Sneaks - De Pisante Novo (Sneaks)

4/22/2025 12:54:00 AM |

Quando acho que o pessoal das animações não tem mais o que inventar, eles dão um jeito de surgir com alguma loucura nova, e agora pasmem tivemos um filme de tênis falantes!!! Claro que fui conferir "Sneaks - De Pisante Novo" com um preconceito monstruoso esperando ser algo tão bobo que iria me irritar com menos de 10 minutos de projeção, mas as sacadas foram bem trabalhadas, e os personagens mesmo não tendo grandes carismas para com o público conseguem convencer na tela, divertindo e fazendo a história funcionar. Claro que passa bem longe dos motes de animações da Pixar, Illumination e Dreamworks, mas consegue chamar atenção, ter estilo, e brincar com a moda atual de alguns colecionadores de tênis que apenas tem eles para guardar ao invés de pôr para bater/jogar por aí, usando artifícios com falsificados, saltos-alto e até tênis de boliche contra outros de basquete, então o resultado acabou tendo estilo, e sendo bem dinâmico na telona.

O longa nos conta que Téo e Beca são um par de tênis de grife que vivem protegidos em sua caixa, até que Edson, um jovem humilde com o sonho de se tornar jogador de basquete, os ganha em um sorteio. Quando são roubados por um colecionador, o sonho de Edson é ameaçado e os tênis se separam. Determinado a reencontrar seu par, Téo se vê perdido nas ruas de Nova York, onde conhece Beto, um tênis de rua cheio de atitude. Juntos, embarcam em uma aventura repleta de surpresas, e Téo descobre que o mundo fora da caixa é muito maior e mais emocionante do que imaginava.

É interessante observar que os diretores Rob Edwards e Christopher Jenkins conseguiram criar um projeto bem diferente do usual, pois juntaram equipes americanas, britânicas e indianas, ou seja, as três potências de filmes mundiais para desenvolver algo que chega a ser bacana pelo mote de pensar fora da caixa, o que é meio difícil para alguns tênis, e sabendo usar de traquejos de rua como skate, basquete e até os mais clássicos como boliche e casamentos acabou brincando com fluidez e inteligência, que mesmo tendo alguns elos mais infantis, puxassem para sacadas com gírias e imposições, ou seja, não deixaram que as suas estreias sobrepusessem a ideia de algo maior, e o resultado acabou ficando leve e gostoso de ver. Claro que não é algo memorável o que eles fizeram acontecer, principalmente por estarmos acostumados com tramas mais emocionais e bonitas como acontecem com os outros grandes estúdios de animações, mas o filme não falha em erros bobos como vemos em algumas animações fora dos três grandões, e assim o resultado agrada, diverte e faz o tempo passar de uma forma interessante.

Diria que os personagens foram bem divertidos dentro das proporções cênicas, tendo os humanos com três bases diferentes, sendo o garotinho ganhador do sorteio que sonha em ser um grande jogador de basquete, o grandão colecionador que quer ter todos os tênis raros para si após um evento traumático do passado, e o maluco falsificador que tem seus meios digitais para copiar sem garantia tudo o que deseja. Do lado dos tênis, tivemos os riquíssimos Téo tentando encontrar sua irmã Beca, e a irmã tentando fugir do cofre do Colecionador, ambos usando traquejos de muita empolgação e claro tentando não ficarem com muitas marcas de guerra. Junto do rapaz vem o malandro Beto que quer as joias de Téo, levando o jovem para rodar por toda a cidade que conhece, conhecendo crias dos tênis de basquete de rua, e também as belezas dos sapatos de casamento (que ironicamente são saltos que as mulheres tiram para aliviar os pés!), além de um galpão de sapatos perdidos numa pista de boliche, ou seja, tudo muito bem colocado e divertido de ver. Das dublagens tivemos Jottapê, Christian Malheiros e até Raíssa Leal (que interpreta sua voz tanto na versão original quanto na nacional) como um tênis de skatista que serve para levar os personagens em um skate por toda a cidade.

Visualmente a trama não é muito rica de texturas, tendo um estilo tridimensional meio chapado com boas sombras e movimentos, que talvez ficassem legais com a tecnologia de óculos, mas que acabou não acontecendo, porém em quantidade de cores e personagens diferentes, a trama literalmente deu show, pois tem na tela todo tipo de tênis que imaginarmos, cores, marcas, estilos e tudo com boas sacadas para dar a devida dimensão técnica na trama. Quanto aos eventos diria que ficaram meio que jogados na tela, como o festival de tênis e o jogo dos humanos, de modo que valeria ter trabalhado um pouco mais nas coisas dos objetos, mas isso é exigir demais.

Enfim, é uma animação bacana, que não pode ser vista esperando muita coisa, que deve agradar os jovens adolescentes e alguns menorzinhos pelas cores, mas que passa longe de ser algo jogado como imaginei que fosse, sendo assim uma boa opção de passatempo para quem curte o estilo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Nas Terras Perdidas (In The Lost Lands)

4/21/2025 01:43:00 AM |

Todos que me acompanham sabem que reclamo demais quando um diretor resolve enrolar e enfeitar demais o doce para chamar atenção, porém também reclamo demais quando algo que merece ser desenvolvido acaba virando uma correria para entregar 100 minutos na tela (tempo considerado ideal para a maioria dos produtores/exibidores), e com o visual cenográfico impecável criado para o longa "Nas Terras Perdidas", o resultado foi deprimente na tela, pois mesmo sendo um conto curto de George R.R. Martin, a trama merecia desenvolver cada personagem, cada ambiente riquíssimo que tinha, pois pareceu que o diretor criou algo para dois ou três filmes, mas entregou tudo ali cortando partes explicativas, partes emocionais e tudo mais, ficando numa correria tão grande que ao final tudo até é bem sacado que você vê a grande visão da bruxa protagonista, mas pensa "é só isso?" e a resposta do diretor, "é e fique feliz". Ou seja, é um filme que precisaria de no mínimo uns 200 minutos para funcionar, mas que contando com 101 minutos não entrega nem metade do que poderia acontecer, e apenas foi um grande gasto da equipe de arte.

O longa acompanha uma rainha que contrata os serviços de uma temida e poderosa feiticeira chamada Gray Alys com o objetivo de enviá-la para uma terra fantasmagórica chamada Terras Perdidas. Essa perigosa missão consiste em obter um poder mágico capaz de alterar a forma física das pessoas e dos objetos. Gray, porém, carrega um segredo: cada desejo que realiza possui consequências devastadoras. Ao lado de Gray, um misterioso caçador de nome Boyce ajuda a bruxa a navegar e a lutar com as forças sombrias e os inimigos dessa terra amaldiçoada. Apesar de seu jeito reservado e sério, Boyce se tornará um importante e valente aliado enquanto enfrentam criaturas épicas e sombrias e inimigos inimagináveis nas Terras Perdidas.

Tenho para mim que quando o agente do diretor Paul W.S. Anderson começa a procurar diretores de arte, ele não pode falar o nome do diretor, senão todos fogem, pois seu estilo cheio de ação e desenvoltura costuma onerar muito os orçamentos, precisando sempre de muitos elementos cênicos e ambientes gigantescos, e aqui ele conseguiu adaptar bem a história de George R.R. Martin para as telonas, sabendo criar o ambiente hostil, os personagens e tudo mais, porém esqueceu de um detalhe, fazer com que a história ficasse crível na tela do começo ao fim, não sendo apenas algo comum, mas sim um épico como deveria ser. Ou seja, o diretor fez com que a trama ficasse imponente tecnicamente, com algo que facilmente poderia ser memorável como um livro do autor virando uma grande longa e não séries alongadíssimas, mas acabou não brincando com tudo o que poderia resolvendo acelerar na tela algo que não precisava, pois um filme técnico de 180 minutos venderia bem e explodiria na tela como algo criativo e bonito de se ver. Sendo assim, o que acabamos vendo na tela é mais um dos seus grandes gastos que não impactam como poderia, aonde usa sua mulher sempre como protagonista, e não vai arrecadar o tanto para pagar o prejuízo.

E já que joguei no ventilador a esposa do diretor, vamos falar sobre as atuações, diferente do usual quebra quebra que Milla Jovovich costuma fazer junto das suas dublês, aqui sua Gray Alys sendo uma bruxa usou mais o olhar e alguns efeitos dinâmicos para botar banca, e conseguiu chamar atenção, afinal como uma boa protagonista brincou com os elos, mas dava para ir mais além se melhor desenvolvida. Costumo dizer que Dave Bautista é um dos atores mais esforçados de Hollywood, e aqui ele trabalhou uma personalidade forte e também emocional para que seu Boyce fosse bem interessante, e tendo uma boa inversão no final, mas alguns atos acabaram exagerados até demais para ele, e nem por sua culpa, mas sim do roteiro, que o fechamento virou a zona completa na tela. Ainda tivemos outros bons papeis na tela, mas como nenhum foi praticamente desenvolvido, Arly Jover foi que conseguiu aparecer mais com sua Executora cheia de traquejos fortes, mas sem ter algo para impor na tela, e Fraser James foi o inverso com um Patriarca bem imponente, mas pecando por trejeitos forçados, e assim sendo A Rainha e seu amante vividos por Amara Okereke e Simon Lööf conseguiram ficar menos importantes que Deirdre Mullins e Sebastian Stankiewicz como dois personagens numa estação no meio do nada.

Visualmente a trama é incrivelmente cheia de elementos cênicos e ambientes gigantescos, ao ponto que com toda certeza muita coisa é computacional (ou não), mostrando que o diretor de arte botou o orçamento para jogo e fez quase realmente um jogo de RPG amplificado na telona, tendo o mapa aparecendo toda hora na tela, o relógio lunar mudando durante os dias até formar a lua cheia, e claro cada lugar do mapa muito bem representado com torres, montanhas, esqueletos e tudo mais que fosse ser possível imaginar, até um trem gigantesco e uma travessia de um ônibus por uma corda, ou seja, um show visual cheio de bons efeitos e que valeriam ser melhores vistos em algo maior.

Enfim, volto a frisar que não é um longa ruim, mas é tão mal desenvolvido na tela, que dificilmente alguém sairá feliz da sessão, sejam eles fãs de George Martin ou apenas fãs de bons filmes de ação, e isso é um peso muito ruim para algo que poderia ser mais chamativo, então fica a dica de ser apenas um passatempo, aonde muitos irão ignorar o que verão e outros sairão da sessão sem entender nada do que viram, e assim o resultado é algo bem mediano. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Sobreviventes

4/18/2025 07:37:00 PM |

É bem interessante se pensar em lugares aonde o mote social como conhecemos acaba sendo mudado, de modo que como seria se um barco cheio de escravos naufragasse e um dos senhores liberassem eles, um padre desejasse a morte de um dos negros e a dona dos escravos que tem seu próprio negro que engravidou sua filha precisassem interagir para sobreviver numa ilha deserta em pleno século XIX? A ideia do longa luso-brasileiro, "Sobreviventes", nos mostra essa pegada e consegue ser bem representativa dentro dos diálogos e dinâmicas, de modo que funciona bem como um filme de proposta ousada, porém antes de elogios vai a minha maior reclamação, que é da não necessidade de se trabalhar em preto e branco, que claro tem toda a ideologia metafórica para funcionar, mas a técnica já está ficando batida demais, e funciona mais para esconder possíveis erros da equipe de arte do que algo simbólico realmente, e aqui se o filme tivesse tons fortes marcaria certamente muito mais na tela do que o tom apagado da fotografia. Ou seja, vemos na tela algo muito bom, mas também vemos erros que não necessitariam existir, e assim o resultado possui vértices demais para a reflexão de quem for conferir o longa a partir do dia 24 de abril como sendo o último trabalho do diretor José Barahona que morreu em novembro do ano passado.

A sinopse nos situa em meados do século XIX, aonde um grupo de sobreviventes do naufrágio de um navio negreiro, brancos e negros, dão um ar diferente a uma ilha deserta, perdida em algures no Oceano Atlântico. A luta pela sobrevivência e pelo poder vai inverter os valores morais e sociais da época. Isolados, será possível que deixem de lado o passado das relações de poder e subjugação e encontrem uma nova forma de viver em harmonia?

Não posso dizer que conhecia o estilo do diretor José Barahona antes do filme de hoje, pois filmes portugueses raramente aparecem por aqui sem ser nos Festivais do Sesc, pois tem um costume infelizmente repetitivo e cansativo, então mesmo nos streamings são raros os casos que aparecem por lá, porém a ideia do roteiro do diretor e de José Eduardo Agualusa é algo que vale demais para se refletir, pois e se no Brasil tivesse ocorrido o inverso, com os negros escravizando os brancos, se uma revolta maior tivesse ocorrido para mudar os motes sociais? E a estrutura narrativa que o diretor consegue desenvolver até tem seu gracejo, não é algo que cansa, e deu boas dinâmicas entre os personagens, ou seja, se o filme fosse colorido com presença maior e intensa dos diálogos finais, talvez víssemos uma grandiosa obra reflexiva, mas como a trama "enrolou" demais nos conflitos dos próprios brancos no começo e usou de uma fotografia preto/branco apenas para minimizar falhas, o resultado acaba não chamando tanta atenção quanto poderia.

Quanto das atuações, vale dar um bom destaque para Miguel Damião com seu Fradique Mendes por saber segurar a dinâmica na tela, ser político nas relações do ambiente, e se conectar bem com o negro para desenhar a estrutura ali, de modo que o ator teve atos de impacto e chamou bem a cena para si nos momentos que precisava, agradando sem precisar forçar na tela. Allex Miranda também entregou a boa base com seu João Salvador impondo regras e traquejos sociais, como o único ali que sabia realmente fazer as coisas, e o mais bacana foi ver a sua invertida quando vê no meio de duas "famílias" e o que tinha que fazer realmente, ou seja, o ator é o miolo de tudo e entregou bem o que precisava fazer. Ainda tivemos Paulo Azevedo entregando tudo que um padre nunca deveria pensar, mas como bem sabemos no passado a maioria era extremamente racista, Anabela Moreira com sua D. Emília achando que no meio de um conflito ainda teria suas posses e classes, Roberto Bomtempo fazendo um Gregório clássico de um marujo sem rumos e escrúpulos pronto para atacar a qualquer momento, e Kim Ostrowskij fazendo uma jovem Inês meio que jogada na tela, mas que trouxe um ar mais alocado na tela.

Visualmente o longa não entrega nada a mais que uma praia, alguns bem poucos destroços do navio como uns 2 ou três baús, aonde acham um jogo de xadrez, algumas roupas e uma sombrinha, uma barrica de vinho, um facão, algumas cordas e nada mais, aonde os personagens fazem algumas armas para pescar, e depois é só andam (com um erro meio que estranho, pois usam a corda para subir o morro, e na cena seguinte estão andando pela praia novamente), aí chegando aonde estão os demais negros que escaparam do naufrágio vemos já artefatos de pesca que fizeram e como a "colônia" está mais desenvolvida.

Enfim, é um longa de proposta interessante que talvez poderia ter ido mais além, mas que funciona na tela e passa uma boa reflexão dentro do tema. Deixo então a dica para a conferida nos cinemas a partir do dia 24/04, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Pandora Filmes e da Sinny Assessoria pela cabine, então abraços e até breve com mais textos.


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Pecadores (Sinners)

4/18/2025 03:07:00 AM |

Acho muito engraçado quando alguns filmes possuem mais do que um trailer e as reações que temos de um filme acabam mudando por completo, pois quando vi o primeiro trailer de "Pecadores" já pensei que filmão de segregação racial, envolvendo a Klan e tudo mais, de modo que fiquei bem interessado na proposta, aí veio o segundo trailer e já peguei de cara que era um filme com vampiros, pensa numa brochada de nível gigantesco, num ponto que já coloquei na mente que ia ser daquelas bombas que sairia xingando da sessão e tudo mais, afinal é um tema batido e geralmente com tramas bem ruins. Pois bem, cá estou eu após duas cenas pós-créditos, junto com uma meia dúzia (da sala Imax com um bom público para uma sessão das 21h50) que ficou esperando na sala, aplaudindo um filme de vampiros! Pois é meus amigos, nunca na minha vida imaginei que fosse ver uma tremenda trama bem amarrada, com blues, soul music, religiões africanas e cristãs juntas, ku klux klan, índios, lavouras de algodão, trapaças, segregação racial, assombrações e pasmem vampiros tudo junto e misturado, ainda tendo o protagonista fazendo gêmeos em muitas cenas juntas, com diálogos imponentes e tudo mais. Ou seja, pacote completo para envolver, não cansar nem um pouco em 137 minutos depois de uma semana cansativa e pesada, e assim vir embora muito feliz para curtir o feriadão.

No longa vemos que dois irmãos gêmeos voltam à sua cidade natal com o objetivo de reconstruir a vida e apagar um passado conturbado. Esses acontecimentos, porém, voltam a atormentá-los quando uma força maligna passa a persegui-los, trazendo para a superfície medos e traumas. Esse mal busca tomar conta da cidade e de todos os cidadãos, obrigando-os a lutar para sobreviver. Mais do que contornar os demônios dominadores e famintos por poder (e sangue), Fumaça e Fuligem terão que lidar com as lendas e os mitos ameaçadores que podem estar por trás desse terror.

Ainda irei um dia entender a mente de um roteirista, pois adaptações literárias, biografias, e até alguns romances e comédias são coisas aceitáveis de se pensar e criar uma boa história para ser contada nos cinemas, mas quando recai para o terror e ainda joga pitadas dramáticas com toda a mistura que falei acima, isso não pode ter saído da cabeça de uma pessoa normal, e o mais interessante de tudo é que o diretor e roteirista Ryan Coogler começou com uma biografia crítica fortíssima, se aventurou numa continuação/reboot de uma franquia consagrada que ninguém nem sonhava em botar as mãos, foi para um dos longas da Marvel mais emblemáticos, quase foi linchado por uma continuação fraca da Marvel, e vem com algo totalmente fora da caixa como trouxe aqui, ou seja, que já a maioria dos críticos tem colocado como o filme que lhe dará seu nome mundo afora, e não duvidaria disso, pois ele foi muito ousado, trabalhou com as câmeras gigantes Imax, pois todos os personagens para dançar muito, trabalhou canções originais sem precisar fazer uma trama musical, fora os milhares de ângulos que filmou toda a sua loucura cênica, isso ainda trabalhando com o protagonista fazendo dois papéis bem semelhantes visualmente, mas de gênios praticamente opostos. Ou seja, uma direção impecável de um roteiro inimaginável, que posso estar errado, mas mesmo estando em Abril, poderá ser lembrado nas premiações do próximo ano.

Quanto das atuações, Michael B. Jordan fazendo dois papeis foi algo icônico, pois num primeiro momento você fica se perguntando se é ele mesmo fazendo Fumaça e Fuligem, pois são muitas cenas juntas lado a lado, mas quando começa a aparecer eles separados você pega bem que é o próprio ator se doando duplamente e recebendo só um cachê, e ele se joga por completo, entregando diálogos fortes, dinâmicas bem trabalhadas e mostrando imponência na tela, ao ponto que também podemos dizer que é um dos seus melhores filmes pelo que fez. O longa é a estreia de Miles Caton nos cinemas, mas o que ele faz com seu Sammie, o tom e o timbre de voz nas canções e toda a expressividade do começo ao fim, faz dele um ator que certamente veremos mais nas telonas, pois o jovem fez seu nome na tela. Com toda sinceridade, estou com medo de sonhar com o Remmick de Jack O'Connell, pois ao mesmo tempo que tem um ar sereno nas canções, ao se transformar na tela acaba sendo quase que o diabo em pessoa, com traquejos fortes e dinâmicas tão bem encaixadas que valeria até mais tempo de tela pro rapaz. Ainda tivemos cenas bem boas e expressivas de Wunmi Mosaku com sua Annie, toda uma imposição chamativa de Hailee Steinfield com sua Mary, a explosão de dança e canto de Jayme Lawson com sua Pearline, e claro os atos fortes de Li Jun Ji com sua Grace, mas quem se jogou nos diálogos bem trabalhados foi Delroy Lindo com seu Delta Slim. Ou seja, um elenco que botou literalmente pra quebrar, e olha que nem falei da metade dos personagens.

Visualmente o longa tem a maioria dos atos numa antiga serraria que é transformada num clube de blues, com palco para os shows, comida, bebidas, jogos e muita dança, sendo de um modo visual simples, mas contando com tantos personagens, fora a abstração insana do diretor de misturar presente, passado e futuro numa dança desconcertante de ritmos sendo dançados com fogo para todo lado que a tela chega a impactar, tivemos atos numa cidadezinha dividida pela segregação, com um lado para os negros e outro para os brancos, com mercados, bares e tudo mais, carros da época, uma pequena igreja do pai do jovem cantor, atos malucos no ataque dos vampiros, e muita maquiagem forte, figurinos ensanguentados, tiros, explosões e tudo mais numa pirotecnia incrível e muito bem usada na tela, que sendo filmado com as câmeras Imax ficou ainda maior na telona.

A trilha sonora é um espetáculo a parte, com muitas canções autorais cantadas pelo próprio elenco, fora as batidas e sonoridades para cada momento na tela, sendo algo que impressiona pelos ritmos usados, de um lado o blues dos negros e do outro o folk dos vampiros, que acabam valendo demais ouvir tanto no filme quanto depois em casa, e claro que deixo aqui o link.

Enfim, é um filme que talvez até daria para tirar um ponto ali ou aqui, mas certamente é algo que irei lembrar muito, ficando marcado na minha memória por ser algo completamente diferente do estilo, que não vou remover nada, deixando o longa com a nota máxima, pois tem dinâmica, tem expressividade, e me surpreendeu com toda a loucura. Então fica a dica para conferir nas telonas maiores possíveis, e eu fico por aqui hoje, dando um leve descanso, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Tempo de Guerra (Warfare)

4/17/2025 09:27:00 PM |

Muitos filmes de guerra costumam falhar por não saber passar bem o realismo vivido pelos soldados dentro da batalha, mas se tem algo para elogiar demais o longa "Tempo de Guerra" é o fato do diretor ter realmente estado dentro da batalha toda que o filme entrega, e dessa forma mesmo sendo um recorte de uma das muitas batalhas que teve dentro da Guerra do Iraque, praticamente somos transportados para dentro daqueles 95 minutos intensos de combate aonde os personagens vivem em meio a tiros e gritos de dor enquanto aguardam a extração. Ou seja, quem gosta do estilo dificilmente achará algo para reclamar, pois é daqueles que entramos na onda, ficamos com o zumbido do barulho todo, e ao sair o resultado vem na mente, valendo tanto pela intensidade quanto pela direção primorosa sem precisar ficar inventando a roda.

No longa acompanhamos um grupo de militares que se encontra no meio de um fogo cruzado com tropas guerrilheiras iraquianas. Escondidos numa casa bem no centro da província ocupada pelas forças da Al Qaeda, os militares americanos vigiam as ruas em busca de seus inimigos, preparando-se para atacar a qualquer sinal de insurgência. Quando uma granada inesperada explode o esconderijo do grupo, o caos se instala e a necessidade de evacuar se torna o principal e mais difícil objetivo dos fuzileiros. Enquanto esperam resgate, uma troca de tiros intensa causa mortos e feridos, deixando um rastro de escombros e traumas.

O filme traz um retrato visceral da batalha de Ramadi, um episódio da Guerra do Iraque que revive uma série de memórias e experiências vividas pelo co-diretor Ray Mendonza, ex-fuzileiro naval do exército americano. Os diretores e roteiristas, Ray Mendonza e Alex Garland, realizaram entrevistas com diferentes ex-fuzileiros navais que estiveram presentes na Guerra do Iraque para desenhar o que queriam passar na tela, e mais do que vivenciar o momento, eles souberam aonde atacar para que seu filme não ficasse vazio, mostrando desde o estado de choque que o comandante acabou ficando, quanto os pedaços de seus companheiros que ficaram lá pelo chão, e dessa forma somos quase que inseridos no mesmo lugar, e assim o choque também fica conosco.

Quanto das atuações vale dar o destaque para D'Pharaoh Woon-A-Tai com seu Ray, afinal ele é o papel do diretor ali dentro, então o olhar da trama fica para seus atos e direcionamentos, de modo que ele em si não incorpora muito o que vai fazer, mas por estar ali consegue nos passar o seu momento da guerra. O longa está recheado de atores da nova geração e como todo bom filme de guerra precisam gritar ao máximo, se expressar ao máximo e chamar a responsabilidade nos seus devidos momentos, não valendo destacar um ou outro, mas sim mencionar mesmo Charles Melton com seu Jake bem a postos, Will Poulter com seu Erik ficando em choque após a explosão, Noah Centineo com seu Brian meio que perdido, Kit Connor com seu Tommy chamativo, Cosmo Jarvis com seu Elliott despedaçado e gritando horrores, Finn Bennett com seu John e Joseph Quinn com seu Sam também estilhaçado, ou seja, todos muito bem no que tinham de fazer.

Visualmente a trama toda se passa em uma casa aonde os soldados se posicionam para o combate, após um belo vídeo de empolgação, e ali é tiro e bomba pra todo lado, com aviões passando dando rasante, armas de todos os calibres possíveis, pedaços de corpos, muitos rádios e táticas sendo berradas, mostrando um espaço pequeno, porém muito imponente na composição cênica, o que acaba dando um resultado incrível muito bem feito.

Enfim, costumo dizer que somos felizes por não precisar lutar em guerra nenhuma e apenas acompanhar os horrores pelos jornais e filmes, mas o som da trama aqui é tão imponente que não tem como sair da sessão morno com o que vemos, e assim o resultado impacta mesmo e vale demais a indicação. Então vá conferir preferencialmente em uma sala com um ótimo som, e se empolgue como se estivesse no meio dos soldados. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas como amanhã é feriado, vou pegar mais uma sessão, então abraços e até daqui a pouco.


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Serra das Almas

4/16/2025 11:58:00 PM |

Costumo dizer que o cinema alternativo é uma grande caixa de surpresas ou como anda na moda um famoso pacote misterioso, daqueles que você pega para abrir imaginando algo e por vezes pode dar muito bom ou ser uma tremenda bomba, ao ponto que no Brasil atualmente são poucos os diretores que procuram arriscar nas telonas com dramas de ação, pois exigem orçamentos gigantescos ou acaba ficando algo que parece faltar com a verdade cênica. E o motivo de começar o texto dessa forma do longa "Serra das Almas", que estreia na próxima quinta 24/04 nos cinemas do país, é bem simples, afinal o diretor quis ousar em uma trama completamente quebrada aonde a ideia até tinha bons rumos para seguir, mas que ao optar por algo mais introspectivo e sem grandes explosões acabou ficando morno demais e sem um chamariz principal que realmente funcionasse. Aí você pensa, o filme ficou ruim, e a resposta é um não bem direto, porém é algo tão fora do comum para o estilo, que muitos não irão conseguir se conectar com a ideia toda, e o resultado vai acabar desapontando quem ficar esperando o algo a mais que não acontece na tela. Ou seja, é daqueles filmes que tentam ser diferentes demais, e não conseguem atingir nem quem gosta do diferente, pois falta o diferencial realmente para funcionar.

A sinopse nos conta que em Pernambuco, um roubo de joias irá reunir um antigo grupo de amigos desajustados, fazendo com que os resultados sejam catastróficos. Vigiados por fantasmas do passado, cada um deles terá que encontrar sua própria forma de liberdade.

Diria que o diretor Lírio Ferreira que costumeiramente gosta de trabalhar temas mais poetizados em suas tramas acabou inventando moda demais para um longa que precisava ser dinâmico e direto, pois longas quebrados precisam surpreender no clímax e fechar com algo que o público sinta a necessidade de ser dessa forma, e aqui ele apenas enfeitou o simples sem realmente brincar com a estética, com os personagens e com as dinâmicas, ao ponto que vemos que realmente os assaltantes não estavam preparados psicologicamente para tudo o que aconteceria com eles, e também que eram atrapalhados demais, mas isso em uma trama linear com ação na medida funcionaria muito bem. Ou seja, vemos na tela algo diferenciado aonde o diretor até mostrou serviço de presença cênica, mas talvez botar personagens mais imponentes, ou algumas situações impactantes mais explosivas para causar realmente, que aí talvez o resultado chamaria toda a atenção na tela, pois sabemos de suas qualidades técnicas, mas aqui ele não mostrou nem metade do que sabe fazer.

Quanto das atuações, aconteceu algo que costumo chamar de falta de definição de protagonista, pois praticamente todos os atores tem o mesmo tempo de tela, e todos tem alguma história extra que talvez precisasse ser contada melhor, e repetindo, isso em tramas quebradas é um tremendo risco. Ao ponto que a dupla de jovens assaltantes vividos por David Santos e Ravel Andrade até conseguem chamar a responsabilidade para si em diversos momentos, com o ato final de David fazendo um palhaço do mal com seu Charles sendo algo brilhante que merecia até mais desenvoltura, mas o ato solto de Ravel virou quase um monólogo que seu Gislano não fez por merecer. Que o papel de Vertin Moura tinha um algo a mais ficou muito claro no primeiro diálogo dentro da van, mas quando ele bota a banca pra valer, acaba não indo além, o que é uma pena. Das garotas, tirando o ato de fechamento, que consta no pôster acima, nenhuma das três conseguiu chamar atenção na tela, ficando tão em segundo plano que se não tivesse esse ato, certamente nem lembraríamos delas no quarto trancadas, mas Mari Oliveira teve um pouco mais de destaque com sua Vera.

Visualmente a trama tem como base uma casa no meio da serra, praticamente tendo apenas um quarto e uma sala além de uma garagem aonde o dono passa a vida toda arrumando uma caminhonete, temos alguns atos no passado com ele mais jovem e o presente aonde acontece o crime, e no caso virando um cativeiro das jovens sequestradas, tivemos uma marina aonde acontece o ato do roubo com perseguição por uma pequena vila, e também uma pequena floresta, mas tendo como elementos cênicos as armas, as joias e a interação de máscaras no passado, porém sem grandes floreios.

Enfim, é um longa que dava para ter ido mais além para realmente chamar atenção, pois da forma que foi entregue, resultou em algo bem mediano que alguns podem florear situações e se apaixonar, como foi o caso na Mostra Internacional de São Paulo aonde o longa ganhou o prêmio da Netflix, mas deixo a ressalva que não é um filme para todo tipo de público, então fica a dica para quem for conferir ele nos cinemas a partir do dia 24. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Imagem Filmes e da Sinny Assessoria pela cabine, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até lá.


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Netflix - Como Ganhar Milhões Antes Que a Avó Morra (หลานม่า) (How To Make Millions Before Grandma Dies)

4/15/2025 12:20:00 AM |

Um filme que passou tão rápido pelos cinemas do Brasil, que a maioria nem chegou a ver é "Como Ganhar Milhões Antes Que a Avó Morra", e agora comprado pela Netflix entrou em cartaz na plataforma de streaming e tem feito muito sucesso, pois é daqueles filmes tão simples, porém tão bonitos e envolventes, que conta uma história que certamente você já viu acontecer com algum familiar que passa a rodear algum idoso no final de sua vida somente na esperança de ser quem irá ficar com a herança. Mas mais do que o tema costumeiro, a grande sacada do longa ficou por ter dois protagonistas com um carisma tão bem trabalhado, que acabamos nos envolvendo facilmente com todas as dinâmicas e entregas, e quando chega o ato final não tem como não se emocionar. Ou seja, é daqueles filmes simples, funcionais e diretos que você nem vê o tempo passar, e que mesmo sendo em uma língua que sequer dominamos qualquer palavra, o resultado singelo na tela funciona demais.

O longa acompanha a jornada do jovem M, que passa a cuidar de sua avó doente chamada Amah, instigado pela herança da idosa. O plano é conquistar a confiança de sua avó, e assim se tornar o dono de seus bens. Tendo interesse apenas no dinheiro que Amah tem guardado, M resolve largar o trabalho para ficar com a senhora. Movido, também, por sentimentos que ele não consegue processar, como a culpa, o arrependimento e a ambição por uma vida melhor, o jovem resolve planejar algo para conseguir o amor e a preferência da avó antes que a doença a leve de vez. Em meio à essa tentativa de encantar Amah, M descobre que o amor vem por vias inimagináveis.

Em seu primeiro longa como diretor e roteirista, Pat Boonnitipat conseguiu ser sensível e dinâmico com uma situação familiar tão costumeira e direta que provavelmente tenha acontecido em sua família, e sendo simples e objetivo não quis trabalhar enrolações ou dinâmicas que forçassem a barra e inventasse muito na tela, tanto que as cenas menos expressivas foram as que deram leves tentativas de quebras do caminho como a ida a casa do irmão rico da senhorinha. Ou seja, vemos na tela um trabalho honesto e bem feito, aonde o diretor preferiu trabalhar o básico bem feito do que enfeites técnicos e o famoso encher linguiça, de modo que o filme flui rápido, diverte, emociona e agrada, e assim mesmo com um nome difícil talvez nos lembraremos dele numa próxima investida, o que iremos esperar seguir a mesma linha.

Quanto das atuações, o jovem cantor e ator Putthipong "Billkin" Assaratanakul conseguiu após estourar em séries famosas no país, fazer com que seu M fosse daqueles jovens que veem a oportunidade acontecer com alguém próximo e tenta imitar, deixando de lado seus dias de gamer para conhecer mais a avó e se aproximar dela para quem sabe ser o prioritário na herança dela, e com bons traquejos e dinâmicas, vemos algo que tão costumeiramente vemos em nossas famílias, que o resultado do rapaz funciona bem sem soar falso, e agrada a todos com o que faz. A senhorinha Usha Seamkhum foi tão simpática e bem alocada com sua Amah que nem parece seu primeiro trabalho como atriz, de modo que entrega personalidade, segura bem suas cenas e tem uma química tão bem colocada com o rapaz que seu resultado flui fácil e agrada sem ser algo brilhante. Ainda vale alguns destaques para Tontawan Tantivejakul com sua Mui, Sarinrat Thomas como a mãe do rapaz, Sanya Kunakorn como o filho rico da velhinha disposto a querer tudo e Pongsatorn Jongwilas como o filho endividado da senhora que vive roubando ela.

Visualmente o longa não tem um grande chamariz de ambientes, mostrando a casa simples da senhorinha, sua devoção a uma deusa que sempre tem suas regras de chá para colocar, sendo um sobrado bem bagunçado, cheio de coisas espalhadas, a casa do jovem também sem muitos elementos cênicos, mostrando muito camas de elevar para os idosos enfermos que tem tanto na casa aonde a senhora vai viver, quanto do outro senhor que Mui toma conta, tendo mais os elementos religiosos, como o túmulo, o caixão e claro o passado sendo mostrado no último instante do filme, do que elementos propriamente marcantes para a história.

Enfim, é um filme que acaba sendo gostoso de ver, que emociona na medida sem ser algo que você vai lavar a sua sala, mas que funciona bastante para refletirmos nas situações mostradas na tela, pois sabemos bem que isso ocorre na maioria das famílias. Então fica a recomendação de play para todos, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com toda certeza com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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O Rei dos Reis (The King Of Kings)

4/13/2025 10:17:00 PM |

Sempre que chega a época da Páscoa já fico esperando algum longa sobre a vida de Jesus, entregando por vezes tramas mais tradicionais ou então recaindo para dinâmicas mais controversas, mas inegavelmente é quase que um marco tradicional ter algo do estilo. E além de estar passando o episódio da tradicional série "The Chosen - A Última Ceia" nos cinemas, eis que esse ano haverá também uma animação sobre o tema nas telonas para levar tanto a criançada religiosa quanto seus pais para vivenciarem a bela passagem bíblica que já vimos de diversas formas na telona, nos teatros, na Igreja e tudo mais, ou seja, "O Rei dos Reis", que estreia na próxima quinta-feira 17/04, traz de uma forma sensível e bem trabalhada a passagem sendo contada como um conto de Charles Dickens, o tradicional autor de grandes livros para que seu filho que é fissurado em reis empunhando espadas conheça o maior rei que o mundo já teve que pregava a paz lutando com suas palavras. Ou seja, não espere nada muito diferente do que você já viu nos outros filmes, mas sim uma dinâmica bonita, com um traço de desenho tridimensional quase quadrado, mas que é bem simbólico e gostoso de acompanhar, e assim vale o tempo de tela sem ser apelativo em demasia, como é o caso da maioria dos longas religiosos.

No longa vemos que o renomado autor e romancista Charles Dickens encontra cada vez mais obstáculos para se conectar com seu filho Walter enquanto vive sua rotina repleta de compromissos. Um dia, esperando estabelecer uma conexão com Walter, Dickens resolve compartilhar com seu imaginativo filho a história de Jesus Cristo, uma das maiores de todos os tempos. Ao ouvir seu pai narrando, Walter mergulha numa jornada vivida ao lado do líder religioso, cativado pelos eventos da vida de Jesus de Nazaré. Caminhando com o profeta, Walter testemunha os milagres, enfrenta os desafios e vive profundamente o sacrifício de Jesus. Através dessa simples narrativa, Walter e Dickens estabelecem um laço forjado na esperança, na fé, no amor e na transformação reunidas na história de Jesus.

Depois de trabalhar por muitos anos com efeitos especiais, Seong-ho Jang faz sua estreia como diretor e roteirista aqui com algo que chega a surpreender muito de técnicas, pois claro que não criou nada muito fora do caminho, sendo a base da história algo que já vimos milhares de vezes, mas a grande sacada foi colocar como narrador Charles Dickens, e seu filho pequeno acompanhando em sua mente como se estivesse vivendo os momentos de Jesus, o que é uma tremenda ideia que muitas crianças acabam se colocando nas histórias quando os pais contam determinados livros, e o mais bonito da forma escolhida pelo diretor sul-coreano foi saber usar da fé, da palavra e da determinação dos profetas para que tudo funcionasse bem na tela. Ou seja, é ainda um filme religioso clássico, mas que acaba sobrepondo a barreira do estilo para uma animação sutil, leve e que fosse bem colocada no mundinho das crianças, ou seja, algo muito bem encaixado para todas as idades, pois não ficou bobinho como poderia, mas sim algo centrado e bem feito.

Quanto dos personagens não vou falar muito dos tradicionais Jesus, Maria, José, Caifás, Judas, Pedro e por aí vai que sabemos bem já que vimos diversos filmes do estilo religioso, e sempre entregam bem as dinâmicas, então o que posso colocar é a desenvoltura de Charles Dickens e seu filho Walter, pois a ideia ficou muito bacana de ser vista com o garotinho pegando toda a simbologia e mudando o seu rei preferido, desenvolvendo na tela dinâmicas leves e bem divertidas junto de sua gata Willa, andando pelos cenários tradicionais da jornada de Jesus, vendo a famosa multiplicação dos peixes, dos pães, o andar sobre as águas e tudo mais, e toda a pegada infantil bem colocada para ser representativa e emocional, ou seja, a narração lúdica ficou bem encaixada e bonitinha demais de ser vista, o que acaba agradando pelo estilo de traços mistos e a sacada de uma boa leitura expressivamente teatral do pai que consegue fazer o filho viajar na história.

Visualmente já falei muito bem do traço artístico da trama, mas principalmente vale destacar as belezas dos tons escolhidos, com cores mais puxadas para o pastel na história bíblica, e deixando tons um pouco mais fortes nas cenas com a família na casa deles, criando um ar lúdico e ao mesmo tempo representativo, tendo os diversos momentos marcantes da história que conhecemos de Jesus bem montadas, sem forçar a barra nem para o apelativo, e nem para a formatação bobinha demais, e assim vemos tudo como boas pinturas e sombras, dando uma tridimensionalidade coerente e bem encaixada na tela, não trabalhando tanto com texturas, mas sabendo agradar aonde poderia por algo a mais.

Enfim, não é especificamente um filme da Angel Filmes, mas sim da Heaven aonde a guilda Angel aprovou e colocou para seu público alvo, e certamente com a data da Páscoa escolhida para o lançamento nos cinemas deve encher bem as sessões com os pais religiosos levando seus filhos, e afirmo que vale bastante o resultado, sendo bem bonitinho para todas as idades, então vá conferir a partir do dia 17/04 nos cinemas de todo o país. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da TZM Entretenimento, da Paris Filmes, da 360 Way UP da Heaven Content pela cabine, e volto amanhã com mais dicas.


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Operação Vingança (The Amateur)

4/13/2025 01:44:00 AM |

Filmes investigativos são bem interessantes de conferir por brincarem com toda a dinâmica sem precisar ousar muito, mas muitas vezes colocam doses de ação para que o impacto seja mais contundente na tela, e com isso as interações acabam sendo bem maiores. Comecei o texto de "Operação Vingança" dessa forma por dois motivos, o primeiro por não lembrar da versão original de 1981 (aliás nem sei se cheguei a assistir ela!), e o segundo por o filme lembrar qualquer outro filme de espionagem aonde temos um gênio nerd aonde ele não precisa lidar com armas e sair sujando sua mão de sangue, mas sabendo aonde usar a tecnologia e sua inteligência consegue deixar todos os seus superiores mais perdidos que tudo, enquanto vai resolvendo sua vingança pessoal contra os assassinos da esposa. Claro que se o filme tivesse uma pegada mais explosiva o resultado chamaria muito mais atenção, porém dentro da boa premissa as atuações funcionam bem para os personagens, e mesmo sendo algo morno de ver, ao final tudo fez bastante sentido e acaba agradável de acompanhar até o fim.

O longa nos conta que após a trágica morte de sua esposa em um ataque terrorista em Londres, Charles Heller, um criptógrafo altamente capacitado da CIA, se vê frente a um dilema cruel: sua agência não está disposta a agir, afogada em prioridades internas conflitantes. Desesperado por justiça e com a dor da perda a consumi-lo, Heller toma uma decisão radical. Ele chantageia seus superiores para ser treinado como um agente de campo e, assim, poder perseguir os responsáveis pelo atentado por conta própria. Acompanhado por uma jornada de vingança e auto-descobrimento, Heller se infiltra em um sombrio universo de espionagem e terrorismo internacional. À medida que se aprofunda na trama de conspirações e traições, ele percebe que seus próprios aliados podem ser tão perigosos quanto seus inimigos.

Diria que o diretor James Hawes teve um estilo seguro demais para um filme que precisava de mais força, pois a trama tem uma boa pegada para que fosse mais explosiva e densa, não ficando apenas nas intenções como acabamos vendo na tela, claro que toda a sacada do rapaz em ser bom com códigos, com câmeras e outras habilidades lhe deram força para fugir e se esconder dos superiores, tendo uma ajudinha foi melhor, mas faltou para o diretor colocar realmente essas habilidades em pauta do protagonista para que o filme fluísse ao redor disso, e não ele precisando mudar, tanto que a última cena é a melhor de todas, pois não precisou de ajuda nenhuma para fazer o que sabe melhor, e talvez mais disso no filme não ficasse tão morno e dependente. Claro que o filme passa longe de ser ruim, mas isso não se deve ao estilo de direção e sim das boas atuações, mas dava para ser ainda melhor e chamar muito mais atenção na tela com poucas mudanças.

E falando das atuações, o estilo de Rami Malek é daqueles que se precisam de um nerd em especial, certamente vão olhar para ele, que claro tem seus traquejos que muitos não gostam, mas aqui fazendo seu Charles Heller soube brincar com as facetas, e se fazer bem entendido para o que precisava fazer na tela, aparentando um certo desespero cênico, mas como era algo do papel, ele acabou chamando a atenção no que fez. A cena que mostra no trailer com Laurence Fishburne com seu Henderson exigindo que o protagonista olhasse nos seus olhos e atirasse nele é o mesmo que pedir o algo inexistente em um cardápio, não tem quem não sinta a pressão que o ator causa na tela, ainda mais com um personagem imponente, ou seja, ele se joga no papel com um estilo misterioso, e acerta em tudo o que faz. Fiquei pensando em quanto gastaram com uma atriz do gabarito de Rachel Brosnahan para morrer com menos de 10 minutos no filme com sua Sarah, mas como o protagonista continua vendo ela, tendo momentos do passado refletidos, até que foi bem no que a atriz fez. Outra que foi muito bem nas cenas que participou foi Caitriona Balfe com sua Inquilina, tendo o mesmo estilão de conversa nerd cheia de facetas com o protagonista, e tendo uma grande desenvoltura acabou chamando até que bastante atenção, ao ponto que se o filme tivesse um prequel seria legal em cima de sua personagem. Quanto aos demais, vale leves destaques para Julianne Nicholson como a diretora da agência e Holt McCallany com seu Moore, mas sem grandes chamarizes, e claro foi um grande desperdício ter Jon Bernthal com apenas duas ceninhas jogadas na tela, que nem levam nada a lugar algum.

Visualmente o longa passeou por muitos países, tendo cenas bem amplas e cheias de correrias e dinâmicas dos personagens em boates, bares, cafés, esconderijos, barcos e tudo mais, mas vale um grande destaque para as cenas do início dentro de ambientes ultra-secretos de decodificações, aonde o protagonista trabalha quebrando códigos e descobrindo coisas que não deveria nem ele, nem ninguém saber, ou seja, foram ousados nesse sentido mostrando um pouco de computação de código para essa galera de hoje que precisa pedir tudo para uma inteligência artificial fazer.

Enfim, é um bom filme de ação, mas que poderia ser algo genial na telona, de modo que vendo na sala Imax funcionou um pouco mais pelas cenas de ação, mas como disse acima, o diretor não investiu tanto nesses atos, e esse estilo mais morno de muitos atos acabou deixando o filme sem a imponência que poderia ter. Claro que ainda vale a indicação, mas não vá esperando ver um grandioso filme de espionagem que vai lhe deixar impressionado com tudo, que não é bem assim, então fica a dica, e claro que fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais filmes. 


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Drop: Ameaça Anônima (Drop)

4/12/2025 02:33:00 AM |

Muitos amigos falam que meu gênero favorito é o terror, e afirmo que não tenho isso de preferências, desde que seja um bom filme e o resultado final me surpreenda até desenho bem infantil pode entrar na lista dos longas que darei maiores notas, porém um gênero que gosto bastante é o tal do suspense, principalmente daqueles que você fica tentando descobrir quem é o assassino, quem é que está mandando as mensagens, e claro quais as motivações de toda a artimanha. E um longa que não tinha sequer visto o trailer, e sequer sabia da existência dele até aparecer na programação de terça/quarta-feira foi "Drop: Ameaça Anônima", e meus amigos, que filmão tenso e bem feito, com amarrações cheias de boas sacadas, deixando você tenso do começo ao fim, não sendo algo muito óbvio (depois de mostrarem fica meio que dava para ter pego), e que mesmo tendo atos finais explosivos e exagerados demais, o resultado acaba sendo daqueles que você mesmo morrendo de sono nem pisca na última sessão da noite. Ou seja, é daqueles que dá para indicar de olhos fechados, e que diria para que não leiam mais nada a partir daqui, pois tudo pode ser um spoiler, e olha que evito ao máximo qualquer deslize (e fuja de outros sites também!).

A sinopse nos conta que a mãe solteira e viúva Violet finalmente se arrisca e marca o primeiro encontro com o rapaz que tem conversado online, o charmoso Henry. Durante o jantar num restaurante luxuoso, os dois parecem se dar bem, até que Violet começa a receber mensagens com ameaças de um número desconhecido. Exigindo que ela jogue um jogo, caso contrário seu filho sofrerá as consequências, Violet precisa seguir as instruções exigidas sem poder mencionar o que está acontecendo para ninguém, muito menos para seu companheiro romântico. Se não fizer o que for pedido, todos que ela ama morrerão. Com diretrizes cada vez mais amedrontadoras, a situação chega em seu nível limite, com seu algoz anônimo obrigando-a a matar Henry. Nesse thriller repleto de suspense e mistério, a confiança do casal é colocada à prova e questionamentos começam a nascer: será que o autor de todo esse esquema é o encantador Henry?

Outro fato que me surpreendeu é que esse é o oitavo longa do diretor Christopher Landon e sem ter visto apenas dois, reclamei apenas da falta de ousadia em um dos filmes, e todos os demais curti cada minuto na tela, isso sem falar nos outros ótimos roteiros de terror que já fez, ou seja, é daqueles que tem seu estilo como princípio e sabe arquitetar tudo tão bem para que fique amarrado na medida certa, que o resultado acaba se descontrolando para algo genial. Claro que ele geralmente liga a chave do vamos resolver tudo agora nos últimos minutos de suas tramas, até forçando um pouco a barra, mas sabendo ousar nas sacadas e desenvolturas, ele acaba usando de coisas cotidianas, como aqui o caso dos aplicativos de proximidade (diria que uma moda meio arriscada, que nem sabia que estava na moda!) para dar ainda mais medo e tensão no ar, ou seja, ele literalmente brinca com a protagonista, e nos coloca junto para brincar de advinha quem.

Uma coisa bem interessante do longa é que o diretor usou atores não muito conhecidos (ao menos para mim) para desenvolver mais os personagens na tela do que personalidades em si, e isso acabou dando um tom mais misterioso para o resultado final, ao ponto que a protagonista Meghann Fahy soube segurar bem sua Violet, trabalhando tensões e expressões nítidas de algo ruim acontecendo, que facilmente qualquer pessoa com um senso normal conseguiria ver, mas transpareceu bem isso sempre que questionada, e funcionou (ao menos na ficção) para segurar a trama até o final mais explosivo e dinâmico na tela. Brandon Sklenar deu um tom meio que de galã para seu Henry, ao ponto que trouxe para o personagem um estilo bem cheio de trejeitos emotivos e até sedutores, criando uma química interessante para um bom primeiro encontro, e o melhor sem entregar muito o que poderia estragar o longa. Reed Diamond trabalhou seu Richard com bons traquejos, puxando por vezes um ar meio cômico, mas sendo bem sério e sarcástico quando precisou fluir, e assim foi bem no que precisava. Ainda tivemos bons atos de Gabrielle Ryan como uma barman descolada, Jeffery Self como um garçom meio que exagerado de traquejos, Jacob Robinson como um rapaz descolado que ficou trombando toda hora com a protagonista, Ed Weeks como um pianista bem colocado, mas sem dúvida quem chamou atenção nos atos finais quase como uma sobrevivente nata foi Violett Beane com sua Jen que levou uma facada, uns dois tiros, foi arremessada e ainda apareceu no final para perguntar para a irmã como foi o encontro!

Visualmente o longa tem a base em dois locais apenas, a casa da protagonista com a sala e o quarto apenas, tendo alguns atos bem pequenos na tela do celular com a câmera de segurança, e um restaurante bem chique no último andar de um arranha-céu, tendo pratos chiques, piano, muitas câmeras e vários elementos cênicos para serem usados, como o relógio da protagonista, uma nota de dinheiro, um frasco de veneno, entre outros detalhes de um bom jantar, fora uma boa corrida de carro no ato final e cenas de tirar o fôlego com a explosão de vidros, ou seja, a equipe de arte trabalhou muito bem na amarração cênica.

Enfim, volto na minha reflexão de sempre, que sem saber nada do longa, minha expectativa era a mais básica ou até nula possível para o que veria hoje, e saí extremamente satisfeito com o resultado entregue, querendo até rever alguns atos para me atentar a alguns detalhes, mas vou preferir ficar com o que acabei vendo na primeira e única vez que foi muito intenso e gratificante pelas surpresas e intensidades, que claro vou recomendar para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - G20

4/11/2025 12:57:00 AM |

Sempre tenho muito medo de filmes que fazem mil propagandas, campanhas de marketing fora do streaming normal, tapetes vermelhos de pré-estreias mundo afora, e tudo mais, de modo que nem estava nos meus planos conferir hoje o lançamento da Amazon Prime Video, "G20", mas como o mundo dá voltas eis que resolvi dar o play nele, e felizmente mesmo ficando na dúvida se estava vendo um filme de Viola Davis ou de Liam Neeson, o resultado surpreende bem na tela, prende o espectador, e funciona com todas as características de filmes desse estilo, afinal já vimos diversas tramas de alguém tentando salvar pessoas sequestradas, e aqui o que muda é que quem vai pra linha de frente é a presidente do país para se salvar e salvar também os demais membros da cúpula dos países mais ricos do mundo. Claro que por ser um estilo que a maioria gosta, e também uma grande maioria já não aguenta mais ver o famoso mais do mesmo, a trama beira raspar o exagero, e não tem grandiosos diálogos, mas como a protagonista sabe conduzir muito bem qualquer estilo de filme que entre, o resultado agrada bastante na tela.

O longa nos conta que a Presidente dos Estados Unidos, Danielle Sutton é o alvo número um dos criminosos que atacam a cúpula dos governantes reunida na Cidade do Cabo na África do Sul. O plano dessa gangue é reunir os dados e as informações faciais das maiores autoridades do mundo com o objetivo de controlar os mercados e a economia mundial, utilizando ferramentas de deepfake para isso. Entre reféns e feridos, a família de Sutton desaparece na confusão. Depois de escapar dos agressores, Sutton precisa canalizar seu talento para a governância e sua experiência militar para defender sua família, seu país e salvar os líderes mundiais.

Diria que a diretora Patricia Riggen demonstrou muita segurança para um longa de ação, pois seu filme desenvolve bem os personagens sem precisar ficar explicitando passados e dinâmicas, tem a estrutura de um filme empoderado, colocando uma presidente negra nos EUA (algo que alguns imaginavam que iria ocorrer realmente!), vemos uma cúpula governamental com países não tão representados na tela, mas bem encaixada nas dinâmicas entre os principais, e claro a discussão em cima de quebras econômicas, criptomoedas, o que é ser herói de guerra, segurança e tudo mais regado a muitos tiros, lutas corporais e até envolver deepface na estrutura do roteiro, ou seja, um pouco de tudo sem precisar ficar alongado, mas que vemos o estilo tanto da diretora na tela, quanto o estilo da protagonista, sendo imponente pelos vários ângulos de desenvolvimento, e que mesmo tendo algo comum de outros filmes, e dessa agenda de colocar personagens femininos em alta, a trama acaba não soando apelativa, de modo a funcionar bem na tela.

Quanto das atuações, nem tem como não elogiar Viola Davis, pois já mostrou tantas facetas dramáticas, cômicas e até de ação em muitos outros filmes, e aqui ela trabalhou bastante com muita movimentação com armas, corporais (provavelmente usando dublês, em atos perigosos, mas muitas cenas falou que ela mesma fez) e trabalhou para que sua Danielle Sutton tivesse muita personalidade na tela, ou seja, fez o pacote completo em um filme que tradicionalmente só seria tiro, porrada e bomba, porém contando com uma artista do gabarito dela, não tinha como ser apenas isso. Outro que foi muito bem em cena foi o segurança da protagonista vivido por Ramón Rodriguez, que trabalhou uma parceria bem dinâmica e soube se jogar bem nos atos sem sobrepor a personagem principal, o que acaba sendo bem bacana para um longa desse estilo, pois o que estamos acostumados a ver é o segurança sempre salvando todo mundo, o que não acontece aqui. O vilão principal vivido por Antony Starr foi bem malvado na tela, com o estilo tradicional que amamos odiar, só que tem um grande detalhe, ele não anda conseguindo sair do seu papel na série "The Boys", parecendo que só tem um traço expressivo, e isso pesa em alguns atos do longa. Quanto aos demais, vale destacar alguns atos bem sacados da filha da presidente vivida por Marsai Martin, o marido dela que Anthony Anderson soube dimensionar bem, o primeiro-ministro britânico que Douglas Hodge soube criar boas facetas e Sabrina Impacciatore que faz a líder do FMI, ou seja, não foram grandes cenas de nenhum dos secundários, mas todos trabalharam bem com suas dinâmicas na tela.

Visualmente o longa é bem grandioso, pois embora tenha a maioria das cenas dentro de um hotel, focando bem mais no salão de festa e na sala de controle das câmeras, tivemos bons atos em vários outros ambientes, muitos carros blindados e gigantes, e armas de todos os estilos possíveis desde brancas até lança-mísseis gigantescos, passando por todo o miolo, tivemos bons figurinos e desenvolturas de elementos nos ambientes, mostrando que a equipe gastou um belo orçamento, e assim fizeram jus para mostrar tudo na tela.

Enfim, é um filme que até podemos dizer que é mais do mesmo, afinal já vimos tantos filmes desse estilo que até ficamos esperando acontecer determinados momentos, mas que ele tem um bom funcionamento na tela, e que sendo rápido sem grandes alongamentos cênicos acaba entregando uma boa diversão e tensão para quem curte o estilo. Então fica a dica para conferirem, e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.


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Amazon Prime Video - Sujo

4/10/2025 12:36:00 AM |

Sempre que vemos um filme enrolado, com dramaticidades exageradas e tudo mais do estilo já soltamos que acabou virando uma novela mexicana, porém os dramas do México têm pegada e conseguem se desenvolver também nas telonas sem forçar a barra, e um grande exemplo disso é "Sujo", que estreou na Amazon Prime Video depois de uma grandiosa campanha por festivais, tendo levado inclusive o prêmio do júri em Sundance no ano passado. E ele trabalha tão bem a dinâmica que se passa na cabeça de um jovem, se um dia ele conseguiria mudar quem ele "nasceu" para ser, sem seguir os passos dos pais que viviam no meio conturbado ilegal do país, como no caso os famosos sicários, e o bacana da produção dividida em capítulos pequenos funciona para vivenciarmos os personagens ao redor do garoto, e como ele vai se moldando e se desejando moldar, ao ponto que funciona bem na tela, porém acredito que tenha faltado cravar mais nos espectadores, para que conseguisse emocionar, pois esse mínimo detalhe acabaria elevando a produção para um nível fora dos padrões, mas ainda assim é um grande exemplar de que nem todo drama mexicano é novelesco.

O filme mergulha na vida de Sujo, um jovem que testemunha o assassinato brutal de seu pai, um assassino de aluguel de cartel, aos quatro anos de idade. À medida que Sujo cresce da infância para a vida adulta, ele lida com o legado assustador do passado violento de seu pai, lutando para escapar de suas garras e trilhar seu próprio caminho.

Diria que as diretoras e roteiristas Astrid Rondero e Fernanda Valadez foram bem sucintas com o que entregaram na tela, pois mesmo sendo um filme dividido em capítulos, elas acabaram não abusando de nossa inteligência refazendo os momentos a cada nova interação na tela, ao ponto que o resultado cênico consegue funcionar bem e ser representativo sem ficar batendo tanto na história do garoto, deixando que o momento fosse levado pela tela, e principalmente que o rapaz estivesse mais solto e bem colocado para seus momentos, ou seja, é quase um filme de ator, o que é algo muito raro em produções de baixo orçamento, e o resultado funciona bem demais.

E como já falei acima, a trama teve uma pegada de ator muito forte e bem colocada na tela, de forma que o jovem Juan Jesús Varela conseguiu ter um carisma para o seu papel de Sujo quase tênue no limite da timidez, que não chega a ficar oculto, mas também não se explode na tela, sabendo da sua importância cênica sem soar falso ou errar pecando pelo excesso, e assim acaba agradando bastante na tela, e da mesma forma a sua versão mais criança vivida por Kevin Aguillar acaba sendo bem desenvolto e leve para os atos mais tensos. Diria que faltou explorar um pouco mais a personagem Neme de Yadira Pérez, pois ficou muito refugiada da câmera, com poucos olhares marcantes, e talvez com pouquíssimas entonações mais expressivas faria seu papel importar mais na tela. Alexis Varela e Jairo Hernandez conseguiram fazer com que seus Jai e Jeremy tivessem dramaticidade e desenvoltura para o papel mais fechado do protagonista, ao ponto que o primeiro tem atos mais fortes ao final e o segundo atos mais duros no miolo, mas conseguiram não passar despercebidos e sendo bons coadjuvantes. Mas sem dúvida quem teve atos bem expressivos e representativos nos atos finais foi Sandra Lorenzano com sua Susan, de modo que ela chamou a responsabilidade para si, e mostrou que a educação é a melhor arma para mudar uma pessoa, principalmente se essa pessoa quiser mudar, e a atriz foi simples e direta para que seu papel tivesse a emoção, mas não ficasse forçada na tela.

Visualmente a trama mostra primeiro o mundo de uma pequena vila dominada pelos assassinos e os carteis, aonde os jovens são usados como mulas e tudo é muito intenso e fechado, com casas bem simples contrastando com mansões, a vegetação seca e fechada, e a destruição em si separando tudo, com tudo sem grandes chamarizes, mas bem representativos; já na segunda parte vamos para uma metrópole separada pelo trabalho árduo de descarregador de cargas de alimentos que o jovem acaba trabalhando, uma pequena habitação de apenas quarto com beliche, e os jovens treinando para lutas embaixo de uma ponte, e do outro lado a faculdade, com suas festas tradicionais aonde poucos se conectam, e a casa da professora simples, porém aberta para o mundo novo que o jovem pretende entrar.

Enfim, é um filme simples, mas que funciona muito bem na tela, que facilmente poderia cansar, mas que prende o espectador na tela, e sendo sutil com situações fortes, o resultado mesmo que simbólico acaba funcionando bastante e vale a indicação. Então fica a dica para conferirem, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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Amazon Prime Video - Reagan

4/09/2025 12:11:00 AM |

O que mais gosto de conferir em biografias é saber coisas que aconteceram que nunca parei para estudar a fundo sobre alguma personalidade mundial, e a única coisa que lembrava de Ronald Reagan era que foi um ator que virou presidente dos EUA e nada mais, ou seja, os fatos mostrados no longa da Amazon Prime Video, "Reagan", foram bem novos para a minha pessoa, por exemplo que foi ele o envolvido nas negociações com Gorbachev pelo fim da Guerra Fria e consequentemente a queda do muro de Berlim, ou seja, dois grandiosos fatos que lembrava vagamente de ter estudado na escola. Ou seja, historicamente o longa tem muito conceito, e foi até bem atuado por Dennis Quaid, que acredito ter usado muita maquiagem digital para os momentos mais jovens, porém tem um defeito meio que grande: o ritmo, pois os 142 minutos duram muito tempo na tela, e acredito que muitos acabarão vendo ele quase como seriado, pois o miolo enrosca.

O longa conta a história de vida do 40º presidente dos Estados Unidos, desde suas raízes no interior dos EUA, passando pelo tempo em que seguiu carreira artística no teatro e no cinema até assumir o posto mais importante de uma nação: a cadeira na Casa Branca. Contada a partir do ponto de vista de um agente da KBG que espionou o político durante anos, a cinebiografia mostra a infância e a juventude conturbada de Reagan, vivendo sob o teto de um pai alcoólatra. Sua ambição em se tornar ator o leva até Hollywood onde se tornou um contratado da Warner Bros e, mais tarde, chega até mesmo a se tornar diretor do Sindicato dos Atores Americanos. É durante a década de 60 que Reagan mergulha de cabeça na política e entra para a corrida eleitoral na California, buscando, em primeiro lugar, a função de Governador do Estado e, posteriormente, a cadeira presidencial americana.

Diria que o diretor Sean McNamara acabou exagerando um pouco no desenvolvimento do livro de Paul Kengor, pois criou tantas facetas para o tempo de tela, que quase conseguiu contar a vida inteira do personagem, e olha que é tudo em cima da história contada pela investigação de um ex-agente da KGB (que aqui entra outra falha que me irrita muito em vários filmes, de que russos falam inglês fluente - sendo que odeiam a língua por lá!), ou seja, dava para ter trabalhado só o período político do personagem, que provavelmente deveria ser a base de pesquisa do agente, que teria boas dinâmicas e claro levaria ao fechamento mais triste. Porém como o longa não é meu, o que posso dizer é que a forma biográfica foi bem representada na tela, tem um funcionamento interessante, e mesmo tendo um ritmo bem lento, consegue envolver para conhecermos detalhes da vida do personagem, e assim o diretor que gosta de trabalhar mais ficções, acabou enfeitando um pouco para que a trama não ficasse tão engessada.

Quanto das atuações, dava muito bem para pegarem o filho de Dennis Quaid, Jack Quaid, para fazer o personagem jovem, pois mesmo David Henrie aparecendo bem pouco como a versão jovem do papel, usaram muita maquiagem digital para rejuvenescer o protagonista, e também forçaram um pouco demais o sorriso (quase de Coringa) de Ronald Reagan, porém tirando esses detalhes, o ator soube segurar bem a pressão na tela e fazer um dos presidentes mais marcantes dos EUA, tendo facetas bem dialogadas e cheias de conexões com muitos líderes. Dentre os demais, a maioria faz muitas conexões com o protagonista, mas não chegam a chamar as responsabilidades para si, de modo que valem dois destaques para Penelope Ann-Miller como uma Nancy Reagan cheia de dinâmicas e completamente apoiadora do marido, e Olek Krupa bem colocado como um Mikhail Gorbachev bem fechado, mas cheio de disposição nas negociações, fora claro o "narrador" da história bem alocado que John Voight trabalhou na tela.

Visualmente o longa teve cenas bem icônicas que depois durante os créditos vemos as imagens reais muito semelhantes, mostrando que a equipe de arte pesquisou bem e soube reproduzir com muita fidelidade, desde o discurso na frente do muro de Berlim, a negociação dos líderes em uma sala bem tradicional, as discussões no salão oval, alguns bailes e festas do SAG, e também o garotinho Reagan como orador da Igreja, além dos vários atos finais no rancho aonde viveu os dias finais do seu Alzheimer. Outro detalhe legal da equipe de arte foi trabalhar a forma que o ex-agente vai contando para o possível novo presidente da Rússia, com imagens sendo projetadas, pastas de arquivos e livros, o que deu um tom diferenciado.

Enfim, é um longa que funciona bem dentro da proposta de mostrar a evolução do garotinho para ator e de ator quase esquecido para governador, e de governador para um dos principais presidentes do país pelas articulações que teve no mandato, porém é bem lento e recomendo não ver cansado, pois falta dinâmica em muitas das cenas para que o longa fluísse melhor, então fica a dica para ver numa boa tarde tranquila. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Força Bruta: Punição (Beomjoidosi 4) (The Roundup: Punishment)

4/08/2025 12:37:00 AM |

Para ser bem sincero, não esperava que a franquia Força Bruta fosse passar do segundo longa, mas veio o terceiro no ano passado e eis que na próxima quinta 10/04 chega aos cinemas o quarto filme chamado "Força Bruta: Punição" que agora põe o grupo de policiais brigões contra os crimes cibernéticos, principalmente envolvendo jogos de azar online, o que anda muito na moda, mas como eles são do grupo de homicídios, precisarão de algumas ajudas, e basicamente vão ainda bater em muitos vilões (alguns bem imponentes). Diria que o quarto filme segue bem a base do terceiro, sendo menos explosivo, e mais voltado nas investigações e dinâmicas, de modo que ainda temos muita pancadaria, e claro as devidas sacadas cômicas, porém não se amarra tanto no ambiente policial fechado como ocorreu no segundo. Claro que é um estilo de filme que quem curte acaba não ligando para situações bagunçadas, mas dava para polir mais para que ficasse mais redondinho de situações, porém é o estilo da franquia, então que venha muitos outros, afinal o protagonista já virou o próprio personagem.

No longa vemos que o detetive Ma Seok-do é escalado para investigar a misteriosa morte de um famoso desenvolvedor de aplicativos filipinos. Em conjunto com a sua equipe, ele descobre um surpreendente envolvimento de um poderoso homem com grandes casas de jogos de azar. Desde de crimes mais leves até sequestros, eles precisam trabalhar de dentro da Coréia para transformar a grande ameaça do esquema, mas para isso será preciso criar um plano ainda maior e até mesmo sugerir uma parceria.

Diria que é bem fácil enxergar o erro do filme, que é o problema de todas as sequências que falham em algum detalhe: a troca de direção, e aqui para ficar mais complexo foi colocado um diretor quase que estreante na função, afinal Heo Myeong-haeng até teve uma grandiosa entrega em sua estreia, "Em Ruínas", por saber muito do mundo das acrobacias como diretor de dublês e até mesmo como dublê, mas aqui como o filme não necessitava tanto desse meio, ele acabou exagerando ao encher a trama de brigas com facas, e o longa quase saiu de um policial para um filme de lutas marciais, e isso pesou bastante, pois dava para trabalhar bem mais todo o desenvolvimento cibernético, os peixes-grandes envolvidos e certamente a investigação de Ma Seok-do seria melhor trabalhada, pois não digo que as lutas atrapalharam o resultado, muito pelo contrário, deram boas dinâmicas, mas acabou tendo em excesso, e isso nunca é legal de ver, ao ponto que tivemos uma cena com umas 100 pessoas brigando ao mesmo tempo, em uma loucura total que nem sabemos quem é quem ali. 

Quanto das atuações, a base ainda fica toda na responsabilidade de Ma Dong-seok como o brucutu investigador que não leva desaforo para casa e põe todos os vilões para dormir no soco, de modo que seu Ma Seok-do já é quase um mito dentro do cinema de ação coreano, aonde ele fala pouco e desenvolve muito, sendo divertido com seu jeitão, mas não sendo a alegria dos vilões, então funciona bem para o que precisa entregar. É engraçado pensar que um filme policial que já tem um grupo meio bagunçado de policiais, ainda precisa de um ser do crime ainda mais cômico para dar um vértice bobo, mas bem colocado, e isso já vem desde o segundo filme com o personagem de Park Ji-hwan com seu Jang Yi-soo, de modo que aqui ele acabou sendo ainda mais usado na trama, e brincou bastante como um agente secreto, ou seja, é bem infantil seus atos, mas agrada, então vale o que faz. O principal vilão vivido por Kim Mu-yeol é extremamente violento com suas facas, e deu um bom trabalho na briga com o protagonista, de modo que trabalhou um semblante meio sério de quase um psicopata, e soube dosar o tom nos diálogos, se é que dá para se dialogar com alguém do estilo dela, e assim o ator agradou com o que fez. Um ponto interessante dessa continuação é que praticamente os demais policiais do grupo de Ma, ficaram bem em segundo plano, quase nem tendo diálogos ou interações, e isso pesou um pouco na tela, que precisou mais dos outros policiais de crimes cibernéticos, mas sem grandes destaques para chamar atenção no filme.

Visualmente a trama teve atos em grandes galpões, muitas mesas de cassinos virtuais, todo um grupo de programadores para captar membros para os cassinos e claro viciar eles, alguns atos bem trabalhados rapidamente na delegacia, um restaurante simples, muitas lutas, sangue e desmembramentos por facas, além de uma luta inclusive dentro de um avião, ou seja, quem falar que não tem espaço dentro de uma aeronave para filmar pode usar essa referência aqui que deu para fazer tudo. Como disse no começo, foi usado muitos figurantes para as lutas, e isso aumentou em muito o tamanho dos ambientes, mas não soou falso pelo menos, e isso é o que importa.

Enfim, é um bom passatempo para quem curte longas do estilo, mas ainda assim diria que dava para melhorar muito, e se o diretor do terceiro tivesse sido mantido com certeza aqui o resultado seria outro, mas como é pedir demais, diria que diverte e mostra bem esse meio de crime que anda tanto na moda, e como é a briga por trás para mandar nos carteis. Então fica a dica para conferirem nos cinemas a partir de quinta, e eu fico por aqui agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Sato Company pela cabine, então abraços e até logo mais.


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