Deixe a Luz Acesa

4/29/2015 01:43:00 AM |

O longa "Deixe a Luz Acesa" seria mais um filme tradicionalmente comum por mostrar dramas envolvendo relacionamentos, com a rotina tradicional de romance, drogas, álcool, brigas, retornos e tudo mais durante quase uma década se não fosse um detalhe, ao invés de termos o que todos filmes usam como protagonistas sendo um homem e uma mulher, aqui temos dois homens. Ou seja, de um longa tradicional que Richard Linklater nos entregaria temos algo de Ira Sachs que vai do nada à lugar algum, com a ideia do relacionamento problemático, e claro que dessa forma vai dividir bem as opiniões, pois o público mais acostumado com relacionamentos desse estilo cheio de idas e vindas vai achar até que bonitinho se ver retratado na tela do cinema, mas os demais vão sair da sessão se perguntando o porquê alguém faria um longa sem clímax, ou mote real para existência, e assim, embora seja um filme bem feito, cheio de boas canções e uma atuação bem feita, acaba sendo fraco demais.

O filme nos mostra a trajetória emocional e sexual percorrida por dois homens que vivem experiências de amor, dependência e amizade. O documentarista Erik e o enrustido advogado Paul se conhecem casualmente em Nova Iorque. O que a princípio poderia ser apenas um encontro sexual fortuito, torna-se um relacionamento sério. Quer individualmente, quer como casal, Erik e Paul vivem intensamente todo tipo de riscos -- compulsivamente e incitados pelas drogas e pelo sexo. Numa relação de quase uma década, marcada por altos e baixos e por padrões disfuncionais, Erik procura negociar os seus limites, enquanto busca a sua verdade.

O longa nos remete a todo momento a expectativa de que algo vai acontecer, de que vamos ter um clímax para o filme, mas o rodeio dos personagens acaba sendo sempre pobre frente à ideologia do diretor e roteirista Ira Sachs ao tentar mostrar que o relacionamento homossexual é igual a qualquer outro heterossexual, com problemas de drogas, álcool, necessidades de carinho e tudo mais, mas chegamos ao ponto de falar: cadê o motivo do filme existir? O longa se desenrola em 101 minutos cansativos e repetitivos que abusam da inteligência do espectador mais comum. Claro que repito, em momento algum não podemos falar que é uma relação bonitinha e que muitos torceriam pelo investimento de um na recuperação do outro e que vivessem felizes pela eternidade, podendo a qualquer momento substituir o protagonista por uma mulher e ver o filme como um longa totalmente tradicionalista, mas o resultado geral é tão banal que é quase como se qualquer conhecido seu chegasse lhe contando como é o relacionamento dele dia a dia, e para isso existe um rede social que muitos até fazem isso, portanto o longa não entrega nada, possui algumas cenas mais picantes, mas nada que assuste uma pessoa comum, e por mais bem feito que seja tecnicamente é algo que só teve as premiações que teve por não ser tradicional.

Sobre as atuações dos protagonistas, não conhecia Thure Lindhardt de outros filmes, por sempre fazer papéis pequenos, mas seu Erik foi tão bem desenvolvido na trama, que consigo ver ele em diversos outros bons papéis, por mesmo trabalhando o lado gay menos forçado, conseguiu encaixar como alguém comum que ao menos sabe o que quer e com boa expressividade acaba chamando atenção. Enquanto Zachary Booth já trabalha mais com olhares fora de cena para não ser mais contundente com seu Paul e de certa maneira repete tanto a mesma forma de atuar que cansamos literalmente dele, e o que poderia ser mais visceral no romance dos dois acaba sendo até bobo demais em diversos momentos pela atuação um pouco afoita do rapaz. Os demais personagens acabam sempre aparecendo para dar o conforto após um "pé-na-bunda" ou alguma depressão dos protagonistas, e claro também nos encontros sexuais deles com outros homens, mas nenhum chega a dar alguma expressão interessante para trama, somente funcionando como algumas esquetes rápidas e cômicas ou como alívio de tensão mesmo, ou seja, ninguém quis puxar a responsabilidade para si.

No conceito artístico visual o longa trabalhou bem com a cenografia mais intimista e cheia de objetos ricos na formatação dos ambientes, de modo que o que podemos falar é que o bom gosto refinado dos protagonistas estão impregnados por onde quer que olhássemos, e isso mostrou que a equipe artística quis mostrar serviço do começo ao fim, não falhando sequer em um cenário que apareça na tela, e isso é legal de ver, pois alguns longas mais simples costumam falhar justamente nesse quesito, o que aqui acaba sendo o melhor de ver. E junto com uma boa cenografia, a equipe de fotografia optou por um filtro mais denso tanto na captação quanto na edição, o que deu ao filme uma textura mais trabalhada e assim dar uma classe que somente nos longas mais antigos costumávamos ver, e para isso usou-se também o nome do filme empregando iluminações bem pontuadas para dar o contraste necessário para o que desejavam, ou seja, um longa rico em técnicas.

No quesito musical, também tivemos canções bem bonitas que foram escolhidas na medida certa para desenvolver a trama, claro que como disse o longa é um enrosco só no conceito da história, então nem que colocassem músicas agitadíssimas, o filme teria um ritmo gostoso de acompanhar, mas em alguns momentos a escolha é tão envolvente e gostosa de ouvir que aparentemente por alguns instantes o filme se torna agradável e parece que vai seguir, mas em seguida tudo retorna à estaca zero e nem que o nosso cantor favorito entrasse com a trilha inteira salvaria.

Enfim, com toda certeza teremos com certeza muitos que vão falar bem do filme pelo conceito que disse de mostrar que relacionamentos homossexuais também possuem os mesmos problemas dos heterossexuais, mas tirando esse detalhe, vai ser raro alguém falar que se apaixonou pelo filme pela história passada, e como falei, repito, que temos técnica extremamente bem empregada na produção, mas de técnica temos muitos outros bons para ver, então faltou o longa decidir um rumo e atacar nele. Bem é isso pessoal, acabo aqui minha cobertura do Circuito Indie SEC Festival 2015, que possibilitou que víssemos diversos filmes que não apareceram na cidade, então fica já a dica para que no próximo todos confiram os bons e, alguns não tão bons, filmes que ao menos vão servir para discussões futuras. Fico por aqui hoje encerrando essa que foi uma semana cinematográfica com poucos filmes, mas já me preparando para a próxima que vem bem recheada, então abraços e até breve pessoal.


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Apenas o Vento

4/28/2015 08:58:00 PM |

É engraçado quando um longa começa com algum tipo de texto que já lhe entrega praticamente tudo o que esperar nos próximos 86 minutos e ainda assim você acabar ficando tenso com tudo que acaba acontecendo, e em "Apenas o Vento" logo de cara temos um explicativo gigante falando sobre o que aconteceu antes do que será passado no filme e frisa que mesmo sendo baseado em fatos reais não acabará sendo um documentário. Embora isso possa já ser tradicional e até ter virado clichê em alguns filmes, saber o embasamento inicial da trama, junto de uma cena logo no comecinho com os policiais numa das casas que ocorreu o crime, já nos deixa completamente aptos a saber exatamente o que os protagonistas querem nos passar e ao mesmo tempo que isso deixa um pouco triste, ficamos tensos pelo evidente resultado final. Em momento algum posso dizer que o longa é perfeito, muito pelo contrário, pois possui um dos defeitos que mais me irrita em alguns filmes artísticos, a falta da iluminação falsa para realçar cenas escuras, que irei falar mais adiante sobre isso, mas é um filme que trabalhou tudo tão bem para mostrar a vida sofrida dessas pessoas que merece respeito e ser visto por quem gosta de um suspense simples mais eficiente.

O longa nos mostra que em uma aldeia húngara, as notícias sobre o assassinato de famílias pobres de origem cigana se espalham rapidamente. Ninguém se manifesta sobre a possível identidade dos assassinos e os crimes parecem ter motivação racial. Mari mora com seu pai inválido e os dois filhos em um barraco, localizado em um bosque fora da cidade. Ela faz malabarismos com seus dois empregos e tenta manter sua rotina em meio à ansiedade da ameça de violência. A adolescente Anna tenta se concentrar em seu trabalho escolar, mas o jovem Rió está preocupado com outras coisas. Ele esta se preparando...

O diretor foi esperto ao trabalhar com ciganos reais da cidade e não forçar para que o filme ficasse caricato, mas sim mostrando a dura realidade sofrida por eles seja no trabalho, ou até mesmo com preconceitos diante dos demais nas escolas e até andando pela cidade por não serem iguais aos moradores. Porém um grande erro, ou talvez um acerto grandioso caso essa fosse a ideia original do diretor, foi contar o final para pessoas que não eram atores, e assim com eles já sabendo como deveriam interagir, entregaram muito facilmente todo o andamento da trama, o que acabou sendo um pouco deprimente, mas de forma alguma atrapalha a tensão que o longa cria, muito pelo contrário aumenta até um pouco por saber o decorrer das coisas e com a câmera bem próxima dos protagonistas acabamos mais ligados a eles, mesmo não conhecendo nada além do que é visto em cena. Ou seja, de certa forma o trabalho de Benedek Fliegauf no texto e na direção acaba sendo algo bem interessante de acompanhar, que alguns podem até não gostar de um longa mais sujo, mas o resultado impressiona com certos pormenores.

No quesito interpretativo nem dá para falar muito de cada um, afinal como disse nenhum é ator realmente, são ciganos reais que o diretor e a equipe encontraram durante uma viagem de um ano por escolas e acampamentos do país, então o que posso ressaltar é a garra do garotinho Lajos Sárkány que foi expressivo e bem colocado em todas as suas cenas, talvez se atrever menos em algumas cenas acabaria chamando mais atenção, mas ainda assim foi muito bem. A expressividade ao mesmo tempo triste e batalhadora de Katalin Toldi que faz a mãe com todo o sofrimento característico que necessitava, mas emocionaria mais se nas cenas que pensa durante o trabalho esmiuçasse mais esforço. E a garota Gyöngyi Lendvai foi a que mais entregou seu desânimo ao saber tudo que ocorreria, então nas suas cenas da escola e com a outra garotinha já vemos ela sem muita perspectiva, o que poderia ser mais impactante, mas de forma alguma isso atrapalhou o andar do filme, muito pelo contrário, pois já vamos com ela sabendo de tudo. Os demais apenas poderia ter sido mais trabalhados os policiais, pois evidentemente sendo os únicos "atores" deveriam ter sido mais irônicos e não olhado tanto para a câmera como fizeram.

No contexto visual, o diretor novamente ataca com um estilo quase que documental, o que ele afirma não ser sua vontade, mas ao mostrar os jovens sempre sujos, se banhando com quase nada de água, comendo o básico do básico, vivendo em casebres e sendo completamente desprezados com elementos cênicos claros para mostrar essa vivência, ele não só acerta a mão, como coloca toda a equipe dentro de quase uma reportagem ambulante bem marcada e pontuada para o realismo, e isso soa tão bem que por pouco não deixa o longa perfeito nesse contexto. E por que não ficou perfeito? Aí entra uma das coisas que mais reclamo nos filmes artísticos que insistem em apelar que não deve se usar iluminação falsa em cena para compor o ambiente, ou seja, se eles moram no limbo aonde nada tem muita iluminação, o filme vai ser rodado assim! E como sabemos bem, esses longas acabam passando em salas que não possuem os melhores projetores do mundo, ou seja, não existe compensação de branco, ou seja explicando melhor, o filme fica extremamente escuro e na maioria das cenas quase não vemos nada. Isso aumenta a tensão? Sim! Mas atrapalha toda a concepção artística que o filme foi pensado, então esse pormenor atrapalha e muito a ideia total do filme, e caso algum dia você for fazer um longa, pense bem sobre isso, e caso você vá assistir ao longa na sua casa, aumente bem o brilho para tentar dar algum contraste e ver melhor as cenas.

Enfim, um filme bem interessante que vale ser assistido, e fará com que você fique ansioso torcendo por um final diferente, mesmo já sabendo tudo que vai rolar logo de cara, mas a tensão dessa revelação é compensada com estilo pelo diretor, então vale a recomendação. Fico por aqui agora, mas volto com o texto do último longa do Circuito Indie SESC Festival 2015. Então abraços e até daqui a pouco.


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Vingadores - Era de Ultron em Imax 3D

4/23/2015 02:19:00 AM |

Bem meus amigos, enfim chegou o dia do ano que muitos (digo muitos mesmo) esperavam a chegada, pois acaba de surgir o longa que promete explodir com todas as bilheterias possíveis e imaginárias com os fãs nerds vibrando, rindo, chorando e tendo diversos estilos de sensações para com "Vingadores - Era de Ultron". Logo de cara já aviso que tentarei não dar spoilers durante o texto, mas como o longa é o miolo de um todo, talvez saia alguma coisa que você precise saber sobre os outros filmes, mas vamos ver como sairá o texto. Logo de cara o que preciso dizer é que o filme é muito longo, talvez algumas cenas a menos entregaria o mesmo resultado e não cansaria tanto quem não for um fã nato das HQs, mas como todo fã costuma falar, aí não entraria todas as referências possíveis e imaginárias que o longa nos entrega, e olha que sei muito pouco sobre o Universo Marvel em que os personagens estão inseridos, então nem imagino o que os amigos que comem HQs no café da manhã, almoço e jantar conseguirão ver a cada página do quadrinho impressa na telona, ou seja, a importância do tamanho do filme se faz jus para explicar toda a ligação do primeiro filme, com coisas que foram ditas na série de TV e pontos importantes que justificarão o que deve rolar nos próximos longas. Claro que as partes cômicas ficaram excelentes e bem encaixadas sem atrapalhar o contexto geral e como agora já conhecemos bem praticamente todos os personagens, agora a pancadaria e ação rolam soltas, então tirando uma ou duas cenas que dá para respirar, prepare-se para um filme bem agitado e que vai agradar demais quem gosta do estilo.

O longa nos mostra que tentando proteger o planeta de ameaças como as vistas no primeiro Os Vingadores, Tony Stark busca construir um sistema de inteligência artificial que cuidaria da paz mundial. O projeto acaba dando errado e gera o nascimento do Ultron. Capitão América, Homem de Ferro, Thor, Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro terão que se unir para mais uma vez salvar o dia.

Com um roteiro e uma direção bem coesa, Joss Whedon voltou para continuar o que fez no primeiro filme e ajustou todos os pontos junto da série que criou para TV, o que para alguns é até aceitável, mas para outros a inserção de personagens sem muita apresentação no cinema pode ser algo meio que jogado, mas nada que afete a grandiosidade da produção e todo o cerne que o diretor quis colocar na trama. Como disse, por já ter nos apresentado a maioria dos personagens, aqui ele não precisou enfeitar tanto o doce, já colocando todos numa cena de abertura lotada de ação que deu o tom que o longa teria nas cenas seguintes, e somente em alguns alívios técnicos para trabalhar mais alguns personagens, no caso Gavião Arqueiro e Viúva Negra, temos tempo para poder pensar aonde ele quer chegar com toda a montagem da trama. Assim como deu certo no primeiro filme, temos novamente boas tiradas cômicas envolvendo praticamente todos os personagens e isso ao mesmo tempo que é bom para que o longa não fique muito pesado, afinal temos diversas mortes e isso nas mãos de um diretor mais impactante seria quase que um filme extremamente sombrio e não sei se teria o mesmo sucesso. Falar dos diversos pontos da narrativa que são ligados e aparecem como referências na trama é algo que deixaria spoilers demais no texto e eu não seria a pessoa mais bem apropriada para falar sobre cada um, afinal sei o básico dos quadrinhos para me situar nos longas e da série Agents of S.H.I.E.L.D. então assisti apenas pedaços de alguns episódios, mas se pontuar bem veremos detalhes de tudo no decorrer da trama, que mesmo acelerada em diversos momentos, quando quer que vejamos algo mais importante a câmera do diretor se desloca como uma lupa no ponto chave, ou seja, caso você queira pesquisar sobre cada elemento importante é bem fácil: memorize cada ponto que você ver a tela focalizar em algo ou alguém fora dos personagens conhecidos que terá diversão em pesquisas por meses, e quem for bom nesse quesito com certeza verá muito mais coisas além das entregues facilmente pelo diretor. O estilo mais próximo de séries que o diretor impregna na trama é algo interessante de ver, pois o filme de certo modo funcionou trabalhando quase que em capítulos e isso chega ao ponto de que com a abertura da série no primeiro filme, agora desenvolvendo a história para tudo ser encaixado e trabalhado para ficar como os produtores desejavam, e armar o circo para os dois próximos longas da Guerra Infinita que será gravado simultaneamente, ou seja, tem muito pano ainda para queimar.

Sobre as atuações é quase que repetir exatamente o que disse no primeiro filme, pois todos os atores deram a mesma força para seus personagens e contribuíram bem para que o longa seja o sucesso que já conhecemos. Embora no primeiro filme sua aparição tenha sido algo bem simples, agora Jeremy Renner passa a ser de certa forma bem importante em alguns momentos de seu Gavião Arqueiro/Clint Barton, então o ator soube trabalhar essa responsabilidade que lhe foi entregue de maneira saudável e inteligente para melhorar claro seu personagem e claro ganhar mais personagens mais para frente, não posso dizer que ele saiu perfeito, mas o esforço foi bem encaixado e agrada de certa forma. Robert Downey Jr. é daqueles atores que basta lhe dar um pacote de farinha que ele lhe entrega uma torta, então com bons diálogos ele trabalha bem a expressão de seu Tony Stark/Homem de Ferro nos momentos certos, colocando as piadas de forma bem interessante e nos momentos em que precisa usar da seu expressionismo bota tudo a valer mesmo, mas como seu cachê já está fora do que a Marvel acha considerável deve fazer apenas Guerra Civil e abandonar o papel. Scarlett Johansson também ganhou um aumento considerável na participação de tela, e como todos sabemos é uma excelente atriz que não desperdiçaria isso, então temos boas nuances do seu personagem Viúva Negra/Natasha Romanoff e com a deixa final acreditamos mais ainda na possibilidade de logo ter seu próprio filme, pois a atriz fez performances claras de agradar a todos que exigiam personalidade dela no papel. Mesmo também tendo bons momentos cômicos, senti a falta de algo mais expressivo por parte de Chris Hemsworth com seu Thor, não sei se quiseram deixar algo para outros longas ou se muito de suas cenas foram cortadas, pois mesmo no momento em que vai até as águas junto de Stellan Skarsgård, a cena acaba sendo tão rápida que não vemos muito da importância dela, e olha que quando ele volta o que diz faz todo o sentido da trama, ou seja, precisariam ter trabalhado mais o tempo de tela dele para a história se conectar melhor. Eu sei que muitos são extremamente fãs do Capitão América/Steve Rogers, mas Chris Evans não é um ator que me desce e sinto muito a falta de expressividade dele, e como o "definem" como chefe dos Vingadores, precisaria começar a trabalhar mais no seu jeito de atuar para que na Guerra Civil ele encaixe tudo que faça dele um líder nato mesmo. Mark Ruffalo é perfeito seja fazendo o que for, e seu Hulk/Bruce Banner ficou tão bem trabalhado nas nuances introspectivas, que seus momentos de briga quase desaparecem frente às cenas mais calmas e interessantes, ou seja, mesmo que a Marvel não queira outro longa solo do personagem, torcemos para que ele volte bem nos demais. É uma pena que o personagem Pietro Maximoff/Mercúrio de Aaron Taylor-Johnson tenha uma participação tão pequena, mas extremamente importante em diversos momentos do longa, pois o ator é bom e sabe fazer boas interpretações, mas acabou ficando meio que apagado e nem lhe deram outra chance de fazer o personagem emplacar. Em contraponto Elizabeth Olsen já entra com tudo com sua Feiticeira Escarlate/Wanda Maximoff e trabalhou tão bem com nuances expressivas interessantes que deve com certeza voltar para mais alguns filmes dos heróis com a deixa final. A voz de James Spader caiu como uma luva para Ultron e deu o impacto exato que o filme exigia para o vilão, e junto de uma computação gráfica bem encaixada que deu toda expressividade para o robô, o resultado só poderia ser um sucesso nato do personagem. Poderia falar de vários outros personagens que caíram bem nos papéis, mas alongaria demais o texto, então vale apenas destacar mais um que é Paul Bettany que já havia emprestado sua voz para os demais filmes da série apenas como Jarvis e agora encarnando o personagem do Visão conseguiu mostrar expressividade também como um personagem de carne e osso, ou seja, mostra que o ator é muito bom e vamos ver o que vai fazer nos próximos longas. E não podia deixar de falar claro da cena que contém o pai da Marvel, Stan Lee, na festa tomando um drinque de outro planeta e ficando muito bêbado, extremamente bem colocada.

Embora filmado em diversos países: Itália, Bangladesh, Coréia do Sul, África do Sul e Inglaterra, a montagem toda fez parecer ser apenas 2 a 3 lugares, e isso é interessante de ver, pois não necessitou explicitar aonde os personagens estavam, somente pontuando alguns locais que não países, para que a história se desenvolvesse bem, e isso é muito legal de ver, afinal os países só serviram de base cênica para o desenrolar do filme, já que por trás de tudo foi colocado muito efeito computacional para que os robôs voassem por todo lado, tudo fosse bem destruído e claro tivéssemos diversos elementos cênicos para trabalhar dentro do contexto da produção, ou seja, um filme riquíssimo em objetos para que os fãs se divirtam montando os quadrinhos na mente e fiquem aguçados com cada coisa que apareça na tela. A fotografia não trabalhou em demasia com tons mais densos nas cenas mais tensas, principalmente pelo fator técnico da computação estar presente em mais de 90% do longa, então se a cena ficasse escura demais atrapalharia o efeito visual, mas para pontuar bem as cenas de cada um, o filme trabalhou cores próprias e até chega em alguns pontos a mostrar bem iluminações específicas para cada um. Sobre o 3D, o longa mesmo convertido teve boas cenas de ação com desenvolvimento de elementos em perspectiva para fora da tela, e alguns até arremessados, mas nada que seja um deslumbre técnico, quem for ver com a tecnologia vai curtir alguns momentos e só, não vai sair falando que viu o melhor longa 3D da vida de forma alguma, principalmente devido não ter sido filmado usando a tecnologia, acabaram que não fizeram quase que cena alguma com profundidade de campo que é o melhor do 3D em cenas de ação, mas isso quem sabe resolvam no próximo filme.

Sobre a trilha sonora de Danny Elfman e Brian Tyler não temos do que reclamar, pois colocam o que mais sabem fazer bem que é dar ação aos momentos que faltaria um ritmo, e causar o suspense necessário para que em seguida tudo comece a correr novamente, ou seja, eles ditam o ritmo com um frenesi tão impactante que são raros os momentos que não temos algo tocando de fundo.

Enfim, um longa excelente que agrada bastante em tudo que foi feito, claro que ainda não foi tão perfeito como foi a apresentação no primeiro longa no quesito de mostrar mais história e perspectivas, mas com a quantidade de ação isso acaba se suprindo e agradando até mais para aqueles que forem sem expectativa nenhuma como foi o meu caso, alguns que estiverem esperando muita história talvez acabe decepcionado de certa forma. Ou seja, no geral é mais do que recomendado o longa, pois consegue envolver, emocionar e divertir bastante, mas os mais exigentes podem reclamar um pouco do exagero de ação em falta de história. Alguns fãs talvez vão reclamar da minha nota, mas mesmo não criando nenhuma expectativa para o longa, gostaria de ter sentido mais conexão com a trama e chegado em casa gritando que filme F#$*A, mas ele acaba sendo mais envolvente para os fãs, e não tanto para os demais, e só por isso vou acabar descontando meio ponto dele, só que como não tenho notas pela metade vou entregar uma nota 9 para o filme, mas ainda assim recomendo demais ele e com certeza irei rever o filme para ver mais detalhes. Bem é isso pessoal, como única estreia da semana, volto apenas para concluir o Festival Indie na terça, mas de resto estreias mesmo somente na próxima quinta dia 30, então abraços e até mais.

PS: Aviso que só tem uma cena pós-credito, na verdade mid-crédito logo que acabam os créditos com imagens, antes de entrar na tela preta em si, então não necessitam ficar aguardando subir todos os mil nomes que trabalharam no longa.


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Nós Somos as Melhores!

4/21/2015 11:15:00 PM |

Filmes que trabalham com a rebeldia de jovens, o deslocamento frente a sociedade e até mesmo a adolescência problemática costumam convergir para um lado mais deprimente, pois mesmo tendo algumas coisas cômicas e divertidas dentro das situações propostas, em geral não conseguem agradar entregando algum conteúdo que faça o público se aproximar do que é mostrado, talvez em exibições escolares aonde a garotada está passando por esses problemas até agrade mais, mas o público de cinema mesmo acaba vendo e não chegando nas mesmas conclusões que o diretor desejava passar. Aqui em "Nós Somos as Melhores!", o diretor Lukas Moodysson até conseguiu segurar a barra bem durante os dois primeiros atos, mas no terceiro já estamos vendo os probleminhas polêmicos e chatos que dificilmente quem não é adolescente consegue suportar, de modo que o filme resulta bem em mostrar o deslocamento das garotas frente à tudo que passam, mas não chegam a ser envolventes o suficiente para que torçamos para elas se darem bem na vida e conseguirem ser a melhor banda punk do mundo.

O filme nos mostra que Bobo e Klara, duas garotas suecas de 13 anos, querem montar uma banda punk, mesmo que todos digam que o punk morreu. Elas cortam seus cabelos em estilo moicano e recorrem à música para protestar e vencer o tédio. Mas, na verdade, as garotas não sabem tocar nada. Para melhorar a qualidade da banda, chamam a tímida e certinha colega Hedvig, brilhante na guitarra. Uma história sobre as dificuldades e encantos de crescer e não se encaixar em lugar nenhum.

A ideologia do roteiro é bacana e bem feita, só que o diretor Lukas Moodysson que é meio revoltado com filmes comerciais, optou por trabalhar exatamente com um lado mais próximo dos jovens da idade das garotas, então é notável que o filme quis mostrar o deslocamento delas do contexto familiar que elas estão inseridas, e também os problemas que surgem com alguns tipos de "rebeldia" comuns na idade também, mas faltou o apego da história para que não fosse apenas um filme sobre a adolescência problemática nos anos 80 na Suécia pós-punk, e sim algo mais autoral que trabalhasse o roteiro e todo o contexto que agradaria, faria o público discutir e seria mais agradável de acompanhar. No geral o diretor fez boas cenas e consegue pontuar bem em todas que contém as 3 garotas, mas nas cenas que envolvem os familiares é absurdo atrás de absurdo, com familiares praticamente bobos demais até o menos rebelde gostaria de fugir do que eles fazem, ou seja, poderia ter sido mais crítico nesse contexto ao trabalhar o roteiro.

Se existe uma coisa que você não vai ver nesse longa é um personagem clichê dentre as protagonistas, pois temos três garotas que embora tenham os mesmo problemas de baixa alto-estima, liderança conturbada, conflitos com crenças religiosas e timidez comuns na idade delas, todas possuem um jeito próprio de atuação que posso garantir que mais pra frente veremos outros filmes suecos com elas fazendo bons papéis, pois cada uma deu seu jeito próprio para o personagem trabalhando tanto o contexto visual delas como com o emocional que agradou bastante, além claro do detalhe de todas serem estreantes no cinema, ou seja, foram precisas e bem condizentes com o que o diretor certamente lhes pediu. Mira Barkhammar fez de sua Bobo a dúvida entre a centralidade pessoal de ser ao mesmo tempo estudiosa, mas ter uma família maluca e completamente quebrada, e por ser sempre jogada para escanteio mesmo entre as amigas, acabou usando das expressões mais tristes para chamar atenção na tela. Mira Grosin já foi completamente ao inverso, sendo mais descolada e até rebelde demais com hiperativismo em demasia, deixando claro que sua personalidade marcante é o ponto forte. E Liv LeMoyne inicialmente parecia ser algo completamente fora do contexto das duas protagonistas, mas acabou encaixando tão bem o seu problema de conflito religioso com a mãe, junto de estar apta a ajudar as outras garotas que seu ar mais tranquilo até que equilibrou as cenas que tem as três juntas. Dos familiares, como disse no parágrafo anterior me recuso a falar que as cenas beiram o ridículo. E dos garotos foi algo tão rápido o envolvimento deles e com algumas cenas até com pouca falta de expressão que é melhor concentrar nelas mesmo a atenção e esquecer tudo o que ocorre em volta.

O formato visual do longa não foi muito trabalhado, de modo que temos cenários bem simples para não haver discussão artística com a proposta, então nas cenas dentro da escola não temos nada que elucide problemas duros com as garotas, claro tirando a aula de Educação Física que acaba virando mote da música do começo ao fim do filme. Nas casas das garotas não trabalharam nada que encaixe o filme realmente na época dos anos 80, pois tirando a datação inicial não temos tantos elementos para colocar o filme como algo de época, e isso em parte é um erro bem grosseiro, mas ao trabalhar bem no local de ensaios, acabou com a cena mais bem encaixada para fechar o cenário pós-punk que o filme desejava. A questão fotográfica também foi bem simplória ao colocar sempre as nuances problemáticas com cores mais fortes e os momentos aonde não haviam conflito algum num tom mais neutro, e isso é algo meio batido, mas funciona mesmo que não chame atenção.

Enfim, talvez se o longa tivesse ligado a trama a alguma realidade de alguma banda formada, ou até mesmo tivesse fechado mais o cerco familiar para evidenciar os problemas das garotas, teríamos com certeza um filme bem melhor, mas como foi feito acabou apenas tendo algumas cenas engraçadinhas e bem colocadas, mas nada que qualquer outro filme por aí não tivesse feito melhor. No geral é um longa que assistimos e saímos sem questionar nada, apenas como algo a mais feito no cinema, ou seja, mesmo tendo bons momentos não é algo que indicaria para assistir. Fico por aqui hoje, mas amanhã já inicio a nova semana cinematográfica com o único longa que deve vir para o interior, então abraços e até breve pessoal.


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Um Episódio na Vida de um Catador de Ferro Velho

4/21/2015 04:23:00 PM |

Mesmo que o longa "Um Episódio na Vida de um Catador de Ferro Velho" esteja apenas refazendo algo real que aconteceu, a sensação de querer ficar bravo com a equipe de filmagem, para que ajudem as pessoas que estão sofrendo ali precisando de uma ajuda financeira para resolver o problema, é imensa e a todo momento me via irritado com a situação toda. Ou seja, o diretor Danis Tanovic foi sensacional nesse quesito, transformando o longa quase que em um documentário de acompanhamento de uma família que viveu um dos seus piores momentos da vida, e ao trabalhar com as pessoas reais que sofreram tudo, ao invés de colocar atores, podem até dizer que ficou amador de certa forma, mas lhe garanto que o impacto foi bem maior na consciência das pessoas, para que as mesmas depois discutam sobre o sistema de saúde em geral, e o quão duro é o sofrimento de uma pessoa que é jogada quando não pode pagar algo.

O filme nos mostra que a família Mujic, de origem cigana, vive na periferia dos centros urbanos na Bósnia e Herzegovina. O pai Nazif vive de catar metais de carros velhos e vendê-los a um ferro-velho. A mãe Senada mantém a casa arrumada, cozinha e cuida de suas duas filhas pequenas. Um dia, ela sente uma dor aguda no abdômen. Na clínica, lhe dizem que há algo errado com o bebê que ela está esperando: "ele está morto". Ela está em risco de septicemia e deve ser operada imediatamente. Mas Senada não tem seguro médico e a operação vai custar muito mais do que a família pode pagar. O chefe do hospital se recusa a tratá-la. Começa uma corrida contra o tempo.

Não posso dizer que é um longa perfeito, pois o diretor trabalhou exageradamente no conceito de parecer realmente algo mais jornalístico de denúncia em si, que de certa forma acaba cansando um pouco, e por não termos atores que conhecem de interpretação e saber para onde olhar para dar comoção acabamos por certos momentos até reclamando do amadorismo de algumas cenas. Mas é inegável o acerto do diretor Danis Tanovic com a forma que escolheu retratar tudo, pois conseguiu fazer com um orçamento baixíssimo de apenas 50 mil euros, um longa bem trabalhado, aonde a crítica funciona e ao mesmo tempo ficar com características artísticas suficientes para comover o público que não sai da sessão sem ficar pensando em tudo que viu, e ainda ganhar o prêmio do júri e Urso de Prata no Festival de Berlim em 2013. Ou seja, a sabedoria de ângulos do diretor compensou em diversos momentos a falta de habilidade da família e dos amigos com as câmeras.

Poderia falar mal de diversos pontos no quesito interpretativo, como exageradas olhadas para as câmeras, alguns momentos de forçar tristeza, outras caras de nada, mas como não são atores, mas sim os personagens reais apenas refazendo o que aconteceu com eles, o que posso dizer apenas que a solução funcionou para o estilo que o diretor desejava, e só, portanto se você tiver alguma ideia desse estilo, pense duas vezes antes de não trabalhar com atores reais.

Sobre o conceito cenográfico visual, o que dá para falar de cara é que o lugar onde a família mora é literalmente uma vila nada bonita, no meio do nada, próximo a usinas perigosas e que é muito frio, somente isso que o longa nos demonstra, e claro que por ser uma família que depende exclusivamente do dinheiro da venda de ferro velho, são bem pobres. Ou seja, foi passado completamente a ideia do longa e como é a verdade das pessoas, pois repito o que o diretor quis com seu roteiro foi refazer o acontecimento, então não necessitou praticamente de criar nada, o que pode economizar em todos os sentidos. O grande feito da trama e com certeza aonde foi gasto mais dinheiro está na equipe de fotografia, pois usou artimanhas excelentes para não ficar falso as pessoas sendo elas mesmas, e ainda assim ter câmeras em pontos chaves para determinar bem o andamento da história de modo que parecesse estar acontecendo no momento junto com as câmeras, ou seja, o melhor do filme ficou por conta da sabedoria de como fazer cada momento.

Enfim, é um filme que de certa forma, mesmo dando tudo certo acaba nos deprimindo um pouco, pois é triste ver como a vida é dura com algumas pessoas, mas como sempre digo, nem todo longa foi feito para se divertir, e aqui a intenção é a de fazer denuncia e que os espectadores pensem bastante sobre como é o sistema de saúde no seu país, se você como médico o que faria no lugar, você como pessoa se acontecesse com você o que acabaria fazendo. Acredito que a solução que a família fez foi a mais bem pensada e "correta" para resolver, dando a minha opinião sobre o assunto, talvez pediria algum empréstimo bancário, mas é a forma de cada um pensar. Portanto a minha opinião agora sobre o longa é que deve ser visto por muitos para refletir, e se alguém necessitar de alguma indicação para algum debate sobre convênios médicos e sistema social de saúde, esse é o longa que deve fazer parte total da escolha. Fico por aqui agora, mas temos mais um longa do Circuito Indie SESC Festival para conferir, então volto mais tarde com outro texto.


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Backstreet Boys Show 'Em What You're Made Of

4/19/2015 01:38:00 AM |

Pra quem achou que não faria nenhuma pequena resenha sobre o misto de documentário e show "Backstreet Boys Show 'Em What You're Made Of" vou acabar desapontando, afinal como falei tudo que passar nos cinemas sendo algo novo que eu não tenha visto e puder ver, esse Coelho estará lá, irá conferir e virá falar para vocês o que achou. E o que posso dizer de antemão é que foi assustador ver como estou velho!!! Não dancei os hits das boybands nos anos 90, mas ouvi muito, fiz compilação das melhores canções em fitas K7 com a pirataria que existia na época (gravar diretamente do rádio torcendo para que o locutor não entrasse no meio falando algo), e claro que todos sabemos que os Backstreet Boys foram os mais famosos da época, arrebatando milhares de pessoas em shows, emplacando um sucesso atrás do outro, clipes cheios de recursos que chamavam muita atenção e por aí vai. Mas você que não é tão fã da banda, da mesma maneira que eu sabia de todos os problemas que a banda enfrentou, como o empresário deles era totalmente sanguinário a ponto de não pagar quase nada para os rapazes, e depois acabou preso por diversos crimes, conhecia aonde viveram e por aí vai? Se sua resposta for sim, significa que você era daquelas garotas que comia tudo sobre os artistas nas revistas de fofocas e o documentário apenas vai servir para você relembrar tudo, mas se a resposta foi não como espero que a maioria diga, o documentário de 2 horas vai mostrar com imagens de VHS e com muitos depoimentos deles próprios recontando como tudo aconteceu de uma maneira gostosa de acompanhar e para fechar com chave de ouro, temos um show acústico com 6 canções num show gravado no Reino Unido, mas de uma maneira tão bem feita que parece ser algo ao vivo, aonde as fãs da sessão irão cantar, dançar e algumas até filmar como se faz em show atualmente.

Analisando o longa como um documentário em si, para quem não curtia as canções na época, pode ser até que acabe achando tudo muito chato, mas o filme não foi feito com essa proposta, de atingir essa pessoa, então como foi feito para um determinado público, o resultado só pode ser um, muitos fãs curtindo cada momento e conhecendo mais como foi a vida de cada um deles, aonde viviam e os problemas pelos quais passaram. De forma que Stephen Kijak dirigiu tudo como se fosse algo bem de bastidores, mas ao saber montar de forma interessante, acabou tendo um resultado além do esperado, ou seja, um filme realmente gostoso de acompanhar e de maneira a não virar um daqueles programetes da Multishow ou MTV que procura saber mais sobre uma banda. Outro fator engraçado de ver é que não apenas nós envelhecemos nesses 20 anos, mas ao ver os vídeos antigos dos rapazes e de outras bandas da época, e como eles estão hoje, pois como eram magros e ao entrar para o show business as drogas rolavam soltas tinham em certos momentos caras de deprimidos e tudo mais, hoje já mais cheinhos e com cara de homens mesmo, podem fumar e afins que vão continuar sendo mais fortinhos.

Enfim, não tenho muito o que falar, afinal em documentários o resultado é mais em cima do conhecimento de algum fato ou de alguém, e aqui isso foi completamente bem trabalhado, agradando o público alvo e principalmente sendo fiel à estrutura da banda, ou seja, com lugares grandiosos para entrevistas, e sempre muita gente ao redor. Quanto ao show de 30 minutos final, foi algo também bem gostoso, pois acústicos costumam ser mais envolventes, e num cinema pede algo menos rebuscado, mas ainda assim cantaram as canções que marcaram época e sua nova música de trabalho que dá nome ao filme, então quem curtia a banda nos anos 90 e quiser mostrar pros filhos o que lhe fazia requebrar o esqueleto naquela época, amanhã tem mais uma chance de ver nos cinemas que estão exibindo, em Ribeirão Preto terá sessão as 18hs no UCI e as 21hs no Cinemark. Bem é isso pessoal, recomendo muito o longa e o show para todos, claro que não é um estilo que leva muitas pessoas para os cinemas, mas já foi um prato cheio para aqueles que não forem nos shows ao vivo que vão rolar em breve. Fico por aqui, mas volto na Terça com o Festival Indie, então abraços e até breve.

PS: Só não dei nota máxima pelo motivo de faltar algo a mais na edição para que o longa funcionasse além dos fãs, pois como disse no outro documentário musical que vi nessa semana, eu nem conhecia o cantor e acabei me apaixonando por tudo que foi mostrado, e aqui como conhecia bem as canções da banda, desejava ver algo a mais.

PS2: Aliás como essa semana está bem musical, um detalhe interessante ao conectar o que vi hoje com o filme de ontem "Danny Collins - Não Olhe Para Trás", podemos ver que a garotada de hoje não conhece o estilo Backstreet Boys, e os shows deles estão com um público já mais velhinho de 30-40-50 anos, então espero ver algo renovado vindo deles, senão a chance do longa de ontem ser a próxima história dos cantores da banda é bem alta.


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Não Olhe Para Trás (Danny Collins)

4/18/2015 02:10:00 PM |

Conheço muita gente por aí que fala que gosta de comédia, mas só ri das papagaiadas que vemos em besteiróis por aí, mas o dia que conseguir ver uma boa comédia dramática e se divertir pra valer vai reclamar de tudo que os outros costumam entregar com facilidade. Digo isso, pois mesmo sendo classificado como comédia, o que costumaria dar ao menos uma sessão com diversas pessoas, hoje ao assistir "Não Olhe Para Trás" fiquei assustado com somente eu e mais uma pessoa na sala, que por sinal também é do ramo, daí me veio os questionamentos: "não fizeram divulgação do longa?", "o público não gosta de bons filmes com atores clássicos?", ou "será que o público só gosta de besteiróis e não sabe o que é uma boa comédia dramática?". Mas tirando essas dúvidas que espero que evaporem com o resultado das bilheterias depois poderei finalizar elas sabendo que o problema foi apenas por aqui, que ninguém mais anda suportando o Cinemark que nunca traz nada legendado, e vive de problemas, então quando tem algo o povo já fica com medo. O que posso adiantar do longa é que se você não era fã do Al Pacino antes desse filme, o que duvido, afinal o ator sempre foi excelente em tudo que já fez, prepare-se para se emocionar com um personagem hilário e bem trabalhado do ator num longa que mostra através de fatos reais, ao menos um pouco como diz logo no início do filme, que as vezes descobrir algo que mudaria sua vida pode dar uma certa divergência na cabeça, mas certos atos vão sempre predominar e mudar os erros do passado não é algo que se faz em apenas alguns minutos.

O longa nos mostra que Danny Collins é um músico muito popular, que vive há mais de 30 anos sem compor uma música sequer, apenas reprisando os seus maiores sucessos. Cansado da rotina de drogas e excessos, ele descobre uma carta que John Lennon escreveu para ele há décadas, mas que nunca tinha chegado às suas mãos. Inspirado pelas palavras do músico, Danny decide interromper a carreira e tentar reatar com o filho já adulto, que ele nunca conheceu.

Depois de escrever diversos roteiros de animações e comédias bem desenvolvidas no quesito argumentativo e algumas falharem na direção cênica, Dan Fogelman resolveu sair de trás da papelada e ir para trás das câmeras para dirigir seu primeiro longa, claro que escrito também por ele, baseado em alguns fatos reais que são mostrados depois durante os créditos finais, e o jovem acabou saindo muito bem ao pegar um diretor experientíssimo para protagonizar e desenvolver junto com ele uma história envolvente e gostosa de acompanhar, além de musicada com qualidade e pontuada por boas sacadas divertidas, que claro funcionam num tom de humor nada apelativo, que por vezes somente entendendo realmente a piada acabamos rindo, e isso é algo muito legal de acontecer, pois nos força a entrosar com os personagens para não apenas rirmos de qualquer besteira que apareça na tela. Ou seja, o longa foi todo trabalhado de forma a convencer o espectador que Pacino é um cantor super rico e famoso que resolveu mudar sua vida de ponta cabeça para resolver os problemas do passado. Claro que após ler isso você deve estar falando que já viu esse estilo de história umas mil vezes e que muito do que é mostrado vai acabar caindo como clichê, mas a similaridade dos fatos apenas serviu de molde para o diretor novato, pois ele soube não apelar em momento algum para os fatos engraçados desse estilo de comédia, abusando mais do ator que do conteúdo, e assim o acerto foi na mosca.

Embora já tenha muitos anos de carreira, Al Pacino não se joga em qualquer filme, pois procura aceitar somente roteiros que acredite que possa dar o seu máximo, e o que nos entrega aqui é algo muito bem feito, cheio de expressividade no seu Danny Collins e além disso soube doar até um pouco da sua carreira para o personagem ao mostrar que fez muitas repetições de papéis, mas agora procura sempre algo em que possa inovar, por exemplo teve de aprender mais sobre como tocar piano, cantar e dançar para o estilo que o personagem pedia, e fez muito bem em todos os atos do protagonista. A química que Annette Bening entrega para sua Mary é tão gostosa de acompanhar que assim como o protagonista acaba se tornando um grande amigo dela, nós também embarcamos no mesmo ritmo e acabamos vivenciando cada uma das suas conversas como se fôssemos parte de um grupo, e ela nos joga essa fidelidade gostosa com suas expressões, o que é ótimo para o filme e mostra que ainda a atriz tem muito a viver em sua brilhante carreira. Jennifer Garner é uma atriz interessante e agrada em vários filmes que é colocada, mas aqui fez algumas expressões de espanto tão fortes com sua Samantha que parece sempre estar vendo um fantasma nas cenas junto do protagonista e não as muda mesmo depois de estar mais próxima dele, poderia ter trabalhado outras nuances, mas felizmente isso não chega a atrapalha. Bobby Cannavale não é daqueles que costuma nos impressionar, mas trabalhou tão bem o seu Tom que ficamos até impressionados com a dramaticidade que conseguiu passar para o personagem, e dessa forma acabou parecendo que agora realmente vai decolar depois de papéis fracos e ruins. Christopher Plummer também agrada bastante nas poucas cenas de seu Frank entregando uma atuação de sintonia ímpar com os demais e mostrando que mesmo muito velho ainda tem mais expressões na manga que muitos outros novatos. A garotinha Giselle Eisenberg foi assustadora como falou desesperadamente mostrando o problema da personagem como algo bem feito nas telonas e isso é incrível de ver, eu não consegui achar seu parentesco com Jesse Eisenberg, mas falou num ritmo tão frenético quanto o ator em "A Rede Social" e "Rio" que até parece ser filha dele. Os demais atores até se encaixam bem nos seus momentos, mas são apenas rostos bem encaixados que acabam desenrolando uma ou outra cena para que o protagonista feche ela.

É interessante observar a boa produção dos cenários dos shows com detalhes em cada elemento cênico importante para o decorrer da trama e a equipe cênica procurou não fazer nada deslumbrante, mas sempre coerente e envolvente com o estilo do filme. Outro detalhe bem empregado foram os figurinos inusitados que o personagem principal usa que acaba dando um tom meio vintage e que ele não saiu do tempo que começou sua carreira. O hotel também caiu como uma luva para a história para mostrar o momento de pensamento da carreira e ao irmos para o detalhamento técnico das casas do protagonista e da família do filho, somos realçados com o que importam para determinar o estilo da família e assim situar com cada ponto da trama. A fotografia ficou um pouco escura para segurar a dramaticidade, mas nada que atrapalhasse de vermos os detalhes como citei, e isso funciona bem em comédias dramáticas para conter o ritmo cênico e não virar um pastelão desenfreado.

O filme fala sobre situações envolvendo músicas, mas não chega a virar um musical, o que é bom, pois poderia ficar meio fora de tom, então para dar um ritmo interessante na trama e condizente com o que se passa, foram usadas diversas músicas de John Lennon tocando de fundo em diversos momentos e assim vamos numa boa toada com o longa, afinal suas canções não eram nem aceleradas demais, nem lentas a ponto de cansar, então vale a pena prestar atenção no fundo sonoro também. Mas o que vai realmente marcar o longa e fazer com que sempre nos venha a mente quando falarmos dele, é a canção "Hey Baby Doll, What's Going On" que foi interpretada por Al Pacino em vários momentos do filme, tocando também em fundo algumas vezes e possui uma letra tão viciante que saímos da sessão cantando ela por um bom tempo, e mostra que as aula de canto, dança e piano que Pacino fez para desenvolver as habilidades do personagem valeram realmente o tempo empregado.

Enfim, é um excelente filme que agradará bastante a todos que forem assistir, emocionando e fazendo rir na mesma proporção. Talvez tiraria alguns momentos forçados e desnecessários nas cenas junto de Katarina Cas que fez uma Sophie fraquinha demais, mas somente isso para não darmos a nota máxima para o filme. Então se você gosta de boas comédias que não usam de apelações para fazer você rir, e ainda trabalha uma dramaticidade envolvente que somente os bons atores sabem nos entregar, vá conferir que é garantido a satisfação após o longa que agrada tanto no contexto familiar quanto pessoal. Bem é isso pessoal, ainda hoje confiro mais um musical misto com documentário, portanto volto mais tarde para falar o que achei dele. Então até mais pessoal.


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Chappie

4/17/2015 02:15:00 AM |

Não posso em momento algum dizer que "Chappie" é um longa perfeito, mas a proposta de um longa familiar e ao mesmo tempo cheio de ação e violência é tão bem feito, que mesmo que o diretor mostre o seu estilo repetido mais uma vez, o que não julgo um erro, mas sim prova que segue um ideal lógico e próprio, acaba sendo uma diversão inteligente e cheia de nuances policias que agrada e por incrível que pareça até me remeteu a diversos outros bons filmes policiais das antigas, e como muitos sabem esse é um gênero que ou você gosta do que é mostrado ou odeia de vez, e o que nos é entregue aqui foi bem usado no conceito de ao mesmo tempo ser popular e ter sacadas próprias para os mais invocados não reclamar da falta de existencialismo. Ou seja, pipoca + pensamento ideológico + diversão + robôs = filme interessante para ser assistido e discutido.

Em um futuro próximo, a África do Sul decidiu substituir os seus policiais humanos por uma frota de robôs ultra resistentes e dotados de inteligência artificial. O criador destes modelos, o brilhante cientista Deon, sonha em embutir emoções nos robôs, mas a diretora da empresa de segurança desaprova a ideia. Um dia, ele rouba um modelo defeituoso e faz experiências nele, até conseguir criar Chappie, um robô capaz de pensar e aprender por conta própria. Mas Chappie é roubado por um grupo de ladrões que precisa da ajuda para um assalto a banco. Quando Vincent, um engenheiro rival de Deon, decide sabotar as experiências do colega de trabalho, a segurança do país e o futuro de Chappie correm riscos.

O filme que é inspirado no primeiro curta-metragem do diretor Neill BlomKamp "Tetra Vaal" consegue trabalhar bem no misto de comédia/drama ácido com crítica social que já vimos em outros longas do diretor, e isso é interessante para mostrar que o diretor definiu com poucos filmes já qual vai ser o seu estilo, então os que estão somente reclamando dele insistir nas características presentes em "Distrito 9", "Elysium" e agora em "Chappie", reclamem também com outros diretores que colocam sempre os mesmos elementos ocultos, reclamem com a Pixar que sempre coloca os mesmos números escondidos e por aí vai, pois o diretor segue a linha que desejar, e com certeza o resultado aqui pode não ser uma perfeição, mas diverte demais e comove também em diversos momentos, fazendo homenagens em diversos atos à outros filmes que envolvem robôs e até sendo irônico ao colocar um dos atores que vem sendo considerado como um dos maiores heróis da atualidade, como um vilão forçado e rebelde ao mesmo tempo. E nessa junção de ideias, o diretor e roteirista soube trabalhar os fatores de uma das maneiras mais bem escolhidas que é através dos diálogos mais acentuados, optando por menos cenas longas e cheias de história para uma ação mais rítmica, cheia de gírias e palavrões que agradará bastante a todos que forem dispostos a curtir o filme.

É engraçado ver como o diretor é bom na direção de cenas, mas as vezes nas interpretações dos atores acaba faltando um pouco de exigência, por exemplo, sabemos que Hugh Jackman é um ator excepcional e que trabalha muito seu modo expressivo, mas aqui ficou tão apagado como um semi-vilão, que mesmo usando de seu sotaque australiano original, não conseguiu que ficássemos reparando nas suas cenas, e por serem bem poucas acaba quase como um coadjuvante de luxo, sendo que não era essa a intenção do personagem. Desde que estrelou "Quem Quer Ser Um Milionário", Dev Patel cresceu muito tanto fisicamente quanto na sua forma de atuar, e vem agradando bastante nos seus trabalhos, e aqui não foi diferente ao mostrar ao mesmo tempo empolgação para com sua criação quanto temor pelos momentos mais tensos, e isso mostra que a chance de ficar cada vez mais perfeito é grande e com isso iremos sempre acompanhar ele torcendo para agradar como fez aqui e em todos os outros filmes que tem aparecido e trabalhando bem. Agora um ponto majestoso ficou a cargo da equipe de computação gráfica para os movimentos de Chappie, mas sem sombras de dúvida a dublagem de Sharlto Copley caiu como uma luva para o robô que encaixou bons trejeitos, expressões de bebê ao aprender as coisas e tudo para agradar demais o contexto do filme. Até a estranha mas boa atuação dos dois rappers sul-africanos que estreiam no cinema Ninja e Yolandi Visser foi bem encaixada na trama e ambos acabaram saindo bem no contexto que o filme pedia, claro que se tivéssemos alguns atores profissionais no lugar a atenção seria outra, mas no geral souberam dar conta do recado no que pediam as cenas. Em compensação a famosa Sigourney Weaver já não anda chamando tanta atenção por fazer bons papéis e aqui ela saiu melhor na cena que fica nervosa e bebe do que nas outras que tenta forçar como uma chefe bélica durona, que acabou soando bem falso, mas como seu papel é bem secundário até que não atrapalhou tanto. Ficarei na expectativa de fazerem um segundo filme, agora de forma bem diferente sem dizer o que acontece para não estragar a sessão de ninguém, mas acredito muito no potencial dos atores e principalmente do diretor.

Sobre o visual da trama, Joanesburgo já é conhecida como uma cidade meio bagunçada, e com um visual meio futurístico tomado pelo caos, e olha que o longa se passa em 2016, ficou tudo ainda mais bagunçado e estranho, mas ainda assim o longa agrada nesse quesito, pois souberam trabalhar com as locações para dar a temática que cada um dos personagens vivem, ou seja, tudo foi bem encaixado nas cenas que são cheias de tecnologia, que falhou em algumas situações absurdas, mas no contexto artístico foi algo muito bonito de se ver, mas nas que envolviam o quesito familiar e partiam para um princípio mais filosóficos com o robô, a tensão ajuda na criação dos elementos ao redor para formar o cenário completo. A fotografia foi toda puxada para um tom mais azulado com cores mais escuras para dar um certo teor dramático para a trama, e isso ficou muito bacana de ver, pois o longa poderia ser mais alegre se optassem por outras cores, mas preferiram enfatizar a dureza cênica e o drama do personagem principal. No geral temos bons efeitos que agradam, mas poderiam ter forçado menos nas explosões para soar menos falso em algumas cenas, mas no geral a computação gráfica toda agradou bastante ao se mixar com as cenas reais.

Com uma trilha sonora de primeiro nível aonde Hans Zimmer dá seu show tradicional, e com canções originais dos rappers protagonistas Ninja e Yolandi, o longa acabou ficando bem dentro da proposta gangster queriam atingir, e assim o ritmo não chega a cansar em momento algum, mesmo tendo diversos momentos aonde a filosofia paira e deixa fluir, de forma que nem vemos as duas horas de filme passar, e saímos ainda com a canção-tema final na cabeça com tudo que foi passado no longa dentro da letra.

Enfim é um excelente filme que diverte demais e agrada bastante, talvez corrigindo um ou outro detalhe acabaria mais perfeito, mas o resultado final é empolgante e vale muito a pena ser conferido. Como disse para um amigo, muitos vão sempre destruir o trabalho de alguns diretores que criaram algo genial no começo de suas carreiras, mas temos de abolir que "Distrito 9" foi feito e não vai ser refeito uma cópia, então o diretor vai apenas colocar nuances que mostrem sua técnica usada lá e cada vez vai inovar ou copiar um ou outro detalhe, então vá ver esse que é muito bem feito e saia feliz com o que verá, pois a diversão é garantida. Só faço uma ressalva, pois mesmo sabendo que alguns gostam de ver filmes dublados, recomendo demais que veja esse legendado, pois com a quantidade de palavrões bem encaixados na trama, fico com um medo imenso disso ter sido perdido na dublagem nacional. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje que já está bem tarde, mas volto mais a noite com outro longa que irei conferir, então abraços e até breve.


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Nick Cave: 20.000 Dias na Terra

4/15/2015 01:13:00 AM |

Mesmo não conhecendo muito a obra do cantor e compositor Nick Cave, o documentário ficcional "20.000 Dias Na Terra" foi tão bem feito e montado, que saí da sessão praticamente conhecendo ele em demasia, claro que ainda meio fora de meu conhecimento sobre suas composições, passei a gostar do estilo sonoro e acabei me conectando com sua ideologia de como deve ser um artista, como um show deve conectar artista e público, e mais do que isso, irei com toda certeza respeitar qualquer filme ou documentário que seja montado por Jonathan Amos, pois o longa é praticamente uma aula de como fazer um documentário ser totalmente interessante somente no estilo de montagem, perfeição em forma de arte juntando cada parte da história dele com entrevistas em movimento, canções sendo compostas e cantadas ligando com as imagens, elas não sendo jogadas, mas explicadas, e tudo numa sintonia maravilhosa que nem pareceu ter toda a duração que possui.

O filme que é um híbrido de documentário e ficção, mostra o perfil do cantor, escritor e compositor australiano Nick Cave numa abordagem que contempla visões surpreendentemente francas e um retrato íntimo do processo artístico, o filme examina o que faz de nós o que somos e celebra o poder transformador do espírito criativo relembrando seus grandes momentos nos palcos, na carreira cinematográfica e analisa a sua vida nos vinte mil dias na Terra ao acompanhar Cave por um dia fictício, entre o real e o imaginário, encontro com músicos, dirigindo seu carro para passageiros especiais, falando do presente e do passado, enquanto procura por inspiração.

É interessante observar como Iain Forsyth e Jane Pollard conseguiram transformar a história do cantor, que também assina o roteiro de sua "biografia" junto dos diretores, em algo dinâmico e interessante tanto para quem não conhecia nada dele como para os que conheciam muito também, e para os fãs ficou ainda mais sensacional, pois era notável a empolgação de alguns ao sair da sessão, e dessa maneira, a premiação de Melhor Diretor de Documentário em Sundance em 2014 é algo que podemos dizer que foi justíssimo pelo resultado entregue, e outra premiação mais do que merecida foi para Jonathan Amos que já havia feito de "Scott Pilgrim Contra o Mundo" algo sensacional no quesito edição, e aqui fez um documentário como nunca imaginamos ver, com nuances funcionando a todo momento, encaixes cênicos bem trabalhados e tudo parecendo surgir do nada encaixando com a história que está sendo contada pelo protagonista e entrevistados.

Como disse não conhecia muito sobre a vida do cantor e compositor, e portanto menos ainda cada uma das demais pessoas que apareceram para conversar com ele, mas ficou evidente que a relação de Cave com Warren Ellis é algo tão verdadeiro quanto qualquer outra coisa que pudéssemos imaginar, uma cumplicidade única que dá até gosto de ver o que um pensa, o outro sabe transmitir na música.

A equipe de arte trabalhou com muitas fotos, que claro foram trabalhadas dentro de um arquivo e não apenas jogadas na tela, de modo que o contexto cênico do filme ficou extremamente interessante de ver e claro aliado a uma montagem precisa, unindo uma luz mais forte que acabava contrastando com sombras e através de algum elemento cênico, tudo ia mudando de tom maravilhosamente, fazendo com que o conceito artístico e fotográfico da trama entregue fosse algo além de muitos filmes de ficção que já vimos por aí, ou seja, um trabalho minucioso que deve ser reconhecido e visto por muitos que desejarem um dia fazer uma biografia de maneira interessante.

Enfim, como não conheço muito sobre o cantor, posso garantir que o longa valeu para conhecer mais como é seu trabalho e como foi sua vida nesses últimos 20 mil dias, mas ainda assim não é um estilo musical que me agrade tanto, pois a sonoridade é excelente, tanto que Nick é conhecido também por fazer trilhas de grandes filmes, mas suas canções são textuais demais para agradar num dia comum, então não sei e ouviria algo dele normalmente. Mas como no caso aqui estou analisando o filme em si, tudo foi mais do que perfeito, e recomendo demais que todos que curtem um bom documentário veja o longa e até quem não conheça nada dele veja para conhecer esse gênero musical diferente dos padrões. Fico por aqui hoje encerrando a semana cinematográfica, mas volto na próxima Quinta com mais estreias, então abraços e até breve pessoal.


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Heli

4/14/2015 08:58:00 PM |

A dureza das cenas podem chocar, afinal quando se mexe com drogas tudo passa a não ter limites, mas o que o diretor nos mostra é algo que vai muito além disso, é mostrar que numa terça sem leis, o limite desse consegue ficar ainda pior. Em "Heli" ficamos passos a cada cena que passa e junto de um ritmo extremamente rígido e lento que o diretor quis propositalmente causar a sensação de junto com o protagonista buscar por respostas melhores, o espectador entra em uma agonia constante com tudo que nos é entregue, mas posso confessar que se você não for um exímio amante de filmes extremamente artísticos a chance do choque ser nulo é altíssimo.

O filme nos situa em Guanajuato, México. Estela é uma garota de 12 anos que está namorando às escondidas com Beto, um jovem recruta. Ele a pressiona para que tenham relações sexuais, mas ela sempre recusa a iniciativa. Um dia, Beto esconde na caixa d'água da casa de Estela alguns pacotes com cocaína, que deveriam ter sido queimados pelo exército. Sua ideia é vender a droga e, com o dinheiro, deixar a cidade e se casar com Estela. Entretanto, os planos vão por água abaixo quando os militares que desviaram a droga descobrem quem roubou os pacotes.

O diretor Amat Escalante ganhou como Melhor Diretor no Festival de Cannes em 2013 principalmente por saber dar essa característica crua para a trama, pois outros diretores acabariam tratando o roteiro como uma história de tráfico envolvendo uma família no meio, mas de forma bem simplória, enquanto ele optou por ir quase para dentro da mente do protagonista é fazermos parte disso de modo que ficou duro é forte com precisão, não apenas sendo jogados na tela com imagens, mas usando do contexto para abranger toda a situação que desejava causar.

Os protagonistas de certo modo foram amadores na forma de interpretação, afinal para quase todos o longa foi o primeiro trabalho de atuação, mas como o que se pedia era um pouco disso, o resultado acaba sendo interessante de ver devido o impacto que foi causado. Armando Espitia que interpreta Heli foi levado à trabalhar sobre pressão clara de uma maneira rígida comparada a outros do mesmo estilo, mas isso foi bom para dar mais veracidade ao papel e pela forma que o diretor nos coloca quase que junto do pensamento dele, a interpretação calma e aberta ficou de certa maneira bem dirigida e interessante. Andrea Vergara fez suas cenas iniciais de uma maneira tão fraca para o que suas cenas pediam, que chega a dar dó de não saber para onde deve olhar, mas foi melhorando nas últimas cenas de modo que passou a ser interessante seu olhar mais introspectivo. Linda González aparentemente foi jogada na trama, não combinando de maneira alguma como uma esposa ou qualquer coisa do tipo, parecendo mais uma namorada que foi escolhida para ter as cenas mais quentes com o protagonista para não deixar que outra fizesse as cenas, mas no quesito interpretação foi um enfeite de cena. Não costumo julgar beleza de atores, mas Reina Torres foi uma apelação bizarra para o papel da detetive Maribel, chega a ser estranho a um nível de bizarrice que nem dá para avaliar, e para piorar, o papel também vai ficando ainda mais sem noção alguma de modo que sua última cena é lastimável o que faz. Juan Eduardo Palacios foi extremamente corajoso ao permitir o estilo de cenas logo em seu primeiro papel no cinema, colocando nudez ao nível máximo juntamente com uma tortura mostrada sem pudores algum, de maneira que pode até ganhar outros papéis pelo que fez ali, mas se tivesse interpretado com expressões melhores acabaria sendo lembrado não apenas pela cena, mas sim como um ator. Mas o ponto forte no quesito atuação fica para a forma assustadora da tortura do cartel com as crianças participando de tudo ali assistindo mesmo sem saber o porquê estavam batendo, e isso mostrou que os atores realmente foram bem dirigidos para mostrar como um país sem leis funciona.

A direção de arte trabalhou bem a aridez desértica dos cenários impregnando juntamente os poucos, mas chamativos elementos cênicos para funcionar bem de modo a mostrar a simplicidade das famílias e tudo o que ocorria ali. E além disso conseguiram manter a sintonia cênica com o que queriam mostrar no rigor da tortura para que isso causasse de certa maneira um certo choque nos espectadores. A câmera forçou em demasia o conceito psicológico da trama ao ficar diversas vezes paradas na mesma cena sem que nada quase acontecesse e tivesse para acontecer, então dessa maneira foram enfáticos ao controlar a iluminação para que não cansasse a vista e o resultado fosse coeso.

Enfim é um longa interessante, mesmo que forçado demais para causar, claro que isso foi o que fez do longa ganhador de diversos prêmios, mas quem não tiver estômago para as cenas mais duras e paciência para as cenas mais lentas, com certeza vai acabar desistindo de ver ele até o final, que sendo algo completamente fora dos padrões comerciais, é totalmente aberto para quem quiser pensar e fazer seu próprio final da história. Fico por aqui agora, mas ainda irei falar do outro longa do Circuito Indie Festival do Sesc dessa noite, então abraços e até daqui a pouco.


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Cada Um Na Sua Casa em 3D (Home)

4/11/2015 07:57:00 PM |

Algum tempo atrás falei que a Dreamworks geralmente preza mais pelos pais que vão assistir às suas animações do que a criançada em si, e isso fica claro que muitas piadas, trejeitos e até mesmo mensagens subliminares acabam estando muito evidentes não sendo algo fácil para a criança assimilar e divertir com o que é passado, mas claro que longe de termos situações pesadas, procuram sempre colorir o máximo a trama toda e colocar personagens engraçados, com falas geralmente erradas e assim cativar também o carinho dos pequeninos. Então usando dessa mágica de sucesso, o resultado de "Cada Um Na Sua Casa" é simples, transformando a situação toda que coloque em suma a valorização familiar e amizade, temos um longa bem bonito, divertido e até de certa forma inteligente, aonde conseguimos torcer pelo personagem que mesmo sendo completamente diferente dos seus semelhantes, ainda vai ser diferenciado quando precisa.

O filme nos mostra que o planeta Terra foi invadido por seres extraterrestres, os Boov, que estão em busca de um novo planeta para chamar de lar. Eles convivem com os humanos pacificamente, que não sabem de sua existência. Entretanto, um dia a jovem adolescente Tip encontra o alien Oh, que foi banido pelos Boov devido às várias trapalhadas causadas por ele. Os dois logo embarcam em uma aventura onde aprendem bastante sobre as relações intergalácticas.

O roteiro que é baseado no livro de Adam Rex conseguiu trabalhar bem a conexão entre os diversos personagens e seus dilemas, juntamente com muita ideologia para ser passada, mas claro sem alterar o ritmo engraçado que toda animação deve ter e aqui o diretor Tim Johnson, que é mais conhecido pelo filme "FormiguinhaZ" conseguiu trabalhar de forma interessante e cativante, pois com uma grande gama de cores, até mesmo no personagem principal, temos uma modelagem bem bacana que não deixa nenhum dos boov semelhante, e mesmo os demais possuindo praticamente a mesma personalidade conseguimos ver a dificuldade da direção em não ser repetidora de características, o que acaba acontecendo em diversas outras animações. Além disso, toda a história se desenvolve movimentando o carisma dos personagens, então é difícil você acabar se apaixonando por um ou outro, ficando sempre na torcida por todos e agradando com o que é feito em cada ato, ou seja, tudo é muito bonitinho e gostoso de ver.

Sobre os personagens, antes de mais nada tenho de falar sobre o quesito dublagem, pois como digo o único gênero que tolero e até gosto mais de ver dublado é o das animações, pois geralmente a equipe acaba trabalhando tanto os personagens que acabam ganhando um carisma próprio pelo conteúdo mais próximo da nossa realidade e dessa maneira, embora seja até irritante em alguns momentos ver os erros de fala do protagonista Oh, ainda assim é bem divertido e agrada bastante. E falando nele, Oh conseguiu ao mesmo tempo ser o protagonista da história, o personagem engraçadinho que remete à animação para as crianças e o personagem que insere a questão moral, e isso não é algo comum de ver, mas que foi um acerto bem trabalhado e que agradou bastante na perspectiva passada, além de puxar o seu carisma todo para as crianças. Em outra perspectiva, a Dreamworks inova com sua primeira protagonista mulata e Tip tem todo um ar independente interessante de acompanhar e agrada bem com a forma interpretativa que deram para a garotinha que com uma modelagem bem interessante, seus contornos visuais ficaram bonitos e demonstrou diversos estilos de expressões. Os demais personagens funcionam bem como elo entre os personagens e por não termos um vilão expressivo em si na trama, tudo acaba girando mais entre os pensamentos dos protagonistas de certo e errado, então mesmo com a raça alienígena que "caça" os Boov parecer algo maldoso em si, quem for mais esperto irá pegar a ideologia rapidamente logo nas primeiras cenas. Há e já estava esquecendo de falar do gato Porquinho, que está bem colocado na maioria das cenas, sendo cheio de personalidade e agradando bastante também.

No conceito visual da trama, vale repetir que tudo foi feito utilizando tantas tonalidades de roxo, principalmente, que até em algumas cenas isso vira uma brincadeira entre os personagens, e sempre procurando detalhar ao máximo cada elemento, o filme trabalha um conceito artístico bem interessante que vai com certeza agradar os adultos que forem levar os pequenos para assistir no cinema, e assim mostra que a Dreamworks parou de querer ser a empresa engraçadinha nas animações e partiu para a briga tanto no conceito visual que já era boa quanto no quesito mais introspectivo que a Pixar dominava, então embora a briga desse ano já estava praticamente ganha mesmo antes de estrear, o resultado aqui agradou bastante para termos algumas boas discussões sobre a vitória do que vem a seguir. Sobre o 3D até temos alguns momentos bem bacanas com bolhas voando, e outros objetos misturando a perspectiva original da trama com uma certa profundidade, mas nada que seja impressionante de ver, portanto a tecnologia funcionou mais para dar uma textura melhorada nos personagens e agradar no conceito visual, ou seja, nada que uma sessão mais cara compense.

Um fator muito agradável da trama também fica por conta das canções escolhidas, daquelas que ficam em nossa cabeça por um bom tempo, e claro que funcionaram tanto para dar ritmo à trama quanto para ser parte do conteúdo da história e isso é algo que agrada demais quando bem utilizado, no caso aqui recomendo com certeza a trilha completa para ser ouvida diversas vezes.

Enfim, é um longa muito gostoso de acompanhar, que diverte com boas piadas e com um conceito visual bem interessante para passar, ou seja, resultado de diversão completa tanto para os adultos quanto para as crianças. Claro que utilizando daquela minha escala de agradar os pequenos fazendo com que eles fiquem quietos na sessão toda, aqui dá pra falar que não funcionou muito, já que em alguns momentos a criançada dispersou do que estava sendo mostrado na tela, mas ainda assim acredito num resultado bem potencializado. Então recomendo ele com certeza para todos, e já ficamos esperando pelas demais animações do ano, para ver se a briga realmente vai ser boa. Fico por aqui hoje, mas volto na terça com os filmes do Festival Indie do SESC, então abraços e até breve pessoal.


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Risco Imediato (Good People)

4/10/2015 01:08:00 AM |

Olha, não sou o maior fã de filmes policiais, mas gosto bastante do gênero para poder saber o quão ruim é um filme quando é mal feito, mas quando algum maluco resolve pegar todos os clichês possíveis e imaginários do estilo e tentar trabalhar isso como algo novo é abusar da boa vontade do espectador que pagou seu ingresso querendo ter emoção ao menos nas cenas mais tensas. Digo isso pois o que é mostrado em "Risco Imediato" num primeiro momento pode até parecer interessante, mas conforme vão se aprofundando no tema, colocando algumas pitadas de tensão, a situação toda começa a ficar risível de tão absurda que é cada uma das milhões de gafes que o longa comete, só não vou falar de todas as gafes do filme aqui para o texto não ser apenas de spoilers, estragando mais o longa para aqueles que ainda pensam em ver o filme, mas o que posso adiantar de cara é que se você é daqueles que não entendem muito as cenas de mistério ao estilo Scooby-doo de alguns longas policiais, nesse eu lhe garanto que tudo será mostrado em câmera lenta e detalhada com círculos redondos para onde você deve olhar junto com os personagens. Pronto, acho que não preciso falar mais nada sobre o longa que já garanti o fracasso dele ou a lotação das salas para rir de tudo, mas lembre-se o gênero do longa é Suspense/Policial/Ação e não Comédia, ok?

O longa nos mostra que após herdarem uma casa em Londres, Tom e Anna deixam os Estados Unidos e se mudam para a cidade. Devido à dificuldade de Tom em conseguir um bom emprego, eles logo passam por problemas financeiros que os ameaçam de despejo. Para minimizar a situação, resolvem alugar um quarto no andar de baixo para Ben Tuttle. Só que, três meses depois, Ben aparece morto devido a uma overdose de heroína. Após a polícia ir ao local, Tom encontra uma maleta repleta de dinheiro. Não demora muito para que o casal utilize o dinheiro para pagar dívidas e realizar seus sonhos, o que desperta a atenção do policial John Halden e também de dois traficantes, um que é o dono do tal dinheiro e outro que sofreu um grande golpe.

O mais engraçado do filme é que ele é baseado no livro de Marcus Sakey "Good People", que aliás é o nome original do filme, e se foi adaptado fielmente acredito que as escolas devam usar esse livro como história para os alunos trabalharem, pois tudo é muito fácil nele, cada situação do longa quem já viu um só filme do gênero vai saber que os protagonistas irão usar a grana achada, vão fazer caras de que não sabem de nada, vão se achar os super-heróis para enfrentar bandidos extremamente bem armados num lugar completamente abandonado e por aí vai, mas incrivelmente toda essa facilidade flui bem e diverte, então embora o longa seja completamente previsível e até bobinho demais, acabamos rindo e se divertindo com tudo que o diretor dinamarquês Henrik Ruben Genz nos entrega, então se você quiser uma comédia policial talvez saia bem contente do que a trama vai propor, mas se for esperando um policial mesmo cheio de suspense, fuja quilômetros desse longa, pois nem planos ousados de câmera vão salvar ele.

Quanto da atuação dos protagonistas, não sei se já peguei implicância com James Franco pelos inúmeros besteiróis que anda se metendo após toda a dramaticidade que entregou em "127 Horas" ou se realmente ele não é um bom ator, pois não aparenta mostrar dinâmica para os seus personagens, se porta sempre achando que está com um climão pesado, e até repete expressões para diferentes tipos de situação, ou seja, precisa começar a selecionar menos filmes para chamar atenção e trabalhar realmente sua atuação, senão daqui a pouco vai virar um Nicolas Cage da vida. Kate Hudson cai bem em comédias românticas, tem cara de atriz de filme romântico, e é engraçadinha, pronto, parem de querer colocar ela em outros estilos que não vai cair bem nenhum personagem, não faz caras de susto, e sua cena chutando o bandido é melhor eu nem falar nada. Se existe um ator que acredito muito no potencial é Omar Sy, que pode fazer qualquer estilo que vai ter um charme próprio e até mesmo um personagem meio bobo como é o seu Khan que vai chamar a cena para si, então embora seja risível algumas de suas cenas, o porte expressivo do rapaz é notável e ainda espero um papel grande num filme hollywoodiano para que ele detone, aqui foi fraco infelizmente. Tom Wilkinson faz de seu policial Halden, literalmente uma vergonha para os investigadores reais e até mesmo para os grandes policiais da ficção, pois tudo é mal trabalhado em suas cenas, não há motivo para empolgação, extremamente previsível e algumas até parecem paródia de outros filmes, por exemplo a cena que levanta do hospital e vai atrás dos bandidos só faltou quebrar o gesso para parecer com a de The Rock em "Velozes e Furiosos 7". E para fechar temos Sam Spruel que até chega a impor respeito com seu traficante Jack, mas talvez necessitasse bater em mais gente, e demonstrar maldades nas expressões para envolver, pois ser pego tão facilmente nas cenas que apanha de Hudson e depois na sua cena final é fraquejar demais no personagem.

Visualmente temos até diversos elementos cênicos no melhor estilo aponte o objeto que todos os personagens e os espectadores irão olhar, e isso não é ruim, pois funciona bem didaticamente para explanar a situação toda que está ocorrendo, o erro é o exagero, pois vimos o chiclete uma vez, na segunda já passa a ser bobo, se tivesse uma terceira iríamos querer bater no cenógrafo que deveria ser irmão do diretor, o mesmo vale para a janela falsa, e tudo mais que insistem em ficar marcando território, mas ao menos as escolhas das locações foram bem condizentes com tudo que o longa pedia, e assim o desenvolvimento da equipe artística pode ser visto. A equipe de fotografia quis fazer algumas firulas trabalhando com filtros de escurecimento de cenas, em outros momentos utilizou câmeras invertidas para chamar atenção (sem nenhum motivo explícito), e quis mostrar serviço como se fosse algum exercício de faculdade, mas estamos falando de algo comercial, então arriscaram demais na linguagem sem necessitar.

Enfim, é um longa que até conheço pessoas que irão gostar do irão ver, mas a grande maioria vai reclamar demais de tudo e dessa forma é melhor eu nem pensar em recomendar ele. Como disse em alguns parágrafos se você quiser diversão fácil em um roteiro totalmente previsível e até bobo demais, esse longa é para você, mas do contrário evite mesmo, pois a chance de ficar batendo a mão na cabeça se perguntando o motivo de estar vendo esse filme é alta. Bem, fico por aqui agora, mas ainda falta uma estreia para conferir nessa semana e os filmes do Festival do SESC então abraços e até breve com mais posts.


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Vic + Flo Viram um Urso

4/08/2015 01:27:00 AM |

Alguns filmes trabalham tanto o drama com pontuação tematizada instrumental que acaba irritando o espectador que já até sabe a hora que vai acontecer algo ou aparecer alguém que não é bem-vindo. Muitos que forem sem ler nada assistir a "Vic + Flo Viram Um Urso" podem demorar até um bom tempo para compreender o que está acontecendo, pois inicialmente parece que o longa é algum tipo de continuação de outro filme, pois não temos a parte introdutória de apresentação que é comum na maioria dos filmes, tudo acaba acontecendo pontualmente e temos de ir assimilando, mas garanto que se o diretor tivesse entregue alguns detalhes extras, principalmente o crime de Florence no passado, o longa envolveria muito mais e ainda assim continuaria com o clima de suspense da trama, mas ao relativizar tudo, o resultado final embora seja condizente com tudo que ocorreu no restante, ainda ficou como um filme que não sabemos se gostamos ou não, perdido no meio do caminho.

O filme nos mostra que Victoria Champagne é libertada da prisão. Instalada em uma cabana no meio da mata, ela deve informar suas atividades semanais ao agente da condicional. Florence Richemont, sua companheira de cela e de intimidade, é liberada mais tarde e se junta a Victoria na floresta. A partir disto, começa uma estranha dinâmica entre elas, que precisam se proteger dos fantasmas do passado.

Se existe algo interessante no roteiro é a forma que cada um dos protagonistas enxerga e desenvolve a sua própria prisão interior, e isso é algo que acaba desenvolvendo nossa forma de pensar e refletir junto com tudo que ocorre, de forma que o diretor Denis Côté acaba tornando a trama interessante com suas nuances, mas ao ser alternativo demais e pontuado demais, quebrando cada momento sem uma fluidez, acabamos de certa maneira dispersos em relação à tudo que acaba sendo mostrado, pois a cada buraco, por ser um filme pensante, sobra tempo para que você viaje no que está acontecendo e ao voltar para a tela, já não está conectado com algo novo e reflexivo que está sendo mostrado. Então não posso falar que é um roteiro ruim, mas deveria ter sido trabalhado ou completamente aberto para pensar ou atacando todo o suspense/drama que a trama caberia e resultaria num filme espetacular. Mas dessa maneira o resultado repito o que falei no começo, fez o diretor parecer não querer agradar nem a ele mesmo, muito menos aos espectadores, deixando tudo sempre em cima do muro.

Sobre a atuação, chega a ser engraçado o quão caracterizada ficou Pierrette Robitaille como a ex-presidiária homossexual Victoria, de maneira que mesmo que não fosse, acabaríamos imaginando isso de seu jeito que acabou incorporando, isso claro é um grande feitio da atriz e não temos o que reclamar de sua expressão, mas talvez se fugisse um pouco do estereótipo criado chamaria mais atenção. Valerie Donzelli faz de sua Florence uma personagem complexa e que não é possível determinar um rumo condizente apenas com o que faz na tela, talvez sendo necessário pesar algo a mais de nossa própria cultura para aceitar ou não seus atos, e isso como filme julgaria um pouco errôneo, afinal o roteiro pode ser dúbio e nos levar a refletir, mas o personagem sem rumo, mostra falha na concepção do ator, talvez determinar se queria ser de impacto ou impactante agradaria mais. Marc-André Grondin faz o agente Guillaume parecer o ponto de quebra da trama, pois a todo momento que aparece ficamos quase que como um anjo analisador de conduta que quer determinar se vai levar as almas para o céu ou para o inferno, e incomoda demais sempre suas aparições sem determinismo, pode ser até que não agrade tanto se o virmos de outra maneira, mas ao mesmo tempo que soa fofo como Florence o vê em alguns momentos pode ser o chato também. E para finalizar sobre a atuação dos protagonistas Marie Brassard faz uma Jackie/Marina interessantíssima e cheia de duplos sentidos, mas ainda gostaria de ir mais a fundo e saber como foi seu crime junto de Florence para pontuar mais se toda essa sua violência é válida ou exagero artístico do diretor/roteirista. Os demais possuem expressões exageradas e em certos momentos até assustadoras demais, mas funcionam dentro das características que o diretor quis passar, apenas soando totalmente fora do que estamos acostumados a ver.

Quanto ao visual novamente temos o relativismo entre os sentimentos de prisão interior presentes a cada elemento cênico, a cabana no meio do nada, o caderno de análise pessoal, o carrinho de corrida lento comparado aos carros velozes de kart, os instrumentos de tortura, o presente versus o passado e por aí vai, de forma que a equipe artística foi bem minuciosa para desenvolver o roteiro com precisão quase que cirúrgica e fazer com que o filme seja visto diversas vezes antes de poder concluir tudo, ou seja, um excelente trabalho conceitual, que ainda remeto ao que disse, vai deixar a vida de quem assiste pensativa. Enquanto isso, o pessoal da fotografia não quis deixar margens para dúvidas, e botou as cenas tensas todas na tonalidade escura, e os momentos mais relaxantes da vida das protagonistas com muita, em alguns momentos até demais, iluminação para não ficarmos questionando nada, e assim agrada utilizando nenhuma sutileza.

Sobre o quesito sonoro, temos alguns momentos bacanas, mas a pontuação forçada de tambores para a "vilã" da trama beira o irritante, de modo que num primeiro momento acaba criando certa tensão, mas mais para a frente começa a soar bobo e mais para o final já passa a ser insustentável. Agora o destaque fica para a cena final com o garoto do trompete comparando o começo com o fim da trama, dando para refletir de uma maneira mais cômica sobre tudo que é passado.

Enfim, um filme que fiquei com mais dúvidas do que resoluções, mas que me agradou em vários momentos na mesma intensidade que irritou em outros, ou seja, confuso e gostoso de assistir, talvez para alguns flua de forma melhor, e para outros vai acabar gerando questionamentos demais, então a minha recomendação maior para assistir e digerir tudo que ele pode proporcionar é ver em casa com calma, pausando e analisando, já que dá para gerar diversos debates sobre tudo que é mostrado. Como analiso sempre a minha primeira impressão, vou acabar dizendo que foi algo mediano, mas garanto que com um segundo olhar minha nota melhoraria muito. Fico por aqui hoje encerrando a semana cinematográfica e já ficando preparado para a próxima que será bem curta, mas ainda contando com o Circuito Indie Festival do SESC teremos boas opções para conferir, então abraços e até breve pessoal.


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