Ferrugem

8/31/2018 01:07:00 AM |

Quando um filme trabalha algo tão atual, com uma pegada jovem, mas ainda consegue seguir de forma crítica bem acentuada, dando sua opinião sobre o assunto e ainda não fazendo com que a trama fique seca demais, temos, com toda certeza ,que tirar o chapéu para o diretor da obra, pois geralmente temas jovens costumam soar bobos e fúteis, sem muita desenvoltura e acabam entregando uma postura quase sempre inerte de opiniões, aonde o diretor não sabe (ou não quer) se expressar sobre o assunto, e o resultado soa bem morno e chato. E se antes não conhecia a filmografia de Aly Muritiba, agora após conferir "Ferrugem", com toda certeza irei atrás de outros trabalhos para ver mais sobre a coerência entregue aqui, desde mostrar o quão simples e viral anda sendo tratado assuntos de bullying nas escolas, como invasões de intimidades, e até mesmo sendo bem forte o trabalho de vivência em cima do sentimento dos pais dos jovens que sofrem e que também que fazem o bullying. Ou seja, é um filme com tantas nuances, que inicialmente até julguei como bobinho a entrega da personagem, a forma de condução, mas que vai num crescente tão grande para discutirmos tantas coisas que vem ocorrendo (como o próprio bullying, a exposição íntima dentro das mídias sociais, a possibilidade/utilidade de se ter uma arma dentro de casa, a forma de defesa exagerada de alguns pais em cima dos filhos ao ponto de esconder um crime, e por aí vai com outros grandes temas) que se quisermos podemos fazer uma mesa redonda imensa só com coisas que o longa trabalhou com sutilezas, e assim, afirmo que pode até não ser o melhor filme nacional do ano (pois ainda não acabou o ano e outros longas até me tocaram mais), mas sem dúvida é o que mais vale a pena se discutir em ótimas sessões comentadas, caso queiram fazer, e com toda certeza por ser um tema que acontece mundialmente, é o filme que mais vale a pena ser nosso concorrente na vaga do Oscar de Filme Estrangeiro.

A trama nos conta que assim como a maioria dos adolescentes, a jovem Tati ama compartilhar sua vida nas redes sociais e registrar todos os momentos. Porém, após perder o inseparável celular, ela se vê vítima da criminosa divulgação de seus registros íntimos no grupo de WhatsApp da turma do colégio, o que gera terríveis consequências.

É engraçado que não vemos com tanto impacto visual e interpretativo o trabalho do diretor e roteirista Aly Muritiba, pois felizmente os atores souberam se entregar e trabalhar cada cena de forma coesa, mas vemos sua mão passando em cada detalhe do longa, cada imagem fechada nas expressões dos personagens, no fundo cênico afastado sempre para termos um espaço para pensar, mas ao mesmo tempo o foco fica na reflexão do que ele deseja nos mostrar com sua opinião para cada ato de ser certo ou errado, não deixando margens para algo aberto como ele entrega em diversos planos cênicos. E com essa brincadeira de aberto para pensar, mas fechado para o que desejo que você pense como eu pensei, o diretor vai apontando os diversos moldes da trama, e nos entrega um filme de cerne, coisa que pouco vemos em dramas nacionais, que ou ficam exageradamente abertos sem opinião alguma, ou jogam algo sem pensamento algum que divaga e não sai para um nada, e aqui de forma alguma vemos isso, o que soa lindo e bem forte. Quando vi o trailer confesso que não esperava acontecer certas cenas, e logo de cara ao ver um parte 1 na tela já pensei em mil possibilidades do longa ficar estragado, mas não era nem necessário dividir ele em parte 1 e parte 2, pois ambas são bem complementares, e funcionaria sem qualquer identificação escrita na tela, ou seja, o filme tem sim diversos problemas para ser discutido, até tem um leve molde novelesco, mas foge de estereótipos e acaba entregando algo maior, que valha a pena sair da sala e discutir com outras pessoas (aliás até fiz uma postagem no meu Facebook pessoal que pode dar até conversa demais com minha opinião sobre um dos assuntos que o longa faz refletir, pois precisava me expressar sobre isso), e assim sendo, o filme funciona como algo a mais do que pensava, e certamente irei recomendá-lo para outras pessoas.

Um dos pequenos defeitos do longa se deve às escolhas feitas para o elenco mais jovem, e não digo que eles tenham sido ruins nas interpretações, mas talvez se colocado outros teríamos expressividades diferenciadas, pois a jovem Tiffanny Dopke nos entrega até uma Tati que vemos direto nas escolas mundo afora, mas ela entregou sua personagem de uma forma tão dúbia de personalidade, que até concordo de estar deprimida pelo ato em si que ocorreu, mas oscilou de trejeitos tão friamente, até antes do acontecimento, que poderiam ter exigido um pouco mais dela para agradar mais. Giovanni de Lorenzi foi mais sutil em sua interpretação, e até colocou um pouco de trabalho com olhares para seu Renet, mas poderia ter tido um ar menos infantil em algumas cenas, afinal estamos falando de um jovem de segundo colegial, e aqui ficou quase para um garoto de sétima ou oitava série, mas suas cenas foram bem envolventes ao menos. Enrique Diaz fez ao mesmo tempo um pai ultra protetor e um professor interessante para a trama, mas demorou demais para suas atitudes terem um efeito mais forte, e quando ocorre vemos que o ator foi muito bem encontrado para o que fez, ou seja, acabou sendo acertado para o final. Clarissa Kiste entra em cena praticamente nas últimas cenas, e trabalhou bem olhares para com o protagonista, de modo que sua Raquel vem quase como um afronte, mas que soou diretamente como a opinião do diretor funcionava para se expressar através de um personagem, e a atriz soube ser impactante e coerente.

O conceito cênico da trama foi bem detalhado, vivenciando praticamente poucas locações, mas com elementos bem colocados para serem representativos, como a casa rica da jovem cheia de coisas teen no quarto, mas claro com uma arma bem escondida, mas que a jovem localiza facilmente, uma escola bem colocada, mas que falha em vistorias de segurança por um deslize banal, mas que pode ocorrer, uma praia quase deserta, mas que funciona bem para momentos reflexivos, claro com muita chuva para termos quebras de pensamentos, uma falha na busca do celular (que muitos não pensam, mas hoje existem aplicativos de busca bem eficientes, e até ligar para o próprio talvez funcionasse na cena inicial), e claro que tudo isso não seria eficiente se o longa não trabalhasse bem a fotografia, sempre puxada no primeiro ato para tons mais vivos e impactantes para mostrar todo o conflito dentro da mente da garota, e no segundo ato todo puxado para tons pasteis para dar o mote reflexivo que tanto desejavam, e claro com um fechamento de atitude, com cores secas, e muitas fotos representativas, ou seja, muitos detalhes técnicos funcionais e bem resolvidos.

Enfim, como falei no começo é um longa que daria para discutir por horas e a cada palavra que digito me vem algo a mais que poderia falar, e sem me alongar e nem entupir o texto de spoilers, recomendo que assistam o filme, reflitam bastante, divulguem bastante pois é algo que merece ser trabalhado em escolas/famílias (e a divulgação do longa está bem fraca), e vamos ficar na torcida, pois o filme já tem ganhado muitos prêmios por onde tem passado, e quem sabe se chegar no Oscar, a chance seja bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, já aviso é claro que não darei nota máxima pelos pequenos detalhes, mas seria um 9,5, e sendo assim deixo meus abraços e até breve com mais textos.

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Bungo Stray Dogs - Dead Apple (Bungou Stray Dogs: Dead Apple)

8/30/2018 12:24:00 AM |

É engraçado como existem gêneros que não pensam duas vezes em tentar agradar e/ou aumentar o número de seguidores/fãs do estilo, e um que é completamente voltado somente para fãs é o tal dos animes de ação, pois começam já com grandes brigas, apresentando os personagens numa velocidade imensa e na sequência tudo e qualquer coisa já é motivo para pancadaria. Claro que estou generalizando um pouco, e pode ser que o que me foi entregue em "Bungo Stray Dogs - Dead Apple" seja rápido assim por ser um acréscimo para a série de 24 episódios que teve em 2016, e como não assisti ela fiquei um pouco boiando na sala, mas embora o longa seja bem desenvolvido dentro da proposta, com muita ação do começo ao fim, talvez pudessem ter transformado a ideia em um longa mais palpável, com começo, meio e fim mais dentro dos 90 minutos, que certamente funcionaria mais para um público maior, mas como essa não era a ideia, conseguimos assistir, se divertir com as caras e bocas exageradas dos personagens, se empolgar com os poderes, mas como disse, se você não conhecer nada sobre a série talvez saia da sessão se perguntando se gostou ou entendeu tudo, e o resultado assim sendo não chega muito longe.

A sinopse nos conta que Atsushi Nakajima e Osamu Dazai são membros da Companhia de Detetives Armados, uma liga de gênios da literatura munidos de poderes especiais. Seu mais novo caso envolve investigar uma onda de suicídios que assola o mundo, onde todas as vítimas também possuem poderes especiais. A pedido de Ango Sakaguchi, a Agência sai em busca de pistas sobre uma misteriosa névoa que aparece nos locais dos incidentes, e sobre Tatsuhiko Shibusawa, um suspeito que se auto-intitula o Colecionador.

Diria que a direção de Takuya Igarashi foi bem moldada no estilo, mantendo um tom escuro do começo ao fim para desenvolver a trama que envolve todo um misticismo entre personagens paranormais, a destruição de uma cidade, na sequência do país e consequentemente do mundo por um ser/névoa, e com isso o resultado mesmo quando cheio de efeitos explosivos dos poderes dos personagens, o diretor conseguiu imprimir um ar mais tenso, não ficando uma ação de aventura, mas sim algo que remetesse somente ao estilo escolhido, ou seja, um teor mais sério que mesmo com personagens que puxam uma comicidade pelas vozes gritantes, acaba sempre indo para o ar de vou acabar com o mundo, desejo tanto a morte e o suicídio e por aí vai.

Não vou falar individualmente de cada personagem, pois os nomes são bem difíceis, e certamente seria corrigido por algum fã, mas a ideologia das brigas dos personagens com seus poderes foi algo muito inteligente e acabamos vendo um desenvolvimento interessante por parte dos desenhistas, para ficar algo bonito, com a estética dos animes tradicionais, mas também economizando muito nos traços, pois ao termos cenas mais distantes, não desenvolveram olhos e texturas, deixando quase um tradicional rabisco apenas, com uma cara oval sem olhos, nem nada, o que soa até estranho num primeiro momento, mas depois que acostumamos, vamos vendo tudo e o resultado agrada. O personagem do tigremen foi bem icônico com o seu final, e não imaginaria um final forte bem colocado para o personagem, de modo que foi uma surpresa bacana de ver.

Enfim, sei que o texto ficou pequeno, mas volto a confessar que não sou muito adepto de filmes que você necessita conhecer algo previamente para entender o que é mostrado, e aqui esse foi quase que 100% em cima disso, mas ainda assim consegui gostar da finalização e recomendo ele para (e somente) aqueles que forem fãs do estilo, e principalmente se já tiverem assistido à série de 2016, pois aí com certeza o longa será uma grande diversão. O Festival de Ação Japonês volta no próximo dia 19/09 com "Tokio Ghoul" e 26/09 com "Bravestorm" e certamente irei esperar que sejam bem melhores. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais estreias, então abraços e até logo mais.

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O Nome da Morte

8/28/2018 01:27:00 AM |

Alguns filmes conseguem ser tão contundentes com suas histórias que ficamos literalmente em cima do muro para decidir se gostamos ou não do que vimos, pois como vamos dizer que gostamos da história real de um assassino contratado para dar fim de pessoas por dinheiro para poder sobreviver, ou ter uma vida melhor num país aonde a Justiça também é corrupta? Pois bem, o longa "O Nome da Morte" brinca com esses conceitos morais, e trabalha muito essa discussão de podermos gostar visualmente e até mesmo com a ideia do longa como uma ficção, mas se pararmos para discutir a realidade do fato de alguém ter feito disso uma "profissão" para ter uma vida melhor no país, aí já entramos num conceito de imoralidade e ninguém mais gosta do que é mostrado, alguns vão embora durante a sessão, e até mesmo nós ficamos pensando se gostamos mesmo do que passou na telona, ou seja, um filme que levanta tantas frentes, que causa um certo estranhar, mas que analisando friamente apenas como cinema, foi bem trabalhado, o ator entregou uma personalidade incrível cheia de bons trejeitos, e principalmente tivemos uma produção cheia de detalhes, porém acredito que quiseram ficar com algo mais próximo do real, e com isso a ficção ficou fraca, pois poderiam sim ter trabalhado apenas como baseado em fatos reais, e criado um super assassino envolvido em uma suposta corporação criminosa que teríamos um longa incrível, bem encorpado e que todos adorariam sem sequer pensar no rapaz como um assassino humanizado, como acabou acontecendo.

A sinopse nos conta Júlio Santana é um pai de família, um homem caridoso, um exemplo para sua família e um orgulho para os seus pais. No entanto, ele esconde outra identidade sob essa fachada: na verdade, ele é um assassino profissional responsável por 492 mortes. Entre a cruz e a espada, entre a lei e o crime, Júlio precisa descobrir uma forma de enfrentar os seus demônios.

O diretor e roteirista Henrique Goldman gosta de trabalhar com histórias reais, e geralmente consegue adaptar bem as tramas que lhe são entregues para que o filme fique num misto bem crível entre realidade e ficção, porém ainda falta para ele como disse acima saber tornar essas tramas policiais que anda pegando em algo mais voltado para a ficção, de modo que o público não recaia tanto para o lado humano de um personagem, pois volto a frisar a história aqui vista por um personagem estrangeiro seria linda e muitos se emocionariam, mas como é um brasileiro que se não fizer dessa forma para ganhar dinheiro "ilicitamente", o povo já cai matando. Mas tirando essa essência que acaba recaindo mais entre moral ou não, a grande falha da execução foi humanizar demais o personagem, pois sabemos que pistoleiros em sua maioria não possui muito coração e está lá pelo dinheiro ou por alguma vontade própria, e independente de sua situação ou não, vão fundo no que fazem, sem pensar muito, e aqui quiseram deixar ele quase como um galã, pegando um ator bonitinho, uma forma familiar, muita religião envolvida, e assim sendo o longa funciona bem como produção, com visual seco, com tiros fortes e precisos, uma sonoridade dura e barulhenta para nossos ouvidos, mas não empolga, nem engana muito como história.

No conceito das interpretações, basicamente o longa fica voltado quase que inteiramente para o trabalho de Marco Pigossi que nos entrega um Júlio completo de trejeitos, de desenvolvimento de olhares, que conseguiu transmitir diversas sensações em um único personagem multifacetado, e isso mostra o tremendo ator que ele é, pois o filme poderia ser completamente errôneo caso não conseguisse passar isso, e podemos dizer com toda certeza, se o filme foi bem entregue, isso se deve quase a 100% por parte de Marco. Fabiula Nascimento é daquelas atrizes que entregam expressões contundentes, mas que forçam em diversos momentos para dar certo, e aqui sua Maria é bem colocada em diversos momentos, e entrega boas dinâmicas para a trama, porém algumas cenas suas poderiam ter dado mais impacto contrário para o protagonista ao invés de recair para o tradicional, que não costuma funcionar tanto, e embora tenha até agradado, foi usada sempre em segundo lance. O que não aconteceu com as cenas fortes de André Mattos com seu Cícero, que conseguiu entregar praticamente da mesma forma que trabalha com personagens corruptos em tantos outros longas nacionais, aqui com alguém mais coloquial, como o famoso tio que insere alguém no meio, mas ainda leva uns trocados por fora, e com trejeitos bem colocados o ator acaba agradando e sendo coerente no que faz. Dos demais temos ótimas participações em diversas cenas, todos se colocando para encaixar bem com o protagonista, passando desde as caras de despreocupado ao máximo de Gillray Coutinho como Cabo Santos, até o maluco interpretado por Matheus Nachtergaele.

Agora ao mesmo tempo que temos algo muito bom que foi o desenvolvimento da produção para cenas fortes de tiros quase a queima-roupa, dando o ótimo impacto cênico, o longa se passa por vários anos, afinal temos desde o jovem começando sua carreira, tendo um filho, o garoto com quase 10 anos, mais um filho e tudo mais, e com isso dá para colocar que o longa se passa há vários anos atrás, mas nesses meados aparecem carros atuais demais, o que dá um contraste de erros, que não chegam a atrapalhar a qualidade da produção, mas que poderiam ter tido um cuidado melhor, com certeza poderiam. A parte de maquiagem/figurino também brincou muito com a barba do protagonista, exagerando em certos momentos (como no final) e indo para uma cena no miolo que nos deixa até perdido no espaço-tempo do longa, pois o jovem aparece brigando com o tio após a primeira morte, ou sabe-se lá qual, mas aparenta estar bem mais novo do que quando é "recrutado" para o serviço, ou seja, poderiam ter tido um pouco mais de cuidado com isso também. A fotografia é ousada, trabalhando tons fortes, misturando com luzes estourando na tela para ter uma brincadeira quase de nuances junto com os sons fortes de tiros, fazendo quase um reverbe no nosso ouvido assim como a morte reflete no protagonista, num contraste bem interessante de ser acompanhado.

Enfim, é um filme polêmico que funciona e que vai ter diversas opiniões para que cada um discuta da sua forma, mas que certamente poderia ter sido mais caprichado para não ter tantos defeitos técnicos, e como disse no começo ter assumido de cara ser uma ficção, pois a realidade funciona quando ela é bonitinha, quando temos a história de um "vilão" necessitado, o público acaba mais fugindo do que se envolvendo com ela. Ou seja, até recomendo o longa, mas tente não ir a fundo com um olhar crítico para tudo o que é mostrado, senão a chance de só reclamar, e não gostar do resultado, é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na quarta com o primeiro longa do Festival de Animes que teremos aqui nos próximos meses, então abraços e até mais.

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O Animal Cordial

8/25/2018 01:43:00 PM |

Quando falamos de cinema de gênero era raro vermos dentro do cinema nacional obras de terror mesmo, pois sempre floreavam com suspenses mais simples, ou senão obras mais experimentais, mas hoje ao conferir "O Animal Cordial" posso dizer que o gore finalmente voltou a ser entregue com força numa obra que funciona bem no lado artístico, mas também se encaixa como grandes obras estrangeiras do gênero de terror para distribuição, com uma alma bem suja e intensa, aonde os personagens vão num crescente desesperador sabendo qual rumo será tomado, mas nunca sabendo o quando e o como, ou seja, para quem gosta do estilo, vamos num deleite de sangue esparramando pela sala do cinema que poucas vezes vimos em um filme nacional, ainda mais com atores tão imponentes da dramaturgia do país. Digo que certamente fui conferir sabendo o que veria pelo trailer, mas não imaginava que seria tão intenso e bem feito, pois outras tentativas do estilo ficaram bem bizarras e erradas, mas aqui antes mesmo de falar mais da produção já parabenizo a todos da equipe, pois o acerto foi iminente, e mesmo com pequenos detalhes, o que vi no cinema é uma obra de primeira linha do terror sujo.

A trama nos situa em São Paulo, aonde Inácio é o dono de um restaurante de classe média, por ele gerenciado com mão de ferro. Tal postura gera atritos com os funcionários, em especial com o cozinheiro Djair. Quando o estabelecimento é assaltado por Magno e Nuno, Inácio e a garçonete Sara precisam encontrar meios para controlar a situação e lidar com os clientes que ainda estão na casa: o solitário Amadeu e o casal endinheirado Bruno e Verônica.

Chega a ser inimaginável saber que o longa foi dirigido e roteirizado por uma mulher, visto as cenas que ocorrem com as personagens femininas, pois certamente muitos julgariam como conceitos machistas e exagerados, mas a diretora e roteirista Gabriela Amaral Almeida conseguiu imprimir um aspecto forte e bem coerente para a situação, trabalhando o impacto visual de cada cena com uma mão certeira e um olhar que poucos veriam, mas que consegue causar e ser real com a situação que a proposta necessita, mesmo que alguns vejam como algo desnecessário. Ou seja, temos algo completamente forte, duro, cheio de sangue pra todo lado, cenas com sexo e tudo mais que uma obra do gênero pede, e ainda um funcionalismo de ângulos, sonoridades e sentidos que certamente quando falarmos mais para frente de algum filme forte nacional, iremos citar esse e sua diretora pelo primor técnico impresso na telona.

Outro fator incrível e inimaginável foi ver um ator que sempre consideramos como alguém com cara de comédia, que costuma fazer sempre caras abobadas como Murilo Benício que já é considerado um ator de primeiríssima linha, fazendo um personagem forte de terror, com impactos dramáticos, impondo uma loucura cênica digna de vermos em atores menos conhecidos e agradar demais com o que faz, chegando ao ponto de vermos realmente um olhar de terror no seu semblante como vimos em psicopatas de grandes filmes, ou seja, podemos considerar seu Inácio como um dos seus melhores papéis da vida. Luciana Paes também se entrega de corpo e alma para sua personagem Sara, de modo que tudo que faz está sempre forte de olhares, tensão e entrega que muitas vezes nem imaginamos o que mais ela pode fazer, e o resultado só vai aumentando de intensidade até termos o seu final perfeito. Dentre os demais todos entregam bons personagens e encaixam momentos precisos para que o filme funcione, de tal forma que o Djair de Irandhir Santos acaba sendo incrível no seus diálogos e trejeitos imponentes e emocionantes, o desespero insano de Camila Morgado com sua madame Verônica, o medo desesperador do playboy Bruno interpretado muito bem por Jiddu Pinheiro, e até mesmo os assaltantes interpretados por Humberto Carrão e Ariclenes Barroso funcionam. Só diria que esperava um pouco mais do personagem de Ernani Moraes, pois sendo um policial aposentado, ele apenas se impôs de uma forma fraquejada e até brincou bem nos trejeitos, mas poderiam ter ido além.

Com uma cenografia bem simples, afinal temos praticamente somente dois ambientes, o salão do restaurante e a cozinha do mesmo, a equipe de arte brilhou mesmo nos detalhes cênicos, com objetos prontos para serem usados como armas para as mortes, e claro, muito sangue para todos os lados, sendo usados de formas inimagináveis, com doses pensadas para um lado artístico tão imponente que sequer pensávamos em ver cenas daquela forma, ou seja, coerência visual bem colocada que funciona com precisão. A fotografia embora seja bem dura, com ângulos fechados para não dar muita vazão de erros técnicos, a trama praticamente fica inteira num tom mais denso aonde é criada toda a tensão, com uma iluminação tradicional de um restaurante, mas sem que ficássemos notando, a temperatura das cores vai aumentando com a grande quantidade de vermelho sangue jogado para todos os lados, ou seja, um trabalho preciso e bem encontrado.

O filme também contou com canções bem fortes para cada momento, mas com uma coerência que chega a ser até engraçada de ouvir, pois alguns acordes conhecidos vindo em timbres diferentes se encaixarem como luva para cada momento, e assim sendo a trilha orquestrada envolve até mais do que as canções conhecidas cantadas que agradam mais como algo diegético que acabaram imprimindo nas cenas.

Enfim, é um filme muito bom, que recomendo com muita certeza para todos que gostam de um terror sujo e bem sangrento, que funciona tanto pela história, quanto pela forma de execução, e que mesmo deslizando em certos exageros, acabará sendo um longa que lembrarei muito quando me pedirem uma indicação desse estilo. Claro que é um filme feito para um público bem específico, mas certamente mesmo quem nunca viu um longa forte de terror conseguirá enxergar nessa obra um grande acerto, e quem sabe uma forma desse estilo funcionar no país. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, afinal ainda tenho mais algumas estreias para conferir nessa semana.

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Meu Ex É Um Espião (The Spy Who Dumped Me)

8/24/2018 01:23:00 AM |

Se você gosta de uma comédia digamos forçada, envolvendo ação policial, muitos tiros, espionagem, mas que vai fazer você rir, certamente a aposta certa é "Meu Ex É Um Espião", mas se qualquer uma dessas palavras lhe incomodar, fuja, pois, o filme possui tudo isso em níveis altíssimos, tanto ação, quanto espionagem, tanto tiros, mortes fortes, e claro muita piada suja para fazer graça, o que funciona (felizmente!). Digo isso, pois conheço muitas pessoas que preferem uma comédia mais light, com situações cômicas, e também gosto muito desse estilo, mas quando fazem algo escrachado, que força a barra para o público rir, mas que faça rir muito, também acabo gostando bastante, e aqui tanto Mila Kunis com seu jeitão mais jogado quanto Kurt McKinnon com seu ar mais desbocado acabam entregando tantas situações boas no longa que fica difícil não rir com o que é mostrado, e com leves deslizes de roteiro, a trama sai do usual e acaba sendo uma grata pedida para as comédias que ultimamente tem aparecido em que saímos da sessão sem ao menos esboçar um sorriso. Agora se tem uma coisa que não podemos reclamar de forma alguma é do tamanho da produção do longa, pois até me perdi nas contas da quantidade de locações/países europeus que o filme se passa, e que até acabaram brincando muito com as tradições locais.

O longa nos conta que Audrey está desiludida com o término do namoro com Drew, que a dispensou através de uma mensagem de celular. O que ela não sabe é que o agora ex-namorado é também um agente secreto, perseguido devido a um pen drive com informações sigilosas. Após receber o apoio moral de sua melhor amiga, Morgan, Audrey é surpreendida com o súbito reaparecimento de Drew, após ameaçar queimar seus pertences. Logo ambas estão também envolvidas no mundo da espionagem, precisando ir às pressas para Viena, na Áustria.

Não conhecia os trabalhos da diretora Susanna Fogel, mas posso dizer que ela conseguiu imprimir aqui uma obra bem trabalhada, cheia de dinâmica e que prezou principalmente pelos dois vértices: a de não ser uma obra de ação que somente fizesse rir, nem ser uma comédia cheia de ação, mas sim que funcionasse tanto como um bom longa de ação com espionagem, quanto uma boa sátira cômica que divertisse na medida somente com as piadas bem sacadas, ou seja, ela entregou um filme que tem um começo até meio lento e estranho, com uma montagem cheia de idas e vindas, mas que quando atinge seu ápice vem com tudo sendo muito divertido e não tendo respiros para que o público se cansasse com o que é mostrado. Claro que por ser bem apelativo e cheio de excentricidades, o filme destoa em diversos atos, mas para quem desejar de algo bem trabalhado e que lembra os bons longas da antiga Sessão da Tarde, irá se divertir bastante, pois a diretora não mediu esforços para que seu filme fosse bem colocado.

Quanto das atuações, é fato que Mila Kunis não é uma comediante de mão cheia, que consegue fazer expressões engraçadas, que faça rir facilmente, e tudo mais, mas sempre procura encaixar situações engraçadas em seus personagens para que as tramas que entregue funcionem, e aqui sua Audrey é exatamente a cara dela, uma mulher bonita, mas que se mete só em rolos, e consegue encaixar bem sua forma de atuar com muita dinâmica dentro do que a personagem necessitava, agradando bastante com o resultado completo da obra. Kate McKinnon já é uma atriz cômica e sabe puxar as piadas para si com uma força mais bruta, e talvez até pudesse ser melhor lapidada caso a diretora quisesse para sua Morgan (a sacada com o nome foi demais na cena que é usada!), e ela tem as gags mais encaixadas, fazendo com que o filme fique bem dependente dela para fazer rir, mas soube dosar para não virar um longa bobo e pastelão, o que é uma boa mostra do que faz no Saturday Night Live com muitos personagens. Um ponto que muitas mulheres vão gostar é que o filme é quase uma ode positiva ao empoderamento feminino, e claro que funcionando assim os homens da produção funcionam quase como objetos e até recaem com piadas bobas, e claro, são tipões bonitos de aparecer, com o exemplo mais funcional para a boa dinâmica de ação inicial de Justin Theroux como Drew, e depois durante todo o longa com Sam Heughan como Sebastian que consegue ser um bom contraponto de espionagem no melhor estilo possível. O longa também possui diversas participações bem encaixadas, como os pais de Morgan interpretados por Jane Curtin e Paul Reiser brincando bastante com o estilo de velhos aposentados que vivem de programas de compras na TV, também temos a vilã ginasta Nadedja bem interpretada por Ivanna Sakhno, entre outros.

No conceito artístico, a equipe de arte realmente teve de brincar bastante para carimbar os passaportes de toda a produção, pois o longa é quase um road-movie passando por diversas cidades da Europa, sempre mostrando um ou dois pontos turísticos marcantes para realçar que estavam realmente ali, e nos mais colocados usando até piadas com os locais, trabalhando bem em detalhes mais amplos e tendo um ou outro detalhe cênico para funcionar as piadas, mas sempre voltando mais para o lado de uma grande produção de ação, aonde tiros são disparados para todos os lados possíveis. A fotografia trabalhou bem uma gama de cores tão colorida para dar o ar cômico, que por vezes o filme até foge do conceito mais dramático que um policial acabaria tendo, de modo que tudo fica até exagerado, mas souberam brincar bem com as situações, e até um fechamento extremamente brilhoso acaba agradando.

O longa conta com uma escolha musical muito bem encaixada que ajudou bastante no ritmo do filme, e claro que como gosto muito de boa música não poderia deixar de compartilhar com vocês, então segue o link.

Enfim, é um filme que já fui esperando ser tosco, mas que mesmo exagerando bastante acaba agradando e divertindo na medida certa, funcionando como disse no começo para os dois vértices, e sendo assim quem for disposto a rir de coisas bizarras, e as situações mais absurdas de duas mulheres bem sem noção no meio de uma espionagem completa, vai certamente sair rindo de tudo o que verá na telona, e mesmo tendo muitas falhas técnicas, o resultado não desaponta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Slender Man - Pesadelo Sem Rosto (Slender Man)

8/23/2018 08:05:00 PM |

Não conheço a lenda ou as histórias sobre o personagem do Slender Man, mas diria que a sacada de fechamento do filme "Slender Man - Pesadelo Sem Rosto" foi digamos que interessante, e bem melhor que o filme inteiro, dando uma proposta de algo viral mesmo, como um vírus que vai passando através da curiosidade das pessoas, que vão alimentando o medo do personagem e dando mais força para ele, e assim sucessivamente. Não posso afirmar que a ideia completa do longa é essa, mas o filme em si funciona como um terror mais psicológico, aonde praticamente não vemos nada (me lembrou um pouco "Bruxa de Blair" nesse sentido), e a correria sem entregar nada do que está acontecendo, tendo apenas distúrbios, barulhos e várias abstrações acontecendo sem quase sentido algum, ou seja, um filme fraco de aterrorizar as pessoas, que tem um mote teen demais, que não assusta, e que principalmente cansa mais do que agrada como poderia ocorrer. As salas certamente estarão bem cheias de jovens que curtem esses virais, que ficarão procurando coisas aonde não tem nada, mas que sairão tão decepcionados com o longa que veremos se a bilheteria se sustentará para que façam uma continuação com o que deixaram, pois não tem como recomendar mesmo nas melhores cenas de tensão.

A sinopse nos conta que as amigas Wren, Hallie, Chloe e Katie levam uma vida entediante no colégio. Quando ouvem falar num monstro chamado Slender Man, decidem invocá-lo através de um vídeo na Internet. A brincadeira se transforma num perigo real quando todas começam a ter pesadelos e visões do homem sem rosto, com vários braços, capaz de fazer as suas vítimas alucinarem. Um dia, Katie desaparece. Como a polícia não dispõe de nenhuma prova para a investigação, cabe às três amigas fazerem a sua própria busca, enfrentando a criatura.

Costumo dizer que para fazer um filme decente de terror, ou o diretor tem de ser especialista nessa área, ou ser algum jovem maluco que acaba acertando a mão fazendo todos se encantaram com seu trabalho, agora vir com alguém que fez diversas séries de ação policial e jogar para dirigir um longa que já não tem muita história para ser algo novo não deu muito certo, de modo que acabamos assistindo ao filme de Sylvain White sem conseguir entender aonde ele desejava chegar, não tendo um conflito de tensão, não assustando, não impressionando, e nem sendo que fosse algo policial realmente, criando um vértice mais problemático com cenas de correria no escuro, do que um filme se terror que valesse a pena realmente ser assistido, ou seja, um filme até cheio de ideias, que mistura ocultismo, fenômenos elétricos, e muito mais, mas que não chega a lugar algum.

Quanto das atuações diria que já vi garotas bem mais expressivas em um hospital, pois que seleção péssima de elenco fizeram, com garotas que não expressam feições de espanto com o bicho, não nos passam a tensão que sentiram, ou seja, se o filme já não causa nada, com atrizes que não ajudam também, o resultado nesse quesito foi algo que beirou o lastimável. O mais engraçado é que Joey King já fez diversos longas de terror, e sempre se saiu bem, mas claro que tinha ótimos diretores por trás de suas produções, ou seja, talvez aqui a culpa de sua Wren não chamar tanta atenção seja do diretor ruim, pois a jovem fez caras e bocas exageradas, e somente na cena da biblioteca e na sua casa que realmente chamou um pouco a atenção com algo mais desesperador, pois de resto, só falou textos largados e foi a rebeldezinha do grupo. Julia Goldani foi o enfeite da trama inteira com sua Hallie, de modo que estava torcendo para que sua personagem morresse logo, mas não, ficamos com ela o longa inteiro, com sua expressão apática de jovem semiapaixonada que não faz nada, não liga para nada, e assim sendo é quase um vaso no filme. Quanto as demais garotas, a que se sai um pouco melhor, mas aparece bem pouco no filme, tendo mais destaque ao final, é a irmã de Hallie, Lizzie, que é bem interpretada por Taylor Richardson, que fez caras bem fortes e deu o tom para o fechamento.

No conceito cênico, a trama consegue envolver bem, principalmente pelo longa se passar numa cidadela que acho que nem em sonho moradia, com ruas escuras, em meio a florestas, casas de madeira estranhas, muitos objetos cênicos bizarros, e aliado a tudo isso, muitos desenhos estranhos e um personagem feio de forma esguia, mas que pouco o vemos, pois aí entra o maior defeito do longa, até maior que a história: a fotografia! Pois já disse isso outras vezes, que você até pode fazer um bom longa de terror com um sol escaldante, mas se vai fazer cenas muito escuras, saiba iluminar bem, mesmo que faça uso de recursos falsos, pois diria que não vemos praticamente nada em cerca de 60% ou mais do filme, apenas imaginando pelas sombras e coisas que aparecem, completando o filme com os espaços, ou seja, exageraram no breu para assustar ou causar no público, mas não funcionou.

Enfim, um filme fraquíssimo, que até tinha potencial para causar no público um estranhamento, muitas pesquisas, e tudo mais, mas que acaba não atingindo nada nem ninguém. Ou seja, não recomendo ele de forma alguma nem para quem estava curioso com o longa, muito menos para os fãs de terror. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas vou conferir outro longa hoje para ver se melhora meu humor, então abraços e até logo mais.

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Abrindo o Armário

8/21/2018 12:07:00 AM |

É engraçado que quando falamos para alguém que conferir um documentário, a pessoa já pensa naqueles jornalísticos enrolados, com uma tonelada de pessoas falando, ou na vida selvagem de um leão caçando um búfalo no meio da selva, aí então você fala que será sobre a vida de gays, é correria na certa, pois acha que alguém vai pagar para conferir um documentário sobre gays, jamais! Pois bem, todos deveriam abrir suas mentes e ir conferir o longa "Abrindo o Armário", que de uma das maneiras mais fluídas possíveis, num ritmo bem cadenciado, trabalhando momento a momento com tantos depoimentos, não chegamos nem a ver a hora passar, e o melhor, não conseguimos arquitetar as perguntas feitas pela equipe, pois o longa parece vivenciar os momentos com cada um contando um pouco sua história, seus problemas e suas desventuras mundo afora, que o vértice da trama acaba soando até mais interessante do que parecia, funcionando não apenas para os gays que forem "se ver" na telona, mas sim para que pessoas comuns de todos os credos saibam que eles não mordem, não são aliens (tudo bem que tem uns que aparecem tão montados que dá até pra pensar ser de outro planeta!), mas sim são como eu, como você, tendo sua vida, querendo ganhar seu dinheiro, e principalmente como um dos entrevistados fala, são completamente diferentes dos que os filmes e as novelas retratam, sofrendo de tudo quanto é forma preconceito, agressões e tudo mais. Ou seja, um longa informativo e bem indexado para mostrar gays de todas as idades e estilos, só tendo uma grande falha: só tratou um dos lados, o homem gay, e esqueceu completamente das moças que sofrem muito também ao ser de outra forma, mas de resto é um filme muito bacana para todos conferirem.

O documentário entrevista dezenas de homens gays para conhecer a experiência do indivíduo LGBT, tanto nos centros quanto na periferia, tanto nos dias de hoje quanto décadas atrás, durante a ditadura militar. Figuras icônicas como o escritor João Silvério Trevisan, as artistas Linn da Quebrada e Jup do Bairro e o gamer Gabriel Kami compartilham suas experiências pessoais de autoaceitação e preconceito.

Como costumo dizer não sou muito de falar sobre documentários, pois acredito que é uma experiência que cada um vai tirar suas devidas opiniões e através das ideias montadas pelo diretor, baseando na ideologia de cada pessoa, o resultado visto na telona será diferente, mas digo que aqui consegui ver que os diretores estreantes na função, mas que já possuía um grande currículo como diretor de fotografia de grandes longas nacionais, Luís Abramo e Darío Menezes conseguiram extrair dos entrevistados muito mais do que apenas depoimentos, quase vivenciando com eles seus sentimentos e afazeres, criando uma identidade para a trama, e souberam conduzir tudo numa edição quase magistral, pois não vemos as cenas quebradas, não temos interrupções com legendas, e principalmente tudo vai correndo quase como um longa de ficção, sem sabermos quem é quem (diria talvez como um defeito isso, pois não conhecia nenhum dos entrevistados, e talvez saber quem era me ajudaria em alguns pontos, mas não chega a ser algo que atrapalhe). Ou seja, vamos acompanhando cada um, num fluxo bem coeso, sendo que alguns falam mais que uma vez, outros apenas uma, e chegamos até nos emocionar com algumas situações dos que acabam se abrindo um pouco mais, ou seja, conseguem passar bem sua mensagem.

Como disse no começo, uma falha grande da produção foi não ter entrevistado garotas, pois certamente elas também tiveram imensos problemas na aceitação, na sociedade e tudo mais, mas talvez seja espaço para um segundo longa dos diretores, mas tirando esse detalhe, diria que foram o mais ecléticos possíveis nas escolhas dos entrevistados, o que resultou em algo bem espaçado de opiniões e estilos, e que foi ainda mais envolvente pelas dinâmicas com muita câmera na mão (claro que usada de uma linguagem coesa e sem solavancos para não ficar algo grotesco), acompanhando os entrevistados por locações bem escolhidas para representar seus lugares e pensamentos nas comunidades em que vivem, ou seja, um trabalho bem completo.

Enfim, é um filme que até possui alguns defeitos, mas que soa bem coerente com a proposta e funciona sem forçar a opinião de ninguém, e que possui um ritmo muito agradável que não cansa de forma alguma, valendo ser conferido pela essência e pela qualidade da montagem. Bem é isso pessoal, fica aqui então minha indicação, e encerro por aqui essa semana cinematográfica que foi bem longa, voltando na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até lá.

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Medo Viral (Bedeviled)

8/19/2018 11:14:00 PM |

Certa vez disse que o grande propósito de um bom filme de terror é causar medo nas pessoas, arrepiar, e claro até trabalhar a tensão de uma forma não de adrenalina, mas sim de temor por algo, de forma que saiamos da sessão no cinema pensando no que vimos, para chegar no estacionamento e caçar o carro com medo de tudo ao redor, mas para que isso funcione, um filme deve ter um enredo bem coeso para que funcione, e claro, a história deve ser sombria também, mas aí vem alguns malucos e acham que podem dar sustos grátis no estilo de carrinhos de parque, aonde a ideia é algo tão absurdo que mesmo se fosse bem feita não pegaria, e com situações tão jogadas que acabamos mais rindo do que ficando com medo do que acontece, ou seja, fazem um filme absurdo e ruim, o qual podemos chamar de "Medo Viral", que até poderia ter fluído para algo mais convincente, pois hoje no mundo moderno em que vivemos, os jovens vivem grudados em celulares, com mais e mais aplicativos, mas aí recair sobre uma entidade que usa energia para se materializar nos maiores medos de cada pessoa, e matá-las de medo (sim, não tem nenhuma facada, tiro, pedra na cabeça - a pessoa morre chocada de medo no longa!!) foi apelação demais, e o resultado ficou próximo do pior nível possível.

A sinopse nos conta que um grupo de amigos baixa um aplicativo “tipo Siri” que, no início, parece uma maneira inofensiva de receber direções ou recomendações de restaurantes. Mas a natureza sinistra do aplicativo logo se revela. O app não só conhece os medos mais profundos e sombrios de cada pessoa, mas é capaz de manifestar esses medos no mundo real para literalmente assustar os jovens até a morte.

Chega a ser até engraçado ler que os diretores Abel e Burlee Vang se inspiraram na lenda do Slender Man (que terá um filme já na próxima semana estreando!) para a criação do personagem principal do longa, pois é bizarro a forma meio que de palhaço que aparece, todos os medos soaram bobos demais, além de exageros caricatos que não conseguem se estruturar, ou seja, ficou parecendo um filme feito na correria para ser entregue antes que o outro (mas nem podemos dizer que é isso, pois tecnicamente o longa foi lançado lá fora em 2016, só aparecendo por aqui agora, e certamente nem estavam pensando em fazer um filme do Slender naquela época!), aonde não temos uma história que envolva ninguém, e certamente ao verem isso, acabaram fazendo com que o filme ficasse somente de sustos gratuitos, daqueles que pegam o público desprevenido, mas que de nada servem além disso, ou seja, um trabalho de diretores de primeira viagem realmente, mas que pela falta de uma história mais coesa, nem um diretor de grande porte conseguiria salvar a trama.

Sobre as interpretações, fico até com dó dos atores, pois mesmo o melhor ator do mundo se pegasse um roteiro desse ficaria sem palavras para se expressar no longa, e aqui como ainda acabaram escolhendo um elenco bem singelo, o resultado então foi algo que chega a ser difícil destacar alguém. Saxon Sharbino precisa urgentemente fazer um curso de choro, pois aqui não sabíamos se ela estava rindo ou chorando nas suas cenas mais dramáticas, e caras de susto então nem dá para falar, de modo que sua Alice soou bem fraca para ser a protagonista da trama. Mitchell Edwards também tentou aparecer um pouco mais como o inteligente programador Cody, mas suas sacadas ficaram meio jogadas, e em certos momentos até pensamos nele como o criador do aplicativo (o que seria algo bem interessante de dar uma quebra), mas quando parte para os sustos e desesperos, além de sacadas extremamente racistas, o resultado do seu personagem fica ruim demais para agradar. Quanto aos demais, a maioria foi quase figurante, mesmo estando junto com os demais, ao menos foi divertido ver os medos de cada um, com Victory Van Tuyl com sua Haley e um urso medonho (que foi a cena mais cômica do longa - aonde ri demais do ursinho voando!), Carson Boatman com seu Gavin todo atlético e charmoso, mas que morre de medo de palhaços, e Brandon Soo Hoo entregando um Dan que tem medo de uma mulher japonesa estranha e bizarra. Ou seja, um desastre no conceito das atuações.

No conceito cênico, as casas até ficaram interessantes, mas ou esse povo é extremamente econômico, ou apenas quiseram fazer um filme de terror clichê sem luzes, pois nenhuma casa tinha uma iluminação decente de lâmpadas, tudo apagado, ou seja, sem noção alguma para um filme. Além de que, fizeram maquiagens muito fajutas com ares bem amadores, que não conseguiram entregar nada para o público, quanto mais ficar com medo de algo. Como falo algo da fotografia se acabei de dizer que nem acender luzes direito fizeram? Melhor nem comentar, os tons escuros, com destaques apenas para as cores do aplicativo celular que mudavam de acordo com o temperamento da entidade.

Enfim, é daqueles filmes que nem sabemos o real motivo de aparecer por aqui, pois se estreou há mais de dois anos lá fora, o que veio fazer aqui depois de tanto tempo, fora que tudo parece um amontoado de clichês, com ares de sátira e absurdos técnicos impressionantes, ou seja, fraquíssimo. Portanto só veja se você realmente não tiver mais nada para conferir e quiser gastar dinheiro, do contrário, fuja ou reveja outro filme, pois certamente será bem melhor. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, e amanhã confiro a última estreia da semana, então abraços e até breve.

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Mentes Sombrias (The Darkest Minds)

8/19/2018 01:13:00 AM |

É engraçado que de tempos em tempos surgem sagas novas para suprir as que vão acabando, e muitas vezes os primeiros filmes acabam nem chamando tanta atenção, por aparentarem estranhos nos trailers, e muitas vezes não cativam por não serem livros estourados de vendas, ou seja, primeiro precisam mostrar serviço para depois o público empolgar com o que vê, e começar a torcer pelas sequências. Digo isso sem pesar nenhum, pois inclusive esse Coelho que sempre vos digita foi conferir "Mentes Sombrias" sem saber nada da trama, apenas tendo consciência de que eram cinco livros, e com uns dois pés atrás pelo trailer que aparentava ser um "X-Men" genérico que correram para entregar antes de "Os Novos Mutantes", mas agora após conferir posso dizer com toda certeza que é um filme bem interessante, com uma trama bem moldada que funciona dentro da proposta que segue, de ser um longa teen com romance, ação, aventura, superpoderes e tudo mais que se espera ver num filme desse estilo, ou seja, um clássico da sessão da tarde, que se cair em uma mão mais impactante, de um diretor de maior sucesso, certamente pode transformar o segundo e os demais filmes em grandes obras que todos irão querer conferir. Dito isso, vá e confira, pois certamente se você gosta desse estilo, a obra vai lhe agradar muito, e fará você virar um fã desejando saber o que acontecerá com cada personagem na continuação.

A sinopse nos conta que em um mundo apocalíptico, onde uma pandemia mata a maioria das crianças e adolescentes da América, alguns sobreviventes desenvolvem poderes sobrenaturais. Eles então são tirados pelo governo de suas famílias e enviados para campos de custódia. Entre elas está Ruby, que precisa se esconder entre as crianças sobreviventes devido ao poder que possui.

Mais conhecida por dirigir as animações "Kung Fu Panda 2 e "Kung Fu Panda 3", a diretora Jennifer Yuh Nelson agora se aventura em um mundo bem diferente, o de filmes live-action preparados para ser sagas, se baseando em livros, e aqui com a trama escrita originalmente por Alexandra Bracken, ela conseguiu entregar um filme com uma boa dinâmica, com uma história que consegue conectar com o público, e até possui uma boa essência, mas acaba lhe faltando um tino mais impactante para que o filme decolasse como poderia, sendo realmente uma apresentação mais colocada de personagens, aonde demoramos demais para conhecer seus poderes, quem são os vilões, e o que pode acontecer a seguir, de modo que o filme tem um pouco de tudo, mas aqueles que forem mais exigentes certamente irão reclamar de muita coisa, ou seja, é o famoso filme pipoca que consegue agradar bastante o público que é destinado, é daqueles que você assistiria tranquilamente na sala de casa durante uma tarde tranquila, mas que faltou para a diretora uma expertise maior para empurrar no público aquele sentimento de desejo pelo longa, e mesmo que o filme não seja ruim (muito pelo contrário é algo até bem interessante), a crítica em geral prefere queimar ele do que indicar, e esse talvez seja a maior falha da trama, a de não conseguir convencer o povo que poderia vender melhor ele, mas volto a frisar, que como não sou como os demais, recomendo sim, e até irei torcer muito para dar bilheteria, pois quero muito saber o desenrolar da trama, e não estou afim de ler outros quatro livros.

Outro ponto levemente problemático para o público não empolgar tanto com a trama foi a escolha do elenco, que para um filme com uma pegada levemente romantizada não possui rostinhos de galãs, e para um filme que tem muita ação e superpoderes, não tem atores fortes e interessantes dispostos a buscar um público mais voltado para isso, ou seja, escolheram atores simples demais, que até conseguiram ter uma boa química entre eles, souberam ser interessantes, tiveram bons conflitos e trejeitos, mas para uma saga adolescente, o resultado não é o que o público desejava ver nas telonas. Digo que talvez até tenham pegado a ideia da autora para como os atores deveriam parecer, mas não foram bem trabalhados. Amandla Stenberg já é rata desse mundo, pois começou lá trás em "Jogos Vorazes" com sua Rue sem muito protagonismo, e no ano passado já estrelou um drama teen mais quente em "Tudo e Todas as Coisas", e agora colocando praticamente toda a responsabilidade em suas costas, ela fez de sua Ruby uma personagem com um carisma até que bem interessante, que agrada, tem bons trejeitos, tem bons poderes, mas terá de se esforçar muito para ser a super-heroína que o segundo filme aparentemente irá lhe exigir, pois ela não tem todo esse impacto, ao menos não mostrou aqui. Harris Dickinson também não é aquele par romântico que esperamos ver, mas seu Liam tem um quê interessante de acompanhar, seus poderes são bem fortes, e o ator conseguiu ser carismático e chamativo para gostarmos dele, mas com um final que não esperávamos ver, iremos ficar bem curiosos para seguir sua saga. Myia Cech é uma japonesinha bem engraçadinha, mas sem dizer uma palavra sequer durante todo o longa com sua Zu acabou ficando mais necessária de ações, e embora algumas sejam bem bacanas, faltou um pouco para ela. Skylan Brooks faz um Bolota bem inteligente e que demonstra bem seu "poder", e soa bem como aquele amigo que todos querem ter tanto para Ruby quanto para os demais, mas ele é simples demais, e o ator também não chama para si a responsabilidade, ficando bem em segundo plano. Quanto aos demais, apareceram pouco e até chamaram a atenção, mas como é um filme introdutório, tanto Patrick Gibson com seu malvadão Clancy que fez boas cenas, quanto Mandy Moore como a doutora Cate, que aparece no começo, some o miolo todo e volta no final, fizeram pouco para serem lembrados pelos trejeitos e interpretações, veremos o que farão nos próximos (se houver!).

No conceito cênico a trama foi bem inteligente de situações, com locações simples, mas cheias de efeitos, que acabaram impressionando pela grande quantidade de figurantes, muita velocidade, poderes bem colocados e sem exagerar a equipe de arte soube dosar os elementos para que o filme fluísse sozinho e entregasse uma boa dinâmica e agradasse a todos. Porém a grande sacada ficou pelos efeitos especiais não ficarem tão falsos, pois o filme tinha claro uma cara de ser um X-Men, mas deixaram tudo bem simples que a qualidade não ficou forçada e nem impressionando por algo de grande teor. A fotografia da trama trabalhou com tons mais escuros para criar um clima mais tenso, e mesmo pesando nas cores o filme não soou exageradamente tenso, o que é interessante, pois poderia recair para algo mais dramático e atrapalhar mais do que agradar.

O longa também contou tanto com boas canções quanto trilhas originais bem encaixadas para ditar um ritmo bem cadenciado, e como costumo dizer, se um bom filme tem uma boa trilha sonora, o resultado para conquistar o público já é de quase 50%, e claro que não deixaria de fora o link para que todos possam ouvir, afinal boa música é aquela compartilhada por todos.

Enfim, muitos vão dizer que fiquei maluco por gostar do longa, pois tecnicamente ele é sim algo fraco, mas a trama é bem envolvente, e se gosto bastante desse estilo de franquias juvenis que conseguem amarrar bem o espectador, de modo que indico o longa e certamente estarei torcendo para que os demais sejam lançados. Uma grande sacada da trama foi fazer um filme que teoricamente não depende dos demais, ou seja, se não der bilheteria e resolverem não fazer os demais, a mensagem foi bem passada aqui nesse primeiro filme, mas acredito que o potencial é bem grandioso para que os demais funcionem até melhor do que esse que foi uma grande apresentação. Ou seja, vá conferir e se divirta com toda a ação, se embale nos romances jogados, e a chance de gostar é bem alta, mas se esse não faz seu estilo, fuja, pois, a chance de odiar também é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda tenho duas estreias para conferir, então abraços e até breve.

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Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível (Christopher Robin)

8/18/2018 01:44:00 AM |

Há filmes que conforme soam os boatos de lançamento pensamos uma coisa, quando começam as filmagens e vemos algumas imagens imaginamos algo completamente diferente, aí vem os trailers e tudo vai para outro rumo, mas quando no final somos surpreendidos com um grande apanhado de tudo o que vimos e ainda consegue nos tocar, aí o resultado de uma obra pode ser dita como compensatória, e certamente isso é exatamente o que "Christopher Robin - Um Reencontro Inesquecível" consegue transparecer para o público adulto que irá conferir a trama, e friso o fato de ser um filme para adultos que até conferiram os desenhos na infância, e agora irão entrar num drama que muitos irão se enxergar: a eterna busca de ter reconhecimento, trabalhando muito e ganhando pouco, vivendo uma vida regrada para cumprir metas, mas esquecendo do lado bom da vida, da família, e até mesmo do jeito feliz que era quando tinha seus sonhos e amigos (alguns imaginários). Ou seja, um filme que vai fluir sua mente, vai trazer lições, vai emocionar, e até mesmo vai fazer você imaginar muitas coisas sobre a trama, como por exemplo, se os bichinhos são reais e falam mesmo, se são imaginários, se é um sonho, e muito mais, mas a priori, a essência irá falar por si, e o resultado vai agradar demais, pois se tem uma coisa que passaram bem longe foi a de fazer um filme corrido e duro, deixando que a simplicidade até de movimentos embalasse cada um que fosse conferir e saísse comovido com o que viu na telona.

Christopher Robin já não é mais aquele jovem garoto que adorava embarcar em aventuras ao lado de Ursinho Pooh e outros adoráveis animais no Bosque dos 100 Acres. Agora um homem de negócios, ele cresceu e perdeu o rumo de sua vida, mas seus amigos de infância decidem entrar no mundo real para ajudá-lo a se lembrar que aquele amável e divertido menino ainda existe em algum lugar.

É engraçado ver o currículo do diretor Marc Foster que varia de dramas emotivos misturados com ação desenfreada, tendo até alguns longas de terror, ou seja, é daqueles bem ecléticos para demonstrar diversos estilos de sentimentos em seus filmes, e aqui ele soube brincar com sintonias, deixando que seu longa fluísse nem numa velocidade que desse sono, e muito menos algo que assustasse o público para dentro da dura realidade que é o excesso de trabalho, que mesmo a trama se passando no período logo após a guerra, o tema é extremamente atual, e ao nos espetar com essa dura realidade de não passarmos mais tempo com nossa família, com os verdadeiros amigos, fazendo o que realmente gostamos, ele faz com que muitos desabem com um tom não duro, mas sim gostoso, respeitoso e com uma harmonia pontual que poucos diretores atingiriam, ou seja, um filme bem clássico que até parece ser mais britânico do que americano (mas que pasmem, apenas se passa em Londres, mas de nada britânico tem a produção!!). Diria que o roteiro foi feito em minúcias para atingir todos que forem conferir, que a trama até tenta passar um ar infantil por termos pelúcias falantes bem ornadas e bonitinhas, mas que será um ledo engano quem levar as crianças para conferir, pois estas não irão entender nada do que o longa tentará passar.

Sobre as atuações preciso ser sincero que não reconheci Ewan McGregor na produção, pois faz um personagem completamente diferente do que já o vimos fazer, e olha que ele já teve outros personagens desse estilo que levam lições para serem resolvidas, mas aqui seu Christopher tem todas as possibilidades de trejeitos, desde as mais duras durante os momentos de guerra, passando pelas fortes responsabilidades, até cair nas tocantes e bem colocadas dinâmicas com os personagens de pelúcia, sendo envolvido pela tenacidade mais calma e incorporando olhares de quem realmente está vendo, ouvindo e sentindo tudo o que lhe é passado, ou seja, um ator que soube incorporar bem o personagem, e que felizmente se saiu bem nas conversas com personagens não-humanos em cena, ou seja, um acerto muito bem encaixado. As vozes foram colocadas incrivelmente num tom tão bem encaixado, que acabamos quase nos apaixonando pelos personagens que até já conhecíamos dos desenhos, mas que aqui foram bem característicos e cheios de detalhes de personalidade que temos de aplaudir sem dúvida alguma todo o trabalho da composição, da computação e claro da dublagem de Jim Cummings como Pooh e Tigrão, Brad Garrett como Ió (ou Bizonho como conhecíamos no desenho!) e Nick Mohammed como Leitão. A garotinha Bronte Carmichael até é interessante e teve algumas cenas bem dosadas, mas somente se soltou ao se juntar aos bichinhos, pois antes parecia um mero robô em cena com sua Madeline. E para finalizar, as atuações de Hayley Atwell como Evelyn Mark Gatiss como Winslow só serviram para fazer figuração de luxo na trama, visto que se tiveram mais que 10 falas no longa foi muito, mas ao menos souberam fazer caras surpresas nos momentos corretos. Quanto aos demais, só figuração mesmo, para os personagens da fábrica que até aparecem na cena pós-crédito cantando, mas nada demais para chamar a atenção.

A grande sacada da produção certamente recaiu sobre a equipe visual, pois souberam encontrar o meio termo entre computação gráfica, stop-motion e dinâmica com personagens inanimados, de maneira que tudo pareceu tão real, que as pelúcias falando não incomodaram em momento algum, a cenografia foi doce e bem trabalhada para incorporar tanto os momentos da infância/juventude quanto dos momentos adultos, cada locação foi pensada para ser bem entregue com a época, e claro com a paisagem do bosque, não destoando em nada, nem sendo forçada demais, ou seja, tudo foi bem colocado na tela, com elementos cênicos bem encontrados e sutis, de maneira que o filme funciona redondinho. Como costumo falar, colocar personagens "computacionais" junto de pessoas é um trabalho de muita coragem para a equipe de fotografia, pois errar sombras e forçar tons para que cada ato funcione é algo que poucos costumam acertar, mas aqui usaram tons pasteis bem colocados, densidades de tensão sem muitas sombras (usando o bom efeito de névoa ao invés de escurecer o longa), ou seja, perfeitos.

Enfim, diria que o longa beirou o genial e entregou exatamente o que desejávamos ver num live-action do Ursinho Pooh, não precisando fazer um filme bobinho para crianças, mas sim usando a ideologia que os personagens possuem com suas diversas emoções e pensamentos, e entregando isso para os adultos que viam o desenho quando eram crianças, ou seja, um acerto incrível. Sei que muitos irão lavar a sala do cinema, mas para mim faltou enfiarem ainda mais o dedo na ferida e fazer que corresse rios de lágrimas na sessão, e só por esse detalhe não darei nota máxima para o longa, mas tirando isso, é um filme que vai além do que esperava, e volto a frisar: não leve crianças para a sessão, pois não irão entender nada do longa além de atrapalhar sua experiência com o filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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O Protetor 2 (The Equalizer 2)

8/17/2018 01:05:00 AM |

Em 2014 já havia cantado a bola no dia que conferi "O Protetor" dizendo que certamente fariam mais continuações, pois com um ótimo timing, uma direção perfeita e ótimas cenas dinâmicas, o resultado acabava sendo o pacote perfeito para quem gosta do estilo, e eis que agora quatro anos se passaram, Denzel envelheceu um pouco, mas ainda esteve em completa forma para entregar em "O Protetor 2" muita ação e desenvoltura, tendo até mais história para contar, criando um filmão daqueles que entramos na sala esperando algo bom, e saímos completamente satisfeitos com tudo o que nos é entregue. Claro que diferente do primeiro que ele saía socando aos montes, aqui ele já faz uma jogada mais orquestrada, com detalhes mais precisos, lições mais bem colocadas, mas ainda com um charme clássico e interessantíssimo de ser acompanhado, ou seja, um bom longa de ação policial, cheio de dinâmicas bem colocadas, mas que infelizmente falha em um detalhe: entrega rapidamente sem quase nenhum mistério, quem é o envolvido, claro que para termos as boas cenas de pancadaria e caçada, mas que certamente um pouco mais de mistério faria do longa algo mais incrível ainda. Digo que vale muito a conferida e que quem gostou do primeiro irá gostar do segundo, e quem sabe até pode surgir um terceiro para termos uma trilogia interessante.

O longa nos situa em Massachusetts, nos Estados Unidos, aonde Robert McCall agora trabalha como motorista, ajudando pessoas que enfrentam dificuldades decorrentes de injustiças. Quando sua amiga Susan Plummer é morta durante a investigação de um assassinato na Bélgica, ele decide sair do anonimato e encontrar seu antigo parceiro, Dave (Pedro Pascal), no intuito de encontrar pistas sobre o autor do crime.

O estilo do diretor Antoine Fuqua é daqueles que todo fã de filmes de ação gosta, pois ele consegue surpreender com pequenas cenas, criar dinâmicas bem exploradas a partir de detalhes singelos que os roteiristas lhe entregam, e principalmente colocar o filme como algo pronto para que o público curta na sua duração integral, não deixando pontas soltas para demais capítulos, nem necessitando que você lembre o que aconteceu quatro anos atrás quando viu o outro longa, pois a ideia presente é mantida na essência do personagem, e a história funciona bem como algo completamente novo e bem colocado. Ou seja, é claro que vão ter momentos que você vai se perguntar se ocorreu isso no outro filme, que parte você perdeu e tudo mais, mas isso não vai importar, pois a ideologia acaba dominando e uma nova sentença acaba fluindo para que o público se encaixe com tudo o que está sendo mostrado, e assim sendo conseguimos enxergar da mesma forma que acontece no primeiro filme, que a interação entre o protagonista e o diretor é quase algo de pensamento, pois Denzel aparece aonde o Fuqua desejava que ele aparecesse, e Fuqua filma a cena pensando exatamente aonde Denzel entregaria seu melhor ângulo, num balé intenso e cheio de bons momentos, que vão num crescente bem organizado, na mesma velocidade que o furacão/tempestade vem chegando até os EUA, até chegarmos numa gloriosa cena cheia de lutas, tiros, e claro, uma tempestade a toda força.

Chega a ser até barbada falar da atuação de Denzel Washington, que com seus 64 anos consegue não apenas criar boas dinâmicas de luta e muita ação, como ser pertinente para que seu McCall tenha um semblante de velho mesmo, mas completamente coeso nos trejeitos, nas falas bem encaixadas, e claro nos diálogos prontos para soarem interessantes dentro da proposta da trama, ou seja, como sempre genial. Pedro Pascal é um ator que costumeiramente ficava sempre em segundo plano na maioria dos longas, mas que vem num crescente de bons personagens, assumindo papeis principais e aqui com seu Dave acabamos até nos conectando com seus ideais, mas acabou fazendo trejeitos tão simples que pegamos a ideia logo na sua primeira cena, o que não é legal para um filme policial que precisa criar um certo mistério. Melissa Leo tem poucas cenas, mas como sempre é bem colocada e interessante no que faz, de modo que sua Susan acaba chamando a atenção e agrada no resultado final, embora sua luta tenha sido algo tão bizarro que mais rimos do que ficamos felizes com o que faz na cena. Com Ashton Sanders acaba ocorrendo quase que o mesmo de Pascal, tendo um personagem que sabemos o que vai acontecer com ele, e mesmo que fiquemos bravo com isso, seu Miles vai fazer tudo errado, mas o jovem ator até trabalhou bem com expressivas tenacidades e não erra muito. Dentre os demais, a maioria apenas da conexão para a trama, mas não podemos deixar de destacar Orson Bean como o velhinho simpático Sam que McCall acaba ajudando, e não pela atuação, mas mais pela evaporação de Bill Pullman na cena em que o protagonista o salva, quase ficando como algo falho.

No conceito cênico, a trama agrada novamente pela grande quantidade de detalhes, com cenas cheias de elementos cênicos para serem usados como armas e armadilhas que o protagonista usa assim como no primeiro filme, mas a grande sensação da equipe cênica foi usar uma tempestade/furacão como parte alegórica da trama, tendo as cenas sendo preparadas para o grande ápice, e no momento certo tudo usado com primor incrível para que o filme ficasse ainda mais tenso com a grande ventania de coisas indo para todos os lados. A fotografia aqui melhorou consideravelmente em relação ao primeiro longa, pois não abusaram tanto de cores escuras, e cada dinâmica acabou sendo melhor desenvolvida com tons mais claros e em alguns momentos usando até cores chamativas para puxar a atenção do público aonde o diretor desejava.

Outro ponto que vale a pena ser destacado é a mixagem de som, pois mesmo não conferindo o longa na sala Imax (que está sendo exibido também em 2D, usando uma conversão para o formato, o que deve ficar interessante!), temos barulhos vindo de diversos canais diferentes na sala, fazendo com que ouvíssemos os tiros sendo dados por diversos ângulos, os barulhos dos ventos vindo de outro lugar, peças caindo, o que resultou em algo muito interessante de conferir e parar para ouvir (claro, que aqui friso para que quem goste disso veja legendado, afinal diversos canais são eliminados na dublagem!).

Enfim, temos uma grande obra, que sim possui alguns defeitos cruciais para que ficasse perfeito, mas a grande sacada de manter praticamente toda a mesma equipe técnica do filme anterior, fez com que o longa tivesse a mesma essência e agradasse bastante quem gostou do primeiro filme, ou seja, um filmaço que vale a pena conferir. Claro que esses defeitos vão fazer com que muitos reclamem, mas ainda assim iremos torcer para que façam um terceiro longa para fechar com chave de ouro uma trilogia interessante de praticamente um super-herói sem poderes, mas que está pronto para proteger quem precisar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, afinal essa semana está bem recheada de estreias, então abraços e até logo mais.

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Bergman - 100 Anos (Bergman - ett år, ett liv) (Bergman: A Year in a Life)

8/16/2018 01:01:00 AM |

Se tem uma coisa que deixa esse Coelho extremamente feliz é ver um documentário bem imparcial sobre um homenageado, pois estamos tão acostumados a ver homenagens aonde todos só falam que o cara era um fenômeno, que seus filmes foram gloriosos, que criou um modo diferenciado disso e daquilo, e todo blábláblá usual, que geralmente cansa e saímos da sessão apenas com uma ideia bem simplória da carreira de alguém, mas como bem sabemos raramente alguém é 100% santo, e já fez inúmeras cagadas na vida, e quando vamos contar uma história sobre alguém para outro alguém que não o conhece, é sempre bom que tudo seja dito para que cada um faça seu vértice de se gosta, ou se odeia tal pessoa. Dito isso, o que nos é entregue em "Bergman - 100 Anos" é algo que vai além de um simples documentário, pois vivenciamos quase todas suas obras, ouvimos diversos depoimentos sobre o diretor, são mostradas entrevistas que nunca foram exibidas e o resultado consegue além de entregar o quão genial foi o diretor, mas também entregar suas manias, defeitos e excessos, de tal forma que tudo acaba perfeitamente imparcial e maravilhoso, ou seja, uma obra que além de ser bem detalhada, ainda nos faz ficar com muita vontade de rever ou ver diversos dos longas que conhecíamos apenas como filme, mas que após ver seus bastidores ficamos ainda mais curiosos de olhar com outros olhos para cada obra, ou seja, um documentário do melhor estilo possível, que vale demais a conferida.

O longa nos conta que em 2018, o diretor sueco Ingmar Bergman, falecido em 2007, teria completado 100 anos. Este documentário resgata a obra monumental do cineasta, autor de filmes como O Sétimo Selo, Morangos Silvestres, Persona, Gritos e Sussurros, Luz de Inverno, O Ovo da Serpente e Fanny e Alexander. O foco é o ano de 1957, quando Bergman lança dois filmes, filma mais dois, dirige um telefilme e quatro peças de teatro. Conversando com atores, colaboradores, críticos e historiadores, o filme traça o retrato de um homem obsessivo, instável, difícil de lidar, mas ao mesmo tempo um dos maiores artistas da história da Suécia, e também o único diretor a receber a "Palma das Palmas" no festival de Cannes.

A diretora Jane Magnusson é uma verdadeira pesquisadora sobre Bergman, tendo já uma mini-série para TV com vídeos sobre o diretor e um outro documentário feito em 2013 que conta mais sobre a vida dele, mas diria que a sua obra-prima ficou aqui por focar numerologicamente em cima do ano de 1957, indo para diversos lados, mas sempre voltando no ano da glória/loucura do diretor, e principalmente por conseguir ser muito imparcial na obra inteira, criando grandes momentos, trabalhando sempre os depoimentos com imagens bem exemplificadas e assim o longa ganha um ritmo tão bem colocado que dificilmente nos vemos perdidos por algo (mesmo que não sejamos grandes conhecedores dos longas do diretor!) e o resultado acaba surpreendendo a cada novo ato.

Como costumo falar, documentários nem dá para discutirmos muito, pois é algo para conferirmos e conhecermos detalhes do que o pesquisador/diretor trabalhou para que o público conhecesse o homenageado e/ou determinado trabalho, e aqui confesso que não sou um grande conhecedor da obra de Bergman, tendo visto apenas alguns inteiros e outros apenas trechos, de tal modo que o que a diretora acabou fazendo foi me instigar a querer ver alguns completos, principalmente "Fanny e Alexander" pela essência mostrada durante o documentário, mas com certeza rever "O Sétimo Selo", "Persona" e "Morangos Silvestres" sabendo mais do que foi pensado durante as gravações, certamente será um deleite diferenciado.

Certamente sabia que o diretor era muito saidinho e que teve diversos casos com atrizes e mulheres da equipe de produção, mas não imaginava nem metade do que rolava por lá, e com toda certeza se hoje ainda tivesse vivo seria daqueles que hoje muitas mulheres estariam queimando no "Time's Up", pois independente da carreira, no longa víamos que ele tinha muita familiaridade com todos, e isso para muitos hoje já virou motivo de queimar na fogueira.

Enfim, não vou falar muito mais senão acabo estragando a obra, mas desejo que quem puder conferir o longa, vá, pois tenho certeza que será um ótimo programa para conhecer como eram os filmes, e como pensava um dos grandes diretores do século passado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais estreias, então abraços e até breve.

PS: Irão me perguntar o motivo de não dar nota máxima para o longa, e explico bem rapidamente, que é pelo simples fato de demorarem demais para engrenar, com um começo monótono, e pelo excesso de toda hora estar falando 1957, que já estava quase saindo da sessão e passando na loteria com o tanto que falaram o número, mas de resto é um filmaço.

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Fátima, o Último Mistério (Fátima, el Último Misterio)

8/13/2018 11:28:00 PM |

Ultimamente estamos recebendo diversos longas com temáticas religiosas, e praticamente todos possuem a mesma essência, a de passar uma mensagem interessante para o público-alvo, no caso fiéis das religiões em que o longa se embasa, e que na maioria das vezes consegue emocionar os presentes na sala, fazer com que aplaudam, ou pelo menos sintam a mensagem passada pelo diretor/roteirista, e quando vejo isso na sala, embora ache exagerado por parte das pessoas que estão lá, que aplaudem alguém que nem está ali (no caso o realizador da obra!), confesso que gosto de saber ao menos que o filme funcionou para as pessoas ali presentes. Porém, infelizmente não foi isso o que ocorreu hoje ao ver, "Fátima, o Último Mistério", pois o longa não trabalhou com algo digamos bonito, de mensagens bem tematizadas sobre a religião, sobre a santa, ou até mesmo criou uma história bacana de vértice para acompanharmos, mas sim um documentário quase apocalíptico envolvendo guerras e desenvolvendo arquétipos políticos forçados, teorias de conspiração e tudo mais de uma forma tão cansativa, que raspei de dormir em diversos momentos, e o público saiu da sessão praticamente se perguntando o que havia visto na telona, ou seja, pode até ser que o filme consiga passar uma mensagem para os fiéis mais rigorosos, que estudaram todos as aparições e mistérios da santa, que acreditam em ligações politizadas, que o mundo está acabando pela falta de penitência, e tudo mais, mas para os fiéis normais que foram na sessão, o resultado acaba sendo um longa exagerado pela parte documental, e bobinho (para não dizer pessimamente atuado) na parte ficcional, que ao ser dublada ficou ainda pior. Ou seja, como o filme está sendo vendido com preço diferenciado do ingresso comum, por se tratar de um "evento" do cinema, já antes mesmo de postar o restante da crítica, falo para pensarem umas quatro ou cinco vezes antes de ir conferir o longa.

A trama nos conta que Mônica, é convidada para editar um documentário sobre as consequências das aparições de Fátima. Ela, agnóstica, se depara então com acontecimentos extraordinários que a questionam e inesperadamente mudam sua vida. O que Fátima tem a ver com a Revolução Russa e as duas guerras mundiais? Por que João Paulo II não morreu assassinado? Poderia a mensagem de Fátima nos dar chaves sobre o nosso futuro? Baseado em fatos reais e opiniões de especialistas, este filme revela eventos ignorados e oferece uma visão global apaixonante.

Já vi muitos longas que procuram teorizar algo, mas aqui ficou parecendo que a direção de Andrés Garrigó, dirigiu um documentários sobre o papa Francisco em 2014, foi feita sob encomenda e muito mal pesquisada para entregar algo, ou seja, não tinham como apenas criar um filme profético de motivos para o mundo estar revirado, e criaram uma historinha muito mal-feita para conduzir todas as diversas teorias mal-explicadas, exemplificadas por depoimentos dizendo exatamente o que desejavam montar, aonde todos pareciam não estar realmente falando do mesmo tema, como se fosse uma coletânea de diversos outros documentários, aonde o resultado acabou montado realmente como a parte ficcional tentou entregar, ou seja, o diretor até poderia ter boas intenções para com seu filme, não posso afirmar nada sobre os textos de Fátima por não ser nenhum conhecedor de teologia, mas faltou um pouco mais de embasamento para que o filme não ficasse até mais ficcional do que muito longa inventado.

Sobre as atuações, acho até melhor nem comentar, pois todos sem exceção aparentavam estar tão jogados na história, com diálogos horripilantes e mal dublados, que é melhor nem tentar falar isoladamente. Aliás falando da dublagem, o longa conta com muitos depoimentos em espanhol e português de Portugal, os quais dariam para até ser entendidos, mas jogaram por cima uma outra dublagem, ficando parecendo que o longa tinha um eco em diversos momentos.

Enfim, volto a frisar que os mais conhecedores de teologia, que trabalham mais esses conceitos de religião politizada, com ênfases em processos apocalípticos envolvendo fatos que estão em escrituras ou falas de algumas pessoas podem até gostar do que verão na telona, mas sinceramente esperava um longa mais bonito, que emocionasse, que envolvesse bem a santa, e não o que foi entregue, e sendo assim, não tenho como recomendar ele para ninguém que vá realmente pensando em ver algo desse estilo. Só não falo que foi algo pior, pelo grande levantamento de imagens, e pela coesão de alguns temas, mas rasparia a trave em colocar o longa como um dos piores do ano. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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