Netflix - Sob o Sol do Oeste (Damsel)

2/28/2021 08:43:00 PM |

Se antes estávamos reclamando da falta de filmes western, o gênero parece estar voltando a moda com diversas produções sendo lançadas e outras várias em desenvolvimento, porém se antes o estilo tinha uma pegada clássica, duelos brilhantes, toda uma ambientação característica, e principalmente personagens imponentes, agora andam fazendo personagens frouxos demais, histórias sem muito embasamento, e principalmente situações cômicas bobas demais para empolgar, ao ponto que o filme "Sob o Sol do Oeste", que entrou em cartaz na Netflix nessa semana usou até de um ator da moda para parecer mais chamativo, mas ao ir de encontro com uma trama digamos inversa, que parecia uma coisa e no fim era algo completamente diferente, os diretores acabaram apelando para algo meio puxado para o non-sense, que não agrada nem quando é normatizado, quanto mais quando é colocado em um estilo clássico. Ou seja, não digo que seja um filme ruim, pois até dei algumas risadas espalhadas durante todo o filme, mas faltou um pouco de tudo para que o longa empolgasse, e mesmo ao final quando a desenvoltura parece engrenar, o longa perde ritmo e o resultado não vai muito além.

A sinopse nos conta que enquanto Samuel Alabaster viaja pela fronteira americana, em uma jornada para se casar com o amor que ele sempre procurou, Penélope, a vida se torna cada vez mais perigosa. Acompanhado por seu cavalo em miniatura, Butterscotch, e companheiro bêbado, Parson Henry, as linhas entre o herói, o vilão e a donzela em perigo tornam-se cada vez mais confusas nesta reinvenção cômica do clássico filme de faroeste.

Diria que os diretores David e Nathan Zellner desejavam criar uma paródia em cima do estilo western, mas no meio do caminho se perderam e acabaram nem fazendo um filme no estilo clássico, nem uma comédia divertida em contraponto, pois até ocorre as inversões dos papeis clássicos, como vilão, mocinha indefesa, herói e padre, mas em momento algum vemos essa mudança influenciar bem no estilo, nem acontecer coisas que remetesse a algo icônico, de forma que vemos tudo acontecendo e tendo uma ou outra situação bem encaixada que faça rir, e assim sendo temos mais falhas do que acertos. Claro que o estilo western não é um gênero fácil nem de se fazer, nem de parodiar, mas quando bem feito ambos agradam e divertem bastante, aliás já vimos vários de ambos as formas, porém não é o que não aconteceu aqui, pois os diretores não seguiram nem a linha clássica, nem a linha de paródia, ficando bem em cima do muro, entregando um longa de momento, com atores pouco usados (aliás ambos os diretores apareceram mais do que os atores se formos botar na ponta do lápis), e que falha de certa forma com tudo.

Sobre as atuações, vemos um Robert Pattinson tentando se mostrar como um caipira rico do começo ao fim com seu Samuel, de forma que o ator não se entrega de uma forma coerente, parecendo estar forçando um estereótipo estranho, mas ao menos nos momentos que precisou botar o discurso para jogo fez algo que chamou atenção, porém com pouco tempo de exposição acabou sendo apenas um chamariz para a trama toda. Mia Wasikowka trabalhou bem sua Penélope, criando uma personalidade forte para o papel, encontrando vértices duros para seu estilo, e mostrando que de indefesa não tem nada, mas sendo sutil em trejeitos, pois poderia ficar estranha demais e não agradar tanto, mas ainda assim diria que faltou para sua personagem um gênio mais revoltado com as ações, pois ficou conformada demais com tudo, algo meio que incomum de ver para alguém que seria o oposto que o filme pedia. O diretor David Zellner praticamente pode ser colocado como protagonista da trama com seu Parson Henry, de forma que o vemos sendo usado o filme todo, fazendo trejeitos de bêbado, fazendo trejeitos desesperados quando tudo vira para o seu lado, e fazendo até coisas bobas demais carregando algumas dinamites no pescoço, e como não é um ator expressivo demais, seus atos acabaram ficando meio que mornos frente ao que o filme pedia, e isso não foi muito interessante de ver, mas não chega a ser algo 100% ruim. O outro diretor Nathan Zellner apareceu com seu Rufus em dois atos, um correndo muito e voando desfiladeiro abaixo, e o outro se fazendo-se de valentão frente a protagonista, mas sem grandes anseios expressivos apenas foi direto e fez o que tinha de fazer para aparecer. Quanto aos demais, todos da cidade apenas fizeram caras e bocas características do gênero, com testas franzidas de rancor, com poucos amigos, e nada muito além disso, e Gabe Casdorph apenas apareceu para levar um tiro com seu Anton, sem nem expressar uma palavra sequer, ou seja, enfeite total.

Visualmente o longa ao menos não decepciona, usando todos os artifícios característicos do gênero, tendo a aridez clássica dos westerns, as cidades sendo construídas em meio ao nada, com hotel, saloon e as tradicionais forcas, vemos alguns cavalos, e até para usar o sarcasmo temos um pequenino pônei acompanhando os protagonistas do começo ao fim, além de explosivos, e muitas armas, ou seja, pelo menos aqui a equipe de arte não foi podada, e o resultado agrada.

Enfim, é um filme que tinha um potencial interessante, e que certamente melhor desenvolvido por atores melhor colocados, e claro sem os diretores querendo aparecer mais que tudo resultaria em um longa com uma pegada clássica, mas ainda sacaneando o estilo, mas como não ocorreu assim, o que vemos é um filme morno demais, que tem um ritmo fraco, e que não deve agradar muitos, então nem digo que fica a dica, pois não recomendaria muito ele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Depois a Louca Sou Eu

2/27/2021 10:21:00 PM |

Acho que já falei aqui que um gênero que funciona bastante na França e gosto muito de ver é a comédia dramática que consegue trabalhar temas sérios com uma desenvoltura mais simbólica e envolvente, além claro de emocionar ao passar bem a mensagem, e nos últimos anos alguns diretores nacionais tem pegado essas referências e trazendo também para o cinema nacional, num ponto que acaba funcionando bastante e agradando também. E usando bem dessa base, um longa que era pra ter entrado em cartaz bem lá no começo da pandemia, e que hoje certamente muitos vão se enxergar com as diversas crises de ansiedade é "Depois a Louca Sou Eu", que a protagonista até entregou no ano passado alguns episódios de ansiedade na pandemia no seu canal, mas que aqui vemos um longa mais amplo, mostrando algo que muitos até não entendem como acabaram tendo essas síndromes, não conseguem se entender, e que acabam recaindo para diversos tipos de remédios que acabam inibindo toda a personalidade e sentidos, mas que muitos precisam recair para tentar ter ao menos algum controle. Ou seja, é um filme que tem momentos bem divertidos, muitas loucuras, e claro um tema sério também bem contado e representado, que vai emocionar e divertir na mesma medida, que só não é melhor por não segurar algo mais direto e linear como um filme realmente mesmo, tendo algumas quebras no estilo de séries e episódios, mas que ao contar bem como a jovem acabou escrevendo seu livro e tendo sua vida representada o resultado funciona bastante e vale a conferida.

O longa nos mostra que sendo jovem, intensa e autêntica, Dani só queria levar uma vida normal. Mas, desde criança, vive em descompasso com seu mundo. Enquanto encanta a todos com o talento que a torna uma brilhante escritora, ela tenta de todas as formas controlar seus medos e constantes crises de ansiedade.

Esse é o sétimo longa da diretora Julia Rezende, e acho que não conferi apenas dois (que irei procurar depois), e é uma das raras diretoras nacionais que não me decepcionaram nenhuma vez, fazendo sempre boas tramas, com direções seguras, trabalhando bem os personagens, divertindo sem precisar exagerar ou forçar a barra (embora aqui as cenas de vômito tenham sido um pouco demais!), e principalmente não usando os gêneros comédia, romance e drama de maneiras jogadas como ocorrem na maioria das vezes no cinema nacional, ou seja, já posso colocar seu nome numa lista dos diretores que posso ir conferir uma trama tranquilo sem me preocupar com o que irei ver, pois a chance de ser algo muito bom é bem maior do que algo que desanime. Ou seja, por ser baseado no livro da escritora Tati Bernardi, que foi montado em cima das diversas crônicas que fez em jornais contando trechos de sua vida, o que acabamos vendo é um filme bem interessante que até tem falhas, a principal é não ser uma história amarrada e direta aonde vemos um caminho comum, pois as diversas quebras de esquetes acabam tirando um pouco do foco a desenvoltura da protagonista em querer ter seu livro e ser famosa por aquilo, ou melhor ter uma vida realmente sem a ansiedade de tudo para mais, mas foi tão bem feito e trabalhado que isso acaba sendo superado, e o resultado agrada bastante no final.

Sobre as atuações posso dizer que Débora Falabella se jogou completamente no papel de Dani, ao ponto que em certos momentos nem a vemos mais como a atriz, mas sim como a jovem ansiosa, cheia de trejeitos, cheia de desesperos, e claro extremamente dependente dos remédios e de tudo o que eles podem fazer por ela, mesmo que isso a iniba de ter sentimentos, e com um floreio bem encaixado de tudo, vemos ela indo bem colocada, e agradando bastante em tudo. Yara de Novaes trabalhou bem também como a mãe da protagonista, e mostrando que ansiedade vem de berço, também é bem dependente e cheia de manias e inseguranças que passa para a filha, e com boas cenas acaba agradando também. Gustavo Vaz também se saiu muito bem com seu Guilherme, fazendo boas dinâmicas e passando também um pouco da loucura do personagem, ao ponto que vemos bons encaixes e acertos, mostrando uma boa química entre os protagonistas. Quanto aos demais, a maioria foi solta e apenas de encaixe nos momentos da protagonista, em suas terapias, na casa de familiares, ou com outros namorados e amigos, mas claro que temos de dar o devido destaque para a jovem Duda Batista que fez a protagonista na infância, e que com um estilo mais contido, gritando bastante, e acertando nas dinâmicas que foi colocada acaba agradando também, e sendo uma boa escolha para o papel.

Visualmente o longa é um pouco bagunçado, pois como já falei temos várias esquetes no miolo aonde a protagonista para e se coloca para pensar, com alguns momentos em desenhos (aliás a animação que acontece logo na primeira vez que tomou Rivotril é sensacional!), outras muitas cenas dentro de banheiros para tentar conter o pânico, vários momentos nos diversos tipos de terapias, desde as tradicionais com divãs, passando pelas ao ar livre, até chegarmos em uma completamente insana com almofadas que deu um bom tom cômico para o filme, e sempre usando de muito colorido por parte dos elementos cênicos das casas, mostrando um ar bem moderno para o longa, o resultado acaba chamando a atenção, mas sem dúvida alguma o filme é quase algo panfletário (tanto para o bem, quanto para o mal) dos diversos remédios ansiolíticos que existem, mostrando e falando de praticamente todos, o que acaba sendo algo não muito bom (afinal pode dar alguns gatilhos), mas que faz parte do que o filme trabalha, então está valendo.

Enfim, é um filme que não cansa, pois não tem muita enrolação, tendo muita dinâmica e que consegue agradar seja divertindo pelas cenas bizarras em que a protagonista se mete, ou seja envolvendo e emocionando ao mostrar como é a vida de alguém que tem problemas com ansiedade, e assim sendo acaba sendo daqueles longas que valem por completo, e que mesmo falhando por ter muitos momentos soltos o resultado acaba agradando mais do que desapontando, e acaba valendo a indicação de conferida com certeza para todos. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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A Viúva das Sombras (Vdova) (The Widow)

2/27/2021 01:47:00 AM |

Sempre que vou conferir um longa russo já vou preparado para muitas loucuras, afinal o pessoal de lá não tem medo de um exagero, e não foi diferente com "A Viúva das Sombras", pois a trama que se diz baseada em fatos reais, mostra um grupo de resgate que ao entrar em uma floresta acaba encontrando uma mulher estranha que diz que nenhum deles sairá vivo de lá, e com cenas de muita correria com câmeras (afinal tem uma jornalista no meio do grupo fazendo uma matéria e resolve filmar tudo), muitas formações estranhas com fenos, sustos aparecendo do nada, e personagens estranhamente enfeitiçados, o resultado acaba sendo encerrado de uma maneira meio que jogada, que talvez tente mostrar que descobriram as filmagens e tal, ou que talvez coloquem uma continuação, mas uma coisa é certa, o estilo deles não recaiu nem para o famoso found-footage (de fitas contando algo que encontraram), nem para os longas de espíritos, misturando um pouco de tudo, um pouco de bruxaria, e que até causa uma certa tensão no público, mas talvez um pouco mais de intensidade chamaria ainda mais atenção.

O terror conta a história de um grupo de voluntários que entra em uma densa floresta para resgatar um adolescente desaparecido. Nesse mesmo lugar, diversas pessoas sumiram nas últimas três décadas, e apenas alguns corpos foram encontrados, todos nus. A comunicação com a base fora da mata é interrompida misteriosamente. Sem sucesso na busca pelo jovem, eventos sobrenaturais acontecem e a equipe começa a acreditar na lenda local que diz existir espíritos sombrios que levam as pessoas.

Diria que a estreia do diretor Ivan Minin foi algo que muitos diretores que estouraram no gênero já brincaram, de misturar gêneros e colocar um terror de encontrar histórias gravadas, porém faltou para ele escolher um pouco melhor o jeito de trabalhar isso, pois a bagunça acabou saindo um pouco do eixo não ficando muito claro nem um estilo nem outro, e assim o resultado até chega a dar alguns sustos, mas não cresce na intensidade e se perde no final. Ou seja, esse até foi bem melhor do que alguns longas de terror russos que apareceram por aqui ultimamente, mas certamente com uma finalização melhor o resultado chamaria ainda mais atenção, afinal faltou aquele arrepio clássico do gênero.

Sobre as atuações, chega a ser engraçado os atores tentando parecer pessoas reais, que vivem de salvamentos, mas fizeram tantas caras estranhas que se entregaram, mas não consigo enxergar nenhum destaque entre eles (talvez o cachorro??), mas a repórter fez atos extremamente jogados e sem noção nenhuma (no caso se o caso real aconteceu assim teria de socar a mulher atrapalhando tudo), de forma que Anastasyia Gribova foi a que mais chamou atenção pelo menos, já que era quem comandava as câmeras, e diria que se tivessem trabalhado mais o momento que parece que a caverna vai desmoronar com eles lá dentro, a atriz chamaria mais atenção, e o filme teria mais intensidade. A mulher resgatada chamou um pouco da atenção nos momentos dentro da van, mas quando saiu para fora ficou repetitiva e chata demais, de forma que não iremos sonhar com Margarita Bychkova. Quanto dos homens, nenhum apareceu muito para as câmeras, e assim ficaram meio que apenas com funções secundárias mesmo.

Visualmente o longa foi bem trabalhado, mas sem gastar muito com muita correria no meio de uma floresta bem densa, tendo muitas luzes pequenas das câmeras, algumas lanternas, várias mini-câmeras, alguns celulares e tablets, e vários equipamentos de socorristas dentro de uma van bem antiga, e claro alguns elementos pendurados em árvores, fenos com alguns formatos bizarros, e uma casa abandonada no meio do nada, ou seja, nem gastaram praticamente nada com o projeto visual, deixando tudo rolar no escuro em meio a floresta, e o resultado fluiu bem.

Enfim, é um filme que diria ser bem básico, que funciona como um terror de sustos grátis e alguns momentos de tensão, mas que certamente poderia ser bem melhor em tudo com poucos ajustes, e talvez um final melhorzinho, porém como já disse foi bem melhor que outros longas do gênero provenientes do país que surgiram por aqui, então quem curtir a ideia vale a conferida. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Judas e o Messias Negro (Judas and the Black Messiah)

2/26/2021 01:07:00 AM |

Filmes que contam histórias de revoluções costumam ser densos e bem dramáticos, contando geralmente com opiniões controversas de um lado só, e na maioria das vezes você acaba indo opinar sobre eles de acordo com sua ideologia política sobre o assunto, então é algo bem complexo de falar e se envolver, porém conseguiram trabalhar aqui com "Judas e o Messias Negro" algo que vai um pouco além do viés político, pois mesmo mostrando como eram as reuniões do partido dos Panteras Negras, como era organizado a revolução que tanto prezavam, e claro como o FBI e a polícia se preparava para combater os diversos grupos revolucionários das cidades, o filme prezou em trabalhar o lado de como foi ser um informante infiltrado no grupo, e assim usar do arquétipo bíblico de Judas que a maioria conhece como algo forte e duro na vida de Willian O'Neal. Ou seja, é uma trama imponente, com atuações fortes e bem trabalhadas, aonde vemos tudo ser bem preparado, vemos toda a dinâmica de um líder que não conseguiu enxergar muito além, e principalmente vemos todo o processo de traição de quem a gente menos espera, afinal alguns podem parecer ser a melhor coisa, mas não conseguimos enxergar o interior. Diria que o único aquém da trama é o de não vermos mais da revolução realmente, pois pareceu algo meio solto de apenas ideias, mas isso já vimos em livros, documentários e tudo mais, e claro que a polícia acabou bloqueando muito do que poderia ser pior, mas vale como um bom registro.

O longa conta a história de ascensão e queda de Fred Hampton, o ativista dos direitos dos negros e revolucionário líder do partido dos Panteras Negras. Sendo um jovem proeminente na política, ele atrai a atenção do FBI, que com a ajuda de William O’Neal infiltrado nos Panteras Negras, acabam assassinando Hampton.

Diria que mesmo sendo um diretor com ideais negros e ter uma boa pegada, talvez o filme nas mãos de um diretor mais imponente (talvez um Spike Lee), usando ainda o roteiro de Shaka King, o resultado seria bem mais forte, pois o jovem diretor até tem estilo, mas sentimos falta de algo colocando tudo pra explodir, desenvolvendo momentos com mais dinâmicas, e até fazendo algo do estilo que é o trailer, pois o filme ficou mais investigativo e morno na maior parte do tempo, e não que isso seja algo ruim, mas para um filme de incitação à violência, como é uma revolução, faltou atitude e explosão. Ou seja, o diretor foi certeiro na forma criativa da história, montou um tremendo roteiro, soube dar voz aos personagens para serem marcantes na trama, mas não conseguiu transformar o discurso em ação, e assim a cena mais imponente do filme acaba sendo uma reunião numa igreja, e alguns momentos de troca de tiros espalhadas sem os protagonistas principais, e assim nos envolvemos com o longa sem torcer efetivamente para nenhum dos lados, mas claro entrando bem no clima desesperador que o protagonista acaba sofrendo na sua última cena tendo de desenhar a planta do apartamento (e sabendo que isso foi o ponto que na vida real lhe deve ter pesado a consciência).

Agora sem dúvida alguma as atuações foram de um primor incrível, com Daniel Kaluuya se entregando em olhares fortes, fazendo discursos com uma eloquência acima da média, explodindo em trejeitos, e chamando a todo momento a responsabilidade para si, tanto que diria que o filme é mais de seu Fred Hampton do que de Bill, mas por ter mais cenas, e contar a história pela sua versão, a trama é outra, porém a cena do discurso na igreja é daqueles de você ver o ator e seguir ele no meio da revolução, pois ele chama demais. E já que estamos falando de Bill, Lakeith Stanfield deu uma personalidade divertida e bem colocada para seu O'Neal, de forma que vemos ele ao mesmo tempo descontraído em diversos atos, mas também sempre desesperado em não ser pego como um infiltrado, além de estar sempre nas mãos do agente do FBI, ou seja, o ator teve de trabalhar bem diversos tipos de expressões, e conseguiu segurar bem a trama, além de ser bem parecido com o personagem real, porém faltou para ele um pouco mais de determinação para chamar algumas cenas para si, mas nada que tenha atrapalhado o filme. E o agente do FBI Roy foi muito bem vivido por Jesse Plemons, com seu estilão mais duro, sem grandes expressões marcantes, porém sendo condizente com os momentos que o filme pedia, sendo sorrateiro e bem colocado, se impondo para o infiltrado, mas também levando bronca de seus chefes, ou seja, também ficou com expressões duplas. Dentre os demais, tivemos várias participações marcantes cada um da sua maneira, mas é claro que o destaque fica para as duas mulheres imponentes da trama Dominique Fishback com sua Deborah e Dominique Thorne com sua Judy, cada uma de sua maneira uma mais forte a outra mais doce, mas chamando bem suas cenas para si.

Visualmente a trama foi bem representada com carros da época, todo um figurino marcado pelas diferentes boinas que indicavam qual grupo cada revolucionário da cidade fazia parte, bons momentos de tensão nos tiroteios, e claro vários elementos cênicos para representar a garota poeta, o revolucionário desesperado com muitas armas, os diversos quarteis generais com cada estilo tendo suas funções de guerra mas também sociais como café da manhã para as crianças, clínicas médicas e tudo mais, ou seja, a equipe de arte procurou representar bem cada momento, e envolver com muitos figurantes/secundários bem caracterizados, ao ponto de termos a cena do discurso na igreja repleta de pessoas entoando os gritos do líder, na sede do outro grupo diversos guerrilheiros bem armados, e por aí vai chamando bem a atenção cênica.

Enfim, é um filme com um tremendo conteúdo, com ótimas atuações, e com uma história bem chamativa, que apenas ficou faltando um pouco mais de dinâmica de ação para realmente envolver a todos como uma boa trama revolucionária teria de ser, mas como é costumeiro de ver em filmes mais artísticos, que disputam muitos prêmios, já é praxe o ar dramático dominar e a calma prevalecer. Sendo assim, recomendo o filme mais pela história passada, para conhecermos um pouco mais do que foi o partido dos Panteras Negras nos EUA, mas não espere algo incrível, com muitas batalhas e brigas marcantes que já vimos em alguns documentários, pois aqui optaram por ir em outra linha. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - O Mistério de Silver Lake (Under The Silver Lake)

2/25/2021 12:56:00 AM |

É engraçado como alguns filmes conseguem nos enganar com a sinopse e com o pôster, de forma que lemos rapidamente o que mostra na seleção do streaming e fica parecendo uma trama tão interessante que resolvemos dar o play, mas conforme vamos conferindo a trama vai tudo ficando tão estranho que não conseguimos entender mais nada, e quando chegamos ao final ficamos realmente pensando se gostamos daquilo que foi entregue. Disse isso para começar meu texto de "O Mistério de Silver Lake", que entrou em cartaz na Amazon Prime Video já tem algum tempo, pois foi realmente a sensação que tive com ele, sendo um filme que trabalha todo um mistério de códigos, de coisas ocultas e símbolos, mas que parece nem ter sido passado direito para o protagonista o que queriam com a trama, ficando algo que não acreditamos nem na história que está sendo mostrada, muito menos na interpretação que ele dá para cada momento, ao ponto que vemos quase um jogo de RPG estranho, daqueles que passamos do lado da mesa aonde estão jogando e sem saber o que rola ficamos acompanhando sem entender nada. Ou seja, é um filme bem bizarro, com acontecimentos malucos, uma busca por um tesouro/pessoa com mensagens cifradas, e uma descoberta ainda mais estranha no final, daquelas que confesso que não sei se gostei, e que de tão absurda conseguiu ao menos me entreter.

O longa acompanha um jovem meio perdido na vida chamado Sam (Andrew Garfield) que um dia encontra a garota perfeita: sua vizinha, com quem passa uma noite. No dia seguinte, ela desaparece. Não existem mais sinais da garota, e todas as suas coisas desapareceram do apartamento onde habitava. Sam começa a investigar o caso, buscando todos os indícios possíveis: os pequenos rabiscos na parede, as mensagens escondidas em músicas. Seria tudo isso parte de uma grande conspiração, ou Sam está ficando louco?

Estava quase certo que o diretor/roteirista David Robert Mitchell tinha tomado algo para escrever a trama, pois é algo bem maluco, mas depois que vi o seu longa anterior que foi algo bem bizarro também comecei a acreditar que esse é o estilo dele: de escrever coisas que só ele entende e gosta, e que o restante se vire para tentar interpretar ou imaginar algo, e é bem isso o que acaba ocorrendo com o filme, pois até já tive essa época de imaginar simbolismo em tudo, que existiam corporações misteriosas tramando algo para dominar o mundo, e tudo mais, e essa é mais ou menos a essência da trama, de alguém que imagina coisas demais, e que investigando tudo acaba descobrindo algumas coisas a mais. Porém faltou determinar para o filme algo mais crível e menos bizarro, pois aqui a loucura chega a passar dos limites, e com pouca fluidez de ideias, o resultado soa mais estranho do que envolvente, fazendo com que somente o diretor se apaixone pela essência, ou seja, não digo que seja um filme ruim, mas é tão estranho que não tem como entrar completamente no clima que desejavam passar.

Sobre as atuações, diria que Andrew Garfield até tentou se entregar bastante a toda loucura da produção com seu Sam, fazendo várias cenas com olhares vagos, muitos momentos com uma loucura impressa nos trejeitos, e cheio de dinâmicas bem abertas para que seu personagem divagasse sobre o tema, ficasse empolgado com as descobertas, e se envolvesse bastante com a trama, mas da mesma forma que tudo fica interessante de ver ele se entregando, também vemos ele extremamente perdido em alguns atos, parecendo não estar entendendo também o que precisa passar, e assim sendo o filme não flui tanto quanto poderia. O mais interessante é que o filme praticamente todo foca somente na desenvoltura do protagonista, e todos os demais personagens acabam aparecendo e sumindo a todo momento, de forma que vale destacar bem rapidamente as cenas de Riley Keough com sua Sarah, claro pela beleza que chama a atenção do protagonista, David Yow como rei dos sem-tetos pela forma direta de montar o estilo, e Jeremy Bobb pela loucura toda como o compositor.

Visualmente o longa é ainda mais maluco, com animais caindo de árvores e soltando urina no protagonista, festas estranhas com pessoas esquisitas fazendo músicas malucas, ambientes coloridos e outros simples demais, tumbas, festas/sessões de cinemas em cemitérios, toda uma desenvoltura de quadrinhos bizarra, porém falando nesse último item, fizeram animações em preto e branco para contar os quadrinhos que ficaram bem interessantes embora as histórias fossem doidas, e assim sendo diria que a equipe de arte precisou fumar do mesmo cachimbinho do diretor para conseguir representar tudo, pois tudo é estranho demais.

Enfim, é um filme esquisito, que diria ser até interessante pela proposta, mas que não foi tão a fundo no desenvolvimento ficando mediano demais para empolgar em algo, mas claro que vai ter aqueles que vão se apaixonar por algo, entrar completamente na viagem passada e o resultado será bem melhor, então fica como sendo uma dica para ver sem esperar nada dele. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Crime e Desejo (Above Suspiction)

2/24/2021 01:25:00 AM |

Mesmo que você não tenha lido nada sobre o filme, a maneira que ele começa já nos informa o que aconteceu, então por ser uma trama de suspense policial já ficamos tentando montar todo o caso nas nossas mentes, e isso é bacana de acontecer, afinal acaba sendo uma brincadeira mais inteligente do que apenas conferir um filme. Dito isso, vamos entrando no clima do longa "Crime e Desejo" conhecendo um pouco cada personagem, e vendo logo de cara que o protagonista é certinho demais para uma loucura maior, e que a protagonista é viciada e doida demais para algo simples e sem intensidade, então já ficamos esperando algo forte e mais recheado de reviravoltas, ou pelo menos algo que esquente tudo dentro da trama, e infelizmente isso não ocorre, pois vamos vendo toda a paixonite/desejo que a protagonista acaba tendo, e vemos também o jeito mais sério que o agente vive e tem como modos, ao ponto que é claro que nada vai dar certo. Ou seja, não é algo ruim de conferir, mas tudo ocorre morno demais perante ao que esperamos acontecer, que mesmo o filme sendo bacana, sendo baseado em um acontecimento real, e tendo duas boas atuações, acaba faltando uma explosão maior para que tudo surpreenda, sendo básico demais em tudo, e assim não empolga.

O longa conta a história verdadeira de um rapaz recém-casado que se torna o representante do FBI numa cidade montanhosa de Kentucky. Lá, ele é atraído para um caso ilícito com uma mulher local pobre que se torna seu melhor informante. Ela vê nele seu meio de fuga, mas a investigação se torna desastrosa para ambos e vira um escândalo que abalou os alicerces da principal agência policial do país.

O mais engraçado de tudo é que o diretor Phillip Noyce é daqueles diretores que costumam entregar um pouco mais de intensidade em seus longas, e aqui ele agiu com mais frieza e com uma dinâmica mais lenta do que o esperado dele, e isso é algo que talvez até tenha criado uma expectativa a mais para tudo o que veríamos na tela, mas acabou não acontecendo e vemos uma trama até bem amarrada, porém faltando aquele algo a mais para os personagens, aquele algo a mais nos envolvimentos, e claro, uma explosão maior nos atos finais para que a cena da morte fosse memorável realmente, pois acabou parecendo um acidente ou algo ainda mais bobo (talvez pelas declarações do depoimento do acusado), que acabam não empolgando. Ou seja, volto a frisar que o que vemos na tela não é um filme ruim, muito pelo contrário, mas acaba faltando emoção para ser realmente um filme policial intenso que estamos acostumados a ver, e assim sendo o diretor falhou um pouco com tudo.

Sobre as atuações, sabemos bem o estilo de Emilia Clarke e todo o potencial que a atriz tem, principalmente nas séries que fez, e aqui sua Susan embora se entregue bastante nas cenas que está drogada, fazendo trejeitos imponentes e tudo mais, nos atos mais dramáticos acabou faltando ser mais direta, criando perspectivas abertas demais para sua personagem, ao ponto que não acreditamos muito nas suas atitudes, e talvez um pouco mais de insanidade chamasse mais a atenção. Da mesma forma Jack Huston trabalhou seu Mark com tanta coerência que não vemos o agente do FBI, mas alguém que se influenciou rapidamente para tentar subir na carreira, e errou ao ser seduzido e ir a fundo, e o ator ficou com um tom muito abaixo do esperado, pois talvez um pouco mais de garra chamaria a atenção para algo a mais. Johnny Knoxville fazendo um papel mais sério depois de anos com seu "Jackass" é até estranho de ver, mas seu Cash foi interessante, intenso e como todo traficante imponente fazendo várias cagadas, mas sua cena de espancamento foi forte e bem trabalhada. Sophie Lowe entregou bem a mulher traída que sabe que está sendo traída, e sua Kathy teve bons momentos, fez boas caras, e chamou atenção para tudo o que fez como alguém bem secundária. Quanto aos demais, praticamente ninguém teve grandes destaques, tendo algumas cenas chamativas com Brian Lee Franklin como Rufus, e claro Austin Hébert como o policial McCoy, mas nada que realmente impressionasse.

Visualmente o longa foi bem trabalhado, com uma casa completamente bagunçada por dois viciados, com nada de responsabilidade para com os filhos, tudo jogado pelo chão, um bar repleto de drogados, em contraponto com a casa toda certinha do agente, com tudo colocado nos devidos lugares, e claro as cenas em muitos cantos da cidade, numa mina abandonada dentro dos carros trocando informações, várias cenas quentes nos motéis e nos carros, além da grandiosa floresta ao redor da cidade, com tudo muito simbólico para mostrar que a equipe de arte trabalhou bastante.

Enfim, é um longa interessante pela história mostrada, mas que faltou explosão, faltou tensão, faltou até tesão dos protagonistas para esquentar tudo e ter motivos para as cenas que se desenrolaram, parecendo tudo morno demais ao ponto de não convencer o público. Ou seja, até recomendo o filme, mas vá com expectativas bem baixas de tudo, e não espere grandes cenas, pois a chance de decepção com muitas coisas é alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Paciente Zero (Patients of a Saint) (Inmate Zero)

2/22/2021 01:08:00 AM |

Sei que muitos amam o estilo, mas confesso que filmes de zumbis são os que menos me atraem, pois é só gritaria, sangue, personagens se contorcendo e gritando mais um pouco, e nada além disso, mas ao ler a sinopse de "Paciente Zero", que entrou em cartaz na Amazon Prime Video há algumas semanas, parecia ser um longa de experimentos e torturas numa prisão em uma ilha isolada, e o começo do longa até puxava para essa ideia, porém logo que a protagonista chega na enfermaria da prisão o caos muda de lado, e daí para frente tudo vira a tradicional correria dos personagens ainda não infectados tentando fugir dos sanguinários que já estão caçando sangue, e incrementando um pouco as famosas cadeiras elétricas, mas nada de muito além do que já vimos em outros filmes do estilo. Ou seja, não é um filme de todo ruim, pois as presidiárias são bem malucas, temos algumas cenas bem violentas, mas ou inovam totalmente o gênero de zumbis, ou já deu o que tinha que dar.

A sinopse nos conta que quando os testes médicos são levados ao limite, os testes mais extremos acabam na Ilha de St. Leonards, no Atlântico Norte - uma prisão redefinida para alguns dos criminosos mais violentos do mundo. Mas quando um experimento dá errado, a ilha inteira se torna um labirinto aterrorizante e cheio de doenças para os sobreviventes desesperados.

O diretor e roteirista Russell Owen até tentou criar uma história meio que envolvente no meio com a trama da personagem Stone, com toda a ideia de ser uma pessoa do exército e ser culpada (talvez de forma incorreta) de ter matado um senador e sua família, mas isso acaba ficando tão em segundo plano com a correria dos zumbis tentando matar todo mundo, que até esquecemos disso, e da mesma forma, quase esquecemos da diretora que praticamente autorizou os experimentos em sua prisão, ou seja, a base de história do filme entra por um ouvido, e já some em seguida, nem chegando direito no cérebro para processarmos ela, pois tudo nesse estilo é dependente de como os zumbis correm, quais objetivos eles tem, e dos sobreviventes em fugir, e nada mais. Ou seja, o filme tentou algo a mais, mas não funciona, já que esse gênero tem uma formatação específica e sempre vai rolar assim, de modo que não conseguimos ver uma fluidez de uma trama secundária, e falando no estilo zumbis, o filme é fraco, pois não temos nenhum personagem zumbi importante, logo que viram monstros eles ficam bobos demais, e até mesmo a irmã que vira quase um cãozinho no final é boba demais a essência, não funcionando, nem agradando.

Sobre as atuações, praticamente só vale dar alguns leves destaques para o grupo de sobreviventes que fizeram algumas caras e bocas correndo dos zumbis, com Jess Chanliau trabalhando sua Stone com imponência, tentando chamar a responsabilidade cênica para si, mas não sendo forte o suficiente para isso. Já Philip McGinley até tentou ser chamativo com seu Dr. Brooks, mostrando medos, vícios e interações, mas não empolga em momento algum nem é responsável pela doença, ao ponto que seu personagem acaba servindo apenas para fugir junto com todos. Um personagem que valeria ter ido até um pouco mais além foi o de Jennifer Joseph com sua Carniceira, pois a atriz não pensava duas vezes com seu cutelo, mandando cabeças, braços e tudo mais pro chão, e ainda teve um grande final, ou seja, a atriz tem potencial e mostrou serviço. Quanto aos demais, tivemos Raymond Bethley irritante demais com seu Woodhouse, mas foi importante suas jogadas para a trama, então acaba valendo o destaque para ele, mas de resto, todos os demais apenas correram.

Visualmente, o longa foi bem sujo, com uma prisão com muitos corredores, andares, celas bagunçadas, muito sangue preto (parecia mais um tipo de tinta de lula do que sangue) pra todo lado, boas maquiagens para os zumbis, e claro boas cenas nas cadeiras elétricas (uma por andar praticamente), aonde tudo vai acontecendo e criando as boas dinâmicas, mas como disse o filme faltou um pouco mais de nuances, então tudo parece igual apenas mudando o ambiente de uma cela para um corredor, para uma cozinha, para um escritório, e por aí vai, apenas com os personagens correndo, e os zumbis morrendo por tiros, ou comendo os protagonistas, ou seja, faltou aquele destaque a mais da produção para que tudo ficasse envolvente e assustador ao menos.

Enfim, é um filme básico demais, com uma proposta que até poderia ter ido além se tivessem talvez mostrado os testes no laboratório, a forma como foi criado os zumbis e tudo mais, mas que sendo apenas uma trama de correria acaba sendo mais do mesmo, e assim sendo não recomendo ele para ninguém. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até qualquer momento.


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Christabel

2/21/2021 06:24:00 PM |

Quando vamos conferir uma obra baseada em um ou vários poemas sempre temos de estar preparados para abrir nossa mente para um floreio bem maior do que será mostrado na tela, pois as referências acabam sempre sendo simbólicas, com metáforas para tudo, com simbolismos clássicos e até maiores para cada momento, e o resultado acabará sendo cada vez maior de acordo com o que você conseguir pensar, e sendo assim, costumo dizer que nem todos acabam gostando por igual de filmes desse estilo, o que é bom, mas vai depender demais da forma que o diretor soube para criar tudo, e claro de que o espectador esteja disposto também a entrar no mesmo clima que foi pensado. Digo isso para começar meu texto do longa nacional que irá estrear na próxima quinta-feira (25/02) nos cinemas, "Christabel", pois é um filme bem intrigante, cheio de momentos alegóricos imponentes, e que cada ato vai se abrindo mais ainda para tudo o que possa estar acontecendo, e o mais engraçado é que não tinha lido um detalhe bem marcante no texto que a distribuidora mandou, e que foi até bacana de não ler, pois pude ver tudo com outros olhos, e após tudo entrar em mais detalhes, pois a obra é baseada em um poema vampírico do século XVIII, e esse detalhe faz toda a diferença no que acontece com os personagens, ou seja, é um filme duplo que pode permear desde a mente da protagonista influenciada pelos seus desejos, como se analisarmos pela ideia do poema, também podemos pensar no que a coadjuvante acaba influenciando a jovem a sentir. Ou seja, é um filme que certamente muitos terão diversas ideias, e o resultado está aí com o filme já levando alguns prêmios em festivais, e que quem estiver com a mente bem aberta acabará se envolvendo e gostando de tudo o que será mostrado na telona.

A sinopse nos conta que a filha única de um trabalhador rural, Christabel encontra Geraldine, uma mulher misteriosa, que diz ter sido atacada por homens e precisa de ajuda. Em sua inocência e pureza, Christabel acolhe Geraldine na casa de seu pai. A partir de então, as duas protagonistas se relacionam de maneira que Geraldine passa a ter grande influência sobre Christabel, desestabilizando suas convicções e promovendo ruptura das tradições, mas trazendo um sentimento de paixão e liberdade jamais vivenciados por ela.

Diria que o diretor Alex Levy-Heller em seu primeiro longa de ficção foi bem seguro do que desejava mostrar, trabalhando bem a vivência da moça do campo antes e depois de ser influenciada pela desconhecida, criando bem seus arquétipos para moldar tudo, como a dor no peito do pai, a mudança no clima, e tudo mais ao redor, brincando bem com todos os sentidos dos personagens, e claro com a libido da garota, mas o mais bacana é que ele não chega a abusar das situações, criando tudo de uma forma bem crível e gostosa de ver na tela, pois esse estilo de adaptações costumam ser bem lentas, e aqui ele não correu com a trama, mas também não fez cenas cansativas demoradas e abstratas demais, ou seja, ele foi coerente em manter o ritmo de um poema, mas também criou muitas situações e recortes para que seu filme ficasse ao menos dinâmico para um público maior curtir, e assim acabou acertando bem a mão ao ponto de entregar um longa coerente e interessante de se conferir.

Sobre as atuações, Milla Fernandez segurou bem a responsabilidade de um protagonismo, fazendo com que sua Christabel tivesse ao mesmo tempo o ar campestre mais rústico por ser criada apenas pelo pai, com uma vivência mais crua, e também conseguisse mostrar a sensualidade e a mudança de estilo no último ato, ao ponto que vemos a atriz se desenvolver junto da personagem, e que junto de olhares e sentidos bem aguçados acabou trabalhando de uma forma intensa e convincente em casa momento seu, acertando bastante. Lorena Castanheira já de cara trabalhou bem o ar misterioso de sua Geraldine, criando cenas com olhares meio que jogados para o nada, e outros já de ataque com muita força e destreza, ao ponto que de cara não se dava para confiar nela, mas vemos que sua influência foi boa, e a atriz soube dosar bem persuasão com sensualidade, agradando também com o que fez em cena. Julio Adrião trouxe bem a personalidade do homem do campo, trabalhando seu Leonel com uma desenvoltura rústica, mostrando os hábitos tradicionais de levantar cedo, tomar seu café, ir para o campo, cuidar da lida diária, ir para pesca, e claro tomar sua cachaça no fim do dia, e com diálogos e histórias bem contadas e desenvolvidas pelo ator, o resultado também acaba chamando atenção. Quanto aos demais, a maioria foram personagens de rápida passagem, mas vale destacar toda a eloquência de Nill Marcondes como um sanfoneiro no meio da estrada com toda sua prosa ritmada.

Visualmente o longa foi simples, com praticamente só uma locação em uma casa no campo, mas abrindo as possibilidades para um rio, uma mata bem fechada e todo o campo ao redor, tendo boas nuances com os poucos elementos cênicos, mas brincando bastante com uma fotografia realista escura iluminada apenas por velas e lampiões, dando bons contrastes para toda a tensão que o filme tinha em sua essência, além de uma cena mais sensual em uma cachoeira e num boteco, ou seja, a equipe de arte foi direta e bem colocada para que o filme funcionasse e agradasse na medida certa.

Enfim, é um filme com uma proposta bem trabalhada, que facilmente poderia ser cansativo e monótono pelo embasamento, mas que sem forçar exageros e adaptando tudo de uma forma mais dinâmica e com boas nuances o resultado acaba agradando quem estiver com a cabeça mais aberta para refletir cada momento da trama, e mesmo não sendo algo incrível recomendo o filme para todos que gostem de um longa de drama/fantasia nacional bem desenvolvido, e que confiram nos cinemas que estrearem ele, pois merece. Deixo aqui um agradecimento especial também para a Pipa Pictures por fazer uma cabine de imprensa mais ampla, enviando o filme com senha por um tempo ao invés das tradicionais cabines com horários ruins durante a semana. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Eu Me Importo (I Care a Lot)

2/20/2021 01:57:00 AM |

Olha fazia muito tempo que eu não ficava tenso com um filme, de forma a torcer para que um personagem sofresse, apanhasse, e tudo mais, e o pior de tudo, que é algo que tenho certeza que nunca aconteceu isso, é ficar tenso de ódio em um filme classificado como comédia/crime/suspense! Ou seja, hoje aconteceu de tudo com a estreia da Netflix, "Eu Me Importo", pois se tem uma coisa que consegue me deixar bravo é ver uma pessoa roubando velhinhos, afinal os caras trabalharam uma vida inteira para ter um final honrável pelo menos, e vir uma infeliz tomar tudo, é eu torcer pra ser torturada no mármore do inferno em nível máximo, e aqui isso ocorre de uma forma tão intragável, que a protagonista faz tudo com uma imposição e estilo, que o ódio só foi sendo multiplicado, e ainda mais com uma senhorinha ultra organizada, e tudo mais. Aí entra o segundo ato, e meus amigos, tudo vira completamente do avesso, afinal a velhinha que a protagonista mexeu não era qualquer velhinha, e meu Deus, a mulher ainda fica mais forte com alguém lhe instigando e ameaçando, ou seja, se preparem para ficar com muita raiva de Rosamund Pike, pois ela fez algo esplêndido, e a desenvoltura toda consegue ainda ficar mais insana no final, ao ponto que vemos tudo ficar gigantesco, e claro o gran finale que eu não consegui me segurar na poltrona, levantando e aplaudindo a forma completa que a história não vira, ela capota. Ou seja, é daqueles filmes que posso até achar algo para reclamar no meio do texto, mas me ganhou demais!

A trama nos mostra que sendo equilibrada com uma autoconfiança de tubarão, Marla Grayson é uma guardiã profissional nomeada pelo tribunal para dezenas de pessoas idosas cujos bens ela apreende e de forma astuta as rouba por meios duvidosos, mas legais. Em uma armação bem tramada, Marla e sua parceira de negócios e amante, Fran, usam uma eficiência brutal em sua última "cereja", Jennifer Peterson - uma aposentada rica sem herdeiros vivos ou família. Mas quando sua vítima revela ter um segredo igualmente obscuro e conexões com um gângster volátil, Marla é forçada a subir de nível em um jogo que só predadores podem jogar - um que não é justo, nem legal.

Não lembrei do nome do diretor J Blakeson quando vi na tela, mas seu longa anterior "A 5ª Onda" também foi bem tenso e cheio de reviravoltas, ou seja, o que fez aqui é algo do seu estilo, e sendo uma trama que ele também escreveu podemos dizer que ele é daqueles que gostam de só ir engatando as marchas para frente, não recuando em momento algum, de forma que seu filme não tem freio, e que mesmo sendo num ritmo calmo, frio e calculista, ele nos deixa quase sem piscar, e brinca com nossos sentimentos forçando tudo para mostrar o nível de "empreendedorismo" da protagonista, mas não de uma forma muito amigável, sendo sutil e direto em tudo o que desejava mostrar, e causando sensações fortíssimas para com o nível de revolta do público (ao menos comigo foi algo que me deixou tremendo de ódio!). E assim sendo o diretor/roteirista se mostrou forte, coeso, sabendo muito bem aonde colocar suas câmeras para que um filme simples, se olharmos a fundo, ficasse tão incrivelmente bem feito, com as reviravoltas em momentos precisos de se surpreender, que não fiquei apenas na vontade, mas bati palmas igual um bobo ao final do que vi na tela.

E claro que um dos motivos máximos para que o filme ficasse perfeito, e claro que apenas a sua cara estampasse o pôster do longa é a atriz Rosamund Pike, que se você achou que o nível de maldade dela em "Garota Exemplar" foi assustador, você não viu nada, pois aqui sua Marla é ainda mais fria, cheia de desenvolturas, pronta para tudo, e quando achamos que tudo seu vai por água abaixo, ela ainda consegue surpreender, e com olhares penetrantes juntamente de um estilo perfeito a atriz se soltou ao máximo para que sua personagem não tivesse falhas, ou seja, perfeita demais. Peter Dinklage também entregou ótimos trejeitos para seu Roman, e com diálogos ácidos e atitudes fortes ele foi preciso demais, só diria que sua máfia foi levemente atrapalhada demais, pois uma máfia russa mesmo não cometeria tantas falhas, mas isso não vem ao ator, pois com seu talento é inversamente proporcional à sua altura, tendo uma grandeza incrível em tudo. Dianne Wiest foi até simples demais com sua Jennifer, porém seus atos de deboche para cima da protagonista foram incríveis de ver, e para ficar perfeito só faltou uma grandiosa risada, mas os trejeitos falaram bem também. Eiza González trabalhou bem com sua Fran, sendo uma amante de respeito para a protagonista, fazendo cenas de olhares e pegadas bem quentes, e sendo bem astuta nos atos acaba agradando também. Chris Messina fez um advogado de máfia digamos meio fajuto, querendo ser sutil e oculto demais nas negociações, faltando um traquejo melhor para seu Dean, mas não chega a decepcionar pelo menos. Quanto aos demais, diria que todos se doaram um pouco para a trama agradando bastante em todos os personagens, desde um juiz levemente imparcial vivido por Isiah Whitlock Jr., passando por diversos donos de clínicas, médicas, e tudo mais bem corruptos e cheio de trejeitos caricatos do estilo, até chegarmos nos capangas atrapalhados da máfia, que erraram demais em todas as suas missões, e claro temos de falar de Macon Blair com seu Feldstron, pois o personagem foi muito bem colocado na trama, e o ator mesmo não fazendo muita coisa agradou demais.

O visual da trama também foi muito bem desenvolvido, mostrando diversos asilos/casas de repouso bem chiques, afinal os "clientes" da protagonista merecem o melhor, vemos um escritório bem estiloso, várias casas sendo completamente depenadas pelas protagonistas pegando todo tipo de objetos de valor, temos boas cenas nos cofres de um banco, temos um escritório da máfia simples porém efetivo com carrões imensos para um pequenino líder, temos uma cena de tortura/interrogatório bem trabalhada no meio do nada apenas usando luzes de carros, e claro muitas cenas com sangue para todo lado, o que pode até assustar alguns que não gostam muito do estilo, mas voltando a classificação, temos aqui uma comédia, ou seja é light. E assim sendo a equipe de arte até trabalhou bastante, e o resultado foi bem preciso e efetivo, com boas nuances nos figurinos também, e sendo diretos sem muitos enfeites.

Enfim, é um tremendo filmaço, que como vocês puderam ler até falei um pouco demais dando alguns spoilers, fiz algumas reclamações de atuações, e claro várias falhas da máfia, mas o resultado completo é tão bom que não tenho como tirar nenhum ponto da nota, e sendo assim na opinião desse Coelho que vos escreve tenho o primeiro 10 da temporada 2021 de filmes, e sei que talvez mais para frente me arrependa da nota máxima, pois dá pra remover um pouco, mas não tem como hoje, afinal o longa me passou muitos sentimentos diferentes, e sendo assim mais do que recomendo ele para todos, pois não é um filme que vai trazer reflexões, mas é perfeito dentro da essência proposta, e fim. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Monster Hunter (Monster Hunter)

2/18/2021 10:32:00 PM |

Vou começar o texto de hoje já sendo direto que nunca joguei o jogo da Capcom, "Monster Hunter", nem nunca tinha ouvido falar dele antes de começar a brotar trailers no cinema, aliás, só fui saber que se tratava de uma adaptação de um jogo por ao final de todos os trailers aparecer a propaganda do playstation novo, ou seja, dava pra induzir algo. Dito isso, já vi nos cinemas diversas adaptações de jogos de videogame, e a maioria criou uma história convincente tanto para os fãs do jogo, quanto para aqueles que nunca sequer pensaram naquilo como um jogo, entendendo o que estava vendo como um filme realmente, e infelizmente isso não foi o que aconteceu aqui, pois temos uma trama até que bem amarrada dentro de um verdadeiro espetáculo de ações, com a protagonista lutando com vários monstros, uma dinâmica grandiosa de efeitos e tudo mais, mas ao final ficamos nos perguntando, "quem é a personagem?", "quem são os caçadores?", "por que raios tá rolando tudo isso?", e a única coisa que conseguimos entender é que o monumento lá está em curto criando portais bagunçados entre os dois mundos, e só, de resto tudo é correria, tiro, facadas, fogo e tudo mais que um bom jogo tem, mas como cinema eu volto a frisar, se você não conhece o jogo, nem vá conferir, que a chance de não entender nada é bem alta, e ainda por cima deixaram aberto para uma possível continuação.

A sinopse nos conta que por trás do mundo que conhecemos, existe um perigoso universo, com bestas gigantes e monstros perigosos que governam com total feracidade. Quando uma tempestade de areia transporta a Tenente Artemis e sua unidade para esse mundo, os soldados ficam em choque, descobrindo que o novo ambiente é o hostil lar de diversas criaturas perigosas, imunes ao seu poder de fogo. Batalhando por suas vidas, a unidade precisará de um milagre para se salvar da fúria desse inóspito novo local.

Se tem um diretor que conhecemos muito bem o estilo é Paul W.S. Anderson, que em praticamente todas as suas últimas tramas colocou a sua esposa como protagonista, e gosta sempre de muita ação do começo ao fim, não medindo esforços para que seus filmes fiquem explosivos ao máximo, ou seja, dormir em algum filme seu só se você estiver realmente com muito sono. Dito isso, aqui o diretor acabou adaptando algo que até soou bem grandioso, com uma proposta ousada de lutas com monstros gigantescos, cenas de muita tensão, várias situações com pegadas históricas com uma certa simbologia, porém faltou detalhar um pouco mais tudo, pois como disse no começo do texto, o longa deixa muitas perguntas abertas para quem nunca jogou o jogo no videogame, e isso é algo ruim, pois já disse aqui algumas vezes isso, que um filme só funciona realmente quando não depende de outras situações para que quem confira entenda a trama, então se vão adaptar um livro, que o filme conte toda a história e não apenas pedaços jogados para que apenas quem leu entenda, e da mesma forma um jogo, pois volto a frisar, que até gostei de toda a ação desenvolvida, das boas lutas, dos efeitos e tudo mais, porém não sei o que acabei assistindo, ou se apenas cheguei na casa de algum amigo e fiquei conferindo ele jogar algo numa telona, e depois fui embora sem saber o que ele tinha jogado, e é bem essa a sensação que acabou rolando. Claro que talvez por deixar aberto a trama para uma continuação, nela o diretor explique mais coisas, aliás isso é algo muito comum de ver nos filmes de Anderson, mas aí volto a bater na tecla, é falhar demais no resultado geral.

Sobre as atuações, Mila Jovovich sempre se sai bem nos longas do marido, pula para todos os lados, dá vários socos, atira, faz caras fortes para a câmera e tudo mais, ou melhor sua dublê faz praticamente tudo, e ela apenas faz as caras para a câmera, e aqui ela basicamente se entrega por completo, fazendo tudo o que estamos acostumados a ver nos longas que atua, ao ponto que sua Artemis tem uma personalidade forte, tem estilo, e acaba envolvendo bastante o público com toda a agitação entregue, de forma que se tivesse tido um desenvolvimento rápido da personagem, certamente o resultado final seria muito melhor, pois a atriz é boa, e a personagem luta bem. Tony Jaa é lutador profissional, e a maioria dos longas que faz envolve lutas marciais, então aqui ele se jogou completamente, pulando para todos os lados, batendo muito e fazendo um verdadeiro caçador/guerreiro com seu personagem, e outra ótima sacada da trama foi de colocar ele falando outro dialeto, e o melhor já que a protagonista não entende esse dialeto, não traduziram ele também, para que não ficasse um filme "americanizado", ou seja, ele foi muito bem e encaixou bons atos e bons trejeitos também. Já com a aparição de Ron Perlman nos atos finais com seu almirante, vemos algumas conexões e um pouco mais de explicações, e como sempre o ator fazendo personagens caricatos, mas agradando ao menos dentro do que foi proposto. Quanto aos demais, a maioria ou apenas apareceu nos primeiros atos como soldados, ou ficou gritando e correndo junto com os demais caçadores nos atos finais, mas nada que funcionasse realmente, muito menos tendo qualquer destaque.

Quanto do conceito visual o longa é incrível, pois temos desertos imensos, montanhas, armas gigantes, e principalmente monstros enormes esquisitos, feios, porém imponentes, com força imensa e muitos poderes, que acabam assustando demais nas cenas das aranhas gigantes, e criando uma tensão gigantesca tanto com o Diablo quanto com o dragão Rathalos, ou seja, a equipe de computação gráfica teve um trabalho imenso para fazer tudo, e o resultado acaba agradando na telona, não que seja algo perfeito de ver, mas acaba valendo bastante tudo, e com cores mais escuras deu até um leve tom de terror também na trama.

Enfim, pode ser que na continuação o filme explique mais coisas e o resultado completo passe a funcionar, porém apenas como um filme esse acabou ficando largado demais, e com tão poucas explicações que quem não conhece nada da trama acabará saindo da sessão mais confuso do que alegre com tudo o que verá, e volto a frisar que não é um longa ruim de conferir, pois temos boas cenas de ação e tudo mais, mas não envolve como poderia, e o resultado acaba sendo estranho demais para dizer que vale a indicação, porém se você jogou o jogo e for fã do que viu lá é capaz que goste bem mais do que eu, mas isso deixem suas opiniões nos comentários, para que outros curtam também. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - O Cofre (The Vault)

2/18/2021 12:05:00 AM |

Se pararmos para pensar e olharmos bem a fundo nos filmes que já vimos, podemos considerar os longas de assalto a banco como uma categoria a parte, pois geralmente ela tem seu funcionamento bem definido, esperamos as negociações da polícia com os assaltantes, vemos os reféns desesperados, entendemos toda a loucura dos assaltantes, e vez ou outra ainda saímos um pouco do banco para entender um pouco mais como anda rolando na vida de alguns personagens dali, ou seja, dá pra considerar como uma categoria que tem seus moldes, aí vem um roteirista maluco e resolve colocar no meio de tudo espíritos assassinos, e pasmem, funciona! Pois bem, essa é a premissa doida do filme "O Cofre", que talvez quem baixe filmes já tenha visto ele há muito tempo, pois foi lançado em alguns festivais em 2017, e até hoje não havia sido lançado oficialmente por aqui, até cair na Amazon no mês passado, e hoje a plataforma colocou como sugestão para os meus gostos (ainda vou descobrir como eles analisam isso para enganar eles!), e olha a ideia é bem interessante, consegue dar alguns sustos repentinos, e até agrada de certa forma, porém faltou um pouco mais de força para parecer realmente um longa de assalto com imponência e ritmo, e também faltou um pouco mais de terror para que os espíritos causassem algo a mais na trama, mas ainda assim é algo interessante, e com um final bem bacana, que merecia algo a mais.

A sinopse nos conta que querendo salvar seu irmão, as irmãs Leah Dillon e Vee Dillon decidiram tomar uma decisão ousada: roubar um banco e retirar de lá o máximo de dinheiro possível. O que elas não esperavam era que, pare o seu azar, a agência escolhida não se trata de um banco comum. Agora, elas que precisarão ser salvas.

Diria que o diretor e roteirista Dan Bush teve duas boas ideias e resolveu que iria ser uma ideia melhor ainda juntar elas, porém faltou ir um pouco além em tudo para que o filme criasse mais tensão no assalto, e também assustasse um pouco mais no porão, pois ao colocar um pouco de tudo o seu filme acabou ficando frouxo nas duas pontas, e não que tenha ficado algo ruim de ver, muito pelo contrário, até entramos no clima com toda a ideia, e sendo algo bem rápido não cansa também, mas a todo momento esperamos algo mais explosivo, ou alguma ideia melhor da dramaticidade dos personagens, mas como não rola, apenas o final dá aquele lance que não havíamos pensado, e assim o filme fecha bem pelo menos.

E já que falei dos personagens, acredito que faltou também um pouco de vontade dos atores de se entregar mais ao projeto, pois James Franco que sabemos que é um tremendo ator, fez caras tão fracas e desanimadas para seu Ed, que cheguei a pensar até que o ator não queria estar na produção, mas ao final o resultado dele até foi bem colocado se pensarmos de uma forma maior. Não conhecia a filha mais nova de Clint Eastwood, mas também Francesca não puxou tanto para a imponência do pai, pois sua Leah é meio insossa, faz trejeitos forçados, e nos momentos que mais precisava se entregar para a trama ficou meio que jogada sem reações, ou seja, é apenas uma jovem bonita meio que perdida em um filme que necessitava de uma líder de assalto mais durona. E ao tentar jogar o lado durona para Taryn Manning com sua Vee, ela ficou parecendo uma maluca que só sabia gritar em cena, e isso não é algo que agrade tanto de ver, faltando algum nexo maior para sua personalidade, e assim não causando o tanto que deveria. Quanto aos demais, a trama deveria se desenrolar completa em cima de Scott Haze, afinal aparentemente as garotas entraram no meio do assalto para ajudar o irmão que estaria com dívidas, mas seu Michael é meio bobo demais, e quase sem atitudes que dessem algo a mais para ele, porém suas cenas finais foram ao menos bem agitadas, e os outros melhor nem usar, pois apenas apareceram e fizeram seus atos, sem nada a incrementar na trama, de forma que mesmo a supervisora dos caixas sendo usada para contar a história do passado do banco, acabou não sendo algo muito forte de expressões.

Visualmente o longa tem bons momentos por parte do que fez a direção de arte, encontrando momentos clássicos com o banco sendo assaltado, com caixas tradicionais, assaltantes com armas imponentes, todo um conflito de policiais do lado de fora, e ao mesmo tempo toda a tensão clássica de um filme de terror no porão do banco, com pouca iluminação, personagens mascarados, e objetos perfurantes fortes, e tudo mais bem desenvolvido, que até funciona bem dentro do que foi proposto, com bons objetos cênicos do estilo, bons atos de sustos e situações encaixadas para remeter bem ao que um bom filme do gênero necessita.

Enfim, é um filme com uma proposta diferente que talvez funcionasse bem demais se melhor desenvolvido, mas que acabou nem ficando um longa imponente de assalto a banco, nem uma trama de terror forte, resultando em algo bem em cima do muro que não é ruim de ver, por ser rápido e bem arrumadinho, mas que falta aquela explosão realmente. Sendo assim, não digo que recomendo, mas também não digo que é uma bomba tremenda. E fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Sonhos De Uma Vida (The Roads Not Taken)

2/16/2021 09:40:00 PM |

Preciso começar o texto falando algo engraçado que aconteceu, pois precisei dar pause no filme da Amazon, "Sonhos De Uma Vida", para responder uma mensagem, e jurava que já tinha passado pelo menos uns 40 minutos de filme, e surtei quando olhei na timeline e tinha passado apenas 12 míseros minutos dos 86 de duração do longa!! Ou seja, só por esse breve começo do texto dá para perceber o quão lento é a narrativa da trama que nos é entregue, pois é daqueles que tem uma boa essência, uma mensagem interessante que mostra algo que talvez ocorra em determinado estágio da demência, de ficarmos divagando sobre coisas que ocorreram no passado, vendo mesmo de olhos abertos as escolhas que fizemos ou que não fizemos, e com tudo isso acontecendo acabamos falando coisas ao ponto das pessoas ao nosso redor achar que estamos doidos, senis, dementes, malucos e tudo mais, mas apenas estamos refletindo, ou seja, vai saber o que acontece realmente com nossa mente. E usando dessa base a diretora mostra o drama da filha tentando cuidar, levar o pai para um dentista e um oftalmologista numa de suas manhãs de folga, e ele tendo suas loucuras acaba enrolando e causando vários transtornos para a garota, o que mostra uma boa sacada, para mostrar as opções da vida dele, da garota, de tudo, mas é tão arrastado, tão cansativo, que quase dormimos com tudo, não sendo algo ruim de ver, porém faltando dinâmicas para funcionar melhor, e assim, ficaremos divagando sobre tudo e sobre o nada que o longa mostrou.

O longa segue um dia na vida de Leo e sua filha, Molly enquanto ela luta com os desafios da mente caótica de seu pai. Enquanto eles abrem caminho pela cidade de Nova York, a jornada de Leo assume uma qualidade alucinante enquanto ele flutua por vidas alternativas que ele poderia ter vivido, levando Molly a lutar com seu próprio caminho enquanto considera seu futuro.

Bem antes de dar o play já sabia mais ou menos onde estava me metendo, afinal o estilo da diretora e roteirista Sally Potter é de filmes que dizem muito em pouco tempo, mas se aprofundam demais no tema, e acabam fluindo para rumos mais introspectivos do que diretos, e isso não é algo ruim de ver, pois aqui acaba indo bem a fundo de uma doença que muitos acabam se revoltando com as pessoas na rua, muitos não pensam em sua qualidade de vida, e assim acabam sendo jogados, apanhando e tudo mais, o que é bem mostrado na trama, porém ao mesmo tempo que a diretora pede uma reflexão sobre o carinho que é necessário para se compreender esse tipo de doença, ela também vaga pela ideia de vermos as escolhas que o protagonista tomou em sua vida, ou melhor como é dito na tradução literal do nome original "os caminhos que não foram tomados", e assim vemos praticamente tudo o que desencadeou em sua vida desde o México, passando pela Grécia e até entendermos um pouco sua vida em Nova York. Ou seja, o tema é bom, a história é interessante, os atores são incríveis, mas faltou o principal para nos convencer e se envolver com tudo, a dinâmica, pois a diretora mais nos cansou do que agradou, e isso é algo bem ruim de acontecer.

E claro que o que vai mais chamar o público para conferir a trama é o elenco de tremendos atores, o que dá um ar bem trabalhado para o filme, pois como sempre Javier Barden não decepciona com suas atuações, e aqui seus trejeitos estão claríssimos para a personalidade de seu Leo, entregando algo que faz bem a senilidade do protagonista, vemos também sua força/desespero no México e até seus sonhos indo além em busca de algo na Grécia, e com muita destreza ele segura o filme em suas mãos e olhares, fluindo bem demais em tudo, o que faz valer as nuances da trama. Da mesma forma vemos o ar desesperado de Elle Fanning tentando interpretar o que está acontecendo com seu pai, ao ponto que sua Molly é daquelas que precisam de um momento de fuga, mas não conseguem, e acaba se envolvendo muito com tudo isso, fazendo com que seus sentimentos floresçam e nos emocione também, mas ainda poderia ter ido além em alguns atos, para chamar mais atenção do que já fez. Dentro dos sonhos ainda tivemos bons momentos de Salma Hayek com seu ar sempre meio rural, meio seco, fazendo sua Dolores ter personalidade, mas não indo muito além em tudo o que poderia, de forma que acabamos cativados, sem saber muito dela, e isso poderia ter sido melhorado tanto para a atriz ter um destaque maior, quanto para o filme fluir melhor. No lado grego a jovem Milena Tscharntke até foi bem doce com sua Anni, mas também não entrega muito para o filme, ao ponto que a personagem mais soa misteriosa surgindo do nada, e indo para lugar nenhum do que sendo alguém que dê algo a mais para a trama, apensa sendo usada para representar a memória de um pai pela filha, ou seja, faltou também. E quanto a Laura Linney, ela já coloca a realidade em pauta na vida do protagonista, mostrando a sua escolha final por Rita, que foi uma paixão, mas que se separou e não cuidou dele, assim como ele aparentemente também desistiu dela, ou seja, a atriz foi bem, mas bem seca. 

Visualmente o longa tem um bom tom pelas ruas da cidade, misturando luzes e movimentos com a conexão do passado, brincando em algo até alegórico demais, porém bem bonito de ver, que funciona pela narrativa e pelas escolhas dos ambientes, com poucas representações de elementos cênicos para cada ato, mas tudo com iluminações de referência bem colocadas, muita atitude por parte da edição para ir misturando os momentos, e até boas locações bem bonitas para que tudo ficasse muito amplo, mostrando desde o pequeno e estranho apartamento grudado a uma linha barulhenta de trem, passando por um México árido e triste numa tentativa de um Dia de Los Muertos mais simbólico pela família, até chegar no paraíso grego com navios e festas, ou seja, foram bem coerentes e funcionais ao menos, além de algumas cenas bem fortes nos médicos e no supermercado.

Enfim, é um filme com uma ótima proposta, porém com um péssimo desenvolvimento, que mais cansa do que agrada, mas que passa ao menos sua mensagem, e que quem gostar de um drama mais lento pode até gostar do resultado final, ou aqueles que estiverem com insônia podem tentar dar o play para pegar no sono com o filme. Sendo assim, fica minha dica para com o filme, que eu diria ser melhor escolher outro, pois mesmo tendo bons nomes no elenco, o resultado não foi dos melhores, tendo um resultado final bem mediano. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - A Vida em um Ano (Life in a Year)

2/16/2021 12:50:00 AM |

Não vou falar que o filme da Amazon Prime Video, "A Vida Em Um Ano", seja algo surpreende, pois já vi diversos longas bem semelhantes, e alguns até bem melhores, porém o ritmo bem colocado, as boas canções, e até a proposta de vermos um Jaden Smith mais esforçado de expressões acabaram dando nuances satisfatórias para que o filme funcionasse, e assim sendo vemos uma trama bonitinha que até passa uma certa emoção e envolve dentro do que se propõe, que é mais uma vez a doença do mal levando alguém embora, quebrando um possível romance incrível de uma vida. E aqui a sacada foi até que bacana, de trabalhar tudo o que poderia acontecer numa vida toda em um ano, ao ponto que temos cenas até meio que jogadas, alguns exageros, e certos dramas de impacto comuns do estilo, mas certamente passam pela boa dinâmica, e o resultado final acaba agradando.

O longa nos questiona o quanto se pode viver em 1 ano? E nos conta que Daryn, ao descobrir que sua namorada, Isabelle, está doente, vai fazer de tudo para provar que não se trata do tempo e sim da intensidade com que se vive a vida.

Diria que o estilo de filme que o diretor Mitja Okorn fez até foi bem colocado, trabalhando as situações com muita dinâmica de estilos, e principalmente sabendo aonde escolher para que os atos ficassem bonitos de ver, e emocionantes para passar diversas sensações, ou seja, ele não quis entregar nem um romance forçado demais, nem um drama que fizesse todos lavarem as salas, mas encaixando tudo dentro de algo mais formatado e direto, ele conseguiu trazer o tema de uma maneira rápida, simples e efetiva, que acaba causando muitos sentimentos, e que junto de uma boa trilha sonora ainda acerta na essência e faz seu filme soar gostoso de ver. Ou seja, é daqueles filmes que funcionam do começo ao fim, que tudo é bem trabalhado, que tem bons personagens, mas que aparenta ficar faltando algum detalhe para explodir total, mas mesmo assim ainda envolve, e funciona, mostrando a qualidade do diretor de ser objetivo, e claro das escolhas que fez junto dos atores para que nada saísse tanto do eixo, e que mesmo usando de clichês clássicos que já vimos em outros longas do tema acabaram acertando e emocionando na medida certa.

E falando nas atuações confesso que fui preparado para atirar umas pedras na atuação de Jaden Smith, afinal na maioria dos seus longas sempre falta expressão e estilo para chamar a atenção, mas aqui seu Daryn até tem uma boa personalidade, se encaixa dentro da proposta, e acaba entregando algo bem colocado, mostrando um esforço em tentar ser mais expressivo que seus últimos papeis, e aqui podendo ainda botar seu rap (que é o que gosta de fazer até mais que atuar), acabou resultando em algo bem interessante de ver. Já Cara Delevingne como sempre se entrega ao máximo para seus papeis, traz toda uma personalidade marcante, bota o carisma pra jogo, e assim fez com que sua Isabelle emocionasse, envolvesse, e ainda fosse escrachada ao máximo, agradando do começo ao fim com muita sinceridade nos atos. Diria que foi engraçado ver um Cuba Gooding Jr. exageradamente sério com seu Xavier, pois não parece, mas ele envelheceu bastante, e aqui ele fez alguém completamente fora de seus papeis, e acabou chamando atenção, mesmo tendo poucas cenas, ou seja, tem chance de usar bem isso no futuro. Nia Long sempre tem estilo nos seus papeis, e aqui sua Catherine é aquela mãe que vai fundo para ajudar o filho, e agradou muito em todos os seus momentos. Chris D'Elia foi pouco usado com seu Phil, e certamente teria muito mais para chamar atenção (e até acredito que tenha gravado mais cenas que não foram usadas), mas deu bom tom em diversos atos e trabalhou bem os olhares em muitas cenas para convencer de sua relação com a protagonista. Quanto aos demais, todos se deram bem em seus devidos momentos, desde os amigos do protagonista bem vividos por JT Neal e Stony Blyden, até a mãe da protagonista em duas rápidas cenas vivida por Michelle Giroux, e claro RZA também com seu Ron.

Visualmente o longa encontrou bons momentos para representar todas as dinâmicas que foram colocadas como marcos na vida e que o protagonista tenta fazer tudo em apenas um ano, mas sem dúvida as melhores representações cênicas ficaram a cargo dos atos opostos da grandiosa mansão do protagonista com todas as dinâmicas de foco de vida, de planos de carreira do jovem, e claro dos sonhos do pai para com o filho, tudo bem representado por objetos cênicos clássicos, em contraponto com a ousadia do pequenino apartamento da protagonista, com simbolismos de uma vida mais aberta, artística com cortinas de palco, um mural de sonhos com os cartões da mãe, e tudo mais, ou seja, a equipe soube brincar bem com pequenos momentos e símbolos para tudo acontecer e funcionar bem representativamente.

Por incrível que pareça não fizeram uma playlist do filme no Spotify, mas deixo aqui a lista completa para quem quiser depois ouvir, pois todas as canções fazem boas conexões com cada ato do filme, além claro das músicas temas, então vale bem toda o envolvimento, e ainda por cima deram o ritmo certeiro para a trama, ou seja, muito bem encaixadas.

Enfim, é um filme que está longe de ser perfeito, que usa muitos artifícios de diversos outros filmes, mas que funcionou dentro do que foi proposto, e envolve bem quem quiser um drama romântico bem trabalhado e desenvolvido, ou seja, é bonitinho e agrada, sendo que vale a recomendação para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto logo mais com mais textos, então abraços e até breve.


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Amazon Prime Video - O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas (The Map of Tiny Perfect Things)

2/14/2021 07:39:00 PM |

Alguns romances acabam soando bem bacana de conferir por não ficarem melosos demais e irem por um outro rumo causar ou contar uma história, e isso funciona bem para aqueles que não querem um envolvimento exagerado, ou lavar a sala assistindo a algo. E isso acabou ocorrendo com o lançamento da semana da Amazon Prime Video, "O Mapa das Pequenas Coisas Perfeitas", aonde vemos um filme bem bonitinho, com um tema envolvente que vem sendo muito usado já há tempos (um estilo de anomalia temporal que faz alguém ou algumas pessoas passarem o mesmo dia repetidas vezes), e que usando de muitas teorias, segurando alguns pontos do enigma para revelar só mais para frente, e principalmente não fazendo algo exagerado de situações amorosas, acabou resultando em algo que dá para curtir, dá para tentar tirar reflexões, e ainda se emocionar com os protagonistas, sendo gostoso de conferir, e passando bem rapidamente o tempo da trama, como um bom passatempo, que mesmo sendo levemente repetitivo por mostrar algumas vezes as mesmas cenas, não cansa em nenhum ato.

O longa conta a história de dois jovens, presos num loop temporal, que resolvem tirar o melhor da situação e viver o máximo de coisas boas que aconteceram num interminável 4 de agosto. A grande lição disso tudo? O amor não escolhe lugar nem hora para aparecer.

O diretor Ian Samuels foi bem direto e objetivo nos atos que desejava passar com sua trama, ao ponto que mesmo sendo um filme que repete muitas cenas, em momento algum vemos elas sendo arrastadas ou forçadas, parecendo até serem feitas de ângulos diferentes ou de formas diferentes para que tivessem algum conteúdo a mais para passar, e isso é algo bacana de ver em um jovem diretor que despontou há alguns anos com um filme "romântico" feito também para outro streaming, e assim conseguimos ver seu estilo, e outro ponto que agrada bastante é que ele é diretor de filmes com roteiros que não assina, ou seja, é daqueles que acaba pegando uma história de outro alguém e conseguindo fazer sua marca impressa, e assim tem um ganho a mais, pois ultimamente só temos visto diretores/roteiristas que já escrevem sabendo o que vão fazer na tela, e embora isso de um tom mais emocional para algumas tramas, quando um diretor é bom mesmo, ele consegue ir além no texto de outra pessoa. Dito isso, o filme tem um ritmo bem marcado, não fica cansando com enrolações, e mesmo não sendo 100% perfeito de atitudes, consegue causar muitas sensações com tudo o que é passado, ou seja, agrada sem apelar, e assim vale a conferida até por aqueles que não são muito amantes de romances, pois aqui entra conceitos matemáticos/físicos, e que junto de uma harmonia em cima da mensagem para tentar ver além do que é bom apenas para você faz valer a lição mostrada.

Sobre as atuações, vemos dois bons atores jovens com uma química até que interessante, mas que não forçaram as cenas, e isso é algo que sempre digo funcionar até mais do que aqueles romances que já saem pegação do começo ao fim, entrando em sutilezas gostosas de ver, e que uma boa paixonite merece ser assim. Dito isso, Kyle Allen é daqueles atores que já não são tão novinhos, mas tem um perfil que dá para se passar por adolescente, e certamente ele vai usar ainda bastante isso em outros longas, de forma que aqui ele deu um bom tom para seu Mark ser carismático, cheio de nuances bem desenvolvidas para mostrar suas habilidades adquiridas após fazer a mesma coisa por vários dias, e ainda soube trabalhar bons trejeitos para cada um dos momentos da trama, ou seja, se saiu bem. Já Kathryn Newton tem aparecido em tantos filmes ultimamente que estamos até acostumando com seu estilo, apesar que tem sido bem dinâmica e feito papeis bem diferentes em todos os longas, mostrando personalidade e bons trejeitos, ao ponto que aqui sua Margaret é misteriosa, cheia de olhares reflexivos, e não se entrega de forma alguma para o romance, vivenciando bem cada momento seu, e chamando a responsabilidade nos atos que precisou, ou seja, agradou bastante também. Tivemos ainda bons momentos com o jovem Jermaine Harris, que passou o longa inteiro jogando videogame, mas trabalhou bons diálogos e olhares, fazendo com que isso chamasse bem a atenção para seu Henry. E quanto aos demais, tivemos alguns bons momentos com o pai e a irmã do protagonista, mas sem muito destaque, e também mais próximo do final com a mãe da protagonista, mas nada surpreendente nos atos expressivos da trama, além claro de vários outros figurantes bem colocados para mostrar os momentos emocionantes que os jovens procuravam na cidade.

Visualmente a trama foi formatada para não ser muito pesada nem leve demais, tendo envolvimento de locações simples, porém bem bonitas, e cores em tons mornos, porém com uma harmonia gostosa de ver, fazendo com que tudo soasse bem trabalhado, ou seja, a equipe de arte foi bem direta em encontrar bons momentos que emocionassem e representou por símbolos bem colocados como um casal de velhinhos vibrando após um bom carteado, um auxiliar de limpeza que toca piano durante sua pausa no expediente, uma águia pegando um peixe, crianças ligando luzinhas numa casa de árvore, uma bolada numa jogada de tênis, e por aí vai, tudo bem mapeado pelos protagonistas e funcionalmente usado para o desfecho da trama, e ainda tivemos alguns momentos na casa do protagonista e de seu amigo bem representados por toda a situação familiar que ele está vivendo, por suas conexões e tudo mais que acabou sendo representado por bons elementos cênicos, e claro pelos bons desenhos que o protagonista mostra sua futura escolha numa escola de Artes, além de uma ótima representação de uma viagem espacial, que deu um tom emocionante para o ato. Ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante, e foi bem coesa para que seus resultados caíssem perfeitamente no contexto que a trama precisava.

Enfim, é um longa bem gostoso, que quem gosta de um romance sem ser meloso ou cheio de exageros do estilo vai acabar curtindo bastante, pois não entrega nada forçado demais, e mesmo não sendo perfeito em sua totalidade acaba sendo bem resolvido e agradável de conferir, e sendo assim acabo recomendando ele com certeza para todos. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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