Bad Boys - Para Sempre (Bad Boys: For Life)

1/30/2020 11:56:00 PM |

Se você viveu sua infância/adolescência nos anos 90 certamente viu muito "Os Bad Boys", primeiro filme do diretor Michael Bay que decolou após o longa em 1995, dançou e cantou a muito a trilha sonora, e claro provavelmente viu a continuação mediana dos anos 2003, desde então muito se falava em uma continuação ou um reboot para a franquia, mas nada saía do lugar, até que eis que aparece finalmente "Bad Boys - Para Sempre", que é um longa que diria bem digno da sequência, parecendo que não ficamos nenhum dia nesses 17 anos sem ver a dupla, que envelheceram sim, mas ainda mantêm as mesmas brigas, os mesmos tons de piada, e até mesmo as mesmas toadas de ação, de modo que o filme passa gostoso e diverte bastante, claro que com o envelhecimento eles perderam velocidade nas corridas e brigas, mas ainda soam bem colocados no que fazem. Porém pode parecer implicância desse Coelho que vos digita, mas já cansei de vilões mudando de lado no final, ficando razoavelmente bonzinhos por algum motivo (o deste aqui é ainda daqueles que mais dá raiva ainda que já vimos em outros milhões de filmes!), e assim sendo pode até ser jogada para a continuação ficar bacana com a cena colocada no meio dos créditos, mas tem de seguir a linha tradicional, e vilão é preso ou morto continuando sendo vilão.

O longa nos conta que quando Marcus está tentando dar um passo atrás e passar mais tempo com a família, uma ameaça perigosa emergirá para colocar em risco a vida de Mike – trazendo Marcus de volta à ativa, afinal, Mike também é sua família e ele não deixará que ele vá sozinho nessa missão.

Posso dizer facilmente que nunca vi nada dos diretores belgas Adil El Arbi e Bilall Fallah, mas que por serem jovens certamente vivenciaram a época grandiosa do original e sua continuação para saberem que tom seguir aqui, pois volto a frisar que a trama mantém o ritmo, mantém as pegadas, tem praticamente as mesmas sacadas, mas foram apenas atualizados para o tempo atual com drones, com equipes menos de ataque com mais retaguarda, trabalharam o lance mais familiar, e claro botaram a velhice em pauta, e assim eles conseguiram trabalhar bem, fazer funcionar tudo e entregar um resultado condizente com a franquia, de modo que nem pareceu nada  muito diferente do que já conhecíamos, e assim o resultado agrada bastante. No sentido da dinâmica de câmeras também foram bem dinâmicos, colocando um roteiro com atitude, com poucas quebras, fazendo com que o acerto fosse coerente e funcional.

Quanto das atuações, a química entre Will Smith e Martin Lawrence é daquelas que vemos a amizade nos olhares, que praticamente um joga a bola pro outro e se encaixa na cena seguinte, ou seja, nem que sonhassem conseguiriam fazer o mesmo longa sem os dois atores. Dito isso, Will Smith soube entregar a personalidade canastrona que seu Mike sempre teve, mas conseguiu ainda assim ser bem carismático, soube encontrar estilo nas cenas mais fortes, e principalmente como ainda continua fazendo muitos longas de ação, trabalhou bem as dinâmicas cênicas necessárias e agradou bastante. Martin Lawrence já aposentou as dinâmicas mais corridas faz tempo, mas aqui ele foi perfeito na área cômica, fez bem cada ato de amizade e de família, e claro divertiu a todos com estilo, não forçando a barra em nada. O vilão vivido por Jacob Scipio foi bem forte nos atos, e entregou envolvimento quando precisou, de modo que seu Armando acaba indo certeiro nas cenas fortes, porém como já disse, os atos finais ficaram levemente frouxos, e assim ele não foi como poderia finalizar na medida coerente que manteve desde o começo. Kate Del Castillo fez sua Isabel com muita personalidade, e com um começo bem estilo de filme de terror, de modo que talvez se o filme focasse até mais nisso o resultado seria diferente e até interessante, mas no seu segundo ato ficou até mais nova que muitos personagens, o que acabou estranho de ver. Da galera do AMMO diria que todos tentaram se mostrar com bem pouco, de modo que não vemos grandes atuações, mas sim personagens interessantes, tirando claro o jovenzinho Charles Melton com seu Rafe que não disse a que veio, já Paola Nunez foi bem sensual, inteligente e interessante com sua Rita, Alexander Ludwig entregou um Dorn cheio de desenvoltura tecnológica, mas depois chamou a atenção para o seu problema, e saiu detonando, e até Vanessa Hudgens entregou uma Kelly simples e bem cheia de chamariz, porém talvez fosse preciso um longa a parte para que eles se destacassem mais e contassem mais suas histórias. Quanto aos demais, foi bacana ver os antigos atores aparecendo, Theresa Handle bem rapidamente, e claro Joe Pantoliano dando esporro direto com seu Capitão Howard.

No conceito visual, mantiveram bem o estilo Michael Bay de muitas explosões, carros velozes cantando pneu, motos fazendo firulas, tiros para todos os lados, e claro cenários bem interessantes para dar molde ao filme, criando momentos bem colocados, ações na medida certa, e fazendo com que cada dinâmica entrasse no estilo que o filme já tinha antigamente, e felizmente foi mantido na medida certa para animar tanto os fãs da franquia que esperavam muito, quanto quem apenas for conferir esse, e que certamente irá gostar.

Outro ponto muito bom do longa foram as canções escolhidas, que ditaram um ritmo frenético do começo ao fim do filme, entregando personalidade, e claro dinâmica para a trama, e claro que deixo o link para todos conferirem aqui.

Enfim, é um filme que vai agradar na maior parte do tempo, vai dar aquele momento nostálgico em todos que lembrarem do longa original, entrega ação para quem gosta de ação, entrega comicidade para aqueles que gostam de tramas divertidas, ou seja, um filme completão para passar na sessão da tarde e todos conferirem como aconteceu com o longa original, e sendo assim recomendo para todos curtirem. Claro que não digo para irem com muita sede ao pote, esperando demais do longa, pois ele é simples, mas agradará com certeza a todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Quem Com Ferro Fere (Quien a Hierro Mata) (Eye for an Eye)

1/28/2020 12:49:00 AM |

É engraçado quando um filme parece ter uma proposta, daí ele vai se vertendo para outra que já era estranha de se pensar, daí quando você vê que a coisa ficou feia e vai fechar vem o diretor e consegue impactar ainda mais com algo mais forte ainda que você sequer pensou no começo. Pois bem, pode parecer loucura, mas quem conferir o filme da Netflix, "Quem Com Ferro Fere" certamente irá no miolo imaginar algumas diversas coisas, mas sequer chegará perto da ideia final que o diretor escolheu para fechar a trama, que claro deu o nome ao filme, então já é uma boa dica, mas por experiência bem vasta em filmes do estilo, imaginava que o rumo seria completamente diferente, ou que pelo menos o acontecimento final fosse ocorrer lá pela metade da trama, para ter algo a mais, mas não é fechado em close forte e bem impactante. Sei que deixei muitos curiosos com isso, mas não vou dar spoiler, e o que posso falar sobre o filme é que ele tem uma amarração digamos intrigante, alguns atos bem trabalhados, mas soa preguiçoso a todo momento, o que não é bom de ver em um filme de suspense/policial/drama, e isso chega até incomodar, pois parece que nada vai acontecer, não vamos chegar a lugar algum com tudo, para que nos últimos 20 minutos tudo aconteça rapidamente, ou seja, é o famoso preciso acabar com isso, então vamos fazer acontecer, e acontece, então fica a dica para quem gosta do estilo, mas não esperem muito, pois a chance de decepção é maior do que a de satisfação.

A sinopse nos diz apenas que um traficante de drogas procurando descanso. Um enfermeiro procurando vingança. Uma encruzilhada onde ninguém está seguro.

A base toda da trama está nessa sinopse, porém temos muitos outros objetos de percurso rolando, e o diretor Paco Plaza, muito mais conhecido pela franquia de terror que fez ("[Rec]") entregou uma trama crua de momentos, com pouco simbolismo e muito direcionamento, de modo que só com as atitudes e olhares já imaginamos os conflitos do longa inteiro, mas volto a frisar, ele foi sagaz no fechamento, afinal qualquer outro diretor normal iria por outro vértice, colocaria o fim no meio para acontecer mais coisas, ou qualquer outra coisa, mas Paco como um diretor tradicional de terror optou dessa forma, e vai causar muito impacto no público. Só digo que poderiam ter melhorado mais o roteiro para mais coisas acontecerem, pois, o filme em si enrola demais para tudo ocorrer somente no final, e nesse estilo pecar nesse conteúdo é quase pedir para que o público pare de ver.

Sobre as atuações Luis Tosar entregou um Mario de certa forma carismático, que mesmo fazendo o que faz, ainda entrega olhares coesos e bons momentos na trama, talvez um pouco mais de sangue frio ou desespero encabeçaria melhor a trama. Xan Cejudo trabalhou seu Antonio com a maior velhice possível, fazendo cenas fortes e bem densas somente com olhares e mexidas de boca, o que chamou muita atenção para seu personagem. Ismael Martinez colocou seu Toño como um maluco desesperado para tudo, que só grita e faz carões, no melhor estilo dos traficantes de novelas, e talvez um pouco mais de força no olhar fosse melhor. E Enric Auquer trouxe para seu Kike o traficante viciado maluco e noiado que não serve para nada a não ser apanhar na prisão e fazer besteira. Quanto os demais, diria que fizeram enfeite cênico, tendo leves momentos de chamariz para Maria Vásquez com sua Julia, e só.

Quanto do conceito visual da trama, vemos uma clínica de repouso simples, mas bem fraquinha de segurança, aonde nem notam coisas absurdas acontecendo com um dos pacientes, ou seja, poderiam ser mais realistas ao menos, vemos um cartel sendo desmanzelado de forma bem idiota também, e algumas perseguições malucas de carro, um hospital com um parto bem realista, e alguns flashbacks do irmão sofrendo pelas drogas, ou seja, o básico bem feito.

Enfim, é um filme que instiga e que tem boas amarrações, mas poderia ir por diversos outros caminhos, e claro ter um fechamento completamente diferente do que foi feito, mas esse foi o roteiro escolhido pelo diretor. Garanto que muitos irão ficar bravos com o fim, outros vão pensar como eu que o filme ali teria de ser continuado, mas usando o nome do filme, diria que todos pagaram pelos seus atos, levando alguns inocentes no meio do caminho, mas o nome do filme já diz tudo, então fica a dica para quem gosta do estilo. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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O Melhor Verão das Nossas Vidas

1/26/2020 10:30:00 PM |

Quem disse que quem perde um reality show não alcança um bom sucesso? Três garotas disputaram o The Voice Kids em 2016, não ganharam, mas formaram um girlband, e após várias músicas e clipes decolarem eis que surge agora um longa na carreira das garotas denominadas BFF Girls. Claro que o longa "O Melhor Verão Das Nossas Vidas" está bem longe de ser uma obra prima, pois relembra um pouco os episódios da novela teen Malhação na época que tinha bandas e escola, e com isso não tentam nem fluir nada além com a história, brincando com amores, com brigas de escola, recuperação, e sucesso musical é claro, mas também passa bem longe de ser daqueles filmes jogados sem proposta, de modo que com uma edição bem dinâmica, cheia de recortes, quadrados, aplicativos e efeitos bobinhos, o resultado até passa rápido e vai agradar o público alvo que são jovens adolescentes, mas certamente quem for mais velho conferir sairá da sessão mais reclamando do que tudo. Ou seja, é o famoso filme básico, para ajudar a decolar a carreira das jovens, apresentar novas músicas, e mostrar que possuem tino bem desenvolvido para atuação também, mas que não vai nada surpreender, e com isso, muitos vão preferir passar reto pelo longa, mesmo ele não sendo ruim.

O longa nos conta que Bia, Giulia e Laura (BFF Girls) conseguem uma grande chance de participar de um Festival de Música muito famoso no Guarujá. Só que todos os planos dessas três amigas vão por água abaixo quando elas descobrem que ficaram de recuperação na escola. Assim elas terão uma missão arriscadíssima pela frente: ir ao Festival sem que seus pais fiquem sabendo.

Além das garotas estreando na telona, também tivemos o diretor Adolpho Knauth iniciando a carreira de longas metragens, e o roteirista Cadu Pereiva também, de modo então que podemos dizer que basicamente o longa foi um grandioso experimento para todos, e até que conseguiram ser dinâmicos e criativos, trabalhando bem movimentos na edição com elementos alegóricos vindos dos aplicativos que são moda atualmente, trabalharam com cenas simples e bem rápidas para que ninguém necessitasse entregar uma atuação ou direção mais cadenciada, e com isso o filme até que funciona dentro do que se propôs, sem nada que faça dele um filme para se pensar ou daqueles que qualquer um que parar para conferir saia feliz com o resultado, mas dentro da ideologia proposta, a trama agrada bem e diverte com algumas sacadas razoáveis.

Sobre as atuações, diria que todos fizeram o possível para chamar a atenção sem exagerar em trejeitos, de modo que não vemos nada surpreendente, mas também nada que desabonasse o que as três garotas fizeram em cena, sendo assim Bia, Giulia e Laura foram coerentes nas ações e se mostraram bem dinâmicas. Enrico Lima entregou alguns atos bem simples com seu Julio, porém exagerando um pouco na dramaticidade para parecer desesperado, e isso geralmente não funciona bem, e ele acabou soando um pouco artificial demais, mas nada que tenha atrapalhado o resultado, pois ele se envolve fácil na trama, e acaba soando convincente ao menos os exageros. Giovanna Chaves e Bela Fernandes fizeram bem os opostos com suas Helô e Carol, e souberam entregar personalidade com seus papeis, mas nada que surpreendesse muito, afinal o filme não pedia muito delas também. O comediante Maurício Meirelles, podemos dizer que fez seus trejeitos tradicionais, e brincou um pouco em cena, exagerando na medida do possível, mas sem forçar tanto a barra com seu Denis. Já por outro lado, sorte a nossa que Marvio Lucio ou Carioca como é mais conhecido apareceu pouco com seu Professor Caramez, pois nas poucas cenas dele já forçou a barra ao nível máximo. Agora quanto aos demais é melhor nem comentar, pois foram apenas participações e olha com direito a exageros de todas as formas, e olha que são atores de novelas, de filmes e não deveriam exagerar tanto para aparece assim, então vamos deixar eles de fora do texto.

No conceito visual da trama, temos uma escola com uniformes tradicionais de filmes (saias para garotas e bermuda para os jovens), vemos uma pousada destruída que precisa ser refeita pelos protagonistas, e um festival fechado em uma praia, que parece mais aberto que tudo, com pouquíssimos figurantes, ou seja, poderiam ter caprichado um pouco mais na duplicação cênica para dar um resultado maior, mas como o filme é simples, talvez essa tenha sido a ideia original mesmo. Quanto aos elementos cênicos, o filme brinca muito com ideias da internet, de usar arroz para secar celular, além de envolver bem com emojis e coisas tradicionais de aplicativos mesmo, ou seja, nada muito elaborado, mas também não ficando falho dentro do que propuseram.

Uma coisa que me deixa muito chateado realmente com filmes nacionais que envolvem boas canções é eles não divulgarem os álbuns nas plataformas de música, deixando tudo em segundo plano, e aqui o filme é feito praticamente para divulgar as BFF Girls, então quem quiser escutar as músicas das jovens cantoras terá de pesquisar soltas, pois não fizeram um álbum do filme para divulgação.

Enfim, é um filme simples, mediano, porém divertido, e que dá para passar um tempo, e que mesmo cheio de defeitos funciona para o público alvo, que são adolescentes, mas principalmente os que curtem as garotas nos diversos meios sociais online, ou seja, quem for fora dessa bolha talvez saia da sessão sem entender nada do que viu na telona, mas os demais que andam indo são os que vão gostar, e assim segue o cinema de estilo, e fica dessa forma a recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando as estreias dos cinemas, mas volto em breve com textos dos filmes do streaming, então abraços e até breve.

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A Divisão

1/26/2020 03:02:00 AM |

Já desde muito tempo o Brasil anda entregando bons filmes policiais, mas sempre pecando na mesma tecla: o excesso de personagens importantes na história, de forma a quase virar uma novela ou série, e alguém precisa dar essa chacoalhada no pessoal e mostrar longas mais diretos que tivemos como foi o caso de "Tropa de Elite" e até mesmo "Alemão", aonde temos sim vários outros personagens com dinâmicas, mas não passam a ser tão representativos ao ponto de precisarmos analisar as suas vidas e caminhos abertos na trama. Dito isso, ver o filme "A Divisão" é lembrar da onda de medo que não só aconteceu no Rio de Janeiro, mas como em todo o país nos anos 90, aonde todo dia praticamente tínhamos notícias de sequestros e chantagens mil que até viraram temas de várias novelas nos anos seguinte. E a grande sacada aqui foi mostrar bem a corrupção suja nos meios políticos e policiais, aonde como bem sabemos ainda é bem sujo nos bastidores, claro tendo sempre os bons, mas os ruins são os que mais aparecem, e com uma desenvoltura bem pegada, a trama funciona, chama atenção, e só não é melhor pelo motivo que comecei o texto, de ter tantas aberturas e personagens, que diria no começo não estava nem mais entendendo quem era bom ou não, e isso quase desgasta o filme, que ao final fica interessante e forte, funcionando bastante.

O longa nos mostra que no fim dos anos 1990 uma onda de sequestros abala o Rio de Janeiro. Um grupo de policiais assume a Divisão de Antissequestro (DAAS) e a missão de desmontar as quadrilhas que transformou o crime em indústria. Nos bastidores das investigações, a disputa de poder opõe de um lado, Mendonça - policial incorruptível, porém extremamente violento - e do outro, Santiago, Ramos e Roberta - eficientes porém corruptos. O resultado: em poucos anos, zero ocorrências.

Se tem um diretor que anda errando bem pouco no cinema nacional é Vicente Amorim, que ultimamente tem trazido para os cinemas um filme melhor que o outro, e aqui embora tenha já gravado o filme em dois formatos (um para os cinemas e um para uma série que será exibida na Multishow em 5 episódios) ele trabalhou o tema bem, criou boas cenas de ação, e fez seu filme ter um conteúdo forte funcional e direto, de modo que acabamos interessados por tudo, torcemos para os protagonistas conseguirem o desfecho da trama, e principalmente o resultado não soe absurdo demais. Claro que como disse o filme funcionará muito melhor como uma série, e já que já fizeram isso, quem conferir ela na Multishow depois diga como ficou, mas felizmente a trama no cinema também não desaponta, e o resultado embora tenha um começo rápido e jogado demais, no final já vemos bons atos e o estilo do diretor com uma câmera bem presente funcionando.

Sobre as atuações basicamente o longa recai o protagonismo em cima de Silvio Guindane com seu Mendonça direto no ato que não pensa duas vezes pra torturar e matar se for preciso, no melhor estilo Capitão Nascimento que conhecemos de outros filmes, e ele faz bem seus atos, pinga suor de tanta ação/adrenalina e atinge bons momentos, o que faz valer seus atos, mas precisava um pouco mais de envolvimento psicológico no personagem para ficar completo. Já com o outro lado do protagonismo de Erom Cordeiro, tivemos quase o oposto, com alguém metódico e em busca de aparecer ou melhor se livrar da confusão com seu Santiago, o ator acabou ficando meio que apenas de olhares e vértices pontuais, sem direcionar muito atitudes fortes nem cadenciar algo que marcasse a cena, e assim seu resultado fica frouxo em diversos momentos, de forma que poderia também ter mais ação, embora tenha sido bacana ver o personagem assim também. Marcos Palmeira nem se esforça muito para mostrar que seu Benício é daqueles diretores corruptos que fazem questão de aparecer para não levar suspeitas para casa, mas como não era para dar tanto destaque nele, seu personagem meio que fica de lado durante todo o filme, e isso não é bom de ver, então falha mais pela edição em si, do que pelo próprio ator. Natalia Lage deu um tom aberto demais para sua Roberta, de modo que parece estar de um lado, daí recai pra outro, e consegue ficar ainda pior mais para o fim, mas a uma certa lógica em suas atitudes para se livrar de acusações, e a jovem faz suas caras e bocas pensando sempre nisso, o que é bacana de ver. Thelmo Fernandes foi coeso no estilo de seu Ramos, bem técnico de atitudes e chamando pouca atenção, mas fazendo acontecer, e acaba agradando bastante nas cenas que dependeram dele. Agora quanto aos demais, tivemos praticamente todos com atitudes para chamar atenção, mas como o tempo era curto demais para desenvolver os personagens, acabaram soando insossos, e isso é sempre ruim de ver, de modo que temos os deputados corruptos desesperados para aparecer na TV, a pessoa de marketing disposta a tudo para fazer seu candidato aparecer, os ex-policiais procurando uma brecha para ganhar dinheiro na aposentadoria, e por aí vai, até termos uma sequestrada gritando com caras e bocas, mas sem nada que chamasse a atenção para ela, ou seja, não vale destacar nenhum ator tirando os principais, ao menos no longa, quem sabe na série dá para ver melhor eles e falar sobre.

No conceito cênico da trama, tivemos bons momentos nas favelas sendo invadidas com toda pompa e tiroteios comuns, conseguiram criar cativeiros bem interessantes e fortes visualmente, tivemos uma delegacia simples de ambientes, mas com locais bem sinistros de atitudes, e claro muitos elementos cênicos funcionais, como armas, equipamentos de tortura, viaturas e figurinos bem trabalhados, além de televisões e telefones da época para remeter bem o estilo que víamos das negociações de sequestro da época. A fotografia usou muitas cenas escuras por trabalhar mais com ações noturnas, e isso foi bem funcional para o ato cênico, de forma que o filme todo poderia ter falhado, mas com as luzes de contra o resultado ficou até bonito de ver.

Enfim, é um filme bem trabalhado, denso na medida, mas que falha um pouco por querer ir além no desenvolvimento de personagens e não trabalhar isso, de forma que vemos tudo acontecer bem, mas como não conhecemos quase ninguém da forma que precisa, os atos parecem corridos e não chama tanta atenção. Mesmo com esses defeitos é um longa que dá para recomendar para quem gosta de uma boa ação policial, e que lembrará bem os casos de sequestro dos anos 90, mas não vá esperando muita coisa, que aí a chance de gostar bastante é maior. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até breve.

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Um Espião Animal em 3D (Spies In Disguise)

1/25/2020 10:25:00 PM |

Nem sempre transformar um estilo em outro funciona, e longas de espionagem possuem um formato próprio que acaba soando intrigante pela forma própria que acabam funcionando. Então ao desenvolver "Um Espião Animal", o principal erro ficou em entregar um estilo sério demais que não cativaria as crianças, com algo cheio de firulas que não prende tanto os adultos, e dessa forma a trama embora seja bem construída, acaba ficando no meio do caminho, o que resulta em algo estranho, mas divertido em alguns atos. Ou seja, não diria que tenha sido uma animação que vá ser lembrada daqui alguns anos, mas que talvez uma continuação faça funcionar tudo depois e resulte em algo melhor.

O longa nos conta que o superespião Lance Sterling e o cientista Walter Beckett são completamente opostos. Lance é sofisticado, elegante e atraente. E Walter... não. Mas a habilidade social que falta em Walter é compensada por sua esperteza e uma fantástica capacidade de inventar coisas incríveis para Lance usar em suas missões épicas. Mas quando algo inusitado acontece, Walter e Lance terão que confiar um no outro de um jeito completamente novo. E se essa dupla estranha não conseguir trabalhar como um time, o mundo todo estará em perigo.

Diria que a estreia dos diretores Nick Bruno e Troy Quane, depois de muitas outras animações em setores artísticos foi razoável, pois conseguiram ser criativos na formatação cênica, e brincaram bastante com ideias de ciência e gênios malucos que preferem o bem ao invés de armas assassinas, e essa sacada até tinha tudo para dar certo, porém faltou algo a mais na trama para funcionar: decidir o público alvo, pois não vemos nem algo bobinho para crianças rirem e dançarem, nem algo mais sério e emocionante para funcionar para jovens e adultos, de modo que o filme até flui, mas não envolve tanto como poderia. Claro que estou exigindo um pouco demais do filme, mas a ideia em si tinha tudo para ir além, mas optaram pelo simples, e as vezes ousar é a melhor opção. Ou seja, aqui acredito que foi a falta de uma experiência maior por parte dos diretores de não atacar tanto, pois outros fariam algo a mais com certeza que ligaria tudo a vértices maiores.

Sobre os personagens foram bem sacados os formatos do desenho nos atores americanos que representam, tanto que Lance é a cara completa de Will Smith, e aqui dublado por Lázaro Ramos até que funcionou bem, mas ainda acho que faltou ritmo no personagem já que era o maior espião da agência, e ficou simples demais. Enquanto Walter tem todos os trejeitos de Tom Holland e acabou funcionando bastante dentro da trama, mas ainda poderia ter ido além com jeito de algo como um gênio mirim, não que seja ruim no que fez, mas ainda foi pouco. Claro que todos os pombos malucos ajudam bastante e divertem bem como secundários, mas ficaram apenas bobinhos o que não é muito legal. E quanto ao vilão e os policiais, inclusive com a esposa de Lázaro, Taís Araújo dublando, foram coerentes com suas personalidades, fazendo com que ficássemos com certas raivas de suas atitudes, o que é funcional para uma trama.

No aspecto técnico, a BlueSky sempre entrega boas perspectivas cênicas, e aqui abusaram bastante de muitas armas estranhas e engraçadas, muitos voos e perspectivas, além de muita purpurina para que os efeitos 3D funcionassem mais, não sendo nada muito impressionante, mas também mantendo a necessidade da tecnologia, ou seja, é um filme dinâmico, com uma modelagem até que bem feita, ambientes visuais bacanas e que resultam em algo bacana de ver inclusive com bons efeitos tridimensionais, mas ainda poderiam ter ido muito além.

Enfim, como vocês viram falei muito no texto que poderiam ter ido além na trama, e sendo assim, diria que o resultado final do longa foi algo mediano que não impacta tanto, mas também não decepciona, e dessa forma quem for conferir o longa com os filhos até terá bons momentos na sessão, mas sem um impacto para querer depois comprar algo relacionado com o filme, pois é simples demais para uma maior recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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A Possessão de Mary (Mary)

1/25/2020 02:23:00 AM |

Um dos estilos que mais são lançados filmes dentro do gênero terror é o famoso jump-scary que nada mais é do que aqueles filmes aonde coisas surgem do nada, pessoas gritam e tudo mais parecendo um grande trem-fantasma daqueles parques de diversão bem fajutos de antigamente, mas quando é bem feito, mesmo usando desse artifício um filme acaba segurando o espectador para ter o algo a mais que tanto esperamos ver. Dito isso, posso afirmar que "A Possessão de Mary" até tentou ser um algo a mais colocando um ator de peso na trama, e uma história de miolo até que razoavelmente convincente com o que é dito logo na abertura escrita, mas o fantasma é tão fraco, o estilo das mortes são tão clichês, a loucura, e tudo mais que nem uma onda imensa para dar uma certa tensão no momento de chuva em alto mar salvaria a trama do desespero que acaba sendo, e assim sendo, o filme não chega a ser uma tremenda bomba, sendo até daqueles que dá para curtir numa sessão da tarde, mas passa completamente longe de ser um filme de terror que cause algo a mais no público.

O longa nos mostra que David é um capitão de colarinho azul que luta para melhorar a vida de sua família. Estranhamente atraído por um navio abandonado que está em leilão, David impulsivamente compra o barco, acreditando que será o bilhete de sua família para a felicidade e a prosperidade. Mas logo depois que eles embarcam em sua jornada inaugural, eventos estranhos e assustadores começam a aterrorizar David e sua família, fazendo com que se voltem um contra o outro e duvidem de sua própria sanidade.

Diria que toda a criatividade que Anthony Jaswinski teve para com o roteiro de "Águas Rasas", aqui ele deixou na casa dele ao entregar algo sem muita dinâmica e sem muita desenvoltura para um diretor de episódios de séries (frisando episódio, pois é daqueles que só pegam um capítulo de uma série de vários e acaba saindo jogado) chamado Michael Goi, e o resultado acaba sendo um filme de sustos espalhados, que nada entrega demais, e que até tenta ser algo no meio do cinema de terror, mas vemos o filme esperando o algo a mais, meio que já sabendo onde ele está, e a hora que acontece, o que acontece? O filme acaba! Ou seja, o diretor poderia ter reduzido todo o filme pela metade, e contado a partir da última cena o que rola ali, pois aí sim teríamos um suspense/terror de ação, e o longa encaixaria muito melhor.

Sobre as atuações, sabemos bem a capacidade de Gary Oldman, e ficamos a todo momento nos perguntando se a crise bateu na sua porta também para estar caindo em projetos desse tipo, pois aqui qualquer ator de esquina faria o mesmo papel, além de não queimar sua carreira, ou seja, ele faz bons trejeitos, trabalha seu David de uma maneira coesa para o papel, mas não tem como ninguém recuperar um roteiro fraco, e ele certamente viu isso na metade do filme, pois vemos uma descida de nível seu da metade para a frente, e ele inclusive passa a aparecer menos na trama. Dessa forma, Emily Mortimer pode ser considerada a protagonista da trama com sua Sarah, afinal é a pessoa que mais aparece no longa, e ela se esforçou para não ser singela demais, criando olhares meio jogados, e sabendo dosar o temperamento forte da personagem, com o seu passado, e claro com o seu futuro, de modo que a jovem até faz alguns atos bem feitos, mas poderia ter passado mais temor em alguns momentos para soar mais verdadeira. Quanto dos demais, as garotas Stefanie Scott e Chloe Perrin até soam bem com seus medos e tensões, mas nada que valesse um destaque propriamente dito, mas a cena do copo que tem no trailer inclusive é uma das melhores do longa, e elas fizeram muito bem, e os outros dois tripulantes Owen Teague e Manuel Garcia-Rulfo começaram fracos demais, mas quando a loucura/possessão pega passaram a chamar atenção pelo menos, ou seja, fizeram caras e bocas interessantes nos seus atos de raiva. Quanto da investigadora, vivida por Jenifer Esposito, talvez um abajur em cena fizesse mais diferença.

No quesito visual a trama praticamente se passa toda dentro de um barco que aparenta ser minúsculo, mas que se olharmos o tanto de cenários que conseguiram fazer no seu interior parece quase um veleiro imenso, pois temos dois quartos, sala, cozinha, despensa enorme aonde colocam caixas, cômodos escondidos, além claro da sereia esculpida na frente do barco e um convés bem amplo para as cenas corridas, além claro de se passar em mar aberto aonde quase nem vemos ondas mesmo com grandes chuvas (acho que esqueceram de colocar isso nas filmagens na piscina, mas a gente releva!!). Ou seja, uma cenografia até que bem elaborada, que não foi muito bem gasta, mas que passa a mensagem do longa.

Enfim, é um filme fraco que até tinha potencial para ir muito além, pois como já falei no melhor ato de onde tudo poderia se desenvolver o longa acaba, deixando brecha para talvez um segundo (o que espero que não aconteça!), e com isso o filme acaba não sendo daqueles que recomendamos para os amigos, não que ele seja uma tremenda bomba, só que será gastar dinheiro e tempo à toa vendo um filme sem muitas atitudes, e que não desenvolve o que deveria. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até lá.

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O Farol (The Lighthouse)

1/24/2020 01:12:00 AM |

Um filme intenso, que tem força motora pelo estilo escolhido e pelas ótimas atuações dentro de uma fotografia única bem trabalhada. Quem ler essa primeira definição que digo caber completamente dentro do filme "O Farol" até vai achar que adorei o filme, mas aí vamos aos problemas, é muita loucura para um filme só, é abstração em cima de abstração, a ilha aonde fica o farol praticamente seria quase que um purgatório puxado para o inferno aonde os personagens estão lá vivos para sofrerem um perrengue atrás do outro, além de uma lentidão tão forte que só os fortes mesmo conseguirão ver o longa inteiro sem dar uma "pescada" de olhos. Ou seja, é um filme interessantíssimo, que poderá abrir diversos vértices para discussão, mas que exageraram demais em tudo. Claro que o formato em si vai impressionar, as atuações acabam fluindo e sendo as melhores das carreiras de ambos os atores, mas passa longe de tudo o que muito se andou falando sobre ele, e diria que pouquíssimos irão se apaixonar pelo longa.

O longa nos situa no início do século XX. Thomas Wake, responsável pelo farol de uma ilha isolada, contrata o jovem Ephraim Winslow para substituir o ajudante anterior e colaborar nas tarefas diárias. No entanto, o acesso ao farol é mantido fechado ao novato, que se torna cada vez mais curioso com este espaço privado. Enquanto os dois homens se conhecem e se provocam, Ephraim fica obcecado em descobrir o que acontece naquele espaço fechado, ao mesmo tempo em que fenômenos estranhos começam a acontecer ao seu redor.

Posso felizmente falar que (ao menos na opinião desse que vos escreve!), o diretor Robert Eggers teve uma grandiosa evolução, pois ainda não consigo enxergar nada de útil no filme "A Bruxa" que muitos amaram, mas pra mim foi apenas ok, e agora a trama tem uma consistência interessante, causa uma certa tensão por não saber o que pode acontecer ali com a loucura dos dois homens completamente isolados, que ninguém vem buscar eles e tudo mais, dá para referenciar muitas ideias de mitologias marítimas, dá para brincar com a ideia de morte e pecados, dá para fluir ideias de serviços ruins, e tudo mais, que o diretor conseguiu abrir seu leque e da mesma forma que costuma não entregar sua opinião, deixar aqui algumas possibilidades mais fechadas dela, e assim o resultado embora não seja fenomenal, consegue criar um clima, e principalmente pela excelência na estética e na direção de atores, transformar seu filme em algo que nos envolve e passa algo a mais, porém, ele ainda tem a mesma falha que seu primeiro longa, a falta de uma dinâmica mais trabalhada para mudar o eixo de seu filme de exageradamente artístico para algo mais comercial (que alguns até acham ruim, mas como costumo dizer, se não vender vira cult e morre!), e aqui o filme poderia ter os dois elos facilmente.

Sobre as atuações é fácil dizer que o filme só não é pior por culpa exclusiva dos protagonistas, pois seus trejeitos, seus diálogos e tudo o que fazem em cena certamente prova que ambos tiveram aqui os seus melhores momentos da carreira, pois temos um Willem Dafoe genial de clima, completamente insano, cheio de desenvolvimentos, e principalmente levantando a bola para que Pattinson cortasse na medida, pois geralmente em filmes desse estilo, os grandes nomes não costumam dar abertura para os mais jovens, e aqui seu Thomas é perfeitamente bem colocado em cada ato, e o envolvimento que acabamos tendo pelo filme se deve completamente a ele. Robert Pattinson é um ator que já cresceu, abandonou completamente seus trejeitos ridículos que tinha no começo da carreira, e aqui parece ter muito mais idade pela maquiagem feita, e claro pela personalidade que desenvolveu para seu Ephraim, de modo que se ele fizer só metade desse estilo no seu novo "Batman" já iremos ficar bem felizes com o estilo mais sério, pois aqui deu show também.

Outro ponto positivo da trama ficou a cargo da locação e do visual criado pela equipe de arte, pois o longa possui tantos elementos cênicos importantes com significados muito maiores do que apenas são realmente que acaba sendo daqueles filmes que uma discussão cênica daria para mais de hora, pois desde o bonequinho de sereia, a lâmpada do farol, a bebida, o cesto de pegar lagosta, os penicos, a torneira, e por aí vai, de modo que tudo é muito importante reparar, e cada momento pode ser diferente para cada um dependendo de como interpretar. Sobre a fotografia em preto e branco em um quadro de 1:19:1 ou o famoso 3:4 como muitos chamam é daquelas para sentir, e certamente se o filme fosse feito de outra forma não daria o mesmo impacto, então parabéns pela escolha, e claro com isso estão sendo indicados em todos os prêmios pelo que foi feito.

Enfim, é um filme completamente diferente do que já vimos, que muitos vão odiar, outros irão amar, e por incrível que pareça dá para ficar em cima do muro, pois assim como o Coelho que vos digita aqui, gostei de muitas coisas, mas o ritmo da trama raspou a trave de me fazer dormir, e como costumo dizer se o filme não pegar pra valer, a chance dele desandar e começarmos a ver defeitos até nas plantas cenográficas é altíssimo, e aqui foi o que acabou acontecendo, pois como muitos classificaram, é certeza do longa virar um grande clássico do cinema mais para frente, mas cansa e muito com o formato extremamente abstrato. E sendo assim, recomendo ele para bem poucas pessoas, pois muitos não irão entender nada, outros irão filosofar aos montes, e assim é o cinema de arte. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - O Limite da Traição (A Fall From Grace)

1/23/2020 01:02:00 AM |

Confesso que o ano começou meio estranho na Netflix, só com filmes antigos que não foram lançados no cinema em suas épocas, outros meio bizarros pela estética, e com isso fiquei meio que sem vontade de escolher alguns para conferir, porém ao surgir "O Limite Da Traição" de cara peguei e coloquei na minha lista pensando que deveria ser algo interessante pela temática, mas como não vi trailer, resolvi deixar para uma hora qualquer, pois bem, eis que comecei a ver e achei ele meio lento, aparentemente bobinho demais, atuações mais ou menos, já comecei a pensar em parar, mas eis que começam as intrigas para sabermos mais da protagonista, sua história, e vamos ao julgamento, pois aí meus amigos, a coisa começa a pegar dum tanto que tudo parecia ir para um lado, e então vamos para a cena final que muitos já até teriam desistido de ver antes dela, e vemos um detalhe fortíssimo, que então vira todo o jogo, e vemos algo mais forte ainda. Ou seja, é um filme de duas horas, aonde quase uma hora e vinte passa calmamente quase parando, para nos últimos minutos explodir com força e falar que filmaço. E claro que dessa forma posso dizer fácil que é mais um filme intrigante e bem feito, que vai causar muito, e quem sabe até ter uma continuação.

A sinopse praticamente não nos diz nada, mas ela conta que desiludida após descobrir um caso do ex-marido, Grace Waters reencontra a felicidade em um novo amor. Mas quando segredos vêm à tona, o lado vulnerável de Grace se torna violento.

A maioria do público curte Tyler Perry pelos diversos filmes de "Madea" e claro pelas séries fortes que ele dirigiu, além claro de seu lado ator também em diversos filmes famosos, e aqui ao trabalhar um filme mais fechado, trabalhando julgamento, suspense e claro desenvolvimento de passado, vemos que ele não apenas conseguiu criar uma trama bem amarrada, como envolveu a todos, pois como disse começamos meio que deitados de boa na poltrona, sem esperar muito do filme, depois a coisa começa a esquentar, para no final já estarmos xingando tudo e torcendo para que algo aconteça, e isso só ocorre com bons filmes, ou seja, ele fez o serviço de casa criando algo bem fácil, com um filme que não entrega nada (se alguém descobrir algo antes dos 30 minutos finais pode ir trabalhar como vidente no parque!), e que é desenvolvido de uma forma coerente, pois poderia ser completamente diferente com outra edição efetiva, mas da forma feita agrada muito mais, mesmo sendo lento no começo. Ou seja, o diretor não apenas acertou na forma de conduzir os atores para não entregar nada, como também soube junto da edição montar um filme simples e forte, coisa que poucos conseguem, e o acerto veio direto.

Sobre as atuações, acredito que poderiam ter escolhido melhor as protagonistas, não por elas terem feito algo ruim, mas com certeza poderiam ter ido além nos primeiros atos, e isso se deve à falta de força na personagem de Bresha Webb, pois sua Jasmine é muito comum, muito insossa, e geralmente advogadas criminais vão pra cima e destroem tudo, o que não é o caso aqui dela. Da mesma forma Crystal Fox é uma veterana do cinema e TV, mas sua Grace é entregue muito como ingênua demais para uma pessoa do porte dela, de forma que não nos convence suas caras amarguradas na prisão, muito menos o ar floreado dela na história sendo contada, ou seja, podia ter ido além. Quanto aos demais, diria que Mehcad Brooks até coloca seu Shannon como um homem modelo inicial, cheio de jogadas sensuais, mas de cara vemos que não é bom partido, mas ao menos foi o que mais se entregou para o filme, chamando atenção em todas as cenas, e Phylicia Rashad entregou bem sua Sarah, mas muito calma demais de atitudes, de forma que não convence em quase nada. Agora a turma do escritório de advocacia é melhor nem falar que estiveram no longa, inclusive o diretor, pois foram fracos demais em tudo.

Visualmente a trama é simples também, com um júri sem muitas firulas, uma sala pequena para conversa entre ré e advogada, um escritório de advocacia bem comum sem nada imponente, e uma casa comum, tendo pouquíssimos elementos cênicos chaves, tanto que o sumiço do dinheiro é algo que é jogado na trama sem que vemos muita coisa do banco aonde a protagonista trabalha, e apenas a cena da morte que é violenta na medida certa com o taco de beisebol, além claro da cena final, aonde os detalhes valeram a pena. Ou seja, gastaram tanto para a cena final, que devem ter gravado ela primeiro, e depois não sobrou dinheiro para mais nada.

Enfim, é daqueles longas que tenho certeza que muitos passariam em branco na plataforma, mas que vale certamente perder duas horinhas conferindo, pois, o final faz as vezes do começo lento, e o resultado agrada demais. Sendo assim, fica a dica para quem gosta de dramas de julgamento com surpresas interessantes. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Talvez valesse até um pouco a mais de nota, principalmente pelo final, mas o começo é fraco demais, e as atrizes poderiam ter se doado um pouco mais, então vamos com 7 que é uma boa nota.

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Instinto (Instinct)

1/20/2020 01:34:00 AM |

É bacana ver que esse ano os filmes que concorreram a melhor longa estrangeiro, mas não conseguiram entrar na lista final, estão aparecendo pelo interior (claro que falta vir os da lista, mas nem tudo são flores!), pois geralmente muitos acabam ficando bem longe daqui, e aparecendo somente em festivais. Dito isso, o longa holandês "Instinto" tem muita personalidade, tem força, e entrega um tema bem polêmico que são os tratamentos psicológicos de algumas clínicas de recuperação, e claro também os próprios terapeutas que costumam já ter problemas com o que trabalham, ou seja, um âmbito denso para se discutir, porém aqui temos o problema tradicional de alguns filmes mais artísticos, o exagero em dar momentos de reflexão, e a falta de um fechamento com a opinião do diretora, de modo que a trama apresenta, aquece o tema, mas fecha de modo simples, o que não era esperado de forma alguma para tudo o que vimos durante o longa. Claro que ainda assim é um filme bem forte e interessante, com atuações imponentes e tudo mais, mas talvez uma escolha de final menos jogada seria melhor e agradaria bem mais.

A sinopse do longa nos conta que Nicoline, uma psicóloga experiente, inicia um novo emprego em uma instituição penal, apesar de ter decidido nunca mais voltar à psiquiatria. Ela conhece Idris, um homem inteligente com um distúrbio de personalidade antissocial e narcisista, que cometeu uma série de crimes sexuais graves. Após cinco anos de tratamento, ele está prestes a ter sua primeira saída em liberdade condicional desacompanhada. A equipe de profissionais da instituição está entusiasmada com o desenvolvimento e comportamento do condenado, mas Nicoline não confia nele nem um pouco. Ela tenta adiar a soltura, para o espanto de seus colegas de trabalho. Idris tenta ao máximo convencer Nicoline de suas boas intenções, mas, como ela permanece cética, ele vai ficando gradualmente mais violento em relação a ela, transformando-se em um homem manipulador – o que Nicoline viu nele desde o começo. Um jogo de poder surge entre os dois e Nicoline, apesar de seu conhecimento e experiência, deixa-se envolver, e acaba em uma situação muito tensa e perigosa.

É bem fácil entender o motivo do filme ser fechado de maneira brusca e quase sem um final condizente com tudo o que acabou ocorrendo durante o longa, basta olhar a filmografia da diretora Halina Reijn, e verá que como atriz já fez diversos filmes, foi bem premiada, porém é sua estreia por trás das câmeras, e a história também é sua, então sem um roteiro mais fechado e sem ela saber realmente como poderia ter ido além, o longa fica muito forte no miolo,  mas precisou de uma cena simples para o fechamento não soar largado, pois confesso que faltando alguns minutos para o final pensei: "esse filme vai acabar sem nexo algum", e ao mesmo tempo ouvi um casal que estava na fileira debaixo da minha falar: "ela vai se matar", ou seja, dois finais imponentes que até seriam coerentes para um filme artístico, mas não, vemos algo comum e que até tem um certo sentido, mas muito fraco comparado a tudo o que a personagem tinha dentro de si para passar, e dessa forma posso dizer que Halina precisará ainda apanhar mais um bom tanto na cadeira de diretora para encontrar fechamentos melhores, ainda que seu filme tenha ficado intrigante ao menos.

Quanto das interpretações, vemos uma Carice van Houten incrível com sua Nicoline, de modo que entrega tantos trejeitos que em determinados momentos queremos até bater nela por suas atitudes, e isso é bom, pois mostra a capacidade de uma atriz de fazer o público se conectar com o drama passado por ela, e o resultado de sua personagem é mais complexo até mesmo que a própria trama do filme. Marwan Kenzari tem um bom estilo e imponência com o que faz, de modo que seu Idris consegue mesmo sendo um criminoso acaba trabalhando com ares sensuais e faz com que até mudemos nossas opiniões em determinados momentos, porém essa sua dinâmica é algo que o ator soube trabalha incrivelmente bem, quase sendo daqueles duas caras, e o acerto foi iminente e forte de ser visto. Quanto os demais personagens, diria que ou foram mal escolhidos os atores, ou faltou um algo a mais para a diretora conseguir passar a essência deles, pois vemos uma personificação aberta demais com a mãe, vemos uma estagiária alegrinha demais para a área psicológica, um treinador meio sem rumo, e por aí vai, de modo que o filme soa frouxo quando depende de outros atores sem ser os protagonistas, e isso é muito ruim de ver.

Sobre o ambiente visual em si, a instituição ficou muito estranha, de modo que parece em alguns momentos quase um prédio comercial abandonado, em outros apartamentos conjuntos, e isso é muito estranho de ver, não parecendo uma prisão tirando os momentos na área de recreio dos presos, mas como não conhecemos as unidades prisionais em outros países, não vamos acusar que isso seja um erro, mas souberam trabalhar bem nos elementos cênicos da trama, colocando bons detalhes para representar cada um dos personagens, suas atitudes, e com isso as demais locações resultam em situações fortes e bem coerentes, que envolvem e funcionam.

Enfim, é um filme inteligente e interessante, com uma proposta cênica bem envolvente, mas que falhou um pouco demais nas escolhas da diretora, de modo que o filme poderia ter ido muito além sem respiros, e com um fechamento mais pegado, pois foi fácil a opção da protagonista, e isso não era o imaginado se levarmos em conta tudo o que ela já sofreu. Ou seja, até recomendo bem o suspense, mas muitos irão se decepcionar com o final, assim como aconteceu comigo. Bem é isso pessoal, encerro por aqui a semana nos cinemas, mas volto em breve com filmes do streaming, então abraços e até logo mais.

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1917

1/19/2020 02:24:00 AM |

Sabe aqueles filmes que nossos olhos não conseguem sair da tela acompanhando cada momento da trama, se envolvendo, e praticamente participando dos atos? "1917" pode ser mais um desses que entrará nessa lista, pois a história do filme em si é simples e já vimos em outros filmes de guerra, de alguém tentar levar uma mensagem para outro batalhão, ou então ir em busca de alguém atrás de uma linha inimiga, e por aí vai, mas a grande sacada do diretor e roteirista Sam Mendes foi a de criar um filme aonde praticamente somos a sacola do protagonista, ou melhor, o câmera contratado para acompanhar ele e se virar para sobreviver retratando cada um dos segundos respirados ofegantemente por ele para atravessar praticamente seis grupamentos de batalhões, em diferentes pontos no meio da linha de guerra, para entregar uma mensagem de cancelamento de um ataque, e isso é feito de uma maneira tão brilhante num plano-sequência quase que integral (dá para notar as cenas de respiro em lugares escuros, ou pulos na água, ou viradas estratégicas, mas nada que atrapalhe felizmente o estilo do filme), que acabamos nos envolvendo com tudo em cena, com os mortos espalhados, com as casas destruídas, com o ambiente em si, e o resultado ganha muita força. Ou seja, é quase que uma mistura de vários outros filmes do estilo, mas que brilhantemente foi escolhido uma forma nova de entregar isso, e o resultado acaba esplêndido pela consequência dos atos em si, tanto para o personagem principal, quanto para o público, o que mostra que funcionou.

O longa nos conta que em um dos momentos críticos da Primeira Guerra Mundial, dois soldados britânicos Schofield e Blake recebem uma missão aparentemente impossível. Em uma corrida contra o tempo, os soldados devem cruzar território inimigo e entregar uma mensagem que cessará o ataque brutal de milhares - entre eles, o irmão de Blake.

Claro que a maior reclamação de um filme de guerra é que todos se parecem muito, afinal praticamente todos os filmes retratam ou a primeira ou a segunda guerra da forma que ocorreram, então não temos como ser inventivos demais, mas aqui ao trabalhar de uma forma quase teatral, por seguir tudo em um plano maravilhoso de diversas cenas sequenciais, com personagens passando pelos protagonistas, mortos espalhados pelo chão, cidades e destroços enlameados, o resultado vai sendo de uma fluidez tão interessante que acabamos vibrando e quase parando nossa respiração para conseguir acompanhar o protagonista na maioria de suas cenas, e cada ato que o diretor Sam Mendes nos presenteia na tela é algo para vivenciar, para se envolver, e que vamos nos lembrar certamente quando vermos um novo filme de guerra que iremos reclamar da falta de envolvimento. A sacada do diretor de fazer seu filme dessa forma foi tamanha que não chega a ser um incômodo a câmera para nós, os protagonistas em momento algum ficam parecendo artificiais (e merecem palmas por isso), e toda a figuração é tão bem orquestrada que é quase um desfile luxuoso de guerra passando pela telona, o que resultou em algo bem lindo de ver, e que certamente vale uma segunda conferida.

Sobre as atuações, basicamente só temos de falar da excelente performance de George MacKay com seu Schofield, que trabalha tanto suas expressões que ficamos de queixo caído a cada momento seu, pois o jovem não apenas se adequou a cada ato, como se jogou de corpo e alma em todas as cenas do filme, pulando na água, caindo areia a rodo em cima dele, se enlameando, correndo desenfreadamente com tudo explodindo ao seu redor, ou seja, acreditou completamente na proposta do diretor e fez trejeitos perfeitos nessa bagunça toda, algo que só grandes atores teatrais conseguiriam trabalhar tão bem, e dessa forma chega a ser até injusto não estar vendo seu nome nas listas de premiações, pelo menos como indicado, mas isso vai se reverter em bons projetos depois, pois o garoto merece. Da mesma forma Dean-Charles Chapman conseguiu brincar com seu Blake de uma maneira mais carismática, como um personagem dinâmico e divertido, mas que consegue passar segurança nas cenas que faz, mesmo que tenha agido de maneira burra nos dois principais momentos seus, mas isso é uma questão de roteiro, e ele fez bem. Quanto aos demais, a maioria faz rápidas participações, algumas mais importantes, outras menos, de modo que até temos grandes nomes como Benedict Cumberbatch, Colin Firth, Mark Strong, Richard Madden, Andrew Scott, mas todos soaram como meros figurantes de luxo, e que não merecem destaque na trama.

Quanto do conceito visual, outro show, afinal precisaram preparar tudo como se fosse teatro mesmo, pois a câmera vai passando e tudo acontecendo, ou seja, uma organização de nível máximo, e com isso escolheram ambientes bem abertos para que tudo fosse grandioso, cenários destruídos bem colocados, fogo na medida em alguns momentos, explosões precisas para não arremessar nenhum protagonista nem figurante, muitos elementos cênicos espalhados para que a trama incorporasse uma densidade maior ainda, e principalmente figurinos bem marcados com tudo pronto para envolver. Claro que sem uma equipe de efeitos especiais de primeira linha, a trama daria completamente errado, afinal volto a frisar que cada ato é como se fosse um ato de uma peça teatral, então não se permitem muitos erros, e aqui tudo é feito na medida com movimentos marcados e funcionais, e para aqueles que quiserem ver melhor a penúltima cena do longa sendo filmada, fica aqui o link para se envolver ainda mais. A fotografia do longa é sensacional, cheia de sujeiras, de cenas escuras para ter elos de quebra, mas principalmente ousando em ter muitos atos durante o dia para mostrar que foram ninjas nas cenas abertas para que ficassem precisas, sem sombras erradas, e que com muito dinamismo acaba envolvendo demais.

O longa contou ainda com uma trilha preciosíssima de Thomas Newman que dá o tom certo para cada ato, fazendo com que em diversos atos o silêncio até falasse mais alto, e essa sonoridade orquestrada, aliada com uma mixagem perfeita de tiros e explosões fez com que o filme ficasse incrível, porém o grande ato é a versão de "Wayfaring Stranger" cantada por um soldado de uma forma tão deliciosa e envolvente que merecia estar entre os indicados ao Oscar só para podermos relaxar com ela sendo cantada no dia da premiação.

Enfim, é um filme perfeito? Não, pois como disse a história já vimos tantas outras vezes de formas diferentes. Porém a sacada de plano-sequência quase que integral foi tão genial que vale cada momento das quase duas horas de projeção, de modo que valeria a sessão ser aplaudida no final, mas muitos estavam chorando, outros estavam apenas emocionados, e a maioria envolvida com o resultado, e mesmo que causando leves dores de cabeça por não termos cenas de respiro, verei novamente o longa, indico totalmente ele, e torcerei muito pelo diretor nas premiações. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Fiquei muito na dúvida entre dar a nota máxima para o longa, mas senti que faltou um algo a mais para que a perfeição ocorresse, e isso poderia ter acontecido aqui, então vamos com um 9, mas com a sensação de 9,5.

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Jumanji - Próxima Fase em Imax 3D (Jumanji: The Next Level)

1/18/2020 02:56:00 AM |

Se tem uma coisa que costumo aplaudir em franquias é quando conseguem manter o mesmo tom, a mesma dinâmica anterior e ainda incrementar algo que faça o filme seguir uma linha de crescimento, dando deixas até para novas continuações, e sabendo trabalhar dessa forma conseguiram com que "Jumanji - Próxima Fase" passasse voando com suas duas horas de duração, brincasse bastante com o estilo "jogável", e com boas sacadas cômicas nos envolvesse do começo ao fim, mesmo inserindo personagens digamos que estranhos no jogo. Ou seja, vemos praticamente o mesmo filme, agora indo por outros rumos, mas brincando da mesma forma, o que agrada bastante, entrega toda a ideia de forma coerente, e fecha com algo simbólico tanto para um fechamento que lembrasse o filme antigão, como para uma nova aventura a ser lançada mais para frente. E sendo assim, o resultado funciona bem, e vai divertir quem gosta desse estilo de filmes aventureiros, mesmo não sendo um daqueles filmes memoráveis.

A sinopse nos conta que tentado em revisitar o mundo de Jumanji, Spencer decide consertar o jogo de videogame que permite que os jogadores sejam transportados ao local. Logo o quarteto formado por Smolder Bravestone, Moose Finbar, Shelly Oberon e Ruby Roundhouse ressurge, agora comandado por outras pessoas: o avô de Spencer e Milo Walker, seu ex-sócio, assumem as personas de Bravestone e Finbar, enquanto Fridge agora está sob a pele de Oberon.

Costumo dizer que se você quer acertar em uma continuação, mantenha ao menos o diretor, mas se conseguir levar ainda algum roteirista do original a chance de sucesso é melhor ainda, e aqui é notável que Jake Kasdan soube desde o último dia de gravações de "Jumanji - Bem-Vindo à Selva" que faria uma continuação, mesmo sem dar nuances disso nas filmagens ou propriamente na edição, mas seu legado estava apenas começando, e a trama caiu bem em suas mãos, e aqui ele voltou com tudo, tendo um orçamento mais aproveitável, mais efeitos, e claro mais locações imponentes, de forma que o filme criou uma narrativa mais aventureira, e souberam usar isso como fases mais difíceis do jogo, o que é um charme a mais para a trama, porém podemos confessar que tem alguns atos bem bizarros no miolo, o que não estraga, mas que poderiam ser menos forçados. Dito isso, posso dizer que Kasdan pode até não querer tentar a sorte de entregar uma trilogia, mas não duvido dos produtores desejarem isso, e virem com um filme imponente de terceiro ato, que feche bem o ciclo dado na cena logo no começo dos créditos, agora será esperar para ver.

É engraçado como o filme insiste em se mostrar como um jogo, e isso funciona até mesmo para os atores, que acabaram entregando trejeitos mais artificiais que funcionam bastante, além claro de mostrar um pouco mais da vida dos jovens fora do jogo, ou seja, a trama deixou que ambos os atores/personagens tivessem mais tempo de tela, sem gastar tempo do filme, o que é bem interessante de ver, e funciona, ou seja, um acerto nato de todas as partes. Dito isso todos os atores se esforçaram bem para que seus personagens tivessem carisma, fossem dinâmicos, e se encaixassem bem no jogo, com Dwayne Johnson brincando bastante com os trejeitos clássicos de Danny DeVito ao entregar um Bravestone mais caricato, com ares fortes que o personagem tem, mas brincando com a velhice e cheio de movimentos mais engraçados e tradicionais de pessoas mais velhas, o que acaba divertindo bastante. Da mesma forma Kevin Hart joga bastante com seu Finbar para um estilo mais dramatizado que Danny Glover faria, com pausas lentas e bem colocadas, fazendo um ar muito certeiro para o papel, o que agrada bastante. Jack Black brinca com seu Oberon de uma forma mais agitada, mas com muita reclamação, afinal o estilo de Fridge está dentro de si, e o ator incorporou um reclamão de cara cheia, o que é bem legal de acompanhar. E sem perder estilo Karen Gillan entregou uma Ruby imponente, destemida e com o ar denso que sua personagem pedia, num tremendo funcionamento bem colocado para todos. Do lado de fora do jogo ainda tivemos bons momentos com Alex Wolff mostrando o famoso perdedor desanimado com tudo de seu Spencer, vemos as sacadas de Ser'Darius Blain dar força para seu Fridge, e claro vemos a velha guarda do humor se dar muito bem com Danny Glover e Danny DeVito, de modo que tudo soa bem encaixado. Além disso, tivemos boas participações de Awkwafina como Ming, Nick Jonas com seu estilo aventureiro, Morgan Turner com sua tímida Martha, Madison Iseman com sua Bethany cheia de virtudes, além de um rápido momento bem colocado de Colin Hanks com seu Alex, ou seja, a turma toda voltou.

Quanto do visual conseguiram fazer algo até melhor que o primeiro filme, remetendo até melhor ao estilo de jogo, com vários ambientes diferentes (enquanto no primeiro era apenas uma selva praticamente), criaram animais computacionais incríveis via computação, que praticamente parecem reais, tivemos diversos cenários perfeitos de estilos com muitos elementos cênicos, além de brincar bastante com coisas irreais como mudanças de corpos e tudo mais. Também conseguiram trabalhar bem os figurinos da trama, com vilões imponentes e cheios de detalhes, e juntar a isso excelentes efeitos visuais quase perfeitos, de modo que praticamente lembramos de muitos jogos que já jogamos na infância. Agora se tem algo que ficou realmente ruim foi falar que o filme tem qualquer 3D, pois só ajudou a dar perspectiva no visual da trama, e nada mais, sendo daqueles totalmente dispensáveis de ver com a tecnologia.

Com uma trilha sonora envolvente e que dá a dinâmica na medida certa, o ritmo do longa não chega a ser frenético, mas entrega uma boa personalidade para a trama, e acaba fazendo com que o filme fosse bem cadenciado, além de entregar canções clássicas de uma forma irreverente e bem colocada.

Enfim, um filme bem gostoso de conferir, que acerta na medida tanto no conceito de história quanto nas dinâmicas e efeitos, que quem gosta de uma boa aventura misturada com videogame vai até gostar mais desse do que o primeiro filme, e agora iremos esperar para ver se irão realmente continuar ou se vão se dar por contentes com esse fechamento. Sendo assim, recomendo o longa para todos, pois é divertido, gostoso e vale as horas passadas na sala, não sendo algo primoroso, mas funcionou até melhor que o primeiro filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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O Escândalo (Bombshell)

1/17/2020 12:30:00 AM |

Quando começou os estouros de processos e declarações de assédio nos bastidores das TVs e dos estúdios de cinema, muita gente apoiou, outros viraram a cara, mas a maioria se surpreendeu como era um meio bem sujo esse de conseguir vagas de emprego e ascensões a cargos de destaque na mídia, e principalmente o que se viu foi que muitas mulheres mesmo não apoiavam outras fosse por medo de perder o emprego ou por apenas não querer acreditar naquilo, ou seja, foi algo que surgiu como uma bomba, depois esfriou, até que nos últimos nos tem acontecido casos mais imponentes e tudo tem ao menos tentado melhorar para com essa situação nojenta que muitos donos e diretores de grandes mídias fazem e faziam para com as mulheres. Pois bem, dito isso, o longa "O Escândalo" mostra como foi o processo de um dos primeiros casos que explodiram em 2016 na Fox News, e depois veio com muito mais força com várias outras mulheres revelando os assédios que sofreram em outros lugares, e aqui a grande sacada foi transformar o longa em um filme não sujo de situações, mas sim sujo no ar com tudo o que víamos ocorrendo, e chega a dar ânsia ver algumas declarações do filme de tão diretos que alguns atos se mostraram. Claro que o filme em si é bem forte, a trama tem um funcionamento bacana, mas diria que o maior problema dele foi não ser direto no processo em si, e nos atos que ocorreram na sequência, pois da forma entregue acabaram colocando personagens demais, situações abertas demais, contextos fora do ambiente e tudo mais, o que fez com que os quatro protagonistas precisassem quase que gritar para aparecer no meio de tudo, e de personagens que até surgem do nada, e isso é muito ruim, mas ao mesmo tempo fez com que elas se destacassem, e as indicações estão aparecendo direto, o que é bom para o filme.

O longa nos mostra um olhar revelador dentro do mais poderoso e controverso império de mídia norte-americano, com a história pulsante das mulheres que afrontaram o infame homem à frente deste império, ao o acusarem de assédio sexual.

É bacana ver que a adaptação caiu nas mãos de um roteirista que já fez outros grandes trabalhos com outras obras polêmicas, e dessa forma Charles Randolph soube criar uma trama bem amarrada e cheia de detalhes, porém colocou muita coisa aberta para que o diretor Jay Roach criasse uma boa desenvoltura, de modo que o estilo também do diretor não é de filmes mais amplos. Claro que muitas mulheres vão dizer que o ideal aqui seria uma mulher dirigindo para mostrar mais do assédio, mas não é nem esse o grande problema da trama, e sim o exagero de aberturas que fez com que o filme tivesse personagens demais, alguns até bem importantes para o resultado geral, e não souberam como usar todo esse grupo, de forma que os filhos do dono da Fox aparecem praticamente do nada mais próximo do final e somos praticamente obrigados a querer entender seu ranço contra o poderoso chefão da emissora, outras mulheres apenas fazem suas jogadas, mas não insinuam nada para o final, algumas até meio sem eira nem beira. Ou seja, acabaram dando o ar todo para a trama, desenvolveram tudo para que o filme funcionasse bem, e deixaram toda a responsabilidade para os quatro principais sobreviver a tudo, e infelizmente isso não é uma função fácil em um longa grande desse estilo. Sei que todos sabem que não sou fã de séries, mas talvez essa história toda numa minissérie de uns 6 capítulos ficaria genial, pois todos poderiam melhor se desenvolver, ou talvez enxugar melhor o ambiente para que tudo ficasse somente em cima do processo, não necessitando envolver Trump, envolver outros executivos, colocar temática homossexual, partidos e tudo mais, que aí sim o filme ficaria mais focado, o estilo seria acertado, e o resultado seria imensamente melhor.

Sobre as atuações como já falei até mais que uma vez, vamos focar nos protagonistas, e é bem fácil entender suas indicações aos diversos prêmios, pois cada uma entrega tanta personalidade para seu papel que nos vemos ao mesmo tempo emocionados com o que estão sofrendo, e bravos para com o restante, então vemos Charlize Theron imponente com sua Meggy, cheia de postura, direta na opinião, e sendo a apresentadora de maior prestígio do canal, sempre pronta para desafiar a tudo e todos, mas quando baixa a guarda, ela ainda se impõe e pensa, o que é bem intrigante de ver. Da mesma forma Nicole Kidman coloca para sua Gretchen olhares, sensações, e até mesmo o desespero de acabar de vez com sua carreira com suas atitudes, e a atriz se doa de uma forma que envolve e emociona demais, principalmente na frente dos filhos, fazendo de sua personagem quase o elemento chave da trama explodir, e como sempre a atriz dá show. Agora sem dúvida alguma ver as diversas expressões de Margot Robbie para com sua Kayla é de querer ajudar a jovem de qualquer forma, pois se entrega desesperada em diversas cenas fortes, desde a com o chefão da emissora, até no seu encontro com um executivo e ao telefone fala com a amiga, de forma que vemos a jovem numa desenvoltura tão bem colocada que certamente mostra cada vez mais seu crescimento e acerto na escolha de personagens. Quanto a John Lithgow fazendo Roger Ailes, primeiro temos de falar que as premiações de maquiagem e cabelo estão ganhas só com o que fizeram com ele, dito isso, o ator soube chamar a responsabilidade e entregar cenas fortes, de diálogos diretos, e com muita imponência sem falhar em nada, e isso é algo que mostra sua preparação total, com um acerto fácil e que vale ser observado. Quanto aos demais personagens, se formos falar de todos vamos ficar horas aqui, mas vale leves destaques para Kate McKinnon com sua Jess bem trabalhada e Rob Delaney com um Gil fraco de atitudes demais, mas que mostra bem o que muitos homens pensaram na época.

Sobre o visual da trama, acaba sendo bem bacana o começo acelerado com a protagonista nos mostrando como é a estrutura do prédio imenso da Fox News, mas ao mesmo tempo que vai andando e falando acabamos não nos conectando tanto nem com ela, nem com aonde é cada coisa, de modo que durante o filme ainda ficamos levemente perdidos de onde está acontecendo tudo, mas nada que atrapalhe muito o resultado da trama, de modo que se não gravaram realmente nas estruturas originais, conseguiram passar bem o ambiente de um estúdio, de uma redação, de um escritório presidencial, ou seja, foram bem arranjados nesse conceito, além claro de mostrar bem rapidamente o ambiente dos debates presidenciais da Era Trump, que daria completamente outra boa história de filme. Ou seja, um filme conceitualmente bem estruturado, com um visual que digamos até é simples, mas que necessitou muitos figurinos, muitos ambientes minuciosos, e claro muita bagunça cênica, o que as vezes parece fácil, mas é extremamente difícil de ficar bem feito, e aqui ficou.

Enfim, é um filme que alguns vão adorar ver as tretas acontecendo, vão falar um monte de "vixe" e "eita" em cada uma das cenas polêmicas, mas que foi exageradamente corrido, e ficou faltando enfiar a faca um pouco mais nos grandes nomes, pois apenas um foi pouco para mostrar, e a cena final diz muito do que sabemos sobre como acabam ocorrendo as denúncias, ou seja, poderiam ter ido além. Não digo que é um filme ruim de acompanhar, pois é bem dinâmico e passa num piscar de olhos, mas que saímos da sessão esperando muito mais, e isso não é bom de acontecer em um filme polêmico. Sendo assim até recomendo ele, mas vão com baixas expectativas, pois a chance de não se empolgar com o que verá é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Viver Duas Vezes (Vivir Dos Veces) (Live Twice, Love Once)

1/13/2020 01:25:00 AM |

Sabe quando um filme parece singelo, mas que na essência acaba emocionando bem mais do que o esperado? De vez em quando surge um desses e consegue passar tantas boas mensagens que acabam nos emocionando nos detalhes, e o filme espanhol que a Netflix lançou nessa semana, "Viver Duas Vezes", trabalha um mal que vem assolando muitas famílias: o Alzheimer, que andam até bem nas pesquisas para tentar curar, mas que ainda não chegaram muito longe. Ou seja, na trama temos até um pouco mais de abertura do que o normal do tema, pois se focassem somente no professor de matemática que foi um descobridor de algo genial, mas que começa a sofrer com a perda de memória proveniente da doença, que resolve depois de uma conversa com a neta buscar um antigo amor, até iríamos bem, mas resolveram que queriam discutir deficiência física, traição, empregos secundários, e aí o filme até deu uma leve derrapada. Claro que isso não chega a atrapalhar a beleza envolvente que a trama consegue passar, mas poderiam ter somente focado na doença do idoso, e na sua busca pela amada, que ficaria tão lindo quanto o fechamento.

O longa nos mostra que Emilio, sua filha Julia e sua neta Blanca empreendem uma jornada peculiar e ao mesmo tempo reveladora. Antes que Emilio finalmente perca sua memória, a família o ajudará a encontrar o amor de sua juventude. Ao longo do caminho, você encontrará a oportunidade de uma nova vida sem armadilhas. Decisões e contratempos controversos os levarão a enfrentar os enganos nos quais montaram suas vidas. Será possível viver duas vezes?

Não conhecia o trabalho da diretora María Ripoll, mas pelo que foi entregue aqui posso dizer que fiquei bem curioso para ver os demais longas, pois ela conseguiu dramatizar bem o tema, fazer com que os atores se conectassem bem e tivessem uma química coerente, e principalmente a história, mesmo com os desvios de percurso quase novelescos para dar uma incrementada, não se estragasse, e isso é algo raro, pois o filme facilmente poderia ir por diversos rumos, o público poderia esquecer das cenas chaves que são necessárias para o final, mas a doçura foi tão bem marcada que ao acontecer conectamos tudo e a emoção vem, ou seja, um grandioso acerto por parte dela, mas que facilmente poderia ter eliminado o lance da traição, o problema da garotinha, e até mesmo o desdém que o pai tem da profissão da filha, que teríamos ainda um ótimo filme, e ela seria ainda mais eloquente pelo trabalho final. Mas felizmente nada disso atrapalhou tanto, e o resultado funciona por completo.

Sobre as atuações é fácil ver o motivo do longa ter dado certo, afinal Oscar Martínez, é outro mestre do cinema argentino, abaixo apenas de Darín, mas que sempre entrega muita personalidade em seus papeis, e aqui seu Emilio é simples, é coerente com cada um dos atos e funciona demais no papel. Da mesma forma Inma Cuesta soube ser dinâmica como Julia, trabalhando de uma forma meio que de lado no longa, mas sabendo protagonizar quando precisou, e agradou bem com o pouco que fez. A jovem Mafalda Carbonell entregou muita personalidade para sua Blanca, sendo carismática, e sendo sua estreia em longas, a garotinha foi destemida para cima do grande ator e chamou a atenção com simplicidade e alegria no olhar nos diversos momentos que foi preciso. Quanto a Nacho Lopez, era melhor ter ficado em casa, pois fazendo papel de coach mais marido traidor é algo que ao menos eu queimaria de cena, e o ator ainda foi mal em cena, então desnecessário total no longa. Quanto os demais, a maioria surgiu apenas, mas o fechamento com Isabel Requena foi algo bem bonito de ver, mostrando atos emocionantes bem feitos pela jovem senhora.

Visualmente o longa não chama tanta atenção como poderia, pois tem momentos bons com discos na casa do protagonista, ousa trabalhar alguns atos interessantes com celulares, vivem um momento de road-movie juntamente com passeios por algumas ruas por onde o protagonista se perde, e claro brinca com a ideia de visual do passado com o visual do presente, além de mostrar tanto o lado estudioso da Matemática, quanto o lado bem triste do final do Alzheimer, e assim sendo, a trama tem elementos interessantes, tem cenas simples bem feitas, mas não atinge nenhum ápice de envolvimento cênico, o que acaba sendo singelo demais, e certamente poderia ter ido além.

Enfim, é um filme gostoso de conferir, que tem cenas que vão emocionar, mas que poderia ter ido muito além, pois história, atores e trama para isso tinham, mas resolveram deixar no modo básico, e entregaram o básico também, o que não é ruim, só não ficará algo marcante que vamos lembrar mais para frente, mas ainda assim é um filme que vale a pena assistir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Ameaça Profunda (Underwater)

1/12/2020 01:02:00 AM |

Posso dizer que fui ver "Ameaça Profunda" já imaginando a tremenda bomba que seria, mas dei a chance imaginando que se o filme passasse a tensão de estar preso quilômetros abaixo da superfície, com uma densidade bem colocada, talvez o resultado fosse menos previsível, porém ao aparecer os bichos em cena, meu Deusssssss só torcia para que não piorasse, pois era a mistura do bicho que vimos em "A Forma da Água" com desenhos bizarros, mas não, ao chegar próximo do fim aparece uma outra criatura mais bizarra ainda, que lembra os desenhos do tchululu (se você não sabe o que é isso pesquise no Google), ou seja, algo extremamente fora de base, de modo que poderiam colocar qualquer ator para queimar, afinal não tem como não rir mesmo no meio de toda a tensão que o longa passa, e ao final só queríamos uma coisa: ir embora da sala. Ou seja, um filme com uma ideia até que razoável, mas que no desenvolvimento acabou indo literalmente por água abaixo, e mesmo com efeitos até que bons, não se salva nada.

O longa nos conta que seis membros de uma tripulação estão presos em uma instalação submarina que está sendo inundada em alta velocidade como resultado de um terremoto devastador. Sua única chance de sobreviver é atravessar o leito oceânico até uma distante plataforma de petróleo abandonada. Além dos desafios físicos envolvidos na viagem, eles rapidamente descobrem que estão sendo caçados por predadores marinhos míticos e monstruosos, dispostos a matá-los.

Volto a frisar que a ideia em si de mostrar a loucura embaixo da água, o processo de não saber como voltar para cima ou sobreviver quando algo de errado acontece em lugares fora do comum é bem boa, e só isso já daria uma tremenda trama de terror para o diretor William Eubank trabalhar seu filme, criaria travamentos de pessoas egoístas, e tudo mais, mas não, ele achou que colocar um monstrengo imenso e diversos peixes-homens atacando as pessoas era uma boa ideia para criar tensão, e convenhamos no começo até assusta as aparições rápidas, parecendo quem sabe ser um tubarão ou algo do tipo que tá atacando, até aí iria ser coerente, mas aí vemos uma primeira vez os bichos violentos e tal, e passa, então a protagonista junto com os mais fracos do grupo (claro!) chegam no lugar que tentavam ir desde o começo, e o que acham lá? Um exército de homens-peixe junto de um bichão maluco e estranho que certamente algum designer viu fotos do tchululu na internet e resolveu se basear para criar, e pronto, nessa hora confesso que desisti do que estava vendo e só comecei a rir por dentro, que não teria como piorar, mas tem, vemos ainda a protagonista que o mundo inteiro aprendeu a odiar por se fazer de sofrida em meio a lobos e vampiros, se fazer de heroína pensante para salvar os demais, ou seja, pela primeira vez estou lotando o texto de spoilers, e o motivo é um só, fuja.

Falar das atuações é algo que até não é difícil aqui, afinal todos são bons atores, mas caíram em papeis tão jogados que não deu para salvar, para começar temos Kristen Stewart que arrebatou diversos prêmios após sair da saga que queimou seu filme, fazendo um longa francês envolvente, mas ultimamente seu agente tem lhe jogado em cada bomba que tá começando a ficar difícil para a jovem não voltar a ser carta frequente no Framboesa de Ouro, e aqui sua Norah, uma engenheira mecânica, aparentemente conceituada entre todos os que sobreviveram ao primeiro impacto (só sobrou conhecidos bem amigos - algo meio estranho!!), faz cada introspecção que chega a dar medo, fora que parece estar com medo sem nada ser dito, ou seja, falhou e muito. Vincent Cassel é daqueles que também aceita diversas propostas estranhas, e aqui seu capitão tem ideias que brotam do nada, e atitudes mais imprevisíveis possíveis, criando situações exageradas, e fazendo claro, caras exageradas também, mas ao menos tentou se desenvolver num papel ruim. Quanto aos demais, chega a ser até forçado toda a palhaçada que T.J.Miller faz com seu Paul, de modo que até minutos antes da sua última cena ficamos sempre na dúvida do que ele poderia fazer ainda pior, Jessica Henwick só sabe parecer desesperada, sem fazer nada para com sua Emily, e John Gallagher Jr. é quase um peso morto, além claro de Mamoudou Athie não durar nem para o começo do filme, ou seja, um elenco que beira a piada.

Na parte visual do longa ao menos tivemos alguns momentos bem interessantes no começo da trama, mostrando muitos detalhes do ambiente, trabalhando alguns elementos cênicos marcantes com bichos de pelúcia, mostrando uma destruição forte com muitas faíscas e ambientes quebrados, com mortos, e tudo mais, na sequência vemos alguns trajes imponentes que certamente pesaram horrores para que os atores se locomovessem com aquilo, já no fundo do mar tivemos elementos interessantes com cabos e tudo mais, mas aí chegamos de novo no problema dos bichos, que não tem salvação, já tinha dito que no ganhador do Oscar de 2018, o personagem protagonista era algo muito estranho, e suas formas de peixe até eram algo que parecia interessante, mas aqui tentaram algo parecido e ficou muito falso de ver, com coisas se mexendo e brilhos estranhos, aí vem o bicho gigante que tentaram escurecer o ambiente para não vermos detalhes grotescos, mas é muito ruim, ou seja, volto com minha ideia de que se tivessem mantido sem os monstros o resultado seria incrível, mas não fiz o roteiro, então o jeito é ficar com dó dos artistas visuais que tiveram de criar isso. Embora seja um filme numa zona completamente escura, foram espertos com os figurinos cheios de luzes para dar uma amenizada na fotografia escura, e o resultado acaba chamando atenção ao menos com o que conseguimos ver, e assim valeu a ideia ao menos.

Enfim, um filme que vai até causar uma certa tensão, provocar alguns leves sustos, mas que se pararmos para analisar ele como um suspense com história nem dá para classificar ele como mediano, sendo de ruim para baixo, ou seja, não tem como recomendar ele de forma alguma para ninguém, o que é uma pena, pois volto a frisar que a ideia em si é razoável e daria um bom filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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