Um Homem Diferente (A Different Man)

11/30/2024 08:40:00 PM |

Costumo dizer que alguns filmes que dão bug em nosso cérebro são bem interessantes para experimentar coisas novas e diferentes, mas precisa estar aberto para se envolver com o que vão entregar, senão será apenas uma loucura total fora da caixa e o resultado pode não agradar tanto. E a loucura aqui entregue em "Um Homem Diferente" é praticamente toda desenvolvida nos últimos atos, aonde temos o protagonista conversando em um bar que faz as diversas conclusões de como a pessoa teria uma ideia completa de falar sobre uma pessoa assim, e isso traz muitas reflexões sobre os procedimentos estéticos atuais, sobre a computação gráfica, maquiagens digitais e tudo mais, ou seja, a brincadeira toda da trama traz essências e dinâmicas tão malucas que o resultado acaba sendo mais complexo do que poderíamos imaginar. Ou seja, é daqueles filmes que ficamos perplexos com tudo o que rola, temos um estranhamento, mas que vamos fluindo e entrando no clima até a cabeça pirar como a do protagonista ao final, e isso é algo que a A24 sabe fazer muito bem, então se joguem!

A sinopse nos conta que o aspirante a ator Edward se submete a um procedimento médico radical para transformar drasticamente sua aparência. Mas seu novo rosto dos sonhos rapidamente se transforma em um pesadelo, à medida que ele perde o papel para o qual nasceu e se torna obcecado em recuperar o que perdeu.

Não conhecia o trabalho do diretor e roteirista Aaron Schimberg, mas assim como é falado na parte que citei no começo do bar, apostaria que ele conheceu primeiro o verdadeiro personagem (que ousadamente está presente no longa) do que teve a ideia para escrever o filme e depois saiu atrás de alguém dessa forma, pois a deformação de rosto do ator Adam Pearson é algo muito fora do comum, ou seja, ele conseguiu trabalhar toda a essência na tela com uma propriedade única ao ponto que toda a história se desenvolve em aceitar seu rosto, e por vezes não se enquadrar aonde aquele visual necessariamente faz parte, como é o caso da peça escrita aonde tudo flui para o rosto do personagem, e assim a ideia flui bem, sendo classificado como um suspense psicológico, mas que tem uma pegada tão diferente que não sei bem aonde o colocaria, pois tem ares cômicos duplos e uma dinâmica que vai mais além do que apenas isso, sendo algo novo para se pensar.

Quanto das atuações, Sebastian Stan é daqueles atores que se jogam por completo na personalidade que o diretor deseja, e faz filmes tão complexos por vezes que se ele não entrar nessa onda é capaz que se perca e não entregue nada, e aqui seu Edward tem um estilo fechado e denso, usando no começo uma maquiagem pesada, mas ainda assim se entregando com toda a imposição cênica presente, fazendo bons atos e traquejos, depois com seu rosto tradicional e o nome Guy muda completamente de trejeitos, entrando numa intensidade mais rápida, desesperado e determinado, que ao final já está numa pilha de nervos tão grande que tudo se desenrola insanamente. A jovem Renate Reinsve fez sua Ingrid de uma forma bem interessante e marcante, sabendo encontrar a desenvoltura para as situações que vive, e o mais estranho de ver é a forma passional que ela adquire pelo jovem desfigurado, e assim resultando numa brincadeira muito maluca com tudo o que faz. E claro Adam Person que já vimos como coadjuvante/figurante em alguns outros trabalhos, aqui vira quase que um protagonista da própria história desenvolvida para ele com seu Oswald, de modo que sua entrega perturba o protagonista de uma forma tão insana que ele se destaca com dinâmicas e atitudes bem fortes e chamativas.

Visualmente a trama tem uma pegada meio que estranha pelo apartamento meio que simples, fechado e escuro do protagonista, meio como se não quisesse nem se ver nos primeiros atos, já sendo todo branco e iluminado na segunda parte quando tem um visual mais bonito, o teto se decompondo meio como se fosse também seu rosto soltando pedaços, e ainda tivemos o pequeno teatro com a peça sendo desenvolvida, alguns bares e alguns elementos chamativos para tudo funcionar bem, tendo claro o destaque para a máscara desfigurada, e claro para a equipe de maquiagem que deixou Sebastian Stan bem feio com uma gosma se desgrudando após o procedimento estético.

Enfim, é um longa interessante, que bagunça tudo na mente com a proposta de conflitar mesmo a cabeça do protagonista em se aceitar "bonito" ou querer fazer o papel de "feio", que resulta em uma trama intensa e bem colocada na tela, então quem for conferir ele a partir do dia 12/12 nos cinemas se prepare para tudo, pois vai precisar, e de uma forma boa, pois o longa é bem bacana. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, agradecendo o pessoal da TZM Assessoria e da Clube Filmes pela cabine de imprensa, mas hoje ainda vou ver mais um longa, então abraços e até logo mais.


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A Contadora de Filmes (La Contadora de Películas) (The Movie Teller)

11/30/2024 02:28:00 AM |

É engraçado como alguns filmes nos fazem viajar pela história contada, e sabiamente permeiam memórias e envolvimentos dentro de um roteiro ou trama que você nem sabia o que veria, e hoje foi daqueles dias que cheguei para a sessão sabendo duas coisas apenas: o nome do filme "A Contadora de Filmes", e que um dos roteiristas era o brasileiro Walter Salles (que apenas já levou dois milhões de brasileiros para os cinemas no seu filme mais atual ainda em cartaz) por um material que a distribuidora enviou um tempo atrás, ou seja, não tinha lido nada do que se tratava, mas que pelo nome dava para tirar algumas conclusões. Porém conforme vamos vendo grandes clássicos dos anos 60-70 na telona junto com a família que tinha como regra ir todo domingo ao cinema, e mais ainda quando a garota vira uma contadora para os menos abastados (aparentemente o cinema na época já era algo salgado para as famílias mais pobres), iniciando com sua família, depois com vizinhos, amigos e multidões, que a viam interpretar brilhantemente as cenas, contando frases e intenções de tudo o que tinha visto na telona. Ou seja, é daquelas tramas que mostram como o cinema influencia e emociona, envolve e consegue ir muito além do que apenas um período sentado olhando para uma tela escura, mas sim trazer algo real ou irreal para nossos olhos e cérebro imaginarem algo a mais, e isso no longa ainda encantará mais ainda os amantes de cinema como nós somos.

O longa nos conta que María Margarita, uma talentosa contadora de histórias de cinema, é a mais nova de quatro irmãos, oriunda de uma família que vive em uma cidade mineira no deserto do Atacama, no Chile. Para María, o momento mais especial da semana é o domingo, quando todos vão ao cinema para curtir histórias que os transportam para outros mundos, diferentes de suas realidades. Os pais da garota criativa logo percebem o dom que a filha tem para inventar histórias que poderiam ser filmes. Não demora muito para que o talento de María caia na boca das pessoas da cidade e isso faz com que uma significativa mudança na fortuna da família aconteça, justo em um momento em que o país está sendo transformado para sempre.

A trama que é baseada no livro do poeta chileno Hernán Rivera Letelier foi desenvolvida por três grandes roteiristas e diretores como Walter Salles, Rafa Russo e Isabel Coixet, para que nas mãos do diretor Lone Scherfig ganhasse um formato sentimental tão bem trabalhado, que mesmo sendo uma trama muito narrada (que já disse outras vezes não ser nenhum pouco fã), acabou me comovendo ao ponto de nem ligar para a história sendo contada pela garota, de modo que tudo flui na tela, tudo tem personalidade e ambientação, e o resultado acaba sendo perfeito de acompanhar, que recheado de nuances calmas e quebras bem duras de sentir, faz o espectador viajar pela época e até esquecer realmente o período da trama, tanto que quando ocorrem os atos finais vem toda a lembrança, e que complementado com um ótimo fechamento funciona na totalidade.

Quanto das atuações, o gracejo de ambas as protagonistas que viveram María Margarita dá todo o tom da trama, tanto que Alondra Valenzuela começa já desde a primeira cena com o redemoinho se mostrando uma jovem fora dos padrões, que gosta de experimentar e vivenciar cada momento, trabalhando olhares astutos e marcantes na tela, quanto Sara Becker que fez a jovem já na segunda fase, com uma personalidade mais inspirada e emocional, mas também tendo alguns atos fortes e densos que com trejeitos amplos e marcantes conseguiu dominar todas as cenas e nos contar o filme com muito envolvimento. Antonio de la Torre trabalhou seu Medardo inicialmente bem simples e com muitas dúvidas do que sua mulher sentia por ele, mas depois do acidente muda trejeitos e acaba ficando mais explosivo e direto, de modo que ainda passa alguns momentos mais emocionais com a entrega da filha, mas sempre com um olhar mais vazio. Bérénice Bejo fez uma entrega simples, porém bem marcante com sua María Magnolia entregando cenas cheias de envolvimento com toda a família, e também alguns atos aonde víamos sua mente voando para onde desejava ir. Outro que entregou atos bem colocados, meio que em segundo plano, mas com dinâmicas chamativas foi Daniel Brühl com seu Hauser, de modo que encontra seu espaço e sem precisar apelar consegue que o público olhe para seu personagem. Ainda tivemos bons momentos com todos os demais, tendo um ou outro chamariz por parte dos demais filhos e também do namoradinho da protagonista, mas sem algo que realmente se destacasse, valendo pelos bons traquejos que souberam dar personalidade sem ficarem apagados na trama.

Visualmente a trama nos leva para dentro do deserto do Atacama no Chile, com um ambiente bem seco, cheio de poeira e casinhas marrons, aonde tudo é bem simples, mas com sábios detalhes para colocar envolvimento familiar, e símbolos para que cada um entre na ideia completa da trama, tendo claro os destaques para as vestimentas dos mais ricos e chefes da mina com seu clube privativo, a escola sem grandes detalhes, e toda a pompa para o cinema, com suas muitas poltronas lotadas ao domingo, com ótimas escolhas de filmes da época para conferirem (que espero que todos os pequenos jovens atores tenham realmente conferido, pois valem a pena passar inteiros para conhecerem mais aonde estão entrando), e claro as reproduções interpretadas pela garota, cada vez com mais elementos cênicos para envolver sua plateia, que com poucos elementos cênicos bem detalhados funcionaram perfeitamente.

Enfim, é um longa sensível e gostoso de ser conferido, que funciona na medida certa para envolver a todos que entrarem por completo na trama, mostrando que o cinema é algo tão mágico que pode mudar a vida das pessoas, então não perca a chance de entrar nesse mundo que o cinema espanhol nos entregou com uma perfeição incrível, que só poderia ser um pouco mas rápido em alguns atos, mas nada que tenha atrapalhado o resultado final. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais filmes, então abraços e até logo mais.


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Moana 2 em 3D

11/29/2024 01:39:00 AM |

Originalmente a animação "Moana 2" seria lançada como uma série no Disney+, mas como viram potencial em lançar ele nos cinemas começaram a cortar partes que seriam desgastantes, e hoje após conferir posso dizer que fizeram com um primor essas tesouradas, pois ficou um filme redondinho, aonde todos se divertem facilmente com toda a entrega, tem atos emotivos bem colocados, e canções marcantes para ficar ouvindo, ou seja, o pacote completo de uma boa animação Disney, que não se alonga e nem peca em cortes forçados. Claro que muitos estão reclamando, principalmente os críticos que amam enrolações de séries, aonde os mil personagens são apresentados, tem desenvolvimentos cênicos e tudo mais, então diria que não fizeram falta, mas quem sabe numa versão mais alongada dentro do canal depois alguns façam a festa.

O longa nos conta que passados três anos desde a última jornada marítima, um chamado de seus ancestrais leva a jovem polinésia Moana de volta para águas perigosas e distantes da Oceania com um grupo improvável de marinheiros. Com a ajuda também do semideus Maui, ela deve quebrar uma maldição terrível que um deus cruel e com sede de poder colocou sobre uma das ilhas de seu povo. Nessa grandiosa missão, Moana e sua equipe vão desbravar novos territórios e enfrentar velhos e novos inimigos, como monstros marítimos, feitiços e deuses do mal. Tudo isso em busca de reconectar sua nação e assegurar a paz dos oceanos.

O mais engraçado é que mesmo sendo três diretores no primeiro filme de 2016, passados oito anos nenhum dos três voltou para a continuação, sendo agora comandado novamente por um trio de diretores e roteiristas estreantes nas funções, mas que já trabalharam muito nas direções de arte de outros grandes filmes com David G. Derrick Jr. tendo trabalhado até na arte do primeiro longa, ou seja, soube ter noção dos traços e de onde poderia ir mais além para que seu trabalho funcionasse bem, e como a personagem é uma exploradora e navegadora, o rumo agora foi bem além do que o primeiro longa, aonde tivemos mais aventuras e histórias bem trabalhadas de uma forma mais lúdica, porém bem encaixada na tela. Ou seja, os diretores quiseram brincar com facetas do mundo da exploração marítima e conseguiram trabalhar traços tão interessantes que chega a dar até um certo tom de realismo, mas claro sem perder a magia de uma animação da Disney, o que torna tudo mais belo, cheio de texturas e facetas que empolgam demais.

Quanto das dublagens e personagens, novamente Any Gabrielly deu um show com a voz e a personalidade que passou para sua Moana, de modo que não ficamos nem com vontade de ver o longa em versão original, sendo ela a nossa protagonista, que aqui está bem mais experiente e determinada, com mais imposição e desenvoltura, mas também com receios, afinal agora tem alguém lhe esperando demais que é a irmãzinha, ou seja, vemos muitas dinâmicas, canções e interações bem entregues pela protagonista que domina o filme. Saulo Vasconcelos também brincou bem com seu Maui dando uma boa imponência e com algumas adaptações nos diálogos que só o Brasil faz, colocando boas sacadas e dinâmicas no grandalhão. Ainda tivemos na equipe da navegadora a construtora de barcos Loto que Éri Correia falou e cantou na velocidade acelerada em nível máximo, o intérprete de culturas Moni completamente aficionado por Maui que Ítalo Cruz entregou muito bem nas dinâmicas, e o agricultor ranzinza Kele que Walter Cruz acabou soando bem engraçado com seus medos. Num primeiro momento a Matangi que Lara Suleiman dublou pareceu meio vilanesca, mas depois deu bons estímulos para a garota e acabou agradando com o que fez na tela. E claro que eu não poderia esquecer da graciosa Sinea que Lara Paciello trabalhou num tom de voz infantil tão gostoso de ouvir que valeria ter até mais cenas da pequenina.

Visualmente o longa é um deslumbre a parte, com cores vibrantes e bem colocadas, personagens desenhados com um primor de traços e texturas que beiram o real, mas ainda assim funcionando com características de desenho mesmo, cenários bem colocados, e muitas dinâmicas velozes com um mar em fúria, além de grandes ambientes marcantes, com raios, furacões e tudo mais, ou seja, a equipe pesquisou bem para elaborar algo grandioso na tela, e funcionou demais. Agora quanto ao 3D, por ter conferido na sala Imax confesso que vi poucos atos com muita coisa saindo para fora da tela, o que sempre espero mais, porém na composição de sombras para que os personagens tivessem uma boa profundidade de campo, o resultado funciona.

A trilha sonora também contou com canções bem dinâmicas que deram movimento ao longa e claro por ter uma pegada musical como a maioria das animações da Disney, o resultado acaba tendo muita explicação e determinação no trabalho, e aqui eu deixo o link tanto com as canções originais, quanto com as dubladas no país, algo raro de ver!

Enfim, é um filme que não é perfeito, mas que agrada bastante, e que consegue envolver do começo ao fim, valendo demais a conferida, e acredito que vai movimentar bastante as salas dos cinemas, pois tanto a garotada vai se divertir quanto os mais velhos que viram o original oito anos atrás estarão dispostos de entrar no clima novamente dessa princesa mais destemida da Disney. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, voltando em breve com mais textos, então abraços e até lá.


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Amazon Prime Video - Pimpinero: Sangue e Gasolina (Pimpinero: Sangre y Gasolina) (Pimpinero - Blood and Oil)

11/28/2024 01:12:00 AM |

Costumo dizer que o cinema latino, tirando filmes argentinos, gosta demais de entregar tramas puxadas para um lado mais novelesco, e não é ruim isso, pois eles sabem que o público que gosta de novelas vai acabar sendo atraído para as tramas, torcerá para os "mocinhos", ficará bravo com os "vilões", e claro vai querer que tudo de muito certo na tela. E me chamou a atenção o tanto de marketing feito pelo longa da Amazon Prime Video, "Pimpinero: Sangue e Gasolina", vindo e-mails de todos os lados, propagandas e tudo mais, pois aparentava ser uma trama simples sem grandes facetas, mas claro como já estava em minha lista, eis que fui conferir, e digo que tirando essa essência novelesca de mil personagens, suas conexões e afins, o resultado final acaba sendo interessante, de modo que a protagonista poderia ser mais imponente no caos, e até mesmo o rapaz que sobrevive poderia ter feito bem antes toda a treta do ato final para aí todo o restante se desenvolver, mas aí o longa ficaria quase um média-metragem.

O longa se passa no deserto que faz fronteira com a Colômbia e a Venezuela, onde os contrabandistas de gasolina conhecidos como "pimpineros" arriscam suas vidas transportando combustível ilegal de um país para outro. Quando Juan, o caçula de um clã de três irmãos envolvidos nesse perigoso comércio, é forçado a trabalhar para um rival, o lado obscuro do negócio é revelado com consequências trágicas. Determinada a descobrir os segredos que envolvem essa terra de ninguém, a namorada de Juan, Diana, embarca em uma busca pela verdade.

Com toda certeza a ideia do longa veio para o diretor Andrés Baiz enquanto dirigia a série "Narcos", pois o filme tem essa pegada árida, tem toda a junção de contrabandistas que vão mudando seus produtos conforme vão ficando mais ricos, e claro como já comparei outras vezes novelas e séries, aqui ele desenvolveu bem sua trama ao ponto que facilmente daria para capitular em episódios de uma série curta, mas brincando com as nuances da tela, o resultado funciona, mesmo que falte um teor mais vingativo para a protagonista, pois ela não nos convence do que foi colocado para ela, porém como não é a única, o resultado acabou dependendo mais da história em si do que das atuações, e nisso o diretor que também é o roteirista poderia ter ido muito mais além.

Quanto das atuações, a estreante Hillary Vergara começou um pouco tímida demais sua Diana, de modo que tentou passar um pouco de personalidade na forma de condução do carro do namorado, mas só, pois depois seus atos, mesmo que tendo algumas pontas fortes, ficou morno para algo que precisava ser explosivo, ou seja, o diretor arriscou muito em colocar uma jovem nessa pegada, mas como é bonita, acabou ganhando o papel. Como o fluxo do filme focou muito nos traquejos de Alberto Guerra com seu Ulisses, ele trabalhou sempre aparecendo por demais, de modo que num primeiro momento você fica se perguntando o motivo de tanto focarem nele, mas com a quebra do outro personagem, ficou evidente que ele sendo meio surtado entregaria algo a mais, e isso ele faz no ato final, ou seja, como disse acima, se o diretor coloca isso no meio do filme, veríamos algo muito mais intenso e bacana na tela. E falando do personagem que é meio protagonista, e não vou estragar contando o motivo disso, Alejandro Speitzer trabalhou seu Juan até que de uma forma bem convincente, tendo trejeitos de todos os tipos, tendo presença cênica, mas não teve tantas chances de ir mais além, ou seja, poderia ter feito mais na tela. Quanto da turma dos vilões, tanto David Noreña com seu Don Carmelo quanto Juan Sebastián Calero com seu Miguel tiveram traquejos bem sacados, com pinta de malvados mesmo, com o segundo sendo mais rústico na entrega e o primeiro mais sacana, acabaram bem característicos do estilo fazendo bem o que precisavam para marcar. Agora o produtor do filme, o cantor Juanes, está tão diferente visualmente com seu Moisés, que tive de dar pausa umas três vezes (na Amazon felizmente quando pausamos dá para ver o nome do ator em cena) para ter certeza que era ele ali nas cenas, mas como seu personagem é bem recatado dentro da trama, não se jogou para muito além.

Visualmente o longa vale bastante, pois mostrou bem essa dimensão de travessias de deserto, toda a sacada do contrabando ilegal contra o contrabando "legalizado" (ou aquele que tem padrinhos políticos), ainda tendo boas cenas com os piratas que entra no grupo de roubar ambos os contrabandos, as vendas de gasolina em garrafinhas, os abastecimentos em lugares meio estranhos, muitos tanques, tiros, explosões, e claro o clube de prostituição do chefão, ou seja, a equipe de arte brincou com o ambiente rústico, contando com carros e picapes mais antigonas, e o resultado bem árido funcionou.

Enfim, é um filme que dava para ser mais curto, e também dava para manter a duração desenvolvendo melhor ele sem precisar ter tantos personagens soltos, de modo que faltou uma montagem menos novelesca para agradar mais, e assim o resultado vai agradar bem mais quem gosta desse estilo. Claro que passa bem longe de ser algo ruim, e assim vale a indicação. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Joy

11/26/2024 12:16:00 AM |

Já disse muitas vezes aqui que gosto de biografias sobre temas que sequer imaginava como tinha ocorrido tudo, e sequer pensava que os cientistas e médicos que conseguiram fazer o processo da fertilização in vitro funcionar foram quase queimados em fogueiras pelos religiosos que hoje vivem nas filas dos mais famosos laboratórios para tentar conseguir engravidar. Claro que todo começo é difícil, mas a vida dos três corajosos que tentaram por quase 10 anos para conseguir chegar no método mais correto e funcional, foi minuciosamente bem desenvolvido no longa da Netflix, "Joy", que trabalha com uma forma emotiva todos os anos que sofreram pela mídia, pela desmotivação familiar, e que de uma maneira sentimental bem colocada funciona na medida certa para envolver todos e não ficar como um longa seco apenas de apresentações. Ou seja, fazia tempo que não via um bom longa do estilo dentro da plataforma, mas hoje posso dizer que capricharam em detalhes, e entregaram algo com uma serenidade gostosa de ver e entender um pouco do processo, que como disse mais ou menos o rapaz que foi o primeiro pai de uma fecundação in vitro que funcionou, "não entendemos nem metade do que o doutor falou, mas se vai nos trazer nosso bebê, vamos lá!".

O longa nos mostra que uma revolução científica foi possível graças à persistência de três estudiosos britânicos, contando a história verdadeira do desenvolvimento da fertilização in vitro e do nascimento em 1978 do primeiro bebê do mundo graças a esse processo, Louise Joy Brown. Nesse drama emocionante, acompanhamos a jornada de 10 anos da jovem enfermeira e embriologista Jean Purdy, do cientista Robert Edwards e do cirurgião Patrick Steptoe em busca de desvendar os mistérios por trás da infertilidade. O trio de vanguardistas enfrentam a oposição da igreja, da mídia, do Estado, da opinião pública e, até mesmo, das instituições médicas para realizar o desejo de milhares de mulheres sem esperança. Joy trata da perseverança e das maravilhas da ciência nessa história sobre um dos milagres da natureza.

Diria que o diretor Ben Taylor soube aproveitar o máximo da história que lhe foi entregue, pois dava para florear facilmente diversos momentos, entrar na vida pessoal de cada um dos protagonistas, fazer mil firulas e sair completamente do foco, mas não, ele centralizou tudo nas experiências, no grupo de testes e claro na mente da protagonista que entrava em pane a cada pensamento sobre tudo, se devia seguir com a religião, seguir a mãe ou tentar algo maior para o mundo. Ou seja, um filme com personalidade, aonde o roteiro e a direção seguiram por rumos diretos e interessantes, aonde tudo bem amarrado e com uma trilha sonora de primeira linha acabaram fluindo fácil e agradando tanto como contexto biográfico quanto como algo que emociona e envolve, que tem o tempo de tela perfeito para não ficar nem corrido, nem arrastado, e assim contar a história por 10 anos sem parecer uma vida (embora muitos nem tenham ganhado o devido renome pela pesquisa enquanto vivo!).

Quanto das atuações, a jovem Thomasin McKenzie vem num crescente bem marcado com as personagens que tem pegado, e aqui sua Jean Purdy tem carisma, tem personalidade e tem muitas dúvidas na mente, ao ponto que conseguiu passar bem essas dúvidas e atitudes para que seus trejeitos tivessem um algo a mais na tela, e agradou demais com tudo o que fez. Da mesma forma, James Norton colocou seu Robert Edwards como alguém ligado no 220V, desesperado para fazer um acerto em sua pesquisa, sabendo tudo e mais um pouco, mas levando tantas porradas da mídia e de tudo ao seu redor que sabiamente uma hora iria parar, mas tendo muita emoção para passar nos atos de fechamento acabou sendo muito marcante com tudo o que fez. Bill Nighy dispensa elogios, pois sempre entrega muito para os seus papeis, e aqui seu Patrick Steptoe tem uma segurança no olhar, tem dinâmicas expressivas do começo ao fim, e sem dúvida alguma teve os diálogos mais diretos e fortes da trama para impressionar. Ainda tivemos bons atos de Tanya Moodie com sua Muriel imponente e cheia de intensidade, botando todas as críticas no bolso e não ligando para nada que fosse contra seus princípios, e Joanna Scanlan como a mãe da protagonista bem quadrada de princípios religiosos, mas fazendo um bom contraponto para o que o filme precisava, entre muitos outros bons personagens secundários.

Visualmente a trama mostrou que nem sempre nos melhores laboratórios, nos mais bonitos e arrumados saem grandes invenções da humanidade, de modo que o hospital escondido aonde tudo se desenrola quando os protagonistas chegaram estava tudo caindo aos pedaços (sendo até engraçado a cena que a esposa do médico vai lá no final falando que tudo estava acabado ali, e ele retrucando que eles até tinham melhorado muito), vemos algumas casas simples de Cambridge, toda a ambientação de estrada aonde os protagonistas passaram viajando diversas vezes parando em restaurantes de estrada, e também todo o figurino bem composto da época, isso claro sem falar nos equipamentos simples de operação da época, aonde tudo era muito criticado nos meios acadêmicos, mas que foram bem importantes para tudo o que se desenrolou, e que claro a equipe de arte foi meticulosa nos detalhes para representar bem tudo na tela.

Enfim, não achei a trilha sonora completa com as canções para escutar, apenas tendo as trilhas orquestradas, o que é uma pena, mas que dá para viajar bastante ouvindo todas as canções brilhantemente escolhidas para compor todo o desenvolvimento do longa, e o resultado final é tão envolvente que chega a ser quase perfeito tudo na tela, então pare tudo o que está fazendo e dê o play no longa dentro da Netflix, pois vai valer demais tanto o conhecimento da história quanto a entrega ficcional dos personagens no filme. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Redenção (Maixabel)

11/24/2024 10:59:00 PM |

Um fator que costuma ser bem interessante de ver nos dramas espanhóis é o peso cênico em cima do desenvolvimento da trama, de forma que o longa acaba fazendo você pensar bastante na situação que está sendo mostrada, e que quando colocado ainda um tema real se aprofundam tanto que chega a soar até alongado demais na tela. E o longa "Redenção", que levou 14 indicações ao Goya, chega na próxima quinta, 28/11, aos cinemas brasileiros após rodar por diversos festivais mundo afora trazendo bem essa densidade artística, aonde nos vemos pensando: "E se fosse com algum parente nosso? Iríamos querer ouvir um pedido de perdão ou somente que fosse conversar com o assassino dele após vários anos?". Ou seja, é um filme simples de entrega, mas que tem uma formatação bem trabalhada na tela, que consegue envolver o público com a história contada, e que mais do que apenas um filme consegue cadenciar os devidos momentos entre todos os principais personagens, afinal seguir uma ideologia de um grupo também pode fazer com que a pessoa nem saiba o que irá fazer, mas a culpa é para todos.

A sinopse nos conta que no ano 2000, o marido de Maixabel Lasa, Juan María Jaúregui, foi morto pelo ETA. Onze anos depois, ela recebe um pedido inacreditável: um dos homens que mataram Juan quer se encontrar com ela na prisão de Nanclares de la Oca, em Álava (Espanha), onde ele está cumprindo sua pena após romper com o grupo terrorista. Apesar de suas reservas e de sua imensa dor, Maixabel Lasa concorda em se encontrar cara a cara com aqueles que acabaram com a vida da pessoa que foi sua companheira desde os 16 anos de idade. "Todos merecem uma segunda chance”, disse ela, quando lhe perguntaram por que estava disposta a confrontar o homem que matou seu marido.

Diria que a diretora e roteirista Icíar Bollaín foi bem centrada no estilo que escolheu para fazer sua trama, pois não usou de artifícios emocionais que puxassem seu filme para algo dramático forçado, mas também não criou dinâmicas que fizessem o longa fluir melhor na tela, de modo que o resultado cênico acabou criando alguns momentos meio que cansativos demais, porém com uma identidade bem colocada que funcionasse na tela. Ou seja, é daqueles filmes que entregam o que promete, sem ir além para nenhum lado, e muito menos apelando para sínteses mais densas, de modo que a diretora deixa que você fique com o questionamento se aceitaria ou não o "perdão", pois ao apenas retratar a história de Maixabel, ela não quis colocar se ela perdoaria. Outro detalhe, é que o começo do longa foi muito picotado, de modo que as coisas vão acontecendo e pulando quase como de forma sem muito sentido, tanto que os assassinos conseguem fugir, vão para o meio do mato, estão comendo, e na cena seguinte já estão presos e sendo julgados, de tal forma que praticamente esqueceram de filmar esse meio do caminho, ou simplesmente resolveram cortar.

Quanto das atuações, Blanca Portillo já ganhou muitos prêmios por papeis densos, e aqui sua Maixabel tem a personalidade que facilmente lhe daria muitos outros com um pouco mais de entrega na tela, de modo que até vemos ela expressando atos fortes e bem marcantes, mas faltou passar um pouco mais de sentimento para impactar como ela poderia. Luis Tosar é daqueles atores que trabalham de uma forma a expressividade no olhar que você não sabe o que ele está pensando, de tal forma que aqui seu Ibon foi bem denso, com trejeitos mais amplos, e que sem ir muito além convence na tela com o que faz, mas facilmente dava para ter algo mais explosivo na personalidade para entregar algo a mais. Urko Olazabal trabalhou seu Luis com uma pegada já mais calma, mais cheia de traquejos, e que desde os primeiros momentos parece estar bem disposto a mudar de vida, de modo que sua cena com a protagonista até foi emocionante de ver, mas poderia ser algo mais emotivo. Quanto aos demais, vale breves destaques para María Cerezuela como a filha da protagonista e María Jesús Hoyos como a mãe de Ibon, de modo que ambas derão boas conexões para os personagens principais, e trabalharam suas cenas de uma forma emotiva convincente, mas sem também chamar muita atenção na tela.

Visualmente a trama teve alguns vértices complexos no começo, mostrando o processo do assassinato no cassino, um pouco do lado emocional dentro de um hospital com a protagonista e num camping com a filha, depois tivemos um julgamento bem rápido com os assassinos dentro de um cubo interessante de ver, para depois termos atos no memorial aonde o marido está com homenagens, e também destruição por parte do ETA, e vemos uma prisão bem arrumada também na tela, de modo que a equipe de arte foi bem sucinta de elementos, mas funcionando com o que precisava mostrar.

Enfim, é um filme denso e bem marcante, que consegue mostrar um pouco de como foi o processo de colocar famílias frente a frente com assassinos de parentes para tentar se perdoarem, mas que acabou faltando um pouco mais de intensidade cênica para emocionar, sendo algo bacana de ver como uma biografia do processo em si, mas que dava para impactar bem mais, isso dava. Então fica a dica de conferida nos cinemas a partir da próxima quinta, 28/11, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Pandora Filmes pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais textos, deixo vocês com meus abraços e até logo mais.


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A Herança

11/24/2024 02:19:00 AM |

Atualmente tem aparecido bastante longas de terror nacionais, mostrando que essa nova geração de diretores finalmente tem pensado fora da caixa e vem deixando de lado as tradicionais comédias e dramas novelescos para quem gosta de fazer, e faz bem que são os diretores mais antigos. Claro que ainda estamos engatinhando no estilo de projetos, tendo alguns bem bons e outros que falham em detalhes mais bagunçados do que em tramas forçadas, mas acredito que logo mais teremos filmes imponentes do estilo funcionando e servindo para exportar também para outros países. Dito isso, o longa "A Herança" teve uma pegada inicial bem trabalhada, com nuances marcantes, mas que de cara já dava para ver que tinha algo de muito errado ali, porém ao chegar no ato de fechamento acabaram apelando demais, fazendo situações estranhas e até bizarras que não convenceram tanto, ou seja, precisava de um refino melhor, e outro detalhe é que mesmo sendo um filme curto de apenas 80 minutos, tiveram um capricho cenográfico tão grande que acaba parecendo ter bem mais tempo de tela. Ou seja, é um filme que tinha um belo potencial para ir bem mais além, mas que não foi tão bem desenvolvido, e acabou forçando a amizade nos atos finais, de tal forma que vinha calmo e de repente acelerou para chegar ao fim.

O longa apresenta o jovem Thomas, que mora na Alemanha com o namorado, Beni. Mas quando descobre que a mãe, com quem não tinha contato, faleceu no Brasil, ele decide voltar para o país natal junto com Beni e descobre que há uma herança deixada para ele: uma casa no interior que pertenceu a avó que nunca conheceu. Ansioso em saber tudo sobre sua família, ele decide visitar a nova casa, onde foi recebido com amor e carinho por duas tias que o tratam como um menino desaparecido que voltou. A partir daí, Thomas encara os mistérios que envolvem a sua família - uma aproximação que por algum motivo a sua mãe nunca quis. Assim, Thomas vê a chance de se conectar com suas origens e descobrir mais sobre seu misterioso passado. Agora, talvez, ele descubra porque cresceu fugindo de cidade em cidade, e cercado de estranhos cuidados da mãe. Enquanto Thomas se encanta com o lugar e com a sua história antes desconhecida, Beni começa a suspeitar que existe algo muito maior embaixo de toda aquela cordialidade e comoção.

Diria que o diretor e roteirista João Cândido Zacharias chegou para seu primeiro longa metragem de uma forma até que ousada, pois seu filme tem tudo o que uma trama de terror gosta de ter, romance homossexual, gringos indo para o interior do Brasil, tias que nunca conhecemos, e uma casa que só de olhar de longe já tinha tudo para ser muito assombrada, ainda mais se for vasculhar, fora o bolo com um recheio meio azulado suspeito, ou seja, assinou vai dar errado com letras garrafais para os personagens, mas o rapaz segue de boa aceitando a família que nunca viu. Ou seja, o diretor fez toda a base tradicional de um terror familiar com seitas e tudo mais, aonde a presença cênica funciona muito bem, mas o envolvimento acaba falhando em situações tão simples no final, aonde ele se jogou para algo tão exagerado e desnecessário, que talvez num segundo filme não caia nessa ideia, mas aqui precisava de numa primeira sessão teste alguém ter falado para ele.

Quanto das atuações, Diego Montez soube ter presença, e fazer com que seu Thomas tivesse um ar meio introspectivo, porém curioso com a entrega da família que nunca teve, de modo que também passou um pouco de carência na tela, e assim seu personagem acabou soando como uma fácil presa que independente do bolo estar com algo a mais, cairia fácil na conversa das tias. Já Yohan Levy fez o famoso desconfiado de tudo com seu Beni, de modo que poderia ter um pouco mais de atitude em alguns atos, mas fez bem o que tinha de entregar, e seu final foi digno de alguém corajoso, pois eu com certeza já estaria na Alemanha na primeira tocha passando lá fora. Analú Prestes e Cristina Pereira trabalharam muito bem a essência daquelas tias que grudam quando você some muito tempo, que ficam paparicando e perguntando mil coisas, mostrando tudo e mais um pouco, porém nos atos que ficam recitando palavras sabe-se lá em que língua, ficaram meio artificiais na tela, parecendo algo decorado e que até cansou a cabeça delas, mas como toda boa atriz, souberam segurar a onda e entregaram o que precisavam fazer na tela. Diria que os demais não foram tanto utilizados na trama, de modo que nem vale destacar, mas Luiza Kosovski botou o corpo para jogo e fez bem seus atos mais quentes, e Gilda Nomacce deve estar perguntando o motivo de ter aceito o papel, pois apelaram na maquiagem dela.

Visualmente o longa arrumou uma casa de fazenda bem isolada, com móveis antigos e ambientes escuros, passando bem um ar de mal-assombrada, além de muitos detalhes com fotos estranhas, tochas andando pelo meio do mato, uma cripta embaixo da casa, muitas velas e elementos cenográficos bem alocados para chamar atenção, mostrando que a equipe de arte trabalhou muito bem. 

Enfim, é um longa simples e bem feito, que falhou nos atos corridos do final e em algumas maquiagens e coisas bizarra do fechamento, mas que funcionou como um terror interessante de ver, que com poucos detalhes teria ido bem mais além. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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A Linha da Extinção (Elevation)

11/23/2024 02:15:00 AM |

Costumo dizer que alguns produtores quando fazem um longa de sucesso acabam pegando aquele mote e querem destroçar ele ao máximo, usando de todas as formas possíveis, de tal maneira que o roteirista olha para ele e fala "Você tem certeza disso?", pois já vimos diversos usos dos bichões de "Um Lugar Silencioso", e agora em "A Linha da Extinção" temos algo muito semelhante, com uma pegada diferente que aqui você não pode nem respirar que o bichão vem pelo gás carbônico, mas incrivelmente não sobe mais do que 2400 metros, e mesmo não gostando de dar spoilers já vou adiantar, que acaba o filme e nem os personagens sabem o real motivo dessa altura! Claro que mesmo tendo bichões, o lance de sobreviver num mundo pós-invasão e aqui necessitar descer para a cidade por motivo de necessidades, a densidade dramática é colocada mais em um estilo de guerra do que de sobrevivência e fuga como aconteceu nos outros filmes dos produtores, e ainda assim o resultado lá foi para outros rumos, enquanto aqui quando descobrem bem o que são os bichões, a coisa fica mais densa e interessante para o que virá para frente. Detalhe, tem uma leve ceninha no meio dos créditos, mas nada que vá impressionar para a continuação.

O longa nos mostra que nas desoladas montanhas rochosas pós-apocalípticas, um pai solteiro e duas mulheres corajosas se veem forçados a deixar a segurança de seus lares. Três anos antes, a Terra foi dizimada por criaturas extraterrestes que, por alguma razão desconhecida, não chegam em altas altitudes, mais especificamente a marca segura de 2400 metros de altura. Precisando se adaptar, os sobreviventes agora vivem em locais elevados e evitam ultrapassar a linha que os separa dos monstros imbatíveis. Unidos por um objetivo comum, Will, Nina e Katie embarcam em uma jornada repleta de perigos, tentando enfrentar os novos predadores que habitam esse mundo hostil. Com o destino de um menino em suas mãos, eles lutam não apenas pela sobrevivência, mas também por redenção, descobrindo a força da amizade e o poder da esperança em meio ao caos. Essa aventura épica revela o que significa ser família em tempos de desespero.

Por incrível que pareça já conferi todos os longas do diretor George Nolfi, e ele é daqueles que não costuma escolher gênero, fazendo desde filmes de viagem temporal, tramas sobre lutas, dramas mais fechados e agora partiu para a ação pós-apocalíptica, aonde a base é simples, e se qualquer diretor souber ousar bem consegue empolgar, e aqui ele segurou bem a dramatização com poucos personagens e muita interação, em atos marcantes aonde a qualquer momento os bichões poderiam surgir do nada nos ambientes dos personagens, e fazer você pular da poltrona (aconteceu comigo em uma que até cheguei a xingar o bicho!), de modo que o estilo do diretor é o da famosa dinâmica acontecer, tudo rolar, e o explicar de menos para que você tire suas conclusões ou entenda como desejar, pois o filme acaba sem explicações maiores do motivo da altura que os bichos não entram, e principalmente por quais motivos só matava humanos enquanto os animais continuaram vivendo normalmente na terra. Ou seja, ficou muita coisa para o segundo filme contar, e a semelhança tão grande com o filme silencioso acabou deixando as coisas meio que sem empolgar como deveria.

Quanto das atuações, o longa teve um time até que bem interessante e coeso, sem precisar de muitos personagens para se desenvolver, com Anthony Mackie trabalhando de forma bem tradicional, no estilo que sempre vemos em todos os seus papeis, com uma calma bem redondinha, fazendo atos diretos sem explosões, e conseguindo convencer muitas pessoas nas loucuras que se mete, de modo que seu Will é um bom pai e quer seguir uma linha de vida para o garoto, não importando que isso lhe mate no caminho, de forma que funciona na proposta, sem fazer uma vírgula fora do que o papel precisava. A brasileira Morena Baccarin trabalhou uma Nina bem fechada, seca de expressões e só perto dos atos finais entendemos bem o que ela e o diretor quiseram passar com esse estilo, de modo que estamos acostumados a ver ela mais solta em cena, ficou pronta para guerra e doida para fritar uns bichões. A jovem Maddie Hasson já vemos de cara o que vai rolar com sua Katie, de modo que a garota até entrega atos bem trabalhados, e passa um certo carisma logo de cara, mas é o típico personagem que só ficamos esperando o ato para errar e atrapalhar todo mundo. Quanto aos demais, praticamente não fizeram nada que chamasse muito a atenção, tendo Rachel Nicks aparecendo em algumas lembranças com sua Tara, e o garotinho Danny Boyd Jr. com falta de ar a cada duas cenas, ou seja, a corrida que ele fez na cena inicial nem por reza ficou verossímil com a ideia de alguém que tem problema nos pulmões. 

Visualmente as cenas foram filmadas em montanhas, mas sem grandes escaladas, tudo meio que num ambiente mais alto, com muitas florestas, alguns atos num teleférico, muitos atos claustrofóbicos numa mina abandonada, e também em um hospital destruído, além claro das pequenas vilas bem isoladas nos topos acima da linha, tendo como base muitas armas para tentar atirar nos bichões, falando neles foram bem feios, com alguns tentáculos estranhos com luzes, e que mais ao final descobrimos seu recheio, então tudo bem trabalhado pela equipe de arte para convencer na tela.

Enfim, é um filme simples, que parece um derivado de outro que já vimos nos cinemas, mas que funciona dentro da proposta colocada na tela, que prende, é rápido e curto indo direto ao ponto, então quem tiver com disposição pode ir conferir que vai curtir. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Wicked em Imax 3D - Parte 1 (Wicked: Part I)

11/22/2024 01:23:00 AM |

Pois bem meus amigos, um dos musicais mais cultuados na Broadway, que todo mundo julgava que seria um dos primeiros a virar filme quando começaram a moda de transformar tudo o que tinha por lá foi "Wicked", porém por ser uma produção gigantesca e nunca dar certo as devidas adaptações foram enrolando até chegar nas mãos de Jon M. Chu, e ele foi muito preciso com o que desejava entregar na tela, criando uma ambientação gigantesca, danças e canções com um grau de imponência vocal e de personalidade, contando uma história que quem não foi conferir os musicais (seja o da Broadway ou a versão nacional que ficou um bom tempo em cartaz em SP e no RJ) não conhecia, afinal bem pouco é contado sobre o passado das bruxas nos vários longas que já adaptaram "O Mágico de Oz", ou seja, ele foi desenvolvendo tantos elos, tantas dimensões, que confesso que tinha ficado preocupado de apenas a Parte 1 ter 160 minutos, mas que depois de conferir pensando muito bem não daria para cortar mais do que uns 20 minutos, ou seja, que fique gigante mesmo, pois construíram tudo, plantaram as flores, e tudo mais para ser eliminado na edição, nem que o cara da edição fosse o Homem de Lata de Oz sem um coração teria tanta coragem e ousadia. Sendo assim, o resultado na tela impressiona e chama muita atenção, aliás chama tanta atenção que até mesmo algumas pessoas que não forem fãs de filmes musicais irão gostar, e digo mais, não tem um espaço para cansaço, sendo preciso e direto.

Baseado no musical homônimo da Broadway, o longa é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Na trama, Elphaba é uma jovem do Reino de Oz, mas incompreendida por causa de sua pele verde incomum e por ainda não ter descoberto seu verdadeiro poder. Sua rotina é tranquila e pouco interessante, mas ao iniciar seus estudos na Universidade de Shiz, seu destino encontra Glinda, uma jovem popular e ambiciosa, nascida em berço de ouro, que só quer garantir seus privilégios e ainda não conhece sua verdadeira alma. As duas iniciam uma inesperada amizade; no entanto, suas diferenças, como o desejo de Glinda pela popularidade e poder, e a determinação de Elphaba em permanecer fiel a si mesma, entram no caminho, o que pode perpetuar no futuro de cada uma e em como as pessoas de Oz as enxergam.

O diretor Jon M. Chu já havia mostrado personalidade ao dirigir outra adaptação da Broadway no longa "Em Um Bairro de Nova York", mas também já tinha mostrado capacidade em outros excelentes filmes como "Podres de Ricos" e "Truque de Mestre - O Segundo Ato", então já sabemos que a qualidade da direção era algo que nem precisaria ir esperando falhar, porém como não conferi o musical nos teatros, tinha na mente a seguinte equação 160 minutos da parte 1 mais sabe lá quantos da parte 2, o diretor praticamente entregaria uma série nos cinemas, mas como já disse no começo ao conferir é notável que tinha muito pouca coisa para cortar, e que na segunda parte o bicho vai pegar, de modo que ao começar a cena já falei vai acabar agora, e encerra o primeiro filme com uma explosão cênica tão forte que bate uma tristeza imensa em saber que só em Novembro do ano que vem que irei ver o que acontece. Ou seja, é uma direção primorosa, épica e que não fez por menos de uma produção riquíssima de detalhes, de atos musicais e de um envolvimento perfeito entre atuação e desenvoltura de câmeras e ambientes, aonde tudo vai além, e o diretor não falha nem em uma vírgula.

Quanto das atuações, o longa é basicamente só das duas protagonistas, tendo outros bons personagens, algumas boas desenvolturas dentro dos atos, mas não conseguimos tirar o olho da tela nem o ouvido com as vozes de Cynthia Erivo com sua Elphaba e Ariana Grande com sua Galinda (que depois vira Glinda), de tal forma que ambas brilharam do começo ao fim, com Cynthia mais fechada, porém se jogando com muito mais trejeitos e expressividades, colocando não só a cor verde como algo marcante, mas de respeito e que cheia de uma sonoridade ímpar acaba fluindo para algo mais pensante, já Ariana foi quase uma Barbie rosa de nível máximo, com um quarto cheio de apetrechos da cor, mas dançando sem parar, jogando o cabelo esvoaçante para todos os lados, e botando banca com um ar misto entre a vilania e a bondade secundária, ou seja, brilharam em tudo o que fizeram na tela, fora os agudos nas vozes de ambas, que quem não se arrepiar não está ouvindo direito. Ainda tivemos bons atos com a sempre imponente Michelle Yeoh com sua Madame Morrible, trabalhando trejeitos fortes e dinâmicas duplas bem marcantes; Jeff Goldblum conseguiu passar sintonia e desenvoltura nos poucos atos de seu Mágico de Oz; e até Jonathan Bailey trabalhou bem em alguns momentos chamativos com seu Fiyero, tendo destaque nos atos musicais e de dança, mas todos bem em segundo plano aparecendo um pouco mais na tela, enquanto os demais foram praticamente figurantes de luxo. 

Visualmente a trama foi grandiosa demais, ao ponto de não encherem os protagonistas de pontos coloridos e colocarem eles para gravar em telas verdes do começo ao fim, criando a vila, o castelo, a escola, o trem, plantando milhões de tulipas, tingindo a pobre da protagonista, fazendo vários efeitos práticos como realmente acontecem no musical da Broadway, ao ponto que tudo faz muito sentido na tela, não sendo algo abstrato que não leve o público para Oz, além claro de que os objetos cênicos acabam sendo bem importantes em diversos atos, e com isso a síntese da trama acaba bem desenvolvida. Quanto do 3D, podem ir conferir nas salas mais caras que vale cada centavo pago a mais, pois tem profundidade para todo quanto é lado, tem imersão, tem projeção para fora da tela, ou seja, realmente um filme pensado para a tecnologia. Ou seja, no quesito artístico vai brigar bem pelas premiações com toda certeza.

Sendo um musical, ao compartilhar aqui o link da trilha sonora saiba que você estará ouvindo quase que o filme inteiro, mas como as canções são tão imponentes, com agudos tão marcantes quis colocar aqui, mas vá ouvir e ver no cinema que valerá mais a pena. 

Enfim, é um tremendo filmaço, imponente, com uma produção de fazer o queixo cair, com canções de arrepiar por completo, tudo isso colocado em uma trama que não cansa e ainda envolve, ou seja, valeria a nota máxima, mas por que raios eu não darei ela, pelo simples fato de mesmo tendo um bom começo de apresentação dos personagens e um miolo bem desenvolvido, teoricamente não temos um final bem fechado, afinal apenas acontece algo que funciona como um fechamento de capítulo, mas não um fechamento de filme (e como já disse isso diversas vezes, é algo que realmente sou chato), mas facilmente tiraria só meio ponto da nota, mas como não coloco notas quebradas, vamos de 9 coelhos, mas que recomendo demais todos que forem muito fãs de musicais, pois sairão da sessão apaixonados por tudo, e até mesmo quem não for totalmente fã, acabará gostando, pois é uma história que funciona bem de forma cantada, então fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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A História de Souleymane (L'histoire de Souleymane) (Souleymane's History)

11/21/2024 12:52:00 AM |

Como falei no outro longa do Festival Varilux que também trabalhou histórias de refugiados, veremos muitas tramas trabalhando esse mote nos próximos anos, e aqui com o ganhador do prêmio do Júri e também o prêmio de Melhor Ator de Cannes 2024, "A História de Souleymane", mostra de uma forma simples e bem colocada na tela a vida de um jovem que está tentando sobreviver na capital francesa sem documentos, e os vários percalços que tem desde compra de documentos e uma história que acaba não convencendo bem aos agentes, o aluguel de contas de aplicativos para poder trabalhar, e até mesmo a correria para chegar no abrigo e o agendamento do dia seguinte, ou seja, vemos um longa corrido simples, mas ao mesmo tempo duro de sentir toda a presença do protagonista na tela com a desenvoltura encontrada. Ou seja, é um filme que faz você pensar e sentir como o jovem protagonista, longe da família e vivendo conforme a vida toca, e com um final tocante até poderia ter ido mais além, mas como longas franceses gostam de fechamentos abertos, o resultado até funciona.

A sinopse nos conta que recentemente chegado em Paris, Souleymane tenta sobreviver entregando refeições de bicicleta. Ao mesmo tempo, ele prepara uma entrevista determinante para a obtenção do asilo e de documentos para poder trabalhar. Mas ele encontra muitas pedras em seu caminho.

Diria que o diretor Boris Lojkine foi bem direto aonde desejava chegar com sua trama, pois não vemos um filme fluido na tela que você vai curtir e se envolver, mas sim um drama que tem uma pegada marcante com opinião de sofrimento, de alguém que deseja ganhar o seu dinheiro, que tem seus motivos para estar ali, e que precisa de qualquer forma conseguir, aonde o diretor coloca o protagonista sendo alguém cru, disposto a tudo, com olhares incisivos e com muita fé de que vai conseguir fazer o que precisa. Claro é um filme grande que dava para ser um pouco aparado, mas não para ficar com uma duração menor, mas sim com talvez um algo a mais, de mostrar se ele conseguiu ou não os documentos, o que fez depois dali, e isso não ocorre. Ou seja, é o famoso amplo que fica curto, e assim agrada com personalidade e dimensão.

Quanto das atuações, o filme é de Abou Sangare com seu Souleymane Sangaré, de modo que todo o restante é mero enfeite cênico para que o jovem se desenvolva na tela, e assim sendo ele trabalhou trejeitos fortes, conseguindo ter carisma e presença na mesma proporção, sabendo como se portar para que o filme chamasse a atenção e não ficasse solto na tela, ou seja, é um ator que certamente terá futuro, já começando com o pé direito no alto levando melhor ator em Cannes. Quanto aos demais, vale rápidos destaques para Nina Meurisse com sua agente da OFPRA, bem direta com o protagonista falando para ele parar de inventar a mesma história que ouviu já dezenas de vezes, e até o diretor faz uma rápida aparição como o dono do restaurante que briga com o protagonista, ou seja, quis fazer sua ponta.

Visualmente a trama tem uma pegada bem dinâmica pelas ruas de Paris, mostrando muitos atos dentro de trens, ônibus, muitas andanças de bicicleta com o protagonista, e também levando o filme para dentro dos abrigos, aonde refugiados recebem alimentação, tem suas camas para dormir e banhos tudo feito por agendamento de uma forma bem bacana de ser mostrada, sendo uma trama aonde o visual em si é dinâmico, então temos como objeto cênico mais a bicicleta do protagonista do que todo o restante.

Enfim, é um filme simples, porém muito bem feito, com uma sensibilidade bem direcionada e envolvente, aonde praticamente vivenciamos os dias mostrados do protagonista acompanhando ele em uma batalha pelo tempo e pelas dificuldades que acaba sofrendo, de modo que funciona, e agrada bastante, valendo a indicação para quem for conferir ele. E assim acabo no último dia do Festival Varilux minha saga completa de 18 filmes (não conferi apenas o clássico e o documentário como sempre costumo pular eles), e agora voltar para os filmes dos streamings, embora ainda esteja rolando Festival Italiano também, mas vamos oscilando com calma, então fiquem com meus abraços e até amanhã com mais textos.


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Sala Escura

11/20/2024 02:50:00 AM |

Olhando como produtor o longa "Sala Escura" posso dizer que saí abismado do cinema, pois é exatamente o estilo de filme que sempre quis fazer na época da faculdade e sonhava quando ainda os Estúdios Kaiser estavam abandonados antes de virar a TV Thathi aqui, pois é o simples, barato, que causa uma certa tensão e que se bem feito impressiona, agora falando como crítico, o filme ainda é muito bom em diversos sentidos, porém tem um fechamento que não convence, que precisaria ter sido desenvolvido nem que fosse um flashback minúsculo para encaixar tudo nos eixos e chamar a atenção para o que os assassinos tinham como meta, ou então ir para o lado mais absurdo possível e ter uma reviravolta aonde os "mocinhos" ganhassem, pois isso vende melhor. Ou seja, diria que ainda é um cinema que está engatinhando no país, mas que começa a aparecer ideias bem colocadas, pois mesmo tendo falhas, é um filme que prende, que você fica tenso do assassino aparecer do nada, tem as famosas conversas com a mente para o infeliz sumir dali que o assassino ta do lado, e até ousaram com algumas cenas mais fortes, mas usaram muito do recurso de não mostrar a violência explícita na tela com um grande impacto, e sendo assim funciona, mas vamos chegar num ponto bom logo mais.

A sinopse nos conta que em uma pré-estreia exclusiva, nove espectadores são convidados para uma sessão de cinema em uma grande sala da cidade. No início, todos se preparam para aproveitar o filme, mas a tela escurece, e a expectativa logo dá lugar ao pavor. Surge a imagem perturbadora de uma jovem sendo cruelmente torturada por um homem mascarado, vestido como o folclórico personagem Bate Bola, típico do carnaval. A perplexidade toma conta dos presentes, que logo percebem estar presos na sala de cinema. À medida que o terror avança, eles descobrem que foram os únicos convidados para essa sessão mortal, levantando a suspeita de uma possível conexão entre eles. Com o tempo, uma figura mascarada começa a rondá-los, e cada espectador, um a um, se torna vítima de tortura e morte. Em um cenário de tensão e mistério, a dúvida permanece: alguém conseguirá sobreviver a essa experiência macabra?

Diria que o diretor e roteirista Paulo Fontenelle é daqueles que mais oscila entre estilos e erros, pois faz comédia, aí faz romance, aí resolve pegar um terror, e cada vez ele entrega situações mais diferentes possíveis, que acabam por vezes dando muito certo e em outros casos vira algo que não dá para suportar, e aqui felizmente ele acertou a mão, pois soube fazer uma trama simples, barata e com pegada, aonde o terror predomina, e cada situação nos é entregue com momentos bem encaixados e que funcionam na tela. Claro que muitos vão olhar e reclamar do estilo do diretor, que determinada cena só alguém bem besta morreria, ou então vai falar que falta atitude para alguns personagens, ou até mesmo reclamar de que daria para matar o cara se todos fossem atacar juntos, mas o terror é assim, os personagens são burros, e temos que aceitar, então não é culpa do roteiro. Agora como disse no começo, faltou para o diretor desenvolver a motivação do assassino melhor, pois se ele fosse um maníaco que estivesse matando por matar até vai da forma entregue, mas como teve toda uma situação no passado que fez aquilo chegar nisso, aí a entrega faltou.

Quanto das atuações, não vou falar absolutamente nada, e nem é por motivos de não querer, mas nos créditos não aparecem os nomes de quem faz qual personagem, e nem na internet divulgaram direito, então apenas vou dizer que o assassino é bem ninja (no final entendemos melhor suas sacadas), e tirando o pirateiro, e o senhor mais velho, os outros homens foram esquentadinhos demais, mas com atitude de menos, e as mulheres ficaram um pouco perdidas em cena, mas não desapontaram, então parabéns para Paulo Lessa, Allan Souza Lima, João Vitor Silva, Tainá Medina, Osvaldo Mil, Priscila Buiar, Luiza Valdetaro, Raissa Chaddad e Danilo de Moura pelo que fizeram.

Visualmente a trama não entrega nada demais, sendo bem básico tudo, tendo apenas o cinema como locação, com cenas nas poltronas inferiores, num mezanino também cheio de poltronas, a sala de projeção e um banheiro, aonde as mortes acabam ocorrendo, algumas mas evidentes na tela mesmo com cortes de pescoço, arrancando dentes e até uma cortada de orelha, e outras como marretadas, chutes e socos ficando a vítima fora da câmera para não gastarem tanto com bonecos e maquiagem, mas tudo é bem feito e honesto, o que acaba mostrando um bom resultado na tela.

Enfim, é o famoso filme que muitos vão criticar, que tem muitos defeitos pequenos que podem até incomodar, mas que tem muita qualidade dentro da ideia, e com isso o resultado flui. Ou seja, quem está entrando no mundo do audiovisual nacional tem de prestar atenção nisso, que com pouco dinheiro dá para fazer grandes filmes, e assim acabo recomendando o filme para todos que gostam de um terror mais simples. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Ouro Verde (La Promesse Verte) (The Green Deal)

11/19/2024 02:22:00 AM |

O filme de hoje do Festival Varilux já me deu um spoiler gigante durante a abertura, mostrando a companhia que é produtora do longa, no caso a Disney+, o que por um lado é legal que logo mais todos poderão conferir esse filmão, mas que também não iriam cutucar a onça com uma vara tão curta, afinal estamos falando não de um problema apenas de Bornéu, ou então da Floresta Amazônica, ou de qualquer outra comunidade que dependa dos recursos da natureza, mas que possuem grandes lobbys para as produções energéticas, sejam de óleo de palma como é mostrado no filme ou soja e gado como acontece por aqui. Ou seja, você não irá ver um filmão polêmico, mas nem por isso a trama de "Ouro Verde" é fraca, em hipótese alguma posso falar isso, pois o longa tem presença, denuncia, mostra os pontos que ninguém quer ver, e ao final, somos amiguinhos e você não viu nada, vá para sua casa comer seu cereal com nosso óleo! 

A sinopse nos conta que para tentar salvar seu filho Martin, injustamente condenado à morte na Indonésia, Carole embarca em uma luta contra os exploradores de óleo de palma responsáveis pelo desmatamento e contra os poderosos lobbies industriais.

O diretor e roteirista Édouard Bergeon quis mostrar mais a luta da mãe para salvar o filho, do que o filho em tentar se salvar, pois ficou claro que ele não pensou nele, na mãe e em nada, só queria a denúncia, mas a ideia em tem uma boa entrega, e só não diria que é melhor pelo roteiro safado com o fechamento que poderia ter sido resolvido logo de cara após a prisão do rapaz. Ou seja, é um filme que tem pegada, que mostra muito do que tem acontecido mundialmente com desmatamentos e ativistas que acabam sumindo ou caindo em golpes das grandes empresas de produção, que de certa forma funciona como um filme denúncia, aonde o diretor trabalha bem toda a parte dos julgamentos, de estrangeiros caindo como presas fáceis para o sistema de um país menor aonde tudo funciona na base do dinheiro, e também coloca boas conexões políticas ao trabalhar tudo que a mãe passa ao conversar com deputados, adidos e até influenciadores de grande porte, ou seja, é bem trabalhado na essência mostrando personalidade por parte do diretor, que conseguiu ambientar bem tudo como uma grande produção do estilo faria, mas que dava para ter melhorado um pouco o roteiro para o fechamento.

Quanto das atuações, o longa foca bastante em Alexandra Lamy com sua Carole Landreau disposta a tudo, desesperada, com trejeitos de todos os estilos para conseguir soltar o filho, ou pelo menos que não fosse executado, tendo presença cênica e chamando muito do filme para si. Félix Moati também foi bem presente com seu Martin Landreau, mostrando logo de cara o que foi fazer na comunidade, trabalhando trejeitos bem encaixados com um ar mais corrido, e quando preso pôs o desespero para jogo, ou seja, sofreu bastante. Tivemos Sofian Khammes bem político com seu Saïd Ayouche, num momento parecendo que não ajudaria tanto a mãe do rapaz, mas depois ficando bem mais presente do que a embaixada em si. Julie Chen trabalhou sua Nila Jawad como todo ativista, encantando com grandes ideias, mas quando mais se precisa desaparece facilmente. Antoine Bertrand teve alguns atos bem diretos com seu Paul Lepage, meio que jogando inicialmente nos dois lados, mas quando viu seu lado pegando fogo foi para o rumo que lhe bancava mais. E entre os demais vale um leve destaque para Michael Schnörr com seu Rudi, e claro Stéphane Pezerat com seu Antoine Poulain, totalmente negociador de marcas, não ligando para nada do que a mulher estava falando com ele.

Visualmente a trama teve uma boa entrega digna de grandiosas produções, tendo atos imponentes numa vila no meio da floresta, com direito a tiroteio, fogo e tudo mais em uma festa de casamento, tivemos um julgamento bem de cartas marcadas num país fechado para suas leis, um aeroporto simples, mas pronto para aparecer drogas em uma mala, uma prisão sucateada aonde não se tem praticamente nada (conseguiram fazer pior do que as do Brasil!), e uma outra de segurança máxima no meio de um rio tendo de ir de balsa para chegar, muitas cenas dentro das embaixadas com a mãe e um hotel simples, ou seja, vários ambientes, e um único elemento cênico importante que é o cartão de memória e a forma que os computadores abrem alguns programas.

Enfim, é um filme bem interessante, que chama muita atenção e que envolve bastante pela entrega dos personagens, de modo que talvez pudesse ir mais além na tela, mas ainda assim vale tanto como filme denúncia como um bom entretenimento, então fica a dica de conferida, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Diamante Bruto (Diamant Brut) (Wild Diamond)

11/18/2024 08:22:00 PM |

Costumo dizer que ser famoso tem seu preço, e algumas pessoas fazem de tudo para conseguir isso, mas acabam sendo tão superficiais que não vão além em nada. O longa "Diamante Bruto" tem essa pegada que parece não levar nada a lugar algum, mas que fica frouxo quando precisa ir mais além, mostrando o desespero de uma garota pobre, mas que quando parece conseguir ir além, para o seu sonho de ser selecionada para um programa, passa a viver desse sonho, gastando e até fazendo atos que acabam atrapalhando sua vida. O filme poderia ter também ido mais além, não acabando da forma que aconteceu, talvez mostrando um pouco mais e cortado um pouco do miolo, mas não era esse o objetivo da trama, então acabou sendo bem significativo nesse sentido, o que é bom e ruim ao mesmo tempo, pois não dá uma fluidez maior, mas acaba representativo da superficialidade de algumas pessoas.

O longa nos apresenta Liane, 19 anos, ousada e cheia de energia, vive com sua mãe e sua irmãzinha num bairro empoeirado de Fréjus. Obcecada pela beleza e pelo desejo de se tornar famosa, ela enxerga na televisão uma oportunidade de ser amada. O destino finalmente parece sorrir para ela quando é pré-selecionada para o reality show “Miracle Island”.

Diria que faltou ousadia para a diretora e roteirista estreante Agathe Riedinger, pois seu filme tem uma boa presença, tem uma garota solta e nem disposta a se entregar para a essência que o filme pedia, mas faltou para ela o poder de concisão em alguns atos, e talvez desenvolver um pouco mais outros, de modo que o filme até tem uma certa dimensão dentro do formato escolhido, mas não consegue se desprender da tela e despertar a curiosidade do público pelo algo a mais que a garota poderia render, sendo realmente um diamante bruto a ser lapidado, então o resultado final acabou ficando só no básico mesmo, de modo que fiquei o tempo inteiro pensando em como o longa poderia ser fechado, e dito e feito, fecharam com um nada a mais.

Quanto das atuações, diria que Malou Khebizi foi bem ousada e disposta com sua Liane Pougy, de modo que a jovem não se segurou em nenhum ato, se jogando por completo com corpo e com atitudes, de modo que sendo bem bonita, também mostrou que teria um algo a mais para entregar, mas não foi muito usada pela diretora nesse sentido, então apenas fez bem o que tinha de fazer, sem ir além. O jovem Idir Azougli mostrou um certo carinho a mais pela jovem com seu Dino, de modo que foi em busca de querer um algo a mais para ela, fez trejeitos de apaixonado e chamou para si alguns atos a mais. Como o longa focou bem na protagonista, não teve praticamente abertura para nenhum outro personagem ir além, e assim o foco ficou só nos dois que já citei, tendo um pouco de uso da garotinha que faz a irmã, mas sem ir muito além também.

Visualmente a trama mostrou um pouco do bairro pobre aonde a jovem mora, passeou por algumas mansões aonde pessoas fazem vídeos, foi num parque aquático abandonado, e teve algumas cenas de correria e roubos por parte da garota em shoppings, mas tudo bem básico, contendo apenas com roupas, e perfumes e claro seus cabelos para se destacar além do corpo da jovem.

Enfim, é um filme básico demais que tinha até um pouco mais de proposta para ir além, mas como a ideia era mostrar bem a ideologia superficial mesmo, acabou ficando por ali, e não fluiu muito além. Então fica a dica para quem sonha em ir mais além nesse mundo da influência para não fazer as loucuras da jovem, afinal se for pra ser, será! E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas lá vou eu para o meu penúltimo filme do Festival Varilux de Cinema Francês, então abraços e até daqui a pouco.


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Selvagens (Sauvages)

11/17/2024 11:25:00 PM |

O mais bacana das animações francesas é que elas não se prendem a regras ou dinâmicas do mundo das animações, não ligando para ser politicamente correto ou então entrar numa briga sem que todo o restante fique bem na fita, e aqui em "Selvagens", o longa de cara já mostra que os selvagens não são os animais da floresta, muito menos os povos nativos da região, mas sim os madeireiros que matam os animais a sangue frio, que desmatam sem pensar em todos que vivem ali, e por aí vai, e usando uma garotinha meio estranha vemos ela aprender mais sobre a família que vive na floresta, e ao descobrir um pouco mais sobre tudo pelo avô, acaba virando uma defensora do local. Ou seja, tem uma boa pegada, um desenho stop-motion perfeito e diferenciado, aonde não temos tudo bonitinho, mas tudo é feito na técnica diferente dos longas mais conhecidos de animação, só não tem um estilo mais próximo do infantil, de modo que acaba sendo uma animação mais para adultos do que para as crianças.

A sinopse nos conta que em Bornéu, à beira da grande floresta tropical, Kéria acolhe um filhote de orangotango encontrado na plantação de dendê onde seu pai trabalha. Ao mesmo tempo, Selaï, seu jovem primo, se refugia na casa deles para escapar do conflito entre sua família nômade e as empresas madeireiras. Juntos, Kéria, Selaï e o macaquinho vão lutar contra a destruição da floresta ancestral, que está mais ameaçada do que nunca.

Diria que o diretor e roteirista Claude Barras, que foi indicado ao Oscar por "Minha Vida de Abobrinha", até tentou criar uma trama dinâmica e bonitinha de se ver, tendo todo um apego ambiental bem colocado na tela, ousando com personagens quase não muito falantes, mas tendo bem a discussão de quem tem direito ou não ao desmatamento, afinal hoje muitos madeireiros tem licenças ambientais do governo que nem ligam para tudo que vai sumir da frente deles, e assim sendo ele conseguiu desenvolver bem seus "bonequinhos" para contar essa história de um modo lúdico, porém bem colocado, ousando um pouco ali, segurando um pouco acolá, mas soando inteligente e bem colocado visualmente, o que mostra que ainda tem a pegada que lhe deu a indicação, mas sem todo o brilhantismo da época.

Quanto dos personagens não vou falar muito, afinal a cópia que chegou no cinema daqui infelizmente veio dublada, e as vozes não convenceram muito, mas a formatação de bonecos não tão regulares, meio que em um projeto torto e até esquisito é proposital do estilo que o diretor gosta de trabalhar, e a garotinha Kéria conseguiu segurar bem toda a responsabilidade da trama, junto com o macaquinho que acabam adotando por um tempo e seu primo Selaï, que já tem mais a pegada de povo originário da região, não querendo ir para a escola que irá cortar seus costumes, ou seja, tem toda uma discussão extra também na tela, e isso funcionou bem. Ainda tivemos outros animais bem colocados na trama, e alguns bons personagens secundários, mas tudo dando cortes e não indo muito além.

Visualmente as cores são bem puxadas para o verde, afinal a maior parte da trama se passa no meio de uma floresta, mas algo que ficou engraçado e incoerente ao mesmo tempo foi da garotinha sair da sua casa atrás do primo e do macaquinho, cair na floresta, perder o sinal do GPS do celular e tipo estar a quilômetros depois na vila do avô, do tipo que o pai precisou ir de moto buscar passando por vários dias, ou seja, uma falha meio que exagerada, mas que é possível ser vista, e como disse as massinhas do stop-motion foram bem variadas de cores e personagens, o que acaba chamando muita atenção.

Enfim, é uma animação bem simples e bonitinha, que até agrada dentro da proposta de uma consciência ambiental e tudo mais, mas com personagens de pouco carisma e um miolo meio que cansativo, o resultado final acabou sendo algo que não foi muito além na tela, então diria que recomendo com mais ressalvas do que qualidades como uma animação bem mediana. E é isso pessoal, amanhã ainda tenho mais filmes do Festival Varilux para conferir, nesse ano que foi mais alongado para mim do que o normal, mas seguimos firmes, então abraços e até logo mais.


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