Netflix - Estrada Sem Lei (The Highwaymen)

3/31/2019 11:16:00 PM |

Ultimamente tem sido bem raro vermos bons filmes policiais, com uma pegada mais dramatizada do que apenas correrias e tiros, mas felizmente quando aparece, vem com força para ser lembrado e merece ser divulgado, o que não acabou acontecendo aqui, pois indo diretamente para o streaming, "Estrada Sem Lei" estreia na Netflix, mas mereceria facilmente diversas semanas em cartaz nos cinemas, pois é uma história bem trabalhada, com um desenvolvimento coerente e clássico do estilo, que até conhecemos o final por ser o lado policial da história de bandidos que vimos no clássico de 1967, mas que com ótimas atuações precisas acabam resultando em um filme cheio de vértices, com uma perseguição cheia de ótimos anseios, e que conforme vamos conhecendo mais a vida dos dois policiais, acabamos mais envoltos no seu cerne, sabendo que mesmo aposentados, estão ali dispostos a conseguir seu objetivo. Ou seja, um filme forte, bem montado, e que misturando dois estilos, o policial e o road-movie, conseguiram empolgar na medida certa para que não tirássemos os olhos da tela, esperando eles conseguirem moldar o tradicional gran-finale já conhecido.

O longa nos conta que Frank Hamer e Maney Gault eram dois policiais aposentados quando Bonnie e Clyde começam sua onda de assaltos e assassinatos. Porém, quando o FBI se mostra incapaz de capturar os bandidos, eles são recrutados como investigadores especiais para resolver o caso.

Se tem um diretor que domina bem a arte de passar boas histórias reais para a telona é John Lee Hancock, que após emocionar todos com "Um Sonho Possível", fazer com que víssemos um grande homem em "Walt Nos Bastidores de Mary Poppins", e nos deixar revoltados com "Fome de Poder", agora eis que ele resolveu os colocar em uma caçada forte aos bandidos mais famosos dos EUA, e contando com um roteiro cheio de desenvolturas como foi feito por John Fusco, o diretor só necessitou ir trabalhando sua caçada com bons elos, pausas dramáticas bem colocadas, criando situações clássicas de diversos estilos policiais, e que sempre a cada parada os dois fossem dialogando seus instintos, e mostrando as virtudes de digamos faro para crimes, mesmo que não estivessem em suas plenas formas. Ou seja, o longa se desenvolveu de uma forma tão condizente, que o diretor só precisou ir moldando o caminho, pois tudo foi sendo encontrado com precisão no roteiro, e as desventuras soaram no melhor clima policial possível, agradando tando quem curte o gênero por não ser apelativo, quanto quem desejava apenas um bom filme, afinal o resultado prende do começo ao fim, e isso já se faz valer a conferida.

Sobre as atuações, acertaram em cheio nas escolhas dos protagonistas, pois ambos possuem facetas expressivas marcantes clássicas dos rangers americanos, que eram durões, não aceitavam muitas regras, e em sua maioria já mais velhos costumavam ser incumbidos de caçarem foragidos realmente. Então dito dessa forma, Kevin Costner caiu como uma luva para Frank Hamer (e nas imagens ao final, mostrou que estava incrivelmente parecido com o verdadeiro), de modo que o ator foi coeso em movimentos, trabalho trejeitos fortes, e conseguindo seguir uma linha mais séria de personificação, deu ao seu personagem algo que se esperava completamente, incluindo o ato da última cena, que foi explicado um pouco antes numa conversa paralela. Da mesma maneira, Woody Harrelson consegue de uma forma descontraída entregar situações cômicas, mas bem preenchidas para com seu Maney, de modo que ficamos sempre esperando ele fazer algum tipo de cagada em cena, mas soube complementar a força de Hamer, com a destreza harmônica para que seu personagem agradasse bastante. Os demais personagens fazem em sua maioria rápidas participações, dando o tom para cada momento, cada policial das cidades por onde passam, e claro os famosos Bonnie e Clyde, mas sem dúvida o destaque fica a cargo de duas mulheres que apareceram pouco, mas fizeram suas poucas cenas incríveis, e foram Kathy Bates como a governadora Ma Ferguson, e Kim Dickens como Gladys, esposa de Hammer.

O visual do filme foi muito bem caracterizado, com boas cenas em meio aos campos, mostrando diversos acampamentos de pessoas devido a Grande Depressão da economia americana, com tendas espalhadas, pessoas sobrevivendo, casas com placas de vendas pelos bancos e tudo mais, e com figurinos bem imponentes dos policiais, e claro seus carros Ford velozes para perseguir os bandidos, ou seja, a equipe fez boas pesquisas e conseguiu encaixar tudo nos eixos para que o longa cheio de armas fortes ficasse visualmente perfeito para que o road-movie funcionasse também. Com tons bem puxados para o marrom e cinza para dar um ar de época para o longa policial, a fotografia somente saía desse tom para as cenas de mortes, aonde o sangue predominava em destaque, o que conseguiu chamar a atenção, ou seja, quase sem sombras o filme foi mais duro e intrigante.

Enfim, é um filme muito bom, que como disse no começo merecia até algum tempo passando nas telonas dos cinemas, pois com boas texturas, uma história bem forte, e claro ótimas atuações, o resultado agradaria bem quem não tem streaming em casa, mas para aqueles que possuem a Netflix, fica uma boa dica de recomendação para conferir. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Só não dei uma nota maior para o filme pelo fato de o miolo ser um pouco alongado, afinal quiseram dar a impressão de uma perseguição bem longa, mas de resto o filme é perfeito.

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Happy Hour - Verdades e Consequências

3/31/2019 03:18:00 AM |

Quando você vê o pôster acima deve pensar se tratar de uma comédia bem interessante, cheia de boas sacadas e tudo mais, principalmente quando você não confere o trailer antes de ir assistir, mas eis que chega na sessão e o longa já começa numa tensão tão forte que pensamos até estar em sala errada, mas não, era o início de uma novela brasileira, misturada com um drama argentino, inserindo pitadas de literatura poética, que resolveram chamar de "Happy Hour - Verdades e Consequências", mais uma parceria entre Brasil e Argentina que acaba resultando em algo bem moldado, mas que enrola tanto na proposta que não conseguimos curtir como poderia, de modo que o filme até flui, mas vai tendo tantas tramas desconectadas, que quando vemos quase que surge mais personagens do que a novela das nove, ou seja, um longa até bem trabalhado dentro do mote de que contar um desejo para uma mulher pode virar uma bagunça imensa na vida de um homem, mas que também quando o vértice inverte, o humor acaba na mesma hora.

A sinopse nos conta que Horácio é um argentino que mora no Brasil há 15 anos com sua esposa Vera. Sua vida muda radicalmente quando por acidente, ele vira um herói instantâneo. Com essa reviravolta, ele decide dar voz aos seus desejos e propõem à Vera um relacionamento aberto. Enquanto Horácio lida com a fama repentina, Vera pensa na separação, mas sua candidatura à prefeitura a faz reavaliar: para ela nunca foi tão importante continuar casada com Horácio.

Em sua estreia como diretor de longas de ficção, Eduardo Albergaria teve em suas mãos atores de peso tanto em longas nacionais quanto nos longas argentinos, e que praticamente não necessitaria muito trabalho para que estes fizessem boas interpretações de seus papeis, porém com um roteiro escrito por diversas mãos, o resultado não dependeu das atitudes interpretativas, mas sim do conflito de histórias que acabam acontecendo quando tem esse modelo, pois geralmente um filme que tem muitas interferências acaba virando novela, e é exatamente o que acabou ocorrendo aqui, com histórias até bem arquitetadas pela alegoria poética que o protagonista entrega, juntamente com a ideia de um relacionamento aberto moderno, mas vertemos tanto para algo mais bagunçado, que o resultado infelizmente não empolga em momento algum, salvo algumas risadas pelas inversões de personalidade nos últimos atos quando a esposa alfineta o marido com a possibilidade da traição. Sendo assim, diria que Eduardo necessitará de um outro longa para empolgar, e falar que foi sua grandiosa estreia, pois nesse ficou devendo, e nem foi tanto por sua responsabilidade, apesar de que ele também assina o roteiro.

É engraçado que o longa contém ótimos atores, que já vimos em outros longas, mas que aqui parecem apenas flertar com a interpretação tradicional, deixando olhares de lado, e quase ditando seus diálogos para algo mais subjetivo e quase narrado, de modo que o filme quase nem dependa deles para funcionar. Sendo assim, Pablo Echarri consegue demonstrar com seu Horácio ao mesmo tempo o desespero do ataque midiático em cima dele, o desejo pela aluna atirada, e claro também o amor respeitoso pela esposa, mas sempre ficando atrás de ensaios narrados, ele acaba cansando o público com o que faz, o que não é gostoso de ver na telona. Letícia Sabatella fica ainda mais ocultada dentro da trama, de modo que sua Vera até se mostra imponente como uma deputada estadual, que acaba sendo forçada a uma candidatura a prefeita de uma maneira até engraçada, mas quando entra para o lado de casa, ela fica simples demais de atitudes, o que soa até estranho de ver, mas ainda assim consegue ser interessante de expressões. Uma das grandes sacadas expressivas ficou a cargo de Luciano Cáceres com seu Ricardo, pois até é visto rapidamente pelo espectador seus reais ensejos, mas o protagonista não enxerga isso, e claro que com essa desenvoltura nos panos secundários, o resultado acaba ficando bem colocado e agradável de ver seus trejeitos e bons momentos. Quanto aos personagens secundários, tivemos alguns leves pontos de destaque para Marcos Winter como o deputado completamente contrário a protagonista Othelo, mas que por interesses políticos vira candidato à vice dela, Chico Diaz também soou interessante como o organizador da campanha cheio de desenvolturas, e claro temos de pontuar toda a sedução que Aline Jones faz com sua Clara.

O lado artístico da trama também foi bem estranho, oscilando com cenas na câmara, com cenas em bares, praias, no apartamento dos protagonistas, mas sempre mostrando pessoas perdidas em frente de onde desejam ir, para mostrar o simples, que não enxergamos o que queremos mesmo estando na nossa frente, ou seja, até que com boas analogias, a trama se encaixa dentro de um vértice maior, mas sem muita ousadia, o resultado soa simples até de atitudes visuais.

Enfim, um filme mediano, que quem gosta de novelonas até pode achar interessante, mas que certamente não será algo que empolgará ninguém. Sendo assim, deixo a recomendação bem em segundo plano, apenas para aqueles que gostem do estilo, e desejam ver uma produção mista entre Brasil e Argentina. Bem é isso pessoal, fico por aqui encerrando a semana no cinema, mas logo mais volto com textos do streaming, então abraços e até logo mais.

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A Rebelião (Captive State)

3/30/2019 02:25:00 AM |

Tem filmes que nos fazem lembrar outros pelas conexões, situações, mas que quando deslancham sequer parecem ser ao menos um filme, e isso aconteceu aqui com "A Rebelião" que até possui um mote desenvolvido, lembrou um pouco "Falling Skies" pelo estilo, mas só poderia servir de base para algum tipo de início de série, algo como um capítulo alongado aonde mostrariam a dominação dos aliens no poder mundial, e consequentemente as revoltas de alguns do povo, sua montagem para destruir tudo, e por aí vai, como uma grande causa separatista como vemos em diversos países, pois o longa só fica nisso, sem algo a mais para entregar como história, sem um trabalho melhor encontrado, de modo que assistimos o filme inteiro, e saímos tão desapontados com essa "apresentação" de 109 minutos, que fiquei realmente com a impressão de que perdi alguma mensagem subliminar que teria na trama, mas vendo outros textos, realmente foi exatamente isso o que entendi, o que foi tentado passar, ou seja, é uma trama apenas para demonstrar uma causa, a revolta contra um poder maior, e as arquitetações para tentar conseguir essa derrubada. Mas que ainda vou esperar algum diretor maior dar a notícia de que a trama faz parte de algum outro filme, isso irei ficar esperando com certeza!!

O longa nos mostra que há dez anos a cidade de Chicago foi ocupada por uma força extraterrestre. Uma parcela da população vive com medo e outra vive fazendo ataques. Enquanto isso, alguns moradores sentem simpatia e vontade de se aproximarem dos alienígenas.

Como disse no último parágrafo, preciso descobrir algo a mais da produção, pois vindo de um diretor que fez uma brilhante história de origem como foi "Planeta dos Macacos: A Origem", Rupert Wyatt não jogaria um longa com tantos bons atores, interpretando personagens desconexos que não levam a lugar algum, e mesmo o final sendo impactante pelo complexo plano de fechamento ser algo maior do que o comum esperado, a trama é tão bagunçada que sem qualquer explicação mais plausível acaba acontecendo o que vi na sessão de várias pessoas indo embora na metade do filme, ou seja, com uma abertura bem trabalhada, cheia de textos e imagens de arquivo com líderes, passeatas, pessoas comemorando, pessoas lutando, e tudo mais, um miolo praticamente morto com envolvimentos estranhos acontecendo sem muita conexão, nem explicação, aonde tudo leva a uma conspiração maior, que soa frustrada, e um fechamento digamos explosivo e bem interessante, o filme se fosse melhor explicado, ou mostrado, acabaria sendo daqueles geniais que sairíamos da sessão com o queixo no chão, mas como nada disso ocorre, o resultado acaba deplorável de ruim.

Sobre as atuações, temos como cabeça (para não falar protagonista), John Goodman, o que me fez até pensar na franquia dos monstros gigantes (Godzilla, King Kong, etc) que está envolvido, e como ele aparece sempre meio que jogado na trama com seu Mulligan, até poderia surpreender no final com algo do estilo, mas não, apenas foi simples demais seu papel, embora protagonize alguns dos grandes momentos da trama. O jovem Ashton Sanders tinha tudo para que seu Gabriel fosse o protagonista master da trama, mas fechou demais a cara, e ficou estranho na maior parte, até sendo bem encaixado em alguns momentos, mas sem muita desenvoltura para agradar realmente, parecendo que ficou apenas correndo o longa inteiro. Jonathan Majors parecia ser o elo forte da trama com seu Rafe, mas sempre com cabeça baixa, atitudes estranhas, e uma sintonia aparentemente fora do eixo do filme, acabou ficando fraco demais para agradar, de modo que ficou até secundário demais. Agora gostaria de saber que enfeite Vera Farmiga foi fazer no longa com sua Jane Doe, pois sequer teve alguma cena com falas mais chamativas, apenas fazendo caras e bocas em umas três cenas, e nada mais para envolver o público, ou seja, fraquíssima, nem parecendo ser a atriz que muda os longas de terror que costuma fazer. Quanto aos demais, melhor nem falar então.

A equipe visual até conseguiu nos entregar alguns momentos bem tensos, mostrando a cidade bem sitiada, com muitas coisas destruídas, um ambiente bem escuro, e uma festa tradicionalmente americana, aonde se canta hino, tem todo o patriotismo, fanfarra e tudo mais, mas do lado de fora, mostrando os guetos vemos que nem tudo é dessa forma, e com poucos objetos, mas tudo bem colocado para demonstrar as cenas envolventes que aconteceria caso o longa fosse diferente de história. Quanto dos extraterrestres, fizeram um visual até que bem interessante, aonde vemos algo completamente disforme, com sons estranhos e que possuem claro uma única pretensão, a de dominar o mundo e seus recursos, mas foram tão pouco utilizados, que quase nem lembramos que eles estão no filme. A fotografia foi bem densa, cheia de tons escuros que conseguiram moldar a trama, mas o seu uso foi tão subjetivo quanto os atos dos personagens.

Enfim, um filme fraco demais para algum resultado mais chamativo, que não conseguiu chegar aonde desejavam, e o pior, que faz o público perder quase duas horas na sala de cinema para nada, mesmo tendo grandes atores para ao menos chamar a atenção. Sendo assim, com toda certeza não recomendo ele para ninguém, ainda mais tendo outros ótimos filmes em cartaz, então fica a dica para fugir desse. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Dumbo em Imax 3D (Dumbo)

3/29/2019 02:05:00 AM |

Ainda estou me perguntando se realmente estamos no ano 2019, pois esse ano tem tantas refilmagens da Disney estreando que por vezes acho que voltamos lá trás, e eis que surgiu o primeiro do ano com "Dumbo", o clássico do bonitinho elefantinho que emocionou muitos nos anos 40/50/60/70/80/90, e até hoje quem consegue ver o desenho ainda deixa escorrer algumas lágrimas, porém agora com uma versão moderna, cheia de efeitos, e claro com um tom completamente diferenciado, afinal, nada menos que o maluco do Tim Burton foi escolhido para recriar esse mundo fantasioso, e ele felizmente não exagerou no que acabou entregando, tendo bons momentos emocionantes, trabalhando bem a alegoria circense para que o filme tivesse diversão, movimento e envolvimento, e facilmente os efeitos colocados por ele, juntamente de cores mais duras resultaram em algo que nos faça remeter bem a infância, dando boas lições de separações, de enfrentamento dos medos, e até sabendo dosar atitudes de humanidade. E sendo assim, o diretor nem quis colocar toda sua maluquice à prova, e nem exagerou no tom dramático demais que muitos esperavam de sua parte, deixando a trama gostosa de ver, emocionando bem de leve (esperava lavar o cinema!), e ainda assim fazendo um filme com sua cara, ou seja, um resultado agradável de acompanhar.

O longa nos situa em 1919, Joplin, Estados Unidos. Holt Farrier é uma ex-estrela de circo que, ao retornar da Primeira Guerra Mundial, encontra seu mundo virado de cabeça para baixo. Além de perder um braço no front, sua esposa faleceu enquanto estava fora e ele agora precisa criar os dois filhos. Soma-se a isso o fato de ter perdido seu antigo posto no circo, sendo agora o encarregado em cuidar de uma elefanta que está prestes a parir. Quando o bebê nasce, todos ficam surpresos com o tamanho de suas orelhas, o que faz com que de início seja desprezado. Cabe então aos filhos de Holt a tarefa de cuidar do pequenino, até que eles descobrem que as imensas orelhas permitem que Dumbo voe.

A grande sacada de Tim Burton foi fazer um filme com sua pegada, mas sem colocar força nem loucura suficiente para destoar do clássico, de modo que embora tenha mudado muita coisa, a trama funciona da mesma forma, os símbolos ainda estão colocados, e tudo deslancha maravilhosamente sem cansar, e o mais surpreendente é que o roteiro também foi de alguém que sequer pensou em fazer uma animação, afinal Ehren Kruger é especialista em filmes de terror e de ação, e ainda assim conseguiu encontrar carisma suficiente para que seu roteiro tivesse alma. E falando em alma, a dupla foi incrível em decidir que os animais não falariam, e só transmitiriam seus sentimentos com olhares, como realmente acontece na vida real, e dessa forma todos foram coesos nos olhares, e o pequenino elefante foi tão mágico nos seus olhares, que nos vemos como ele encantados a cada ato de aprendizado com os elefantes bolhas pulando, quase chorando ao ver sua mãe partindo, e cheio de expectativas a cada movimento de voo, ou seja, algo muito sutil e belo de ver, que funcionou juntamente dentro do contexto que a trama pedia por completo. Claro que se esperava muito do longa, principalmente por ser um clássico, por ter um diretor impactante, e claro por tudo de mágico que a Disney costuma proporcionar, e assim sendo, as expectativas estavam até altas demais, mas diria que o filme funciona de maneira leve, não causando tanto como poderia, e assim, o resultado também soa leve, e talvez um pouco mais de atitude e emoção daria um tom mais emotivo para o longa.

Antes de falarmos dos humanos em cena, temos de pontuar para a computação gráfica que criou os elefantes mais perfeitos e incríveis possíveis, com um carisma fora do comum, dando para o pequenino toda a simpatia gostosa de ver que emociona e agrada demais, e além deles, tivemos cavalos treinados, cachorros, e até ratinhos bem colocados, que no original tinham uma participação maior, mas aqui desaparecem logo no começo. Dito isso, temos de dizer de cara que o estilo Tim Burton de colocar personagens caricatos e excêntricos permanece em alta, pois tivemos um Michael Keaton tão cheio de trejeitos com seu Vandevere, que até chegamos a pensar que Johnny Depp foi contratado para a produção, mas não, Keaton estava lá presente, cheio de estilo, e com boas dinâmicas fortes fez seu trabalho, mas certamente poderia ter sido mais imponente em alguns atos para funcionar como um vilão ainda mais maldoso na trama, e claro, odiarmos ele. Colin Farrel é daqueles atores que possuem uma certa imponência nos personagens que faz, e aqui seu Holt até parecia que seria mais forte pelo trailer, impactando mais sem um dos braços, mas acabou que ficou bem encontrado na simplicidade, e até chega a nos envolver em alguns momentos, mas nada que o colocasse como alguém bem importante para a trama. Já Eva Green deu uma personalidade forte para os momentos de sua Colette, conseguindo não só chamar atenção pela beleza da personagem montada para o show, como em trejeitos marcantes e bem desenvolvidos para chamar atenção. Danny DeVito veio simples e efetivo para o show com seu Max Medici, sendo divertido, empolgado e até bem encaixado para o papel, de modo que valeria um desenvolvimento maior de sua gestão como dono do circo, mas ao final, ele volta com grande tino. As crianças Nico Parker e Finley Hobbins deram emoção para os atos junto do elefantinho, e com muita sagacidade, seus Milly e Joe acabam emocionando com ares tristes na face, mas trabalhando bem a doçura no encantar secundário. Quanto aos demais, todos tiveram momentos rápidos no longa, mas sempre procurando ter ao menos um ato de destaque, o que é legal de ver em longas circenses, mas certamente a imponência de Alan Arkin em suas cenas mais fortes valem a olhada para acertar em cheio.

No conceito artístico, a trama encontrou boas locações para erguer a lona, encantando tanto pelo lado mágico do espetáculo em si, sob o teto mais simples do circo dos Medici, aonde tudo soava familiar, cheio de problemas, mas sempre um ajudando o outro, até o colorido mundo de Dreamland, aonde um parque cheio de atrações revolucionárias para a época chama a atenção, conseguindo não só colocar o ato do voo do elefantinho para o centro do palco, mas mostrando que a equipe quis entregar um serviço de composição indo além do necessário, conseguindo encantar pela magia gigantesca nos olhares, pelo espetáculo imenso, e tudo mais, de modo que as cores da fotografia acabam mudando de tom, que enquanto inicialmente tínhamos algo mais puxado para o sépia, cheio de serenidade, ao mudar de rumos, o filme vai para tons mais fortes, imponentes, que desenvolvem o algo a mais, e claro ao final o tom muda novamente para ares mais abertos, em locações abertas, e que chamará muita atenção. Além disso tudo, a computação gráfica conseguiu encantar a todos não só com os personagens criados, como também os shows dos elefantes de bolha de sabão, os efeitos do fogo destruindo tudo em mais do que uma cena, e claro muita desenvoltura cênica para todos os lados. Quanto do 3D, o longa possui bons momentos de voo, alguns elementos saindo para fora da tela, e até alguns atos simples de profundidade visual, aonde o campo de visão chega a brincar com a vertigem do público, o que é bem legal de acompanhar com os óculos, mas também não chega a ser um longa obrigatório de ver com a tecnologia.

O longa foi bem desenvolvido musicalmente também, com entonações leves e bem formatadas para dar ritmo, criando leves compassos fortes nos momentos mais tensos para que o filme fluísse com impacto no público, o que mostra um ar bem coeso dos compositores, mas principalmente foram espertos em usar bons acordes circenses para que o filme ficasse sempre na mesma cadência. Além disso, tivemos uma ótima canção tocada por duas bandas diferentes, o que chama atenção da sonoridade, e os momentos usados, e claro que deixo aqui o link, para todos curtirem.

Enfim, é uma trama gostosa de conferir, que vai emocionar alguns, divertir a maioria, e claro encantar de fofura pelo personagem principal, que juntamente de uma trama coesa e funcional acaba agradando de certa forma. Diria que é um longa que acerta bastante, mas que por estar com uma expectativa alta para o que acabariam entregando, ficou levemente abaixo do esperado, mas que ainda assim vale muito uma recomendação. Ou seja, vá, se divirta, se encante, e claro volte a infância para alguns que viram quando mais novos o desenho, ou entregue para suas crianças uma trama simples e bem feitinha. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais estreias, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Crazy Trips: Budapeste (Budapest)

3/27/2019 01:11:00 AM |

Imagine um filme com uma bagunça imensa, certamente você irá se conectar com "Se Beber, Não Case", e suas diversas derivações. E vendo o trailer de "Crazy Trips - Budapeste", você irá imaginar vendo a versão francesa dessa obra, porém aqui ao invés dos noivos indo passar sua despedida de solteiro, a ideia é mostrar a formação de uma empresa que organiza essas loucuras em Budapeste, aonde segundo o filme se pode fazer qualquer coisa, desde festas malucas até andar com um tanque atirando para todo lado, ou seja, um filme com um mote até funcional, mas que mais vira uma bagunça do que contém uma história didática em si, entregando um resultado não muito empolgante como roteiro, mas que como diversão livre agrada bastante pelas diversas possibilidades que os protagonistas encontram para divertir seu público alvo, no caso, os noivos. A trama flui bem, tem algumas reviravoltas com lições colocadas, mas como não estavam procurando isso para o filme, o longa quase se perde nas brigas familiares, ou seja, poderiam ter deixado isso de lado para que o filme ficasse somente nas loucuras, mas de certa forma, acabaria ficando exagerado se não tivesse as quebras.

A sinopse nos conta que cansados de seus trabalhos e de suas rotinas cansativas e monótonas, dois amigos colocam tudo a perder quando decidem viajar para a Hungria seguindo o sonho de se tornarem planejadores profissionais de grandes festas e despedidas de solteiro. No entanto, quanto mais eles se esforçam para serem bem sucedidos, mais acabam se metendo em furadas.

O diretor francês Xavier Gens que já fez longas de todos os gêneros possíveis, aqui resolveu brincar muito com seu filme, entregando todas as loucuras possíveis em cima do roteiro do protagonista Manu Payet e Simon Moutairou, de modo que o filme pelo que é dito no começo é baseado em uma história real de uma empresa francesa que leva malucos dispostos a fazer sua despedida de solteiro (ou EVG como é chamado no longa) em Budapeste, ou seja, realmente existiu algo nesse naipe (não sabemos com tanta loucura!) que até tem sentido para aqueles que desejam extrapolar nos últimos dias como solteiro, e diria que o acerto do diretor foi bem colocado, mas claro que ninguém quer entregar somente bagunças em festas, tiros e tudo mais, aí é que entrou o problema do filme, pois com algumas discussões meio que bobas entre os protagonistas e suas esposas, o que acaba soando até jogado demais na trama, resultando em algo perdido, ou seja, pode até parecer maluco o que vou falar, mas estou reclamando da tentativa de colocarem diálogos aonde o público desejava só bagunça, e sendo assim, o filme tentou ser algo maluco, e conseguiu, e só.

Não diria que os protagonistas interpretaram papeis, mas sim curtiram as loucuras, fazendo caras e bocas bem encaixas, de modo que Manu Payet com seu Vincent mais centrado, conseguiu explorar um pouco mais, teve situações mais contidas para seu papel, e demonstrou algumas atitudes mais empreendedoras, mesmo no meio do tumulto todo, dando bons cernes para cada ato seu. Em compensação Jonathan Cohen deixou que seu Arnaud fosse cheio de cenas gritadas, mostrando desventuras e mentiras sem parar, e com um ar mais louco chamou as cenas mais bizarras para si, e não desapontou. Mas se vamos falar de bizarrices, temos de apontar o louco master da equipe, que ficou a cargo de Monsieur Poulpe como Georgio, que se jogou no personagem fazendo de tudo o que se possa imaginar, e trabalhando diversos momentos cômicos para que o filme funcionasse. Quanto ao lado feminino, as esposas Alice Belaïde e Alix Poisson como Cécile e Audrey foram coesas em suas cenas, embora sejam as que faltaram trabalhar melhor o roteiro para que não ficassem tão jogadas, mas ainda assim, souberam trabalhar os olhares e não foram tão ruins.

Agora sem dúvida alguma o ponto alto do longa ficou a cargo da equipe artística que criou festas incríveis em boates insanas (pode até ser que em Budapeste tenha todas essas festas e eles apenas alugaram para fazer algumas filmagens, e isso tenha barateado o longa, mas como não conheço a cidade, vou imaginar que foram criativos!), trabalhou com figurinos repletos de detalhes para chamar a atenção, encontrou tanques, armas, carrões e tudo mais para dar um ar gigantesco para as cenas no campo, e claro desenvolveu os escritórios e hotéis com luxos para realçar tudo ainda mais, ou seja, um design cênico bem moldado para que o filme ficasse bem colorido, e cheio de intenções para que o público fique olhando ao redor, e esqueça da bagunça completa do roteiro, ou seja, a velha fórmula de encher a tela para que a história desapareça e ainda o público goste do resultado.

Enfim, é um longa que dá para curtir sem ter muita pretensão de ver uma história realmente, pois mesmo mostrando as ideias empreendedoras dos protagonistas (a cena dos cálculos é algo muito bem sacado e feito na medida!), a trama parte de algo que teria uma história para se desenvolver, e logo vira a loucura completa, o que não é algo funcional como cinema realmente, e sendo assim, vale a conferida somente se você quiser ver cenas bem malucas, afinal nesse quesito foram perfeitos, ou seja, é algo divertido de conferir na Netflix, que vale pela curtição e nada mais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Durante a Tormenta (Durante la tormenta) (Mirage)

3/26/2019 01:07:00 AM |

Como ser surpreendido por uma novelona espanhola (que é igualzinha as mexicanas) que mistura o estilo de "Efeito Borboleta" com uma pegada mais cheia de reviravoltas possíveis, aonde a surpresa é a virada total nos últimos atos, que chega até a arrepiar?? A resposta está prontinha para quem conferir o longa da Netflix, "Durante a Tormenta", que acaba demorando um pouco para que tudo aconteça e se desenvolva com precisão cirúrgica, mas quando resolve explodir meus amigos!!!! Diria que o longa espanhol até poderia ser mais curto, para que as situações se resolvessem mais rapidamente, mas com toda a síntese sendo pensada ao final, reflito que o longa teve o tempo correto de desenvolvimento, e que com muita sabedoria acaba nos pegando pela amarração completa de cada ponto mostrado. Ou seja, é um filme que pode cansar muitos, que alguns acabarão nem vendo o final explosivo e como consequência irão reclamar de tudo, mas confesso que tudo é tão forte na essência final, que quem suportar esperar, terá grandiosas surpresas e certamente irá ficar muito feliz com tudo.

O longa nos mostra que uma inusitada interferência entre duas épocas diferentes faz com que Vera, uma mulher casada e feliz, salve a vida de um menino que morou em sua casa há 25 anos. O ato de bondade distorce a realidade e Vera acorda em uma realidade totalmente diferente, onde sua filha nunca nasceu e ela nunca conheceu seu marido.

Chega a ser tão preciso o trabalho do diretor Oriol Paulo, que não mesmo nos enrolando por demais com tantos personagens, tantas subtramas, e até encaixes completamente desnecessários, o que torna o longa uma novela imensa dentro de duas horas, ele reverte tudo tão bem nos últimos minutos da produção, que acaba demonstrando um roteiro tão cheio de vértices, que ele até poderia ter quebrado a história pela metade e encontrado outros motes, mas não, o filme se encaixa bem na proposta, e o resultado do trabalho dele acaba ficando incrível de ver. Claro que a soma do bom roteiro, que copia muitas coisas de outros filmes, e enrosca a temática para criar algo maior do que caberia, com uma direção esperta em não entregar de cara muita coisa simples de acontecer para que no final tudo fosse revelado arrepiando o público com os encaixes, deu um ar maior do que o filme teria se visto de outra forma, ou quem sabe uma segunda vez, mas sem dúvida, o trabalho de Oriol foi ser preciso em não deixar a trama correr, pois esse é o fator que queima um filme desse estilo, e sendo assim, o acerto claro ficou a cargo do ritmo imposto, pois mesmo parecendo ser alongado e lento no começo, o filme vai sendo incrementado, e resulta em algo perfeito ao final.

Quanto das interpretações, posso dizer com toda certeza que Adriana Ugarte ralou e muito no longa com sua Vera, pois aparece em quase 90% do filme, e teve um roteiro para interpretar com tantos entremeios, tantas idas e vindas confusas, uma mistura completa de situações que como conseguiu fazer tudo tão bem feito, mereceu o destaque de protagonista, e deu show na tela com trejeitos corretos, emoções contidas e expostas de forma coerente, e acertou em não ficar para o lado nos momentos fortes. Chino Darín vem mostrando serviço a cada novo longa, e com uma desenvoltura bem pautada consegue chamar a atenção para si, de modo que seu Leiria é subjetivo na maior parte do filme, consegue ser imponente em detalhes, e no momento mais propício da trama faz por merecer os bons diálogos que lhe foram entregues, pois impõe precisão no depoimento, impõe precisão na forma de explanar sua opinião conclusiva do caso, e surpreende com trejeitos na medida, que certamente lhe colocará imensas comparações com seu pai, que embora tenha feito um filme bem fraco ultimamente, sempre será um dos melhores atores do mundo. Álvaro Morte é muito conhecido dos fãs da série "La Casa de Papel", e aqui muitos até esperavam um protagonismo maior de sua parte para com seu David, mas o que foi visto foi expressões forçadas quase virando caretas, e pouca atitude para uma desenvoltura melhor do personagem, de modo que não aparenta fluir muito os momentos, nem chamar atenção como poderia, ou seja, ficou bem escondido em todas as cenas que aparecia. Javier Gutiérrez teve cenas bem fortes para entregar com seu Ángel Prieto, e o ator foi coerente com cada uma delas, trabalhando bem a força dos atos, e criando trejeitos bem simpáticos como se fosse 100% inocente em todos os momentos, o que dá raiva por um lado, mas mostra que o ator foi preciso no que precisava. Quanto aos demais, a maioria aparece pouco e não tem grandiosos destaques, e mesmo o garotinho Julio Bohigas sendo semi-protagonista em muitas cenas com seu Nico, ele apenas fez caras e bocas se surpreendendo com a TV falando com ele, e não colocando muitos momentos para desenvolver ele, a equipe raspou de errar feio com o longa inteiro, mas a cena de aceleração de tempo foi tão bem precisa, que o show ali usando vários atores acabou agradando demais.

No conceito artístico a trama brincou bem com o visual dos anos 80/90 (que anda tanto em moda nos filmes), trabalhando bem a cenografia como a TV, a câmera, os carros, objetos das casas e tudo mais, bem como ao colocar o longa nos anos atuais, foram sutis nas mudanças não insultando o cérebro do público, mostrando que muitos lugares se mantiveram da mesma forma, mas outros deram designs mais trabalhados (uma boa comparação ficou a cargo do ultrassom que é mostrado nas duas épocas e mostram completamente a evolução do aparelho!), além disso, o filme brincou muito com o ar do toque para mudar as lembranças da protagonista, e com acelerações bem encaixadas, a equipe de arte teve de compor diversas subcenas para serem mostradas ali, o que deu um ar bacana para o filme, mas certamente custou muito do orçamento para ter tantas cenas extras a disposição dos editores. Ou seja, o filme teve uma produção grandiosa, com um orçamento baixo, e isso mostrou o grande trabalho técnico para que o filme ficasse convincente, mesmo com raios e trovões digamos estranhos.

Enfim, um longa que até a metade estava pronto para tacar todas as pedras pela enrolação aparente, mas que com a grandiosa virada no final (tá, eu esperava um pouco pelos protagonistas!) acabou mudando tanto minha opinião sobre ele, aceitando que tudo o que foi mostrado era completamente necessário, que posso dizer que ele se encaixa entre os melhores filmes da Netflix que vi até hoje, e sendo assim, quem for assinante do streaming fica a grande dica, pois se você gosta de longas com reviravoltas empolgantes, esse é um exemplo claro que vai animar seu dia. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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O Retorno De Ben (Ben Is Back)

3/25/2019 01:20:00 AM |

Já tinha dito esses dias atrás o quão difícil é para uma família ter uma pessoa viciada em drogas, que dificilmente consegue sair da situação, e geralmente acaba machucando mais seus entes do que tudo, mas se no outro filme a situação era light apenas pelas internações e sumiços, aqui em "O Retorno de Ben" o problema é bem mais embaixo, pois tendo como base uma cidade pequena aonde alguns morreram envolvidos com o protagonista, sua volta de uma clínica de reabilitação vem como uma facada monstruosa trazendo outros problemas, além claro da iminente possibilidade das crises, e claro que para uma mãe isso é o fim, não conseguir confiar no filho, não saber como pode ajudar, e tudo mais. Pois bem, usando desse argumento fortíssimo, com um teor tenso a cada momento, colocaram uma atriz que sabe dominar essa tensão com primor, e o resultado é único, um filme que amargura a cada ato, e que comove com dor no peito a cada nova situação, mas que por ser meio trancado de opiniões, e praticamente ser o miolo de um filme, já que não sabemos muito do que ocorreu antes (só sendo colocado alguns motes jogados), e não vamos saber muito do que rola após o filme, o resultado não flui tão bem, e sendo assim, poderiam ter ido até mais forte em tudo, para aí sim o chão desabar.

A trama nos conta que Ben Burns é um problemático jovem que volta para a casa de sua família certa noite de Natal. Sua mãe preocupada, Holly, o recebe com todo amor, porém logo percebe que ele ainda pode trazer perigo para seu lar. Durante 24 horas que podem mudar sua vida para sempre, Holly deve fazer de tudo para impedir que sua família seja destruída.

Embora seja calorosa a recepção que a mãe dá para o filho num primeiro momento, podemos dizer claramente que o filme de Peter Hedges é extremamente frio, com nuances duras a todo momento com a desconfiança familiar (afinal aparentemente o jovem já destruiu outros natais e celebrações da família!), com diversas aparições de ex-amigos traficantes e problemas para todo lado, mas principalmente pelo diretor ter colocado uma pulga a mais jogando a responsabilidade para seu filho Lucas, o colocando como protagonista da trama, e se no longa anterior que ele dirigiu o filho ainda era bem jovem, agora ele poderia mostrar para o pai que é extremamente expressivo e conseguiria agir com responsabilidade para cada ato importante da trama, ou seja, é nítido em todas as expressões do garoto a necessidade de entregar um filme perfeito, e o diretor claro que exige isso a todo momento também. Com esse jogo de atitudes, a trama só precisava claro para fluir melhor a tensão alguém que soubesse se entregar para o filme a sensação de desespero, e claro que o diretor teve uma ajuda imensa da ótima personalidade de Julia Roberts, ou seja, com seu roteiro forte, atores bem dispostos, e ele colocando fogo no gelado clima tenso que criou, Peter só necessitava ter criado uma história melhor de começo (ou talvez alguns flashbacks fortes mostrando os conflitos passados do garoto, as coisas que ocorreram na cidade com ele, e por aí vai), e talvez fechar seu filme uns 5 minutos a mais, que aí sim teríamos algo incrível para lavar o cinema, mas ainda assim da forma que é apresentado, muitas mães certamente irão se desesperar muito, e o resultado será funcional ao menos.

Sobre as atuações, de fato Julia Roberts está incrível como sempre, e desesperada para tentar colocar seu filho debaixo de suas asas maternas e não deixar que nada lhe aconteça, e que principalmente ele não volte para as drogas, e dessa forma cheia de personalidade, sua Holly é mais forte do que o comum, conseguindo mostrar a personalidade que tanto coloca em seus filmes, mas sendo coesa para não soar exagerada, e assim sendo, a atriz dá mais um show. Diria que Lucas Hedges tem estilo, mas é meio que sem expressão, de modo que seu Ben é intrigante por tudo o que passa, mas não consegue comover com suas atitudes, e isso é algo ruim de observar, pois ele poderia ter sido daqueles que o público se apaixonaria ou odiaria pelo que faz, mas não atinge nenhum grande ápice. Quanto aos demais, praticamente todos ficaram em segundo plano, e não chamam a atenção devida, tendo raras cenas de desespero por parte de Kathrryn Newton com sua Ivy, e uma superproteção por parte de Courtney B. Vance como Neal, mas como falei no começo, não tivemos as histórias antes do momento atual do longa, e assim sendo eles parecem meio que jogados na trama também.

A parte cenográfica foi bem trabalhada, mas funcional para representar alguns momentos, como a ida ao grupo de dependentes, o passeio conturbado numa loja de shopping, as casas de possíveis pessoas que pudessem ter cometido o crime, e claro a própria casa com a grandiosa lembrança do sótão, além claro da conturbada ida à missa aonde todos olharam caoticamente para o protagonista, ou seja, o filme nesse primeiro ato foi denso de olhares, mostrando tudo o que um passado ruim trouxe para a família, e até esse ponto a dose ficou a cargo da tensão pelo garoto, mas num segundo ato, a equipe já passou a mostrar o lado do tráfico, indo em lugares escuros, com usuários se drogando em vielas, na beira do rio, e claro, o traficante atiçando ainda mais o jovem, e claro a mãe se desesperando ao passar por esses lugares. Ou seja, a equipe artística pesquisou bem para entregar um longa denso para ambos os lados, e ainda funcionar como quase um road-movie nas cenas dentro do carro passando por todos esses pontos, ou seja, uma façanha imensa, que a fotografia soube dosar os tons sempre puxados para o mais escuro para criar tensão, mas por ser um inverno natalino, o clima frio e o branco da neve sempre contrapondo para criar as nuances.

Enfim, é um filme forte, bem trabalhado, mas que poderia ser muito mais impactante contendo mais informações cênicas gravadas, e não apenas ditas pelos personagens, de modo que o filme acaba sendo muito subjetivo, e funcionando mais para familiares e/ou pessoas que conhecem outros viciados em clínicas, que tiveram grandiosos problemas na vida social, mas que mesmo da forma singela entregue vai comover muitos, e envolver bastante o público, sendo algo com um bom tom, que agrada e funciona razoavelmente bem, valendo a recomendação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, encerrando a semana nos cinemas, mas volto em breve com alguns textos do streaming, então abraços e até logo mais.

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Chorar de Rir

3/24/2019 05:21:00 PM |

Andamos vendo muitos comediantes tentando aparecer com filmes e peças dramáticas, e geralmente a crítica cai matando em cima da falta de qualidade em cima dos atores, muitas vezes até pegando bem pesado, e alguns até possuem bons tinos para ambos os lados, mas nem sempre transparecem como deveria. Pois bem, no longa "Chorar de Rir", tentaram mostrar bem essa ideia, ousando tirar sarro num primeiro momento, mas sendo bem seguros do que desejavam no fechamento, de modo que o filme acaba tendo uma fluência bem oscilante entre comicidade e dramaticidade, mostrando situações bizarras, e outrora diversões eloquentes para tentar comover. Porém, com essa briga de gêneros tanto na temática, quanto na atuação, o resultado acaba não fluindo como desejavam, não fazendo com que o público risse das cenas, muito menos se comovesse com o resultado proposto, mas longe de ser algo que tenha ficado ruim de ver, a trama molda bem o papel do artista, mostra que nem sempre fazemos e agradamos quem está do nosso lado, e de certa forma mostra algo que bem sabemos, que Hassum sabe muito bem fazer piada em cima dele.

O longa nos mostra que a estrela do programa de TV "Chorar de Rir”, Nilo Perequê é um grande nome da comédia no país. Quando ganha o prêmio de melhor comediante do ano, o humorista decide mudar radicalmente sua carreira e se dedicar totalmente ao drama, deixando sua família e seu empresário desesperados.

Em seu segundo longa-metragem, Toniko Melo conseguiu mostrar uma segurança cênica nas cenas mais trabalhadas, colocando certas ousadias que não costumamos ver na telona em longas que misturem dois gêneros, e dessa forma diria que seu estilo foi bem encontrado na forma de dirigir, só pecando talvez pela indecisão de qual deles dominar, e esse talvez seja o maior problema do filme. Não digo que tenha sido algo ruim de acompanhar, mas certamente poderiam ter usado da mesma ousadia de cenas em preto e branco nos sonhos, as pegadas de entrevistas, e até as boas sacadas durante os créditos, para moldar o filme inteiro, pois conseguimos até enxergar uma produção grandiosa, com uma história bem colocada, mas a todo momento o filme parece perdido de qual toada entregar, e isso é algo que não cabe bem em nenhum dos dois gêneros.

Já disse isso outras vezes, e sempre enxerguei Leandro Hassum como o Jim Carrey brasileiro, e se o antes ator de comédias hilariantes americanas mudou para o drama, porque nosso gordinho que emagreceu aos montes também não pode? E ele responde isso com boas piadas, que não fazem rir, mas que trabalham nossa mente, funcionando como uma esquete grande e bem moldada, que o ator até força um pouco a barra para chamar atenção, mas que não fundo consegue funcionar, e agradar com seu Nilo Perequê. Monique Alfradique como par romântico é algo fácil de olhar, e a atriz não chama tanta atenção cênica com sua personagem por ser deixada de lado, mas ao menos é um bom colírio para os olhos. A trama ainda contou com muitos personagens secundários de bons atores como Fúlvio Stefanini como um grande ator dramático que dá consultoria para o protagonista, Rafael Portugal como o como um humorista concorrente, Natalia Lage e Otavio Müller como irmã e empresário que vivem as custas do protagonista, e até bons tinos com Jandira Martini e Perfeito Fortuna como pais do comediante, mas sem dúvida mesmo aparecendo pouco o destaque ficou a cargo de Sidney Magal como o mago Papano, que chamou toda atenção possível nas suas duas cenas mais tensas.

A trama no conceito artístico teve u funcionamento até que bem interessante, com boas propostas tanto para o programa humorístico, quanto no programa de fofocas remetendo bem aos programas desse estilo que temos na TV atualmente, e mesmo nas cenas nas casas, o resultado mostra uma preocupação bem colocada com detalhes para realçar dinâmica com resto dos artistas que bem vemos nas páginas de fofocas. Além desses momentos, tivemos duas ótimas personificações com as cenas no mundo da magia com o Papano, aonde o místico foi bem construído com outros conhecidos famosos ou caricaturas deles que tentaram mudar de ramo, e ali a graça foi completa de modo que mereceria uma atenção maior, e também deram boas cenas para a montagem teatral de um Hamlet com exercícios cênicos e tudo mais, ou seja, uma preocupação bem usada, e que se fez valer a produção criativa da equipe de arte.

Enfim, passa bem longe de ser um filme perfeito, principalmente pelo problema da dúvida entre comédia e drama, mas embora não faça nem rir nem emocionar, o resultado cênico, e a mensagem passada, também passa bem longe de ser algo para ser jogado fora. Diria que fica entre os longas medianos que costumamos ver, e que a dúvida de ser ou não ser um longa cômico, pesou muito no resultado final. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - O Menino Que Descobriu o Vento (The Boy Who Harnessed The Wind)

3/24/2019 02:28:00 AM |

Quando belos dramas reais acabam virando filme, geralmente eles conseguem nos emocionar em determinados momentos de virada, pois a sacada acaba funcionando para comover, e como passamos boa parte do longa envolvidos com tudo o que vem ocorrendo, o resultado permeia nosso cérebro para sentirmos a emoção junto com os protagonistas. E claro, que isso ocorre no ápice de "O Garoto Que Descobriu o Vento", e que o pôster revela mais spoilers que qualquer fanático chato de longas de filmes de super-heróis. E com essa essência, a trama em si é bem forte, consegue prender a atenção, só que possui um problema tão forte que raspou a trave de transformar o longa numa tortura cansativa sem limites: ser a primeira direção de um ator famoso, que até tentou ser ousado em alguns momentos, mas que tentou trabalhar tantos vértices na história, que por bem pouco quase não conseguiu mostrar nenhum direito. Ou seja, é um bom filme, mas que não flui como deveria, e cansa bastante no miolo, para trabalhar política, cultura e tudo mais, voltando mais ao final para o que realmente importava, e assim emocionar e funcionar.

A sinopse nos conta que sempre esforçando-se para adquirir conhecimentos cada vez mais diversificados, um jovem de Malawi se cansa de assistir todos os colegas de seu vilarejo passando por dificuldades e começa a desenvolver uma inovadora turbina de vento.

O longa tentou mostrar que com estudos, e pensamento fora da caixa, se pode ir muito além do que sua família, sua vila, ou até mesmo os seus costumes trariam para você, e com essa dinâmica encrustrada no roteiro de Chiwetel Ejiofor, que é baseado no livro de William Kamkwamba, o diretor e roteirista até tentou colocar força nos atos, mostrar processos políticos difíceis que acontecem aos montes na Africa, e primorosamente mostrou que a fome sempre mata por onde passa, causando guerras, brigas, e tudo mais, mas aí é que entrou a falha de Chiwetel, que se você reler esse meu parágrafo verá que falei praticamente nada dos ensinamentos mostrados nas escolas do país, das desenvolturas da irmã que sempre desejou cursar a faculdade e era mal-vista pela família por desejar isso, e por aí vai, pois ele quis mostrar coisas demais, e desfocou um pouco a atitude do garoto em tentar estudar mesmo sem que os pais pagassem seus estudos, indo escondido para a escola, mexendo seus pauzinhos para ser criativo e inventivo, ou seja, só com o garoto e suas desenvolturas, o diretor poderia ter ido bem longe, e feito um filme incrível, mas quando se quer demais, o resultado sai de menos, e assim, embora o filme seja bem tocante no final, o miolo acaba forçado demais para retratar tudo o que desejavam.

Quanto das atuações, posso afirmar facilmente que todos se dedicaram bem aos seus papeis, e que o jovem Maxwell Simba foi muito doce e cheio de vivências para seu papel de protagonista como William, de modo que mesmo não sendo experiente, soube jogar as atitudes para cima de cada ato, e com simplicidade nos trejeitos, ele conseguiu chamar a atenção sendo sutil e bem atento em cada momento. Chiwetel é um tremendo ator, isso já foi mostrado em tantos filmes, que nem precisaria se colocar como protagonista aqui, e claro que seu Trywell foi dinâmico, emocionou pela forma rudimentar de encarar as diversas situações, e chamou para si a responsabilidade cênica em diversos momentos, mas como é coadjuvante nas cenas com o garotinho, ele como todo bom diretor, deixou que a câmera não lhe valorizasse tanto, mas ainda assim agradou bastante. Quanto dos demais personagens, diria que necessito falar mais das mulheres do que dos homens, pois esses foram coesos nas atitudes, trabalharam bem encaixados, mas nada que se destacasse, enquanto Aïssa Maïga emocionou nas cenas fortes de sua Agnes, Noma Dumezweni entregou a bibliotecária com muita doçura e envolvimento, e até mesmo Lili Banda ficando em segundo plano com sua Annie foi forte de trejeitos para que suas cenas ficassem densas, ou seja, todas caso fossem melhor usadas na trama, chamariam o longa para si, e detonariam.

A equipe artística foi bem forte em mostrar tanto a seca que castiga com muita força o país, quanto também que o desmatamento anda causando um dos problemas mais horríveis que são os alagamentos de diversas cidades/vilas, de modo que nada sobrevive 100% funcional, além disso, souberam mostrar muitas situações bem moldadas, como guerras e assaltos, escolas com quase nenhuma estrutura para aprenderem, casas simples, lavouras simples, e claro o governo truculento que tenta ocultar ao máximo suas opiniões com situações estranhas. E dessa forma, desenvolveram um longa bem denso, escolhido com minúcias nas locações do país para que o filme tivesse um encaixe bem moldado, e quando entraram nas questões místicas, colocaram algo do estilo de uma folia de reis, bem cheia de detalhes, que até valeria ter sido melhor mostrada, mas que ainda assim agrada. A fotografia foi árida num nível fabuloso, com tons secos, amarelados, e que mesmo nas cenas cheias de chuva, o barro acaba moldando tudo para o tom marrom, e assim, a dramaticidade fica seca de vértices também, o que funciona para a proposta do longa, mas ajuda a cansar também o espectador.

Enfim, o resultado final pode até ser tocante, emocionar o público e soar cheio de efetivos e merecedores aplausos, mas poderiam ter trabalhado muito mais o miolo para que o filme inteiro fosse condizente com a trama, não deixando tudo para o fim, e dessa forma o cansaço no miolo quase nos faz desistir de continuar, o que não é bom de acontecer num longa de streaming, pois o controle está muito perto de fazer com que o público escolha outro longa, mas ainda assim, afirmo que é pelo resultado completo válido de conferir. Volto a frisar o que Cuarón falou nos seus discursos de diversas premiações, que o streaming e o cinema precisam caminhar juntos, pois assim como aconteceu com "Roma", que tem muitas qualidades, e ainda assim dificilmente passou em pouquíssimos cinemas, no caso desse aqui, seria com certeza impossível de ser visto em uma sala com no máximo 3 pessoas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Nós (Us)

3/23/2019 03:26:00 AM |

Existem diversas palavras que daria para definir o novo longa de Jordan Peele, "Nós", mas a principal é genial, pois é daquelas tramas que se diferem de tudo o que já vimos, que brinca com duplicidade, que entrega expressões icônicas, que sabiamente se encaixa em um perfil para discutirmos, e muito mais! Aí você vem e me fala que o longa anterior do diretor também foi assim, e sim, ele ousa beber da mesma fonte, mas se lá a trama entregava algo com mais sutilezas, aqui o filme inteiro flui causando tensão, vai nos permeando com dúvidas, sagacidades e tudo mais, para que ao final, ligássemos tantos pontinhos que nossa cabeça parece até que vai explodir, e aí vem a dúvida: como vou escrever do longa sem entupir de spoilers, e eis que estou aqui, escrevendo e me acorrentando para não soltar nada que esse novo gênio do terror sem assustar, conseguiu encontrar em sacadas bem dinâmicas que vão deixar todos com muitas pulgas nas orelhas, alguns odiando tudo o que foi mostrado, mas outros desejando aplaudir tamanha a loucura e o impacto que o longa causa. Felizmente, estou nesse último grupo, pois estou em êxtase com tudo, que só estou imaginando a quantidade de prêmios que esse cidadão ainda vai ganhar com o filme.

A sinopse nos conta que assombrada por um trauma inexplicável e não resolvido de seu passado e agravada por uma série de coincidências estranhas, Adelaide sente sua paranoia se elevar quando sente que algo ruim vai acontecer com sua família. Depois de passar um dia tensa na praia com os seus amigos, os Tylers, Adelaide volta para sua casa de férias com a família. Quando a escuridão cai, os Wilsons descobrem a silhueta de quatro figuras iguais a eles de mãos dadas. NÓS coloca uma cativante família americana contra um adversário terrível e estranho: eles mesmos.

São inúmeras as qualidades do longa, e incrivelmente o diretor, roteirista e produtor da trama Jordan Peele, certamente sabia o que entregaria em sua obra, pois o filme tem nuances tão certeiras, que com apenas dois longas em seu currículo, ele nos permeia com sabedoria atos dignos de grandiosos gênios do gênero, encontrando vértices puros que conseguem fazer nossa cabeça ficar pensando demais após conferirmos o filme, e diferente do casual que ocorre em longas de terror, que ficamos com nojo de algumas cenas, arrepiados com outras, ou até pulando de susto em outras, aqui nada disso acontece, pois ele brinca com nossa mente, e causa todo o efeito após, o que faz do filme quase uma diversão durante a sessão, e um turbilhão de ideias enquanto estamos indo para nosso carro no estacionamento. Outro ponto extremamente favorável ao que o diretor fez no longa foi o fato de entregar sua opinião completa com o fechamento da trama, não deixando pontas abertas para que o público decida, entregando em flashbacks tudo o que ocorreu com a garotinha nos anos 80, toda a sacada em cima do que ocorre nos tempos atuais, e principalmente envolvendo com excelentes sacadas cada momento para que o filme flua explicando detalhes, mas não deixando nada bobo demais, ou seja, perfeição em cima da genialidade, e ainda se dá ao luxo de saborear cada momento para mostrar repetidamente e enfaticamente sua ideia. E assim sendo, que venham os louros das premiações, pois novamente ele merece.

Sobre as interpretações, no trailer já achava que era outra atriz ao invés de Lupita Nyong'o como a protagonista Adelaide, pois com uma desenvoltura bem jovem, não aparentava ser uma mãe de família tão cheia de detalhes, mas não, a jovem atriz não só pegou o papel duplo, como deu um show de olhares, de lutas, de enfatizações, e tanto na versão real, quanto na vermelha, a atriz entregou trejeitos tão fortes e bem colocados que chega a assustar a perfeição de movimentos, ou seja, há potencial para ela também nas premiações. Winston Duke funciona bem como alívio cômico para a trama com seu Gabe, e embora tenha cenas tensas, seu personagem acaba mais divertindo do que causando em qualquer um dos momentos, e não que isso seja algo ruim, só poderia ter sentido mais a pressão para que o personagem não destoasse do restante. Os jovens Shahadi Wright Joseph e Evan Alex também foram imponentes com atuações maduras, trejeitos espantados, com medo, e claro, muita desenvoltura cênica para que cada um com seus dois papeis soassem não só diferentes no estilo, mas permanecessem com semelhanças, de modo que tanto Zora e Jason, quanto Umbrae e Pluto são personagens de mesmo nível que a mãe na maioria das cenas. Dentre os demais, tivemos boas cenas também com a família Tyler, de modo que as expressões sarcásticas de Elisabeth Moss e Tim Heidecker encaixaram bem na versão casual com seus Kitty e Josh, mas quando voltaram como Dhalia e Tex, deram um tom expressivo tão bem colocado e monstruoso, que chega a dar medo só de olhar, ou seja, foram muito bem também.

O conceito visual brincou muito com o figurino dos personagens, trabalhando bem com o uniforme vermelho dos "acorrentados" para destoar dos personagens de cima da superfície, então aqui deixo até uma dica, preste bastante atenção no texto colocado na primeira cena do filme, e com uma maquiagem incrível também para diferenciar cada um, o resultado foi algo de primeiríssima linha. Além disso, tanto as casas de praia, como o parque em si, visto nas duas épocas já é algo assustador em si, moldado com linhas tensas ao redor, que mesmo tendo uma desenvoltura alegre, afinal estamos na praia, temos um parque pronto para se divertir com muitos brinquedos, o resultado sabemos só de olhar de relance que não será algo tão bom, e o acerto fica perfeito em todos os momentos, além claro, das cenas subterrâneas, aonde temos os milhares de coelhos, as cadeiras escolares, e na cena que explica tudo, temos atuações de figurantes tão bem feitas, que acabam virando elementos cenográficos precisos e bem incorporados para a trama. Com o tom colocado num nível bem escuro, o longa quase brinca com jogos de sombras, e claro que quando descobrimos o que seriam as outras pessoas, o resultado fica mais denso ainda, porém poderiam ter brincado mais com essa forma subjetiva para causar medo, e infelizmente usaram bem pouco esse recurso, e talvez esse seja o único motivo para que eu não desse uma nota máxima para o filme.

O filme contou com grandes clássicos musicais de rap, e o melhor, trabalhando bem a letra para o público ficar horrorizado com toda a situação, e mudando alguns tons do ritmo original, até "I Got 5 On It" acabou ficando tensa para toda a situação, que juntamente de outras boas entonações musicais da trilha orquestrada, acabou dando teor e ritmo para o longa. E claro que deixo aqui o link de uma playlist com as canções tocadas, e também o link da trilha orquestrada completa.

Enfim, é um filme muito sagaz, cheio de situações bem montadas, que talvez desagrade alguns por não assustar tanto como é comum de vermos em longas de terror, mas que pelo estilo trabalhado, pelo roteiro envolvente, e principalmente pelas ótimas interpretações cheias de trejeitos que vão nos encontrando aos poucos até o derradeiro e certeiro fechamento, o longa não só vale a recomendação, como mais para frente iremos colocar ele como um dos clássicos do gênero, pois tudo foi muito bem trabalhado e cheio de situações para serem lembradas com muita certeza. Como disse mais para cima, talvez alguns detalhes fariam que eu desse um 10 para o filme, e cogitei até a última linha escrever essa nota, mas fico com um 9,7 para ser preciso, e como não tenho notas quebradas, irei dar um 9 para talvez me arrepender muito mais para frente. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Alaska

3/22/2019 10:04:00 PM |

É engraçado observar durante toda a curta duração (82 minutos) de "Alaska" que nos é permeado um conflito intenso ao mesmo tempo que os resticios de um amor esquecido parece coexistir, e em certo momento um personagem secundário diz a seguinte frase: "aqui ninguém é deixado para trás, todo mundo se ajuda", aonde vemos que a separação conflitiva dificilmente será mudada, e sendo assim, temos um filme que inicia de uma forma, gira sem muitas emoções, e que finaliza praticamente da mesma forma que começou, sem atropelos, mas também sem desenvolturas, e por mais incrível que possa parecer, ele não cansa, pois o vértice sempre parece permear algo a mais. Ou seja, um filme simples, bem fotografado pela ruralidade em si, mas que não avança para nenhum afluente, e dessa forma, quem esperar algo acontecer sairá bem decepcionado.

A sinopse nos conta que anos após se separarem, Ana e Fernando decidem visitar mais uma vez a Chapada dos Veadeiros, que foi cenário de uma intensa história de amor entre os dois. A viagem é uma segunda chance para essa paixão. Mas o tempo passou e eles talvez não sejam mais os mesmos.

Diria que a estreia na direção de longas de ficção de Pedro Novaes foi subjetiva demais, pois ele até consegue nos passar a mensagem de uma tensão forte entre os protagonistas, numa tentativa até que bem colocada de reaproximação após uma separação digamos banal demais, mas ele fica apenas nisso, mostrando que até se gostam por dentro, mas que por nenhum aceitar mudar sua vida, acabam tendo as mesmas desavenças. Ou seja, o diretor toda a trama quase que da mesma forma que a caminhonete do longa, passando por buracos, relembrando bons momentos, mas girando e voltando para o ponto inicial com cada um seguindo sua vida separada. Posso até ter dado um pouco de spoilers, mas o filme é assim, e nada mais.

Sobre as atuações, Bela Carrijo como Ana foi simples, teve bons trejeitos, e soube dosar seu momento com cada ato bem encontrado, mas assim como a história, não flui muito, sendo até simpática de estilos, mas nada que empolgar realmente. Já Rafael Sieg como Fernando trás uma boa sintonia com o campo, chama a responsabilidade expressiva em diversos atos, porém quando precisa demonstrar atitudes não enfrenta a câmera, e isso faz com que ele soe teatral demais para um longa denso, e que necessitava expressões mais fortes. Quanto aos demais, todos foram camponeses comuns, praticamente vivendo suas vidas comuns, ignorando estarem em um filme.

Agora sem dúvida o visual da Chapada é incrível, que com o estilo roadmovie impregnado na alma do diretor que antes fez muitos documentários, resultou em escolhas cênicas bem abstratas, mas que resultaram em algo belo, bem colocado para representar cada momento do filme, e sem gastar muito do orçamento, conseguiu passar a mensagem, ou no caso as representações vividas pelos personagens, com muita força e coesão.

Enfim, é um filme simples, razoavelmente bem feito, mas que não enfrenta nada para mostrar um algo a mais, e sendo assim, o resultado não empolga ninguém. Não diria que desrecomendo o longa, mas também digo que não será daquele a filmes que me lembrarei quando alguém me pedir uma sugestão. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas já vou conferir outro longa na sequência, então abraços e até logo mais.

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Cafarnaum (Capharnaüm) (Capernaum)

3/22/2019 01:18:00 AM |

Quando um filme consegue trabalhar mais os sentimentos, as essências dramáticas, e entregar sua alma na interpretação de seus protagonistas, retratando uma dura realidade que quase desmancha o teor ficcional para virar quase um documentário, o resultado é único: emociona o público com força e demonstra que a diretora conseguiu passar tudo o que desejava sem forçar, agradando no sentimental, e sendo inteligente para não passar do ponto em momento algum. Digo isso e muito mais de "Cafarnaum" ou "Caos" como legendaram no início, pois é um filme primoroso, com tantos sentimentos, com uma dinâmica tão presente, que com toda certeza o fez merecer cada um dos diversos prêmios que levou, e tenho certeza, que se esse ano não tivesse "Roma" (que para mim foi supervalorizado demais!), esse seria o longa premiado nos grandiosos prêmios americanos.

O longa nos situa em Beirute, nos dias atuais, aonde Zain com 12 anos, já viu o suficiente para se ressentir de sua própria existência. Com muitos filhos para cuidar, seus pais recorrentemente atuam na criminalidade, como encarregar o filho encarcerado a repassar drogas na prisão. Ainda mais alarmante, venderam a filha de 11 anos para um casamento arranjado. Com isso, ele processa os seus pais por tê-lo trazido ao mundo sem os meios adequados à sua sobrevivência.

Alguns diretores sabem trabalhar os sentimentos dos personagens para que seu filme flua de uma forma ainda mais condizente do que o imaginado, e certamente o que Nadine Labaki fez aqui foi algo que foi além de todos os limites pensados, pois ela pegou crianças das ruas de Beirute, que vivem realmente essa situação forte que o país anda passando com famílias desestruturadas, crianças em situação de abandono, refugiados, e tudo mais, para que vivessem isso de modo fantasioso, e o resultado foi algo único, cheio de intrínsecos momentos, que acabam emocionando e causando sensações fortes pela tensão criada com o garotinho, e que a cada cena vamos entrando ainda mais na sua história, e entendendo bem sua decisão de estar querendo processar os pais. Ou seja, o longa em si é invertido para que possamos entender como o garotinho chegou nessa conclusão, e com uma força tamanha nos diálogos, a trama é bem desenvolvida pela diretora, que encontra doçura aonde não existe, e acerta com minúcias todos os seus momentos.

Não precisaria nem falar nada sobre as atuações de cada um, apenas colocando sensacional após cada nome, mas tenho de aplaudir de pé os olhares de Zain Al Rafeea, que se entregou de corpo e alma para o personagem, fazendo bem o que vê nas ruas, e com simplicidade e muita eficiência em cada momento, o jovem mostrou um potencial que espero um dia vê-lo novamente interpretando, pois foi mais do que incrível. Yordanos Shiferaw também encontrou momentos únicos para passar para sua Rahil, que demonstrou sinceridade, desespero, e muito carinho principalmente para os dois garotinhos, de modo que ficamos tristes e emocionados com cada atitude passada pela jovem, além claro de seus olhares serem precisos. Quanto aos demais, todos foram tênues nas situações, para que o filme fluísse, e chamasse a atenção em cada momento que aparecessem, de modo que vamos nos apaixonando e/ou ficando com raiva de cada um, o que fosse necessário, agraciando bem com a mãe que só vive para fazer filhos, o pai que usa eles para ganhar dinheiro e sobreviver, a garotinha simbólica que põe na mente uma oportunidade para o jovem, o oportunista claro do mercado que ganha com trambiques, e claro aqueles que compram vidas para usar como desejar sem pensar.

O contexto visual da trama é fortíssimo, pois a equipe de arte foi para as ruas e nos colocou praticamente no meio da situação, vivenciando a vida do garotinho com a família desestruturada cheia de irmãos que sequer tinham o que comer, trabalhando nas ruas, nos armazéns de donos abusadores, vemos idosos trabalhando para sobreviver, mães refugiadas se dando ao máximo para conseguir um visto para continuar com seus filhos, vemos o garotinho em meio a uma cadeia com homens, mulheres, crianças e tudo mais que se pensar aonde tudo acontece, ou seja, com muita riqueza de detalhes, o lado artístico da trama foi crucial para retratar a dura realidade que desejavam nos passar sobre o país, e acertadamente o resultado foi forte e bem impactante.

Enfim, um longa incrível que beira virar algo documental pela ótima formatação desenhada da situação de vivência, que graças às perfeitas interpretações desenvolvidas por crianças que viveram realmente nesse mundo, resultam em algo emocionante e cheio de personalidade, que saímos da sessão impressionados com tudo, e ao mesmo tempo que tristes pela situação que nos é mostrada, felizes por termos crianças com uma segurança interpretativa, que a diretora nem precisou muito para entregar, mas sim deixou que eles vivessem e lhe mostrassem como é tudo. Ou seja, mais do que recomendo o longa para todos, deixo quase que como uma obrigação que todos vejam e se emocionem com tudo, pois mesmo tendo pequenas falhas (afinal volto a dizer, que não são atores de profissão, e ainda assim souberam se portar muito bem), o resultado é incrível. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Netflix - Megarrromântico (Isn't It Romantic)

3/21/2019 12:01:00 AM |

Alguma vez você já se pegou enumerando todos os clichês que filmes românticos possuem? Já reparou que em todas as histórias do gênero acontecem cenas muito semelhantes, quiçá iguais? Pois bem, se você nunca fez isso, irá fazer após conferir o longa da Netflix, "Megarrromântico", aonde não rimos de piadas, ou de grandiosas sacadas engraçadas, mas sim vemos tantas referências e cenas encaixadas exatamente iguais já vimos em outros filmes, que quase passamos o longa inteiro tentando conectar com qual estão brincando agora, e embora isso pareça bem besta, acaba sendo uma delícia de acompanhar e se divertir, de modo que o filme que é bem curtinho (88 minutos), parece até ter menos, passando num piscar divertido de olhos, ou seja, é exatamente aquele filme que você procura para se desestressar, e acerta a mão em cheio, pois com atores incrivelmente bem colocados, uma produção rica em detalhes, e um roteiro afiado conseguem resultar em um longa empolgante e gostoso de conferir.

O longa nos mostra que Natalie é uma jovem arquiteta bastante cética em relação ao amor, que se empenha para ser reconhecida por seu trabalho. Um dia, ao saltar do metrô, ela é assaltada em plena estação e, ao reagir, acaba batendo com a cabeça em uma pilastra. Ao despertar em um hospital, ela descobre que, misteriosamente, foi parar dentro de um filme de comédia romântica.

Diria que foi mais trabalhoso a pesquisa dos roteiristas para compor todos os filmes que "fariam homenagem" no longa do que para o diretor Todd Strauss-Schulson colocar suas mãos e criar uma comédia bem sacada cheia de desenvolturas criativas, aonde os clichês, que são os maiores problemas da maioria dos filmes, se destacassem e soassem bem colocados, divertindo para algo maior, ou seja, ele teve de pegar sua bíblia de erros que nunca se deve cometer numa comédia romântica e ler ela de ponta-cabeça para conseguir inserir tudo no longa. E felizmente ele conseguiu, pois a trama soa leve, engraçada, cheia das referências trabalhosas que os roteiristas inseriram no longa, remetendo "Uma Linda Mulher", "O Casamento do Meu Melhor Amigo", entre os mais famosos, e muitos outros, trabalhando momentos de musicais, encontros e desencontros, e claro, eliminações de palavrões, o que acaba sendo bem engraçado de ver com a protagonista, pois sabemos que em todos seus filmes, ela fala horrores incríveis, e essa foi bacana de ver a maquiagem em cima de sons. Ou seja, um filme bem ornamentado, que passa longe de ser o mais original no quesito, pois já tivemos outro semelhante, brincando com as comédias pastelões, outros que trabalham com os de terror, e tudo mais, mas aqui a sacada foi trabalhar com alguém que nunca acreditou em amor, e isso é algo bem comum nos dias de hoje, e assim sendo a moral final acaba valendo e muito, e claro, divertindo na medida.

Agora sem dúvida alguma a melhor escolha possível de protagonista foi Rebel Wilson, pois com seu estilo próprio desbocado, um perfil fora do comum de comédias românticas, e claro muitos trejeitos fortes para colocar desenvoltura na trama, fez com que sua Natalie, tanto real quanto a do sonho, ficasse incrível, conseguindo encaixar boas cenas do começo ao fim, tendo alguns leves desencontros de olhares, mas que no geral acaba agradando em cheio. Adam Devine que já foi par romântico de Rebel em "A Escolha Perfeita", volta aqui como Josh, sendo também bem coerente em todos seus momentos, divertindo com absurdos colocados tradicionais, e que conseguindo colocar um carisma simpático em diversos momentos ainda consegue chamar a atenção. Acredito que tenha sido proposital, mas Liam Hemsworth no longa ficou completamente a cara do seu irmão Chris, de modo que a todo momento ficamos pensando ser o Thor como proposta romântica para a protagonista com seu Blake, mas souberam entregar para o ator atos tão bem sacados, que acabamos rindo de seus atos errados. A indiana Priyanka Chopra entregou sua beleza para Izabela, e só, tendo alguns momentos mais chamativos, mas sempre ficando em segundo plano, mesmo quando precisava se destacar. Bandon Scott Jones forçou muito a barra para entregar o estereótipo maior dos gays em comédias românticas com seu Donny, mas que no final voltou com uma sacada tão bem colocada, que será um belo chute na moral ética que costumam colocar nesses filmes. E para finalizar o elenco principal, tivemos Betty Gilpin com sua Whitney entregando o tradicional público de comédias românticas, sendo bem sacada tanto no momento real como alguém emotivo demais, quanto no sonho com sua rebelde inimiga de serviço. Ou seja, todos foram incrivelmente bem moldados para cada ato, deixando que os dois protagonistas principais desenvolvessem muito os dois lados, mas sempre encaixando um clichê aqui, outro ali, para ser desmistificado na sequência.

Como disse no começo, a produção se empenhou muito no conceito artístico, retratando tudo inicialmente de um modo rústico, selvagem, cruel, aonde bem exposto conseguiu retratar algumas realidades tensas de escritórios e vida de solteiros mais jogados, com apartamentos bagunçados, pessoas acumulando comida, e tudo mais, para ao mudar para o lado mágico das comédias românticas com flores para todos os lados, cenários limpinhos, pessoas se ajudando, casamentos riquíssimos e tudo mais num deslumbre total das situações, mostrando claro que a equipe de arte pesquisou muito, e conseguiu encontrar ótimas jogadas cênicas para realçar tudo em níveis altíssimos para que ninguém precisasse olhar duas vezes, além claro, das diversas referências para ligarmos à outros filmes, ou seja, algo incrível de ver, que juntamente de uma fotografia inicialmente cinza, com tons bem pálidos, se muda para algo que é quase um arco-íris de tantas cores e formas.

Como o longa brinca também com os musicais, a trama teve diversas canções colocadas para brincar com outros filmes, encontrando um timing bem moldado que vale a conferida só para rir, além claro dos protagonistas cantando em alguns momentos, ou seja, além de ritmo conseguiram ganhar estilo para o longa. Aqui deixo o link da trilha sonora oficial do longa e uma playlist que fizeram com várias das músicas que toca no filme (tem algumas que não lembro de ter ouvido, mas como a escolha foi boa, fica junto).

Enfim, para um longa que parecia bem bobo, cheio de caras e bocas pelo trailer, o resultado final foi muito bem sacado, e consegue divertir na medida certa. Claro que recomendo que você não vá conferir esperando rolar de rir, pois essa não é a proposta da trama, e nem tem piadas que remetam a isso, mas com sutilezas bem encaixadas, o filme diverte e agrada. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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