Tempo de Caça (Jagdzeit) (Open Season)

8/31/2020 12:32:00 AM |

Bom se você vivencia o mundo corporativo das grandes empresas, sabe bem a loucura que é de ter prazos curtíssimos, relatórios insanos, cobrança fora do comum, e uma pressão que são poucos que não saem doentes de lá, e houve uma época na Suíça que muitos diretores começaram a cometer suicídios, e ninguém explicava isso, então a diretora Sabine Boss resolveu pesquisar, e entregou o longa "Tempo de Caça", que certamente indicarei para os amigos que dão aulas em cursos de administração, pois é um filme forte, intenso, e que praticamente mostra bem o clima de cobrança que deixou um diretor maluco, e que só não é mais indicado para o público comum por mostrar algo quase que documental de intenso, sem firulas, sem conceitos de cinema artístico, mas sim algo duro e direto que quem for da área entenderá bastante, e ficará sem dormir depois com toda a ideia passada. Ou seja, a diretora fez um trabalho de pesquisa incrível, e criou um filme mais incrível ainda, que parece ser até mais longo do que realmente é, mas não cansa e agrada bastante.

A trama nos conta que como diretor financeiro, Alexander Maier luta pela sobrevivência da empresa onde trabalha. Quando Hans-Werner Brockmann, o novo CEO, é nomeado, Alexander se envolve numa luta de poder que cada vez mais o desequilibra. Diante da ruína de sua existência, ele vê apenas uma possibilidade de vingança.

Já disse isso, mas volto a falar que o trabalho da diretora Sabine Boss foi algo quase documental, transportado para o lado ficcional apenas para ter personagens e não precisar dar nome de empresas e funcionários, mas quem vive nesse meio certamente verá muitos rostos conhecidos, conectará detalhes e enxergará alguém próximo de si, pois foi algo muito bem feito, rico em detalhes de pressões, de reuniões, de ambientes tóxicos, de situações enfrentadas por funcionários menores que riem em momentos de descontração, mas acabam desesperados por gritos de números e mais números. Ou seja, a diretora junto com os demais roteiristas (e até um consultor de roteiro para os termos mais técnicos) foram bem demais em tudo, criando algo de um valor tremendo para o público que o filme foi direcionado, pois volto a frisar, a maioria verá o longa com olhos esperando uma ficção mais insana sobre o ambiente corporativo, e acabará decepcionada e cansada, pois não verão nada disso, e assim sendo, é um filme de nicho, que é curto e direto no ponto, e que funciona.

Quanto das atuações, basicamente Stefan Kurt deu um show com seu Alexander Maier, sendo preciso nos olhares desesperados, no temperamento controlado para não dar um tiro na cabeça do chefe, imponente nas decisões, e claro como todo empresário, deixando a família de lado, ao ponto que vemos o ator de uma maneira tão concisa de estilos, preciso nos atos para ser representativo que até sentimos suas dores de cabeça, suas insônias e tudo mais, ou seja, perfeito. Da mesma forma Ulrich Tukur foi direto como Brockmann, sabendo os momentos certeiros como todo grande CEO costuma fazer, indo direto nos pontos chave, e com olhares sempre dinâmicos para parecer o perseguido, ou seja, um trabalho de estudo muito bem feito, que também chama muita atenção. Quanto aos demais, como disse acima conseguimos enxergar cada amigo da área corporativo, vemos que todos os atores se dedicaram bastante nas personalidades encontradas, e certamente pesquisaram com amigos e parentes que vivem desse meio, afinal é impossível uma diretora ter conseguido passar tudo para eles, e assim sendo o resultado tanto dos familiares, quanto dos demais membros da empresa foi bem utilizado, mas sem grandes destaques.

Visualmente a trama teve uma proposta bem encaixada, mostrando uma empresa cheio de salas de diretoria, com salas de reuniões simples, porém bem feitas, alguns ambientes com vários operadores, mas o destaque ficou para as casas dos diretores, com direito a stand de tiro virtual e tudo mais, lareiras, e tudo de muito requinte, além de uma caçada em uma floresta, ou seja, tudo bem ornamentado para dar um certo "alívio" das tensões dentro do ambiente pesado da corporação, mas que ainda assim mantiveram bem intenso e com propostas de competitividade bem ousadas, marcando cada elemento como algo bem trabalhado.

Enfim, é um filme que tenho certeza que nas mãos de outros amigos da crítica irão odiar e dar notas baixíssimas, afinal como cinema mesmo o longa acaba sendo cansativo e não passa uma mensagem para o espectador comum, porém como o Coelho fora do mundo da crítica trabalha também nessa área mostrada no longa, o resultado foi perfeito, muito realista, e como disse várias vezes, quase documental, ao ponto que vou indicar para diversos professores da área, e claro para alguns amigos da área também, pois vale muito a conferida, então se você também tem amigos da área administrativa de grandes empresas, confira o longa, mas do contrário, até recomendo, mas certamente você irá mais se cansar do que gostar do que verá. Deixo aqui o link para quem quiser conferir, mas lembrando que só estará online até as 20hs do dia 01/09 então corra. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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O Vento Muda (Le Vent Tourne) (The Wind Turns)

8/30/2020 06:09:00 PM |

Já vimos muitos filmes que trabalham a mudança de conceitos, e geralmente quando você opta por viver de uma maneira diferente do usual acaba estando apta a se manter dessa forma ou não se misturar com mais ninguém, pois a chance de entrar em conflito com o que pensa é bem grande. Usando essa base, o que o filme do Panorama Digital do Cinema Suíço, "O Vento Muda" nos mostra é a cabeça da protagonista entrando em conflito de ideias após 15 anos vivendo com o marido no meio do nada, comendo apenas vegetais e animais da fazenda que não recebem nem medicamentos para nada, numa cultura 100% natural, mas que ao surgir um engenheiro para instalar uma turbina de energia eólica, e também uma garota com muito mais vida que a sua, suas ideias começam a conflitar, e assim ela pensará se é ou não possível continuar nessa vida. Ou seja, mais um longa de quebra familiar, que passa a mensagem de uma maneira até que bem coerente, mas que faltou conflitar mais para o drama ser mais intenso, pois acabou parecendo que a moça estava presa nessa vida há 15 anos por outras situações, afinal não é apenas um estalo que dá a vontade de mudar completamente de vida. Claro que a diretora não quis fazer um filme tenso, mas tudo soou leve demais, ao ponto que apenas um vento diferente mudou tudo.

O longa nos mostra que em uma fazenda isolada em uma região remota do Cantão do Jura, onde Pauline e Alex estão transformando em realidade seu sonho de viver de modo completamente autossuficiente e em harmonia com a natureza. Seus projetos de vida estão selados pelo amor e pelo trabalho comum. Finalmente, estão prontos para alcançar sua total independência, mas a chegada de Samuel, que vem instalar um aerogerador, transtorna profundamente Pauline, abalando o casal e seus valores.

A diretora Bettina Oberli trabalhou até que bem a ideia do conceito natural autossuficiente, deu ares de família bem feliz entre os protagonistas no começo que mesmo após uma caçada noturna no meio de um dilúvio ainda teve disposição para uma boa noitada, e soube dar o ar de quebra bem trabalhado de olhares, de toques e de tudo mais na virada do filme, e isso tudo com muita sutileza para não pesar a beleza de seu filme, que mesmo nos atos mais intensos tinha uma abertura meio poética para tudo, e assim o resultado ficou sempre parecendo faltar com um algo a mais. Claro que está bem longe de ser algum tipo de filme ruim, mas faltou intensidade nos momentos de raiva, pois mesmo quando o marido descobre a traição ele fica com a voz mansa, e no ato que parecia que iria ter alguma grande explosão, a doçura é tomada e revirada, ou seja, a diretora passou a mão leve demais no roteiro, e deixou tudo muito sereno, mesmo com tudo o que tinha nas mãos para dar intensidade.

Sobre as atuações, Mélanie Thierry trabalhou bem os ares de sua Pauline, sempre serena, sem explosões (claro tirando seu ato rebelde), com dinâmicas bem pautadas e intrigantes, ao ponto que não vemos sua mudança forte de estilo, e até chegamos a duvidar igual ela fala no final para o outro protagonista de sua coragem, mas ainda assim a atriz fez bem seu papel. Pierre Deladonchamps trouxe para seu Alex algo quase que utópico, daqueles que acreditam até em bruxos e tudo mais para manter a essência natural ao máximo, e chega a ser absurdo o estilo do personagem, mas o ator soube conduzir tudo com uma naturalidade que acaba agradando e convencendo ao menos. Já estamos acostumando a ver Nuno Lopes em longas, pois se na semana passada estreou filme na Netflix, agora o vemos novamente como um amante destruidor de rotinas, e aqui seu Samuel é simples de atitudes, mas que com uma bebida a mais já ficou imponente e cheio de aberturas, ou seja, foi bem como sempre. A jovem Anastasia Shevtsova até teve bons olhares com sua Galina, mas é a típica personagem que acaba jogada na trama sem muita função, e assim sendo não vemos muita desenvoltura nem na personagem, nem na atriz, ao ponto que participou apenas de tudo. Quanto aos demais, temos um leve destaque para imponente Audrey Cavelius com sua Mara, mas sem muito o que explodir, afinal não lhe foi dado espaço.

Visualmente a locação é belíssima, no meio do nada, apenas com a plantação e os animais da fazenda, uma casa simples, sem uso praticamente da energia até chegar a energia eólica da própria locação, com uma bela turbina eólica montada no jardim com todo o barulho das pás ao vento, ainda tivemos muita fumaça para representar a neblina na beira de um penhasco, e ali talvez fazer a virada de emoções, uma discoteca para a bebida florescer ainda mais o turbilhão, e animais morrendo sem remédios, ou seja, uma produção básica, barata e bonita, que até funciona, mas não surpreende.

Enfim, é um filme simples e bonito, que até traz ares diferentes dentro do roteiro, mas que não chega a ser nada surpreendente, ao ponto que conferimos, gostamos da ideia, mas logo mais nem lembraremos muito do que foi mostrado, e assim o resultado nem vale muito a indicação. Bem é isso pessoal, o filme fica em cartaz na plataforma SESC Digital até as 20hs do dia 01/09, então quem quiser conferir corra, pois depois não sei quando aparecerá novamente por aqui. Então abraços e até logo mais, pois volto em breve com mais filmes do Panorama Digital de Cinema Suíço.


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Netflix - Quase Uma Rockstar (All Together Now)

8/30/2020 02:04:00 AM |

É interessante observar que muitos irão conferir a trama da Netflix, "Quase Uma Rockstar", pensando uma coisa pelo nome nacional (que não tem nada a ver com o original "Todos Juntos Agora"), e juntamente com a protagonista que é conhecida por ser a voz de Moana, ou seja, também um filme musical, e sairão lavando a sala pelo ambiente emocionante que a trama traz com a reviravolta da trama. Pois o filme em si tem uma essência leve e até alguns momentos que você acaba reclamando das atitudes da garota, pensa nas possibilidades inconstantes que falham na vida da personagem, mas ao final tudo se faz valer e chama a atenção que é até fácil a descoberta do algo a mais, que será mostrado depois. Então o que quem conferir na verdade verá é uma trama com uma mensagem bonita, mas com uma estrutura juvenil demais, que ficou parecendo ser parte de algo maior que acabou cortado e jogado na tela, pois não temos uma apresentação coerente de nenhum personagem, não sabemos quase nada da origem da protagonista, e tudo não é tão bem finalizado como poderia, e mesmo emocionando bastante pelas atitudes finais, poderiam ter ido muito além.

O longa nos conta que Amber Appleton é, por natureza, uma otimista incorrigível, embora sua vida seja mais complicada do que aparenta. Aluna do ensino médio com grande talento para a música, Amber tenta conciliar o trabalho, a vida e alguns difíceis segredos sempre com um sorriso no rosto, na esperança de conseguir estudar na Carnegie Mellon. Mas quando novos obstáculos ameaçam seus sonhos, Amber precisa aprender a contar com a família que ela escolheu e seguir em frente.

O diretor Brett Haley conseguiu entregar bem a trama do livro de Matthew Quick ao ponto de passar bem a mensagem e desenvolver tudo com uma percepção gostosa e emocionante para o espectador, porém como disse no começo talvez tenha faltado um pouco mais de um começo para a trama, com apresentações e tal, pois tudo nos é jogado logo num miolo até que bem trabalhado, aonde conhecemos um pouco as ações otimistas da garota, seus bons atos e tudo mais, mas não de onde vem, seus problemas e tudo mais, e dessa maneira é capaz que quem tenha lido o livro até entre melhor no clima, porém tirando esse detalhe, é inegável a capacidade de virada que conseguiram fazer, tanto que o trailer embora pareça passar toda a história, não entrega nada do que vai ocorrer (e se preparem para o lencinho, pois é bem emocionante cada momento). Ou seja, é um filme de imediato, que talvez tenha falhado em pensar que só o público que leu o livro veria a trama, não preparando o espectador comum, mas que ainda assim funciona e passa a mensagem de superação, de voluntariado, de ajudas e tudo mais.

Sobre as atuações, Auli'i Cravalho fez uma Amber bem trabalhada nas emoções, cheia de dinâmicas expressivas, como era de se esperar cantou a música tema brilhantemente, mas teve alguns momentos que chegamos a ficar com raiva do egoismo que sua personagem teve, que claro a atriz não tem culpa, então ela fez o certo passando essa ideia inclusive para amplificar o estilo da personagem, e agradou bastante. Rhenzy Feliz trabalhou bem seu Ty para parecer um jovem rico, porém popular, que claro poderia ter sido colocado melhor na trama, mas o jovem ator conseguiu ser coeso de estilo, e teve um bom gingado para com seus atos para funcionar bem e não recair no famoso par romântico bobinho. Justina Machado trouxe um ar forte para sua Becky, travando boas discussões emocionadas com a protagonista, de forma que sentimos sua essência, e também seu estilo, mas volto a bater na tecla que precisávamos saber um pouco mais da origem delas, pois pareceram imigrantes jogadas no país, e não acredito que seja esse o grande problema delas, mas tirando esse detalhe, a atriz fez bem o seu papel. Carol Burnett trouxe muita personalidade para sua Joan, colocando ela como uma nobre senhora que vive no asilo vivendo bem os seus dias, mas reclamando muito da vida, e ela tem poucos atos, mas muito bem colocados. Judy Reyes acabou entregando uma Donna bem interessante pelos momentos intensos que tem com a protagonista e sua mãe, mas talvez tenha faltado também um pouco mais de sua história para envolver, de forma que acabamos gostando dela, mas não indo a fundo como poderia. Quanto aos demais, todos os jovens acabam sendo simples de dinâmicas, mas bem colocados nos devidos atos, e que acabam emocionando bem no ato final.

Visualmente o longa tem bons momentos em diversas locações, passando desde uma loja de donnuts, um estacionamento de ônibus, um asilo, uma igreja coreana, a casa de um amigo, uma casa de férias chique, e claro a escola da protagonista, cada um com elementos clássicos para funcionar e representar a vida da jovem, além claro do cãozinho que arrumaram bem velhinho para ter motivos e encaixes no tom da trama, ou seja, é um filme que a equipe de arte não quis detalhar tanto nenhum ato maior no começo, mas no miolo temos toda a beleza da casa de férias com um piano chique e todo o ambiente muda em si, e claro ao final temos todo o show de variedades bem envolvente, feito com muito brilho e dinâmica, mostrando um grande acerto da equipe toda.

Enfim, é um filme bonito, que emociona e que mesmo sendo semi-adolescente consegue passar uma boa mensagem, e claro agradando bastante com a música tema que funciona dentro da proposta e acaba envolvendo bem. Porém mesmo sendo bem bacana, faltou muita coisa para a perfeição, e assim sendo recomendo ele com mais ressalvas do que deveria, pois muita coisa fica aberta para quem não leu o livro, e assim sendo, veja sem esperar algo com um começo/meio/fim. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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No Meio Do Horizonte (Le Milieu De L'Horizon) (Beyond The Horizon)

8/29/2020 06:55:00 PM |

É interessante que atualmente temos visto muitos filmes de quebra familiar e o resultado disso em cima das crianças, pois geralmente são elas que mais sofrem, que acabam sentindo mais e tudo flui em seus olhares, e o segundo filme do Panorama Digital de Cinema Suíço, "No Meio Do Horizonte", trabalhou tantas situações em um único filme que acaba sendo daqueles que dá para refletir e dialogar por horas sem repetir assunto, passando desde a seca/calor intenso do verão europeu, colocando homossexualismo feminino, abusos sexuais, famílias do campo, mortes de animais, brigas de terras, separações, adolescência, e por aí vai. Ou seja, é um longa intenso, com uma pegada até que bem bonita e doce por parte da diretora, mas que não alivia a mão em nada, fazendo com que sua trama fosse forte e direta, sabendo bem aonde pontuar, aonde fazer sentimentos, e que até acaba agradando usando uma simbologia bem colocada. 

O longa nos situa no verão de 1976. A Europa está passando por uma onda de calor implacável e uma das piores secas de sua história. Na fazenda dos pais, Gus (13) passa as férias lendo gibis, ajudando seu pai, que investiu todas as suas economias em um galinheiro moderno, e fugindo com Mado, a criança selvagem da aldeia. Mas lentamente ao seu redor, seu universo reconfortante e familiar começa a ruir com o calor. Sua mãe, sempre uma presença terna e gentil, começa a se afastar, passando cada vez mais tempo com a hipnotizante Cécile, enquanto seu pai se encontra sozinho para lutar contra a devastação da seca. Testemunhando a destruição de sua família nuclear, da agricultura tradicional e do patriarcado, Gus precisa crescer rápido e deixar para trás a inocência de sua infância.

A diretora Delphine Lehericey foi bem coerente ao desenvolver a trama do livro de Roland Buti, pois deu síntese e vida à toda situação sem precisar forçar os estilos, e sem precisar ir afinando cada um dos temas, dando abertura para tudo na visão do jovem garoto, ousando em símbolos e claro sentimentos, de forma que confesso que não consigo imaginar poucos traumas para tudo o que o garoto acaba sentindo, já que passa em pouco tempo de trama por tantos problemas, por uma separação imponente, por ver coisas que nunca viu, sentir coisas que nunca sentiu, além de estar num verão escaldante que não é acostumado, vendo morrer animais, conhecidos, e ainda ter toda a mudança corporal. Ou seja, a diretora acabou amplificando os temas, e fluindo todos juntos, o que é bem válido para não pesar nem a mão, nem o público, pois certamente muitos outros optariam por capitular a trama em temas, ou ainda ousariam desenvolver um ou outro tema do livro, e assim sendo foi uma grata passagem bem feita e que funciona. Porém diria que o filme ficou muito calmo dentro de toda a problematização, pois talvez com algo mais duro o sentimento seria outro, não que o que foi feito seja ruim, apenas soou doce demais toda a transformação, e sabemos bem que usualmente não é assim que tudo ocorre.

Sobre as atuações, é fato que o filme é praticamente todo do garotinho estreante Luc Bruchez, afinal o longa é todo embasado na sua visão, e o garoto andou muito de bicicleta por toda a locação, viu de tudo um pouco, mas sempre manteve o olhar sereno, trabalhou as dinâmicas em cada ato com suspeitas e só agiu nos momentos que não tinha como não explodir, ou seja, fez de seu Gus o ponto-chave da trama, e o olhar do público sobre tudo o que está acontecendo, sendo perfeito em sua estreia. Thibaut Evrard foi o elo explosivo da trama com seu Jean, usando a força para tudo, e mostrando o desespero dos atos para tentar manter a família, claro que não é o mais usual, mas o ator foi muito bem em tudo, e chamou bastante atenção. Laetitia Casta deu ao mesmo tempo para sua Nicole o ar familiar de mãe, o semblante de vivência bem colocada, como também abriu ares para o desejo, indo para rumos diferentes do tradicional, e foi bem diversa em ambos os momentos, não se prendendo para estilos, mas sim fluindo lindamente com olhares emotivos e bem colocados, que acabaram envolvendo e emocionando. Sasha Gravat Harsch também foi bem graciosa com sua Mado, mas não desenvolveram tanto seu personagem, o que é ruim, pois valeria já que tinha algo a mais para dizer, porém funcionou bem e agrada do seu modo. Clémence Poésy trouxe o lado mais sedutor para a trama com sua Cécile, e acabou chamando bem a atenção por ser o elo dos problemas, então a atriz teve de funcionar bem, e agradou sem ir muito além de expressividade, apenas trabalhando mais o clima da trama. Quanto aos demais, todos apareceram pouco, se encaixaram em cada um dos motes da trama, e foram bem, mas sem grandes destaques.

No conceito visual até chegamos a suar junto com o calor que os protagonistas sentem, matando animais e tudo mais (que conseguiram representar muito bem com tudo!) e a aridez visual que deram para a trama foi muito bem feita, escolhendo uma locação bem no meio do nada, com plantações secas, casas rústicas e muito simbolismo em cima de cada momento, sem precisar abrir muito a gama de elementos cênicos, mas trabalhando os lugares que o jovem vai, os esconderijos, as revistas, as caminhadas e corridas de bicicleta, tudo flui com leveza e harmonia para representar bem cada momento.

Enfim, é um filme bem simples de atitudes, porém bem forte de ideias, que se quisermos até dá para discutir cada momento dentro de um tema-chave, mas que não é o momento nem o lugar, então talvez em sessões temáticas o filme até se abra mais e funcione melhor para que especialistas de temas discutam e floreiem cada situação, mas como ambiente cinematográfico acabou sendo apenas bonito e bem representativo. Sendo assim até recomendo o longa para o público geral, mas confesso que será melhor apreciado em sessões tema como disse, pois vai abrir melhor cada detalhamento e o resultado será mais intenso. O filme fica gratuito para conferida na plataforma do SESC Digital nesse link até as 20hs do dia 30/08, então quem quiser aproveitar, corra! Então é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Origens Secretas (Orígenes Secretos) (Secret Origins)

8/29/2020 02:05:00 AM |

Um dos gêneros do cinema que mais tem dado lucro nos últimos anos é o nicho que compreende super-heróis, e claro que mesmo sendo muito mais conhecido nos EUA, o ambiente das HQs é famoso em todo o mundo, e com isso alguns países tem se arriscado em brincar com a ideia de filmes do gênero também, tivemos um nacional bem bacana no ano passado, e eis que agora a Espanha brincou com a formatação para um episódio de origem inusitado, de como criar um super-herói real, em meio a polícia e claro usando todas as referências possíveis no mundo das HQs mais famosas de todas os grupos de heróis. E por incrível que pareça, o longa que tem um estilo bagunçado, ora puxando para algo meio que dramático, ora brincando com a comicidade, o resultado acaba sendo bem gostoso e divertido, ao ponto que quem gostar de longas do estilo de heróis acabará entrando no clima, vendo o tradicional bom estilo espanhol sendo misturado na trama, e até se segurando para uma tradicional cena pós-crédito, usando inclusive atores famosos do país e quem sabe sendo apenas um início de franquia, pois dá para brincar bastante com a ideia criada, bastando alguns pequenos acertos de pontas.

A sinopse nos conta que David, um jovem policial que se mudou recentemente para Madrid, é forçado a colaborar com Jorge Elías - um aberração cativante e dono de uma loja de quadrinhos - a fim de solucionar uma série de assassinatos atrozes que recriam as origens secretas dos super-heróis clássicos. Cada homicídio grotesco é uma peça de um puzzle que tem como pano de fundo as ruas de Madrid, mas cuja imagem completa não conseguem distinguir. O conhecimento enciclopédico de Jorge sobre o mundo dos quadrinhos e a descoberta inesperada do passado sombrio de David serão fundamentais para ajudá-los a resolver o enigma escondido por trás dos crimes horríveis. As pistas os guiarão pela capital espanhola, ao longo de um labirinto desenhado por uma mente criminosa perturbada e a única pessoa que sabe encontrar a saída. Eles serão capazes de desvendar a confusão emaranhada de pistas e vencer o jogo contra o criminoso problemático que tenta manipulá-los? Dizem que, às vezes, é preciso vestir um terno e sair por aí para tornar o mundo um lugar melhor. Talvez este seja um daqueles momentos.

O diretor David Galán Galindo conseguiu entregar algo tão bem feito dentro da proposta que não conseguimos pensar em algo desse estilo que não tinham feito ainda, pois já vimos diversos filmes de heróis, já vimos diversos filmes de zoação em cima de heróis, mas não uma trama que misturasse mistério de assassinato usando como base as origens de heróis de histórias em quadrinhos, ao ponto que ele deu uma base de formação tão boa, usou sacadas de vilões, sacadas de cultura nerd que hoje está tão em moda, e brincou muito com tudo, pois o filme em diversos aspectos traz até o ato alegórico como algo para se relevar, mas que por seguir a linha mais coerente que os espanhóis preferem, vemos alguns atos ousados de dramaticidade, entrega muito mistério debaixo de muita chuva, e principalmente saca a todo momento floreios de abstrações sem sentido, o que é um luxo para a trama. Ou seja, ele conseguiu ir muito além só faltando talvez uma edição mais desenhada como aconteceu no trailer abaixo, pois se em algumas cenas ele travasse e colocasse em formato de animação seria algo lindo e perfeito de ver, mas ainda assim seu resultado foi bem mais positivo do que negativo, mesmo que alguns atos soassem exagerados e falhos, alguns furos aparecessem demais, a computação gráfica em alguns momentos soasse estranha, e tudo o que é comum do gênero, que pode até ser relevado, afinal o filme funciona.

Quanto das atuações, senti uma leve insegurança por parte de Javier Rey em acreditar no seu personagem, pois mesmo David sendo um jovem policial, não entender nada de HQs, e entrar num grupo de policiais bem malucos, ele poderia ter se imposto mais como uma pessoa metódica costuma ser, ao ponto que ficou parecendo que ele não estava bem no papel, mas talvez fosse o que o diretor desejava para o personagem, afinal próximo do fim ele engrena um pouco mais, e faz bem seus atos, porém poderia ter ido bem além, já que já vimos seu potencial em outros filmes de ação policial. Brays Efe caiu como o tradicional nerd com seu Jorge, gordo, viciado em HQs, mas que entende de tudo sobre esse universo, e com dinâmicas mais fechadas acabou dando um bom tom para seu personagem ao menos, mesmo que caricato demais. Verónica Echegui fez uma Norma meio que exagerada, ao ponto que dificilmente veríamos uma delegada desse estilo, mas para a formatação que o longa pedia até que se saiu bem. Antonio Resines trouxe para seu Cosme algo simples de estilo, colocando um ar meio que melancólico de policial aposentado, mas que até funciona para a ideia de doença e tudo mais, mas acabaram colocando ele em algumas situações que pareceu meio forçado, então foi bem ao menos. Ernesto Alterio trouxe um Bruguera bem exagerado de estilo, com uma pegada forte como médico responsável pelas necrópsias, cheio de boas sacadas, e claro que seu final também ajuda a chamar atenção, mas talvez pudesse ter ido além. Quanto aos demais, a maioria fez participações, e acabaram não chamando tanta atenção, mas não foram ruins, e chega a ser até engraçado ver Leonardo Sbaraglia como um nerd idoso.

Visualmente temos um longa que mistura tons bem escuros com roupas e elementos bem coloridos, dando bons contrastes para a trama, e claro, tendo muitos elementos cênicos nas investigações, mostrando que a equipe de arte pode brincar e estudar muito cada quadrinho que é trabalhado no filme, cada dinâmica, e enchendo as cenas com muitos objetos para que o protagonista nerd pudesse dar um show de conhecimento, ou seja, espere ver coisas desde Batman, passando por X-Men, Homem-Aranha, e brincando até com Senhor dos Anéis e Game of Thrones, ou seja, um paraíso para os amantes nerds degustarem. Agora algo que não saiu como poderia foram os efeitos visuais, pois soaram estranhos em todos os atos, desde o começo com fogo, passando por fumaças, gelos, fogo em personagem, ácido, e por aí vai, ficando algo meio que grotesco de ver, e que poderiam ter trabalhado melhor para funcionar mais.

Enfim, é um filme bem interessante, com uma proposta bem trabalhada, que talvez gere mais frutos futuramente, e que principalmente por não ter nenhum filme com essa formatação acabou saindo como algo inédito bem criado, ou seja, ousaram o quanto podiam para chamar atenção, fizeram um gênero levemente diferente dentro do cinema espanhol, e que funcionou divertindo e sendo dinâmico ao menos, então vale a conferida e a recomendação, pois sempre é bom ver algo novo e bacana. E fico por aqui hoje, voltando amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Praça Needle Baby (Platzspitzbaby)

8/28/2020 01:25:00 AM |

Sempre que um longa trabalha o tema de drogas acabamos vendo filmes duríssimos, cheios de situações fortes e impactantes, e que geralmente não queremos ver pelo lado marginalizado mais real do que fictício, porém quando um diretor sabe usar bem a linguagem para retratar tudo e trabalha ainda o carisma familiar para tentar salvar a pessoa das drogas ou ir para um rumo de vivência junto com algum viciado, o resultado costuma agradar bastante, e principalmente envolver se bem adequado. E o que certamente todos que conferirem, "Praça Needle Baby" (como traduziram o título) ou "A Garota da Praça das Agulhas" (como melhor ficaria), ou ainda com o nome original "Platzspitzbaby", seja agora no 8º Panorama Digital do Cinema Suíço ou quando estrear oficialmente em alguma plataforma, verão é uma trama que emociona pela força de vontade da garota de tentar tirar a mãe desse mundo, pela vontade de ter amigos que a reconheça fora do ambiente, e principalmente ser mais ela, pois tudo o que a garotinha vive é barra pesada de nível alto, e o diretor trabalhou meticulosamente para que cada ato fosse bem realista, bem tenso, e claro conseguindo ir para um lado abstrato de fuga da mente da garotinha em alguns atos, ainda teve a doçura de brincar com o amigo imaginário cantor que acaba brilhando com a música que a faz viver. Ou seja, é um filme muito forte, que é entregue de uma maneira bem consciente, e que agrada demais, ao ponto de valer cada minuto que fiquei brigando para conseguir passar ele na minha TV (a plataforma do SESC não é das melhores e para funcionar na TV deu um belo baile em mim), mas que compensou no final.

A sinopse nos situa na Primavera de 1995, aonde depois do fechamento da famosa Praça Needle, local público frequentado por usuários de drogas em Zurique, Mia, de onze anos, e sua mãe, Sandrine, mudam-se para uma pequena e idílica cidade nos arredores de Zurique. No entanto, a nova casa não é um paraíso para Mia, porque a mãe, que continua dependente das drogas, dificilmente conseguirá ter a sua custódia. A garota busca refúgio em seu mundo de fantasia com seu amigo imaginário, com quem conversa durante horas e faz planos para uma vida melhor. Mia também encontra uma espécie de família substituta na turma de adolescentes que têm uma origem semelhante à sua. Cada vez mais, ela ganha força para se rebelar contra sua mãe e, finalmente, consegue deixá-la.

O diretor Pierre Monnard foi preciso em cada ato da trama para detalhar a vida da garotinha num ambiente não tão agradável, mas que ela tenta amar, que tenta fugir em sua imaginação, e que de uma forma bem graciosa ele acabou fazendo um filme duro ficar gostoso e leve de assistir, pois certamente teria inúmeras maneiras de transportar o livro bestseller suíço de Michelle Halbheer e Franzisca K. Mueller, mas que ele optou por ambientar tudo em algo mais forte que é no meio dos drogados, com situações fortes e duras de busca de drogas, de overdoses e tudo mais, mas que com uma fuga bem ambientada na mente da jovem, nas suas desenvolturas junto dos amigos adolescentes, acabou fluindo para uma leveza mais doce e gostosa de se situar. Ou seja, o trabalho do diretor foi balancear bem cada momento para que o filme não pesasse, e que ainda fosse realista, pois se floreasse muito talvez não passasse a mensagem do mal que as drogas causam tanto para a pessoa, quanto para os seus entes próximos, e assim sendo vemos um filme muito singelo, sem economias de atos, e que funciona demais, sendo uma grata surpresa, mesmo com o final digamos esperado (que até poderia ter ocorrido muito antes para não brigarmos tanto com tudo!).

Sobre as atuações, basicamente o filme é da garotinha Luna Mwezi, que mostrou dinâmicas interpretativas, foi doce e precisa em todos os momentos que necessitaram dela, encontrou formas de ser carismática sem precisar apelar para nada, e principalmente trabalhou sua Mia como alguém que quer o melhor para sua mãe custe o que custar, de forma que por ser seu primeiro trabalho em filmes a jovem foi muito além do que se esperava e deu show, agradando do começo ao fim, sem falhar em um trejeito sequer. Sarah Spale também foi muito bem com sua Sandrine, trabalhando intensamente nas cenas fortes, fazendo atos de vício imponentes e duríssimos, colocando olhares vazios, desespero nos trejeitos, e principalmente dosando a intensidade de cada momento para ficar o mais realista possível, ou seja, foi perfeita no que fez e ainda teve momentos doces bem colocados para complementar a oscilação que é costumeira em pessoas viciadas. Quanto aos demais, tivemos momentos muito bem colocados com todos os adolescentes do grupo da garota, destacando claro Anouk Petri como Lola, que trabalhou tão bem os sentimentos, que em seu ato mais duro chegamos a ficar com raiva da protagonista, ou seja, a jovem caiu bem no papel e chamou atenção, e além dela temos de destacar o músico Delio Malär como o amigo imaginário, que envolveu e foi algo meio que fora do comum, mas que acaba sendo gracioso e bacana com suas virtudes para tentar mostrar o caminho certo para a garota.

Visualmente a trama foi bem bonita e perfeita na composição cênica para mostrar tudo para o público, desde como acaba virando um apartamento de um viciado, que inicialmente até era simples, mas parecia um lar, mas próximo do final tudo está destruído, jogado para todos os lados, com colchão queimado, roupas espalhadas e sujas, comidas para todos os lados, além disso vemos os diversos pontos espalhados de drogas pelo país, o desespero para se conseguir, os antros e tudo mais muito bem montado pela equipe de arte para funcionar e não pesar, principalmente nos tons mais escuros e intensos que o filme pediu. 

Enfim, é um filme muito bem feito, daqueles que emocionam e arrepiam em diversos momentos, e que também passa uma mensagem forte sem precisar apelar, ao ponto de podermos indicar ele para todos, e ter a certeza de que quem conferir irá gostar, não sendo algo de gênero propriamente preso, e nem um filme artístico demais que o público mais comercial não irá gostar. Ou seja, indico ele com toda a certeza, e posso dizer que o Panorama Suíço começou muito bem, agora é torcer para os demais serem bons também, e para quem quiser ver esse filme gratuitamente vai ter de correr um pouco, pois é só até as 20hs de hoje nesse link. Bem é isso então pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve tanto com as estreias do streaming, quanto com mais filmes do Panorama, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Na Mira Do Atirador (The Wall)

8/25/2020 10:13:00 PM |

Certos filmes vemos os trailers e já sabemos mais ou menos se vai empolgar ou não, e lembro que quando vi o trailer de "Na Mira do Atirador" na época em que ia sair para os cinemas até empolguei com a ideia, mas falei que certamente seria uma trama meio que sem dinâmicas, afinal o jogo de gato e rato de dois snipers é algo que nem dá para ter muita emoção, porém ainda assim deu liga na história. Mas como acontece muitas vezes, a maioria dos longas não chega até os cinemas do interior, então agora vendo a trama na Amazon pude confirmar minha teoria, com o adendo de que alguns atos até acabaram sendo bem interessantes e intrigantes, afinal o bate papo pelo rádio deu um ritmo bacana para o filme, e o protagonista soube dominar seu ambiente para que tudo ficasse bem feito. Porém, não vou dar spoilers, mas o final é daqueles de se revoltar em nível máximo com tudo, e se você não conferiu então se prepare para tudo, pois não é algo facilmente imaginado.

A sinopse nos conta que em pleno campo de batalha, dois soldados americanos descobrem que estão na mira de um atirador iraquiano. Eles não sabem onde o inimigo se esconde, nem podem se comunicar um com o outro, já que o adversário está interceptando a conversa dos americanos via rádio comunicador. Exposto no campo de batalha ou atrás de uma pequena parede de pedra, eles terão de contornar suas poucas chances para encontrar uma maneira de sair vivos.

O diretor Doug Liman é daqueles que sabem bem conduzir um filme sem precisar de muitas atitudes, e também o inverso, pois sabe brincar com a tensão e criar dinâmicas mesmo onde nem é possível, e aqui com um elenco minúsculo, um cenário só, e uma ambientação precisa soube segurar a onda, trabalhou bem cada diálogo e envolvimento de personagem, e principalmente fez com que o protagonista se virasse incrivelmente com seu quase monólogo, rolando de um lado para o outro, pensando, agindo, fazendo contas e tudo mais, e isso sem cansar o espectador. Claro que uma das suas últimas atitudes foi lenta, pois qualquer um faria primeiro isso ao conseguir a bolsa, mas ele demorou uma tonelada para tentar, então foi enrolação mesmo (ou loucura né, afinal com um sol escaldante, ferido e quase levando um tiro, vai saber o que vem na cabeça!!), mas ainda assim o diretor trabalhou muito bem o roteiro, e criou muito em pouco, resultando em uma trama boa, pesada e intensa, que até poderia ter ido bem além para mostrar um pouco mais da vida do famoso Juba que assustou muitos militares americanos, mas não era essa a intenção, então o resultado funcionou bem do jeito que foi.

Sobre as atuações, basicamente temos um show de Aaron Taylor-Johnson, pois seu Isaac precisou de muito domínio e precisão para ficar quase que o longa inteiro sozinho apenas ouvindo uma voz, imaginando, rolando, sentindo a dor de um tiro, fazendo cálculos, pensando mais um pouco, e o ator trabalhou tão bem todos os sentimentos, todos os olhares, implantando o desespero e a loucura de guerra, e fez tudo de uma maneira imponente e coerente de vermos, ao ponto que não tem como não acreditar em tudo o que faz, ou seja, perfeito. John Cena fez um belo papel de morto com seu Matthews, ficando praticamente o longa inteiro deitado no chão, sem falar ou fazer quase nada, ao ponto de que poderiam ter colocado até um ator mais barato para o papel, mas optaram por ele para ganhar um pouco mais de público. E Laith Nakli nem precisou aparecer, apenas conversou bastante com o protagonista via rádio, e fez algumas interações e entonações bem interessantes na voz, agradando bastante pelo menos.

Visualmente o longa foi bem econômico, embora tenham necessitado de muitos bonecos mortos para compor o cenário, o ambiente é composto apenas de um muro, uma pilha de lixo, um trator abandonado, um contêiner, uma tubulação e algumas armas, além do figurino de guerra dos protagonistas, alguns rádios, e só, ou seja, tudo num único lugar, muito bem montado, mas sem grandes chamarizes, ou seja, a equipe de arte entregou quase uma planta teatral, e o ator que fizesse seu serviço ali, e nessa simplicidade tudo foi muito funcional e interessante, não precisando de mais nada.

Enfim, é um filme bem interessante, com uma proposta simples e funcional, no melhor estilo de jogo entre inimigos, que até poderiam ter ido além, contando um pouco mais das histórias dos personagens para não ficar só ali, mas foram bem coerentes no que desejavam mostrar, e o resultado final surpreende e dá raiva demais, então fica a dica de não irem com muitas expectativas, pois muitos vão reclamar de muita coisa na proposta e no resultado. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Amazon Prime Video - O Quarto dos Desejos (The Room)

8/25/2020 12:41:00 AM |

Pensa num filme maluco de ideias, mas que não seja complexo ao ponto de você não entender nada, pois bem, certamente não virão muitos nomes na sua mente, pois geralmente alguns longas insanos de teorias, que envolvam filósofos e pensadores clássicos, que brincam com possibilidades duplas e tudo mais, geralmente dão um nó tão grande que no final nem sabemos mais quem somos. Então a proposta do filme da Amazon, "O Quarto dos Desejos" foi bem além, brincou com algo digamos maravilhoso de poder desejar o que quiser, e ainda botou todo um mistério envolvendo a criação humana no meio, ou seja, uma insanidade se pararmos para pensar, porém o ponto de virada já no começo da trama conseguiu deixar tudo ainda mais maluco ao ponto de ficarmos pensando em formas e resoluções impossíveis de se imaginar, mas os roteiristas conseguiram ir além, e tudo vai tomando uma proporção tão complexa (mas que conseguimos entender felizmente!), que ao final o surto é gigantesco. Ou seja, é daqueles filmes que muitos até podem pular fora por estar classificado como terror, mas quem der chance pra ele certamente irá se surpreender muito com tudo, desde a proposta, passando pelo miolo bem maluco, até chegar no insano final.

A sinopse nos conta que enquanto se mudam para uma mansão isolada, um jovem casal apaixonado, Kate e Matt descobrem uma estranha sala secreta, cujo interior detém o poder de tornar tudo o que eles desejam uma realidade. Milhões de dólares, o original de Van Gogh e as roupas mais luxuosas - o que eles quiserem, materializa-se instantaneamente. Um dia, ela decide pedir ao quarto que lhes conceda o filho que não puderam ter. Mas a felicidade inicial com essa bênção terá consequências imprevistas. Como se costuma dizer: cuidado com o que deseja.

O diretor e roteirista Christian Volckman brincou muito com a mente do público, pois trabalhou com a ideia que sempre queremos mais, e ter um cômodo da casa no melhor estilo gênio da lâmpada, que praticamente fabrica tudo que desejarmos é algo surreal de bom, mas como a sinopse mesmo diz, é melhor ter cuidado com o que deseja, e a sacada da trama fica aí, pois o desenrolar de algo que não dá para controlar é a vida de uma pessoa, então desejar isso mexe com pontos subjetivos, entra em todo o problema da consciência humana, e até que ponto dá para ensinar algo. Ou seja, ele foi muito sagaz com uma história que se olharmos a fundo é simples, mas no meio de tudo já joga um Nietzche, já brinca com a ideia de criador e criatura, já amplifica os desejos, brinca com a confusão da mente e dos corpos, ou seja, ele faz algo explodir nossas cabeças, e o melhor, sem forçar nada, e com isso, mesmo que abusando de pontos que nem podemos colocar como pensamentos reais, o resultado acaba indo além e ficando muito bom para ser explorado, e também estudado, afinal esse é daquelas ficções que dá para brincar muito numa discussão mais profunda, o que não vou fazer aqui, mas quem quiser, fica a dica.

As atuações dos protagonistas foram bem colocadas, entregaram bem olhares de surpresas pelos diversos atos, tiveram emoções fortes em várias cenas, e principalmente se jogaram a fundo para mostrar crédulos de tudo o que estava acontecendo, ao ponto que fizeram com que o público os seguisse, e entendesse cada ato, ou seja, acertaram junto com o diretor para tudo na trama. Olga Kurylenko trabalhou bem sua Kate, dando nuances abertas de virtudes, e principalmente acertando com o estilo, trabalhando o olhar de uma mãe para com seu filho, defendendo situações e agradando bastante do começo ao fim com um fechamento até exemplar de expressões, ou seja, perfeita. É até engraçado ver as virtudes de Kevin Janssens, pois ele não é um ator chamativo, tem uma fisionomia comum que conhecemos diversos outros atores semelhantes, porém acabou se entregando tanto para seu Matt, que não vemos outro ator bem colocado ali naquele momento, teve feições fortes e nervosas, e nos atos que mais precisaram dele, ele foi imponente e certeiro, trabalhando diversas facetas e expressões tanto corporais quanto nos diálogos, acertando demais. John Flanders teve uma participação efetiva em duas cenas com seu John Doe (que é um homônimo para Desconhecido em inglês), e também acabou saindo muito bem no traquejo de maluco coerente, ao ponto de soar estranho em pensarmos dessa forma, mas agradou bastante. No caso do garoto Shane, tivemos ele em duas versões garotinho bem colocado com Joshua Wilson, muito bem trabalhado, expressivo, com muitas dúvidas e vontades, fazendo o tradicional garoto curioso que encaixa bem, e agradou bastante, porém no lado mais insano colocaram Francis Chapman como ele já jovem, e aí as vontades foram outras, e os olhares puxaram bem mais para algo envolvendo psicopatias, e outras doenças, ou seja, o rapaz foi bem também por conseguir passar trejeitos fortes, intensos e bem colocados.

Visualmente o longa tem tantos elementos cênicos nas cenas que começam a desejar de tudo o que se possa imaginar, como roupas, bebidas, quadros, dinheiro, e tudo mais que se pensar, que certamente fez a equipe de arte ficar maluca, e além disso uma casa com tantos fios, num visual incrível, com uma paisagem bem imponente, além claro das cenas imaginadas pelo garoto, então ai entrou em jogo algo a mais, além de brinquedos e muito mais. Ou seja, a trama foi simples de espaços, mas quando aberta a imaginação do diretor e da equipe de arte, o resultado foi muito além, tendo muitos elementos para explorar detalhes, para se discutir usos, e ir bem além também.

Enfim, é um longa que inicialmente não dei nada para ele, mas depois foi ficando tenso, o resultado foi se ampliando, e ao final já estava imerso em toda a ideia, apaixonando com cada detalhe. Claro que tem diversos furos de roteiro, daqueles que quem gostar de procurar erros, só vai achar problemas para tudo, então o que recomendo é esquecer esses detalhes e imergir na proposta toda, pois aí com certeza o resultado final será daqueles para se impressionar demais, e assim sendo recomendo ele totalmente. Bem é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: Até pensei em dar um 9, mas como o diretor foi sacana de deixar uma leve ponta para um segundo filme, e não ir direto ao ponto no fechamento, resolvi ficar com 8 coelhos mesmo.
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Amazon Prime Video - O Relatório (The Report)

8/23/2020 09:32:00 PM |

Algumas pessoas mais malucas costumam ler os últimos trechos de um livro para matar sua curiosidade de algum trecho, e saber se lê o livro integral ou não, então se acelerarmos o filme da Amazon, "O Relatório" e vermos que no final foi apresentado um resumo de 400 páginas, a chance de conferir por inteiro o verborrágico longa é quase nula, pois diria que as papilas de Adam Driver se não secaram no ano passado não secam mais, que fazendo dois filmes em que ele praticamente fala sem parar do começo ao fim é um desgaste gigantesco que mostra o quão bom ator é, porém voltando ao filme, a ideia da trama é bem intrigante ao ponto de conhecermos um pouco mais todas torturas que foram feitas para conseguir diversas informações sobre os ataques da turma do Bin Laden, tudo de irregular que a CIA fez, e que o senado montando uma investigação paralela conseguiu levantar um relatório gigantesco para mostrar isso. Ou seja, o mote do longa é muito bom, porém é tão verborrágico, com tantos personagens secundários importantes, que na metade já nem sabemos mais quem é quem, e se não fosse pelas boas atuações dos dois principais, o filme seria daqueles mais confusos do que interessantes de ver. Diria então que é um bom filme, mas que cansa mais do que envolve, e o resultado final real já vimos nos noticiários, então vendo que final teve tudo, o longa foi apenas mais uma amostra que na política tudo de ruim desaparece.

A sinopse nos mostra que após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001, a CIA passou a adotar o uso da tortura como meio de obter informações de pessoas consideradas ameaças ao país, sob a justificativa de evitar a todo custo que um ataque do tipo acontecesse mais uma vez. Trabalhando para a senadora Dianne Feinstein, o agente Daniel J. Jones inicia, em 2007, uma investigação interna acerca de denúncias sobre a destruição de fitas de interrogatório por parte da CIA, divulgadas através de reportagem publicada pelo jornal New York Times. Com muita dificuldade em conseguir os documentos necessários, Daniel dedica-se ao relatório por quase uma década, sem saber se um dia as descobertas por ele feitas serão expostas ao público.

É interessante ver o trabalho que o diretor e roteirista Scott Z. Burns fez na trama, pois se baseando nos depoimentos e textos que foram divulgados, ele acabou criando algo bem amplo, cheio de referências diretas, e principalmente personagens, para que seu filme tivesse uma base crível bem marcada, ao ponto que talvez uma série completa com todo o material funcionasse ainda maior, dando espaços para cada montagem, mas aqui em quase duas horas de exibição, vemos muito material, de forma que confesso que não absorvi nem metade do que foi mostrado, e garanto que muitos vão até se esquivar do estilo do longa pelo tanto de coisa mostrada. E isso é ruim? Não, de forma alguma muito material é ruim, porém a trama acaba ficando cansativa na metade, e mesmo mostrando todo o trabalho que o personagem principal teve, sabemos que no fim das contas ninguém acabou punido, e nada acabou acontecendo, então talvez um resumo da trama, com uma dinâmica mais acelerada, e quem sabe algum mote ficcional abstrato no miolo, para dar uma movimentada mais interessante, funcionaria mais e não entregaria algo tão maçante de textos, diálogos e mais textos, porém o resultado acabou mostrando a realidade de que algumas comissões se empenham tanto, se desenvolvem, perdem suas vidas lendo textos trancados em salas, e depois acabam sem nenhum reconhecimento, e é o que acabou acontecendo tanto com o personagem real, quanto com o filme em si.

Quanto das atuações, o filme tem um excesso gigantesco de personagens, do qual a maioria tem uma boa participação em muitos atos, mas sequer vamos lembrar o que fizeram, então vou focar nos protagonistas e só. Dito isso, volto a falar que Adam Driver precisa encontrar papeis mais leves para interpretar, pois mesmo nas ficções ele acaba recaindo para personagens com falas demais, com excessos de diálogos, e isso está marcando seu estilo ao ponto de que começaremos a ver ele como aquele ator que não se encaixa em personagens dinâmicos mais leves, o que pode até ser bom para sua carreira, e aqui seu Daniel é imponente, tem personalidade, e não aceita ser esquecido, apontando rusgas e forçando sua opinião para cima do relatório feito, e que com muita didática acaba sendo forte o suficiente para peitar tanto os senadores quanto os grandões da CIA, ou seja, poderia facilmente ter ganho duas indicações no Oscar passado, pois foi bem demais no que fez. Annette Bening trabalhou sua Diane com olhares diretos e com muita desenvoltura, ao ponto de estar irreconhecível numa personalidade diferente do usual mais leve, e que acabou lhe dando a indicação ao Globo de Ouro, pois foi dura, foi forte, e com um impacto correto e certeiro para chamar a atenção. Quanto aos demais, valem destacar apenas Douglas Hodge pela destreza de olhares psicológicos com seu Mitchel fazendo as mais incríveis torturas possíveis, mas todos foram muito bem no que fizeram, e entregaram personalidades bem encaixadas cada um no seu momento sem falhar em nada.

Visualmente o longa fez um trabalho prático e caro, pois é um elenco imenso, cenas em muitas locações pequenas, mas cheias de detalhes, desde uma sala investigativa cheia de papeis espalhados, salas de senadores, de reuniões, de tudo quanto é tipo de assunto bem representadas e devidamente lotada de pessoas em trajes/figurinos corretíssimos, cenas de torturas de nível bem imponente, e tudo sendo minucioso ao ponto de acreditarmos até terem pego muito material documentado (caso não tivessem destruído as gravações), ou seja, a equipe de arte leu muita coisa e fez um belo trabalho.

Enfim, é um filme com uma proposta incrível, com uma história real muito boa, mas que exagerou demais nos textos, e acabou mais cansando com tantos personagens importantes do que apresentando algo imponente e legal de curtir. Diria que vale mais quase como um documentário mostrando tudo do que como uma ficção envolvente, que mesmo tendo excelentes atores/personagens, o resultado acaba virando uma bagunça maior na mente do que algo que choque realmente. Ou seja, recomendo o filme, é algo bem bom, mas quem não curtir longas com toneladas de diálogos certamente irá se cansar na metade do filme, e não verá até o final, então se esse for o seu caso, fuja. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Amazon Prime Video - A Química Que Há Entre Nós (Chemical Hearts)

8/23/2020 02:23:00 AM |

Sempre que vou conferir um romance adolescente baseado em livros já fico esperando a mesma base, alguém que morra ou morreu, uma briga por motivo idiota, uma melação sem limite, e algo que o diretor/roteirista surpreenda (seja com um final inesperado ou algo que o filme não pareça ir para um rumo e vá), e com essa receita de bolo basicamente todos acabam dando certo. Ou seja, se você gosta desse estilo já vai certeiro conferir na Amazon Prime Video o lançamento da semana "A Química Que Há Entre Nós", que trabalhou bem o modus operandi do romance adolescente, de tentar entender um pouco a cabeça deles, e claro a perda em si, pois o filme não chega a forçar nem flui muito para além de um envolvimento bem trabalhado, ao ponto que acabamos entrando bem no clima do casal protagonista, temos vários elementos em aberto, e claro que o final acaba sendo bem trabalhado, pois envolve, funciona e só não é melhor por um único motivo: faltou emocionar um pouco mais, pois não sentimos aquela vontade nem de chorar, nem de ficar envolvido com o romance completo, ao ponto de que uma pitadinha a mais de açúcar, ou de dramaticidade daria o tom perfeito para tudo.

O longa nos conta que Henry Page, de 17 anos, nunca se apaixonou. Ele se considera um romântico, mas o tipo de amor que só uma vez na vida ele esperava ainda não aconteceu. Então, no primeiro dia do último ano, ele conhece a estudante transferida Grace Town e parece que tudo está prestes a mudar. Quando Grace e Henry são escolhidos para coeditar o jornal da escola, ele é imediatamente atraído pela misteriosa recém-chegada. Enquanto ele descobre o segredo de partir o coração que mudou a vida dela, ele se apaixona por ela - ou pelo menos pela pessoa que ele pensa que ela é.

Diria que o trabalho do diretor Richard Tanne foi impecável no sentido de representar bem uma obra literária de sucesso, pois a cadência das cenas nos faz sentir lendo quase algo com capítulos, mesmo que não exista as separações na trama, então vemos os acontecimentos marcantes quebrando tudo, cada ato sendo bem trabalhado solto dos demais, e que no macro acabam se completando, e isso não é algo ruim, mas sim uma coisa que os diretores/roteiristas estão aprendendo em adaptar os livros sendo fieis ao que os fãs dos livros querem, pois antes quando acabavam inventando muito, trabalhando a história de forma muito diferente só tomavam pancada, e agora seguindo a linha literária mesmo de grandes obras, o resultado acaba soando convincente e gostoso de ver. Claro que o que Tanne fez aqui com a obra de Kristal Sutherland não é algo brilhante, pois talvez um pouco mais de açúcar para dar o ar romântico, ou algum soco mais forte para dar uma dramaticidade maior, funcionaria bem mais, pois foi o que acabou faltando para o filme ficar perfeito, afinal o estilo pede que o público vá às lágrimas, e isso não acontece nem de felicidade, nem de tristeza aqui, ao ponto que vemos tudo acontecer, ficamos felizes pela essência, mas no fim queríamos um algo a mais, e ele não ocorre. Ou seja, ficou raspando a trave de envolver mais, mas não errou ao menos.

Já que o filme envolve química, então temos de falar claro da química entre os protagonistas, e posso dizer com certeza que teve uma boa sintonia de envolvimento entre Lili Reinhart e Austin Abrams, e que mesmo ambos já tendo seus 24 anos, passaram bem como adolescentes de 17, com ares simples, porém bem românticos como todo bom escritor deve ser. Austin trabalhou seu Henry com ares cultos de escritores experientes, com um estilo mais aberto, e soube dosar suas cenas para não parecer aqueles apaixonados bobos, mas sim tendo seu primeiro amor bem envolvido e com nuances bacanas de ver. Lili deu para sua Grace uma pegada intensa, já desesperada pela morte do namorado, com muitos traumas, fechada de fluxo e sabendo encontrar olhares além do plano para que sua personagem tivesse um algo a mais, e mandando bem, entregando muito gestual corporal acaba chamando muito para si e agrada demais. Quanto aos demais personagens, todos deram algum tom envolvente, tiveram suas participações, mas o filme basicamente é dos dois atores, tendo um ou outro ato mais chamativo para os amigos do garoto nas cenas de festa ou na escola, outros com os pais, mas sem dúvida vale ter um leve destaque para a transmissão dos pensamentos amorosos com um ar mais profissional médico-químico pela irmã do garoto, vivida por Sarah Jones, que teve dois atos mais dialogados bem trabalhados, e nada mais.

A base visual do filme se passa nas ruas da cidade por onde o casal caminha da escola até a casa da garota e de carro até a casa do garoto, numa carona meio que estranha de acontecer, mas que rola bastante, além de um cemitério, um local de homenagens, uma sala de jornal escolar, uma festa, e principalmente uma fábrica abandonada bem iluminada e bonita (até estranha de ser tão iluminada assim, se é algo abandonado!!), mas que funciona bem para o envolvimento da trama, e claro os quartos dos jovens que é onde os detalhes acabaram chamando atenção pela técnica de conserto de vasos do garoto, e pelas roupas que a jovem tem no quarto, ou seja, as duas cenas mais marcantes, que a equipe de arte acabou dando um bom show de elementos cênicos.

Como todo bom filme de romance tem uma boa trilha sonora, aqui não foi diferente, e para quem quiser curtir as canções depois de ver o longa, ou até mesmo num momento descontraído, recomendo e deixo aqui o link que acabou dando ritmo para todos os momentos, e chama bastante atenção por não ser cantores tão comuns de longas.

Enfim, é um filme bem gostoso de acompanhar, que não é daqueles que cansam de melações, que não faz você lavar a sala de casa chorando, e muito menos daqueles que irá te deprimir, ao ponto que acaba funcionando bastante e até poderiam ter colocado um pouco mais de tudo para ser perfeito, mas aí não seria o mesmo filme. E sendo assim, recomendo ele para todos, pois não é exageradamente adolescente, mesmo tratando de um tema adolescente, de forma que acaba valendo a conferida. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Missão Pijamas (The Sleepover)

8/22/2020 07:07:00 PM |

Já tivemos tantos filmes de espionagem envolvendo crianças, várias grandes sacadas de fugas, objetos inesperados, vilões e tudo mais, que nem nos impressionamos mais com as ideias que costumam entregar desse estilo, e na maioria das vezes já vamos com as expectativas bem em baixa pois não são filmes que costumam surpreender em algo. Dito isso, o lançamento da semana da Netflix, "Missão Pijamas", até tem seus méritos por não forçar a barra, e criar uma ideia digamos diferente de descoberta da mãe como uma super-ladra, ter toda a desenvoltura em cima das bobagens ditas pelo marido, as diversas situações bobinhas que os pequenos acabam se metendo, e principalmente toda as sacadas de investigação que vão fazendo na busca pela mãe. Ou seja, o que parecia ser apenas um longa bem simples, acabou entregando uma produção até que bem grande, com muito requinte visual, e que mesmo a história sendo bobinha, o resultado acaba divertindo como um costumeiro filme de Domingo a tarde, e assim sendo, quem assistir ele de uma forma despretensiosa até vai acabar curtindo junto com toda a família.

O longa nos mostra que em uma noite do pijama com seus melhores amigos, dois irmãos descobrem que sua mãe Margot é na verdade uma ex-criminosa incluída no programa de proteção a testemunhas. Quando Margot e seu marido são sequestrados e obrigados a realizar um último trabalho com um ex-parceiro, os irmãos precisam unir forças para resgatar seus pais em uma noite cheia de ação da qual jamais se esquecerão.

A diretora Trish Sie é conhecida por pegar franquias já bem desenvolvidas e dar um ar novo para elas, e aqui em seu primeiro filme com uma história nova para contar ele usou um pouco do que conhece (deixando a vida passada da protagonista semi-oculta para usar depois), e entregou uma trama ágil, bem desenvolvida em duas frentes separadas que se unem ao final, e que mesmo não sendo nada muito brilhante, acaba sendo gostoso de conferir toda a ideia que colocou em ação, ao ponto que mesmo os personagens que mais forçam com besteiras, como o pai e o filho, no resultado geral o resultado acaba não soando como um pastelão, pois a diretora soube quebrar bem os diversos elos, e ir pincelando tudo com ação, com sacadas mais rápidas das garotas, e assim o filme ficou leve e bem trabalhado. Claro que como todo filme mais voltado para a família toda, temos elementos bobos e cenas sem nexo algum como as da travessia de barco, mas como costumo dizer, nesse estilo é melhor relevar as insanidades do que ficar brigando com elas, e assim sendo o longa flui e o resultado do trabalho da diretora, ao menos numa produção bem maior do que as que já fez, foi coerente de ver.

Sobre as atuações, temos de olhar primeiro a frente com os adultos, aonde Malin Akerman teve uma boa desenvoltura com lutas, fez cenas bem abertas e dinâmicas com sua Margot, e por incrível que pareça como protagonista teve poucos diálogos, então não se soltou tanto nas dinâmicas diretas, mas nas pancadarias mandou bem. Já Ken Marino não desligou um segundo com seu Ron, falando até besteiras demais, puxando a comicidade para algo mais jogado, apelando para algumas coisas nojentas, mas de certo modo o personagem pedia um pouco desse contraste, afinal o ex da protagonista era alguém bem diferente, e aqui teriam de apelar, então ele não economizou. E falando do ex, Joe Manganiello botou todo o charme para jogo com seu Leo, trabalhando músculos, batendo bastante, fazendo posturas de agentes especiais, e ousando um ou outro trejeito para seu personagem, mas nada que fosse elaborado demais, ao ponto de que ele ao final até se entrega de uma maneira boba demais. Já indo para o lado das crianças, Sadie Stanley entregou presença para sua Clancy, sendo a que mais trabalhou nas dinâmicas, deu olhares sagazes para todos os momentos, e funcionou bastante no que precisou mostrar. Maxwell Simkins até foi gracioso com seu Kevin, e mesmo sendo bobo em alguns atos, o ator foi bem demais no que fez, agradando bastante. Os demais jovens foram bem conectados na trama, mas sem grande destaque, ao ponto que Cree Cicchino como Mim e Lucas Jaye como Lewis até se entregam em um ou outro ato, mas nada que fosse de grande valia. E para finalizar, ainda tivemos Karla Souza com uma Jay que até valeria ter sido um pouco mais trabalhada, pois aparece pouco, mas seu personagem teria mais o que falar no filme.

Um ponto positivo da produção foi o trabalho da equipe de arte, mas que nem chegou a ser usado realmente, pois quando as crianças descobrem o esconderijo dos objetos tecnológicos da mãe, pensei que fossem pegar tudo, usar para cenas mais intensas, mas apenas mostram o carrão e algumas armas, e já vão para outro lugar, nadar, e com isso apenas gastaram com a cena para ficar com uma caneta, mais pra frente tivemos uma biblioteca bem luxuosa, um evento com muitos trajes e visuais, e uma perseguição de carro até que bem ousada, mas em linhas gerais o filme apenas se ambientou bem e largou isso para o público trabalhar sozinho, o que merecia um apreço melhor da direção para dar continuidade nos trabalhos (ou será que deixaram para um segundo filme???).

Enfim, volto a frisar que não é um filme incrível daqueles que vamos nos lembrar e querer ver diversas vezes, mas que tem suas qualidades e certamente passando na TV você sentaria e veria tudo curtindo numa boa em qualquer dia da semana com sua família. Ou seja, é o famoso filme passatempo que serve de coringa para qualquer momento mais light que vai agradar quem gosta do estilo sem precisar surtar com loucuras demais. Sendo assim, fica a dica para quem gosta de filmes mais infantis bem feitos, e volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Netflix - Crimes de Família (Crimenes de Familia) (The Crimes That Bind)

8/20/2020 11:56:00 PM |

Geralmente os filmes argentinos conseguem nos prender tanto que acabamos nem descobrindo nada antes, porém o novo longa da Netflix, "Crimes de Família" acaba desempenhando uma formatação meio que quebrada para tentar enganar no começo, mas logo pegamos a deixa e entendemos como tudo ocorreu, mas esse é o menor dos itens do longa, pois todos os atos são intensos, toda a desenvoltura familiar nos dois tribunais soam fortes, e ainda temos alguns momentos icônicos de quebra da vida comum que a protagonista levava. Ou seja, é um filme que até tem uma leve cara de novela, mas que encontrou rumos diferentes para passar como um bom drama, e que misturando estilos de filme de julgamentos e dramas familiares acaba resultando em algo com uma boa pegada interessante e direta, pois felizmente é curto, pois se alongasse um pouco mais iria cansar. Sendo assim, vale a conferida mesmo não sendo brilhante como outros longas do país, mas talvez um pouco mais de dinâmica resultaria em algo melhor.

O longa acompanha Alicia, uma mãe que se encontra desesperada para fazer com que seu filho Daniel, acusado de tentar matar a ex-mulher, não seja preso. Durante o processo, Alicia acaba descobrindo algo que mudaria o rumo de sua vida para pior.

Ainda não vi o filme anterior do diretor Sebastián Schindel que também está na Netflix (não teve tantas críticas positivas, mas vou arriscar em breve para ver o estilo dele), pois aqui é notável que ele gosta de tentar encobrir seus mistérios jogando com ordens cronológicas meio que abertas, pois o mistério todo do julgamento demora demais para acontecer, e talvez uma ordem direta daria um fluxo até melhor para o longa, mas ao optar pelas quebras acabamos sentindo um pouco mais do envolvimento familiar, nos envolvemos um pouco mais dentro do mistério, para aí ele nos apresentar toda a loucura que ocorreu, como ocorreu, e claro o desenrolar de um julgamento até que estranho demais. Dito isso, o diretor mostrou um tema que é complexo de se julgar, pois envolve relações entre mãe e filho, patroa e empregada, marido e esposa, abusos, e muito mais, que daria para discutir cada um e arrumar diversas confusões com cada um tendo sua opinião sobre cada caso, mas como o foco ficou em cima das atitudes da matriarca da família, que vê seu mundo desabar mesmo depois de ter feito tudo o que foi possível, o resultado até funciona, mesmo sem ser algo chocante de ver, e assim sendo o diretor ao menos não errou, pois fui conferir esperando muito mais de um longa argentino do estilo, e ele não entregou nem metade do que esperava ver.

Sobre as atuações diria que Cecilia Roth conseguiu segurar bem a dramaticidade de sua Alicia, de modo que cada ato seu tem um peso diferente, desde o desespero no começo para tirar o filho da prisão, depois as reuniões com as amigas ricas segurando o deboche de tudo o que está ocorrendo na sua vida, até chegarmos nos julgamentos e suas declarações, de forma que sempre imponente de ares, a atriz mostrou sempre um semblante bem fixo, e acaba agradando bastante, mesmo que seu estilo seja daqueles que não empolguemos tanto, e assim acerta bem do começo ao fim. Sabia que já tinha visto Yanina Ávila em outro filme, e se em "Uma Espécie de Família" a atriz se entregou com desespero, aqui com um estilo mais fechado, com medo de tudo, exagerando até muito com uma personalidade seca, acabou entregando uma Gladys bem simples e certeira, que não se destaca muito pelos diálogos, mas suas dinâmicas foram funcionais e bem encaixadas. Quanto aos demais, tivemos uma dramaticidade exagerada no depoimento de Benjamín Amadeo, ao ponto de chegarmos até a ficar com pena de seu Daniel por alguns minutos, e o ator ainda teve alguns outros bons momentos, funcionando bastante, enquanto Miguel Ángel Solá trouxe para seu Ignácio algo seco demais, que mostrou até um certo cansaço da esposa e da família, mas sem fluir muito, enquanto os demais apareceram rapidamente, tiveram uma ou duas cenas mais marcantes, e só.

Visualmente o longa brincou bastante com o ambiente de classes, mostrando desde o apartamento luxuoso com a protagonista fazendo ioga em casa com professor particular e amigas com cafezinho chique depois, mostrou o cantinho recluso da empregada e suas atitudes, mostrou a casa simples da ex-nora em um bairro afastado, contrapôs situações com ônibus e táxis, deu detalhes de objetos cênicos para realçar bem cada momento, e claro, usou bastante do ambiente jurídico, com dois julgamentos bem imponentes, algumas salas de depoimentos bem representadas, e uma funcionalidade visual bem encontrada para cada momento pela equipe de arte, ao ponto que nem se o filme fosse baseado em um livro teríamos tantos detalhes para observar, mas quiseram ser precisos e acertaram pelo menos.

Enfim, é um bom filme, que tem uma tensão bem trabalhada, cenas de julgamento bem intensas, e que trabalha temas de muita discussão, mas que não vai a fundo em nenhum deles, e o resultado acaba sendo apenas bom. Não diria que seja daqueles filmes argentinos que amamos ver, mas ainda assim é uma boa história e consegue prender o espectador durante toda a exibição, então até vale a conferida. Sendo assim, fica a dica e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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Netflix - A Prima Sofia (Une Fille Facile) (An Easy Girl)

8/20/2020 12:34:00 AM |

Diria que facilmente o filme "A Prima Sofia" está fazendo sucesso na Netflix pelos peitos da protagonista, pois dizer que um público comum iria conferir um longa francês de nível artístico gigantesco que apenas tenta passar as nuances do carpe diem pela protagonista, e a essência realista da prima em tentar entender seus gostos no mundo olhando para a outra mais vivida, certamente não bate com o público que a plataforma possui, mas como é um filme de visual bonito tanto pela locação em Cannes, com passeios de iate, festas requintadas, e quanto pelo visual da algeriana Zahia Dehar que chama a atenção, o resultado acaba sendo um filme que passa a ser agradável, embora bem subjetivo. Ou seja, é daqueles filmes que vemos, entendemos a proposta, curtimos a paisagem, e pronto, nada mais, pois não causa nenhuma emoção em ninguém, não traz nenhuma grandiosa mensagem, só mostra que quanto mais dinheiro você tem, mais subjetivo você acaba sendo, mostra que a liberdade é algo também subjetivo que depende de como você pensa em ser livre, e que não vai muito além, de forma que nem entendemos como foi premiado em alguns festivais (acho que os votantes queriam ver a protagonista recebendo o prêmio, só pode!).
 
O longa nos mostra que Naïma, de 16 anos, filha de uma faxineira, está prestes a fazer um teste com seu melhor amigo Dodo em Cannes. O ano escolar acabou. É então que sua prima Sofia, de 22 anos, chega de Paris para passar as férias com ela. Ela é uma jovem de sexualidade liberada e não hesita em aproveitar seus encantos. "Aproveite o momento" é o seu lema principal. Após praias, casas noturnas e espumantes, as duas primas rapidamente conhecem Andres e Philippe, um colecionador de arte e seu casamenteiro regular. Dois homens ricos que os convidam para seu iate. Sofia então transforma Naïma de sua realidade cotidiana para o mundo do luxo, opulência, alta costura, ótimos restaurantes e suntuosas vilas mediterrâneas. Este mundo onde tudo parece possível.

A diretora Rebecca Zlotowski foi bem direta no que desejava passar, e não se preocupou em momento algum com algo a mais, trazendo um longa até que dinâmico, porém sem uma história que chamasse atenção, pois não vemos em momento algum a desenvoltura da protagonista em querer descobrir se vai ser comediante, chef, ou alguém que aproveite a vida como sua prima, vemos isso acontecer dentro do fluxo da trama, e o resultado até passa a ser funcional. Ela também não se preocupou em abusar do sexismo, pois certamente sabia que isso chamaria atenção em seu filme, e dessa forma o ambiente foi bem ousado e usado, e assim acabamos vendo cenas intensas da protagonista, e sua interação foi bem feita ao ponto de não soar falsa, ou seja, a diretora soube comandar bem as cenas para que tudo passasse a realidade sem soar apelativo ou com um uso desnecessário, pois tudo é bem trabalhado. Ou seja, o resultado completo do que a diretora fez até é algo abrangente ao ponto de seu filme ter um tom ousado e bem feito, mas a história em si é fraca, e não chama a atenção como deveria, e assim, certamente amanhã já nem lembraremos de ter visto ele.

Sobre as atuações, Zahia Dehar é daquelas atrizes que não entregam grandes expressões em olhares e diálogos, mas que seu corpo fala sozinho, ao ponto de que muitos irão conferir só para ver os diversos atributos da atriz como Sofia, e como uma das personagens fala, muito até artificial (o que não deixa de ser bonito de ver!), e assim sendo a jovem poderia até ter sido mais ousada em algumas cenas para chamar mais atenção pelas atitudes, mas não foi. Mina Farid até chamou bem a responsabilidade para sua Naïma em diversos atos, teve atitudes e trejeitos coerentes para que sua personagem não desandasse, mas ficou muito atrás de Zahia, de forma que parece até que o filme não era sobre ela também, e assim o resultado não chama tanta atenção como poderia, mas a jovem até que foi interessante de ver em alguns atos. O português Nuno Lopes fez o papel de um brasileiro muito rico com seu Andres, de forma que vemos que os ricos daqui querem realmente quando vão para fora, e as atitudes do personagem até soaram bem verossímeis, ao ponto de que o ator acaba agradando bastante, e funciona no que foi proposto. Já Benoît Magimel entregou um Philippe meio estranho, sem muito fluxo, que até aparentava ser outra coisa, mas sempre mantendo mistério demais, tanto que seu ato de virada chega a ser até meio sem nexo, mas o ator deu um charme bacana para a produção e foi bem no que fez ao menos. Quanto aos demais, não tivemos nenhum grande chamariz, tendo apenas a participação de Clotilde Courau como a riquíssima Calypso, e algumas cenas jogadas de Lakdhar Dridi como Dodo, mas ambos sem nada que fosse impressionante de ver.

Agora sem dúvida alguma o grande ponto alto do filme ficou a cargo das belíssimas praias de Cannes, os maravilhosos iates, boates requintadas, e claro muitos detalhamentos em todas as cenas, sejam elas dentro do iate, na mansão italiana, ou até mesmo no pequeno apartamento da protagonista, mostrando elementos simbólicos e muita destreza com cada objeto para que fosse representativo, ou seja, a equipe de arte não quis ofuscar nada, mas ao mesmo tempo chamou a atenção para tudo.

Enfim, é um filme simples, que não atinge nenhum ápice, mas que passou sua mensagem e nada mais, de forma que vamos esquecer dele com certeza, e que não vale a recomendação, mas que muitos irão clicar no play pelos peitos da protagonista, e que também não é nenhuma bomba gigantesca, sendo que dá para assistir tranquilamente. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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