Meu Malvado Favorito 2 em 3D (Despicable Me 2)

6/30/2013 05:13:00 PM |

A maioria das animações lançadas no cinema ganham continuações, principalmente pela alta lucratividade que os estúdios conseguem com licenciamento de produtos e claro também com as exibições, afinal as crianças não vão sozinhas ao cinema. Porém, raramente as continuações conseguem superar o filme original, desapontando a maioria das pessoas que vão ver na esperança de ser ao menos divertido como foi o primeiro. Pois bem, a Illumination Entertainment não só conseguiu essa façanha de fazer uma ótima continuação de "Meu Malvado Favorito"(2010) como fez de "Meu Malvado Favorito 2", que estreia por aqui na próxima sexta-feira dia 05, algo sem dúvida alguma bem melhor, possuindo uma história divertidíssima, com todos os personagens tendo boa participação e claro voltando com os divertidíssimos minions num impecável 3D que arremessa coisas pra todo lado e ainda consegue dar uma profundidade show. Ou seja, já prepare a poltrona para conferir na próxima semana mesmo, e eu para rever, afinal tive o privilégio que só tenho muito que agradecer ao pessoal da Radio Difusora FM (91,3Mhz) daqui de Ribeirão Preto de poder ir na première do filme hoje e fiquei muito feliz afinal ver ele antes e mais ainda superar todas as expectativas que tinha dele.

A sinopse nos mostra que agora que o empreendedor Gru deixou para trás uma vida de super crimes para criar Margô, Edith e Agnes, Gru, Dr. Nefário e os Minions têm algum tempo livre par aproveitar. Mas, assim que ele começa a se adaptar ao seu novo papel como pai de família, uma organização ultra-secreta dedicada ao combate do mal em todo o mundo bate à sua porta. Agora, depende de Gru e de sua nova parceira, Lucy Wilde descobrir quem é o responsável por um crime espetacular e levá-lo à justiça. Afinal, é necessário o maior ex-vilão do mundo para capturar aquele que está tentando tomar seu lugar...

O mais interessante por trás da história é que embora seja a mesma equipe completa do primeiro filme, tanto nos diretores quanto nos roteiristas, é que conseguiram fazer algo totalmente novo, colocando mais ação, mais personagens, mais aventura e claro mais diversão, tornando o filme único e agradando bastante com tudo que é mostrado. Os personagens principais não sofreram nenhuma alteração de modelagem nem nas vozes, e isso é bacana pois faz com que o espectador associe mais facilmente como uma continuação deve ser. Outro fato interessante é que o diretor agora dividiu bem as cenas entre o protagonista e todos os demais personagens, não ficando mais tanto na responsabilidade dele tudo que o filme pudesse dar errado, e além disso, já começa a tomar forma o filme que será lançado no ano que vem somente dos nossos amiguinhos amarelos: os minions. Diferente do que costuma acontecer ultimamente nas animações, aqui tiveram menos preocupação com piadas voltadas para adultos e focaram mais nas crianças mesmo, com situações mais bobinhas, mas sem que ficasse idiota demais para os pais que forem levar os filhos ao cinema, então podemos ligar muitas homenagens que estão presente de outros filmes que irão agradar também os mais velhos.

Os personagens são carismáticos ao extremo e os dubladores brasileiros dão um show a parte adaptando as piadas à nossa cultura. Leandro Hassum deveria ficar somente com dublagem, pois mesmo impostando sua voz, acaba agradando demais à personalidade de Gru, de uma forma incrível que o vilão passa a ser divertido e emocionante ao mesmo tempo, suas cenas são sempre interessantes, pois não sabemos se de um momento para o outro o que ele vai fazer, tornando sempre a surpresa divertida. Maria Clara Gueiros também agrada dublando Lucy, mas poderia ter dado um tino mais cômico para a personagem, mesmo ela não precisando ser engraçada, seus atos divertem, mas acredito numa forte participação no terceiro filme. Um grande acerto na dublagem nacional foi a voz emprestada por Sidney Magal, afinal o personagem Eduardo/El Macho é praticamente o retrato falado do cantor na forma de um personagem animado, sinceramente acredito que o personagem foi mais desenhado para ele do que para Benjamin Bratt interpretar, e com isso temos muita diversão mesmo por trás das maldades que ele tenta fazer, espero muito que tragam de volta ele num próximo filme, pois é um personagem cativante mesmo sendo "malvado". As garotinhas Agnes, Margot e Edith voltam com tudo dessa vez, mas não são mais tanto o foco da trama, porém mesmo assim agradam com fofura e carisma em todas as cenas que aparecem. Falar de "Meu Malvado Favorito"e não falar dos animados minions é quase um pecado mortal, afinal os bichinhos amarelos agradam fazendo qualquer besteira em que se metam, e agora sua versão malvada rocha é mais atrapalhada ainda, aguardem suas cenas finais e claro as durante os créditos que conseguem ser ainda melhores.

O visual do longa é bem colorido e com isso conseguimos observar bem todos os elementos separados da trama, colocando cada personagem em seu devido lugar e criando seu próprio ambiente e claro com tantas cores ficando bem feliz com tudo que é mostrado. A equipe de cenografia não economizou em nenhum ponto, trabalhando cada detalhe mínimo para ser realçado seja com o 3D ou mesmo no formato tradicional dos personagens. E já que entramos no quesito do 3D, se o primeiro já havia sido de um deslumbre máximo, nesse conseguiram inserir mais profundidade ainda para todos os cenários onde os personagens estão, de forma que ao mesmo tempo em que um carro com os minions passa bem no andar debaixo do shopping em cima conseguimos ver os protagonistas sem desfocar nada. Além disso, se prepare para muita coisa ser jogada para fora da tela agradando todos que curtem esse detalhe nas animações. Nas cenas de crédito então nem tem do que falar da qualidade de elementos que os minions arremessam para fora da tela, preparando o espectador para o que verá no ano que vem.

Agora vamos falar do ponto máximo do filme que são as trilhas sonoras interpretadas pelos minions, criadas em conjunto por Pharrell Williams e o brasileiro Heitor Pereira. São tantas divertidas, que já estão na net para serem ouvidas, mas vou destacar "I Swear", que ficou conhecida aqui no Brasil como "Eu Juro" na voz de Leonardo, que ficou hilária inclusive na forma que foi interpretada e claro "Y.M.C.A." que fez a garotada toda dançar nas poltronas do cinema.

Enfim, uma animação da melhor qualidade que com certeza ouviremos muito todos falarem por aí e já fico aguardando ansiosamente pelo terceiro filme e também pelo filme solo dos minions. Uma forma que costumo avaliar se uma animação é boa é somente olhando a sala lotada de crianças como elas se comportam, se não saírem da poltrona para nada, é simples o filme é ótimo, e foi isso que vi hoje, ninguém saiu nem mesmo para ir ao banheiro. Ou seja, mais do que um ótimo filme técnico com bom roteiro, boas animações, bom 3D, o que temos é algo que vai entreter toda a garotada nas férias e claro também divertir os pais e adultos que forem conferir nos cinemas. Fico por aqui hoje, mais uma vez agradecendo à todo pessoal da Difusora FM que tem sido sempre atencioso nas premières que participamos juntos. E  ainda temos mais um longa que estreou nessa semana para fechar amanhã, então abraços e até breve.


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Os Amantes Passageiros

6/29/2013 07:14:00 PM |

É uma questão de gosto, mas prefiro mil vezes Pedro Almodóvar fazendo drama e suspense do que comédia, não que ele não faça boas comédias, mas geralmente acabam ao mesmo tempo que engraçadas, sempre forçam a barra para algum lado, e embora isso soe de forma crítica com a sociedade juntando muitas metáforas durante sua trama, "Os Amantes Passageiros" acaba ficando um pouco pesado em certos momentos com toda a ironia que é colocado. Mas mesmo não fazendo o seu melhor Almodóvar ainda consegue bater forte em muitas comédias que acabam saindo no mercado e com isso claro fazer o que é de priori numa comédia: fazer o espectador rir bastante.

A sinopse é bem simples, afinal não tem muito que ser dito sobre ele: dentro de um avião fora de controle, um grupo de personagens excêntricos acredita estar vivendo suas últimas horas de vida. Em meio ao desespero geral, eles começam a fazer confissões inesperadas sobre seus pecados e suas últimas vontades.

A história se não contasse com tanta excentricidade, acredito que seria bem mais light e interessante, mas o diretor optou por colocar num único avião os comissários de bordo mais gays e bêbados que você pudesse imaginar, uma dominatrix famosa, um político corrupto, um assassino de aluguel, dois pilotos com dúvidas de sua masculinidade, uma vidente virgem e um casal de recém-casados que a mulher possui distúrbios de sexomnia (pessoas que fazem sexo enquanto dormem). Pronto misture tudo isso que escrevi dentro de um avião com problemas e polvilhe com as ideias malucas de Almodóvar e saberá exatamente o que esperar do filme. Claro que existem piadas e situações muito bem colocadas e divertidas, mas a forma que tudo foi colocado de uma vez num único filme acabou pesando de uma maneira até estranha, tanto que um cara que estava na mesma sessão que fui resumiu o longa de uma forma até pesada demais: "O trem do Zorra Total com bons atores e um ótimo diretor". Os planos escolhidos pelo diretor também agradam bastante, utilizando pouquíssimas vezes a câmera estática, conseguindo com isso um ritmo interessante para a trama.

O elenco em suma está quase sempre presente nas obras do diretor e claro que com isso sabem fazer bonito em todas as cenas, pois já sabem bem o gosto pessoal dele. Mesmo com uma pequena participação logo no início, Antonio Banderas e Penélope Cruz agradam no que fazem, e claro que se prestarmos atenção na sua cena já ficamos ligados para o que irá acontecer mais para frente. Antonio de la Torre faz um personagem com poucas aparições, mas é bacana a emoção que demonstra no telefone, além de ser um elo interessante com o personagem de Javier Cámara. Falando em Cámara, sem dúvida alguma é o melhor de todos dentre essas maluquices que o diretor pôs, fazendo ótimas expressões, dialogando de forma convincente e com isso agrada a todos, divertindo sem precedentes. Hugo Silva é interessante pois consegue trabalhar bem tanto com a dúvida de sua masculinidade quanto com a bebida, e com isso acaba divertindo o espectador que gosta de coisas mal-feitas. Cecilia Roth acaba recaindo sobre exageros demais em seu personagem, não sei se era bem isso que o diretor esperava de seu personagem, mas achei que soou muito falso. José Luis Torrijo até tenta aparecer, mas seu personagem consegue perder o interesse na trama até mesmo para o casal de noivos. Guillermo Toledo faz suas cenas no melhor estilo de galã de novela, o que aliás é o seu papel, ele aparece, faz o que tem de ser feito e some, tanto que algumas cenas que os protagonistas estão zanzando pelo avião, ou ele estava no banheiro ou simplesmente furou nas filmagens. Lola Dueñas faz mais um ótimo personagem com o diretor, afinal está em quase todos os filmes do diretor e seu sorriso cativa o olhar sobre ela, e com isso acaba agradando bastante nas cenas em que aparece. Carlos Areces faz um personagem bem caricato e agradável, mas ainda prefiro ele em "Balada do Amor e do Ódio". Raúl Arévalo é um ator esquisito que poderia ter agrado mais, e suas duas cenas mais intrigantes acabam sendo apenas imaginativas. Dos demais apenas Paz Vega e Blanca Suárez que estão fora do avião e conseguem fazer um papel interessante também, de forma que ambas conseguem comover com a expressão que fazem apenas em três pontas no filme.

Como o longa se passa praticamente todo dentro do avião, tirando quatro pequenas cenas, a equipe de arte não teria praticamente dificuldade nenhuma não é mesmo? Ledo engano, procure na internet toda a cenografia usada e verá que até construir um protótipo de avião para que tivessem as dimensões exatas das cenas, eles fizeram, colocando decorações interessantes e trabalhando muito com cores diferentes para ilustrar cada cenário do avião em que se passa cada cena. As cores foram muito bem escolhidas pelo diretor e pelo fotógrafo, pois mesmo trabalhando de forma bem colorida, acabou não pesando no tom do conjunto em momento algum, e isso fez com que o filme ficasse bem leve e agradável de assistir.

Enfim, é um filme diferenciado não só por ser do grande mestre que é Almodóvar, mas também por agradar e divertir na medida. Claro que como disse, ele pesou a mão em querer colocar tanta excentricidade junta num único filme, mas mesmo assim acabará agradando a todos que forem assistir. Recomendo o filme para todos, mas com uma ressalva para aqueles que tiverem qualquer preconceito homofóbico que passe longe das salas que estiverem exibindo o filme, pois o arco-íris domina no filme com beijos entre homens e tudo mais. Fico por aqui hoje, mas amanhã cedinho volto com mais uma première que irei conferir junto da Rádio Difusora, então abraços e até amanhã.


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O Homem de Aço em 3D

6/29/2013 02:28:00 AM |

Como é interessante a vida dentro da crítica cinematográfica não é mesmo? Dessa vez fui ao cinema conferir "O Homem de Aço" sem nenhuma expectativa, afinal como todos já sabem não sou nenhum fã de filmes sobre heróis, e aí é que está o grande lance, pois ao ir sem esperar nada, o que me foi mostrado superou anos-luz qualquer expectativa que eu criasse, colocando ele entre os filmes mais bem produzidos que já vi, claro que existem alguns erros técnicos, mas se limparmos nossas mentes quanto a quesitos realísticos, talvez podemos até ignorar a presença deles no filme e ficar até mais feliz ainda.

A sinopse nos mostra que nascido em Krypton, o pequeno Kal-El viveu pouco tempo em seu planeta natal. Percebendo que o planeta estava prestes a entrar em colapso, seu pai (Russell Crowe) o envia ainda bebê em uma nave espacial, rumo ao planeta Terra. Ao chegar ele é criado por Jonathan (Kevin Costner) e Martha Kent (Diane Lane), que passam a chamá-lo de Clark. Com o tempo ele demonstra ter uma força descomunal, o que amedronta seus pais. Eles pedem que ele jamais demonstre seus poderes, mesmo em situações de emergência, já que nem todos conseguirão compreendê-lo por ser diferente das demais pessoas. Ao crescer, Clark (Henry Cavill) se torna uma pessoa isolada e frustrada. Em meio aos seus problemas emocionais, ele resolve usar seus poderes para ajudar a humanidade e se torna o Super-Homem.

Um dos pontos que mais gostei do filme é que você está lendo essa sinopse em linha retinha, nasceu, cresceu, viveu não é mesmo, mas felizmente o diretor Zack Snyder preferiu fazer o filme contado completamente através de ótimos e comoventes flashbacks, fazendo sempre pausas interessantes que mostram como a personalidade do protagonista foi sendo montada, e com isso o longa ganha uma velocidade interessante, pois não cansa ficando lento demais nem sai atropelando tudo pelo meio do caminho. Porém o grande problema do filme está bem aqui nesse parágrafo que costumo falar sobre o roteiro e a direção, pois ele possui inúmeros problemas com relação à Física, conhecimentos estelares que qualquer pessoa adquire em 30s de conversa, entre outras coisinhas, que poderiam sim ter sido maquiadas de forma que enganasse bem o espectador, mas optaram por deixar, então o jeito é tentar ver o filme apelando para a liberdade poética e ignorar os fatos. Quanto da direção de Snyder é difícil falar isso, mas sempre acreditei muito no potencial dele e mesmo tendo alguns deslizes nos seus dois últimos filmes, agora mostrou que vem pronto para brigar e manter seu nome sempre no topo de todas as paradas, utilizando de todos os recursos possíveis e imaginários que já vimos em outros trabalhos seus e criando alguns novos, ele faz a festa do pessoal com a quantidade de ação. Além disso, temos o brilhantismo por trás da produção, afinal Christopher Nolan mais do que qualquer outro sabe destruir cenários muito bem, e se tender nesse rumo pode logo-logo se tornar melhor do que muito peixe grande que já está na hora de se aposentar, mas Nolan ainda tem muito tempo para poder errar a mão como diretor. Enfim, uma dupla excelente que pode colher muitos ótimos frutos pela frente.

Da atuação será difícil falar muito de cada um, senão passarei a noite inteira escrevendo, pois todos estão muito bem no filme todo. Henry Cavill não só conseguiu convencer, como conseguiu calar a boca de todos que falavam que ele não estava à altura de interpretar o personagem, foi lá comeu muito "mingau" para ficar gigantesco de forte e mostrou que manda super bem tanto nas cenas de luta, quanto nas cenas mais emotivas onde precisa atuar com mais expressão. Michael Shannon já possui uma cara de louco naturalmente, mas aqui ele incorporou um personagem tão bem que acaba dando medo de sua loucura, porém achei o personagem com uma cara jovial demais para um vilão, poderia ser mais monstruoso. Russell Crowe deve ter feito aula com algum ator de novela da Globo, pois brincadeiras a parte afinal está muito bem em cena, nem parece que o planeta onde estava foi destruído, aparecendo praticamente no longa inteiro. Amy Adams está agradável, mas faz umas caras de coitadinha em alguns momentos que dá mais vontade de deixar morrer do que correr para salvar. Antje Traue faz boas cenas e quase consegue se destacar na trama, pena que seu papel é bem pequeno, mas nos dois momentos que está junto de Christopher Meloni, outro que poderia até passar despercebido na trama, ambos soltam, cada um num ótimo tom a melhor frase do filme. Diane Lane faz um papel lindíssimo como a mãe humana de Clark, colocando o papel num patamar acima de qualquer outro fato que possamos olhar, é maravilhoso tudo que faz e seu envelhecimento de personagem caiu melhor ainda. Agora vou dizer uma coisa que pra mim foi quase uma ressurreição, eu jurava que Kevin Costner já estava morto, tudo bem que já havia visto ele em alguns seriados e tal, mas no cinema o cara evaporou de bons papéis, e aqui agrada bastante na forma que dá para seu personagem. Enfim, elenco incrível para um filme incrível, todos dando o seu melhor em cena.

A parte visual do longa é de um primor que poucos filmes de ação podem almejar em ter, trabalhando tanto em cenários gigantescos quanto em muito fundo computacional, tudo é destruído de uma forma maravilhosa, onde podemos sentir a textura dos pedaços quebrados da cidade de Metrópolis. As cenas fora da cidade também agradam bastante, como as no campo, no gelo, no planeta Krypton e até mesmo as poucas que foram feitas no mar. Tudo bem trabalhado sem economia nenhuma de produção, elevando o primor técnico num nível altíssimo. A fotografia também mexeu bastante os pauzinhos para que o longa mesmo utilizando de muitos recursos computacionais não ficasse com os famosos borrões de tela, e para isso souberam usar muito bem os contraluzes que realçam os personagens em relação ao fundo, além de outras cenas muito bem emotivas que preferiram o estourar da luz branca para que desse um efeito de superioridade em cada personagem. O quesito 3D, metade da sala estava preocupada com o que haviam falado nos EUA, e até agora não entendi de terem falado tão mal da tecnologia usada, tudo bem que não temos todas as cenas utilizando a tecnologia, mas nas cenas que colocaram, ficou muito bacana mesmo, de forma que a imersão é interessantíssima, cito, por exemplo, a cena da briga final em que praticamente montamos nas costas do protagonista e vamos pra cima do vilão desviando de tudo que vem pela frente, entre muitas outras que ficaram bem legais. Ou seja, tem 3D de imersão, de profundidade e também de coisas voando para fora da tela, num pacote completo que todos que pedem algo por estar pagando a mais no ingresso não terão do que reclamar. Claro que não é ainda nenhum "Avatar", mas também está bem longe de ser um "Homem Aranha" nesse quesito do 3D.

As trilhas compostas utilizadas no filme ficaram literalmente um show, afinal como costumo falar é raríssimo Hans Zimmer errar, e aqui não foi diferente, utilizando até outras faixas mais famosas que mixadas do jeito do grande músico ficaram ainda mais interessantes. Na internet existem vários links para ouvir gratuitamente então é só botar o fone e, claro depois que ver o filme, ficar horas viajando ouvindo tudo.

Enfim, um excelente filme que está passando em várias salas de pré-estreia nesse final de semana, então se você for daqueles que não irá aguentar esperar até o dia 12 de julho, corra para os cinemas, pois vale muito a pena ver ele na tela grande, diferentemente do que muitos já estão fazendo, baixando a versão gravada em cinemas americanos, afinal lá já saiu há algumas semanas e ainda não entendi nem o motivo da demora da Warner lançar por aqui, nem a quantidade de críticas negativas que ele teve lá nos EUA, mas infelizmente como costumo dizer cinema é algo de gosto bem pessoal, então cada um vai se apaixonar por determinado estilo. Recomendo com certeza, claro que com a ressalva de tentar ignorar o fato dos furos de roteiro para ficar bem feliz com tudo que verá. Fico por aqui hoje, mas ainda teremos mais três filmes por aqui nessa semana, então abraços e até mais tarde pessoal.


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Guerra Mundial Z em 3D

6/27/2013 02:19:00 AM |

Já disse aqui algumas vezes que filmes de ficção científica, zumbis e outras coisas difíceis de acreditar, estão bem longe da minha predileção, mas sempre gosto bastante de observar toda a técnica empregada para tentar amenizar um pouco e ao menos sairmos felizes com o que vemos, mesmo que continuemos não acreditando em nada do que vimos. Em "Guerra Mundial Z", o que posso dizer num âmbito geral é que ele é o estilo de filme que você não tem quase nenhum momento de fôlego, tendo ação do início ao fim e com isso acaba agradando mais do que decepcionando. Porém se você tentar buscar qualquer coisa crível demais no filme pode sair um pouco desapontado com o excesso criativo dos roteiristas, o que em momento algum estarei dizendo sobre os ótimos diálogos.

A sinopse sem revelar muito do que ocorre é a seguinte: O mundo está sendo invadido por zumbis e as Nações Unidas lutam contra o tempo para evitar o pior. Enquanto isso, Gerry Lane, repórter da instituição e enviado especial para a zona de conflito começa uma série de entrevistas com sobreviventes do ataque.

A história que é baseada no livro homônimo de Max Brooks é bem interessante e embora seja difícil de acreditar na forma que ocorre as coisas junto com a forma criativa, mas inteligente que arrumam para criar uma forma de combate contra os zumbis, acabamos nos envolvendo com a trama que o diretor conseguiu montar para o "primeiro" filme de uma possível trilogia. Coloquei entre aspas justamente porque ainda está em debate se irão realmente investir nos outros dois, visto todos os problemas que ocorrem durante as gravações desse que estreia sexta-feira por aqui. Mas caso não continuem, não temos problema algum com isso, pois o longa possui um começo, meio e final completamente aceitáveis caso encerre apenas com esses 116 minutos. Outro ponto sábio que a equipe de produção soube fazer é utilizar o que o diretor Marc Foster costuma fazer de melhor na maioria dos filmes que dirige, que é pegar um ator grande de chamariz e economizar aos montes com o restante do elenco, e isso acabou ficando bem interessante, pois não somente Pitt tem boas falas, mas sempre todos que interagem com ele acabando entrando em boas linhas filosóficas. No nível de planos e sequências, o diretor optou por uma câmera frenética na maior parte do tempo, mas não deixou que isso estragasse todo o contexto final e ficasse parecendo nem um filme de guerra maluco, muito menos uma bruxa de Blair.

Como tirando Brad Pitt, a maior parte do elenco é completamente desconhecida vou ser bem econômico nessa parte do texto falando que longe de ser a melhor atuação de Pitt, o que vemos aqui é ele mais engajado em parecer mais homem do que um Deus, como costuma fazer na maioria de seus filmes de ação, claro que na cena do avião, muitos irão falar que é 100% impossível o que ocorre, mas vamos tentar tampar o sol com uma peneira e ver o resultado final pelo menos satisfatório. Fana Mokoena tem boa expressividade nas cenas em que aparece, mas como são bem poucas, nem podemos afirmar que ele seria um elo forte para a trama, quem sabe num segundo filme. Dos demais, apenas Daniella Kertesz em sua estreia de longas vale a pena ressaltar, pois consegue incorporar bem seu personagem tanto nos momentos que está em fúria de soldado como nos momentos que precisa demonstrar dor.

O quesito visual do filme é um ponto que chama muita atenção, afinal todo o cenário é praticamente destruído, e aliado à alta quantidade de figurantes (pelo menos é o que a maioria dos sites estão falando, afinal duplicar tudo ficaria falso demais), o que conseguimos ver é algo que podemos corresponder muito bem à quando pisamos em um formigueiro e todas as formigas saem correndo de forma desesperada. E isso na tela fica lindo demais de ver, tanto que quero muito ver os bastidores depois com todo o aparato de chroma-key e afins para ver todo o povo correndo desesperadamente de forma quase que coreografada. Além disso, a equipe de arte trabalhou com minúcia total para que cada elemento fosse bem encaixado para a trama, colocando o orçamento num disparo monstruoso de US$190milhões. A fotografia está toda trabalhada em tons cinzentos, parecendo muito com formatos de HQ antigo, daqueles que prezavam mais os traços do que a arte conceitual em si, e isso ficou bem interessante de forma que quando acontecem as explosões, é quase que um ponto diferenciado no meio de tanto cinza. O 3D está bem usado no quesito de profundidade, funcionando bem, não é dos melhores que já vi, mas agrada bastante tirando algumas cenas que por ser um filme de muita ação acaba embaçando um pouco deixando muitos borrões, além disso, funciona também para assustar com pessoas aparecendo ou voando do nada em nossa direção, o que logo de início já causa um certo desconforto para aqueles que não curtem muito levar alguns sustos.

Enfim, é um filme que vale a pena o ingresso dispendido, mas que não faz muito o gênero que prefiro assistir. Ele agrada bastante pela velocidade que optaram fazer, e graças a Deus refilmaram o terceiro ato quase que inteiro, pois li num site como seria originalmente e tenho certeza de que ficou bem melhor a opção que fizeram. Recomendo principalmente para quem gosta de filmes de ação que podem ser completamente ignorados de qualquer ponto que se possa acreditar, mais ainda na cena do avião, mas no geral acredito que muitos irão sair no mínimo satisfeitos com o que irão ver. Como meu amigo disse, filmes de zumbi não têm muito mais do que mostrar, mas pelo menos aqui souberam fazer diálogos inteligentes. Fico por aqui hoje, encerrando a semana já com esse que irá estrear na sexta, mas o que posso adiantar é que teremos muitas outras pré-estreias já nessa nova semana que inicia, além claro de outros filmes que virão normalmente. Abraços à todos e até sexta.


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2 Mais 2

6/26/2013 01:45:00 AM |

Assim, é estranho você ir assistir a um filme que você não leu nada sobre ele e ao chegar logo nas primeiras cenas começar a ligar os pontinhos e imaginar tudo que verá, mesmo sendo algo que você nunca se imagina fazendo. Embora muitos me chamem de puritano e tudo mais, a história de "2 mais 2" é algo que ultimamente até anda na moda, mas que muitas mentes irão continuar classificando como algo do mais pecaminoso possível. Porém abrindo nossas mentes, o que nos é mostrado é a famosa comédia dramática como os argentinos costumam chamar, onde rimos bastante, mas ao mesmo tempo nos colocam alguma pitadinha de drama para que exista o choque. E o resultado é satisfatório, só recomendo que veja com quem você irá ao cinema ou assistirá em sua casa.

A sinopse nos mostra que aos 40 anos de idade, o casal Diego e Emilia está bem estabelecido, com sucesso no trabalho e com um filho de 14 anos. Eles conhecem Richard e Betina desde crianças, mas este outro casal tem um estilo de vida muito diferente, preferindo a diversão. Um dia, Richard e Betina confessam a Diego e Emilia que praticam a troca de casais, e confessam que gostariam de experimentar o swing com eles. A proposta alimenta as fantasias eróticas de Emilia, mas não será fácil convencer Diego a entrar no jogo.

Pois bem, diferentemente desse Coelho que vos digita, você já leu a sinopse acima e sabe completamente do que o longa se trata, então qualquer surpresa que vá ocorrer pelo menos nos primeiros 45 minutos de filme não será quase que novidade nenhuma, tirando um ou outro ponto hilário por parte da festa inicial que o casal vai para "conhecer" como funciona a parada. Mas ao entrar no fechamento, o diretor resolve dar a pitada dramática que praticamente todas as comédias argentinas têm, e com isso o longa toma um rumo, embora cômico pela situação embaraçosa que Carla Peterson faz, bem tedioso e que se não fosse pela cena final divertida poderia terminar de forma extremamente depressiva. Algumas técnicas empregadas pelo diretor Diego Kaplan com a câmera pode-se dizer que são raríssimas em filmes de comédia, e com isso podemos até pontuar que ele se diferencia além do tema que quase não vemos no cinema, por saber usar os enquadramentos para interagir de forma diferente dos demais.

O quarteto principal de atores (vai ficar até estranho falar isso com esse tema) possui uma boa química corporal e visual entre eles, tanto que embora recue bastante no início, Adrián Suar já premedita tudo que irá fazer mais pra frente. E falando em Adrián, seus trejeitos, modo de interpretar é de uma forma tão bacana que consegue passar exatamente o pensamento que muitos podem ter sobre o tema e com isso, assim como ocorre logo na cena inicial que leva um prêmio e não agradece o amigo, ele é o ponto forte da trama e não deve agradecer a ninguém mais por isso também. Juan Minujin faz algumas cenas de forma bem interessante, mas nas cenas que necessitam mais de sua eloquência visual, ele parece se perder e soltar sempre um bordão, de forma que na última vez que fala você já nem aguenta mais ouvir aquilo. Julieta Díaz é a atriz oscilante, e não falo isso com um ar negativo, pois conseguiu passar todos os sentimentos possíveis em um único filme, e isso é excelente, só esperaria um pouco mais de expressão na sua cena de virada, que soou falsa. Carla Peterson é outro ponto fortíssimo da trama de tal forma que ganhou o "Oscar" argentino como melhor atriz por esse filme, sua forma sedutora nas cenas que precisa se contrapõem de tal forma ao momento que entra em fúria que não tinha outra forma a não ser agradar com o que ela faz. Dos coadjuvantes, alguns possuem no máximo uma fala e nem tentam ajudar para que fossem lembrados, valendo apenas citar Alfredo Casero que possui um tino cômico bem interessante que poderia ter sido mais bem aproveitado, mas como o longa não era dele acabou ficando apenas de segundo plano.

Os cenários escolhidos para o filme poderiam ser bem mais econômicos pelo temo tratado caso o diretor quisesse que se passasse somente em quartos e tudo mais, porém optou em trabalhar com lugares bem chiques e trabalhados no visual que agradam bastante, de forma que até a própria clínica e as cirurgias que estão fazendo acabam sendo bem enquadradas e rebuscadas, mostrando que a equipe de arte fez um excelente trabalho. A fotografia apenas poderia ter sido mais aberta e menos luminosa em diversas cenas, mas isso é questão de gosto pessoal, o que não atrapalha em momento algum o que queriam passar com o longa.

O gosto musical, embora tenha sido preciso em alguns momentos com a situação da trama, poderia ter sido trabalhado um pouco mais para que não soasse simples demais, o que faria o tema menos inoportuno e mais rebuscado, dando outra visão para tudo.

Enfim, é um filme que diverte bastante, mesmo que passe um pouco de vergonha, mas que por ser de tema com difícil aceitação, talvez não tenha feito um sucesso maior. Aqui no interior, por exemplo, só veio aparecer agora por meio do Cinecult, ou seja, muitas cidades nem irão ver ele nos cinemas e muito menos em um canal aberto pelo tema. Então quem quiser ter uma pitadinha cômica nesse tema tão comentado ultimamente, é só aguardar e alugar em breve nas locadoras. Não é nenhum filme que você tenha de se desesperar para ver, mas vale pelo menos pelas boas cenas cômicas. Fico por aqui nessa semana, mas amanhã, ou melhor, hoje afinal já estamos na quarta-feira, já tem pré-estreia por aqui, então abraços e até mais tarde com mais um post pessoal.


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O Som ao Redor

6/24/2013 12:00:00 AM |

Eu tenho como preferência filmes que seguem a tríade tradicional do cinema com começo, meio e fim, não importando a ordem que apareça, por isso alguns filmes que gostam de chocar largando um final aberto para discussões geralmente não costumam me agradar. Seguindo por essa linha, depois de quase seis meses que foi lançado comercialmente, eis que surge nos cinemas do interior "O Som ao Redor" que consegue até segurar bem a trama de suspense, causando um estranhamento do público em geral pela linguagem usada e principalmente pelas atuações estranhas, mas quando estamos esperando uma finalização condizente com tudo que nos foi apresentado, simplesmente o diretor resolve encerrar a trama de forma bem aberta, sem encerrar qualquer uma das situações que criou.

O filme nos mostra que a presença de uma milícia em uma rua de classe média na zona sul do Recife muda a vida dos moradores do local. Ao mesmo tempo em que alguns comemoram a tranquilidade trazida pela segurança privada, outros passam por momentos de extrema tensão. Ao mesmo tempo, casada e mãe de duas crianças, Bia tenta encontrar um modo de lidar com o barulhento cachorro de seu vizinho.

A ideia "politica" que o filme tenta passar do grupo de seguranças nem tanto me afetou por estar acostumado com isso, não sei o motivo de tanto falatório por aí, afinal desconheço cidades que não possuem esses guardinhas de rua que sempre aparecem quando acontece alguma coisa estranha na rua ou no bairro. Outro fato social envolvendo os empregados com patrões também tenta ser mostrado como fato constrangedor, mas é colocado de forma tão comum que vemos todos os dias nas casas que não espanta também. O fato é o filme se tivesse se apegado mais no ficcional e não tentado ser algo da vida comum talvez agradasse bem mais o espectador que foi ao cinema ver. Não digo que é uma história ruim, mas tudo acontece de forma tão devagar que o filme de 131 minutos aparenta ter muito mais, mesmo não cansando pela linguagem usada, mas vai rodando tudo de maneira que não vai acabar nunca e quando já estamos com tudo pronto para um gran-finalle, o diretor Kleber Mendonça Filho, que é ex-crítico e por isso acredito o tão grande lobby que fizeram de seu filme, simplesmente encerra o longa sem explicar nada do que ocorreu nas três histórias principais, largando o espectador abandonado com uma namorada que evapora após aparecer para a família mesmo depois de uma cena extremamente romântica, uma bomba entre os seguranças e o grande chefão do bairro, e uma explosão de bombas reais contra o cachorro. Ok, que podemos tirar enormes conclusões de cada fato, mas cadê a opinião do diretor? Pode parecer uma forma cômoda de assistir filmes, porém prefiro sempre ver a opinião formada do realizador à largarem a deriva um filme.

As atuações oscilam demais, desde medíocre até as sensacionais formas. Tudo bem que como disse o diretor quis passar algo como o mais natural possível, mas a maioria que estava ali presente são atores conhecidos até por alguma participação. Irma Brown pode até ser sua primeira aparição num filme, mas se depender do empenho que teve, apenas seu corpo nu serviu pra algo no filme, pois mais parecia estar lendo o texto nos momentos que falava do que estar atuando. Sebastião Formiga trabalha bem, dialoga bem, mas em algumas cenas aparenta ser simples demais para um personagem que poderia decolar, à exemplo da cena do apartamento que faz cara de de paisagem. Maeve Jinkings é uma das melhores no filme, apesar da cena desnecessária da máquina de lavar roupa, consegue passar bem o drama que é ouvir o barulho de cachorros chatos na vizinhança. E claro Irandhir Santos que não erra nunca, mesmo tendo um papel "simples" acaba sempre fazendo boas caras e interpretações encaixadas para todas as cenas. W.J.Solha também agrada como o patriarca que manda no bairro, mas ficou aberto demais seu papel, até a última cena, poderia ter sido mais bem usado. Os demais atores nem compensa falar muito, pois acabaria falando mais mal do que bem do filme.

O visual do filme é interessante, bem trabalhado e mostra de forma interessante uma rua no Recife que parece ter vida própria, mas que vive praticamente todas as emoções e conflitos que estamos habituados a conviver em nosso dia a dia. O interessante é que como o diretor soube trabalhar magnanimamente com o som, tudo parece ter vida própria, até mesmo uma máquina de lavar como disse acima. A cena tão exibida em pôsteres pela internet do protagonista sob a cachoeira de sangue, não consegui infelizmente linkar a nenhum sentimento a não ser pela bela fotografia nessa cena, pois tirando isso não vi nada demais. Já que entrei nesse mérito, a fotografia do filme é impressionante, trabalhando bem tanto no escuro quanto na claridade, demonstrando que de técnica a equipe fez um ótimo trabalho.

Enfim, é um filme interessante que poderia ser bem melhor se tivessem escolhido que linha seguir e principalmente finalizasse com a opinião do diretor, não abandonando a trama para que o espectador decida o que quer que tenha acontecido em cada fato. Fico por aqui hoje, mas essa semana ainda teremos mais um atrasado por aqui e uma pré-estreia. Abraços e até terça pessoal.


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Minha Mãe é Uma Peça - O FIlme

6/22/2013 06:39:00 PM |

O que procuramos quando vamos assistir a um filme de comédia? Rir e se divertir, de preferência da primeira até a última cena correto? Pois bem, levando isso em consideração "Minha Mãe é Uma Peça - O Filme" não só cumpre com louvor, como coloca Paulo Gustavo como o melhor comediante brasileiro da atualidade. Sua história adaptada para as telonas faz com que todos que forem aos cinemas conferir o longa não saiam de lá sem rir muito, mesmo que seja apenas na cena de créditos onde mostra sua mãe, que foi a musa inspiradora para o personagem principal.

O longa nos mostra que Dona Hermínia é uma mulher de meia idade, divorciada do marido, que a trocou por uma mais jovem. Hiperativa, ela não larga o pé de seus filhos Marcelina e Juliano, sem se dar conta que eles já estão bem grandinhos. Um dia, após descobrir que eles consideram ela uma chata, resolve sair de casa sem avisar para ninguém, deixando todos, de alguma forma, preocupados com o que teria acontecido. Mal sabem eles que a mãe foi visitar a querida tia Zélia para desabafar com ela suas tristezas do presente e recordar os bons tempos do passado.

A história mostrada é bacana, mas acredito que se não tivessem focado tanto em alguns pontos dramáticos e cortassem a quantidade exagerada de inserts desnecessários, teríamos uma comédia das melhores do mundo, pois realmente tudo embora exagerado é muito engraçado. Mas como preferiram dar uma enchida de linguiça no texto do Paulo Gustavo para que ficasse um longa de 85 minutos, algumas cenas acabam acontecendo e você fica se perguntando o porquê de terem colocado aquilo. A direção do estreante em longas André Pellenz é bem feita, abusando bastante de closes no protagonista e trabalhando bem em conjunto com a equipe de arte para retratar de forma correta o ambiente em que vive a família de Dona Hermínia, e com isso o diretor não só acerta a mão como deve conseguir botar muitos olhos no seu nome, afinal como a peça de Paulo já foi vista por mais de 1 milhão de pessoas, o longa deve seguir também por essa linha.

No quesito atuação poderia passar o texto inteiro somente falando o nome de Paulo Gustavo, afinal o personagem de Dona Hermínia já podemos dizer que é uma parte dele, de forma a ter trejeitos próprios, diálogo afiado perfeito e tudo que um ator poderia fazer para ser considerado um comediante de primeira linha. Rodrigo Pandolfo faz bem também seu papel, um pouco exagerado em algumas cenas, mas deve ter agradado fazendo o papel real do próprio Paulo, aqui diria que foi bom, mas aguardem que no seu próximo filme ele está perfeito. Mariana Xavier ficou exagerada no papel de gordinha devoradora de tudo, que até consegue emocionar na sua cena dramática, mas poderia ser mais sutil em algumas cenas, no geral acaba sendo divertido algumas coisas que faz, mas sempre pecando pelo excesso. Herson Capri faz mais um papel inútil no cinema, de maneira que precisavam de um marido para o filme e ele entrou e ficou, conseguindo somente nas suas cenas finais mostrar ao menos um pouco de interpretação, mas no geral foi fraquíssimo. Ingrid Guimarães nos momentos em que aparece consegue fazer um papel que com toda certeza poderia ser utilizado para seus filmes, pois ficou mais com sua cara essa perua aqui do que a empresária louca que costuma fazer, agrada no geral, mas como seu papel não possui tanta importância para o filme, acaba saindo de cena quase que a todo momento. Os demais atores coadjuvantes conseguem servir de base para que Paulo tenha com quem desfiar seu texto e acabam agradando também sem atrapalhar muito, valendo destacar claro Suely Franco que é a presença mais próxima durante todo o filme e tirando sua cena inicial dançando Sandra Rosa Madalena, o restante que faz é de muito boa valia.

A equipe de arte teve um trabalho bem interessante para não pecar em objetos de cena, tanto que tudo aparenta estar colocado com motivo lógico até mesmo os mais pequenos bibelôs. Tanto que numa cena de discussão com sua irmã tudo é bem relatado dando motivo para cada móvel. Além disso, souberam muito bem criar uma casa de família classe média baixa sem exagerar em clichés. A fotografia até que não teve tanto trabalho, pois como a maioria das cenas foram sempre trabalhadas ou com closes ou com planos médios, a iluminação tradicional caiu bem para a trama. Nas cenas fora do contexto que falei que poderiam ser tiradas, devem ter as mantido por aparentam ser a de maior trabalho tanto da equipe de arte quanto da fotografia com nuances em tons pastel que ficaram bem bonitos, mas que são apenas isso, descaracterizando o lado cômico maior que a trama poderia ter ficado.

Enfim, é uma comédia com C maiúsculo que quem quiser rir bastante com toda a caracterização que Paulo Gustavo faz das maiores preocupações que toda mãe tem, deve correr para uma sala de cinema e conferir. Além disso, levem suas mães, pois com certeza elas irão se reconhecer em diversos momentos, só não vão falar no meio do cinema o típico "tá vendo, você faz isso" e deixem para ter uma DRM(Discussão de Relação Maternal) em casa, após rirem bastante juntos. Como disse, é uma pena alguns deslizes, mas que fazendo a conta se tivessem sido removidos não teríamos um longa e sim um média-metragem, então quem sabe num segundo filme, já que esse deve dar muita bilheteria, podem melhorar tudo isso. Fico por aqui hoje com a última estreia do fim de semana no interior, pois como disse fomos novamente boicotados pelas distribuidoras Paris Filmes e Imagem Filmes, mas amanhã estarei conferindo um dos atrasados que resolveu dar as caras por aqui. Abraços e até amanhã.


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Universidade Monstros em 3D

6/22/2013 12:57:00 AM |

Vamos falar o português claro, a Pixar estava nos devendo um filme de roteiro bem traçado há muito tempo, e quando falamos em fazer algum prelúdio de uma história tão bacana, quiçá uma das melhores do estúdio, que foi "Monstros S.A.", a expectativa ficou no mínimo num nível bem alto. Pois bem, hoje claro que não iria perder de forma alguma a estreia de nossos amados Mike Wazowski e James P. Sullivan em seu ingresso na "Universidade Monstros", afinal não é todo dia que se conhece como viraram os grandes profissionais da empresa que tão bem defenderam no primeiro filme. E o resultado do que vi posso dizer que foi satisfatório, principalmente no quesito roteiro entregue pelo estúdio de nome tão famoso, pois diverte bastante e consegue fazer todas as ligações do primeiro filme de forma bem interessante.

A sinopse nos mostra que Mike Wazowski e James P. Sullivan são uma dupla inseparável em "Monstros S.A.", mas nem sempre foi assim. Quando se conheceram na universidade, os dois jovens monstros se detestavam, com Mike sendo um sujeito estudioso, mas não muito assustador, e Sulley surgindo como o cara popular e arrogante, graças ao talento inerente para o susto. Após um incidente durante um teste, os dois são obrigados a participarem da mesma equipe na olimpíada dos sustos. A equipe, por sinal, é formada por uma série de monstros desajustados, para o desespero de Sulley, acostumado a conviver com os caras mais populares da escola.

A história consegue cumprir com o requisito de todos os roteiros que são feitos para explicar de onde surgiram algumas coisas do filme original, mas pra que isso ocorra, de forma alguma a equipe de roteiro precisou ficar explicitando algo. Acabando que temos muitas coisas divertidas, bem colocadas e totalmente novas, deixando o longa bem independente, e porque não dizer engraçado e meigo. A ideologia interior de personalidades dos personagens também é algo bem forte na trama e fica interessante de ser observada em cada um para nos familiarizarmos melhor com todos e claro acabar torcendo pra tudo dar certo, claro que fazia tempo que não via crianças festejando tanto uma conquista num jogo de monstros, mas até aí tudo bem, pois afinal a ideia da Pixar sempre foi essa. Se preparem para muitos "ownnnn que cuti, que fofo", desde o curta "O Guarda Chuva Azul" que já começa emocionando muito e logo em seguida para o pequenino Mike entrando em cena. Além disso, o diretor Dan Scanlon que assume seu primeiro longa animado (antes fez apenas o curta "Mate e a Luz Fantasma") consegue junto da equipe de roteiristas mixar numa animação vários filmes com o tema rixas/competições universitárias que já vimos em muitos outros filmes da melhor maneira para que não ficasse tão cliché. E isso acaba nos conduzindo para realmente empolgarmos com o que é mostrado, torcendo sempre para os mais fracos.

Uma coisa incrível dentro da Pixar é o tratamento de imagens e porque não dizer também de personalidade que dão para cada personagem individual, tanto que em momento algum conseguimos identificar dois personagens em cena ou até mesmo no filme inteiro que seja exatamente igual o outro, até mesmo as monstras de três olhos vermelhos conseguem ser diferentes entre si. E com esse primor, conseguimos ficar bem próximos e nos afeiçoar com cada um. Mike mostra para a garotada que vale muito estudar para conseguir mesmo os objetivos mais difíceis, e passa isso mesmo se divertindo também. Sulley dá a lição que mesmo os fortões têm coração e podem precisar de alguém para ajudar. E por aí vai até nos sendo apresentado o motivo da rixa entre Sulley e o vilão Randy do filme anterior. Os personagens secundários também agradam bastante, tendo cada um sua característica interessante, mas ficar analisando cada um levaria horas aqui, apenas vou me conter dizendo que ainda não entendi o fato de tanta propaganda para o Michel Teló que aparece dublando um cantor em 5 segundos de filme, ou nem isso. E falando em dublagem, os dubladores brasileiros mandaram muito bem colocando piadas características e fazendo a garotada toda do cinema ficar falando que o outro é mané.

Outro fato excelente, e que o 3D realça muito bem, é o visual completo da trama, muitos aqui já sonharam ou até mesmo sonham em entrar em faculdades públicas pelo fato de ter salões imensos, aulas em estruturas grandiosas, e claro as ligações inter-campus que muito nos é mostrado em diversos outros filmes, e aqui na animação não esqueceram nenhum detalhe de nada, tudo é bem colocado, e aliado a um 3D de profundidade (felizmente, pois estava esperando que fosse voar coisas a todo momento) que soube incorporar tanto o cenário quanto os personagens que estão contidos na cena, fica tudo ainda maior. Claro aqueles que gostam que tudo voe em direção aos seus olhos irão ficar decepcionados com o 3D do longa, mas inegavelmente a amplitude dos cenários que ele consegue dar, é algo a se notar. Além disso, as texturas estão interessantes, mas ainda não tão relevantes como no original que mesmo sem 3D dava quase para passar a mão em Sulley de tão macio que eram seus pelos.

Enfim, é uma animação bem feita e que faz a Pixar sonhar novamente em querer brigar por prêmios, afinal ainda não me convenci 100% de que "Valente|" era o melhor desse ano. Claro que esperava um pouco mais, afinal o original é até hoje uma das animações que mais gosto de assistir, mas nem por isso me decepcionei com o que vi aqui. No geral recomendo para todos, mas com a seguinte ressalva para os pais que forem levar seus filhos ao cinema: "Dê algum brinquedo do filme para que fiquem segurando, pois senão eles ficarem pedindo durante a sessão inteira, vai ter gente na sala querendo fazer picadinho do seu lindo filho!" #FicaAdica. Fico por aqui hoje, mas essa semana está bem recheada por aqui, nem tanto pelas estreias que fomos novamente boicotados no interior pela Paris e Imagem Filmes, mas por outros atrasados que chegaram por aqui. Então teremos muitos posts novos, deixo meu abraço aqui e aguardem os demais posts.

PS: Alguns críticos disseram ter cena extra pós-créditos, como não havia lido nada e pra variar acenderam todas as luzes iluminando até a alma, acabei não ficando até o final para ver e passados 5 minutos que já havia acabado a animação dos créditos finais eu saí da sala, quem sabe quando for rever o filme irei aguardar mais para saber do que se trata.


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Antes da Meia Noite

6/15/2013 01:02:00 AM |

Nem tenho muito que falar sobre "Antes da Meia Noite", afinal o filme de 108 minutos é inteiro dialogado, então dizer qualquer coisa sobre ele seria repetir demais tudo que ocorre. O que posso resumir é que em praticamente 90 desse total o casal está sob uma DR(Discussão de Relacionamento) muito bacana daquelas que qualquer vizinha fofoqueira adoraria estar na janela, no nosso caso na poltrona do cinema, assistindo de camarote tudo que ocorre. Embora você deva estar pensando nossa, mas tudo isso sem pausa para um refresco, exatamente, o longa não desliga as falas dos protagonistas nem por um minuto sequer, e isso é bacana, pois acabaria cansando um longa apenas pautado nisso com pausas. Outro ponto que tenho certeza que irão perguntar é: Coelho eu não assisti nenhum dos dois filmes anteriores da trilogia, posso assistir só esse ou preciso ver os demais. Respondo que pode ver sim, separadamente, pois em diversos momentos durante a discussão o casal cita o que ocorreu nos demais, mas se tiver visto fica mais rápido a assimilação. Para ajudar quem não viu os dois anteriores ou quem apenas não lembra muito, vou colocar as três sinopses que o nosso parceiro AdoroCinema fez no site deles abaixo.

Antes do Amanhecer (1995) começa com dois jovens dentro de um trem, escutando um casal brigando. Eles acabam conversando sobre esse incidente, e se apresentando: ele é Jesse, um americano viajando pela Europa depois de uma ruptura amorosa. Ela é Celine, uma estudante voltando para Paris. A conversa flui tão naturalmente que, quando chega a hora de Jesse descer, ele convida Celine a passar o dia com ele, em Viena. Ela aceita e, juntos, os dois caminham pela cidade austríaca, falando com bastante franqueza sobre sexo, amor, morte... Os dois se apaixonam e fazem uma pergunta: Será que devem se encontrar novamente? Trocar telefones e manter um relacionamento à distância? Eles preferem marcar uma data: dentro de seis meses, voltarão a se encontrar na mesma estação de trem em Viena.

Antes do Pôr-do-Sol (2004) ocorre nove anos após o primeiro filme. Jesse, agora um escritor renomado, está apresentando seu novo livro em Paris, contando justamente a bela história de amor vivida com Celine. A garota aparece na livraria, dizendo ter lido o livro. Jesse tem um avião marcado de volta aos Estados Unidos, e pode ficar apenas mais uma hora na cidade. Eles decidem então caminhar pela capital francesa, falando sobre as mudanças em suas vidas. Agora Celine trabalha em uma organização pela defesa do meio ambiente, e namora um fotógrafo. Jesse está casado, tem um filho, mas vive um relacionamento infeliz. Os dois não demoram para perceber que ainda têm sentimentos um pelo outro. Na casa de Celine, ela apresenta uma música que compôs, sobre - adivinha? - sua noite vivida com Jesse.

E agora que já leram sobre os outros dois e já sabem tudo o que ocorreu nos últimos 18 anos que se passaram desde o primeiro filme, o filme "Antes da Meia-noite" nos mostra que Jesse e Celine estão casados, e têm duas filhas gêmeas. Eles são convidados por um escritor grego a passar férias no sul do Peloponeso e levam toda a família para 30 dias de sol e descanso em companhia de um casal de amigos. Quando a viagem chega ao fim, os dois finalmente encontram um tempo longe das crianças para lembrar os bons tempos em que passeavam, conversando. Eles percebem que seus últimos anos foram dedicados à família, ao trabalho, e muito pouco ao casal. Durante uma noite em um hotel, Jesse e Celine admitem que o relacionamento está em ruínas. Depois de tanto tempo juntos, ainda existe uma maneira de trazer novidade e interesse ao amor entre os dois?

Embora tenha demorado todo esse tempo para completar a trilogia, a condução que o diretor faz agora se aparenta muito com a do primeiro filme, com a pequena diferença que os atores estão mais velhos, mais experientes e claro muito mais envolvidos com a trama toda. O roteiro também veio amadurecendo e aqui está bem interessante de tal forma que na maioria das cenas, o diretor e roteirista Richard Linklater pode fazê-las em plano-sequência impressionando tanto pela qualidade técnica que acabou ficando quanto pela segurança dele com os dois protagonistas, pois errar um plano desse tem de ser gasto muito dinheiro refazendo. E pelo que foi repassado o longa foi filmado apenas em 18 dias, ou seja, não houveram praticamente falhas, conseguindo um resultado excelente. E como disse no início, o longa tem um ritmo bem bacana e que faz todos ficarem bem interessados por tudo que ocorre.

A atuação do casal já falei e repito está perfeita, ainda mais por tantos planos-sequência que faz qualquer ator por melhor que seja sair de uma tomada morto de cansaço. Ethan Hawke faz um papel preciso que em muitos momentos nem parece que esta atuando de tão bom que é, aparentando realmente estar casado e tendo toda a discussão que 18 anos juntos acabam acontecendo. O mesmo podemos dizer da brilhante atuação de Julie Delpy que está precisa e principalmente nos momentos de maior exaltação se porta com o tom perfeito. Ou seja, se você quer aprender como uma boa atuação deve ser, e principalmente manter o tom num plano-sequência, a recomendação é correr pra onde o filme estiver passando.

O visual da Grécia nem foi tão trabalhado para mostrar mais coisas, afinal o foco aqui é quase que integral nos atores, mas nos momentos em que o diretor nos dá um alívio dos rostos dos personagens, o que ocorre bem pouco, conseguimos ver cenários bem montados e adequados para deixar o longa ao mesmo tempo romântico e tenso para a situação do casal.

Enfim, é um filme que precisa ser mais visto do que falado e comentado, uma verdadeira obra perfeita, feita na medida para agradar quem gosta de um bom filme de diálogos. Porém se você não for extremamente fã de filmes embasados em roteiros, preferindo mais ação e cenografia, fuja, pois não garanto que vá gostar. Eu como um bom amante de textos bem interpretados adorei tudo que vi, e me diverti demais com as discussões dos protagonistas. Recomendo ele demais e só gostaria mais um pouco se os diálogos fora dos protagonistas não fossem tão abertos, por exemplo na cena que só estão os homens presentes, acabou sendo uma cena tão aberta que se fosse cortada não atrapalharia em nada a história. Agora é aguardar a continuação que seguindo os mesmos preceitos deva aparecer somente em 2022. Fico por aqui com a única estreia mesmo dessa semana, afinal "Além da Escuridão" já vimos há duas semanas e os demais filmes as distribuidoras Imagem Filmes e Paris Filmes boicotaram o interior para variar. Abraços e até sexta que vem pessoal.


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O Quarteto

6/12/2013 12:42:00 AM |

Ultimamente grandes atores têm saído de frente das câmeras para atacar atrás delas, e o melhor é que não andam fazendo feio de forma alguma, muito pelo contrário, todos têm mostrado que aprenderam muito com outros grandes diretores. O mais novo exemplo é o grande Dustin Hoffman que consegue fazer de "O Quarteto", uma surpresa agradável e deliciosa de assistir, emocionando a todo momento com sutilezas e simplicidades que jamais esperaria ver num filme desse estilo. Ele poderia atacar a história de várias maneiras, afinal tinha tudo para ser um dramalhão do melhor estilo, mas preferiu ser dócil e botar toda a comédia que conhece tão bem para frente de um tema mais do que polêmico que é a vida sadia na terceira idade, ainda mais num lugar cheio de egos a flor da pele.

O longa nos mostra que Cissy, Reggie e Wilfred vivem em um lar para músicos aposentados. Diversas personalidades famosas, hoje aposentadas, convivem juntas, treinando seus dotes musicais e relembrando os tempos de sucesso. Todos os anos a casa realiza um concerto para recolher fundos que permitem a sobrevivência da instituição. A celebração, é claro, é feita com apresentações musicais. Porém, quando Jean, ex-esposa de Reggie, integra a casa de repouso, a harmonia do local é quebrada. Enquanto os organizadores da festa vêem na presença de Jean uma oportunidade única de refazer o famoso quarteto que interpretou Rigoletto, com Cissy, Reggie e Wilfred, a nova habitante recusa-se a cantar. As amizades e os amores de antigamente são questionados na tentativa de convencê-la.

A história do brilhante Ronald Harwood embora seja bem simples é minimalista em diversos aspectos, onde qualquer diretor que quisesse poderia fazer pelo menos uns três filmes diferentes, usando somente o mesmo esqueleto, mas por sorte do destino acabou sendo escolhido para ser a estreia de Hoffman na direção, que pode abusar de um lado mais emotivo da história, sem precisar transformá-la num drama pesado, usando apenas a própria comicidade que é o "fim" da vida para artistas ao se aposentarem e irem todos para uma mesma instituição. O mais interessante da trama é que mesmo o terceiro ato sendo um pouco delongado com todas as apresentações dos velhinhos, ele acaba se tornando charmoso e emociona completamente com sua finalização. Com isso Hoffman mostra que possui uma boa mão para dirigir roteiros desse estilo e quem sabe não vire um novo Woody Allen?

As atuações estão maravilhosas e não tiraria o mérito de nenhum ator do elenco, onde até mesmo os que menos aparecem tiveram uma ótima parcela de emoção com tudo que fazem na tela, representando da melhor forma a velhice e a aposentadoria de artistas, visto que todos praticamente estão na mesma idade dos personagens realmente, ou seja, a única diferença é que o asilo é para músicos e no caso temos atores ali nos fazendo emocionar com tudo. Mas vamos falar um pouco sobre os principais: Maggie Smith conseguiu sua indicação ao Globo de Ouro por esse filme e não é por menos, está divina com uma atuação cativante e bem colocada, mostrando que ego de artista pode ser mantido até mesmo na velhice. Pauline Collins conseguiu mostrar o que o Alzheimer é de tão doloroso para as pessoas que estão próximas delas, foi emocionante, comovente e tudo mais que possa falar da atriz, uma graça de atuação aliada à uma fofura de atriz. Tom Courtenay consegue passar toda seriedade possível para seu personagem de forma a até em alguns momentos ficarmos nervosos com o que faz, mas tem uma ótima finalização, além de ser perfeito como palestrante para jovens, explicando exatamente qual o sentimento de uma ópera. Billy Connolly achei que já tinha ido até pra vala, afinal fazia muito tempo que não via uma grande atuação sua, e aqui seu papel é hilário, perfeito e tudo mais que pudesse dizer, encaixando de uma forma incrível com todos aqueles velhinhos que rimos de ver chegando em todas, mas que não tem mais tanta bala na agulha. Enfim, como disse timaço de atuação.

O visual do longa foi bem trabalhado e mesmo ficando praticamente todo num único local, a equipe de arte conseguiu colocar pontos interessantes para a trama completa e o fato do show de talentos no final ser no mesmo local me agradou bastante mesmo ficando mais simples do que poderia ser, mostrando que a situação financeira da instituição que mesmo estando num lugar maravilhoso, é precária. Todos os elementos cênicos condizem com a realidade da produção, tudo em baixo custo, com instrumentos desafinados e tudo mais que possa demonstrar a decadência da instituição. A fotografia não só soube dar um show, como trabalhou de forma magistral, as cenas externas, principalmente na cena embaixo da árvore é maravilhosa no quesito iluminação, de forma a emocionar totalmente já ali.

O gosto musical escolhido é de um requinte ótimo, afinal estamos falando de uma casa de repouso de ex-músicos, e como esse ano entrei mesmo em diversas óperas passei a gostar mais ainda do estilo clássico que é mostrado muito bem aqui nessa produção.

Enfim, uma estreia mais que perfeita para Dustin Hoffman na direção, com um elenco maravilhoso e que fez um filme excelente. Recomendo muito que todos vejam, aqui está passando no Cinecult, afinal a estreia nacional foi a 90 dias atrás, ou seja, logo estará nas locadoras para que todos assistam. Meu único pesar mesmo é que a Diamond não estreou aqui em Março, já que veio com poucas cópias e poderiam ter agilizado, mesmo que bonito o terceiro ato, mas só tirando isso tudo é mais do que perfeito. Encerro aqui hoje, me preparando tristemente para apenas um filme na semana que vem, ou seja, teremos poucos posts por aqui. Fiquem com meus abraços e até breve com a única estreia por aqui.


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O Grande Gatsby

6/08/2013 09:05:00 PM |

Quando soube há alguns anos que iriam refilmar "O Grande Gatsby" fiquei um pouco propenso pros dois lados, visto que o original de 1974 embora seja bem bacana tem uma dinâmica bem lenta que acaba cansando bastante, então quando soube que seria Baz Luhrmann que adaptaria a história original de F.Scott Fitzgerald já comecei a esperar algo bem mais chamativo, visto que o diretor sempre fez coisas mais dinâmicas e bonitas também. Porém hoje após conferir, o que podemos observar é que o diretor fez um mix de seus melhores filmes "Moulin Rouge" e "Austrália", colocando o brilho e dinamicidade do primeiro, e toda a questão dramática com direito a vários possíveis finais do segundo. Não posso dizer que não gostei, pois achei muito bonito e envolvente, mas nem toda a movimentação de câmera que o diretor empregou conseguiu deixar a história menos cansativa do que no original.

O longa nos mostra que Nick Carraway (Tobey Maguire) tinha um grande fascínio por seu vizinho, o misterioso Jay Gatsby (Leonardo DiCaprio). Após ser convidado pelo milionário para uma festa incrível, o relacionamento de ambos torna-se uma forte amizade. Quando Nick descobre que seu amigo tem uma antiga paixão por sua prima Daisy Buchanan (Carey Mulligan), ele resolve reaproximar os dois, esquecendo o fato dela ser casada com seu velho amigo dos tempos de faculdade, o também endinheirado Tom Buchanan (Joel Edgerton). Agora, o conflito está armado e as consequências serão trágicas.

A sinopse em si já diz praticamente tudo o que se pode esperar do filme, sem nenhuma reviravolta qualquer, temos tudo bem apresentado na mais antiga forma tradicional de cinema, com apresentação dos personagens, execução/conflito e finalização. Porém como já é tradicional de Baz, a finalização aparenta acontecer umas duas vezes, mas como já havia assistido o filme de 74 imaginei que não acabaria na primeira vez, esperando o fechamento correto. O exagero no início da câmera viajando entre os dois lados, confesso que me incomodou bastante, claro que mais pra frente entendemos a simbologia que o diretor quis passar, mas na terceira vez que ocorre você já começa a ficar entediado. Um ponto que agrada sem dúvida alguma está na montagem usando trechos do livro sendo escritos na tela e isso aliado ao 3D ficou muito bacana de ser visto. Poderiam ter dinamizado um pouco mais o filme tirando algumas cenas alongadas demais, porém não li o livro, mas me disseram que o diretor foi um pouco mais fiel a obra de Fitzgerald e com isso muita coisa nova foi apresentada além do que já apareceu no clássico de 74. A história em si é bacana, tem uma boa reflexão das classes sociais, e até é bem introspectivo nesse quesito, o que acaba agradando e ao mesmo tempo cansando em alguns momentos.

Um dos grandes shows que a obra nos proporciona é no trabalho de atuação dos atores, que fazem de tudo para a trama estar impecável e bem representada. Leonardo DiCaprio deve dormir no formol, pois aparenta que saiu de Titanic e já entrou em Gatsby, e se passaram 16 anos entre os dois filmes, porém ouve uma grandiosa mudança no seu jeito de interpretar, pois agora ele domina a tela de tal forma que suas palavras parecem poemas entonados soando sempre numa linha tênue e até no seu momento mais irritadiço ele faz com uma classe ímpar. Tobey Maguire nem parece mais o ator fraco que fez "Homem Aranha", tendo uma personalidade própria para seu personagem aqui que ao mesmo tempo que soa cômico em algumas cenas, em outras consegue mostrar todo seu potencial para os diálogos bem interpretados. Carey Mulligan também vem numa crescente ótima e consegue fazer um papel impecavelmente doce e interessante de forma a chegar num clímax no melhor momento da trama. Isla Fisher praticamente possui apenas três cenas, mas têm um domínio de personagem impecável e um fechamento que simplesmente mereceria ser citado com toda certeza. Joel Edgerton está tão diferente de seus outros papéis que quase não o reconheci, não pela ótima forma de atuar, mais pelo visual em si, pois ele mantém seu tom bem interessante do início ao fim, agradando  bem na medida. Jason Clarke faz um papel intrigante, pois nas suas primeiras cenas faz um homem tão irreal que está sendo chifrado na cara e não percebe que até irrita, mas ao entrar no clímax da história faz a cena com toda força dramática possível que impressiona bastante. Elizabeth Debicki é uma atriz nova, mas faz suas poucas cenas de forma bem bacana e com isso agrada também. Enfim, poderia falar mais de muitos outros, mas como o longa se prende praticamente nesses sete, o restante vamos preferir considerar apenas como figuração de luxo os que possuem fala.

Agora o ponto que mais vale a pena ser conferido numa boa sala de cinema é o visual da trama, ambientado numa época luxuosa, a direção de arte não economizou um dólar sequer para fazer os quatro cenários por onde o filme se passa encantar com tudo que tivesse e até mesmo o bar antigo e o apartamento aonde vão conseguem ter seu charme. A primeira festa que ocorre na casa de Gatsby é de um esplendor que muitas produções devem até assustar, contando inclusive com pirotecnia e chuva de papéis. Além disso, todo um figurino bem trabalhado na época, que talvez até tenha pecado um pouco pois acredito que tenham saído um pouco dos anos 20, mas nada que atrapalhasse o luxo. A fotografia é algo que não conseguimos tirar os olhos de toda a paleta de cores que utilizaram para a trama, variando desde o mais escuro para os momentos tensos até a cor mais vibrante nas grandiosas festas, passando nesse intervalo por tons mais pastéis nas atrizes para dar um ar mais terno nelas. A questão do 3D é até interessante, mas não necessária para a trama, pois não muda em nada na história dramática dando profundidade apenas em algumas cenas mais lotadas de figuração e só.

As canções escolhidas para o filme foram muito bem selecionadas, agradando bastante pelo gosto musical, tornando um CD de trilhas daqueles que muitos irão querer por contar com versões diferenciadas de músicas já conhecidas. Além disso, nos momentos mais tensos, a trilha original também segura bem o ritmo.

Enfim, é um filme bonito, com uma história interessante e cheia de pontos de classes sociais, porém demonstra uma preocupação maior em ser visualmente bem produzida do que ser bem executada, e claro que se os atores não dominassem bem os diálogos, com toda certeza o filme acabaria mais monótono ainda. No geral gostei do que vi, mas poderia ter economizado assistindo numa sala comum ao invés de uma 3D, pois não senti nenhuma diferença, contrariando o ótimo trailer que estava na tecnologia. Vale principalmente para quem não viu o antigo e praqueles que gostam de um bom drama. Poderia ser melhor, mas vale o ingresso pago pelo menos. Fico por aqui hoje, as estreias acabaram, mas ainda tenho de ver o Cinecult da semana passada que acabei não vendo. Abraços e até breve pessoal.


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Depois da Terra

6/08/2013 12:42:00 AM |

É interessante ver que bons artistas começam a fazer coisas diferentes quando pretendem "teoricamente" se aposentar. Por exemplo, Will Smith que já fez um pouco de tudo resolve agora atacar de roteirista e consegue criar uma ficção bem maluca para que M.Night Shyamalan, que é mais doido ainda, dirija de forma a criar algo completamente não palpável em "Depois da Terra". Falo isso, pois diferentemente de outros filmes que imaginam um futuro longínquo de nossa existência, aqui Will imagina que possa ocorrer o inverso que é a Terra dominar o homem, e do jeito que as coisas andam, acho meio difícil essa teoria. Porém se aproveitarmos ele somente como visual e entrarmos no clima de ação que a história proporciona, até que o resultado final é bem agradável.

Há mais de mil anos, o planeta Terra se tornou um lugar hostil e forçou os humanos a se abrigarem em Nova Prime, vivendo agora em naves espaciais. Depois de diversas missões, o general Cypher Raige (Will Smith) retorna à sua família e ao filho de treze anos (Jaden Smith). Mas pouco tempo após seu retorno, uma chuva de asteroides faz com que a nave onde moram caia na Terra. Com o pai correndo risco de morte, o jovem adolescente deverá aprender a se virar sozinho.

A história que Will criou e o próprio Shyamalan junto de Gary Whitta(do bacana "O Livro de Eli") adaptaram é interessante pelo fato de misturar relações familiares complexas, principalmente para quem conhece famílias de militares saberá bem o que é conviver com pessoas do tipo, uma natureza bem maluca e para temperar essa mistura toda, ainda é colocado uma ação frenética com muitos efeitos especiais. Ou seja, se você gosta desse estilo com certeza sairá satisfeito, mas se logo nas primeiras cenas não embarcar ou curtir muito, a chance de sair irritado é altíssima. O diretor acaba fazendo dessa mistura toda, um filme com uma característica um pouco diferente dos seus melhores filmes, que é a velocidade da exibição, pois aqui temos muita dinamicidade, dando um ritmo sem precedentes para o cansaço, embora tenha algumas respiradas em diversos momentos. Outro fato interessante é ele não ter optado por fazer o filme em 3D, visto que temos muitas camadas na tela e texturas interessantes para serem mostradas, mas aí é que acabo concordando com um senhor que estava ao meu lado que praticamente definiu o filme com apenas quatro palavras "Avatar sem bichos azuis", e se tivesse colocado o longa em 3D seria o próprio filme de James Cameron, com a diferença que ao invés de um general sanguinário teríamos um bichão chamado Ursa.

Outro ponto que me intrigou é no quesito atuação, pois quando vi Will e Jaden no pôster, imaginei que o pai seria dominante no filho em cena, já que é mais experiente e já fez muitos filmes bons, mas não, Jaden Smith consegue mostrar que mesmo sendo colocado na maior parte das vezes em filmes por conta de ser filho do produtor, aqui o garoto começa a mostrar um pouco mais de maturidade frente as câmeras, até tendo uma cena onde mostra que está ficando fera em expressões, claro que acharia melhor ele sem efeitos visuais, pois ficou muito feio sua cara inchada num certo momento, ainda não posso dizer que está perfeito, mas já mostra uma boa melhorada em relação à seus filmes anteriores. Will Smith está bacana, mas como passa praticamente o longa todo sentado apenas dando vozes para o filho, acaba sendo interessante apenas ouvir suas entonações e com isso podemos colocar ele como sendo quase somente um robô que nem precisaria pagar o cachê visual dele. Outro fato é a economia de atores, já que o longa praticamente é somente os dois Smith, colocando apenas alguns figurantes e as participações femininas de Zoë Kravitz, filha do cantor Lenny Kravitz, e Sophie Okonedo que não fizeram grande coisa em cena para que merecessem algum destaque.

O visual criado para o filme, foi bem construído de tal forma que ficamos muitas vezes em dúvida do que foi filmado em cenário real e o que é computação gráfica, e quando isso ocorre podemos dizer que foi um quesito executado com perfeição. Parte dessa perfeição é devido à loucura que criaram para uma Terra dominada pela vegetação e os animais, esquecendo qualquer possibilidade de vida humana por aqui. E com isso a equipe de fotografia praticamente usou só a paleta verde variando alguns tons de cinza para escurecer ou clarear um pouco as cenas. Em quesito efeitos visuais e especiais o longa também está bem trabalhado, deixando tudo com o ar mais futurista possível nas questões tecnológicas da nave e até nos materiais, visto a roupa que o personagem de Jaden usa, além claro de muitos animais computadorizados que estão presentes na trama para praticamente quem gosta de filme sem muito apreço pelo real saia deslumbrado.

A trilha sonora de James Howard, que está presente em quase todos os filmes de Shyamalan, além de ditar o ritmo frenético consegue ao mesmo tempo deixar o suspense pairando de forma bacana nas cenas mais tensas do longa e com isso acaba agradando bastante.

Enfim, é o típico filme de ficção feito para agradar mais os fãs do gênero do que ser uma história completamente nova, e embora Jaden até seja bem dirigido pelo diretor e pelo próprio pai, acredito que algum ator mais forte no quesito atuação teria dado um gás diferente para o longa. Gostei  do que vi, mas não sai tão empolgado quanto achei que sairia. Como disse no início recomendo mais ele para quem for realmente fã de coisas completamente irreais, senão acaba se tornando bem chato. Destaque de cena fica para uma das cenas cômicas do filme no final ao utilizar um sinalizador, é gargalhada certa que acaba até saindo um pouco da ideologia tensa que foi criada. Fico por aqui, mas ainda temos mais uma estreia nessa semana que veremos no fim de semana, então abraços e até bem breve.

PS: Um ponto que achei bacana e nada tem a ver com o filme, mas gostaria de expressar aqui igual fiz nas redes sociais, é o fato de ainda existirem pais que incentivam seus filhos a verem filmes legendados, como a censura desse longa é baixa, 12 anos, havia diversos pequeninos com seus pais assistindo e lendo numa boa, numa sala de tela gigante, sendo que muitos ali não tinham sequer essa idade, ou seja, acabaram de aprender a ler direito e vão ver filmes no seu áudio original, provando para as distribuidoras e redes de cinemas que ainda existem muitos que preferem isso, pois os próprios pequenos saíram correndo para avisar a projeção assim que o longa iniciou dublado.


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Odeio o Dia dos Namorados

6/05/2013 02:38:00 AM |

Se eu disser que fui assistir a esse filme com qualquer pretensão de me divertir estaria mentindo descaradamente. Confesso que quando vi que teria uma pré-estreia exclusiva da Rádio Difusora FM aqui em Ribeirão Preto, minha meta era ir de qualquer maneira, pois imaginava que pelo menos economizaria dinheiro, imaginando que pelo trailer que vi seria um lixo imenso ao estilo dos últimos filmes do diretor. Foi quando me pediram antes mesmo de entrar na sessão para maneirar na crítica, já entrei pronto definido que pra ser ruim era só passar por aquela porta da sala. Pois bem amigos do Coelho que vos digita, serei o mais sincero, afinal como já disse várias vezes nenhum filme comprará a idoneidade desse ser aqui, e saio da sessão de "Odeio o Dia dos Namorados", colocando o longa como uma das melhores comédias nacionais que já vi em minha vida. Realmente esperava completamente o inverso e ri muito já na primeira cena do filme e praticamente não parei de rir durante a sessão toda. Claro que o filme tem alguns equívocos de continuísmo, mas cumpre completamente com sua função de divertir sem faltar com nada, usando somente de boas sacadas e trejeitos da sociedade que estamos completamente acostumados a ver no dia a dia.

A sinopse nos mostra que Débora é uma publicitária que sempre privilegiou a carreira em detrimento de sua vida amorosa. Entretanto, ambas se misturam quando ela precisa trabalhar em uma importante campanha para o Dia dos Namorados cujo cliente é Heitor, seu ex-namorado, que foi dispensado por ela de forma humilhante. Diante desta situação, ela ainda precisa lidar com a inesperada visita do fantasma de seu amigo Gilberto, que tenta fazer com que ela repense a vida e descubra o que as pessoas realmente pensam dela.

A história que Paulo Cursino criou em si é bem simples, mas foi muito bem desenvolvida pelo diretor Roberto Santucci, que finalmente dá uma bola dentro e faz um filme interessante e muito divertido (deve ser porque não tem nada da Globo Filmes dessa vez né?), fazendo uso, claro, de piadas algumas até exageradas, mas que cabem no filme. Haverá também aqueles que vão acusar de clichês alguns trejeitos de personagens e tudo mais, porém como a construção de época foi bem encaixada, afinal quem viveu ou teve alguma tia na época que voltam na adolescência da protagonista irá lembrar perfeitamente como tudo aquilo era bizarro, principalmente com a versão musical que arrumaram para fechar o filme (outro parênteses: eu lembrava que a banda era ridícula, mas que cantavam em portunhol ruim! Foi reviver um passado que preferiria não ter voltado pra minha cabeça e que vai ficar no meu cérebro ecoando pela eternidade a música). O interessante tanto na história quanto na direção é que mesmo tendo clichês e situações bizarras, souberam colocar em doses homeopáticas para que o filme não ficasse grosseiro e com isso a diversão acaba saindo melhor do que esperada.

A atuação da dupla principal é uma química que o cinema nacional estava devendo há tempos. Heloísa Périssé finalmente acha um personagem no nível bom que tinha em "Sob Nova Direção", claro que falo dos primeiros episódios, aparentemente está bem mais madura no cinema e acaba nos divertindo muito mesmo tentando ser durona nas cenas que precisa, algumas feministas dirão que ela exagera, mas conheço muitas do estilo. Já vi Marcelo Saback muitas vezes escrevendo, algumas atuando, mas aqui tanto como preparador do elenco como fazendo sem dúvida mesmo com muito trejeito de clichê, o melhor papel que um ator cômico poderia fazer, não consigo enxergar nenhum outro ator nacional que teria feito melhor em cena, realmente está perfeito. Daniel Boaventura faz uma boa atuação nas poucas cenas que entra, mas soube aproveitá-las bem para mostrar que tem um potencial muito bom para sair de vez das novelas e começar a fazer papéis que envolvam mais entonação na voz nos cinemas. Marcela Barrozo também agrada nos seus momentos como Daniela adolescente, sendo a típica garota da época. Dos personagens coadjuvantes, alguns poderiam ter se empenhado um pouco mais para tentar se destacar, mas no geral não atrapalham o andamento do filme, claro que vale destacar o ótimo interrogatório, ops D.R., de Danielle Winits e algumas boas cenas com André Matos.

Um grande destaque da trama está na direção de arte que conseguiu minuciar tudo que tem de irritante na data comemorativa, além de retratar muito bem os anos 80 e criar um 2036 muito bacana, claro que alguém me lembre de pular esse ano ou se matar, se realmente a música da época for aquela. E todo esse conceito que Fabiana Egrejas consegue fazer é interessantíssimo, pois quem viveu com toda certeza se ligará em tudo. A fotografia também soube usar de filtros diferentes para cada época de modo que apoiasse bem a ideologia da equipe de arte sem pesar a mão. O único atrapalhe no quesito visual é que o efeito "especial" da personagem voando poderia ter sido mais bem trabalhado para não ficar tão falso, mas preferiram usar o formato de desenhos animados e caiu somente como simplório para um filme.

Outro ponto que vale algumas palavras é o quesito musical, que variando de Menudos a Michel Teló, passando por outras canções que ficaram apenas na sonoplastia, deu ao filme um tino bem apelativo ao público de hoje, e com certeza cairá no gosto popular. Escolhas sábias para manter a linhagem do filme.

Enfim, gostei bastante do que vi no cinema e recomendo para todos, mostrando que Roberto Santucci está a todo vapor, tendo seu terceiro filme nos cinemas em menos de 1 ano, claro que os dois anteriores foram bem meia-boca, mas agora veio pra recuperar o perdido. Quero ver se sobra um tempo para rever, principalmente pela cena que tanto eu quanto minha irmã, que levei dessa vez para conferir a première junto comigo, achamos que falhou no continuísmo, e mesmo sendo uma das mais divertidas, eu gostaria de revê-la para confirmar o erro. Porém tirando isso, o excesso de patrocínios citados durante todo o filme (não sou contra filme ser patrocinado, mas exagerar para falar da marca, eu acho feio demais) e o final bollywoodiano que andamos vendo em diversos filmes, vale muito ir aos cinemas conferir ele sexta-feira na estreia. Agradeço novamente a oportunidade da Difusora FM por ter me convidado para a sessão, espero estar presente sempre que tiver premières exclusivas, e fico por aqui hoje, voltando na quinta-feira para o Cinecult da semana. Então abraços e até lá pessoal.


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