez. Agora sem dúvida quem soube enganar muito bem tudo foram os pais vividos por Max Martini e Kelly Reilly, que entregaram uma simbologia bem singela de movimento, criando um carisma próprio para com o garoto, e mesmo seu Paul sendo rude as vezes com o filho não entregou nada do que se passava, ou seja, foram bem imponentes em tudo, e agradaram bastante com o resultado final, mesmo com os devidos furos de roteiro, que os atores também ignoraram.

O visual do longa conseguiu ser bem moldado, com uma tradicional casa meio que mal-assombrada, personagens fantasmagóricos bem tensos e maquiados na medida, e ambientes no tom perfeito para causar susto, com meia luz leve e tons com tudo aparecendo bem, ou seja, criaram cada sala com perfeição cirúrgica para cada momento, e falando em cirurgia, as cenas que ocorreram na mesa de operações foram bem tensas e fortes de meio que darmos aquela desviada no olhar, ou seja, a equipe de arte preparou bons elementos para que a trama funcionasse na medida.

Enfim, é um longa bem feito com boas nuances, que chega a assustar em diversos momentos, e que funcionaria nos cinemas também, não decepcionando em nada praticamente, ou seja, quem gosta de um terror de sustos, com uma história simples certamente irá curtir a ideia, e principalmente o final, torcendo para a continuação sair, afinal vai ser bacana ver o que irá rolar no caminho, e como vão desenhar o personagem em si. Sendo assim, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Netflix - A Lavanderia (The Laundromat)

10/20/2019 01:25:00 AM |

É interessante descobrirmos o motivo de tentarem barrar o lançamento de um filme, e olha que "A Lavanderia" teve gente de tantos países querendo bloquear o longa que já tinha quase certeza de que não lançariam mesmo tendo um tremendo elenco de peso, mas conseguiram derrubar uma liminar e eis que a Netflix não perdeu nem tempo e já soltou para todos conferirem, ou seja, corram, pois podem facilmente barrar novamente, e digo que não duvido nem um pouco disso depois de ver a trama toda contando como alguns grandes escritórios de advogados e contadores se beneficiaram de isenção de impostos abrindo empresas apenas de fachada com muitos papeis circulando mundo afora em países que sequer sabemos a existência, e claro, prejudicando muitos outros (no caso vemos uma jovem senhora que fica sem receber um seguro milionário por uma empresa de re-seguros ter ao menos uns quatro nomes e com isso na hora de chegar o valor até a ponta final ninguém receber nada). Além disso vemos nomes conhecidos de nosso país aparecer ao final, e com isso até o Brasil (que sabemos que tem muita maracutaia!) surge na trama com grande envolvimento, mas que optam por darem o foco para o grande pai da tramoia que todos sabemos bem quem é. Ou seja, um filme que muitos podem até não gostar pelo excesso de nomenclaturas difíceis, outros podem se incomodar com o estilo meio que bagunçado, mas a verdade é dura de ser mostrada, e aqui foram concisos em pontuar muito bem o trambique todo.

O longa nos conta como Ramón Fonseca e Jürgen Mossack comandam um escritório de advocacia sediado na Cidade do Panamá, de onde gerenciam dezenas de empresas. Eles participam de todo tipo de fraude, sempre dispostos a faturar mais. Um dos casos envolve o pagamento da indenização a Ellen Martin, após seu marido Joe falecer devido a um acidente de barco. Sem receber a quantia prometida, ela decide investigar por conta própria a empresa que está lhe dando calote.

O estilo de Steven Soderbergh é amplo demais, e aqui ele soube cadenciar tudo com um ritmo tão verdadeiro, que mesmo quem não goste de filmes apresentados acaba indo na vibe dos protagonistas com suas explicações sobre como fizeram muito dos golpes de uma forma 100% legal, ou seja, sendo advogados que acharam brechas nas leis para "ajudar" grandes empresas, países e pessoas a desviarem muito dinheiro sem passar por impostos, taxações, e claro sem nenhum rastreio também, tendo vários laranjas, vários nomes e claro nenhum local fixo para que fossem pegos facilmente, ou seja, uma história completamente insana Jake Bernstein escreveu em seu livro, usando bases bem reais de diversos casos que apareceram na mídia, e que Scott Burns adaptou para as telonas, mas mais do que uma adaptação, o grande feitio recaiu sobre o diretor por ter coragem de enfrentar grandes nomes e moldar tudo para que parecesse uma ficção real bem travada, e que mesmo colocando nomes nos pontos chaves para denunciar realmente, ele se coloca também como usuário dos meios, e isso fica ao mesmo tempo crítico e leve de acontecer. Ou seja, o filme tem uma dinâmica meio maluca, que ao usar muitos termos financeiros acaba sendo daqueles complexos que muitos acabam até desistindo na metade do filme, mas que quem chegar nas cenas finais irá ver um grande nome conhecido dos noticiários nacionais, e com isso ficará mais claro entender tudo, e assim o filme funciona bem, e o diretor colocou estilo para que tudo ficasse interessante de ser conferido.

É engraçado ver que eu esperava até mais das atuações do que do filme em si, mas a trama foi tão bem moldada que muitos nem precisaram entregar o seu máximo, de modo que Gary Oldman e Antonio Banderas foram praticamente apresentadores do filme, com seus Jürgen Mossack e Ramón Fonseca, trabalhando para contar suas histórias e explicar um pouco mais sobre o mercado para os leigos, e com isso não se impuseram com tanta versatilidade, embora tenham brincado bem com trejeitos e estilos, ou seja, não foram ruins, mas para o gabarito de ambos esperávamos bem mais. Meryl Streep sempre será imponente em qualquer papel que faça, e aqui mesmo que sua Ellen pareça desanimada e sem muitos rumos, ao final vemos que a atriz se entregou bastante e deu seu tradicional show, agradando bastante com estilo e com os seus tradicionais olhares. Quanto aos demais, tivemos alguns elos rápidos de diversos atores, desde Sharon Stone com sua simples Hannah, passando por Jeffrey Wright com seu Boncamper sorrateiro, até chegarmos em Nonso Anozie com seu Charles cheio das propinas familiares, ou seja, um elenco coeso bem encaixado com cada momento e que agrada nas rápidas montagens para mostrar um pouco de tudo.

Visualmente o longa passa por tantos países, mostrando alguns estilos, algumas locações características, mas principalmente não fluindo tanta necessidade do local, de modo que se tudo foi gravado em Hollywood, e apenas colocaram os nomes dos países o resultado foi bem enganado, pois é mostrado uma paisagem e em seguida já estamos dentro de locações fechadas como escritórios, e assim sendo o filme é bem recluso de cenas, com elementos bem próprios, deixando que o texto e as interpretações se encaixassem com as nuances, e sendo assim a equipe de arte teve mais trabalho para as cenas dos dois protagonistas enfeitando tudo ao redor, pois como é mostrado ao final, usaram muito chromakey para nos enganar, e assim sendo até o filme faz a mesma coisa que os protagonistas, eles nos enganam para mostrar a facilidade disso.

Enfim, é um filme que passa bem longe de ser perfeito, sendo bem técnico e interessante pela proposta ousada de contar como foram os golpes que explodiram em 2016, sempre trabalhando bem o sarcasmo e a desenvoltura através dos mestres de cerimônia, e usando de um linguajar menos rebuscado para que todos tentem entender tudo, ou seja, um filme gostoso, com uma levada bem trabalhada, que podem até causar um certo estranhamento no público em geral, mas que vai divertir quem se propor a ver de uma forma inusitada, e sendo assim fica a minha recomendação de conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

Leia Mais

Netflix - Contato Visceral (Wounds)

10/19/2019 05:29:00 PM |

Como funciona a mente de um diretor: você ganha um grandioso prêmio de melhor primeiro filme em uma das maiores premiações, e a partir daí já acha que pode fazer qualquer coisa pegando grandiosos atores e tacando eles na maior bomba possível sem nexo. Não diria que todos são assim, mas Babak Anvari certamente pensou nisso quando leu a história de "Contato Visceral" e resolveu adaptar ela para o cinema, pois já vi muitos filmes estranhos com propostas razoáveis, que se analisarmos mais a fundo até conseguimos chegar em algum pensamento viável para a produção, mas o longa exibido aqui pela Netflix não consegue fluir nada além de situações estranhas bem bizarras, dominadas por baratas e talvez bem lá no fundo (usando claro o artifício de iniciar com um texto para tentar passar uma mensagem) passando a ideia de que se uma pessoa é vazia de conteúdo pode ser dominada por outro ser maior, e depois brinca com a curiosidade das pessoas em fuçar celulares alheios, trabalha um pouco o conceito dos relacionamentos vazios, e por aí vai, sem muito, ou melhor, sem nada para que ficássemos tensos ou assustados com algo, apenas vendo fluir na tela as interpretações de ótimos atores que sequer sabiam o que estava acontecendo (acho que já acostumaram tanto a fazer cenas em fundos verdes que quando filmam essas coisas vazias acham que vão colocar algo na edição depois que dará para entender!). Ou seja, mais uma bomba imensa na Netflix, que dá para pular bem facilmente.

A sinopse nos conta que depois que um cliente do bar onde Will trabalha esquece o seu celular no balcão devido a um incidente atípico, ele decide levar o aparelho para casa. No dia seguinte, Will começa a receber estranhas mensagens ameaçadoras e tenta não se envolver em nada, mas rapidamente eventos bizarros e aterrorizantes tomam conta da situação.

Sinceramente não consigo imaginar qual a ideia que o diretor e roteirista Babak Anvari teve ao ler a história e gostar do que viu ao ponto de querer criar um filme em cima disso, pois a história em si é bem rasa, tentando mostrar que se você não for uma pessoa completa estará aberta para algo te possuir e usar, de modo que ficamos o filme inteiro esperando algo acontecer, afinal as imagens que aparecem no celular são bem tensas e fortes, para chegarmos ao fim e vermos apenas algo bizarro com uma gigantesca invasão de baratas no melhor estilo dos filmes do brasileiríssimo Zé do Caixão, ou seja, um filme mal dirigido e mal direcionado, pois quem for esperando ver algum suspense não ficará tenso, e quem for esperando um terror também não ficará assustado ou aterrorizado, de modo que ao acabar você vai apenas falar: só isso? E é só isso que o diretor entregou, de forma que todo seu brilhantismo ganho no Bafta como melhor primeiro filme foi jogado para as baratas comerem, pois certamente após esse filme ter sido considerado um dos piores de Cannes desse ano, certamente não voltará a ser chamado tão cedo.

Quanto das atuações, diria que certamente não contaram para eles sobre o que era o filme, e o que aconteceria em cada cena, pois suas expressões foram bem casuais, sem nada que tivesse um impacto maior, fazendo com que o filme fosse meio que jogado na tela, e dessa forma, certamente todos vão fazer questão de esquecer que um dia fizeram esse filme, principalmente Armie Hammer, que tem feito grandes sucessos, e aqui com seu Will entregou um barman praticamente alcoólatra, que fica meio chocado e perdido com as imagens que vê, tendo um leve surto, mas que não sabia que rumos tomar, apenas ficando em desenvolvimento para um lado e para o outro tentando ser surpreendido por algo que não acontece, ou seja, fraco demais. Zazie Beetz entrega uma cliente do bar, mais que amiga do barman com sua Alicia, de modo que ficamos esperando realmente a cena que vai ocorrer, mas acaba falhando de forma bem estranha, o que não dá muito nexo, mas a atriz ao menos trabalhou bem em cena, mesmo sem saber sobre o que era sua personagem. Agora Dakota Johnson foi incumbida de ser um enfeite cênico praticamente com sua Carrie, de modo que aparentemente como uma estudante fazendo sua tese sobre algo da mente, ao cair nas suas mãos o lado oculto acabou ficando interessada demais, se tornando uma pessoa viciada que não tem mais vontade de fazer nada senão ficar olhando para portais, e dessa forma ainda estou procurando se ela interpretou algo ou ficou apenas parada mesmo, ou seja, um enfeite cênico de luxo. Quem teve um pouco mais de atitude no filme foi Brad William Henke com seu Eric, que brigou, ficou com a cara cortada, teve bichos saindo dele, e morando praticamente em um chiqueiro conseguiu dar uma personalidade maior para o filme ao menos. Quanto aos demais, enfeites e só.

No conceito visual, a trama trabalhou praticamente só com três lugares, o bar tradicional, com pessoas brigando, ouvindo música, bebendo e jogando sinuca, a casa dos protagonistas aonde vemos um casal vazio de amor, completamente desgastado e sem atitudes quase que nenhuma, e a casa de Eric completamente suja, cheia de coisas velhas jogadas em uma bagunça monstruosa de ver, além disso alguns movimentos dentro do carro do protagonista e um parque sem ninguém também, ou seja, um filme simples de se fazer, bem barato, e que poderia ter ido por um caminho mais forte para funcionar, o que não aconteceu. Além disso tivemos muitas baratas (muitas mesmo), que não aparentaram ser digitais, ou seja, soltaram todas nas paredes e deixaram elas fazerem seus movimentos em série bem impactantes para o resultado da cena final do filme, e poucas passeando nas cenas isoladas para serem pisoteadas pelos protagonistas. O longa teve alguns momentos rápidos com boa maquiagem, para representar as cabeças cortadas, e só.

Enfim, um filme bem fraco que a Netflix colocou como sugestão para mim hoje, que certamente não recomendo para ninguém, ou talvez alguém enxergue um algo a mais nessa filosofia do vazio e consiga ir por outros caminhos no que o filme quis mostrar, mas como não cheguei nesse âmbito, prefiro dizer que é melhor pular ele e ir para outra opção. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos.

PS: a nota vai 1 pelas baratas e 1 pela maquiagem forte de ver, mas de resto o filme nem valeria colocar coelhos aqui.

Leia Mais

Malévola - Dona do Mal em Imax 3D (Maleficent - Mistress of Evil)

10/19/2019 01:35:00 AM |

Sempre que um filme é inovado e ganha as bilheterias tão logo os gananciosos produtores já saem a caça dos roteiristas para que criem uma continuação possível de dar os mesmos frutos com algo muito maior para chamar mais atenção, e o que acaba ocorrendo é que geralmente isso não costuma funcionar bem, afinal a história acaba saindo dos eixos, os efeitos passam a ficar forçados, e assim sendo temos bem mais reclamações do que pontos positivos. Digo isso de "Malévola - Dona Do Mal", não por não ter gostado do que vi na telona, pois visualmente o longa conseguiu o feito de ser ainda mais incrível que o primeiro, fazendo algo que certamente devem logo mais surgir com a temática em algum dos parques da Disney, criando ambientes escuros, com voos e tudo mais para representar os seres da mesma espécie da protagonista, mas que tirando esse detalhe beleza, temos um roteiro raso, lotado de furos, e com atuações tão inexpressivas (inclusive com grandes atores), que saímos da sessão quase que sem nenhuma empolgação, apenas servindo como um passatempo bem feito. Ou seja, talvez esse seja o filme que menos irá cativar o público fã do original, pois ao sair quase que completamente da história base, apenas virou um filme de batalhas meio que sem eixo, bonito, porém sem atitude, que de cara quem levar crianças na sessão sairá bem antes do final, os adultos ao menos irão curtir o visual e as lutas.

O longa nos conta que cinco anos após Aurora despertar do sono profundo, a agora rainha dos Moors é pedida em casamento pelo príncipe Phillip. Ela aceita o pedido e, com isso, parte rumo ao reino de Ulstead ao lado de Malévola, no intuito de conhecer seus futuros sogros, John e Ingrith. O jantar entre eles deveria ser de celebração entre os reinos, mas os interesses de Ingrith vêm à tona quando é criado um atrito com Malévola e os demais seres mágicos.

Pois bem, já falei algumas vezes que o provérbio mais verdadeiro que existe é "em time que está ganhando não se mexe", e diversas vezes vemos que os maiores problemas (ou acertos raros) são quando trocam toda a equipe, e aqui com a mudança de direção, de roteiristas (embora a criadora do primeiro filme tenha entregue uma parte do novo), e até mesmo trocando o príncipe, o resultado já ganhou um formato completamente diferente, pois se antes tínhamos um filme fantasioso com ares de tensão, agora temos um longa de batalhas e intrigas, aonde sequer sabemos de onde veio e para onde vai, com toda a história sendo jogada na tela, acontecendo em forma de bagunça, mas sem muito efeito. Ou seja, não diria que a culpa recaia completamente em cima do diretor norueguês Joachim Rønning, pois ele foi coerente no estilo de batalhas que conhece, soube dar um ar mitológico para a trama, mas por sair da base dos contos de fada, talvez pudesse ter encontrado algum floreamento melhor, e criado algo de base primeiro para depois já ir para os acontecimentos do filme, pois da forma que ocorreu nem sequer entendemos direito os problemas dos seres semelhantes a protagonista, muito menos o grande ranço que a vilã tem contra todos os seres fantasiosos (sendo falado em apenas um diálogo minúsculo nesse caso), e assim o resultado desandou por parte do roteiro fraco demais, e isso um diretor melhor conseguiria arrumar. Sendo assim, acredito que se for ter um terceiro filme (deixaram no ar a jogada do que seria no final), devam trocar todo mundo novamente para tentar voltar à fantasia e envolver mais os pequenos, que aqui na sessão que fui não tinha nenhum, mas tenho certeza que vão pedir para os pais para sair na metade da confusão toda.

Diria que novamente o destaque fica claro para Angelina Jolie com sua Malévola, pois mesmo sem ter tantas cenas imponentes como teve no primeiro filme, aqui ela chama a responsabilidade, faz suas caras fortes, e desenvolve bem seus momentos para que o filme conseguisse ter um deslanche, claro que poderia ir muito além, afinal sabemos do seu potencial e de como consegue dominar suas cenas, mas aqui o texto não lhe ajudou muito. Tiveram vários momentos no filme que fiquei me perguntando se Elle Fanning estava interessada no seu papel de Aurora na produção, pois era cada cara desanimada que entregava, olhares jogados, um semblante de que caiu no lago na primeira cena e ficou molhada a produção inteira que não tinha como colocar ela como uma Bela Adormecida não, ou seja, falhou demais o filme inteiro. Harris Dickinson que entrou para substituir Brenton Thwaites como Príncipe Phillip também fez um papel sem carisma nenhum, de modo que qualquer um que entrasse no filme faria certamente algo mais imponente. Agora quem se destacou com muita certeza também na produção foi Michelle Pfeiffer com uma desenvoltura imponente cheia de olhares fortes com sua Ingrith, de modo que funcionou bem como uma vilã, mesmo que suas atitudes fossem exageradas e jogadas no filme, o resultado chama a atenção. A comicidade ficou a cargo novamente de Sam Riley com seu corvo (aqui mais tempo como humano) Diaval, e o ator mostrou estar afiado para todos os momentos, de modo que até poderia ter ido mais além. Agora quanto os demais, chega a ser triste ver dois grandes atores jogados fora com atuações tão fracas como foi o caso de Chiwetel Eijiofor e Ed Skrein como Conall e Borra respectivamente, que até devem ter aproveitado para brincar bastante de voar nas gravações, fizeram alguns carões, gastaram bastante tempo se maquiando, mas não mostraram o motivo de serem escalados para o projeto.

Sem dúvida o melhor do filme é o conceito visual, com uma floresta cheia de nuances, um palácio com salas secretas e muitos detalhes imponentes, seres místicos voando pela tela e abrilhantando o filme com muita cenografia computacional, mas também ótimas maquiagens e figurinos, de forma que o filme acaba sendo até mais amplo em detalhes do que na didática completa da trama, ou seja, o filme funciona pelo ambiente criado e vive ali, de modo que se qualquer dia você estiver zapeando de canais pela TV e estiver passando o filme certamente só de bater o olho saberá o que está passando sem precisar ler nada, ou seja, a equipe de arte deu um show, e possivelmente deve ser indicada às premiações como ocorreu com o primeiro filme. A fotografia trabalhou bem as cenas escuras e brincou bastante ao passear pelos mundos diferentes da trama, como a floresta, ou o esconderijo dos seres sombrios, de modo que temos ambientes próprios, com tons próprios e que ao se juntar com os tiros explosivos em vermelho o resultado foi um show na tela. Quanto do 3D, temos um filme bem imersivo, com muitas cenas em velocidade com os voos, diversos personagens dando brilho parecendo estar um pouco fora da tela, e muitos detalhes para agradar quem gosta da tecnologia, mas como costumo dizer, só serviram para dar o visual para a trama, não incrementando em nada no filme, ou seja, serve apenas para as crianças brincarem com a tela e nada mais.

Enfim, é um filme que dá para conferir e se divertir pelo entretenimento passado, mas que longe de ter uma história envolvente que o faça ser lembrado (como foi o caso do primeiro filme!), aqui temos um filme de visual bem colocado, com batalhas fortes bem feitas, efeitos interessantes, e que vai fazer com que quem confira não saia desapontado pelo resultado completo, pois ver algo bonito também é válido, porém quem for esperando uma trama bem desenvolvida certamente ficará confuso com toda a bagunça da história, e não sairá tão feliz com a formatação. Ou seja, a dica é ir sem esperar nada, se divertir com o visual, e torcer para que caso façam um terceiro filme, melhorem bem a história, pois vai precisar de um bom roteirista para conseguir arrumar toda a bagunça criada nessa trama nova. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando a semana no cinema, afinal no interior só veio esse, mas estrearam muitos filmes interessantes no streaming nessa semana, então volto em breve com mais textos, abraços e até lá.

Leia Mais