Netflix - O Herói (The Hero)

3/31/2020 01:31:00 AM |

É até engraçado ver o longa "O Herói" que estreou hoje na Netflix, mas que já está até velhinho, pois saiu no Festival de Sundance em 2017, ou seja, praticamente esqueceram de lançar ele nos cinemas e nas prateleiras digitais, e é até fácil entender o motivo, pois a trama embora tenha uma mensagem bem bonita em cima de encontrar sua verdadeira personalidade, de ser o herói que representou verdadeiramente, de sobreviver e tudo mais, porém falta para o longa uma desenvoltura maior, que faz dele um filme singelo demais, que até envolve, mas fica mais cheio de símbolos do que de atitudes, e assim sendo são poucos os que acabam se emocionando e entendendo a real essência da trama. Ou seja, o filme está bem longe de ser algo ruim, pois é curto, muito bem interpretado e funciona, mas é calmo demais, aberto de ideias demais, e isso não é algo que o público em geral gosta de ver na telona, então agora que está na telinha é capaz de vender um pouco mais a mensagem de se encontrar.

O longa nos conta que Lee Hayden é um ator veterano de westerns, cujos melhores anos de carreira ficaram para trás, depois de seu único ótimo filme. Agora, passando a dublar comerciais, Lee descobre que tem um prognóstico terminal de câncer de pâncreas. Incapaz de contar a alguém sobre isso, especialmente sua família afastada, Lee só pode pensar sozinho, pois sonhos perturbadores, mas inspiradores, o assombram. As coisas mudam quando ele conhece Charlotte Dylan, uma comediante de stand-up que se torna uma amante que inadvertidamente impulsiona seu perfil público. Agora, enfrentando um conflito emocional profundo de ter um retorno em potencial à carreira, mesmo que sua morte iminente o esteja encarando, Lee deve finalmente aceitar as duas realidades quando finalmente confessar sua situação à única pessoa que puder.

O mais interessante é que ontem mesmo assisti ao novo filme da diretora Brett Haley ("Por Lugares Incríveis"), e posso dizer que ela manteve o mesmo nível de emoção desde 2017, ou seja, já vinha trabalhando esse estilo mais fechado de envolvimento, aonde o protagonista tenta passar a dramaticidade e a dor para fora, mas não sabe como fazer, criando perspectivas próprias, mas sempre digerindo o problema todo para si, e com isso não sabendo como demonstrar que precisa de ajuda também. Ou seja, vemos um trabalho bonito da diretora, mas que certamente poderia ter desenvolvido melhor tudo para não ser apenas simbólico, pois temos momentos do protagonista que poderiam rumar para algo que envolvesse mais o convívio do protagonista, mais sua doença, e até mais seus pensamentos, não ficando somente no âmbito mínimo e sim mais aberto para tudo. Dessa forma não dizemos que foi um erro dela, mas que faltou um pouco mais de atitude para funcionar melhor.

Quanto das atuações, é fato que Sam Elliot já fez tantos personagens cowboys que não o vemos sem essa formatação, e seu Lee é ele escrito, de forma que convence do começo ao fim com bons trejeitos, boas atitudes, comove pela doença, mas demonstra vivência para o personagem, sendo um bom acerto em tudo. Diria que achei levemente exagerado o abuso do velhinho por parte de Laura Prepon, pois sua Charlotte até entrega uma boa personalidade, tem momentos interessantes, mas seus atos soaram exagerados, de modo que até podemos imaginar outra coisa do filme, mas talvez pudessem não trabalhar tanto a formatação entregue, mas ao menos a atriz foi muito bem nos seus atos sedutores. E para finalizar vou falar apenas de Nick Offerman como o traficante Jeremy que deu um show de trejeitos, brincando bastante com a brisa de seus produtos, e fazendo o filme ter um lado mais cômico ao menos, e assim sendo o acerto foi bem colocado. Quanto aos demais, todos figuraram praticamente, e até mesmo a filha do personagem principal acabou sendo mero enfeite cênico pela falta de expressividade da atriz.

Visualmente a trama tem ao mesmo tempo um ar country com um dramalhão emocional, e isso soa estranho num primeiro momento, mas depois vamos nos acostumando, ao ponto de pensarmos até que o protagonista já está morto e tudo não passa de um sonho, mas acredito que não seja isso, e sem essa ideia na mente, a equipe artística teve de elaborar momentos sóbrios com pirações alucinadas pelas drogas, e ainda tentar manter o emocional funcionando, ou seja, o filme tem de tudo, e até fica bonito de ver pelas locações escolhidas de bom grado visual.

Enfim, é um filme que não vai muito além, que entrega uma história até bonita de se pensar, que brinca com a busca do conhecimento do verdadeiro herói que tem dentro de cada um, da busca familiar, do abandono em fim de carreira, e tudo mais que já ouvimos falar de grandes atores, mas que falha um pouco por não ir num ápice mais forte, e assim sendo o resultado soa levemente fraco de ver. Não diria que é algo ruim de conferir, mas que certamente muitos não vão se apaixonar pela trama como poderia parecer num começo, mas que vale a conferida por ser curtinho e funcionar dentro do que se propõe. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Por Lugares Incríveis (All The Bright Places)

3/30/2020 01:31:00 AM |

Não sou daqueles que gostam muito de romancinhos leves, mas quando a trama puxa para algo a mais do que o romance, como é o caso do novo filme da Netflix, "Por Lugares Incríveis" acabo me rendendo e gostando até mais do que a proposta acaba entregando. E aqui o longa entra tão bem na temática da depressão, da perda, de sentimentos emocionais que conseguimos vivenciar cada ato de uma maneira gostosa e envolvente, passando bem suas mensagens e agradando dentro de uma trama simples e envolvente, com um carisma bem marcado, locações bonitas e simbólicas, e principalmente mostrando a mensagem de que muitas vezes a pessoa pode estar passando por uma depressão e nem vemos acontecer, mas que só percebemos quando não tem mais volta. Ou seja, é um filme singelo, que funciona bastante dentro do que se propôs, e a principalmente agrada pela totalidade cênica sem forçar exageros ou cenas melosas demais, de forma que vemos o filme e ao final saímos emocionados e ao mesmo tempo felizes com tudo o que vemos.

A sinopse é bem simples para não entregar nada e nos diz que devastada pela perda da irmã, a introvertida Violet Markey recupera a vontade de viver ao conhecer Theodore Finch, um jovem excêntrico e imprevisível. Juntos, eles se apoiam para curar os estigmas emocionais e físicos que adquiriram no passado.

O longa que é baseado no best-seller de Jennifer Niven era um dos longas mais esperados por muitos leitores da trama, pois a história bonita certamente foi representada mentalmente na cabeça de cada um, e certamente também terão aqueles que irão reclamar de faltar isso ou aquilo do livro na tela, mas tirando esses, a maioria certamente se emocionará com tudo o que é passado e verá um filme muito gostoso visualmente, que não tem cenas presas, não enrosca no enredo, e principalmente é muito bem dirigido por Brett Haley, que não quis um filme normalzinho, não fez aqueles romances que você fica melado de tanta doçura, e soube dosar cada elemento da trama para que seu filme funcionasse emocionalmente e agradasse em todos os sentidos, ou seja, ele fez cinema de primeira linha sem precisar ousar muito, e trabalhando sentimentos sem forçar a barra, o que é um tremendo acerto para quem faz romance.

Sobre as atuações, um fato marcante ficou pela boa química entre os protagonistas, pois inicialmente parecia que Elle Fanning faria mais uma vez uma personagem sem muito sal como já vimos ultimamente em várias atuações suas, mas a atriz conseguiu encontrar uma boa dinâmica para sua Violet, encaixando personalidade e caindo bem seus trejeitos tristes para o que o momento pedia, e assim o resultado dela acaba sendo muito bom, e envolve bastante. Da mesma forma Justice Smith trouxe para seu Finch uma dinâmica bem certeira, trabalhando olhares, fazendo seus diálogos funcionar com precisão, e agradando por sacadas bem colocadas dentro do filme, não deixando o personagem simples demais para ser daqueles que vamos esquecer, nem forçando a barra para ficar marcado, de modo que o resultado é perfeito em cada uma de suas atitudes, e acabamos torcendo muito por ele. Quanto aos demais, alguns apareceram mais como a irmã de Finch vivida por Alexandra Shipp bem colocada nos seus devidos momentos, os pais de Violet vividos por Luke Wilson e Kelly O'Hara fazendo um ou outro momento mais imponente, mas sem muito o que chamar atenção, e até os jovens amigos bem colocados como Virginia Gardner com sua Amanda (que certamente no livro tem muito mais importância, e isso é notável), e Lamar Johnson com seu Charlie também bem dinâmico, além de Keegan-Michael Key com seu Embry simples em atos, mas que possivelmente chamaria bem atenção se usassem um pouco mais ele. Ou seja, um elenco marcado que agrada de certa forma e funciona bastante.

Agora sem dúvida alguma um ponto bem forte da trama ficou a cargo do visual do filme, que mostrou que mesmo nos lugares mais simples de uma cidade ou estado é possível ter algo bonito e envolvente para passar uma mensagem, e com locações marcantes, momentos envolventes, e muito simbolismo, que tiveram um luxo visual bem interessante de ver como uma montanha russa caseira, uma árvore de sapatos, um beco pichado com boas mensagens, um lago incrível, e claro os elos chamativos do quarto do protagonista cheio de post-it com grandes mensagens, simples palavras, e tudo muito simbólico que funciona na medida juntamente com cenas incorporadas em uma fotografia riquíssima de cores, tons e sombras, o que mostra um trabalho primoroso e bem feito.

O longa também contou com uma trilha sonora incrível, com canções marcantes mesmo que em rápidos momentos, além da parte orquestrada composta por Keegan Dewitt ser maravilhosa, então vou deixar o link tanto para a orquestrada aqui, e o link das músicas feitas em uma playlist não oficial também.

Enfim, é um filme bem bonito, que envolve e agrada bastante tanto quem leu o livro, quanto quem apenas gosta de um romance gostoso de ver, principalmente por não ser exageradamente meloso. Só não diria que ele é perfeito por talvez funcionar um pouco acelerado em algumas partes, e em outras dar uma leve arrastada, mas como isso é característico do estilo, nem acaba sendo um problema técnico, mas sim de gosto pessoal. Então fica a dica de recomendação para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.

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Netflix - Ultras (Ultras)

3/29/2020 02:00:00 AM |

Chega a ser interessante pensar na ideologia dessas torcidas violentas de futebol, que vão para os estádios mais para brigar do que para torcer para o time em si, que se formam em grupos, tem suas vidas nesses grupos, quase como clãs próprios, e mostrar a tentativa de mudança de vida de um deles é algo que dá filme, assim como virou no longa "Ultras" da Netflix, porém fizeram algo que ficou muito em cima do muro, de mostrar a vida violenta dos grupos, e também a desenvoltura de um líder tentando ser outro homem, e com isso o filme não se decidiu bem qual rumo iria tomar oscilando demais para agradar como um todo, ou seja, é um filme bonito visualmente e interessante pela proposta, mas talvez uma decisão mais forte do que iriam mostrar agradaria bem mais.

O longa conta a história de Sandro, líder de um violento grupo de torcedores ultras, que vê sua vida mudar drasticamente ao ser banido dos estádios. As últimas semanas do campeonato italiano são para ele marcadas pela relação com Angelo, um jovem em busca de um mestre, e com a incrível e determinada Terry, que o ajudam em sua jornada para descobrir seu lugar no mundo.

Em seu primeiro longa Francesco Lettieri mostrou uma paixão gigantesca dos italianos que é o futebol, tanto que assim como ocorre em diversos países, muitos grupos acabam se conectando e virando uma família até maior entre os torcedores do que com as próprias famílias em si, e se ele se mantivesse nessa ideia, de criar mais o ambiente em cima das loucuras dos torcedores, mostrar sim os grupos doidos que mais brigam do que torcem e tudo mais até teríamos um longa mais promissor e interessante, mas ao tentar mostrar a mudança de vida de um grande líder de um dos grupos mais extremistas de torcidas foi algo digamos exagerado de ideia, que até soou interessante de ver, mas que funcionou em alguns momentos, e em outros pareceu estar sendo forçado demais para funcionar, o que acaba não agradando como poderia. Ou seja, vemos claramente na trama o erro de quase todo primeiro filme, que é ir colocando mais ideias dentro da trama, e se perder aonde desejava chegar, para depois finalizar de uma forma que não era coerente para nenhum dos lados, mas que vai emocionar. E sendo assim, pela boa formatação que ele acabou entregando até podemos dizer que o diretor pode ter futuro, mas vai precisar antes elaborar melhor as ideias no papel, antes de sair explodindo a tela.

Sobre as atuações, tivemos momentos interessantes de Aniello Arema com seu Sandro imponente, cheio de atitudes, e olhares bem colocados em ambos os momentos, seja como líder de torcida, seja como pessoa apaixonada ou tentando ser o mentor bom do garoto, de forma que vemos ele em muitos atos se extrapolando, mas sem errar no estilo, e dando bom tom nas cenas. Já o jovem Ciro Nacca que também pode ser considerado protagonista da trama, ficou muito sem jeito na maioria das cenas, de forma que seus trejeitos entregavam preocupação com a câmera e um certo despreparo de estilo com seu Angelo, mas não chegou a falhar tanto e no final até foi razoável. Antonia Truppo entrou meio que de relance, já foi direto pra cama com o protagonista, e teve um ou outro momento para desenvolver seus diálogos, de modo que mais se mostrou do que atuou mesmo, mas ao menos fez boas cenas quentes com sua Terry. Quanto aos outros do grupo, todos se mostraram fortões, cheios de marra, com trejeitos e visuais marcantes, e chamaram bem a responsabilidade de envolver como em uma guerra, claro que tendo destaque para Simone Borrelli com seu Pechegno, para Salvatore Pelliccia com seu Barabba e Daniele Vicorito com seu Gabbiano, pois foram imponentes e criaram bons personagens dentro de tudo o que a trama pedia.

O lado visual da trama foi bem moldado pela Napoli costeira, com locações marcantes cheias de grafites interessantes nas paredes, bares temáticos de futebol, muitas motos e figurinos imponentes, além claro de muita representatividade pelos elementos alegóricos como bombas, canos, correntes e tudo mais que costuma marcar brigas de torcedores com a polícia, além claro de retratar saunas em modo antigo, banhos de lama, praias em recifes e tudo mais que pudesse simbolizar tanto o local da trama, quanto a forma de vida dos personagens. Ou seja, a equipe de arte foi bem organizada, e entregou bem seus pontos de vistas.

Enfim, é um filme que poderia simbolizar até mais se quisessem, mas que ficou muito em cima do muro de que lado queria mostrar, se era dos brigões, da família envolvida, ou do homem querendo mudar de vida, e com isso a trama fica aberta demais, sem atitude, e falha mais do que acerta, valendo uma conferida como algo semi-documental, embora logo no começo já avisem que a trama não tem nada a ver com a verdadeira torcida Ultra do Napoli, então, ficamos sem muito o que falar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - De Quem é a Culpa? (Guilty)

3/28/2020 08:03:00 PM |

Diria que a proposta do longa da Netflix, "De Quem é a Culpa?" é das mais honrosas e possíveis para a época que foi feito, e ainda é, embora as acusações do #MeToo tenham sumido da mídia uma vez que o coronavirus dominou a televisão, porém faltou atitude e ideias de desenvolvimento melhores para a diretora que acabou transformando a trama numa novelona imensa sem rumos, que ao final já nem sabíamos quem a garota estava pensando em defender. Claro que a trama toda foi bem gerenciada, mas faltou um pouco mais de síntese policial para a trama, e mostrar mais do que foi falado nos escritos finais, pois aí sim veríamos uma pontuação imponente em cima dos casos de abusos, e não toda a bagunça feita pelo longa. Longe de ser algo ruim, a falha maior foi ao final, mas o filme todo é possível de assistir e se intrigar com tudo.

O longa nos conta que quando um galã da faculdade é acusado de estupro por um estudante menos popular, sua namorada navega por várias versões da história em busca da verdade.

A diretora Ruchi Narain trabalhou com uma perspectiva direta em cima das várias acusações que rolaram na explosão da campanha #MeToo, e que na Índia a maioria dos casos foram ocultados, liberados e tudo mais, e isso é algo que precisa realmente ser discutido, merecia mais mídia e tudo mais em cima da ideia, porém ela quis mexer com concurso de bandas, composições musicais afetivas, política, e tudo mais em um único longa, de forma que até possa combinar, porém o longa fica preso na maioria dos momentos nos depoimentos, nas tentativas do advogado da defesa em descobrir os motivos, e tudo mais, que quando ocorre a grande reviravolta já é a cena final, ou seja, o filme enrolou por quase 110 minutos, para se resolver (ou melhor tentar resolver) nos 9 finais, e isso é uma falha gravíssima que não agrada de forma alguma.

Quanto das atuações, diria que tirando a protagonista e o advogado investigativo, todos os demais foram extremamente artificiais em suas atuações, o que pesou e muito no desenvolvimento do filme, pois ficou parecendo que contrataram uma bandinha qualquer com alguns garotos para beber e se drogar, os adultos pareciam sem rumo e nada sabiam sobre os casos, e por aí vai, então nem vou dar o trabalho de falar individual desses, inclusive do acusado que só teve o ar de galã, e nada de atitude do estilo. Agora falando de quem vale a pena, o advogado de defesa, que mais parecia de acusação vivido por Taher Shabbir foi bem colocado, cheio de olhares, com boas cenas em diversos momentos, o que acabou sendo um grato acerto para o filme. E Kiara Advani manteve a postura do começo ao fim com sua Nanki, brincando bem com olhares dispersos e mostrando um pouco de loucura que é explicada mais na cena final (sim, somente no fim!), de modo que até ficamos um pouco com dúvida das insinuações dela, de alguns atos e tudo mais, mas ao menos foi bem.

O visual da trama também não foi muito ousado, ficando preso praticamente num escritório de advocacia cheia de salas de vidro, alguns depoimentos gravados, algumas aulas numa faculdade, jovens em festas e nos seus dormitórios, alguns momentos de ensaios de bandas, e nada além disso que fosse imponente de detalhes, tendo o momento de busca por provas pela garota um algo a mais na trama, mas não foi desenvolvido como poderia, e o resultado soou estranho.

Enfim, é um filme simples demais para tudo o que desejavam mostrar, e dessa forma o resultado não foi bem colocado, servindo apenas para que o tema voltasse a ser discutido, mas sem muito o que acrescentar nele. Diria que poderiam ter ido por muitos outros rumos para impressionar, mas acabaram fazendo o básico demais, que não empolga nem funciona como deveria, e o resultado é simples demais para poder indicar o longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até lá.

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Netflix - Notas de Rebeldia (Uncorked)

3/28/2020 01:51:00 AM |

Em hipótese alguma podemos dizer que o longa da Netflix, "Notas de Rebeldia" é daqueles filmes memoráveis que vamos lembrar pela ótima história, pela direção primorosa, ou até mesmo por grandes atuações, muito pelo contrário, pois tem falhas em todos os elos, mas é um longa tão gostoso de conferir, com uma temática agradável e imponente sobre a dificuldade de se estudar vinhos para se tornar sommelier, ou pior master sommelier, que só de pensar em tudo que o jovem ator precisou estudar para interpretar o personagem já chega a arrepiar, porém poderiam ter focado o longa somente nisso, na dificuldade de conseguir ser um sommelier, trabalhar o ar de racismo em cima talvez fosse possível pelo fato do jovem ser negro, mas foram brincar com conversas paternas, envolver doença, trabalhar herança de trabalho com carnes, que o filme ficou um pouco deslocado demais, e assim só quem gostar muito do bate papo sobre vinhos é capaz de gostar mais do longa e se divertir com a proposta, pois do contrário é bem provável que vejam mais falhas do que pontos positivos.

A sinopse é bem simples, e nos conta que para realizar o sonho de se tornar sommelier, Elijah antes precisa lidar com as expectativas de seu pai, que espera que ele toque a churrascaria da família.

Em sua primeira experiência na cadeira de direção, Prentice Penny que já escreveu e produziu muitas séries de sucesso, até se mostrou bem seguro dos planos, conseguiu entregar boas dinâmicas e trabalhou bem seu texto para que o filme ficasse bem coerente, mostrasse bem algo que costuma acontecer muito de filhos não quererem seguir a carreira dos pais e isso gerar um conflito familiar imenso, mas o filme não será lembrado por esse motivo, pois sem dúvida o grande acerto da trama foi em trabalhar muito bem a dinâmica de vinhos, toda a carreira de estudos monstruosos que uma pessoa precisa ter para ser sommelier, tudo que precisa entender, características dos vinhos, geografia, sabores, e muito mais de uma amplitude tão forte que chega a ser quase um filme difícil de entender para quem não conhece um pouco sobre vinhos. Ou seja, é um filme interessante pela proposta, que tem o principal defeito tentar sair da área que poderia explorar melhora para ir em uma que não era tão necessária, e assim o filme ficou meio em cima do muro de aonde queriam chegar, não sendo algo ruim, mas tendo problemas demais para empolgar como deveria.

Sobre as atuações como já disse no começo tenho certeza que o protagonista Mamoudou Athie sofreu demais para decorar seu roteiro, ou possivelmente virou quase um especialista em vinhos após gravar o longa, pois são tantos nomes difíceis, tantos detalhes, tantas preparações para entender, e o jovem conseguiu entregar trejeitos bem colocados, fazer de seus momentos com um carisma incrível, e ainda assim acertar a mão nas nuances da trama, ou seja, foi muito bem, só pecando em um ou outro momento mais triste que pareceu falhar nas expressões, mas nada que estragasse tudo de bom que fez. Coutney B. Vance também foi muito bem com seu Louis, trabalhando olhares, demonstrando afeto e preocupação com o filho, mas sem sair dando pulos, e encaixando muitos olhares e destrezas com cada momento seu, fazendo com que o personagem fosse até maior do que aparentava no começo, valendo o detalhamento. Quanto aos demais, tivemos alguns bons momentos com os amigos do curso, outros bem colocados com a namorada vivida por Sasha Compere, e até a mãe vivida por Niecy Nash teve alguns atos bem interessantes, mas nada que surpreendesse ou chamasse muita atenção, valendo apenas pelas boas conexões.

A equipe de arte certamente pesquisou lojas gigantes de vinhos e escolas de sommelieres, pois criar tudo isso em um cenário seria algo do tipo impossível de custos, e ficaria falso demais, então posso dizer que as escolhas das locações foram bem primorosas e sábias para termos restaurantes bem paramentados, muitos vinhos famosos, e principalmente ótimas dinâmicas visuais, de modo que o filme em si convence por tudo que é mostrado na tela, então dessa forma dizemos que o resultado visual funcionou e foi muito bem detalhado pelos aparatos mostrados em cena.

Um ponto também bem satisfatório do longa, para quem gosta de black music ficou a cargo da trilha sonora colocada em diversos momentos, alguns até exagerados em que a trilha praticamente domina o ambiente e quase esquecemos dos diálogos ali, mas vale a conferida, e claro que deixo o link aqui para ouvirem depois.

Enfim, é um filme gostoso de conferir, que quem gosta de vinhos vai se surpreender muito com tudo o que um bom sommelier necessita saber para a profissão, mas que como filme faltou um pouco mais de atitude e de decisão por parte do diretor, pois ao quebrar a história nas partes com vinhos e nas partes familiares, o resultado acaba ficando meio superficial nas duas pontas, e sendo assim, muitos vão acabar nem gostando do resultado, enquanto outros certamente sairão da TV direto para comer uma costela e/ou beber um vinho, pois o longa é apetitoso nesse sentido. Sendo assim, fica a dica para uma sessão mais descontraída, sem esperar muito do longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - A Trincheira Infinita (La Trinchera Infinita) (The Endless Trench)

3/27/2020 01:36:00 AM |

Um dos maiores problemas de filmes históricos sempre foi querer dar noção do tempo para o público, de modo que alguns enroscam tanto no desenvolvimento que entregam verdadeiras odisseias com a trama, e infelizmente é exatamente isso que ocorre com o longa da Netflix, "A Trincheira Infinita", que quase teve a mesma duração que o nome, ou do período que o protagonista fica escondido, e embora isso passe o sentimento de solidão, de desespero, de tudo que certamente desejaram tanto no roteiro quanto na direção, a verdade é que não necessitava tanta enrolação, o filme poderia ser resolvido facilmente com 90-100 minuto, teríamos algo incrível sobre os guerrilheiros da Guerra Civil Espanhola que ficaram escondidos por muitos anos, e ainda seria um filme tenso. Ou seja, 147 minutos arrastados, com pausas para explicar termos com significados de dicionário (quase que capitulando o longa), resultaram em um filme sem atitude, que vale pela ótima atuação da protagonista (que inclusive ganhou o Goya pelo longa), e por um ou outro detalhe da produção em si, pois de resto garanto que muitos que forem conferir acabarão parando na metade, isso se chegar até a metade.

O longa nos conta que Higinio e Rosa estavam casados ​​há apenas alguns meses quando a Guerra Civil estourou, representando uma séria ameaça à sua vida. A partir da ideia de Rosa, eles decidem usar um buraco cavado em sua própria casa como esconderijo provisório. O medo de possíveis represálias e o amor que sentem um pelo outro os condenará a uma prisão que durará mais de 30 anos.

O trio de diretores Aitor Arregi, Jon Garraño e Jose Mari Goenaga conseguiram o feito de levar o filme para quase todas as premiações espanholas, indicado em quase todas as categorias, e até ganhar algumas, porém é o clássico filme histórico que ou você ama ele, ou acaba odiando pela falta de atitude, tanto que em determinada cena o filho do protagonista fala que ele é um covarde que não tem coragem de sair da casa, e diria o mesmo dos diretores que foram covardes de enrolar tanto a trama, pois o filme tem tantos espaços para cortes que chego a ficar besta quando acabam deixando rolar, e isso é ruim para o resultado final. Claro que toda a narrativa sendo mostrada da forma que foi tem seu charme em festivais, e acaba envolvendo um público que gosta desse estilo mais amarrado, mas para quem for ver na TV é garantia de paradas a todo momento, é garantido a alta desistência, e tudo mais, pois faltou dinâmica, e isso mata qualquer filme.

Sobre as atuações é mais interessante ver a maquiagem feita nos protagonistas para que fizessem todas as fases do longa do que o que fizeram realmente com trejeitos, pois de forma alguma posso dizer que Antonio de la Torre falhou, muito pelo contrário, o ator deu personalidade para seu Higinio, e durante todo o longa sentimos suas angustias, olhamos pelos buracos com ele, e vivemos seus atos presos junto dele, mas como disse acima, a fala do filho é claríssima, o personagem é covarde demais, e com isso o protagonista não consegue se soltar tanto, e não se impõe na forma de prisão, de forma que talvez com um roteiro mais enxuto ele pudesse ter ido além. Já Belén Cuesta dá um show de envolvimento com sua Rosa, falas imponentes, olhares determinados e desesperados, tanto que levou o Goya de Melhor Atriz, que para quem não sabe é o Oscar espanhol, e merecidamente ela mostrou segura de seu personagem e deu show na tela. Vicente Vergara chega a ser daqueles chatos que ficamos mais irritados com as atitudes do personagem do que com o ator, tanto que acabamos nem notando seus olhares pelos atos inconvenientes que tanto faz com seu Gonzalo, ou seja, fez bem o papel, mas irrita. Quanto aos demais, tivemos alguns atos interessantes com Emilio Palácios como Jaime e alguns fortes com José Manuel Poga com seu Rodrigo, mas nada que fosse surpreendente no conceito de atuação.

Por ser uma produção grandiosa de época, era esperado até algo mais imponente em questões cenográficas, mas como o filme se passa quase todo em ambientes apertadíssimos, a equipe artística foi bem coesa nos elementos simbólicos, fez casas simples dentro de uma vila bem utilizada em detalhes, e principalmente souberam usar cada elemento ao máximo como os rádios, as revistas, os figurinos e claro a maquiagem para realçar tudo o que necessitavam de tempo e de ambiente, sendo um grande acerto técnico e dando um certo primor para valorizar a duração do filme. Agora um ponto ruim do filme ficou a cargo da fotografia extremamente escura nas cenas iniciais, e em muitas outras, que fizeram o filme ficar esquisito de ver em alguns atos (claro que com a loucura da pandemia a Netflix baixou a qualidade das imagens, mas o filme também não ajudou muito, o que acabou granulando muitas cenas das batalhas no começo!), e poderiam ter usado recursos de iluminação falsa para dar um tom mais bonito para o filme, e ainda manter o teor de época.

Enfim, é um filme interessante, que tem seus momentos fortes bem funcionais, mas que errou muito na duração, pois com alguns poucos cortes de cenas enroladas desnecessárias resultaria em um filme mais ágil, que agradaria mais e ainda seria um épico, mas isso é um gosto pessoal, e talvez alguns até gostem do que verão na tela, porém conhecendo a maioria do público que vê Netflix, muitos irão parar o filme na metade e nem retornarão para ver mais ele. Sendo assim, fica a dica para quem gostar de épicos, pois do contrário não vai valer a pena. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - A Casa (Hogar) (The Occupant)

3/26/2020 01:06:00 AM |

É engraçado como você vai nas indicações da Netflix imaginando uma coisa e depois se surpreende com o resultado final, que pode ser bem positivo ou completamente estranho de ver, e confesso que ao imaginei algo completamente diferente do longa espanhol "A Casa", pois inicialmente parecia mais como alguém que buscaria a recolocação no mercado depois de idoso através de alguns meios ilegais, mas depois ao conferir passamos a ver muito mais psicopatia e loucura por manter a alta classe social do que toda a situação do trabalho em sim. Claro que isso criou um filme mais intenso, mas que falhou um pouco na movimentação em si, deixando até um ar levemente novelesco, que quase fez tudo desandar, porém souberam dar algo a mais para o protagonista, e ele reverteu o quadro facilmente, fazendo com que o filme terminasse ao menos bem interessante. Diria que existem outros longas do estilo bem melhores, mas a ideia foi bem executada ao menos, e faz valer o tempo conferindo ele.

A sinopse é bem simples e nos conta que um publicitário desempregado começa a perseguir os novos moradores da sua antiga casa com intenções cada vez mais sinistras.

O trabalho dos diretores e roteiristas David Pastor e Àlex Pastor até é bem funcional dentro do que se propõe na sinopse, pois vamos vendo o formato interesseiro do protagonista e como ele desenvolve tudo para conseguir seu fim, usando bem a ideologia maquiavélica de "os fins justificam os meios" para ir trabalhando cada ato excessivo, cada momento de imposição, até termos o fechamento bem encontrado, embora pudesse até ter feito um pouco a mais, mas sairia da proposta. Ou seja, vemos um filme com capacidade simples de chamar a responsabilidade, que funciona bem dentro do que era esperado, mas que certamente poderia ter ido muito além, pois potencial o protagonista tinha para ir além, e a história poderia também ter causado bem mais.

Sobre as atuações, poso dizer que Javier Gutiérrez foi bem centrado no seu personagem, conseguiu fazer com que seu Javier inicialmente parecesse um bom moço, mas ao desencadear de tudo vamos vendo a sua mente se verter completamente, e os olhares do ator também mudam, num acerto bem colocado que agrada, e que só não foi melhor devido tentarem colocar o foco em outro rumo, mas ainda assim voltou rápido para o elo, e acabamos felizes com o resultado final. Mario Casas brincou bastante com a personalidade de seu Tomás, de modo que entregou desde o alcoólatra em tratamento, com olhares dispersos, atitudes calmas e deslocadas, até o ápice da loucura junto com o ciúme, fazendo com que tudo explodisse de uma forma interessante e bem colocada de ver, que agrada e funciona bem. Tanto Bruna Cusí com sua Lara quanto Ruth Díaz com sua Marga acabaram entregando personagens muito soltos de atitudes, e todos seus momentos pareceram estar com expressões confusas e exageradas num estilo teatral meio que fora de elo, e com isso acabaram não se destacando como poderia, mas felizmente não atrapalham também.

No contexto visual, a trama é digamos confusa de estilos, pois mesmo tendo casas e apartamentos luxuosos aparecendo se contrapondo bem com um mais simples, mas não deplorável, o filme se passa também em algumas garagens estranhas e vazias, tem atos exagerados com o lance da pedofilia, trabalha um pouco em algumas agências de marketing sem muitos elos, ou seja, não vemos um filme com uma nuance só funcional, mas sim diversas coisas espalhadas de formas e formatos diferentes, e mesmo os atos extremos de violência ficaram fora de um eixo mais condizente, de forma que poderiam ter melhorado cada detalhe para agradar mais.

Enfim, é um filme razoável pra bom, que tem alguns momentos bem fortes e interessantes, mas com um miolo que quase se perdeu por sair do foco, além claro de alguns personagens desnecessários que acabaram exagerando para aparecer nesse miolo e quase atrapalharam tudo. Ou seja, até vale a conferida, mas precisa relevar muita coisa para não reclamar muito do que é mostrado, e sendo assim, fica a dica como um longa secundário se não tiver outro para ver. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Milagre na Cela 7 (Yedinci Kogustaki Mucize) (Miracle In Cell No.7)

3/25/2020 02:05:00 AM |

Tem filmes que só pelo toque musical que ouvimos de fundo já sabemos aonde ele quer chegar, e o objetivo do longa que estreou na Netflix, "Milagre Na Cela 7" é claro: fazer você se emocionar a qualquer custo, de forma que o filme é bonito de ver, tem um conteúdo gostoso e bem feito, tem boas atuações, não diria que tem a direção mais consistente que poderia, mas ainda assim é daqueles que certamente vamos lembrar de ter visto um dia quando alguém perguntar o nome de um filme bonito e emocionante. Ou seja, mesmo sendo uma adaptação turca de um longa coreano de 2013, souberam trabalhar os atos, criar emoções, e principalmente colocar a interpretação em primeiro plano, de modo que acabamos nos envolvendo com os protagonistas, reclamando de suas "burrices", e torcendo pelo melhor, fazendo com que o filme mesmo com pequenos errinhos agrade bastante.

O longa conta a história de um homem que é condenado injustamente pela morte de uma menina e sentenciado à morte. Mas o amor de sua filha é capaz de mudar tudo, até mesmo a vida na prisão, quando ali passa a ser o seu lar.

Ao procurar o trailer para colocar aqui vi que o filme já foi adaptado por diversos outros países, mas ainda não tivemos uma versão hollywoodiana, ou seja, após o sucesso turco que acabou concorrendo a Palma de Ouro em Cannes, não duvido surgir algo do estilo pelas terras americanas. Dito isso, acredito que o sucesso da versão turca se deve ao ar bem emocional que o diretor Mehmet Ada Öztekin conseguiu dar para sua produção, pois o filme tem momentos que até soam enrolados demais, mas na sequência tudo se reverte para algo funcional e acabamos nos envolvendo demais, além claro que o protagonista caiu como uma luva no papel, trabalhando tão em sintonia com cada um dos momentos, que de cara você fala: não vou me emocionar, e em seguida já está quase chorando, isso porque acabamos segurando, mas conhecendo muitos por aí vão lavar lençóis vendo a trama. Ou seja, o filme até falha muito com alguns momentos enrolados, alguns personagens secundários mal aproveitados e que acabam aparecendo demais, mas o resultado final que o diretor conseguiu montar em sua edição é simples, objetivo e agrada bastante, sendo mais um bom acerto na tela para conferir.

Sobre as atuações, posso afirmar que Aras Bulut Iymeli é um tremendo ator, daqueles que o mundo tem de ficar de olho, pois ele soube fazer seu Memo de forma a não esquecermos o que vimos dele, com trejeitos bem colocados, olhares marcados, sensações em cada detalhe do roteiro, de forma que acabou sendo indicado também para a Palma de Ouro de Melhor Ator em Cannes, e sem dúvida merecia, pois o filme é dele, é notável a admiração que os outros atores tiveram em cena com ele, e simplesmente detona. A garotinha Nisa Sofiya Aksongur também foi muito bem com sua Ova, trabalhando a emoção na medida certa, colocando a ingenuidade nos olhares, e acertando muito em suas cenas com os adultos, de modo também que é marcante as emoções dos demais atores conversando com ela, e assim sendo merece os parabéns. Quanto aos demais todos da cela 7 foram bem colocados e tiveram bons momentos, com destaque claro para Ilker Aksum com seu Askorozlu. E certamente precisariam ter trabalhado melhor os militares, pois esses ficaram perdidos em cena, ficavam sem saber para onde olhar, e o resultado ficou bem estranho parecendo estarem coreografados para apresentações escolares, ou seja, esse é um dos maiores problemas do filme.

Quanto do visual da trama, temos também algo bem bonito, em locações estrategicamente paisagísticas, aonde vemos casas simples, festejos cívico-militares da cidade, figurinos da época bem colocados, e uma prisão cheia de detalhes com cada um bem representado pelos seus crimes e clãs, de forma que vemos um filme cheio de símbolos e envolvimentos que funcionam demais, ou seja, um trabalho minucioso que agradou na medida certa, e mostrou que a equipe de arte turca manda bem também.

Quanto da trilha sonora com aquelas tradicionais músicas melódicas que tentam fazer você chorar já falei que sempre me irrita um pouco, mas aqui foi até que bem colocado, além de ao final entrar a música "Lingo Lingo Şişeler" cantada por Sinal Yilmaz que tanto ouvimos a garotinha e seu pai falando durante o filme e ficamos meio que sem entender, mas que diz tudo de uma forma incrível.

Enfim, é daqueles filmes que valem muito a conferida, que vai agradar e emocionar a todos que conferirem, e que mereceu cada uma das indicações aos diversos prêmios, pois não vi as outras versões, mas diria que essa ficou incrível e mesmo com alguns atos alongados demais que poderiam ser minimizados, o resultado final é quase perfeito. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - O Silêncio da Cidade Branca (El Silencio de la Ciudad Blanca) (Twin Murders: The Silence of the White City)

3/23/2020 01:31:00 AM |

Um bom filme de suspense precisa se manter intrigante até o final, pois do contrário se entrega muita coisa antes o resultado pode não funcionar como deveria, e até falhar totalmente. Iniciei o texto do longa da Netflix, "O Silêncio da Cidade Branca", dessa forma pois a ideia do filme é bem interessante, nos faz lembrar de grandes clássicos do estilo, porém é revelado muito cedo quem é o assassino, e mesmo que isso influencie para vermos aonde vai dar, quando é chegado o grande momento do filme já sabemos que estavam indo por um caminho errado. Ou seja, a trama prende bem, cria situações, envolve, mas certamente poderia ser ainda mais pesada, o que não chega a atrapalhar tanto, mas o filme iria para um rumo mais consistente e com certeza no final todos ficariam chocados com quem seria o assassino. Diria que é um bom exemplar de suspense espanhol, que vem acertando bastante no estilo, e com isso vamos procurar mais exemplares.

O longa nos conta que há vinte anos um homem cumpre pena por uma série de homicídios duplos que o deixou conhecido como o Assassino Do Sono. Agora ele está prestes á sair da cadeia, mas um novo crime abala a cidade: o Assassino Do Sono voltou! Mas ele não está preso? Enquanto investigam um possível imitador, a polícia se depara com novos corpos e rituais que envolvem religiosidade, história e uma série de detalhes que só a mente dos detetives consegue ligar, ou um telespectador bem atento.

O longa que é baseado no primeiro livro de uma trilogia da escritora Eva García Sáenz de Urturi talvez até tenha as continuações filmadas, mas já conseguiu seu feitio de trabalhar bem toda a situação, apresentar bem os personagens e criar a tensão num filme só, porém o diretor Daniel Calparsoro quis ir rápido demais ao ponto, entregando de cara quem era o assassino e desenvolvendo ele como um personagem além da trama, o que até poderia ter sido feito de alguma forma que não revelasse seu rosto, ficasse bem subliminar e tudo mais para que o público fosse ficando intrigado com quem será, fazendo suas apostas. Ou seja, não digo que tenha sido algo ruim de ver, pois até funciona essa forma feita, porém daria muito mais tensão e dinâmica para a trama se pensassem um pouco mais na ocultação do assassino, mas ainda assim vale o resultado final, e agora é esperar ver se vão lançar as continuações, afinal agora com essa pandemia nem dá para medir as bilheterias mundo afora, e nem saber o que farão os estúdios.

Sobre as interpretações diria que todos se doaram bastante para a trama, conseguindo convencer com olhares e estilos bem diferentes, de modo que vemos a personalidade funcionar e incorporar como deveria. Para começar temos Javier Rey entregando um Unai misterioso, cheio de envolvimento, com uma dinâmica investigativa bem colocada, e fazendo bem seus olhares para criar dúvidas, ou seja, foi muito bem em tudo, e o resultado é único: o de ficarmos observando muito os seus atos até os momentos finais. Belén Rueda também deu uma personificação bem forte para sua Alba, que por alguns momentos até ficamos em dúvida dela, de forma que a atriz conseguiu ser misteriosa e agradar bem em seus atos. Aura Garrido entregou uma agitação meio que fora do normal para sua Esti, de modo que talvez para entender melhor ela tivéssemos de ler o livro, pois sua personagem acabou meio que jogada na trama, mas a atriz ao menos se entregou bem, e o resultado acabou interessante de ver. Manolo Solo também foi bem com seu Mario, de modo que temos algumas cenas suas forçadas demais, mas no geral seu fechamento foi bem colocado e interessante de ver. E para fechar, Alex Brendemühl foi bem coeso fazendo dois personagens, cada um com uma característica diferente, mas funcionando bem tanto seu Tasio quanto seu Ignácio.

No conceito visual da trama, tivemos todas as características de um bom suspense, com cenas escuras, figurinos escuros, mas principalmente como o longa brinca com história, religião e símbolos, a trama a todo momento vinha com os corpos cobertos com flores, todas as mortes foram bem simbólicas, tivemos uma explicação interessantíssima num estilo de capela sobre Adão e Eva, cheia de pinturas bem rústicas e fortes, tivemos uma delegacia meio simples, mas efetiva, e claro bons elos montados por onde os personagens passavam, inclusive com uma perseguição muito boa no telhado de uma igreja, ou seja, a equipe de arte brincou e muito com todos os elementos possíveis, e o resultado funcionou bastante, criando tensão e até um certo arrepio com as abelhas!

Enfim, é um bom exemplar do estilo, mas que pecou um pouco por apresentar rápido demais o assassino, pois aí precisaram ficar inventando histórias secundárias e resoluções desnecessárias, que se contadas no clima de desconhecimento seriam incríveis de ver, e claro brincaria bem mais com o público que ficaria atirando no escuro para descobrir quem era, pois todos eram e tinham jeito de suspeitos. Mas ainda assim recomendo o filme para todos que gostem desse estilo investigativo, e fico por aqui por enquanto, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Lost Girls - Os Crimes de Long Island (Lost Girls)

3/22/2020 01:58:00 AM |

Já vimos muitos filmes de suspense com desaparecimento de pessoas, buscas de desaparecidos, sequestros e tudo mais, e geralmente a trama sempre acaba causando comoção pela forma que os familiares ou até mesmo a polícia acaba agindo, mas esse funcionamento se dá principalmente pelo teor mais ficcional que os roteiristas encontram para a trama, mesmo que ela seja embasada em algum acontecimento real, e foi exatamente isso o que faltou para o longa da Netflix, "Lost Girls - Os Crimes de Long Island", que até entregou um ato bonito de ver nas vigílias das famílias de moças mortas, mostrou bem alguns momentos de discussão da mãe com o comandante da polícia, e até criou um ambiente de mistério nas cenas do condomínio, mas acabou faltando com uma pegada policial mais envolvente, e mesmo colocando algumas das cenas reais do caso, o resultado final acabou sendo mais uma homenagem para a mãe que não diminuiu esforços para conseguir provar que estava certa, do que um longa policial de mistério realmente. E assim sendo, o filme até serve de passatempo, mas não comove nem envolve como deveria.

O longa nos conta que diante da passividade da polícia, Mari Gilbert resolve iniciar sua própria investigação para encontrar sua filha desaparecida. Os últimos passos de Shannan levam Mari a uma comunidade fechada em Long Island, e sua busca acaba chamando a atenção para o assassinato de diversas trabalhadoras do sexo.

A documentarista Liz Garbus resolveu entrar para o mundo da ficção mexendo claro que com algo que é de seu conhecimento, que é mostrar acontecimentos, e com isso o filme tem um viés mais clássico de estilo do que algo ousado. Não digo isso seja algo ruim, pois mesmo usando esse formato mais sério no desenvolvimento, ela ousou em algumas cenas com um teor emocional mais colocado, brincou com o fato de alguns acontecimentos serem subjetivos, mas sempre voltava para o lado mais documental da história, e com isso o filme ficou sem uma cadência emocional mais forte, e assim sendo temos basicamente uma retratação de fatos, que é boa, mas bem longe de funcionar como um suspense policial, que acredito que tenha sido a ideia original.

Sobre as atuações, tiveram ao menos coerência de colocar uma grande atriz no papel principal, e Amy Ryan deu conta do recado fazendo com que sua Mari Gilbert soasse imponente, tivesse personalidade, e principalmente entregasse os atos com força, pois qualquer outra atriz menor acabaria deixando o longa com mais cara documental ainda, e assim podemos dizer que foi bem no que fez ao menos. Gabriel Byrne até entregou bons momentos também com seu Richard Dormer, de modo que poderiam até ter explorado mais ele, mas não optaram tanto por isso. As garotas foram bem pouco utilizadas, mas tivemos boas cenas com Thomasin McKenzie com sua Sherre, e Lola Kirke com sua Kim, ambas por mostrar um pouco mais de envolvimento familiar necessário. E quanto aos demais foram pouco aproveitados, tendo um ou outro destaque, mas nada que seja surpreendente de ver.

No quesito visual trabalharam pouco as cenas no meio do mato, e de buscas, focando mais no sofrimento familiar, então vemos cenas em delegacias, em hotéis, na casa da protagonista, tendo um ou outro momento de surpresa pelas andanças no condomínio, e claro nas cenas na casa do médico, detalharam um pouco mais os elementos para funcionar um resultado melhor. Ou seja, a equipe de arte não elaborou muito no processo, e o resultado foi simples demais de ver.

Enfim, é um filme homenagem até que interessante de ver, mas que faltou um pouco mais de determinação para o resultado ir além. Diria que vale ver se não tiver mais nada de interessante, e para conhecer um pouco do que foram esses crimes na época, que até hoje não foi encontrado nenhum culpado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.

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Netflix - O Poço (El Hoyo) (The Platform)

3/21/2020 01:53:00 AM |

O cinema espanhol é bem semelhante ao nacional pelo fato de que ou vemos filmes excelentes ou tremendas bombas, mas lá é bem fácil identificar qual você deve ir, se foi indicado ao Goya é fato que será daqueles ao menos interessante de conferir, e se ganhou algum então é certeza de se apaixonar. No longa que a Netflix estreou nessa semana, "O Poço", tivemos 3 indicações (roteiro, diretor estreante e efeitos especiais), ganhando nessa última categoria (aliás o movimento da plataforma é daquelas bem interessantes de acompanhar, além das diversas mortes e cortes, então foi merecido), e o filme é todo cheio de simbolismos bem abstratos, que brincam bastante com o imaginário do público, mas além desse ambiente lúdico, a trama toda é cheia de suspense, possui muita violência que traz a trama para o estilo de terror gore, e só não diria que ele foi um longa perfeito devido o diretor pecar com um fechamento simbólico demais, enquanto outros mais experientes acabariam colocando sua opinião de forma mais consistente. Porém felizmente esse fechamento lúdico não atrapalha tudo de bom que a trama teve, e sendo assim, quem gosta de um bom filme violento e interessante de ideias, fica a dica.

O longa nos apresenta uma prisão vertical com uma célula por nível. Duas pessoas por célula. Uma única plataforma de alimentos e dois minutos por dia para alimentar de cima para baixo. Um pesadelo sem fim preso no poço.

Como sempre costumo falar, é difícil um diretor estreante acertar a mão logo de cara, mas Galder Gaztelu-Urrutia foi bem coerente no estilo escolhido, e criou símbolos por onde quer que olhássemos na tela, e usando um tema abstrato, num lugar ainda mais abstrato tudo pode servir para pensar, para refletir nos dramas da sociedade comum, nos preconceitos, nas atitudes, nos elos entre céu e inferno, messias e demônios, e muito mais, ou seja, ele praticamente brincou com um bom roteiro, indo claro no fluxo, pois não vemos nada de muito surpreendente nos enquadramentos escolhidos, ou na proposta como um todo, tanto que quando precisou entregar algo a mais no final, ele simplesmente deixou para que o público fizesse suas próprias reflexões e induzisse (o que já disse ser algo que mais odeio em qualquer produção!), mas ainda assim seu resultado foi bem positivo, e com isso talvez o jovem diretor consiga mais outras boas produções para estourar mais para frente.

Sobre as atuações, é fato que o filme escolheu muito bem atores precisos de diálogos e completamente bem expressivos tanto entre os protagonistas, quanto os secundários, e dessa forma o resultado é surpreendente de olhar, e claro temos de começar falando de Ivan Massagué que foi preciso em tudo o que seu Goreng tinha para entregar, com semblantes fortes, determinações imponentes para cada ato, e principalmente um domínio incrível de como colocar suas palavras na tela, fazendo valer muito todo o tempo dele em tela. Junto dele tivemos no começo todo o cinismo de Zorion Eguileor com seu Trimagasi perfeito de "óbvios" e com os olhares mais intensos que um velhinho já desferiu, muito bom de ver. Também tivemos dois parceiros de cena do protagonista muito bons, com Emilio Buale fazendo de seu Baharat um exemplo de defesa, força e emoção, e Antonia San Juan com a estranha Imoguiri, de forma que ambos ainda se entregam bem para cada um dos momentos principais. Além desses ainda tivemos muitas outras participações interessantes no processo todo, cada um simbolizando algo e agradando bastante no resultado total do filme, de modo que não tiveram muito tempo de desenvolver seus personagens (o que talvez em uma série maior funcionaria), mas ainda assim se doaram bem para o longa, valendo claro destacar Alexandra Masangkay com sua Miharu.

O trabalho da equipe de arte foi muito minucioso, trabalhando muito bem no banquete que chegava nos primeiros andares do poço, da criatividade para cada um dos objetos escolhidos pelos "moradores" do ambiente, e claro ajudando muito na composição da ideia toda que funciona bem através de símbolos, ou seja, cada detalhe conta muito, e cada um irá tirar uma conclusão disso, mas sem dúvida a equipe conseguiu juntar ótimas maquiagens de brigas com sangue, mortes e tudo mais, com a tecnologia dos efeitos especiais, que certamente foi bem trabalhoso para dar o efeito de cascata/tridimensionalidade entre os vários andares, e aliado a isso tudo criar junto da fotografia ambientes diferentes com sombras e luzes diferentes para criar o aspecto de vida aonde não tinha, ou seja, é o melhor do filme sem dúvida junto com tudo mais.

Enfim, é um tremendo filme que poderia ter ido até além com uma opinião mais formatada do diretor, pois muitos irão ter várias opiniões sobre o filme, mas sem dúvida a principal que dá para enxergar (senão vão falar que não deixei a minha opinião também) é a de um purgatório aonde as pessoas vivem para ir ou para o céu ou para o inferno de acordo com o que fazem, em busca de salvação. Sendo assim, recomendo que vejam sem levar muito a ferro essa minha opinião do que é o filme para cada um ter a sua, mas que vejam sim o longa na Netflix, pois vale a pena. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - The Body

3/20/2020 01:25:00 AM |

Se você acha que Hollywood anda numa leva exagerada de remakes, você ainda não viu o que os indianos fazem na sua Bollywood, pois praticamente todo sucesso americano, espanhol, francês e até alguns brasileiros, eles refazem nos moldes deles, de forma que alguns até dá para salvar e curtir, mas tem outros que a bomba acaba ocorrendo de tal maneira que dá vontade de parar de ver na metade, mas que sendo fortes aguentamos até o fim para ver até onde vão chegar. Dito isso, o longa indiano "The Body" que está na Netflix foi feito em cima do filmaço espanhol "El Cuerpo" de 2012, que tinha boas nuances, atuações fortes, e um texto bem amarradinho, então era de se esperar algo no mínimo semelhante com essa ideia no remake indiano, mas não, ao invés de termos um texto amarradinho, aqui para mostrar as lembranças do casal e de tudo o que estava acontecendo colocaram clipes musicais dos protagonistas, sem falas, de forma que o filme tem vários atos vazios de até 3-4 minutos, o que cansa, incomoda e não vai para frente. Ou seja, para quem viu o longa espanhol o final nem será tão surpreendente, mas para quem não viu, até que o resultado foi funcional por maquiar bem a história, mas longe de algo brilhante, o filme chega a ser decepcionante.

O longa nos conta que quando o corpo de uma poderosa empresária desaparece do necrotério, o inspetor encarregado busca a verdade. Mas quando ele questiona o marido, ele percebe que há muito mais no caso do que aparenta.

A verdade tem de ser dita direta: o diretor Jeethu Joseph estragou o filme todo com o excesso de clipes musicais, pois a todo momento vinha uma quebra de flashback e ao invés de ter uma história acontecendo ele colocava algo bem comum de vermos em clipes de cantores (aliás tem uma das cenas que até parece que os atores estão cantando a música!), e com isso confesso que pensei em desistir do longa umas duas vezes pelo menos. Ou seja, a história em si não é ruim, afinal foi feita em cima de um longa premiadíssimo e muito bom, mas a forma que acabou ocorrendo a dinâmica estragou demais o filme, e mesmo com um final bem direto e bacana, que acredito que muitos nem lembrarão do longa espanhol e acabarão surpreendidos, o resultado final acaba sendo fraco demais para passar quase duas horas conferindo.

Outro problema do filme foi que colocaram atores bem fracos de expressões, de modo que dificilmente conseguimos ver a sensação que cada um está tendo, e dessa forma vemos Emraan Hashmi fazendo caras e bocas em alguns atos que pensamos: o que ele queria mostrar com isso, e a resposta que vem é nenhuma, ou seja, seu Ajay soa falso demais ao ponto de até acreditarmos nele em alguns momentos, mas dificilmente nos conectamos com seus atos. Rishi Kapoor até teve cenas bem colocadas com seu SP Rawal, mas a todo momento ele tentava puxar para si a trama, e o ato ficava forçado, ou seja, não funcionou. Agora os demais então foram mais fracos ainda, com os outros policiais/investigadores parecendo papagaios de pirata, apenas grudando nos protagonistas e realçando as falas deles, e as duas mulheres Sobhita Dhulipala e Vedika, apenas sensualizando em cada um dos seus atos, ou seja, fracas demais em cena.

O conceito cênico ao menos foi bonito de ver, pois mesmo com os "clipes musicais" sem valor algum para a trama, vemos paisagens paradisíacas, vemos ambientes e figurinos bonitos, e isso dá um tom mais colorido para o IML da cidade aonde o filme se passa quase inteiro, com uma sala de interrogatório, um necrotério, um banheiro inteiro sujo e um almoxarifado aonde o personagem se esconde, ou seja, o filme foi elaborado com um orçamento bem baixo se pararmos para ver, mas em outros conceitos aparecem coisas tão luxuosas desnecessárias para a trama, que a contradição acaba sendo imensa, ou seja, a equipe de arte ficou mais perdida que o diretor, e o resultado foi algo bem maluco de ver.

Enfim, esse é daqueles filmes que se o algoritmo da Netflix te indicar, pule com toda certeza, pois certamente a maioria irá mudar de filme no primeiro clipe musical, e ocorrem pelo menos mais uns cinco, ou seja, fuja dele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

PS: a nota vai ser 1 coelho pela ideia que um remake funcionaria (quem sabe uma versão americana mais tensa!) e mais 1 pelo visual bonito, e nada mais!!

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Netflix - Troco em Dobro (Spenser Confidential)

3/19/2020 02:14:00 AM |

Sempre tem aqueles filmes policiais de investigação que acabam sendo leves demais para a proposta da trama, criando situações até que violentas, mas que por ter um ar mais solto dentro da ideia toda acaba não fluindo como deveria. Claro que isso é um estilo, e é sempre válido, pois tem quem gosta, e o novo longa da Netflix, "Troco em Dobro" usa boas sacadas, trabalha com a forma mais jogada de Mark Wahlberg, e o resultado até soa gostoso de ver, até dando nuances de que pensaram numa continuação com a cena final, porém com toda certeza poderiam ter ido muito além, poderiam ter trabalhado uma dinâmica mais envolvente, e até ter usado menos cenas clichês, pois tudo é amarrado quase que desenhado para crianças de 10 anos entenderem, e basicamente pela violência do filme a trama é para mais de 16 anos, ou seja, poderiam ser menos diretos que agradariam mais. Porém se olharmos mais a fundo conseguimos ver que a ideia era bem essa, de algo leve, como os longas policiais de antigamente, que tinham toda uma investigação, alguns tiros errados que nunca acertavam ninguém, algumas cenas de ação espalhadas, e aqui vemos exatamente essa cartilha, ou seja, quem gostava de ver esses filmes acabará se divertindo com o longa, e assim sendo vale como um bom passatempo.

O longa nos conta que o ex-policial Spenser retorna ao submundo do crime de Boston quando descobre a conspiração por trás de um assassinato midiático. Apesar das ameaças constantes, Spenser decide fazer justiça com as próprias mãos para provar que ninguém está acima da lei.

Vários diretores tem seus atores prediletos, e em quase todos os últimos filmes de Peter Berg tem Mark Wahlberg, e aqui a parceria é daquelas que vemos como um ator acaba sabendo exatamente o movimento que o diretor deseja ao ponto de nem notarmos movimentações de câmeras e de personificações, de modo que o filme flui muito bem, desenvolve cada um dos personagens, vemos as atitudes acontecerem, só ficando faltando um pouco mais de ação, de explosões, e claro de veracidade, pois praticamente temos um filme só com policiais e lutadores, e o que erram de tiro é algo incrível de ver, de forma que praticamente ninguém morre de tiro, preferindo cair por socos e facadas, ou seja, o diretor quis algo mais leve, mas ao mesmo tempo ousou em algumas loucuras cênicas, e por gastar tanto tempo desenvolvendo os personagens, ao final já vemos sua ideia de transformar o personagem em um detetive de série, e assim sendo, o resultado funciona e iremos aguardar o que virá pela frente na parceria.

Sobre as atuações é bem bacana ver toda a desenvoltura do protagonista e a química entre todos os personagens, pois vemos Mark Wahlberg cheio de olhares com seu Spenser, trabalhando toda a interação de seu personagem, para na sequência vermos com fluidez todas as dinâmicas de socos e lutas que faz de uma forma bem certeira, o que agrada, e até passa uma verdade cênica, ou seja, foi bem, mas fez muito do que é costumeiro ver ele fazendo, ou seja, praticamente vemos ele sem ser um personagem. Winston Duke trabalhou um pouco de lado com seu Falcão, mas sempre encaixado momentos marcantes para a trama, e olhares diretos ao ponto, o que acaba agradando bastante em todos os seus momentos. Alan Arkin é daqueles atores que tem estilo para tudo, e aqui seu Henry, um treinador de lutas é cheio de sacadas cômicas, com muitos trejeitos marcados, e o resultado para o filme é um luxo só de ver. Quanto aos demais, a maioria soou bem exagerada de trejeitos, fazendo personagens com ares estranhos, e forçando bastante a barra, de modo que alguns chegam até incomodar como o caso da namorada do protagonista vivida por Iliza Shlesinger, que felizmente até aparece pouco, senão o resultado poderia ser bem pior, e quanto dos antagonistas, todos soaram forçados demais para envolver, de modo que nem Bokeem Woodbine conseguiu ir além do que poderia fazer, e acabou soando estranho de ver.

No conceito cênico a trama teve cenas bem bonitas, com locações amplas, mostrando bares de policiais cheios de detalhes, trabalhando bem o apartamento simples do protagonista, a casa/hotel para cachorros da namorada, as diversas academias de luta cheias de aparelhos, e até restaurantes da máfia aonde tudo é resolvido no facão, até chegar no elo marcante que é a construção de um gigante cassino num clube aonde era feito corridas de cachorros chamado Wonderland, todo bem detalhado também, mas que contém alguns erros nas cenas de ação, afinal estava fechado há anos, e os pratos cênicos estão lá limpinhos, tudo bem arrumado, ou seja, poderiam ter sujado mais a cena.

Enfim, é um filme totalmente sessão da tarde, daqueles que você passa um tempo de boa vendo ele, que está bem longe de ser perfeito, mas que também não tem tantas falhas para reclamarmos, e assim sendo vale a dica de ver ele na Netflix durante esse tempo que não poderemos frequentar os cinemas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos de filmes do streaming, então abraços e até logo mais.

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A Maldição do Espelho (Pikovaya dama. Zazerkale) (Queen of Spades: Through the Looking Glass)

3/17/2020 01:49:00 AM |

A principal dica que vou dar aqui sobre o filme, que inclusive vou colocar para que eu lembre também: é olhar a origem de cada um dos longas que vai conferir, pois se o filme for russo, saiba que o legendado não estará sendo falado na língua do país, sendo dublado em inglês por dubladores estranhos, e sequencialmente legendado em português, ou seja, você verá um filme as vezes com uma temática até que interessante bem trabalhada, mas que por ficar com vozes esquisitas acabará vendo um filme esquisito, ou seja, confira dublado em português mesmo, que ao menos aqui temos bons dubladores, e talvez o longa fique um pouco melhor. Dito tudo isso, posso falar que a ideia do longa "A Maldição do Espelho" até é interessante, pelo que é contado da trama que fez o local ficar assombrado pela Rainha de Copas, claro que relevando muitos dos problemas técnicos, e do estilo de alguns personagens que fizeram o filme ficar bem teen, de modo que se cai a trama nas mãos de algum produtor americano, certamente teríamos um terrorzão de primeira linha, com mais sustos e tensões, mas como não é o caso aqui, quem for conferir certamente irá ficar bem de boa com tudo o que ocorrerá.

O sinistro fantasma da Rainha de Espadas está novamente sedento por sangue, e, desta vez, suas vítimas são os alunos do internato localizado numa antiga mansão, envolta em rumores sombrios. Divertindo-se com as histórias de terror sobre os assassinatos de crianças nesta casa no século XIX, os adolescentes encontram na ala abandonada do edifício um espelho misterioso coberto de desenhos misteriosos. Por diversão, os alunos iniciam diante desse espelho o ritual místico de chamar o espírito da Rainha de Espadas para realizar seus desejos mais íntimos, esperando que o fantasma os cumpra. Os jovens não sabem que suas próprias almas serão o preço a pagar por cada capricho que virá, e que a Rainha de Espadas não descansará até conseguir todos eles.

Desconheço qualquer trabalho do diretor Aleksandr Domogarov, e após esse filme não sei se irei procurar algo dele para ver, não por ser algo ruim o que ele fez aqui, mas por não se aprofundar em nada na trama, de modo que a sinopse pode até parecer entregar algo do estilo de uma continuação, mas em momento algum o filme trabalha essa possibilidade, e a forma de contar tudo também não entrega nada do estilo, então ele poderia ter brincado mais com o passado da Rainha, poderia ter se aprofundado nos motivos da diretora saber de tudo e não falar nada, e até mesmo nos desejos dos personagens, pois eles desejam algo, e não vão além, mostrando praticamente só alguns atos rápidos das consequências, e claro fazendo um final totalmente previsível (embora legal de ver!). Ou seja, o diretor foi básico em tudo, e ao mesmo tempo que erra com isso, ele também acerta por não soar exagerado, pois o filme tinha tudo para isso também.

Sobre as interpretações, vou falar um pouco dos personagens em si, pois como disse no começo o longa é dublado em inglês e legendado em português, e as entonações e os timbres dos dubladores americanos/ingleses são péssimos, ao ponto da cena com a avó de um personagem parecer algo sensual chamando (!!!!) e não uma avó debilitada na cama. Dito isso, ficou parecendo que a protagonista Angelina Stechina estava sem muita vontade de atuar, ficando morna demais nas cenas, fazendo caras estranhas, e o resultado de sua Olya ficou deveras fraco de ver. O garotinho Daniil Izotov teve um pouco mais de atitude com seu Artyom, de modo que suas cenas foram interessantes de ver, embora a voz colocada para ele também seja chata demais. Quanto os demais personagens, tivemos desde o nerd que vive no colégio por que quer, e sabe tudo sobre o fantasma, o bombado garoto filhinho de papai que odeia a madrasta e quer fazer arruaças, a gordinha que só come e serve de desculpa para a magra que quer dar para todo mundo, e praticamente um único professor de História que aparenta ser a única matéria ensinada na escola/internato, além claro da diretora misteriosa, ou seja, tem de todo tipo de personagem na trama, e certamente o tom em russo deva ser mais forte de ver.

No conceito visual até que escolheram bem uma escola interessante, que nem parece escola, mas sim uma mansão com quartos escuros e uma sala de aula aonde colocaram alguns figurantes para ficar passando no meio dos poucos protagonistas, um porão bem zoneado de elementos cênicos que até assustam ao surgir do nada, uma piscina de ritual, uma floresta cheia de túmulos e árvores com pouca copa para dar um tom mais forte, e alguns figurinos envolventes, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem para o tom de terror/suspense funcionar, e até poderiam ter usado mais esses elementos para que o filme fosse melhor.

Enfim, não chega a ser uma bomba tremenda, pois como disse o tema em si daria para funcionar com uma direção melhor, alguns elementos de pegada mais forte e tudo mais, além claro de tirar essa dublagem americana horrível, que ao menos foi dublada fora de uma cabine (vide os outros longas russos que já reclamei disso aqui "A Noiva", entre outros!) e ficou mais homogênea, mas ainda assim bem fora do lipsync dos atores, ou seja, ruim também. Mas ainda assim não digo que recomendo o filme, pois não vai assustar aqueles que gostam de um terror, nem vai causar medo nos apaixonados por um bom suspense, e sendo assim o resultado fica mais como um suspense adolescente para curtir bem em segundo plano. Sendo assim, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Terremoto (Skjelvet) (The Quake)

3/14/2020 02:25:00 AM |

Já disse aqui que gosto quando grandes produções de outros países acabam vindo para o interior, primeiro para sabermos que o pessoal gosta de arriscar também saindo dos dramas casuais que direto surgem nas sessões de arte, e segundo para ver que filme de destruição tudo ruma para o mesmo estilo. Digo isso pois já vimos diversos outros blockbusters americanos envolvendo a destruição de uma cidade/país, e sempre temos algum personagem como herói, que acaba fazendo loucuras enquanto tudo está desmoronando, e quase sempre só o lugar aonde está sobra mesmo contrariando todas as leis da Física. Dito isso, o longa norueguês "Terremoto" entrega tudo o que já vimos, mas aqui com um personagem digamos fraco de musculatura, com tudo rumando contra a maré para seu lado de loucura, mas que consegue até ter bons atos, e felizmente a produção não deixou muito barato nas cenas com sangue/mortes, fazendo com que o realismo fosse até funcional demais, porém ele tem um defeito monstruoso, gastaram tudo para as cenas de destruição, e tanto o começo quanto o fechamento ficou extremamente morno, sem atitudes, sem explicações plausíveis para tudo, afinal sendo a continuação de "A Onda" (2015) poderiam ter determinado melhor o começo para não ficarmos tão perdidos, e isso acaba desanimando um pouco o público até começar a ruir tudo, mas ainda assim o filme funciona, prende na poltrona, e assim sendo vale ser conferido.

A sinopse do longa nos conta que em 1904, um terremoto de magnitude 5,4 na escala Richter sacudiu Oslo e arredores. O terremoto teve seu epicentro na região Oslo-Graben, atravessando a capital norueguesa. Os geólogos não podem ter certeza, mas estudos indicam que pode-se esperar para o futuro grandes terremotos nesta área. Quando eles, eventualmente, acontecerão, ninguém pode dizer com certeza. No entanto, sabe-se que a densidade populacional e a infra-estrutura em Oslo é significativamente mais vulnerável hoje do que em 1904. O que esperar se acontecer um terremoto significativamente maior?

Não cheguei a conferir o primeiro filme da franquia, o que de início pareceu até estranho por parecer realmente uma continuação de algo, mas como não havia visto trailer, nem sabia do que se tratava o longa (sem ser sobre um terremoto!), fiquei um pouco perdido, mas deixando essa situação de lado, o trabalho do diretor John Andreas Andersen foi até que bem colocado criando toda a tensão em cima da loucura do protagonista após seu trauma gigantesco de ser um dos poucos sobreviventes de uma grande catástrofe, mas que fazendo a dinâmica bem colocada em busca de pistas, volta a mostrar que agora a capital do país está prestes a sofrer algo ainda pior, que os técnicos andam ocultando da população (aliás os escritos ao final do longa, me faria morrer de medo de morar por lá!), porém o estilo da trama é leve demais de atitudes, e mostra bem pouco o acontecimento, que digamos até contou com bons efeitos, e cenas tensas, mas foi pouco, pois estamos acostumados a ver longas de catástrofes aonde o filme inteiro passam correndo de algo, tentando sobreviver, e aqui é básico demais. Ou seja, o diretor poderia ter ido mais a fundo nos problemas climáticos do país, poderia ter acusado mais tudo, e claro poderia ter feito a família sofrer ainda mais, mas fez o seu filme funcionar ao menos.

Sobre as atuações diria que Kristoffer Joner tem personalidade, conseguiu passar a ansiedade e o desespero que o papel de seu Kristian necessitava, e trabalhou bem os olhares, mas é um personagem morno demais para um filme de ação, e talvez precisassem colocar alguém com mais dinâmica no filme, claro que geólogos são pessoas mais do estilo dele, mas ficou meio fraco de atitude em suas cenas. Kathrine Thorborg Johansen foi meia seca com sua Marit, mas trabalhou bem nas cenas do prédio, encaixando atitude ao menos, e foi coesa em alguns atos, que talvez se melhor trabalhados até emocionaria mais. Ane Dahl Torp trabalhou pouco a emoção de sua Idun, mas suas cenas fortes foram bem intensas, e ali o ato em si foi muito bem feito pela artista, mostrando personalidade ao menos. Quanto aos demais, a maioria foi jogada na trama, de modo que mesmo a garotinha Edith Haagenrud-Sande toda cheia de carisma nas suas cenas, acabamos não nos conectando tanto a ela, e muito menos no chefe climático jogado feito por Stig R. Amdam, ou seja, poderiam ter trabalhado mais eles para ao menos parecer ter mais emoções.

O conceito visual da trama mostrou locações bem bonitas da Noruega, como os fiordes, os grandes prédios da capital, e até alguns apartamentos simples demais, o que acaba tendo um detalhamento da trama sem muita coisa para olhar, tanto que nos atos de estudo na casa do outro geólogo morto vemos muitos elementos, mas o protagonista fica pouco por ali para estudar tudo o que está ocorrendo, mas nos atos de destruição a trama funcionou bastante, de modo que acabamos vendo tudo acontecer com uma qualidade visual bacana que até impressiona, embora alguns momentos pareceram falsos demais de ocorrer, mas que já estamos acostumados, afinal aonde o protagonista está precisa ficar de pé para acontecer mais atos, e sendo assim, o resultado funciona e é até forte de ver ocorrer.

Enfim, é um filme bem intrigante e interessante de ver, que quem gosta de longas de destruição de cidades irá ficar feliz com o resultado final. Claro que está bem longe de ser uma obra prima daquelas que vamos lembrar sempre que perguntarem um filme de destruição, mas ainda assim vale ser visto para pensarmos nas mudanças climáticas que andam ocorrendo, e assim sendo fica a dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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