Retrospectiva 2015

12/30/2015 12:16:00 AM |

E lá se vai mais um ano em que consegui conferir todos os longas que apareceram no interior!!! Não posso falar que fiquei feliz com as distribuidoras e exibidoras nesse ano, afinal sem um cinema de arte que tínhamos, acabou vindo para cá bem menos filmes que nos demais anos, apenas 214 lançamentos!!! Alguns vão falar que esse número é alto, mas perto da quantidade lançada no país, com toda certeza ficaram grandes títulos fora de cartaz por aqui!

O ano no geral não teve grandes surpresas, mas certamente foi interessante, ou eu fui bonzinho demais, pois a média de Coelhos que dei ficou em 7,14, ou seja, o ano cinematográfico foi aprovado, mas para isso acontecer, tivemos:
- 1 filme que levou 1 Coelho
- 5 filmes que levaram 2 Coelhos
- 7 filmes que levaram 3 Coelhos
- 11 filmes que levaram 4 Coelhos
- 18 filmes que levaram 5 Coelhos
- 26 filmes que levaram 6 Coelhos
- 34 filmes que levaram 7 Coelhos
- 56 filmes que levaram 8 Coelhos
- 43 filmes que levaram 9 Coelhos
- 13 filmes que levaram 10 Coelhos

Dentre a turma dos 10 Coelhos, escolher os melhores dentre os melhores é algo bem complicado, pois cada um me comoveu de uma forma e certamente todos vão ficar marcados na minha memória (e olha que isso é algo dificílimo, já que esqueço com facilidade tudo), então vou colocar meu Top 6 de acordo com a minha opinião, na qual posso chamar de os melhores do ano do Coelho:
1° lugar - Mad Max - Estrada da Fúria
2° lugar - Kingsman - Serviço Secreto
3° lugar - O Abutre
4° lugar - Perdido em Marte
5° lugar - Relatos Selvagens
6° lugar - O Jogo da Imitação

No lado debaixo da tabela, é fácil demais elencar os piores, então lá vai:
214° ou 1° pior - As Mil e Uma Noites - Volume 2: O Desolado
213° ou 2° pior - Sorria, Você Está Sendo Filmado
212° ou 3° pior - A Visita
211° ou 4° pior - A Casa dos Mortos
210° ou 5° pior - O Imperador

Os motivos que me levaram a classificar cada um, é só você clicar em cada filme e rever o que disse sobre cada um, lá está minha empolgação ou decepção momentânea quando escrevi sobre eles, e sempre será dessa forma que vou qualificar.

Como entre os melhores não apareceu nenhum brasileiro, afinal esse ano fui bem rigoroso com eles, já que nenhum me deixou pulando de felicidade máxima, mesmo tendo sido um ano exemplar na quantidade de produções, e acabaram aparecendo na cidade 36 longas nacionais, alguns com muita qualidade técnica, outros com roteiros interessantes, então resolvi criar um Top 5 Nacional com eles:
1° lugar: Entre Abelhas
2° lugar: Que Horas Ela Volta?
3° lugar: O Último Cine Drive-In
4° lugar: A Floresta Que Se Move
5° lugar: Eu Nunca

Também foi um ano com muitos longas que nos fizeram gastar mais dinheiro, afinal 31 dos 214 vieram para as salas com a tecnologia 3D, alguns tendo bons efeitos, outros apenas fazendo nossas orelhas esquentarem com o peso dos óculos. Então vou citar os melhores e piores, sem muita classificação:
- Melhores 3D: "No Coração do Mar", "A Travessia", "Terremoto - A Falha de San Andreas", "Atividade Paranormal - Dimensão Fantasma"
- Piores 3D: "Maze Runner: Prova de Fogo", "Bob Esponja - Um Herói Fora da Água", "A Série Divergente: Insurgente"

Bem é isso pessoal, esse ano não enrolei muito nas palavras, explicando motivos e tudo mais, afinal os textos de cada filme estão no site para serem lidos, então ficar repetindo tudo é enrolação demais. Vale lembrar, que muitos vão falar de tal filme que não citei e foi excelente, mas só classifiquei aqui, os longas que vi no cinema e fiz crítica, pois os demais, infelizmente não apareceram por aqui! Desejo para todos uma ótima virada de ano, que em 2016 tenhamos muitos filmes para ver (aliás, só pela quantidade de blockbuster divulgada já acho que a quantidade total será bem menor que a desse ano, afinal as exibidoras sempre irão priorizar o lucro). Então abraços e até sábado que devo soltar a primeira crítica do ano.

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Já Estou Com Saudades (Miss You Already)

12/29/2015 01:19:00 AM |

Tudo bem que "Já Estou Com Saudades" não é o melhor filme que envolva câncer já feito, afinal a temática quase sempre ronda os estúdios e cada diretor sabe o ponto aonde deve tocar e que conseguirá comover de maneira diferenciada, mas ao trabalhar com o câncer de mama que ultimamente vem pegando muitas mulheres que não fazem check-ups anuais, e unir isso com uma amizade de anos que acaba bagunçada, da maneira que a diretora conseguiu extrair das protagonistas, certamente é um mérito que deva ser levado muito em consideração. E com muitas cenas duras de quimioterapia, mastectomia, entre outras dificuldades que acabam completamente com a vaidade feminina, dificilmente não fará o mais desumano ser que estiver vendo o longa se emocionar, então se você é daqueles que chora fácil com qualquer coisa, leve um rodo para a sessão e ajude o pessoal que trabalha no cinema a lavar a sala, pois lencinhos serão poucos para muitas pessoas.

O longa nos mostra que Jess e Milly são melhores amigas desde a infância. Enquanto Milly se casou, teve dois filhos e construiu uma carreira de sucesso, Jess decidiu levar uma vida pacata ao lado do marido Jago. Após se submeter a um tratamento, Jess enfim consegue engravidar. Mas a notícia vem justamente quando Milly descobre ter câncer de mama e precisa passar por quimioterapia, o que necessitará do apoio não apenas da amiga, mas de toda a família.

Tudo bem que a diretora já fez um dos filmes com mais erros técnicos da história do cinema, e depois repetiu a dose com uma tentativa sombria de um clássico dos contos de fada, mas não morreu, nem mataram ela, apenas desapareceu por quatro anos dos cinemas, mas voltou com classe para comover, e felizmente, apagar de sua história "Crepúsculo" e "A Garota da Capa Vermelha". Digo isso, pois Catherine Hardwicke soube dosar o excelente texto de Morwenna Banks em um filme com toda sensibilidade e características próprias que até podemos já ter visto outros longas que trabalharam bem o tema, mas sempre que um diretor souber tocar no ponto chave entre amizade e doença, vai conseguir comover, emocionar e agradar todos que forem ver seu filme, e ela trabalhou no limiar do erro para que o filme ficasse entre o forçado demais e o sutil demais em diversos momentos, e graças aos deuses do cinema não errou para lado nenhum. Todos sabemos o quanto um câncer é devastador para qualquer pessoa, faz com que perca cabelo com a quimioterapia, tenha de viver frequentemente nos hospitais e clínicas, e muitas vezes o decreto final não é algo alegre de ser compartilhado com amigos e familiares, mas ultimamente o câncer de mama tem atingido demais o ego inflado de muitas mulheres que perdem seus seios com a mastectomia, e acabam não tendo mais a mesma relação de sentir-se atraente para os homens, claro que isso muito das vezes é psicológico delas, e a diretora foi precisa nesse ponto para mostrar que pode sim haver vida durante um câncer, e que podemos aproveitar de uma maneira boa ou se jogar no fundo do poço, e certamente muitos tirarão grandes lições do longa, além de lágrimas, principalmente pela diretora atingir em cheio nos nós que uma grande amizade representa.

Sobre as atuações, é fato marcante que Toni Collette se dedicou demais à sua personagem Milly, trabalhando na entonação de cada frase, sendo exuberante nos momentos fortes de sua personalidade e dando uma vivência ímpar para todos as cenas que eram necessárias, e claro que para isso raspou seu cabelo para dar o impacto correto que a cena pedia, ou seja, uma atriz que merece sempre ser lembrada e agrada demais na maioria dos filmes que faz. Drew Barrymore caiu meio que de paraquedas na produção do filme, pois seu papel era para ser de outras duas atrizes que desistiram, e embora seja uma atriz que sempre se dedique bastante nos papeis que faz, aqui sua Jess pareceu sempre com expressões não tão marcantes, o que de certo modo é uma falha, afinal o ponto de vista completo da trama é visto sob o seu olhar, e de certa maneira, acabou atrapalhando um pouco na dinâmica geral do longa, claro que não é uma bomba que estrague o filme inteiro, mas poderia ser anos-luz melhor o que ela fez em diversas cenas. Dominic Cooper até trabalhou bem suas cenas como Kit, mas não foi explorado tanto a relação dele com a esposa após o casamento, ficando mais preso somente ao seu passado nas lembranças de Jess e depois aparecendo em alguns momentos marcantes para trabalhar o lado do tesão no relacionamento, claro que ele foi correto no que fez, mas seu papel mereceria mais destaque e mais cenas para chamar a atenção. Paddy Considine é quase que um mero objeto de cena com seu Jago, pois apenas como reprodutor forçado, o ator não empolgou em cena alguma, e isso é algo que atrapalhou e muito no vértice aonde Drew poderia chamar alguma atenção sem errar, o que infelizmente não acaba acontecendo, ou seja, poderiam ter mandado ele logo na primeira cena para o mar e mais nada importaria. Para fechar o parágrafo das atuações, não poderia esquecer de dizer o quão velha está Jacqueline Bisset, que ao fazer a mãe maluquete e atriz de Milly, conseguiu agradar, mas não impactando muito mais pelas besteiras que sempre diz e comovendo quando acertadamente resolve seguir seu instinto de maluca, ou seja, agrada bem, mas também poderiam ter desenvolvido mais o relacionamento dela com as protagonistas para chamar mais atenção.

No conceito visual, acabaram escolhendo boas locações para representar tanto as lembranças, como a vida das garotas, com Milly tendo uma casa interessante de acordo com a profissão marcante do casal, e Jess toda ambiental e preocupada com o mundo morando em um barco-casa(ainda não entendi muito a referência cruzada dessa ideia, mas quem sabe um dia), além disso quando decidem viajar, escolhem um ambiente fantasioso e muito interessante que remete aos livros que leram no passado e ainda traz outras surpresas, tanto visuais quanto sensoriais para a trama, e para finalizar quando vai para uma casa de repouso também optaram por um lugar muito bonito de se ver, ou seja, tiveram boas referências de escolhas nas locações que não precisaram tanto trabalhar com elementos cênicos duros para representar cada local, o que é um bom feitio, mas ao colocar a cena da perfuradora no mar em meio a uma tempestade acabou ficou tudo tão artificial, que chega a dar dó de quem teve essa ideia. Outro grande destaque se deve à maquiagem, cabelo e figurino para representar a doença da protagonista, pois usando de elementos bem fortes, conseguiram chamar atenção do público para tudo de pior que a doença pode causar. A fotografia abusou de tons densos para provocar comoção e chamar bem as lágrimas dos espectadores, e felizmente isso funciona muito no cinema, pois nas cenas que impregnava o sentido da amizade o colorido vinha na tela, mas logo em seguida quando precisava enfiar a faca no peito do público, lá iam escurecendo e pronto todos caiam.

É interessante também pontuar que em diversos momentos, as canções em off, e até mesmo as que são colocadas com legendas na tela, referenciam bem os momentos da trama, e isso é algo bem interessante de ver quando funciona. Destaque para "Loosing My Religion" do R.E.M.

Enfim, um bom filme que poderia ser bem melhor se não tivesse cometido algumas gafes conforme disse acima, mas ainda assim vai levar muita gente às lágrimas nas sessões dos cinemas, e certamente também vai fazer com que muitas mulheres façam check-ups para evitar tudo de ruim que é mostrado no longa. E assim sendo, tenho que recomendar esse filme que encerra minhas atividades dentro dos cinemas nesse ano de 2015, com os olhos suando de tanto exercício. Portanto, fico por aqui hoje, mas volto em breve com a Retrospectiva que tanto gosto de escrever, então abraços e até lá.


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Até Que a Sorte Nos Separe 3: A Falência Final

12/27/2015 11:59:00 PM |

Sempre costumo sair bravo das comédias de final de ano que nos são jogadas nos cinemas, pois ou falham demais em técnica ou falham demais no roteiro, claro que as que não possuem história sempre são as piores, mas algumas vezes a falta de técnica também atrapalha. Tivemos apenas um ano separando "Até Que a Sorte Nos Separe" de sua continuação, e já havia comentado todo o desastre de criatividade na história que acabou ocorrendo, mesmo que toda a técnica e produção acabasse agradando, e agora com o espaçamento de dois anos, "Até Que a Sorte Nos Separe 3", volta mais maduro para as confusões de Tino, e claro que dando bom espaço para todos os coadjuvantes, não ficamos presos somente às improvisações de Leandro Hassum, e ainda de quebra conseguiram incluir a piada master de nosso país que são os nossos governantes e a economia baseada em processos energéticos, ou seja, nem precisaria de nenhum comediante para que o brasileiro assistisse ao filme e risse para não chorar, mas souberam colocar bons momentos risíveis para divertir e agradar, ou seja, ainda não é uma obra-prima da comédia, mas faz a plateia rir muito com a maioria das cenas, mesmo que pra isso necessite apelar em alguns momentos.

O longa nos mostra que depois de perder a herança da família em Las Vegas, Tino se vira como pode para ganhar um trocado. Sua sorte muda quando ele é atropelado pelo filho do homem mais rico do Brasil e descobre que sua filha Teté e o rapaz se apaixonaram. Tino ganha um emprego na corretora do milionário, mas consegue quebrar a empresa e provocar a desvalorização de ações brasileiras na Bolsa, levando a economia do país ao colapso. Agora, ele precisa administrar uma crise nacional, além de realizar um casamento digno para a filha.

Se tem um diretor que não tira férias é Roberto Santucci, pois estamos praticamente acabando 2015 com um filme seu(27/12 - "Até Que a Sorte Nos Separe 3"), começamos o ano com um filme seu(01/01 - "Loucas Pra Casar") e ainda tivemos outro no meio do ano(06/06 - "Qualquer Gato Vira Lata 2") para mostrar o tanto que trabalha. E felizmente se em outros anos eu apedrejei seus longas, nesse ano posso dizer que ele encontrou um jeito de aliar comédias com trejeitos novelescos, mas com boas pitadas interessantes para que seus filmes tivessem vida própria. Claro que no longa de hoje, uma boa parcela de culpa pelo bom resultado cômico ficou a cargo do novo roteirista da trama, Leo Luz, que trouxe para o longa uma forte pegada do que fez na série "Parafernalha", e essa acidez interessante, acabou dando uma vertente mais politizada para a trama, sem que perdesse o conteúdo familiar que a serie feita tanto se prendeu. E essa parceria do roteirista original Paulo Cursino só resultou em coisas boas, que certamente agrada no que foi feito. Ou seja, ainda é um filme que procura manter a essência da família junta, mesmo após perder todo o dinheiro, só que agora puderam brincar mais com outra temática que está tão na moda, que é a crise econômica nacional, e todos os filmes que fizerem piada com isso, certamente vão fazer o público rir da própria desgraça. No geral, o resultado da história toda foi bem amarrado e agrada, poderiam ter economizado o desenvolvimento de algumas pontas, como a da analista vivida por Silvia Pfeifer com Kiko Mascarenhas, e até mesmo do fazendeiro Daniel Filho, mas como passaram bem rapidamente, o vértice novelesco de incorporar diversas sub-histórias acabou não atrapalhando tanto.

Sobre a atuação de Leandro Hassum, ainda acho forçada demais, mas já disse isso no "Candidato Honesto" e volto a afirmar que ele tem trabalhado cada vez menos com piadas de mal gosto e com isso está passando a agradar mais, e junto de sua grande perca de peso, o ator achou também semblantes mais leves para as expressões de seu Tino, funcionando de forma engraçada a cada ato, e tendo destaque perfeito na melhor cena do longa com suas alucinações no carro. Também volto a afirmar que Camila Morgado não é uma atriz engraçada, e precisa voltar urgentemente para a boa dramaticidade que tanto lhe rendeu prêmios e elogios, não que sua Jane não tenha melhorado 100% do que fez no segundo filme, aonde foi metralhada pela substituição mais do que estranha feita no papel de Danielle Winits, mas ainda não tivemos mais do que duas cenas dinâmicas bem engraçadas com sua presença. Kiko Mascarenhas volta pela terceira vez como Amauri, e até consegue lidar bem com cenas que necessitavam segurar ao mesmo tempo um semblante sério e não deixar a comicidade da cena ruim, mas isso até vermos nos créditos os erros de gravação, pois ele sofreu muito, é um bom ator que tem trabalhado pouco no cinema, e que poderia agradar mais em algo mais sério mesmo. Julia Dalávia cresceu bem nesses 3 anos e sua química com Bruno Gissoni ficou bem romanceada, dentro da perspectiva que o longa pedia para seus papeis de Tete e Tom, mas nada que impressionasse muito. Leonardo Franco caiu como uma luva para o papel de Rique e claramente tenta chamar atenção para tudo o que aconteceu com Eike Batista nesses últimos tempos, e o ator não nos desapontou mesmo tendo grandes momentos de chiliques forçados. Mila Ribeiro mostrou agora nos cinemas o papel da nossa presidenta que já vem fazendo há tempos no espetáculo Terça Insana, e o tom cômico que deram aos seus diálogos ficaram realmente bem divertidos de ver. Ailton Graça voltou com o seu Adelson/Jaques e agrada bastante com seus trejeitos e de certa forma foi bem sacaneado pelo roteiro, que usou de outras facetas de outros personagens que já fez.

Agora se no segundo filme da franquia, a produção gastou muito com viagens, locações caras e toda uma técnica impressionante para chamar atenção no filme, aqui foram mais singelos e usaram basicamente apenas três locais, que mesmo tendo uma grandiosidade externa, e alguns cenários internos bem trabalhados pela direção artística, ainda pecou pela falta de apelo na cenografia, de modo que a cena da ida a Brasília ficou bem mal feita, com um gabinete que nem prefeito de cidadezinha minúscula teria, quanto mais um presidente; o escritório da empresa e a casa do bilionário ficaram incríveis por fora, algo luxuoso ao extremo, e dentro sempre tomadas mais fechadas para não mostrar a mesma grandiosidade, ou seja, recursos totais de novelas, ou seja, foram bem contidos nos gastos. Além disso, sempre com uma iluminação chapada, a trama não desenvolveu grandes perspectivas, aliás, em algumas cenas aparentou demais até ter sido gravado em chroma-key, o que se realmente foi feito isso, como já vimos em um dos trailers da trama, que foi pessimamente recortado, precisam voltar para os cursos de iluminação quem trabalhou no longa. Ou seja, poderiam ter se gabado da excelente abertura, aonde mostraram coisas clássicas que pobres fazem e tanto são tiradas piadas em textos, com visuais, efeitos e elementos incríveis, mas pecaram ao querer ser grandes no restante.

Enfim, é sem dúvida o melhor da franquia no quesito história e certamente vai divertir muito quem for assistir, mas poderiam ter pecado menos nos quesitos técnicos que agradaria muito mais ao público mais exigente de um bom contexto completo. Vale pela ironia politizada e pelos arranjos interessantes de comicidade que foram trabalhados, mas quem não gosta de longas que apelem um pouco para fazer rir, talvez saia em desagrado com todo o conteúdo. Bem é isso pessoal, acabo recomendando ele, com a ressalva acima, e fico por aqui agora, ainda falta mais um longa nesse miolo de feriados, então abraços e até breve pessoal.


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Star Wars - O Despertar da Força em Imax 3D (Star Wars: The Force Awakens)

12/19/2015 03:10:00 AM |

Bom, vou ser claro e objetivo com relação ao longa "Star Wars - O Despertar da Força", ou como também é chamado "Episódio VII", e claro vou tentar escrever sem spoilers. E o que posso adiantar é que expectativa demais, sempre acaba atrapalhando, e como desde o começo do ano só falavam que seria o grã-fechamento do ano com o longa, é claro que fomos sedentos demais ao pote, e embora seja um excelente filme, com os melhores efeitos da série, e muitas histórias novas para serem desenvolvidas unindo coisas do passado, o filme acaba sendo satisfatório para os fãs, que verão tudo o que desejavam dos demais episódios, mas para quem não for completamente fanático, verá um filme agradável, que para seguir com as novas ideologias, acaba aberto para os próximos que virão. Claro que o ingresso pago vai valer a pena, pois é um filme muito bem feito, mas longe de ser o melhor da série (Episódio V é imbatível) e mais ainda de figurar entre os melhores do ano.

A sinopse em si é bem simples e assim como nos demais filmes, serve também de abertura para o filme no formato tão tradicional que vem sendo mantido há anos: Muito tempo após os fatos de "O Retorno de Jedi", encontra-se a Primeira Ordem, uma organização sombria iniciada após a queda de Darth Vader e do Império. O grupo está em busca do poderoso Jedi Luke Skywalker, mas terão que enfrentar outro grupo em busca de Luke: a Resistência, liderada por Leia.

A série certamente é uma das mais queridas no mundo, e mesmo a última trilogia tendo sido bem inferior à original, ainda continuávamos apaixonados por tudo o que nos foi entregue no passado, e quando J.J.Abrams assumiu a direção, certamente a expectativa decolou mais rápido que a Millennium Falcon, afinal o diretor ultimamente tem nos entregue um filme melhor que o outro, e certamente não iria decepcionar com uma saga tão icônica. Então esperto como ele só, o que acabou fazendo foi pegar o que cada filme teve de melhor e inserir junto com novos personagens para começar uma nova trilogia, aonde tudo pode acontecer e claro que muito será vendido para os bolsos dos produtores ambiciosos. Só que ele pode mais e já fez muito mais, e apenas usar o bom senso de paparicar fãs, não empolga tanto quanto deveria (claro que em parte pela alta expectativa criada em cima de tudo), e quem for sedento ao pote pode acabar se engasgando, como diria o velho ditado, e o filme mesmo sendo muito bem produzido vai acabar e você vai olhar para a tela e dizer só isso? Mas sem dar spoilers não posso falar de muitos detalhes importantes e totalmente previsíveis que foram inseridos, principalmente na interação do vilão (o mais fraco da série toda, e se ele não decolar no próximo, o ator certamente vai acabar queimado) com sua figura paterna (algo que é marca clássica dos filmes da série), e isso apenas para começar, mas o longa inteiro nos sugere coisas que vemos, imaginamos, e logo na sequência nos é mostrado, sem que nada apareça para um ohhhh do público. Claro que também tivemos diversos alívios cômicos e emotivos, o que é de praxe, e certamente o destaque fica por conta de Chewbacca e BB-8.

Quanto da atuação, antes de falarmos dos novos personagens, temos de claro tirar o chapéu para a equipe de contratação, afinal conseguir que os atores depois de 32 anos voltassem para seus papeis originais é algo que poucas vezes vimos no cinema (se é que já vimos algo assim), então os parabéns vão mais do que para os atores, mas sim para a equipe de contratação de elenco. Dito isso, é claro que bem mais velhos do que em 1983, Harisson Ford como Han Solo, Carrie Fisher como Leia, Mark Hamill como Luke Skywalker, Peter Mayhew como Chewbacca conseguiram sair-se bem e ainda comover no que fizeram, ou seja, estão velhinhos, mas ainda dão no coro com suas boas expressões, além claro de outros menores que também voltaram. Com grande destaque agora, e provavelmente ainda maior na continuação em 2017, Daisy Ridley conseguiu fazer de sua Rey uma excelente estreia nos cinemas, pois antes só fez pequenas pontas em séries e agora agrada bastante com seu sotaque carregado e suas expressões bem incorporadas, de modo que terá um bom futuro certamente. John Boyega colocou seu Finn no mapa desde o primeiro trailer, e com muitas gírias (será que no espaço a turma dos Stormtrooper era contratada nos guetos?) e um desespero frenético acaba agradando bastante, de modo que acabamos sempre torcendo para que ele saia bem de tudo o que faça. Oscar Isaac, mesmo aparecendo bem pouco com seu Poe Dameron, faz boas cenas e chama a atenção por seu jeitão empolgado, sendo bem visto e que deve voltar para chamar atenção novamente. Agora como disse acima, infelizmente Adam Driver, que tanto já elogiei em diversos outros filmes, terá de vir com tudo na continuação, pois seu Kylo Ren, ficou mais para um garoto mimado que não sabe o que está fazendo do que para um vilão mesmo que a franquia necessitava, e sempre com uma interpretação moderada, não fez nenhuma maldade mesmo que impactasse no ódio (ou amor) dos fãs por ele. Dos demais personagens, temos de dar destaque somente para Lupita Nyong'o, que não aparece fisicamente, mas deu voz para uma personagem bem interessante que é Maz Kanata, uma baixinha alaranjada com uma perspicácia fortíssima e que certamente em histórias paralelas ao filme pode ser mais trabalhada.

Claro que a produção não nos desapontou no conceito gráfico da trama, e contou com muitas naves interessantes e bem desenvolvidas cenograficamente, cenários impressionantes em meio à desertos para chamar atenção, boas tomadas de voos que empolgaram bastante com o uso da tecnologia 3D, e claro tudo sempre bem detalhista para que no melhor estilo de longas da Disney e de heróis da atualidade, fossem colocados diversos easter-eggs que vão fazer com que os fãs vejam o longa 20x para poder discutir cada um, ou seja, um trabalho minucioso da equipe artística para que o filme convencesse visualmente e agradasse como deveria com elementos cênicos mais do que necessários. A fotografia trabalhou bem as cores da força e do lado negro para realçar os personagens de cada lado, e principalmente para evidenciar cada momento do filme, ou seja, com muitas cores fortes, sempre contrastando com tons pasteis, o filme acaba tendo um desenvolvimento objetivo e agradável. Falar do 3D da trama é quase que chover no molhado, afinal como muitos sabem, o longa não foi filmado usando a tecnologia, tendo apenas algumas tomadas filmadas com câmeras Imax, mas no geral sempre usando o 2D comum, e depois na pós produção resolveram converter para 3D para dar uma profundidade nas cenas de voo e empolgar mais o público com isso. De modo geral, nas cenas que utilizaram da tecnologia, o resultado funciona bastante, mas poderia facilmente ser visto sem óculos na maioria do tempo.

A trilha sonora é colocada no modo clássico, não tendo nenhuma criatividade de John Williams, e nem precisaria, afinal Star Wars sem o tan-tan-tararam-tan não é Star Wars, então deixem assim sempre.

Enfim, volto a frisar que é um bom filme e que vai agradar bastante aos fãs, principalmente aqueles que forem assistir mais contidos sem tantas expectativas, mas aqueles que forem apenas por curtirem a série, sem ser um starwarsmaníaco, talvez saia um pouco desapontado com tudo o que foi falado durante o ano. De modo geral, recomendo o filme, afinal é um clássico, mas agora é aguardar o spin-off que sai no próximo ano, e a continuação direta desse que sai em 2017. Bem é isso pessoal, fico por aqui já encerrando essa semana de poucas estreias pelo interior, então só volto após o Natal, então desejo boas festanças com a família, e até breve com mais filmes.


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Alvin e os Esquilos - Na Estrada (Alvin and the Chipmunks: The Road Chip)

12/18/2015 01:13:00 AM |

É engraçado que algumas franquias vão mudando os diretores e o estilo de cada filme muda e tem novas vertentes com isso, claro que mantendo sempre a essência original, mas alguns puxam mais maturidade, outros resolvem só incorporar diversão e por aí vai. Com "Na Estrada", praticamente temos o longa de cerne mais adulto dentro da franquia "Alvin e os Esquilos", e quando muitos afirmavam que o longa já vinha desgastado desde o segundo, e o terceiro acabou tendo uma boa levada, mas sem muita empolgação, o quarto filme veio mostrar que não, que tudo pode rumar para um vértice diferente e ainda empolgar. Claro que não temos muito o que fugir do original, mantendo os esquilos cantantes com suas devidas personalidades, Dave dando conexão para a história e muitas trapalhadas, mas o novo diretor conseguiu montar uma história completamente diferente das demais, e isso acaba agradando e empolgando, pois o estilo road-movie funciona para bandas e aqui encaixou bem. De modo que posso estar bem maluco para falar isso, mas certamente esse é meu favorito da franquia, batendo até o primeiro longa aonde fomos apresentados aos bichinhos fofos e de vozes irritantes.

O longa nos mostra que através de uma série de mal-entendidos, Alvin, Simon e Theodore passaram a acreditar que Dave vai pedir sua nova namorada em casamento em Nova York... e despejá-los. Eles têm três dias para chegar até ele e impedir o pedido, salvando-se não só da perda de Dave, mas possivelmente de ganhar um terrível meio-irmão.

No geral, é interessante ver que a modelagem digital dos personagens vem num crescente maravilhoso, que se no primeiro pareciam bonecos desses que vem como brinde no DVD, agora parecem realmente ter pelos que se movem nos movimentos e o diretor Walt Becker incorporou mais ainda a personalidade de cada um para ficar evidente. Como sempre a base das histórias envolvem família, e aqui a possibilidade de não serem mais amados por seu "pai" Dave, e o surgimento de um mala como irmão (que dando um leve spoiler, mas que de cara se vê é que logo logo vai virar amigo deles). Como todo bom road-movie, as paradas sempre criam boas histórias, e no caso dos esquilos cantantes, boas músicas, danças e tudo mais, e as escolhas musicais foram bem colocadas dentro das que fizeram sucesso nesse ano, então podem esperar que a garotada vai dançar junto (ao menos na minha sessão a maioria dançou). Costumo reclamar de bagunças em sessões, mas já pela terceira vez seguida que vou nos filmes do Alvin e a garotada dança e conversa com os bichinhos, então acredito que essa vai ser sempre a aposta das produções, e de forma acertada, funciona! Então quem for ver, vá preparado para isso, pois os ângulos escolhidos sempre com os protagonistas bem colocados para o público dá esse realce. Uma falha grande, novamente um vilão fraco de empolgar, e chato de doer.

Sobre as atuações, vou falar dos de carne e osso, pois dos esquilos sabemos que são fofos, possuem a mesma característica de voz estranha (tanto no original quanto no dublado no Brasil, e felizmente mixaram melhor ainda parecendo uma mais com a outra não dando quebras nas músicas). Então Jason Lee nos mostra que seu Dave, após 4 filmes com os bichinhos já pode se considerar um expert em atuar com coisas imaginárias, afinal como todos sabem não possui os esquilos nas suas cenas para gravar, e ele tem uma conexão nos movimentos com eles que é incrível de ver, e além disso ficou menos gritante que nos anteriores, e isso agrada. Josh Green também caiu bem no papel de Miles e embora tenha poucas expressões, saiu-se bem nas cenas com os esquilos e foi objetivo no começo da trama, mudando demais ao ficar melancólico e depois virou quase que uma pelúcia dos bichinhos, mas como é o seu primeiro filme mesmo, ainda pode melhorar. Agora a grande decepção como disse acima ficou por Tony Hale que até tentou ser um "vilão" malvado, mas assim como acontece sempre nos filmes do Alvin, acaba sendo mais ridicularizado do que impactante, e isso já está ficando chato, podiam logo colocar alguém que ficássemos com raiva por ser mal mesmo. Das mulheres, prefiro nem opinar, pois todas foram enfeites de cena.

No conceito cênico, escolheram diversas boas locações de paradas para o road-movie, mas a mais evidente claro é New Orleans, a cidade mais carnavalesca dos EUA (alguém poderia me confirmar se é mesmo assim, festa todo dia? Pois todo filme só mostram isso de lá, que já estou ficando convencido que é mesmo!!) aonde uma grande e colorida festa empolga o público ao som de Uptown Funk, mas sempre bons ângulos foram colocados para incorporar os bichinhos nas cenas e ainda assim evidenciar retratando bem cada lugar que estiveram, ou seja, um trabalho bem feito em conjunto da arte com a fotografia, que por sinal iluminou muito bem cada cena, pois temos sombras bem trabalhadas, o que não costumava acontecer nos outros longas.

Como é um longa aonde a música predomina, tivemos boas canções escolhidas e que deram simbolicamente o tom que o filme pedia a cada cena, e agora acredito que já acostumei com as vozes dos esquilos, e até ficaram boas as versões. Para quem quiser, aqui está o link com a trilha completa.

Enfim, claro que não é o melhor longa de animação do ano, muito menos um filme que devemos tirar o chapéu, mas agrada bem tanto as crianças, quanto aos pais que forem levar os pequenos no cinema. Então felizmente o sofrimento foi bem menor do que o segundo longa da franquia, e até que recomendo ele para todos que gostem do estilo, com a ressalva de que vá sabendo que é um longa bem infantilizado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a única estreia mesmo da semana por aqui, então abraços e até breve.


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As Mil e Uma Noites - Volume 2: O Desolado

12/16/2015 01:46:00 AM |

Garanto que hoje vou ser bem sucinto com meu texto sobre o escolhido de Portugal para uma vaga no Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, "As Mil e Uma Noites - Volume 2: O Desolado", pois pela primeira vez um longa me incomodou tanto com tantos absurdos na tela, que tentaram incorporar cultura, diversidade e até mesmo algumas simbologias, mas a cada cena nova é tanta enrolação sexologia barata e loucuras que não tem como sair feliz da sessão, e a duração de 131 minutos aparenta ter bem mais! Muitos vão falar, mas não precisa ver o primeiro para ver esse, a resposta é clara: não! Pois logo na introdução é explicado o mote da trama toda, que é a quebra da economia portuguesa, que deixou vários desempregados, sem comida e tudo mais, numa determinada época e cada história nova é contada usando essas visões. Ou seja, até estava com vontade de ver o 1 e o 3, mas vendo como esse segundo é tão chato e bagunçado, só se realmente vier para o cinema, pois tentar ver em casa nem pensar.

O longa completo possui 6 horas, e nos mostra que aprisionado por sua própria equipe de filmagens, o diretor Miguel Gomes segue contando histórias fantasiosas e pitorescas inspiradas na crise econômica vivida por Portugal entre os anos de 2013 e 2014, assim como fez Xerazade no livro "As Mil e Uma Noites". Os contos deste volume dois são "Crônica de Fuga de Simão 'Sem Tripas'", "As Lágrimas da Juíza" e "Os Donos de Dixie".

A ideia até que é boa, mas não precisavam viajar tanto na concepção, colocar tantos absurdos visuais e abusar de que o público construa mentalmente um mundo paralelo que ligue as duas coisas, poderiam atacar tudo logo de cara sem fazer isso. Claro que textos políticos sempre chamam atenção, e o diretor e roteirista Miguel Gomes conseguiu toda a atenção de Portugal e do mundo para o seu filme, mas se você não for um apaixonado por metáforas visuais abusivas, passe bem longe da ideia criada.

Vou pular a parte que costumo falar sobre os atores, pois não dá para destacar ninguém sem ser o cachorro Dixie, que teve grandes performances. Então vou direto ao ponto artístico da trama, que tem um certo valor com toda a certeza, pois logo no primeiro conto temos uma locação bem no meio do mato com uma ótima fotografia amarelada que impressiona a cada ato, mas não chega a lugar quase nenhum com isso, o que é muito triste. No segundo conto, temos diversas figuras bizarras interessantes pelo figurino e que acabam chamando bastante atenção e certamente deu muito trabalho para a equipe de arte. Enquanto no último conto, ao passar por diversos apartamentos de um conjunto popular, a equipe teve um grande trabalho em conceituar cada ambiente da melhor forma possível que tanto conhecemos na semelhança com os apartamentos coletivos das construtoras populares daqui do Brasil, ou seja, tudo é bem visto, mas nada mostra nada que empolgue.

Enfim, diferente de outros longas que até falo demais, nesse aqui prefiro deixar claro que não tenho o que elogiar ou pontuar, pois tudo incomoda, tudo é enrolado demais e as horas custam a passar, tornando um martírio assistir à trama. Portanto não recomendo ele para ninguém, se quiser ver é por sua conta e risco. Infelizmente termino a Itinerância da Mostra Internacional com esse filme, mas foi algo bem proveitoso e com bons longas. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com a única estreia da semana e uma pré que veio para o interior, então abraços e até breve.

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Awake - A Vida de Yogananda

12/14/2015 11:54:00 PM |

Falar de um documentário é algo que precisamos parar um pouco e pensar para quê e para quem ele foi criado, pois nem sempre ele visa atingir a todos, e ultimamente os cinemas andam conseguindo lotar suas salas com alguns longas de temáticas religiosas e espirituais que de certa forma podem causar um estranhamento de quem for ao cinema e entrar enganado em alguma sessão, mas sempre o conhecimento que todos proporcionam são agradáveis mesmo que você não siga a ideologia passada pelo filme. Com "Awake - A Vida de Yogananda" somos transportados para algo que consideram mais como uma ciência de autoconhecimento do que uma religião em si, e ao acompanharmos a história de vida do guru, vemos que a bondade e devoção por sua doutrina era algo que hoje pouquíssimos líderes espirituais buscam alcançar. Ou seja, um filme interessante e que agrada por tudo o que é mostrado, e que mesmo sem nunca ter ouvido falar dele, vai sair da sessão feliz com tudo o que aprendeu.

O longa nos apresenta a vida de Yogananda, autor do clássico "Autobiografia de Yogi". Na década de 20, ele trouxe a espiritualidade hindu para o Ocidente, pregando a fuga da opressão do ego humano e da ilusão do mundo material. Além de materiais de arquivo, o filme, gravado ao longo de três anos, conta com a participação de 30 grupos ao redor do mundo para demonstrar a importância desta figura para yoga, religião, ciência e, principalmente, para a humanidade.

Como muitos que seguem o site sabem, não costumo falar muito sobre os documentários que vejo, pois gosto mais de assistir eles, do que comentar sobre eles, já que é uma modalidade que não podemos discutir muito sobre cada detalhamento já que a trama toda é formada ou por entrevistas, ou por algum tipo de narração sobre a história que vamos vendo na tela, e aqui não foi diferente, pois ao juntar diversas pessoas do mundo todo para falar sobre Yogananda, a diretora e roteirista Paola di Florio, conseguiu montar em seu longa de estreia mais do que um simples documentário, mas quase que uma vivência própria em busca de algo que desejava atingir, e o acerto foi bem feito. Claro que mesmo com boas cenas, algumas imagens aparentaram estranhas por tentar representar alguns momentos da vida jovem do guru, mas tirando esses detalhes o resultado fora do ficcional é bem interessante. E outro defeito que tenho de pontuar, é se queriam mostrar os nomes dos entrevistados para quem não os conhecia, era melhor que colocassem em cima por mais tempo, pois aparecendo por 3 segundos junto com a legenda de suas falas foi o mesmo que não colocar nada, pois foi impossível ler qualquer nome.

De modo geral, o longa funciona bem para conhecer tanto a ideologia de Yogananda quanto saber um pouco mais de sua vida, e tudo passa bem rápido nos 90 minutos de duração, sem abusar de nossa inteligência, e usando cortes dinâmicos a trama monta algo simples e envolvente. Como disse acima, temos alguns defeitos clássicos de documentários com muitos entrevistados, e isso poderia ser facilmente resolvido na edição, mas como não posso defender nem atacar nada sobre a ideologia, por não conhecer nada e nem ter ouvido falar nada além da tradicional Yoga que conhecemos, vou preferir fechar o texto dizendo que sinceramente o longa nos faz pensar como nossa mente pode florescer se bem conectada com o corpo e com o universo em si.

Enfim, certamente é um longa que vai lotar as sessões principalmente pela curiosidade, e claro pela ideologia ter muitos seguidores que vão indicando no boca a boca, e dessa forma também recomendo ele para quem gostar de filmes que envolvam uma certa espiritualidade, porém deixo claro o aviso de que há muita coisa que não dá para acreditar e os mais céticos que não adentrarem realmente no que o filme quer passar pode achar uma viagem exagerada de alguns preceitos. Portanto, vá ao cinema livre de pré-conceitos e é bem capaz que saia feliz com o que verá. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, falta apenas o último longa da Itinerância da Mostra Internacional para fechar a semana, então abraços e até breve.

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Para o Outro Lado (Kishibe no Tabi)

12/13/2015 10:10:00 PM |

Podem me chamar de preconceituoso, mas infelizmente não vejo expressões de paixão em filmes japoneses, parece que sempre estão com as mesmas caras, e até mesmo quando estão tristes, a expressão é a mesma de algo comum. Daí claro que para mostrar o sentimentalismo de alguns filmes, bons diretores conseguem mexer com tonalidades, boas fotografias e claro com um roteiro aonde tudo nos comova, como é o caso de "Para o Outro Lado", que logo de cara a ideia parece bem estranha, e ao final veremos que realmente era bem estranha, mas numa pegada meio que misturando "Sexto Sentido" com "Ghost", incrementando ideologias poéticas japonesas, acabamos comovendo com alguns diálogos e o resultado final fica bem bonito de se ver. Só existe um grande defeito que quase joga produção para um rumo sem volta: trilhas sonoras aparecendo em momentos que nada casavam com o sentimento.

O longa nos mostra que Yusuke, marido de Mizuki, afogou-se no mar há três anos. Quando ele repentinamente volta para casa, ela não se surpreende. Em vez disso, Mizuki fica pensando porque ele demorou tanto tempo. Ela, então, aceita ser levada por Yusuke em uma jornada.

O diretor e roteirista Kiyoshi Kurosawa foi bem preciso no que desejava, mas foi incrementando tanto a história, viajando cada vez mais com os protagonistas para mostrar outros mortos que todo mundo conseguia ver, que ao invés do longa comover (não digo que não tiveram cenas emocionantes, pois tiveram várias) no conceito geral, acabou ficando confuso e sem muitas perspectivas no final, claro que a determinação de cada ato dentro do roteiro. A situação em si pode ser vista como algo jogado para dentro do espiritismo, mas seria mais impactante se outros não vissem as pessoas, o que não ocorre aqui, então podemos também assumir algo como descarrego e lembranças, mas também não ocorre dessa forma, daí em determinada cena, começam a falar sobre existencialismo do Universo e conceitos de massas e do nada, algo que nem em aulas de Física avançada seria bem visto, mas aqui a plateia do rapaz são velhos camponeses, ou seja, o diretor começou o filme com uma viagem, e acabou levando todos para o cosmos. Não posso dizer que o longa não nos envolva, e nem que seja bem agradável, mas acabou saindo demais do plano comum. e resultou apenas num longa bonito, mas sem muito foco para simbolizar o que tanto desejavam.

É interessante ver alguns momentos isolados da trama para analisar a atuação dos dois protagonistas, pois certamente Eri Fukatsu deu uma vivência interessante para sua Mizuki, e até se mostrou crente demais em tudo o que estava ocorrendo, após ver que mesmo acordando tudo continuava lá da mesma forma, ou seja, não era sonho, mas seguir a viagem e ir acreditando em tudo, foi algo meio estranho, daí entro no que comecei falando, das expressões, pois em todos os momentos, a jovem manteve sua cara de apaixonada pelo rapaz, e querendo embarcar realmente na aventura, mas tudo com um ceticismo difícil de acreditar, ou seja, poderia ter feito bem mais. Agora em contraponto Tadanobu Asano, fez com que seu Yusuke ficasse quase que como um fantasma do bem, que ajuda a todos no planeta e sempre está de bom humor, no melhor estilo da novela "A Viagem" que a pessoa acompanhava todo mundo com um sorriso de guia turístico, mas que não impacta tanto, ou seja, não muda sua expressão em momento algum da trama, e isso acaba destoando da proposta.

Agora certamente o longa gastou muito com as locações, pois é uma mais bela que a outra, passando por diversos locais do Japão, cada uma com suas nuances próprias e revelando personagens novos que foram de certa forma bagunçando mais a história, mas dando uma beleza poética para que o filme nos envolvesse. Cada momento bem simbolizado por diversos elementos cênicos e que no contexto geral acabam agradando bastante cenicamente. Destaque no conceito artístico a cena do quarto do velhinho destruído, pois ficou impecável. A fotografia trabalhou bem até os 45 minutos do segundo tempo, pois usou e abusou da iluminação natural dos lugares, sempre dando algum contraluz para realçar os personagens, mas no final inventou moda de trabalhar alguns efeitos de esmaecimento que acabaram bem feios e não ligaram em nada do filme, ou seja, não foi acertado o que queriam ali, e por bem pouco não estragaram tudo.

Outro erro monstruoso na trama ficou por conta da trilha sonora, que parecia ser de outro longa e a cada momento que era inserido para comover o público não se encaixava com a cena que estava sendo mostrada, ou seja, o velho problema de uma finalização mal feita, que por bem pouco também não estragou todo o restante.

Enfim, é um longa bem bonito, que se não tivessem alongado tanto, acabaria sendo lindo e envolvente, e claro que também precisaria de uma proposta mais fechada de onde desejavam atingir, pois atiraram para todos os lados de uma guerra e acertaram bem poucos. Comove, e de certa forma é agradável de ver, mas alguns vão sair da sessão mais confusos com o que viram do que com boas resoluções do que a trama realmente dizia. E dessa maneira recomendo que vejam ele com bastante calma, pois a poesia é até que bem interessante. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma das estreias da semana que vieram para cá, então abraços e até breve.

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A Terra e A Sombra (La Tierra Y La Sombra)

12/13/2015 08:51:00 PM |

Conversando com várias pessoas, muitos possuem uma opinião bem formada sobre longas que mostram cotidianos, e ultimamente ando sentindo o mesmo que eles, não ficando muito confortável em ver algo que poderia estar acontecendo e apenas ficamos assistindo, de modo que se vamos ao cinema, gostamos de ver algo que fuja completamente de nossa realidade. E com "A Terra e a Sombra" o que nos é mostrado poderia estar ocorrendo tranquilamente em uma fazenda pobre de alguma das cidadelas aqui da região de Ribeirão Preto, pois vivemos no meio do canavial, sofremos com as queimadas da cana e suas cinzas tomando nossos quintais todos os dias, só não somos cortadores de cana, mas com certeza já vimos vários pelas ruas e conhecemos um pouco do que nos é mostrado de suas duras vidas nos jornais. Então o longa embora tenha uma fotografia dura e com nuances bem trabalhadas, não empolga como deveria, e principalmente não choca como deve acontecer em lugares que não vivem dessa realidade. Então se me perguntarem se é um bom filme, eu diria que sim, mas cansa mais do que empolga e dessa maneira não o recomendaria.

O longa nos mostra que Alfonso é um velho fazendeiro que retorna à casa para cuidar do filho, que está gravemente doente. Ao chegar, redescobre o antigo lar, agora habitado por sua ex-mulher, a nora e o neto. O local parece uma terra abandonada. Grandes campos de cana de açúcar rodeiam o imóvel, criando permanentes nuvens cinzas. Dezessete anos depois de os ter desamparado, Alfonso tenta encontrar o seu lugar ali para, assim, poder salvar sua família.

Em seu primeiro trabalho como diretor, o colombiano César Augusto Acevedo que possui apenas 28 anos, conseguiu traduzir bem uma realidade com suas lentes, e ao contextualizar toda a situação, tentou focar a volta de Alfonso como alguém querendo de volta o seu lugar para com a família, mas ao trabalhar com artistas mais velhos e que não possuem grandes expressividades para manter a carga dramática, ele acabou criando um filme morno que não chega a comover em nenhum momento, e isso de certa forma é bem ruim, pois ficamos com um filme bonito, com uma disposição fotográfica linda, uma carga dramática que poderia assumir rumos incríveis, mas não decola, ficando cotidiano demais. Claro que em países como a França, aonde o longa ganhou a Camera de Ouro e outros países ricos que sequer viram uma plantação de cana de açúcar de perto, quanto mais pobres se matando e deixando as próprias famílias para trás para tentar uma vida melhor longe da pobreza, vão se comover e emocionar com toda a situação, mas certamente no Brasil, e principalmente em cidades interioranas, vão ver o longa e nada vai lhe chocar.

No conceito da atuação, vou preferir nem citar os nomes para não queimar ninguém, e vou dizer simplesmente que algumas vezes é legal pegar pessoas sem muita experiência para dar uma carga mais real para sua produção, mas em outros momentos, fica faltando a expressividade que alguns atores de carreira conseguem imprimir para sua produção. Aqui até seria um grande acerto se o diretor também não fosse estreante, mas faltou dele exigir mais comoção nas expressões e em diversos momentos, tudo ali parece irreal dentro de uma situação real, e isso não convence.

A concepção cênica foi muito bem planejada por toda a equipe, e pasmem, a casa foi construída apenas para o filme no meio de um canavial, ou seja, quando se tem disposição de uma boa equipe de produção, não importa aonde o longa precisa ser filmado que dão um jeito, e trabalharam bem com detalhes singelos para mostrar a pobreza da família, botaram fogo realmente num canavial para não necessitar de efeitos especiais, e dessa maneira tudo ficou ainda mais crível de ver, e claro cotidiano como estou afirmando nos demais parágrafos. Outra equipe que trabalhou com minúcias arriscando todo o equipamento com certeza foi a equipe de fotografia, pois foram bem próximos do fogo, no meio de muita poeira dos caminhões e para simbolizar tudo utilizaram filtros com uma tonalidade completamente definida, o que agrada, mas ainda daria para clarear alguns momentos menos tensos para dar um tom romanceado nas cenas do avô com o menino.

Enfim, é um bom filme, e mostra que o cinema colombiano tem futuro, afinal se assim tão jovem, já batalhou por 8 anos para que seu filme de estreia chegasse à Cannes e ganhasse prêmios, certamente em breve vamos ouvir falar mais do nome de Acevedo. Claro que volto a frisar, que quem prefere ver algo completamente longe da realidade em que vivemos, esse não é um filme recomendado, pois pode cansar pelo ritmo calmo demais. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto mais tarde com o texto do outro longa da Itinerância da Mostra que vi hoje, então abraços e até daqui a pouco.

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Olhos da Justiça (Secret in Their Eyes)

12/12/2015 01:27:00 AM |

Não sei se todos que leem minhas críticas sabem, mas vale sempre como curiosidade, é que os americanos odeiam ler legendas em filmes (acho que o povo do Cinemark aqui fez a mesma pesquisa pra colocar só longas dublados), mas diferente do que ocorre aqui que dublam tudo, lá eles são mais rebeldes e os filmes que acham incríveis (depois de assistir legendado claro), eles vão lá, reescrevem o roteiro e filmam com os grandes atores deles, ou seja, pra que dublar com nossas vozes se podemos fazer algo semelhante com nossos atores aparecendo? E isso tem ocorrido com grande frequência já há muito tempo, inclusive temos um brasileiro que já está quase para sair a versão americana! Curiosidade dita, vamos falar um pouco de "Olhos da Justiça" que é a versão americana do ganhador do Oscar de Filme Estrangeiro de 2010, o argentino "O Segredo dos Seus Olhos", pois quem não assistiu o original certamente sairá da sala roendo as unhas e desesperado com toda a tensão passada, mas quem viu certamente irá ficar comparando cena a cena, e com as devidas proporções também sentirá a tensão do longa, afinal souberam trabalhar bem com os fatos, criando sua versão própria e colocando alguns elementos fortes para que não ficasse uma cópia exata, e ainda conseguisse emocionar mesmo quem já conhecia tudo e ficou impressionado na época. Ou seja, as duas versões são boas de assistir, cada uma com sua particularidade.

O longa nos mostra que a vida dos investigadores do FBI Ray e Jess e da procuradora Claire é severamente abalada pelo assassinato da filha adolescente de Jess. Treze anos após o crime, Ray continua buscando pistas e finalmente parece ter encontrado um caminho para solucionar o caso. A verdade é chocante e os limites entre justiça e vingança tornam-se imperceptíveis.

Billy Ray é bem mais conhecido pelos ótimos roteiros que escreve/adapta do que pelos longas que dirige, mas não é nenhum amador nessa arte, já tento outros dois longas razoáveis, mas claro que a forma que o longa argentino mexeu com nossas cabeças em 2010, ele não escreveria o roteiro para que outra pessoa dirigisse senão ele próprio, e olha que mesmo seguindo a cartilha completa de um bom suspense policial, e repetindo claro diversas cenas fortes do original, o diretor saiu bem nos trâmites e acabou convencendo, principalmente quem não viu o original, que a tensão toda seria resolvida de maneira menos impactante, e não é bem assim que vai ser o fim. Gosto muito de longas com final aberto de maneira proposital, mas o original embora fique bacana, deixa um gosto um pouco amargo que poderia ter um pouco mais, o que aqui foi corrigido com mais uma cena que agrada até que bastante. Ou seja, a base em si é a mesma, mas a proposta foi até que bem desenvolvida e ajustada com os acontecimentos americanos, e com toda a certeza, tirando o fechamento, com o que aconteceu no 11/9 muitos policiais dos EUA ficariam do lado de um assassino que estaria ajudando a pegar alguns terroristas do que prender ele por ter matado alguém conhecido. No geral a direção foi correta, nada de grandioso, nem nada de errado, mas ainda assim comove, e mais para baixo falarei alguns defeitos da trama.

É difícil errar quando se tem grandes atores à frente de seu projeto, e foram bem sábios ao fazerem uma mudança nítida no rumo da história, colocando uma mulher forte no lugar de um homem (claro que Darín é insubstituível, mas Julia Roberts é ótima quando quer, e aqui ela quis) e mudar de esposa, que muitos julgam algo que mesmo muito romanceado não seja algo que os homens em geral busquem justiça, por uma filha, a qual uma mãe extremamente conectada certamente picaria um assassino. E com essas mudanças fortes, vamos falar primeiramente dela, Julia Roberts, que nem é tanto a protagonista da trama, ficando bem em segundo plano na maioria das cenas com sua Jess, mas sempre sendo a base de tudo, e ao deixar suas expressões naturais (sim ela está velha, e vamos se acostumar com isso) conseguiu impactar de uma maneira ímpar quando vamos para o fechamento da trama, e claro que na maioria de suas cenas solo, deu um show de interpretação, mostrando que ainda tem muito combustível para queimar com dramas também. Chiwetel Ejiofor vem crescendo cada vez mais com os personagens que lhe são entregues, e claro que sua indicação ao Oscar só fez bem para que não ficasse jogado à somente papéis secundários, aqui seu Ray é basicamente a alma do projeto, mantendo sempre um ar desesperado tanto de paixão por Claire como de afeto para tentar ajudar a amiga Jess, e seu último ato é o símbolo de maior amizade que alguém poderia demonstrar, ou seja, deram tudo para que ele mostrasse personalidade e agradasse bastante em todas as cenas que apareceu, e ele não desperdiçou. Nicole Kidman foi a que mais trabalharam no conceito visual da maquiagem para envelhecer, afinal vai ser linda até os 1000 anos se viver até lá, e a solução da mudança de cor de cabelo de sua Claire foi algo bem interessante, claro que ela poderia ter sido mais expressiva em diversos momentos, mas a personalidade de seu personagem era alguém mais politizado do que forte nos atos, mas sua cena dentro do interrogatório foi muito bem feita, e certamente vai agradar a todos que forem ver. Dos demais, a maioria possui cenas mais espaçadas, e isso não é algo que vai fazer com que lembremos deles, mas vale destacar os olhares do jovem Joe Cole como Marvin na cena do interrogatório, e Dean Norris por toda a empolgação nas cenas de seu Bumpy.

Agora se temos um ponto a discutir que os argentinos mesmo com um orçamento bem mais enxuto deram um baile nos americanos é no conceito cênico, pois aqui o departamento de polícia foi mais mascarado impossível, com caixas mais jogadas que Fórum de cidade do interior do Brasil, poucos figurantes e um digitalzão bem forçado na cena do estádio, que claro em devidas proporções até agradaram visualmente de relance nas cenas de correria, mas que foi forçado demais, isso foi. Na fotografia também embora o longa original seja tão sujo e escuro quanto esse, as nuances eram pretensiosas, e não apenas escuras para criar tensão somente como foi o caso deste, mas ainda assim ambos funcionaram para representar o que os diretores queriam, e assim sendo acabam agradando. Mas convenhamos que com um orçamento bem maior, que isso não temos dúvida alguma que foi, poderiam ter trabalhado visualmente com cenas mais fortes e impactantes, para causar mesmo e aí o filme ir para outro nível.

Enfim, o argentino vai continuar sendo um clássico, e esse vai ser sempre alvo para estudos de comparação, afinal é um dos que mais vai mostrar a sede dos americanos por querer copiar tudo que acham bom. É um filme que causa tensão de certo modo, e isso já faz valer o ingresso para os fãs do estilo, e claro merecer uma boa nota, afinal como sempre digo se o longa cumpre com o papel que foi classificado, ele vale a pena ser visto. Então recomendo que todos vejam, e quem não viu o original assista, afinal além de poder comparar, o argentino é bom demais. Fico por aqui hoje, mas volto no Domingo com alguns longas da última semana Mostra Internacional, então abraços e até breve.

PS: Ainda não tinha o site quando vi o argentino, mas se tivesse que dar uma nota para ele seria 10 com louvor!!

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Pegando Fogo (Burnt)

12/11/2015 12:16:00 AM |

Se existe alguma coisa melhor que cinema na vida desse Coelho que vos digita sempre é comida! E se juntar as duas coisas então, um filme com muita comida, no estilo desses realities-shows gastronômicos aonde todo mundo fica gritando e que tanto gostamos de ver? A resposta já vem em forma de saliva, pois é uma combinação digamos que perfeita e que com uma dramaticidade interessante, boas mensagens morais e atuações dinâmicas, não teve como ter erro, ou seja, um filme para se degustar. Claro que o ponto chave dramático do banquete inteiro poderia ser mais forte, mas ainda assim o sabor do prato principal é bem interessante e vai agradar quem gosta do estilo.

O longa nos mostra que o chefe de cozinha Adam Jones já foi um dos mais respeitados em Paris, mas o envolvimento com álcool e drogas fez com que sua carreira fosse ladeira abaixo. Após um período de isolamento em Nova Orleans, ele parte para Londres disposto a recomeçar a carreira e conquistar a sonhada terceira estrela no badalado guia Michelin de restaurantes. Para tanto ele conta com a ajuda de Tony, que gerencia um restaurante na capital britânica, e recruta uma equipe de velhos conhecidos.

Ao mesmo tempo que o longa é bacana por todo esse vértice alimentício que tanto gostamos de ver, principalmente ao mostrar a rotina de alguns grandes restaurantes, o diretor John Wells foi esperto para conduzir uma trama que desenvolveu tanto uma pegada familiar, como um recomeço de vida conturbado que pode sim ser refeito em qualquer época da vida. E ao dar essa dinâmica dentro de uma proposta interessante, o longa flui rápido e agrada pelos ângulos escolhidos (a maioria em closes de comidas aparentemente deliciosas e lindas - nos créditos aparece até um food stylish) e a todo momento conseguimos ir nos afeiçoando mais à todos os protagonistas. Talvez para que o longa fosse melhor, o conflito pessoal e a reviravolta deveriam ser mais impactantes, mas acredito que isso tiraria a leveza do filme, o que não envolveria tanto os espectadores.

O bacana da trama é que todos os atores deram perspectivas interessantes para os seus personagens, e facilmente conseguimos ligar todos à seus momentos sem hesitar. Bradley Cooper caiu perfeitamente bem para o personagem de Adam Jones, pois galanteador e com gênio explosivo, o galã de diversos filmes entra com nuances claras de que abandonou completamente as drogas, o álcool e até as mulheres, em busca de seu objetivo maior, e claro que ao se tirar tudo de um viciado o principal ponto que ataca é o nervosismo, e o ator deu show nas cenas mais impactantes, e quando precisou mostrar o lado mais familiar da última fase do filme, também trabalhou olhares incríveis, ou seja, agradou demais. Sienna Miller apareceu com um corte de cabelo tão diferente para sua Helene, e interpretou a personagem com tanto nervosismo, que até aparecer seu nome nos créditos não sabia quem era a atriz ali, chutando até outros nomes, e de certa maneira isso é algo legal de ver, pois mostra sua incorporação de personalidade diferenciada, o que sempre vai lhe render papéis diferentes, e quase todos grandes momentos dela certamente foram nas diversas trocas de olhares com o Cooper, e claro nas com a pequena Lilly. Que Daniel Brühl é um excelente ator, todos sabemos há muito tempo, mas seu Tony foi um pouco forçado demais, e abusar desse estilo de trejeitos pode incomodar uma classe, claro que ele foi aumentando durante as diversas cenas, mas logo em sua primeira entrada no quarto já tudo é conectado, e nem precisaria da terapeuta falar com letras garrafais, pois o público não é bobo, mas ao trabalhar bem os olhares conseguiu mostrar personalidade e agradar. Omar Sy é um ator que sempre adoramos ver, mas seu Michel parece um pouco desconexo com tudo o que é mostrado, até claro sua grande cena, mas ainda assim ela funciona mais para o protagonista do que para ele próprio e isso não é algo comum de ver um ator fazer, ou seja, precisa voltar a ter menos longas e mais qualidade nas suas interpretações como fazia antes. Matthew Rhys trabalhou bem seu Reece, mas diferente do que é dito numa das cenas, ele não funciona tanto como um inimigo do protagonista, claro que sua fala seguinte revela tudo isso, mas o ator soube desenvolver bem e chamar a responsabilidade em duas cenas. Emma Thompson, Uma Thurman e Alicia Vikander deram mais seus nomes para a produção do que grandiosas cenas para o filme, tendo apenas um destaque maior para Thompson que por aparecer mais como a terapeuta dos protagonistas conseguiu emplacar alguns discursos motivacionais, mas só.

Cenograficamente, o filme tem um requinte monstruoso ao nos colocar dentro de duas cozinhas completamente diferentes, mas com charmes únicos de serem vistos. Claro que volto a repetir que quem já viu "Hells Kitchen" vai se conectar mais ainda com as cenas dentro da cozinha de Jones, inclusive estão usando os chefs tanto da versão americana quanto da brasileira para divulgar o longa, então isso já é um ótimo cartão de visitas para o currículo da equipe de arte, pois se conseguiram agradar eles, certamente é devido ao bom trabalho cênico que fizeram, e com isso toda a comida foi preparada de maneira ímpar para ser vista e até quase saboreada com os ângulos escolhidos. Poderiam ter abusado um pouco mais nas cenas dramáticas fora da cozinha, mas como a proposta do filme não era essa, vamos convir que poderiam também ter botado mais fogo nos conflitos internos ali dentro. No conceito fotográfico tenho certeza que se não deram muita comida para o diretor de fotografia ele saia das gravações e comia até a câmera, pois os ângulos, as iluminações de cada prato eram feitas até melhores que as com os personagens de carne e osso, ou seja, tudo com muita cor para dar fome mesmo.

Enfim, é um bom filme? Sim! Tem muitos defeitos? Tem! Mas agrada mais do que atrapalha, principalmente nas boas atuações e no visual interessante alimentício, do que no texto fraco de reviravoltas, afinal os conceitos morais são os mesmos de uma animação simples, então poderiam ter feito algo com censura mais dura que chamaria mais atenção. Claro que o filme terá um bom retorno, principalmente no Brasil, afinal muitos irão ao cinema para ver Cooper e outros devido adorar os realities gastronômicos que estão tão na moda, então a distribuidora está prontinha para vibrar com as diversas cópias ao menos nessa semana que antecede outro grande blockbuster do ano. Então recomendo o filme com essa ressalva, que se estiver esperando ver um grande drama, passe longe, mas se gosta de algo mais leve e gostoso de ver, coma muito antes de ir para o cinema ou se prepare para certamente gastar com um combo imenso, pois fome é um fato que certamente o longa lhe trará. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda tenho outros longas para conferir nessa semana, então abraços e até breve.

PS: Nota pela comida: 10, Nota pelas atuações: 8, Nota pela dramaticidade do roteiro: 3. Média abaixo.

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A Herança da Alta Mogiana

12/09/2015 01:23:00 AM |

Criticar algo nunca é fácil, mas é ainda mais difícil quando temos algum envolvimento! E falar do documentário "A Herança da Alta Mogiana" é algo que envolve amigos, e claro até a minha própria participação, afinal três dos curtas que produzi fizeram parte do trabalho de pesquisa do diretor que inclusive coproduziu comigo os três. E ver o nascimento, enfim desta gestação de praticamente três anos é algo que muito tenho o prazer de apertar a mão do diretor e dizer "enfim nasceu seu filho", pois o longa conseguiu trabalhar a cultura da região ao mostrar seis filmes do gênero western produzidos aqui, estruturar com produtores, diretores, atores as opiniões sobre o filme e como foi trabalhar neles, e mais do que isso, com a ajuda de dois escritores e historiadores compactuar uma análise completa de cada filme, o que foi extremamente assustador (ao menos nos meus filmes, pois eles captaram toda a essência somente vendo eles, e isso é o que tanto desejamos de um espectador!!!).

A sinopse, assim como toda sinopse de documentários é bem curta e mostra que o filme nos conta a história de seis produções westerns sendo cinco filmes e um clipe musical realizados os anos 1970 até 2011 nas cidades da região da Alta Mogiana. As cidades são Brodowski, Ribeirão Preto e Dourado.

Outro grande orgulho para esse Coelho que sempre vos digita é que o diretor Milton Martins está sendo o primeiro de nossa turma a lançar um longa-metragem, e principalmente dentro de um complexo de cinema! E sabemos o quanto uma produção independente no interior para conseguir isso é dificílimo, então mais uma vez dou os parabéns pela coragem, pesquisa e todo o trabalho que foi feito.

Mas, "amigos, amigos, negócios à parte" diria o famoso ditado, e dado os parabéns por toda a produção é necessário que eu seja também um pouco imparcial, como desejo quando alguém fale dos meus filmes para mim, e quando tive a oportunidade de ver o longa semi-pronto não senti exagerado a parte ficcional criada para interligar os filmes, pois fazia todo o sentido, e agradava bastante, mas hoje na exibição numa tela maior, acabei me incomodando pelos diversos momentos repetitivos de espera do protagonista Cássio Morais, a ligação com a revistinha, os quadrinhos tudo ficou bacana e bem encaixado, mas ao mesmo tempo que o protagonista fica impaciente, vendo as horas no relógio, levantando, sentando, folheando a revista, uma vez vai, duas vezes vai, na terceira já começou a ficar incômodo demais, e nas demais mesmo o trem passando não me conectava mais. Não digo que isso foi uma alternativa errada para ligar todos os filmes, a ideia foi boa, e afinal o que mais fizemos na época de nossa faculdade foi ficção, então coube bem no filme, mas repetiu demais e na telinha não cansou tanto a vista, mas no telão talvez só os quadrinhos e a narração fosse uma opção mais saudável, e o final passando a herança para o neto ficou bem bacana de ser vista!

No conceito de pesquisa, sou suspeito para falar, pois sempre gostei muito do estilo western, e ver não apenas os meus filmes ali, mas outros que tiveram a mesma sinergia e trabalho foi algo bem bacana de ver, claro que o Milton teve muito trabalho para editar toda a gagueira desse que vos digita sempre, mas até que saí bem na fita, ou melhor na tela. E o que mais ficou evidente em todos os depoimentos foi ver a paixão por falar com gosto, mesmo que não tendo ganho um real de cachê nos filmes que trabalharam, que fizeram seus filmes e possuem orgulho de mostrar para todo mundo, que um dia trabalhou no cinema. Ou seja, mais que uma herança da alta mogiana, o longa nos propicia lembranças, e uma felicidade incrível em tudo o que podemos ver mais para frente.

Bem é isso pessoal, tentei ser imparcial, mas minha conexão com o longa é maior do que com outros filmes, então recomendo que vejam o filme, ainda não tenho datas de reapresentações em outros cinemas, mas aqui neste link você pode comprar sua cópia do filme e conferir tudo no conforto de sua casa. Só não vou dar nota máxima para o filme pelo excesso que citei acima, mas tirando esse detalhe, mais do que recomendo ele. Fico por aqui hoje, mas volto na quinta com mais estreias da semana, então abraços e até breve.

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O Natal dos Cooper (Love the Coopers)

12/08/2015 12:59:00 AM |

Não lembro o último Natal que tivemos filmes natalinos (ao menos sendo lançado nas proximidades da data) por aqui, e um fato interessante e marcante sobre esse estilo de filme é o de sempre tentar colocar o espírito familiar em alta, boas lições de vida e tudo mais de uma forma bem feliz de assistir. Porém mesmo com alguns pontos desse em relevância (ao menos na parte final), o roteirista de "P.S. Eu Te Amo", resolveu fazer de uma forma bem dramática toda essa sinergia em "O Natal dos Cooper", trabalhando tantas histórias de uma mesma família que quase nem lembramos mais qual é a principal, e chegando ao ponto de desespero de necessitar narração em 90% da trama, algo que não agrada, pois é um recurso de quem não consegue conectar história com dinâmica, e dessa maneira mesmo tento alguns pontos sensacionais, que emocionam e agradam demais (principalmente nas cenas com Olivia Wilde que dariam um excelente filme à parte), o resultado é tão depressivo e confuso que não empolga quem for assistir esperando ao menos se divertir com a proposta natalina.

A história nos mostra que o Natal se aproxima e, como acontece em todos os anos, a família Cooper se prepara para a grande ceia na casa dos patriarcas Sam e Charlotte. Só que, em meio ao suposto clima festivo, o casal está prestes a se separar. Seus filhos Hank e Eleanor também enfrentam problemas, já que ele está desempregado e ela mantém um caso com um médico casado. Paralelamente, Emma tem dificuldade em lidar com a solidão e com a inveja que sente da irmã mais velha, Charlotte, enquanto que o pai delas, Bucky sente-se cada vez mais próximo de Ruby, a garçonete do restaurante que ele sempre frequenta.

Se só de ler a sinopse você já se confundiu com quem é quem, não pense que para por aí, pois além dessas histórias colocadas aí, tem ao menos mais umas cinco intermediárias que acabam tendo seu momento de destaque, ou seja, se tivessem feito uma mini-coletânea de curtas-metragem sobre o tema família no Natal, talvez o resultado seria mais impactante e o resultado melhor, mas tudo junto, literalmente parece como uma ceia natalina, aonde misturamos doces com salgados, bebidas de todos os tipos, conversas que nada se conectam, e certamente esse foi o pensamento do diretor Jessie Nelson para trabalhar o texto de Steven Roger na telona. Em momento algum posso falar que é um filme ruim, afinal consegue tirar algumas risadas dentro da proposta cômica e também consegue emocionar dentro da pitada melodramática que o filme se encaixa, mas falta um pouco de tudo e o excesso de personagens acaba cansando a dinâmica do longa sem enaltecer nenhum personagem, e isso não é gostoso de acompanhar, então o resultado acaba sendo bem mais fraco do que poderia ser.

Esse pôster que coloquei é bem melhor do que outro que vi, pois mesmo colocando todos os personagens em um único quadro, aqui aparentemente todos possuem algum valor, ao contrário do outro que até é mais fiel, pois dá valor ao grande nome que cada um do elenco tem, mas mostra que o que vai predominar na trama é a narração de Steve Martin (a qual você não verá no pôster, e quem for assistir ao longa entenderá o pôster para que eu não dê um spoiler gratuito). Não vou julgar a ótima narração de Martin, afinal sua entonação é ótima e conseguiu trabalhar todas as histórias de uma forma interessante, e também não vou me prender a cada personagem, senão teremos um texto quilométrico aqui, então vou preferir falar dos melhores da trama. Para iniciar, volto a repetir o filme poderia todo ser feito através do flerte entre Olivia Wilde e Jake Lacy através de seus papéis Eleanor e Joe, pois ambos criaram uma dinâmica tão gostosa de ver, com várias inflexões e sentimentos que a maioria que gosta de um bom romance vai ficar apaixonado pela ótima química que eles criaram, além claro da beleza de Olivia, então o destaque do filme claro que fica para eles. Logo na sequência, vem todo o charme e graça de June Squibb, que passei a admirar mais do que o normal após Nebraska, e aqui volta a encaixar um personagem marcante e bem interessante com sua Fishy, ou seja, a velhinha ainda dá muito pro gasto, aliás vi ela num seriado esses dias e agradou demais novamente com uma pequena ponta! Outra boa química se desenvolve entre Marisa Tomei e Anthony Mackie fazendo Emma e Williams, pois é o estilo de conversa que poucos acabam tendo de uma forma diferente para se conhecer, e ali dentro do carro, eles conseguiram agradar bastante com tudo que acabam fazendo. Embora possam parecer os protagonistas da trama, Diane Keaton e John Goodman apenas possuem momentos bem oscilantes com seus personagens Charlote e Sam, e isso não é algo que esperamos de dois grandes atores, então certamente a maior decepção foi não ver eles mais impactantes na trama. Alan Arkin e Amanda Seyfried até tentam formar um estilo curioso de casal, e até possuem um bom momento, mas são bem figurantes de luxo dentro da trama toda, e também não é algo que se espera dos dois.

No conceito artístico, a trama se conteve com o básico de longas natalinos, ou seja, um aeroporto lotado sem voos devido à neve, uma ceia familiar com muita comida bonita dentro de uma casa de apenas três cômodos para serem mostrados, com uma árvore enfeitada e tudo mais, um hospital (que foi algo inusitado, mas que caiu bem para fechar a ideia principal) também bem decorado no estilo natalino e claro um shopping, e muita neve por onde quer que a câmera passasse, ou seja, simples, correto e sem nenhuma novidade. E junto disso também uma fotografia sem oscilar nuances, trabalhando muito o vermelho afinal o clima natalino depende desse tom, e nada de umas sombras para criar tensão, nenhum ambiente mais animado para dar vida, fizeram o básico mesmo.

Enfim, é um filme que até poderia falar que vai passar milhares de vezes nessa época do ano na TV, mas o desânimo que o longa causa no contexto geral é tão grande que é capaz mesmo dele sumir da face da Terra, e somente quem realmente tiver muita vontade de ver ele, acabará vendo, ou seja, não dá para recomendar um filme assim, mas volto a afirmar que possui bons momentos, e quem sabe com um controle remoto ele melhore. Bem é isso pessoal, encerro aqui minha semana cinematográfica das estreias, hoje irei conferir um longa fora do circuito comercial de um amigo meu, e claro que virei comentar o que achei depois, mas na Quinta já reapareço com os longas que irão aparecer por aqui, então abraços e até breve.


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O Presente (The Gift)

12/05/2015 01:30:00 AM |

Costumo reclamar muito quando atores resolvem que não vão mais apenas atuar, mas escrevem um texto e também vão dirigir, por dois simples motivos: primeiro por ser um exagero uma pessoa querer fazer as três principais coisas de um filme (isso quando não produzem também e ficam com quatro funções, aqui foi um desses casos!) e segundo devido que não dá para ser bom em tantas coisas. Mas com "O Presente", o grande ator Joel Edgerton conseguiu entregar uma boa história, dirigir com primor criando a famosa pulguinha na orelha do espectador que sai da sessão querendo mais, produziu um filme bem trabalhado em locações e tudo mais, e até mesmo ao colocar seu personagem Gordo como um "secundário" acabou agradando nas expressões simples e que deixaram o papel curioso, ou seja, alguém botou as mangas de fora e trabalhou pra valer num terror/suspense de nível até que bem bacana.

O longa nos mostra que Gordon nunca foi popular na escola e era conhecido como Gordo, o Esquisito. Ele reencontra um colega da época, Simon, e começa a lhe enviar presentes, aparentemente enigmáticos. Logo, Simon e sua esposa, Robyn, se sentem ameaçados com a presença de Gordo, que simplesmente não esquece o passado e faz de tudo para Simon também não esquecer.

A história que foi criada não é algo que digamos assustadora ou forte o suficiente para deixar o público horrorizado com o que é mostrado, mas a situação de terror em si é algo impactante que acaba deixando você agoniado com todas as possibilidades. Claro que em alguns momentos ocorrem sustos repentinos de bater mais forte o coração, mas bem mais do que um longa cheio de sangue, espíritos e situações grotescas, aqui o que o diretor e roteirista Joel Edgerton quis fazer foi trabalhar com um terror bem mais palpável e que se "bem" feito aterroriza a vida de muita gente, que é o bullying, a mentira e a vingança, ou seja, algo que caso ocorra nenhum pastor, padre ou qualquer outro tipo pode salvar a pessoa, e isso é o grande acerto da trama. Já tivemos outros filmes desse estilo, então não podemos parabenizar o estreante pela originalidade, mas podemos sim pelo fato de conseguir trazer a realidade para algo mais atual e que muitos sofrem quase que diariamente com isso, e de um modo bem amarrado o filme nos convence e acabamos mudando a torcida no meio do jogo para aí sim o longa esquentar, pois até a metade do filme a chance de que muitos fiquem cansados com a dramaticidade bem leve é bem alta. Claro que Edgerton que já foi dirigido por grandes mestres do cinema conhece muito bons ângulos de filmagem, e sabe aonde deve forçar a mão para capturar o público, e dessa forma sua mão mesmo sendo o primeiro longa veio bem calibrada para não cometer gafes.

No quesito atuação, Jason Bateman sempre foi um ator bem expressivo, e aqui ele trabalhou diversos momentos de uma forma tão enigmática, trabalhando bem cada interpretação, que assim como sua esposa disse em determinado momento do filme não conseguimos saber quem ele realmente é, e dessa maneira seu Simon acaba saindo perfeito, ou seja, já pode começar a esquecer um pouco as comédias e trabalhar em outras áreas. Rebecca Hall sempre oscila demais em seus personagens e muitas vezes não consegue empolgar, aqui sua Robyn parece meio perturbada, e não sabemos se é falta de uma pegada melhor do diretor ou se ela trabalhou o papel de uma maneira que parecesse dopada demais por remédios antes da mudança, e assim o resultado expressivo não agrada tanto quanto deveria. E claro que temos de falar da atuação do diretor, e Joel Edgerton entregou uma personalidade ímpar para o seu Gordo, deixando ele tanto misterioso quanto assustador em algumas cenas, e dessa maneira acabou acertando ao ser coadjuvante e entrar somente em cenas que fossem cruciais para a trama, e assim cada cena sua era um misto de nervosismo com curiosidade. Os demais podemos chamar de enfeites de cena, pois praticamente nada do que falaram teve alguma boa importância, ou seja, o foco mesmo ficou entre os três protagonistas.

A trama praticamente toda ocorre dentro da casa dos protagonistas e claro que como todo bom filme de terror/suspense com assaltantes/assassinos, é quase que inteira feita de paredes de vidro, para que possamos ficar vendo as pessoas do lado de fora e não ter como se esconder, esse acerto foi algo muito bem bacana, pois tradicionalmente se o cara aparecesse em uma casa normal, fingiríamos não ter ninguém em casa e a pessoa iria embora, mas não aqui você tem de abrir a porta sempre, afinal a pessoa te vê lá de fora, portanto jamais construa uma casa com paredes de vidro! E claro que a equipe de produção liderada por Jason Blum que é especialista em longas de terror, acertou em colocar diversos elementos marcantes para deixar a tensão correr solta, fazendo barulhos virarem elementos cênicos, sombras e tudo mais possível para que o filme se conectasse com o espectador, e o destaque claro fica para o sonho. A fotografia usou de fumaça de banho, luzes baixas e claro sombras para criar efeitos sombrios e diluir a tensão até o momento em que o suspense era revelado para assustar ou trabalhar ainda mais a trama, de modo que poderiam até colocar mais impacto em algumas cenas, mas o resultado geral agrada bastante.

Enfim, certamente não é o melhor filme de terror/suspense que já vimos, mas foi uma excelente estreia de Edgerton na direção e no roteiro, e o longa consegue atingir bons resultados de tensão, que é algo que podemos medir para ver se um filme desse gênero é convincente. Claro que temos muitas daquelas situações improváveis que alguém faça, e isso é algo que precisam mudar, afinal é cliché demais, mas não incomoda tanto. Portanto é um filme que quem gosta do estilo vai acabar gostando e vale ser recomendado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na segunda com mais posts por aqui, então abraços e até breve.


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