Amazon Prime Video - Justiça Brutal (Dragged Across Concrete)

1/31/2021 09:34:00 PM |

É interessante observar o quanto "Justiça Brutal", que entrou em cartaz na Amazon Prime Video nesse final de semana, lembra os longas policiais dos anos 80/90, aonde policiais corruptos acabavam entrando no mundo do crime para arrebatar um extra, e acabavam sofrendo as consequências de algo insano, e aqui a trama trabalhou tantas situações para serem imponentes que ficamos pensando até onde vai a justiça brutal que o nome tanto coloca, ao ponto de tudo ser violento e questionativo, mas bem funcional. Ou seja, é daqueles filmes que tudo pode ser um agravante para as cenas mostradas, mas que certamente funcionaria bem também com pelo menos uns 30 minutos a menos, pois com 159 minutos alongaram algumas situações desnecessárias, e mesmo o ritmo lento sendo algo importante para o filme, o resultado acabaria sendo mais dinâmico e imponente. E sendo assim, não digo que não gostei do que vi, muito pelo contrário, me vi vendo os filmes nas noites de domingo nas férias quando garoto, que tinha tiros para todos os lados, cenas bizarras acontecendo, e tudo mais, mas que certamente um pouco mais de atitude na edição resultaria um filme ainda mais forte e direto na mensagem.

A sinopse nos conta que i veterano policial Brett Ridgeman e seu parceiro mais jovem e volátil, Anthony Lurasetti, são suspensos quando um vídeo de suas táticas de trabalho brutais vira notícia. Sem dinheiro e sem opções, eles decidem entrar para o mundo do crime. Porém, o que eles encontram na criminalidade é algo muito mais obscuro do que esperavam.

Diria que o diretor e roteirista S. Craig Zahler fez de seu filme uma obra completa e direta de atitudes, aonde soube desenvolver cada ato separado e bem trabalhado de cada um dos personagens, ao ponto que vemos tudo acontecer e não precisar de respostas para nenhum dos momentos da trama, porém, faltou para ele sintetizar tudo o que filmou em algo mais dinâmico e envolvente, pois vamos acompanhando tudo acontecer e por diversas vezes ficamos esperando um algo a mais na cena. Ou seja, é um filme bem interessante de proposta, bem ousado pelas cenas violentas, e com uma trama bem amarrada com uma história completa, porém faltou aquele detalhe que fizesse o filme ir além (apesar do final ser bem bacana), pois ficou muito preso na investigação, muitos momentos enrolando para cada situação, e com isso o longa ficou lento demais, e embora isso seja algo interessante dentro da proposta, para dar o clima realmente de uma investigação fora da lei, tudo com mais dinâmica acabaria explosivo, cheio de nuances, tiros e tudo mais, que resultaria mais em um filme de ação policial do que um drama policial, e isso é algo que é de gosto do público, mas que de qualquer forma agrada pelo resultado final.

Sobre as atuações, é até engraçado ver o jeito canastrão que Mel Gibson entregou para seu Brett Ridgeman, de forma que o personagem parece um estatístico ambulante com seus percentuais para tudo, e com uma desenvoltura meio seca e direta ficou parecendo que estava ali apenas por estar, não dando grandes nuances que um ator menos imponente conseguiria dar para o papel, ou seja, não é um personagem ruim, nem uma atuação ruim dele, mas não combinou muito. Já Vince Vaughn tem uma personalidade mais fanfarrona sempre em seus personagens, e aqui seu Anthony tem dúvidas demais do que fazer, e isso não é algo comum em um detetive, ou seja, talvez pudesse ir mais além com o papel, porém deu um tom cômico gostoso para o personagem, e assim o resultado acaba agradando ao menos. Tory Kittles deu um estilo bem marcado para seu Henry, colocando tanto força explosiva em algumas ações, como boas sacadas em trejeitos e falas, ao ponto que não imaginava um final assim para seu personagem, mas acabou sendo bacana de ver. Quanto aos demais personagens, tivemos algumas boas cenas de Michael Jai White com seu Biscuit, e até deram uma certa importância para a personagem de Jennifer Carpenter com sua Kelly, por infelizmente não seguir seu instinto maternal, mas nada que seja alguém imponente na trama, quanto do restante, até tentaram aparecer, tiveram algumas cenas chamativas, mas sem explosões nem atitudes que ficassem marcadas, e mesmo a família do policial com toda a dramaticidade de uma doença e de ataques apenas serviu para dar o mote para o envolvimento do policial.

Visualmente o longa é cheio de nuances de todos os tipos possíveis, com conversas sobre cafés da manhã e locais para ir comer, tivemos boas cenas de perseguição com altas discussões dentro do carro, boas cenas de assalto tanto em banco quanto em locais menores para arrumar dinheiro, e claro tivemos uma cena impressionante de briga entre os policiais e os sequestradores num ambiente cênico propício quase para um duelo de faroeste, com muitos tiros, muitos momentos marcantes, e que claro a equipe de arte trabalhou cheia de símbolos para representar tudo, dando um final perfeito para a trama. Ou seja, é daqueles longas que tudo é bem entregue pela equipe de arte, seja uma arma diferente, um carro pronto para tiros de todos os lados, uma maquiagem para mudar os personagens, alguns personagens sem rostos apenas mascarados e sem alma, e que junto da equipe de fotografia souberam criar muitas sombras e cenas densas para dar o tom correto para o filme não ficar cansativo mesmo sendo bem alongado.

Enfim, é um filmão daqueles que quem gosta de tramas policiais envolventes nem vai ligar tanto para a duração, mas que volto a frisar que se fosse melhor montado com uns 30-40 minutos a menos seria explosivo, dinâmico e certamente acabaria virando um clássico policial daqueles que todos citariam quando pensassem numa trama do estilo, e sendo assim por todas essas qualidades, ainda recomendo ele com certeza. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - A Escavação (The Dig)

1/30/2021 07:56:00 PM |

Filmes com conteúdos reais e históricos sempre são uma boa pedida para quem gosta de algo envolvente, que até soe calmo demais, mas que juntando toda a proposta bonita de algo acabe resultando num final emotivo e funcional para todos. Dito isso, nesse final de semana estreou um belo exemplar desse estilo na Netflix, "A Escavação", que mostra ao mesmo tempo a ideologia do viver pensando no momento, no que vai deixar para o futuro, além da paixão por encontrar com o passado, tudo isso ocorrendo nas vésperas da II Guerra Mundial, aonde ninguém sabia o que iria ocorrer. Ou seja, é uma história real envolvente sobre uma escavação arqueológica, aonde foi descoberto grandes tesouros do passado que estão expostos hoje num museu, mas que com um brilhantismo no olhar e grandiosas atuações, o filme ainda consegue ir muito além de apenas uma busca por tesouros, mas sim um encontro de vidas, de vontades, e principalmente de vocações e emoções, que consegue ser envolvente do começo ao fim, fazendo com que nos apaixonássemos pelos personagens e torcêssemos para que tudo acontecesse muito bem, o que claro nunca acontece em filmes. Diria que é um filme que muitos talvez achem até lento dentro das dinâmicas escolhidas, mas tudo é funcional, e esse envolvimento mais lento é cativante e emocionante de ver, valendo pelo resultado final bem trabalhado.

A sinopse nos conta que às vésperas da Segunda Guerra Mundial, uma rica viúva contrata um arqueólogo amador para escavar sepultamentos ancestrais em sua propriedade. Ao fazerem uma descoberta histórica, os ecos do passado ressoam em um futuro de incertezas.

O diretor Simon Stone foi bem preciso com tudo o que desejava passar em sua trama, pois sendo uma trama baseada em um livro, que já tinha criado uma ficção em cima de uma história real, nem poderia inventar muita coisa, mas ainda assim foi envolvente na medida, trabalhou cada elemento com boas propostas, e principalmente desenvolveu cada ato com personalidade, para que todos os personagens tivessem uma boa participação, que toda a história fosse bem contada, que o envolvimento na guerra fosse sentido, e que tudo fluísse em volta da escavação, passando a mensagem do viver e deixar sua mensagem para ser lembrada no futuro. Ou seja, o diretor foi preciso no estilo, foi coerente na ambientação de uma escavação bem rústica na época, e ainda conseguiu colocar a doença em pauta, os sentimentos das pessoas, e muito mais em um único filme, ao ponto que a trama tem apenas 112 minutos, mas tem tanto conteúdo que se o longa parecesse acelerado seria aceitável, mas não ocorre isso, sendo tudo muito bem preparado, mostrado e desenvolvido sem correr, nem cansar.

Sobre as atuações temos de ser muito coerentes em ver e aplaudir todo o sentimento passado pelos protagonistas, pois Ralph Fiennes se entregou de corpo e alma para seu Basil Brown, mostrando um personagem rústico de trabalho, mas culto de essência, com doçura nas palavras, um preparo incrível para cada momento, e principalmente sabendo dosar cada elemento da trama para que seu personagem fosse marcante na época e na tela, ou seja, foi muito bem em tudo. Da mesma forma Carey Mulligan trabalhou sua Edith Pretty com estilo, passando muito o sentimento de dor de sua doença, mas sempre disposta a encorajar o protagonista na busca de algo na escavação, trabalhando olhares clássicos de uma pessoa bem rica, mas sendo doce com cada envolvimento passado, e agradando muito com isso, ou seja, caiu muito bem no papel. Tivemos também bons momentos com o garotinho vivido por Archie Barnes de modo que seu Robert foi direto e doce no envolvimento com os protagonistas, agradando bastante em tudo. Johnny Flynn trabalhou bem seu Rory, simbolizando o jovem que tem vontade para tudo, que soube captar com uma câmera todo o envolvimento do processo, e principalmente passar a emoção que muitos desejavam ir para a guerra, mas também tinham muito medo de tudo o que poderia ocorrer, e ainda por cima colocaram atos românticos para ele, o que deu um chamado a mais para o personagem. Lily James consegue chamar atenção até mesmo em uma personagem bem secundária, e aqui sua Peggy foi bem trabalhada, representou bem o famoso casamento que não funciona, e claro a paixão pela profissão que pegou dos pais, dando nuances belas de envolvimento com a trama, e claro com tudo o que acaba acontecendo, sendo um belo acerto. Dentre os demais, não tivemos muitas surpresas, mas todos foram bem representativos nos seus atos, tendo um leve destaque para a arrogância do personagem do arqueólogo Charles Phillips vivido muito bem por Ken Stott.

Visualmente o longa foi bem desenvolvido também, com uma casa de campo bonita que mostrava bem a riqueza da protagonista com seus vários criados, diversos figurinos chiques, toda a equipe de escavação trabalhando em meio a muita terra e lama, lonas cobrindo alguns momentos, e claro toda a elite bem vestida numa festa campal, além de muito simbolismo da guerra, com testes de apagão com as pessoas no bar bebendo, muitas notícias via rádio, aviões sobrevoando a todo momento, ou seja, uma trama devidamente rica de detalhes que acaba chamando atenção tanto pela construção de época quanto pelo envolvimento que passa com tudo.

Enfim, um ótimo filme que funciona demais dentro da proposta, que talvez até chame a atenção de alguma premiação, e que certamente agradará quem gosta de filmes históricos, e sendo assim recomendo ele com toda certeza, mesmo não sendo perfeito, pois talvez um pouco mais de cenas fortes, como acabou ocorrendo no começo, mais para o final acabaria ainda mais intenso o longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Abaixo de Zero (Bajocero) (Below Zero)

1/30/2021 01:39:00 AM |

O bom do cinema espanhol é que ele não se vê preso em poucos gêneros e gosta de sair misturando um pouco de tudo em suas tramas, ao ponto que vamos ver um filme de ação na neve, já colocam um drama, senão puxam alguma pitada cômica, encaixam algumas cenas de terror, e saem felizes e sorridentes com o resultado completo, e isso é bacana de ver por conseguirem esse feitio sem se perderem tanto, pois já vimos outros países que tentam essas loucuras e saímos da sessão sem entender nada do que vimos, o que raramente acontece com os espanhóis, pois isso é quase uma obrigação que você entenda tudo o que queriam mostrar, nem que tenham que desenhar no final. Dito isso, o lançamento da semana da Netflix, "Abaixo de Zero" é imponente pela desenvoltura de mistério colocado do começo ao fim, que quase que morre todo mundo e não ficamos sabendo o real motivo do personagem fora do caminhão da polícia querer matar todo mundo (ou alguém que esteja lá dentro), e que usando de tensão com muita ação, além de um frio tremendo, o resultado vai causando toda uma reviravolta tremenda, que ao final já estamos até com raiva de todo o jeito certinho do protagonista (até ele resolver a parada!). Ou seja, é um filme intenso e bem marcante, que até poderia ter ido mais além em alguns traquejos do percurso, pois em determinado momento o filme amorna demais, mas o resultado final agrada e faz valer todo o restante, mesmo que não seja daqueles filmes que a surpresa fizesse nosso queixo cair no chão.

A sinopse nos conta que no meio da noite, durante uma transferência de presos, um caminhão da prisão que transportava condenados é assaltado. O motorista então (Javier Gutiérrez) terá de se defender de quem está dentro e fora se quiser sair vivo.

Diria que o roteiro de Fernando Navarro tinha até mais nuances para serem trabalhadas do que o diretor Lluís Quílez acabou desenvolvendo, pois o filme começa com algo que nem chega a ser usado sobre a família do protagonista, pois do nada na cena seguinte ele já chega na delegacia e a família desaparece da história, e além disso, no miolo da trama tudo poderia ser mais intenso, as cenas causaram uma dramaticidade maior, vermos talvez cenas do passado para chamar atenção com tudo o que aconteceu, ver um pouco mais de brigas entre os detentos e o motorista, pois tudo acaba ficando intenso, e parece que desliga, para somente após a corrida entre os carros esquentar novamente, ou seja, o diretor não soube segurar a tensão necessária para que o filme convencesse completamente, e mesmo o resultado final tendo sido bem interessante, pareceu que faltou muita coisa na execução final. 

Sobre as atuações, já estamos acostumados com o estilão meio sério de Javier Gutiérrez, e aqui ele trabalha bem, mas não se impõe como poderia, e sendo o protagonista da trama acaba ficando em segundo plano em diversos momentos, o que é ruim de ver, mas seu Martin ao menos demonstrou um estilo de policiais centrados, que defendem até o último momento o correto das leis, e se talvez o diretor trabalhasse um pouco melhor seu personagem até apareceria mais, mas acabou ficando estranho. Já Karra Elejalde é daqueles atores que podem aparecer 10 minutos em um filme que já faz tudo se voltar para ele, e aqui seu Miguel é daqueles que querem vingança a qualquer preço, e que vai fazer de tudo para descobrir o que quer, ao ponto que vemos o ator se destacando demais em todas as suas cenas, e com poucos trejeitos marcando o território totalmente. Isak Férriz já puxou para o lado do policial que arruma tretas e brigas com seu Montesinos, fazendo cenas irregulares, dando nuances fortes e briguentas, e até se destacando em vários momentos, porém sua volta a cena após o roubo do caminhão foi meio jogada demais, mas como estamos acostumados com essas gafes em filmes de ação, está valendo tudo mesmo. Quanto dos presidiários, todos tentaram aparecer um pouco, alguns com poucas cenas e desenvolvimentos, cada um com sua história própria, mas acabam se destacando Luis Callejo com seu Ramis cheio de artimanhas, que fala demais e até se impõe bem, quase superando até o protagonista, e Patrick Criado com seu Nano por ser o objetivo do vingador, e assim o jovem acaba fazendo muitas loucuras, se desespera em diversos atos, e entrega boas cenas, valendo se mostrar com vontade de atuar.

Visualmente o longa é quase um road-movie se visto de fora do caminhão que vai passando por florestas cheias de névoas, estradas bem vazias, tendo um carro apenas passando entre a viatura e o caminhão, um animal no meio da floresta, e claro o lago e a cidadela destruída no final, mas se visto por dentro do caminhão vemos pequenas celas, vários elementos cênicos que serão utilizados na tentativa de fuga, e claro o ambiente prisional, aonde vemos o processo de revista e tudo mais, ou seja, é um filme que provavelmente nem foi filmado realmente dentro de um caminhão, mas conseguiram ambientar tudo muito bem para que todas as cenas fossem dinâmicas e funcionais, agradando tanto pelo ambiente em si, quanto pelos atos feitos. Além disso, tivemos bons figurinos de inverno, muitas cenas que passaram bem a sensação de frio, e claro que isso ajudou a dar o clima da trama junto de uma boa fotografia sob neblina e no escuro da floresta.

Enfim, é um filme interessante, mas que teve algumas falhas graves no desenrolar, pois amornou demais no miolo, e faltou um pouco mais de história para que tudo o que ocorre convencesse melhor, mas vale pela boa ação e claro pelas boas dinâmicas que o cinema espanhol sempre nos permeia, então quem gostar do estilo pode dar o play tranquilamente que vai ser um bom passatempo, e até vai dar uma certa tensão em alguns momentos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Dente Por Dente

1/29/2021 01:27:00 AM |

É bacana que quando vamos ver um longa de mistério geralmente ficamos tensos e/ou procurando desvendar o que aconteceu antes do protagonista, afinal todos temos um dedinho de detetive no nosso intelectual. E claro que não seria diferente com o longa nacional "Dente Por Dente", que felizmente mostra que o gênero também pode cair bem por aqui, pois inicialmente ficamos tentando entender os sonhos do protagonista, mas além de usar o dito popular que sonhar com dente caindo é morte de parente, o longa acaba fluindo para vértices mais tensos, e até denúncias de crimes contra a população mais carente. Ou seja, é um filme que tem uma essência misteriosa, e trabalha bem todo o conceito, porém houve um grande problema que ocorre em outros gêneros nacionais, o de conseguirem muitos artistas de renome, e tentar colocar todos eles em pauta para aparecer, e isso acaba fazendo com que o filme vire quase uma novela, aí entrou a sagacidade do diretor e quis cortar muitos momentos para que o filme fluísse rápido, e o que acabou acontecendo? Muitas coisas ficaram desconexas, e o resultado levemente confuso, mas ainda assim acaba sendo interessante e bem feito, valendo pela proposta completa, e talvez algumas leves mexidas faria dele um suspense perfeito.

A trama gira em torno de Ademar, sócio de uma empresa de segurança particular que presta serviço para uma grande construtora de São Paulo. Quando seu sócio Teixeira desaparece, Ademar começa uma investigação e, junto com Joana, mulher de Teixeira, percebe que o amigo estava envolvido em um esquema criminoso. A incansável busca de Ademar pela verdade é marcada por sonhos premonitórios assustadores.

Mas é sempre assim, estreias em longas geralmente fazem diretores desejarem mostrar um pouco de tudo o que acabou filmando, e aqui Pedro Arantes e Júlio Taubkin certamente desenharam um longa redondinho em cima do roteiro que receberam, e com isso o filme até tem boas nuances e cenas inteligentes para serem desvendadas, tem momentos com boas dinâmicas, e principalmente tem uma história bem contada, mas tudo acabou levemente mal montado exagerando nos sonhos e na narração do protagonista deles que acabaram se perdendo para onde deveriam ir, e como filmaram coisas demais, com atores bons demais, ficaram com medo de eliminar as cenas no fim, pois tanto Paolla Oliveira quanto Renata Sorrah entraram de enfeite no longa com o que sobrou da montagem final. Ou seja, não chegou a ficar ruim, mas o filme raspa a trave de não empolgar, e se olharmos a fundo o potencial dele era de ser daqueles filmes para ficar memoráveis, o que é uma pena não ter acontecido.

Sobre as atuações, sabemos muito bem o quanto o cinema nacional deve para Juliano Cazarré, pois tem feito excelentes longas, e sempre disposto a se soltar ao máximo faz de tudo um pouco para agradar e funciona bem em todo papel que lhe é dado, e aqui seu Ademar é imponente, tem estilo, fez cenas bem intensas com os dentes, mas tenho que reclamar de seu andar, pois ninguém anda parecendo que tá pisando nas nuvens de passinho em passinho, a cada cena que ele tinha um corredor para andar parecia estar em câmera lenta, ou seja, fez tudo bem, mas apelaram com ele para andar daquela forma. Aderbal Freire Filho de cara já entrega a personalidade de seu Valadares, então poderia ter segurado mais a onda, mas fez bons trejeitos ao menos. Paulo Tiefenthaler trabalhou bem as cenas de seu Teixeira, mostrando sempre alguns trejeitos culpados das cagadas que estava fazendo, mas ao final tudo fica bem mais claro, e agrada bem. Dentre as mulheres tivemos Paula Cohen fazendo uma Cristina interessante, mas que é usada muito pouco, tivemos Juliana Gerais como uma jovem de ocupação bem colocada, mas misteriosa demais que poderiam ter usado mais essa nuance, tivemos Paolla Oliveira apenas como elo de ligações, sendo a mulher do morto, filha do delegado e já sabendo o que poderia rolar no final sua Joana nem vai muito além, e claro Renata Sorrah que apareceu mais nos cartazes das obras do que como uma personagem mesmo, e assim sendo foi literalmente uma participação especial, ou seja, poderiam ter usado mais todas para criar algo a mais no filme.

Visualmente a trama foi bem densa, com locações marcantes em meio a prédios ocupados, contrastando bem com o luxo das obras das construções, tivemos boas cenas das mortes com a maquiagem forte da remoção dos dentes, sonhos bem intensos formatados do protagonista, mas meio estranho demais o bicho no final com um personagem magro meio bizarro demais (que até poderia ser o vingador de tudo, mas ficou parecendo um ser alienígena, e com isso não bateu muito, mas foi uma opção). Além disso o filme foi muito bem fotografado, com sombras em todos os momentos, muitos ambientes escuros para dar a tensão certa, e tendo até um ritmo meio diferenciado para tudo, o que acaba agradando bastante.

Enfim, é daqueles filmes que funcionam e ao mesmo tempo desandam, que tinha tudo para ser perfeito, mas que erraram demais em detalhes, e assim sendo até vemos uma boa densidade cênica, um mistério bem trabalhado, boas cenas de ação, mas tudo acaba não se encaixando da melhor forma possível, além de situações estranhas demais para agradar, e assim sendo até indico ele, mas com ressalvas demais, e talvez até diria que muitos vão mais reclamar do que ficar felizes com o resultado final, então fica a dica. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Enorme (Énorme) (Enormous)

1/28/2021 12:49:00 AM |

É até engraçado como filmes franceses podem ser ao mesmo tempo delicados e tratarem temas polêmicos, e com "Enorme" que entrou em cartaz na Amazon Prime Video acabamos vendo um pouco de uma situação intrigante que é o forçar alguém que não quer a ficar grávida, o que em determinado momento é até mostrado como um crime na trama, mas souberam dosar com tanta sutileza o fato do rapaz ficar tão empolgado em ter um filho, com a dramaticidade da protagonista em nem estar ligando para tudo, tirando claro sua barriga maior que uma daquelas bolas de parque, que o filme se desenrola fácil e de maneira bem leve, além claro de mostrar toda a tensão que uma mulher tem nos momentos de nascimento. Ou seja, é um filme que se formos levar ao pé da letra acaba sendo sutil demais nas temáticas e não consegue alcançar muito seu objetivo (se é que tem algum), mas que funciona por entregar uma situação complicada e que muitas vezes até poderia ir para outros rumos, e aí sim o tema esquentaria ao invés de divertir tanto. 

A sinopse nos conta que uma pianista que viaja pelo mundo e seu marido tomam a decisão de não ter filhos. Quando ele assiste a um parto surpresa, em um vôo, passa a ter vontade de ter uma criança, sabotando os métodos contraceptivos dos dois e fazendo com que a esposa engravide no processo.

Diria que a diretora Sophie Letourneur até quis fazer uma comédia leve e descontraída, e até temos bons momentos engraçados e divertidos por parte das loucuras que o protagonista acaba fazendo para ter o "seu" bebê, mas como todos bem sabemos o ato em si é algo que não é normal, e mesmo vendo que ambos se amam bastante, e a protagonista depende dele para tudo, acabou sendo algo meio que criminoso enganar ela para ter o bebê. Ou seja, o filme diverte sim, mas faltou para a diretora colocar a tematização de uma maneira mais forte, pois ficou apenas no ar em determinado momento com uma jurista/professora que isso que ele fez é crime, e sendo assim, talvez nas mãos de um diretor mais imponente, a trama acabaria indo para outros rumos mais fortes, mesmo divertindo também. Ou seja, não digo que seja um filme ruim, porém faltou um algo a mais para que o filme explodisse, ficando morno demais em tudo o que foi mostrado.

Agora sem dúvida alguma Jonathan Cohen dá um show de personalidade com seu Frédéric, pois se joga nas cenas de aprendizado nas aulas da maternidade, compra tudo e mais um pouco para o bebê, faz diversas caretas enquanto a esposa acha que está doente, e além de boas sacadas ele consegue chamar atenção em tudo, fazendo situações cômicas bem trabalhadas, que claro divertem, mas no final já o vemos desesperado com tudo o que fez, só diria que as cenas mostrando seus órgãos sexuais foram exageradas e desnecessárias. Marina Fois exagerou um pouco na dose de seriedade, ao ponto que sua Claire acaba sendo chata em demasia, mas claro que é uma personificação de músicos centrados, porém uma explosão maior na separação, um desespero maior nas cenas e tudo mais agradaria e chamaria mais atenção, mas foi o que escolheram, então a atriz apenas fez o papel. Quanto aos demais, tivemos muitos personagens aleatórios aparecendo, mas sem dúvida o mais divertido foi Victor Uzzan como o vizinho xamã, e claro a mãe do protagonista dando a ideia do golpe, mas todos foram bem razoáveis no que fizeram.

Visualmente a trama é bem montada, com diversos concertos musicais em belos teatros, muitas cenas em hotéis no começo da trama, e num segundo momento o longa fica todo no apartamento dos protagonistas inteiramente bagunçado com tudo que o protagonista compra para a chegada do bebê, muitas cenas em hospitais, e claro mostrando o treinamento de maternidade, sendo até algo bem feitinho, porém exageraram no tamanho da barriga da protagonista, ficando algo meio sem noção, mas foi uma opção da equipe e o resultado ao menos deu cenas engraçadas.

Enfim, é um filme divertido e até gostoso de ver, mas que certamente abre uma polêmica, joga ela no ar e não vai a fundo com o tanto que poderia, de modo que até é relevante, mas não vai ser um filme muito lembrado futuramente, e olha que mesmo amando o cinema francês acredito que esse foi meio para baixo. Sendo assim recomendo ele com muitas ressalvas, e assim sendo sei que muitos nem darão o play no longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Estranho Passageiro - Sputnik (Спутник) (Sputnik)

1/27/2021 01:15:00 AM |

Uma coisa é fato sobre os filmes russos: eles não tem limites para nada, ao ponto que um simples filme envolvendo aliens já acabam colocando questões de guerras, já incorporam a temática socialista dos anos 80 na República Soviética, mostra presos sendo mortos, e ainda tenta um romance interplanetário ou algo carismático demais, ou seja, "Estranho Passageiro - Sputnik" tem de tudo para tentar cativar o público com uma história mista de terror/suspense que até funciona bem, embora seja bem estranha. Ou seja, é um filme que não assusta, mas causa certas cenas de tensão e nojo, que acabam enquadrando dentro da proposta de um terror, e tem todo um mistério sendo desenvolvido que funciona, mas certamente poderiam ter ido mais além se não ficassem tão presos em um conceito meio que novelesco, pois temos o problema da posse do corpo, temos o lado do uso como arma, mas ficaram enrolando com tudo, e assim o resultado não flui, e fica travado demais para o final escolhido.

A sinopse nos conta que em meio a tensão do auge da Guerra Fria, uma cena terrível é descoberta no local de pouso da espaçonave Orbit-4. O comandante da embarcação é o único membro da tripulação encontrado vivo, mas perdeu a memória com a terrível experiência e não consegue esclarecer a causa do acidente. Em uma instalação governamental isolada, sob a vigilância de guardas armados, a psicóloga Tatiana Klimova é recrutada para tentar curar a amnésia do astronauta e desvendar o mistério.

Talvez o principal motivo do longa não ter fluído tanto seja do diretor Egor Abramenko estar estreando na posição, e claro querer colocar tudo o que pensou ao ler o roteiro na tela do cinema, mas mais do que apenas isso, diria que o fator predominante de falhas é o filme ser amplo demais para tudo, não focando diretamente na Guerra Fria, ou nos cosmonautas, ou claro principalmente no ser alienígena que veio de brinde na expedição, pois certamente com um tema mais direto poderiam ter criado tudo e agradado sem precisar tantos enfeites. Ou seja, é daqueles filmes que quando achamos que vai seguir um rumo, acaba indo para outro completamente diferente, e por incrível que pareça, esse rumo também é bom de ser seguido, e aí é que o diretor perde a mão, e o público a noção que queriam mostrar. Porém longe de ser algo ruim, o filme tem uma boa densidade, o alien é interessante, todo o mote funciona bem, só não diria que os atos finais foram tão empolgantes como poderiam ser em uma fuga tradicional, mas dá para o gasto.

Como de praxe, todo filme russo que vem para o interior acaba vindo dublado, então não vou ficar focando muito nas interpretações, pois tudo acaba soando extremamente falso nas vozes colocadas (principalmente nas dos não protagonistas como a mulher da bancada, a atendente, e a criança então jesus é de desanimar qualquer um!!)... então o que posso falar é que a personalidade da protagonista ficou muito simbólica, ao ponto que não conseguimos entender se Tatiana Klimova (frisando o sobrenome, que fazem questão de falar todas as vezes - deve ser importante!) está ali por obrigação, se quer realmente descobrir algo, ou se de cara se apaixonou pelo alien (não pelo ator, mas sim o bichinho) e quer ter uma relação, pois a protagonista só faz besteira nas cenas mais imponentes, ou seja, chega a dar raiva dela. O general de cara já sabemos que quer usar o bicho de arma potente, pois ninguém foca tanto em algo com olhares tão intensos, e claro sabíamos que uma hora ou outra ia dar conflito, e sua cena final foi bem doida. O jovem cosmonauta nem era tão chamativo, mas acabou se saindo bem em algumas cenas, mostrando o porte atlético e tudo mais, mas ao revelar que quem estava comandando a personalidade era o alien faltou um pouco mais para empolgar. O cientista invejoso foi até engraçado de ver toda hora a moça falando que ele queria apenas um Nobel, e isso ficou muito marcado, pois a todo momento víamos ele com cara amargurada escondendo algo, e a jovem soltava essa, então faltou um pouco mais de trejeitos para chamar a atenção.

Visualmente o longa foi bacana com instalações marcantes da República Soviética, com todo um quartel general montado, computadores e câmeras da época, muitas imagens analógicas, vários elementos cênicos marcantes da data, figurinos dos soldados da época também, e claro um ser alienígena bem estranho, claro verdinho meio amarelado, e cheio de nuances gosmentas, que junto de muitas cenas escuras acabaram funcionando para dar a tensão da trama, e o resultado visual acabou funcionando bastante.

Enfim, não é o melhor filme de terror/suspense que já vi, mas vindo dos longas russos que andam aparecendo por aqui foi algo bem bacana de proposta, que certamente nas mãos de um bom produtor americano viraria um daqueles filmes tensos mega produzidos que tudo se encaixaria perfeitamente, mas vale a conferida mesmo assim, e quem sabe um dia verei com as vozes originais para rir um pouco menos de tudo. Bem é isso pessoal, acabo recomendando a trama para quem gosta do estilo, mas não espere muito dele, e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

 
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Amazon Prime Video - Assassinos Anônimos (Killers Anonymous)

1/26/2021 01:12:00 AM |

Diria que a ideia principal do filme "Assassinos Anônimos" é bem interessante e certamente daria um daqueles filmes cheios de reviravoltas imponentes que surpreenderíamos com tudo e o resultado final seria um grande choque, afinal tem um elenco bem bom, tem um vértice maluco e bizarro, mas acabou soando fraco por não usar nem o bom elenco para grandes explosões, nem a história como um todo para funcionar, parecendo ser um pedaço de algo que talvez mais para a frente seja lançado. Ou seja, não chega a ser um filme ruim, pois tem boas cenas, mas talvez a revelação ocorrendo bem antes, e toda a pancadaria sendo mais realista no miolo, o filme teria uma fluidez mais propícia, e certamente empolgaria nos mesmos moldes que "Entre Facas e Segredos", mas como não ocorreu, acaba valendo apenas pela proposta tentada.

A sinopse nos conta que um grupo de pessoas com um vício comum - a sede de matar - realiza regularmente reuniões de assistência mútua. Sua comunidade anônima está envolta em uma rede de intrigas sombrias quando uma tentativa de assassinato contra um senador ocorre na cidade. Logo depois, um novo elemento aparece no clube de assassinos anônimos e os participantes começam a suspeitar que pessoas perigosas e poderosas estão por trás de suas reuniões confidenciais.

O diretor Martin Owen até trabalhou bem a essência da trama que escreveu em conjunto com Seth Johnson e Elizabeth Morris, mas faltou para ele ir mais direto ao ponto e conseguir criar algo a mais para que os atos do filme ficassem imponentes, pois nem a reunião pareceu ser algo convincente, como nem o crime em si pareceu algo funcional, e assim o resultado acaba não acontecendo, e tudo vai se enrolando. Ou seja, vemos um filme morno demais, com discussões jogadas, e que quando tudo realmente parece acontecer, tudo acaba numa bagunça combinada (as lutas são tão falsas que com certeza qualquer diretor de dublês iniciante deve ter dado muita risada quando conferiu as cenas), e isso mostra como algo falho demais de atitudes, pois a história em si tem um bom fundo inteligente, tem uma proposta de complôs que acabariam envolvendo, e principalmente tem bons atores, só faltou juntar realmente tudo isso em algo que acontecesse, e infelizmente para isso precisaria de um diretor mais forte nesse estilo, e não é o caso de Owen, que aqui faz apenas seu segundo longa-metragem.

Como disse o elenco é bem recheado, e o principal nome que é de Gary Oldman é tão mal usado na produção, sendo quase um enfeite cênico, o que é uma pena enorme, então melhor nem comentar sobre seu personagem. Da mesma forma Tommy Flanagan ainda tem um pouco mais de presença com seu Markus, mas é apenas o estourado da trama. Tim McInnerny já teve algo mais cheio de mistérios com seu Calvin, e claro pode contar mais sua história de médico "psicopata" que gosta de ver as pessoas sofrerem, ou seja, tinha um algo interessante para fazer, além de trabalhar bem olhares, saindo bem na trama. MyAnna Buring trouxe para sua Joanna um estilo de liderança no grupo, parecendo que poderia chamar algo a mais e até chega a surpreender em alguns atos, mas poderia ter ido mais além no mistério de suas cenas finais. Michael Socha e Elliot James Langridge praticamente entraram como os jovens assassinos que poderiam criar algum clima com a moça diferente da sala com seus Leandro e Ben, até contaram boas histórias, mas não foram muito além. Sam Hazeldine apareceu do nada com seu Senador Kyle e até tinha muita história para contar, mas foi pouco usado. Elizabeth Morris foi bem violenta com sua Kristal já nas cenas iniciais, então é a que praticamente mais vimos atuando em cena numa briga alucinada com Jessica Alba também bem de enfeite na produção com sua Jade. E claro a jovem Rhyon Nicole Brown com sua tímida e quieta Alice que era óbvio que explodiria mais para o final, e a jovem Isabelle Allen escondida o filme inteiro com sua Morgan, até tentaram chamar atenção no fim, mas sem muito o que falar. Já Suki Waterhouse ainda estamos tentando entender o que sua Violet queria no telefone o tempo todo, numa ótima produção colocada do lado de quem estava ouvindo sua voz no telefone, em algo meio bizarro e até poético de ver, mas sem muitos frutos para usar.

Visualmente o longa tentou brincar com a ideia de um "Kill Bill", teve nuances de "Sin City", com lutas até bem montadas visualmente, teve três ambientes bem noir com a reunião dos assassinos, o terraço do prédio com boas conversas, e até um prédio superior de espionagem, mas tudo muito mal usado, tanto que as cenas das histórias acabam valendo até mais do que as da reunião em si, ou seja, trabalharam muito bem na concepção dos ambientes, mas não usaram nem 10% do que fizeram.

Enfim, ficou parecendo ser um longa de abertura para alguma série, ou já fizeram pensando em uma continuação, pois quando realmente o filme começou a engrenar já acabaram com ele, e sendo assim não digo que recomendo a trama geral, mas digo que é um filme com uma ideia boa para ser melhor trabalhada, e quem sabe virem com um reboot melhor paginado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Pinóquio (Pinocchio)

1/24/2021 09:44:00 PM |

É bem comum aparecer versões diferentes dos clássicos mais populares, uns puxando para lados mais fantasiosos, outros indo para versões mais sombrias, e tem até algumas bem bizarras que surgem e nem acabam indo para os cinemas, mas o mais bacana sempre é tentar enxergar se a essência da história funciona e é mantida em cima do clássico, apesar que nem sempre sabemos exatamente como era a ideia real, ou seja, acabamos acreditando em algo que julgamos parecer o mais real, e o restante achamos bizarro e estranho demais, mas quem saberá nos dizer qual a versão real que o verdadeiro autor pensou quando escreveu? Somente ele! Dito isso, hoje conferi a versão italiana mais sombria de "Pinóquio" que chegou aos cinemas nacionais nesse fim de semana, e já deixo um adendo para aqueles que forem procurar a versão legendada nos cinemas que é uma tremenda cilada, pois é dublado em inglês e legendado em português, não vindo a versão em italiano para cá, ou seja, podem ver dublado mesmo que não vai fazer diferença alguma, mas isso é apenas um mero detalhe, pois o que vale pontuar mesmo é a completa diferença artística que acabaram escolhendo para essa nova versão, tendo alguns elementos místicos, muitos personagens mistos humanos com animais, e o resultado acaba sendo meio lúdico, sombrio e estranho de ver, o que é bom por um lado, porém por outro lado acabaram criando coisas demais para contar em "apenas" 125 minutos, pois ficou parecendo que tudo teria um algo a mais, e já mudam para outro trecho, ou seja, é um filme que talvez funcionasse melhor como uma série, ou quem sabe numa loucura esticá-lo para uns 180 minutos que daria uma maior fluidez, e o resultado chamaria mais atenção para todos os momentos. 

A sinopse nos conta que Gepetto é um velho carpinteiro que cria um boneco a partir de um tronco mágico e vê ele ganhar vida, começar a falar, conseguir andar, comer e correr como qualquer criança. Geppetto lhe dá o nome de Pinóquio e cria-o como sendo seu filho. Mas Pinóquio tem dificuldades em se comportar e facilmente desencaminhado, anda de desventura em desventura sendo enganado, raptado e perseguido por ladrões, num mundo fantástico, repleto de criaturas e locais incríveis – desde a barriga de um peixe gigante, passando pela Terra dos Brinquedos até ao Campo dos Milagres. A sua fiel amiga, a Fada Madrinha, tentará fazê-lo entender que o seu sonho - o de se tornar num rapaz de verdade – apenas se poderá cumprir quando Pinóquio mudar o seu comportamento.

É interessante vermos na trama a postura do diretor Matteo Garrone, pois sempre mantendo o ar fantasioso em pauta ele foi criativo e direto em não segurar sua trama em algo simplório e sem vida, pois deu dinâmica em todos os momentos, foi surpreendente nas atitudes clássicas do personagem, e mostrando claro que o mau comportamento traz consequências ruins, e acreditar em qualquer um também não é algo que se faça valer, porém, como disse no começo, ele quis ir muito além em diversos momentos com pouco tempo de projeção, e assim não deu para desenvolver muitos atos como poderia, ficando buracos de tempo na trama. Ou seja, o trabalho do diretor/roteirista foi algo interessante e bem maluco, que funciona dentro do que foi proposto, uma versão completamente diferente do usual, mas que mantivesse a fantasia clássica ainda por trás, em um live-action sem precisar de muita tecnologia, porém faltou para ele uma atitude de síntese de tudo que desejava mostrar, ou então melhor uma postura maior para que o filme se expandisse e se tornasse um algo a mais, que aí sim seria mais forte e funcional de ver na telona. Sendo assim, não digo em momento algum que tenha sido algo ruim de ver, pois a versão é algo novo e interessante de conferir, mas faltou aquele detalhe que resultasse em algo melhor realmente. 

Sobre as atuações é notável ver como Roberto Benigni traz sempre aquele ar que lembra as obras de Chaplin, e cria um Gepetto bem velho, bem acabado e completamente dependente de sua obra, só não posso dizer sobre as entonações vocais que certamente deve ter dado show, pois como disse, trouxeram uma versão dublada em inglês que até tentaram dar um sotaque italiano, mas não funcionou, e dito isso, o personagem em si funciona, mas sua voz nem tanto. Agora não sei qual processo de maquiagem usaram para o jovem Federico Ielapi, mas seu Pinóquio ficou muito bem tanto em estilo de madeira, quanto na forma de andar, de fazer os atos, e claro como um boneco malcriado, o resultado de sua personalidade é de um garoto curioso demais, querendo ir para tudo quanto é lugar, fazendo tudo acontecer, e assim funciona bem no que faz. Marine Vacth ficou parecendo mais uma personagem do Cirque Du Soleil do que uma fada realmente, aliás acredito que a inspiração da equipe de arte para todos os personagens místicos foram da companhia canadense, pois todos lembram um pouco os artistas de lá, e a atriz usou de expressões muito tristes sem explicar realmente o seu gestual, claro que passando a ideia de decepção para com os atos do boneco de madeira, mas existe uma certa diferença entre tristeza e decepção, e ao meu ver ela fez muito mais semblantes melancólicos, ou seja, poderia ter sido algo mais forte de atitude, como acabou rolando com sua versão jovem (que também não é explicado o motivo de crescer de um dia para o outro, sem uma passagem de tempo funcional) vivida por Alida Baldari Calabria, que fez gestuais bem mais doces e interessantes de ver. Massimo Ceccherini e Rocco Papaleo soaram exageradamente repetidos com suas frases, mas isso provavelmente foi algo bem intencional da proposta de suas Raposa e Gato, além claro de um ser manco e o outro cego, que deu algo bem forte para suas personalidades, além claro da forma insana de se alimentarem, ou seja, são os vilões, e não perdoaram nada em nenhum de seus momentos fortes. Quanto aos demais, tivemos alguns bons momentos com Mangiafuoco, dono do teatro de bonecos tendo bons atos emotivos, temos uma certa bizarrice chata no grilo falante, e uma loucura total no juiz macaco, mas claro que o destaque fica para todas as crianças da escola e claro do fugitivo Espoleta que acaba levando o jovem para seu maior problema.

Visualmente o longa é um luxo completo, com fotografias lindíssimas sempre contrastando com noite e sol em locações perfeitas escolhidas com minúcias em campos dourados, grandiosos cenários para ambientar as vilas e a Terra dos Brinquedos, um peixe imenso e bem estranho para viverem lá dentro, um teatro de bonecos bem malucos e vivos também presos apenas por cordas, todos os personagens místicos com visuais que como já disse lembram muito o Cirque du Soleil, com uma senhora lesma gigantesca, vários coelhos coveiros, médicos coruja e corvo, um macaco julgando os crimes, e tudo mais bizarro possível, que chega a ser sombrio, mas também bem místico de ver. Ou seja, a equipe de arte foi bem trabalhada e conseguiu chamar atenção no que fez.

Enfim, é um filme diferente do casual, mas que certamente poderia ter ido muito além, pois falha aonde relaxou, mas acerta bem mais do que erra, e sendo assim recomendo como algo novo na proposta, que até veremos em breve uma versão ainda mais sombria só que em animação feita por Guillermo del Toro, então é ver esse e aguardar a versão americana para comparar quem vai deixar mais crianças sem dormir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: A nota até talvez seria maior (7) se visto em italiano para poder ver as boas interpretações dos atores, mas ficou algo meio diferente de intensidade interpretativa, então resolvi tirar um ponto.


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Netflix - 99 Casas (99 Homes)

1/24/2021 01:37:00 AM |

Toda vez que vejo algum filme que fala um pouco mais sobre o modelo do sistema imobiliário nos EUA acabo ficando ainda mais surpreso com o tanto de hipotecas e despejos que ocorrem, e isso não é algo comum de ver, mas fazer o que? É o jeito que eles fazem por lá, e claro que muitos diretores e roteiristas acabam aproveitando isso para criar boas histórias baseadas em alguns acontecimentos, e o resultado são filmes intrigantes, fortes e geralmente muito bem interpretados e dirigidos, e com "99 Casas" não foi diferente, pois na época em que foi lançado o longa até angariou várias indicações em muitas premiações, e merecidamente pelas boas atuações de Michael Shannon e Andrew Garfield, além claro da história criada e desenvolvida por Ramin Bahrani, que praticamente fez uma versão de como se vender a alma para o diabo, ficar contente com isso, e claro se arrepender depois num momento mais complicado. Ou seja, com esse breve resumo que fiz da trama, o diretor que acabei indo conferir algo a mais após o ótimo longa de ontem também na Netflix, mostrou que gosta de ter protagonistas que acabamos ficando com pena e ódio na mesma medida, e aqui isso funciona demais, pois o dinheiro faz coisas com uma pessoa.

A sinopse nos conta que Dennis Nash perdeu a sua casa por conta da hipoteca e teve que se mudar para um pobre hotel com sua mãe e seu filho pequeno. Desesperado para reaver seu lar, ele aceita trabalhar com o imoral agente imobiliário Rick Carver, que foi a pessoa responsável pela sua perda. Logo, ele tem que ajudar Carver a expulsar outras pessoas e a desviar dinheiro do governo. Enquanto seus problemas financeiros desaparecem, a consciência de Nash passa a atormentá-lo.

Depois de dois filmes do mesmo diretor posso dizer que agora conheço o estilo de Ramin Bahrani, e posso dizer que o diretor gosta do estilo que faça o protagonista sofrer muito para que ficássemos com pena dele, para na sequência fazer com que ele vire algo que acabamos odiando suas atitudes, e isso é algo bem bacana de trabalhar, pois consegue gerar contrapontos e ainda flertar emoções no público, e aqui com toda certeza vemos momentos duríssimos quando o jovem começa a despejar pessoas que não tem rumo, não podem fazer nada, alguns mais desesperados, e outros que bate apenas uma tristeza gigante (a cena do velhinho é pra acabar com qualquer coração!), e olhando o contraponto vemos toda a frieza, toda a ganância e a explosão de poderes que o dinheiro faz com o âmbito do personagem de Rick, que o protagonista passa a seguir os passos, com festas e atitudes, ou seja, dois mundos opostos e fortes de ver, e claro se revoltar também. Ou seja, o diretor tem uma mão precisa tanto para dirigir, quanto para escrever/adaptar temas polêmicos, pois ambos os filmes ele também escreveu ou adaptou o texto, e assim sendo é de se torcer por mais longas dele nesse mesmo estilo.

Sobre as atuações é fácil ver o motivo que Michael Shannon acabou sendo indicado à várias premiações na época, pois seu Rick Carver é daqueles que nem pensam para jogar atacando, de tal maneira que quando você pensa que ele não pode fazer algo pior, ele irá fazer, e o ator entrega trejeitos imponentes, faz com minúcias cada ato precisamente forte, e não desaponta em cena alguma, ou seja, é mais um papel que o ator domina e faz com uma destreza incrível para marcar na carreira. Eu sei que Andrew Garfield tem muitos fãs, mas ele é um ator de poucas expressões, não fluindo muito nos olhares, porém aqui seu Dennis Nash até tem uma pegada bem colocada como pai, e trabalhou bem seus atos desesperados, seus sentimentos aparentes de tristeza a cada despejo, e até seu ato final foi bem marcado, mas seu ato reflexivo no meio do caminho soou meio falso, e assim poderia ser algo mais imponente para chamar mais atenção. Laura Dern é sempre precisa em seus papeis, e aqui mesmo aparecendo bem pouco como a mãe do protagonista, ela se impõe, faz cenas desesperadas e precisas, e emociona ao ser forte nos atos certeiros que o filme a usa, ou seja, poderia até ter aparecido mais para dar umas lições no filho. Quanto aos demais, o garotinho vivido por Noah Lomax exagerou na tristeza de seus atos, parecendo até deprimido demais, mas foi bem colocado na trama, e Tim Guinee trouxe uma força bem interessante nos atos de seu Frank Greene, seja nas cenas do tribunal, na primeira que é notificado por um "gato", e claro principalmente para sua explosão no final, ou seja, todos se doaram bem para os papeis secundários e o resultado foi algo muito bom de ver pelo que fizeram.

Visualmente o longa mostra muitas residências, de todos os tipos e tamanhos, com muitos detalhes cênicos que a equipe de arte precisou preparar para ficar retirando nos despejos, e claro grandiosas mansões aonde vive o antagonista da trama, e mostrando campos de golfe, prédios de grandes negociações, festas luxuosas conseguiram ainda contrapor um motel bagunçado aonde vivem vários despejados, uma casa nojenta que sentimos até o nojo que o protagonista demonstra ao entrar nela, e claro vários momentos de pequenos furtos, que mostraram ainda mais a sujeira nas negociações do antagonista, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante no filme.

Enfim, é daqueles longas que além de ser bem feito como um bom drama ficcional, também vale como um aprendizado sobre como é o sistema imobiliário nos EUA, afinal a trama é baseada em fatos reais, e sendo assim o filme traz uma certa realidade imponente, ou seja, recomendo muito o filme, pois mesmo sendo antigo, acredito que muitos acabaram pulando ele na época, então aproveite enquanto está em cartaz na Netflix, pois vai valer a pena. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - O Tigre Branco (The White Tiger)

1/23/2021 02:25:00 AM |

A grande sacada do longa indiano da Netflix, "O Tigre Branco", é ele não parecer um filme que crie expectativas no público, parecendo entregar tudo de uma forma jogada, quase que em sua integralidade narrado pelo protagonista contando seu "case" de sucesso, e principalmente brincando com toda a ideia possível do que iríamos ver desde o começo, afinal já nos é entregue bem no comecinho algo impactante que quando voltamos no tempo já imaginamos o problema que vai dar, mas já deixo um leve sopro que não é o pior que irá acontecer, e assim vamos pensando nas possibilidades, em tudo o que o protagonista viveu, como ele nos mostra a cultura indiana, como tudo vai ocorrendo, e assim acontecendo, o resultado vai nos pegando e tudo vira de uma maneira brilhantemente sacada (embora bem errada de se pensar) que fecha com estilo tudo o que vimos durante toda a exibição. Ou seja, é daqueles filmes que conseguem nos cativar sem ser brilhante, sem ter uma tremenda história, mas sim pela coerência indigesta que é ver os fatos acontecerem, e principalmente por nos familiarizarmos tanto com o personagem principal e sua saga de puxa-saco imensa, que só não ficamos com dó dele por saber que como ele está contando a história em algum momento ele irá se dar bem. Além disso, o filme questiona muito a sujeira dos ricos e da política, então é algo que sabemos bem como funciona as coisas, e uma das últimas frases do longa é incrível: "O pobre só tem duas maneiras de chegar ao topo: pelo crime ou pela política", ou seja, veja e se inspire.

A sinopse é bem simples e nos conta a história de um ambicioso motorista indiano que usa toda a sua astúcia e sagacidade para escapar da pobreza e se libertar de sua vida de servidão a patrões ricos.

O diretor Ramin Bahrani foi bem esperto e dinâmico para adaptar perfeitamente a história de um livro de sucesso, e ainda incorporar uma dinâmica forte e persuasiva sem precisar ser nenhum pouco original, ou seja, ele usou de artimanhas clássicas do cinema para envolver e criar carisma com algo sujo e impactante, que acaba sendo preciso para o público, pois muitos se veem jogados as traças e não pensam, mas mostrar como alguém não fazendo bem o certo, mas sendo ousado consegue sair de sua casta ruim e crescer. Ou seja, o diretor usou artimanhas clássicas, brincou com o ambiente da história, e foi ousado o suficiente para que o filme tivesse quebras corretas de velocidade para nem ir direto ao ponto, nem ficar enrolando demais em cada ato, mostrando bem como é a vida de um serviçal na Índia, vendo os trambiques que pode fazer, conhecendo um pouco da política suja do país, e claro chegando ao final por meios imponentes que você até pensa que não irá rolar, mas como o jovem se autodenomina, ele é o único de sua linhagem, aquele que nasceu para ser diferente, o tigre branco, e aí acontece. 

Sobre as atuações é fácil dizer que o jovem Adarsh Gourav em breve será daqueles que veremos em uma tonelada de filmes despontando, pois ele tem carisma, tem bons trejeitos, e principalmente soube ser sutil nos atos de seu Balram, não sendo daqueles que saem se jogando no personagem, mas sim criando a postura e indo, fazendo tudo na medida correta, e isso acabou chamando muita atenção, mostrando uma boa personalidade tanto para o personagem, quanto dando uma versatilidade bem coerente nas cenas, e isso é o que todo bom ator sabe fazer com qualquer personagem, então guardem esse nome. Priyanka Chopra Jonas já está quase como a maioria das atrizes indianas com mil títulos por ano, sendo que em menos de um mês já estrelou dois filmes só na Netflix, e aqui sua Pinky pode não parecer importante dentro do ambiente fechado de mestres do protagonista, mas sua forma doce de tratar ele, e seu jeito de dizer conseguiu fazer mudar o jogo, e claro que a atriz sempre bem disposta chama a atenção com trejeitos e estilos, funcionando bem para o papel. Como fujo de muitos filmes indianos não conhecia Rajkummar Rao, mas pelo estilão dele deve fazer uma tonelada de filmes como galã, e aqui ele se pôs bem no meio do caminho entre ser o patrão bonzinho ou estragar tudo, de modo que o jovem ator trouxe para seu Ashok olhares secos e bem marcados e jogando sempre com estilo suas falas parecia estar em um teatro, o que poderia ser minimizado um pouco, mas não foi ruim de ver. Quanto dos demais atores, diria que combinaram bem com os personagens, e todos fazendo atos duros para com o protagonista acabaram chamando atenção nos seus devidos atos, desde a avó vivida por Kamlesh Gill, passando pelo patrão-mor Cegonha que Mahesh Manjrekar trouxe com muita personalidade, até chegar no capataz irritante Mangusto que Vijay Maurya fez bem, ou seja, não tivemos grandes destaques nos secundários, mas todos azucrinaram bem a vida do protagonista, e isso é o que importa para ele se tornar o que se tornou, ou melhor, para tentar ser diferente com as lições que aprendeu.

Visualmente a trama é uma grandiosa produção indiana-americana, que trabalhou bem as locações em Deli para os passeios nas ruas, mas que teve muitas cenas dentro de apartamentos e estacionamentos, então pode ser muito de estúdio, e o acerto visual foi bacana por ter bons elementos cênicos para cada ato ser representativo, além de irmos criando afinco com a vida que o jovem vai vivendo, desde a pobreza na pacata cidade interiorana das trevas como o protagonista a define, até os lugares mais luxuosos do país, tendo diversos contrapontos bem marcados, e claro que sempre o destaque com o carrão do patrão andando para todos os lados já que o protagonista é um motorista. Outra boa sacada foi na intensidade que a fotografia trabalhou todos os momentos felizes do jovem com iluminações claras, figurinos e ambientes bonitos, e nos mais tensos sempre diminuindo bem a luz, deixando quase escuro todos os tons e criando algo mais seco e bem montado.

Enfim, é um filme que vale bastante a conferida, que traz algumas lições não tão morais de serem seguidas, mas que consegue envolver e ser direto no ponto que era preciso para tudo funcionar, que certamente no livro deve ser algo mais surpreendente em alguns atos, mas que na dinâmica escolhida para retratar tudo no filme o resultado acaba funcionando bastante, e que mesmo tendo muitas falhas acaba sendo daqueles filmes que certamente lembraremos quando nos perguntarem um bom longa indiano para indicar, e que talvez apareça em algumas premiações, pois tem características que os votantes gostam de ver. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Por Um Corredor Escuro (Down a Dark Hall)

1/21/2021 12:37:00 AM |

Uma coisa que está virando bem costumeira em muitos longas (e não é só no mundo do streaming) é que os diretores tem investido todas suas fichas nos momentos finais de suas tramas, criando surpresas, explosões, revelações e tudo mais, que muitas vezes em momento algum do longa tinha rolado sequer essa possibilidade, ou seja, acabamos vendo quase que dois filmes, um durante toda a exibição e outro nos 10-20 minutos finais, e vão ter aqueles que vão se apaixonar pelo resultado final e até esquecer todos os demais problemas, enquanto outros vão torcer para quem sabe vir uma sequência para suprir esses erros. Digo isso não como alguém inconformado com o estilo, pois até gosto de umas surpresas no fim dos longas, mas sempre torço para no miolo acabarmos entrando no clima também, e não é o que anda acontecendo, e aqui no longa que já é um pouco antigo, mas entrou em cartaz na Netflix nessa semana, "Por Um Corredor Escuro" vemos bem toda essa situação, pois basicamente a trama tem o tom de terror por trabalhar com espíritos, mas quando chegamos realmente no ponto base que é o conflito da trama já tudo começa a ruir, e já encerramos o filme. Ou seja, a ideia de ter espíritos querendo se apossar por algum motivo (que é melhor eu nem dar esse spoiler, senão o filme inteiro acaba) é boa, conhecermos os poderes mediúnicos de alguns personagens também entrega como algo interessante, mas faltou talvez isso ocorrer na metade, e aí sim a jovem buscar alguma ajuda, e não apenas 10 minutos de correria, que até chegam a dar um leve arrepio, mas nada que vá muito além.

A sinopse nos conta que Kit é uma garota problemática que é enviada ao Internato Blackwood, comandado pela misteriosa Madame Duret. Enquanto explora os corredores da escola, Kit e suas colegas acabam descobrindo que a grande mansão esconde um segredo antigo terrível.

O mais engraçado de tudo é pensar que o diretor Rodrigo Cortés tem bons longas em sua filmografia, e já acertou muito a mão no passado, porém aqui ele até trabalhou bem a dramaticidade do ambiente, foi inserindo aos poucos os espíritos, mas não elucidou o que queria realmente mostrar com as aparições deles, deixando meio que no ar como se a jovem protagonista fosse alguém diferenciado por estar vendo eles, e não pelo que acabou sendo mostrado no final. Ou seja, a ideia completa é boa, mas faltou desenvolver ela logo nos primeiros atos, e assim talvez ir para outros rumos mais interessantes, como quem eram os espíritos do mal, algum estilo de tráfico que a diretora faria com as peças, e por aí vai, que aí sim o filme teria um grande fluxo, e o resultado além de ser assustador pela interessante possessão criada, também daria medo e sustos melhores desenvolvidos.

Sobre as atuações, diria que não tivemos nenhum ato surpreendente de nenhuma das integrantes, e isso é algo ruim, pois costumo dizer que o sucesso de um filme de terror depende quase que 50% dos atores acreditarem no que está acontecendo, e a protagonista AnnaSophia Robb até tentou em alguns atos se desvencilhar dos espíritos e fazer caras estranhas, mas na maior parte do tempo parecia até afim de um bate papo com eles, ou seja, falhou. Todos sabemos o quanto Uma Thurman é uma tremenda atriz, mas aqui sua Madame Duret ficou seca demais, tendo alguns momentos até que joga alguns olhares intimidadores para as garotas, e já próximo do final encara uma loucura mais desenfreada, mas não empolgou. O jovem Noah Silver até tentou emplacar um par romântico com seu Jules, e trabalhou alguns sotaques para parecer que estudou fora, porém a trama não deu muita oportunidade para ele, e somente no final que vemos uma grande explosão de sua parte, mostrando um pouco mais de serviço. Quanto aos demais, até vimos uma ou outra presença de impacto nos olhares da governanta do local vivida por Rebecca Front, as garotas Isabelle Fuhrman trouxe uma certa personalidade meio recatada demais para sua Izzy, e Victoria Moroles criou uma Veronica meio brucutu demais para uma rebelde, de modo que suas cenas finais até caíram muito bem para a personagem, mas nada demais que surpreendesse, ao ponto que certamente quando virmos algum outro filme com os atores, iremos ficar tentando lembrar o que fizeram aqui, pois foi algo esquecível.

Visualmente ao menos o longa fez um belo trabalho, indo para um gigantesco casarão, que realmente parece mais casa de filme de terror do que uma escola, com um jardim repleto de vidros (aliás ocorre um grande erro de uma das cenas finais ser mostrada logo no começo, o que acaba sendo uma falha estranhíssima e sem sentido), dentro da casa tivemos ambientes muito bem desenhados também, com uma biblioteca cheia de detalhes sinistros, um hall imenso incrível, uma sala de música bem trabalhada com aparelhos antigos, e claro os quartos das jovens bem estranhos, ou seja, um trabalho da equipe de arte bem primoroso que acaba agradando e funcionando bastante, e mesmo com os espíritos aparecendo meio que de forma estranha, todos deram tons bem intensos para eles com bons figurinos ao menos.

Enfim, não posso dizer que é um longa ruim, mas também de forma alguma posso falar que foi algo bom de ver, parecendo tudo estranho demais no início e no miolo, e corrido demais no final para explicar tudo, e assim sendo diria que recomendo ele com tantas ressalvas que é melhor nem conferir, então fica a seu cargo se quer gastar 96 minutos com esse longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Os Segredos Que Guardamos (The Secrets We Keep)

1/20/2021 01:40:00 AM |

Diria que é uma pena que o filme da Amazon Prime Video, "Os Segredos Que Guardamos", não foi ainda mais para o lado do suspense/tortura, pois veríamos algo ainda mais intenso que toda a dramaticidade passada, pois não digo que o que foi mostrado tenha sido ruim, muito pelo contrário, a trama tem uma intensidade por parte da protagonista num nível incrível que ficamos afoitos para saber realmente a verdade, se ela está maluca ou se o cara não quer revelar sua verdadeira face, e isso trava bem o longa, com situações fortes, muita falsidade nas investigações que a protagonista faz com a esposa do acusado, e toda uma desenvoltura tão marcante que ficamos impressionados com tudo, e claro torcendo para um bom desfecho (que realmente esperava acontecer algo diferente do que rolou, mas não foi ruim!). Ou seja, é daqueles filmes tão bem feitos, que ficamos nervosos com os acontecimentos, acabamos conversando com a TV, e até criamos certa torcida, mas que certamente mesmo sendo arriscado acredito que faria o mesmo que a protagonista, pois muito do que aconteceu na 2ª Guerra traumatizou várias pessoas, e apenas relevar é pouco ao ver alguém semelhante ao seu abusador.

O longa se passa nos Estados Unidos pós-Segunda Guerra Mundial, e nos mostra que uma mulher, reconstruindo sua vida nos subúrbios com seu marido, sequestra seu vizinho e busca vingança pelos crimes de guerra hediondos que ela acredita que ele cometeu.

Não posso falar sobre o estilo do diretor Yuval Adler por algo anterior a esse longa, pois não vi nenhum dos seus projetos, mas aqui ele mostrou um conhecimento bem trabalhado de época, soube fazer algumas montagens bem contundentes, e principalmente manteve bem segura toda a tensão que a trama precisava, ao ponto que o clima é mantido do começo ao fim. Ou seja, mostrou ser um diretor de recorte, daqueles que sabem quebrar o elo principal nos atos mais fortes para não explodir logo de cara, e o único aquém que daria para o que fez aqui foi de repetir exageradamente o flashback da protagonista na guerra, que mesmo sendo algo importante, e que fica vindo a todo momento em sua mente, na terceira vez que mostra já estamos cansados do que vimos, e talvez poderia ter sido feita uma cena maior, e a cada ida mostrar apenas um pedacinho, e ao final a cena inteira, que aí sim tudo ficaria melhor, mas isso é um mero detalhe que dá para relevar, pois como disse faz sentido ficar vindo a memória na mente da protagonista. Agora quanto da direção de atores, ele soube dar visibilidade tremenda para o trio, e deixou todos os demais como bem secundários, e isso é algo que funcionou muito, pois até esquecemos em certos atos que temos uma vizinhança toda ali pronta para ouvir a briga, e tirando o momento que estão na casa e não ouvem nada, o restante acaba sendo "aceitável" dizer que a casa tinha uma boa retenção acústica, e sendo assim, o filme funciona.

Sobre as atuações, é difícil vermos um filme ruim de Noomi Rapace, ou melhor dizendo, é difícil ver alguma atuação sua ruim, e aqui sua Maja é imponente, tem um sotaque completamente seu, e consegue nos convencer completamente de que não está maluca, mas sim que aquele é o homem que lhe violentou 15 anos atrás, e com isso seus trejeitos soaram incríveis e perfeitos de ver. Chris Messina traz para seu Lewis o famoso médico tradicional de cidade, e aqueles homens que mesmo amando a esposa não conseguem acreditar em tudo o que ela lhe está falando, e o ator faz questão de fazer muitos trejeitos de dúvida que ficaram muito bem colocados, ou seja, ele traz a presença, mas não se destaca, e isso é exatamente o que o personagem precisava para funcionar. Joel Kinnaman trabalhou seu Thomas com muita imponência, mas faltou entregar um pouco mais de desespero nos olhares, pois mesmo trabalhando a trama toda como inocente, ele não faz um ar de medo da loucura da protagonista, e mesmo sua cena final emocionante acaba faltando um pouco, mas o ator caiu bem na personalidade do papel, e ao menos fez boas cenas. Quanto aos demais, vale apenas o destaque para Amy Seymetz com sua Rachel meio que inexpressiva na busca do marido, pois qualquer mulher estaria gritando desesperada, chorando e tudo mais, e seu semblante é meio que já de desistência, e isso não combinou muito com o que precisava fazer, e quanto das crianças, diria que foram bem expressivas, mas sem muito uso, e quanto ao guarda e o vizinho só lamentar suas ingenuidades.

Visualmente a trama retratou bem a época pelos carros e figurinos, além de uma boa ambientação tradicional de porões, mas como disse ou a acústica da casa é sensacional, ou o guarda se fez de bobo nas cenas que aconteceram dentro da casa, mas tirando esse detalhe, toda a cenografia foi bem usada, com cordas, martelos, alicates, além de muita simbologia nas cenas da Guerra com trajes de soldados e todo o abuso com uma fotografia mais bagunçada e com flashes para lembrar bem a mente da protagonista, ou seja, a equipe trabalhou bem e fez um filme bem coerente nesse quesito.

Enfim, é um filme que tem falhas como já disse nos parágrafos anteriores, mas que é tão envolvente e preciso de atitudes que acabamos relevando elas e entrando bem no clima, torcendo claro para uma vertente mais forte, mas o que acaba finalizando nos convence. Ou seja, o filme funciona bem tanto para aqueles que gostam de um bom drama, como para aqueles que torcem por um bom suspense, mas que certamente poderiam ter ido além nessa última vertente para ficar mais intensa ainda as cenas de tortura. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Tio Frank (Uncle Frank)

1/19/2021 01:24:00 AM |

É engraçado como uma trama simples consegue ser efetiva no que se propõe sem precisar apelar tanto, e ainda trazer um estilo bem conectado e dinâmico para algo que é um tema forte de ser desenvolvido, e digo isso facilmente do longa da Amazon Prime Video, "Tio Frank", pois ao mostrar a visão da garota sobre o que é ser diferente, e querer ser o que quiser, com base na vida de seu tio gay (que ela vai descobrir só num segundo momento), mas que é bem mais culto, que lhe dá atenção e tudo mais de uma maneira completamente diferenciada, e que claro vemos a visão interiorana da família nos anos 70, e também na juventude do tio. Ou seja, é um filme LGBTQ, com uma visão intrigante que certamente aconteceu com muitas famílias mais antigas, e que até hoje acontece, e que sabiamente o diretor não quis apelar, não quis fazer trejeitos forçados, e principalmente trouxe a visão da garota para o ser diferente do comum, não impondo algo, mas sim desenvolvendo a história, a diferença, e claro o amor que cada um tem, o se importar com o outro. E diria que talvez o filme poderia até ter ido mais além, pois ele é calmo demais durante quase toda a exibição, para no final vir com tudo e emocionando bem.

O longa nos situa em 1973, quando a adolescente Beth Bledsoe deixa sua cidade natal na zona rural do sul dos Estados Unidos para estudar na Universidade de Nova York, onde seu amado tio Frank é um reverenciado professor de literatura. Ela logo descobre que Frank é gay e mora com seu parceiro de longa data, escondendo o fato por anos. Após a morte repentina do pai, Frank é forçado a voltar para casa de sua infância, com relutância, para o funeral, e finalmente enfrentar um trauma do qual ele passou toda a sua vida adulta fugindo.

Que Alan Ball é um tremendo roteirista todos sabemos, afinal levou um Oscar por "Beleza Americana", mas eis que não se entregou completamente para a direção de longas, tendo uma obra em 2007 e agora com esse novo filme, e olha, se ele seguir essa linha de filmes sutis, com uma pegada artística bem colocada, trabalhando o envolvimento em cima dos personagens e criando virtudes em cima de temas bem fortes, certamente vai explodir e ganhar mais prêmios ainda do que já levou como roteirista, pois sua mão foi muito leve no que desenvolveu aqui, criando vínculos a todo momento, desenvolvendo cada trejeito dos personagens sem soar exagerado ou caricato, e principalmente sabendo onde entregar cada ponto do filme para que sua obra não ficasse presa a momentos, mas sim a um todo, de forma que o envolvimento do protagonista na juventude além de ser um grande marco do passado vai florear bem no decorrer da trama, e isso vai sendo entregue homeopaticamente. Ou seja, é um filme de diretor realmente, com nuances leves e bem encontradas, que acaba agradando do começo ao fim, mas que certamente funciona muito mais nas cenas finais que deveriam ocorrer um pouco antes para a abertura ir mais além, mas que não atrapalha a emoção que transmite.

Sobre as atuações, Paul Bettany brilha com seu Frank, com trejeitos fortes, com momentos bem encaixados e virtuosos, e principalmente sem soar caricato, ousando em pontos possíveis para mostrar bem sua dramaticidade, mas sendo sutil para que tudo ficasse bem cadenciado, ou seja, se entrega de uma maneira bem dosada e incrível de ver. Sophia Lillis não se entregou tanto como sabemos que ela se entrega para alguns personagens, mas os olhares de sua Beth de orgulho, de envolvimento e de fixação pelo tio são tão bonitos de ver, que a trama sendo embasada no seu olhar para com o que ela enxerga de diferente chega a ser emocionante, e assim a jovem se mostrou bem encaixada, mas não tão usada como poderia para a trama, o que não atrapalhou tanto felizmente. Peter Macdissi já foi um pouco mais forçado nos atos de seu Wally, mas souberam controlar suas cenas para não ficarem tão expostas, e assim o ator que já fez vários trabalhos na TV com o diretor se mostrou um coringa que ele gosta de usar, mas poderia ter sido um tom abaixo para funcionar melhor. Também foi bacana os momentos do protagonista aos 16 anos, que bem interpretado por Cole Doman, acabou dando nuances de olhares emotivos e bem encaixados para que sentíssemos sua paixão e seu desespero por Sam, e assim o jovem caiu bem nos atos, mesmo sendo bem diferente do protagonista, e isso ter atrapalhado um pouco a conexão num primeiro momento. Quanto dos demais familiares, é claro que temos os atos fortes vividos por Stephen Root como Daddy Mac, principalmente na cena fatídica aonde descobre que o filho é gay, mas tivemos ainda boas cenas com Steve Zahn como o irmão coeso Mike que até poderiam ter desenvolvido um pouco mais, mas a história sairia do eixo principal, e claro as demais mulheres da trama que como sempre já sabem de tudo, e é bonito ver tanto Margo Martindale dando suas nuances como a mãe, e Jane McNeil como Neva, entre outros bem colocados.

Visualmente o longa também foi muito bem pensado, com um apartamento bem simbólico da época aonde moram os protagonistas, cheio de detalhes de festas clássicas com drogas e bebidas escondidas, se contrapondo bem a festividade de aniversário no interior com muita comida e brigas clássicas, além de um funeral bem detalhado e casual de cidade de interior, ou seja, um filme aonde a equipe de arte quis se contrapor bastante, mas sem perder essências, e principalmente entregando junto com a equipe de fotografia ambientes bem bonitos, com um sol romantizado no lago para os atos alegres, e outro bem escuro para os atos tristes, e assim o resultado final acaba chamando bastante a atenção.

Enfim, é um filme bem interessante, bonito, e que funciona bastante, que claro nem passou perto da perfeição, principalmente por deixar para os atos finais toda a explosão, mas que agrada bem, e que valem tanto para o público LGBTQ, quanto para quem gosta de um bom drama envolvente, e sendo assim, recomendo para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, feliz por finalmente estar encontrando bons longas na Amazon, pois pensei seriamente em sair da plataforma, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Uma Noite em Miami... (One Night In Miami)

1/18/2021 01:08:00 AM |

Sei que já reclamei no site muitas vezes de peças de teatro adaptadas para o cinema, já reclame muito também de primeiras direções de atores, e principalmente já reclamei muito de filmes que tentam passar uma mensagem como uma liderança deve agir, mas a junção das três coisas em um único filme foi algo tão imponente e gostoso de conferir, que a trama da Amazon Prime Video, "Uma Noite em Miami..." acaba sendo algo incrível, cheio de boas atitudes, e que trabalhando algo que nunca aconteceu, mas imaginado de uma maneira carismática e direta nos faz pensar como uma voz, uma pessoa, ou melhor o conjunto de bons elementos podem passar mensagens tão importantes para um grupo, que se todos usassem isso a um favor maior e benéfico não estaríamos nessa bagunça completa que é o mundo atualmente. Ou seja, é daquelas tramas que entregam algo até que bem simples, que de cara parece que irá mais cansar do que envolver, que não tem tanta movimentação e dinâmica, mas que resulta em algo tão bom de ser conferido, que as quase duas horas de duração do longa passam voando, e agrada demais, valendo tanto pela mensagem, quanto pelo conteúdo desenvolvido, que com atuações fortes junto de uma direção simples e certeira certamente fará com que as premiações, e até mesmo o público releve qualquer mero deslize e ao final tenha a vontade de aplaudir tudo de pé.

O longa nos situa na noite de 25 de fevereiro de 1964, e segue um jovem e impetuoso Cassius Clay quando ele sai do Miami Beach Convention Center como o novo campeão mundial de boxe peso-pesado. Contra todas as probabilidades, ele derrotou Sonny Liston e chocou o mundo dos esportes. Enquanto multidões se aglomeram em Miami Beach para comemorar a partida, Clay - incapaz de ficar na ilha por causa das leis de segregação da era Jim Crow - passa a noite no Hampton House Motel no bairro afro-americano de Overtown de Miami, comemorando com três de seus amigos mais próximos: Malcolm X, Sam Cooke e Jim Brown. Durante esta noite histórica, esses ícones, que eram cada um a própria representação do Movimento Pre-Black Power e sentiram a pressão social que sua celebridade cruzada trazia, compartilharam seus pensamentos sobre suas responsabilidades como influenciadores, levantando-se, defendendo seus direitos e movendo o país para a igualdade e empoderamento para todos os negros. Na manhã seguinte, os quatro homens emergem determinados a definir um novo mundo para eles e sua comunidade.

Diria que a estreia da atriz Regina King no posto de direção foi algo que passou acima de tudo, pois usando da simplicidade ela conseguiu abrir uma trama básica de uma peça teatral, e a ampliou com mais momentos bem encaixados, criou toda a ambientação possível, e ao criar uma boa movimentação dinâmica conseguiu levar a voz dos atores para algo mais brilhante e menos travado, pois vemos as lutas de Cassius, vemos os shows de Sam, e até vemos um pouco do ambiente pesado que Jim Brown e Malcolm X viveram em seus momentos, trabalhando cada ato sem precisar desesperar nem ir com algo lento demais. Ou seja, vemos dinâmicas precisas e eficientes, vemos cada ator podendo se expressar e aparecer sem desfocar o outro, e principalmente vemos toda a história funcionar apontando o racismo da época, a segregação, as perseguições, e claro a importância de cada um para o funcionamento do movimento, e isso mostrou não só a segurança da diretora, como também a eficiência dos protagonistas em seguir a linha que ela desejava mostrar, pois costumo dizer que ao mesmo tempo que uma mão de um estreante pode falhar, podemos ver também grandes atores saírem demais do rumo e atrapalhar a mão do diretor, e aqui a cumplicidade de todos foi colocada à prova, e o acerto foi completo para todos.

Sobre as atuações, o elenco estava tão afiado quanto as suas cenas que chega a ser até engraçado ver toda a interação entre eles, num misto de briga de amigos, com movimentações nervosas pelo apartamento, até chegarem a discussões amplas com olhares fixos mesmo sem estarem diretos, e assim vemos um resultado incrível de elenco, que agrada demais, e ajudaram o filme a fluir maravilhosamente bem. Dito isso, Kingsley Ben-Adir entregou para seu Malcolm X cenas com muito discernimento e persuasão, fazendo com que seus atos fossem ao mesmo tempo bem sérios, mas com personalidade, e isso é algo que engrandece qualquer atuação, e o resultado acaba sendo visto na tela. Da mesma forma Leslie Odom Jr. não só se entregou bem nos diálogos, como botou sua voz para jogo cantando todas as músicas que seu Sam Cooke faz no filme, que de início até pensamos que estava dublando, mas na sequência já vemos seus trejeitos funcionando, e ao final nos créditos vemos seu nome em todas as canções, ou seja, o jovem ator foi imponente do começo ao fim com uma personalidade marcante, mostrando a importância de sua voz, e claro seu jeito aonde o dinheiro falava mais com ele do que a mobilização, mas ao final vemos algo bem bonito, e o resultado funcionando. Eli Goree entregou um agitado e jovem Cassius Clay que chega a ser até divertido a forma dinâmica que faz, de forma que alguns até podem criticar e falar que chegou a soar exagerado demais, mas certamente lhe passaram como era ficar com a adrenalina a mil após vencer sua principal luta, e o ator foi coerente no que fez ao menos. E pra finalizar Aldis Hodge foi mais contido com seu Jim Brown, trabalhando mais um ar centrado, uma personalidade mais forte e serena, mas sem dúvida alguma sua principal cena ocorreu antes do encontro com os amigos, numa fazenda aonde o cara diz dar todo o apoio e falar que ele pode pedir o que quiser, mas ao se prontificar para ajudar a carregar um móvel, o mesmo apoiador fala que negros não podem entrar em sua casa... isso foi a ironia da hipocrisia de nível máximo, e o acerto no olhar do ator foi preciso demais. Quanto aos demais, foram bem encaixados, tivemos cada um dando seu auxílio para cada ato, com leves destaques para Joaquina Kalukango com sua Betty X cheia de preocupações com as declarações do marido, e Christian Magby pelo ar de fã que precisava ser contido como segurança.

Outro ponto que merece um bom destaque vai para o trabalho da equipe de arte que não foi preguiçosa como acaba acontecendo na maioria dos filmes vindos de peças teatrais, pois ao invés de se manter em um único cenário, tivemos cenas em shows, tivemos cenas nos ringues, tivemos cenas em três hotéis bem diferenciados para mostrar as várias possibilidades que os negros tinham de acordo com seus bens materiais, tivemos cenas numa casa de fazenda, na casa do protagonista, num show de TV, num baile no Copacabana Pallace, e claro a maior parte do filme em um quarto Hampton House Motel, com os protagonistas discutindo e fazendo suas reflexões, com uma saída para o terraço, mas praticamente tudo girando ali naquele ambiente com os elementos cênicos disponíveis, ou seja, embora tenhamos o palco montado para tudo em um único local, foram buscar diversos atos em outros locais, mostrando um bom trabalho de pesquisa, e que resultou em algo preciso e bem feito.

Como disse, um dos protagonistas botou sua voz para jogo e entregou ótimas canções de Sam Cooke interpretadas na trama, mas além dele, tivemos outras boas canções que deram um ritmo incrível para o filme, e claro que deixo o link aqui para todos curtirem depois de ver o filme.

Enfim, é um tremendo filme, com uma história muito boa, que muitos talvez não entrem no clima ou que não goste de um drama mais trabalhado acabem reclamando de algo, mas certamente é daqueles que valem demais a recomendação de conferida pelo tema, pelos personagens, e principalmente por ainda ser algo tão atual, e que mesmo não tendo sido real o encontro, a ideia geral com certeza foi bem usada por todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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