Quando somos fã de algo fica até mais difícil falar sobre, pois se existia um filme que mais esperava era a conclusão épica da trilogia "O Hobbit", que quem assistiu e apaixonou pela Terra Média lá no finalzinho de 2001 só tinha olhos para essa data, que mesmo reclamando de um livro fininho ter virado três longas enormes, sabíamos com toda certeza que no final não iríamos nos desapontar e toda a expectativa criada ia ser superada. Pois bem meus amigos, é hora de secar as lágrimas, afinal como disse no Facebook, muitos não vão chorar apenas por ser um filme triste, terem mortes importantes que quem leu o livro saberia que iria ocorrer, e todo o impacto que o diretor colocou nesse último capítulo, mas sim por saber que não teremos mais no ano que vem, que a Terra Média agora ficará apenas na nossa memória, num lugar muito bem guardado, afinal não tem como esquecer algo tão belo que permeou nossa vida por 13 anos, e mais do que ter apenas um olhar crítico, hoje me vi como fã, de algo que me marcou antes mesmo de pensar em estudar sobre a sétima arte, e que esse diretor maluco soube fazer tão bem que "A Batalha dos Cinco Exércitos" acaba sendo um marco no ano, de um filme que contém tudo, emoção, lutas muito bem feitas e principalmente a cenografia que com toda tecnologia à nossa disposição para assistir ao filme, quase fizemos parte e pudemos acompanhar todos os personagens nos seus últimos momentos de tela.
O longa nos mostra que após ser expulso da montanha de Erebor, o dragão Smaug ataca com fúria a cidade dos homens que fica próxima ao local. Após muita destruição, Bard consegue derrotá-lo. Não demora muito para que a queda de Smaug se espalhe, atraindo os mais variados interessados nas riquezas que existem dentro de Erebor. Entretanto, Thorin está disposto a tudo para impedir a entrada de elfos, anões e orcs, ainda mais por ser tomado por uma obsessão crescente pela riqueza à sua volta. Paralelamente a estes eventos, Bilbo Bolseiro e Gandalf tentam impedir a guerra.
O roteiro desse terceiro e último capítulo é o mais envolvente dos três longas que compuseram a história completa, e como o diretor e roteirista Peter Jackson já havia feito no "Senhor dos Anéis", apesar de já serem 3 livros prontos, ao colocar outras histórias de outros livros de J.R.R. Tolkien a trama que poderia facilmente ser mostrada em um único filme acabou tomando proporções gigantescas e muitos até acabaram reclamando da enrolação nos dois primeiros filmes, mas a sua sabedoria de deixar para o fim as partes mais fortes é algo que não temos como não vibrar a cada cena, de forma que tudo acabasse sendo ligado as pontas tanto com os demais da própria trilogia, quanto com a primeira saga, afinal para quem não sabe a história do livro "O Hobbit" se passa 60 anos antes do que vimos em 2001. Quem puder, recomendo que veja os dois primeiros em sequência para já ir pronto ao cinema ver esse, afinal o longa começa exatamente onde parou o outro, não dando espaço de tempo nem para você refletir se lembra quem é quem, e o que está acontecendo ali, já estando no ápice de uma das cenas mais importantes do livro, que diferentemente do que costuma acontecer, dessa vez o Coelho leu bem antes de sair o primeiro filme, e como é de praxe, tem muita coisa que está no livro e não está no filme e vice-versa, mas como costumo dizer são dois estilos próprios que dá para viver separados, e claro que sempre vai ter quem vai achar o livro mais legal, mas como prefiro a ação audiovisual que um longa pode nos propor, prefiro mil vezes o conjunto da obra, já que daria para ter dois filmes bem feitos, diminuindo os dois primeiros, e esse último mantendo na íntegra, afinal repito, é excelente. Jackson não é maluco, muito pelo contrário, podemos considerá-lo um dos diretores com visão gigantesca do que funciona comercialmente e colocando sempre sua câmera nos pontos chaves da trama, para que tudo gire ao redor daquele campo de visão, aqui trabalhou de uma forma interessantíssima, trabalhando sem parar cada nicho de personagem como único, mas ao mesmo tempo inserido no todo da trama, e isso só faz a empolgação do público crescer e ir se envolvendo com cada personagem e com cada ato da batalha, que dura incríveis 45 minutos, ou seja, é quase um filme dentro de outro. E fazendo dessa forma, não teve como errar, fazendo com que o longa seja tão bem colocado que até mesmo quem não for fã da série, vai acabar vibrando e quase aplaudindo ao final.
Como aqui é o fechamento da trama, e até então praticamente nenhum personagem havia sido jogado para trás, muito pelo contrário, a cada filme foram sendo inseridos mais e mais personagens, agora fica até difícil falar de cada um individualmente, senão teria um texto de muitas páginas quase virando um livro, então vou apenas destacar alguns, mas já adianto que todos sem exceção não foram jogados na trama ao vento, fazendo sua importância valer a pena e atuando com garra para que pudéssemos lembrar deles para sempre. Nosso querido Martin "Bilbo" Freeman, com seu pequeno tamanho acaba quase esquecido em algumas cenas, mas está ali presente mesmo que apenas para encaixar a cena, e dá suas nuances de forma sempre bem colocada e divertida, mostrando que o ator é tão versátil para o estilo que desejar que faça, uma beleza de ver na tela. Richard Armitage já havia dado show nos dois longas anteriores com seu Thorin, mas aqui com a doença atacando forte vem uma personalidade única para suas cenas, e depois nas cenas finais então é algo que não tem como não vibrar, excelente também. Luke Evans fez um Bard bem trabalhado, mas em alguns momentos aparentou o erro mais comum de filmes com exagero de coisas digitais, se perder para onde olhar, e isso pode acabar com um filme, mas felizmente corrige bem e sai enquadrado a tempo de algo pior, mas poderia nas cenas que tem mais diálogo ter aumentado a imponência para que o personagem fosse mais marcante, e isso é o único defeito do ator. Pra quem achava que Orlando Bloom ganharia seu cachê milionário para apenas uma meia dúzia de cenas, com toda certeza vai se surpreender com o que faz aqui, pois temos diversas cenas que o ator trabalhou bastante, ou melhor seu dublê né, mas o que importa é que Legolas caiu bem nesse último filme e praticamente acabou sendo explicado como está nas duas sagas, para alegria de muitos. Aidan Turner novamente tem presença e importância significativa na trama e suas cenas são sempre envoltas de uma luta quase romantizada de seu Kili pela amada Tauriel de Evangeline Lily que dessa vez trabalhou mais emotivamente do que com força, apesar de ter apanhado muito em cena, a cena final de ambos é fortíssima, dando um pequeno spoiler. Lee Pace caiu bem no personagem de Thranduil e com cenas marcantes e de diálogos fortes acabou agradando bastante, talvez visualmente chamasse mais atenção se não soassem falsas algumas de suas falas, mas isso não chega a ser um problema grandioso pra trama. E para finalizar apenas para colocar em evidência a direção de segunda unidade de Andy Serkis que acabou não vindo com seu Gollum, mas fez de Manu Bennett(Azog) e Benedict Cumberbatch(Smaug), não apenas duas dublagens de vozes, mas toda uma criação visual com identidade própria e perfeita de captura de movimentos que é incrível de ver, e estou citando apenas dois personagens, mas se formos analisar a fundo, foram muitos aqui, e já está na hora de começar a reconhecer essa galera com muitos prêmios.
Como já disse antes, além de uma história muito boa, o ponto principal da trama está no conceito visual que foi criado para a Terra Média, e com toda a tecnologia que o longa possui, cada detalhe mínimo passa a ter um valor impressionante dentro do contexto geral. A cada plano aberto, onde a cenografia paisagística é evidenciada, temos locações maravilhosas que enchem nossos olhos, e mesmo nos momentos mais digitais, acabamos querendo conhecer cada canto do cenário para olhar que até ali, os diretores e suas equipes imensas pensaram em detalhar algum entalhe ou objeto mínimo para que quem quiser ver, observe e saia feliz. Os personagens computadorizados são de uma modelagem impecável e assustadora de detalhamento, fazendo com que cicatrizes sejam muito mais do que algo na pele do personagem, mas algo que está ali para ser apreciado como obra de arte, e isso é muito bom. Ou seja, é outro ponto que daria para falar horas, mas apenas digo para não deixar que o filme morra ao sair da sala do cinema, tanto que quem quiser já deixo a sugestão de presente para o ano que vem a coletânea completa que deve vir assim como teve no "Senhor dos Anéis" o como foi feito cada coisa, e minha prateleira já está clamando por isso até mais do que eu. A fotografia trabalhou novamente bem com o tom azulado para as cenas de batalha na neve, e o marrom mais seco quase puxado para o cinza nas cenas de luta próximas da montanha, o que deu alguns contrastes bem interessantes de se observar no filme, e agradar bastante com a paleta completa de cores, pois cada personagem procuraram evidenciar mais suas cores colocando sempre eles em posições claras para não confrontar estilos.
Sobre os efeitos digitais 3D, a tecnologia HFR 48 fps e claro assistir na sala Imax, o que posso falar é apenas que vale cada centavo pago a mais, e quem não puder ver no Imax recorra às salas MacroXE que estão com tecnologia exata que o diretor quis fazer no filme. A quantidade de cores é algo incrível de se ver mesmo com um óculos escuro, e a profundidade de campo nem tem como falar de tão perfeita, além dos personagens estarem colados no espectador e de tamanhos surreais nas grandes telas, o que dá uma perspectiva incrível e envolvente. Como já disse um amigo, nem parece ser cinema, já que tudo parece estar acontecendo na nossa frente como numa peça de teatro de maiores proporções, mas repito, é uma experiência única que deve demorar para que apareçam mais diretores corajosos de fazer essa loucura toda, então aproveitem e se divirtam como foi projetado para ser exibido. Os que gostam de longas 3D apenas por coisas que saem da tela talvez se desapontem um pouco, mas como já disse algumas vezes, a tridimensionalidade para trás da tela é até mais importante que voar coisas para fora, então o filme tem todo seu valor e agrada demais com tudo que é colocado, e nas cenas que saem da tela, o efeito está imperdível.
Na parte sonora, preparem os ouvidos para sair da sala perdidos com tantas explosões, brados de guerra, tilintar de espadas e tudo mais que uma boa ação deve ter e sem falhar em momento algum, a mixagem de som junto de excelentes trilhas sonoras nos colocou num lugar totalmente fora da realidade, de forma que entramos na sala do cinema e saímos de lá querendo voltar para ouvir mais e mais com o que Howard Shore nos propõe. Além disso nosso querido Pippin de o "Senhor dos Anéis", mais conhecido pelo nome real de Billy Boyd compôs e cantou a linda música final da trama, que sobe durante os créditos dando aos fãs o ar triste de um adeus, mas de uma missão bem cumprida.
Enfim, o texto está enorme, quem quiser ler, leia, quem não quiser reclame nos comentários, mas digo mais uma vez às 2:48 da madrugada, na minha opinião esse sem dúvida alguma foi o melhor filme do ano, tanto em quesito produção, quanto no quesito história, claro que tivemos grandes filmes artísticos bem feitos e que nos envolveram, mas a grandiosidade aqui supera qualquer coisa feita apenas para refletir. Preciso falar que recomendo ele? Ou apenas esse texto imenso cheio de palavras que saíram emocionadas no calor do momento logo após a sessão de pré-estreia já valem? Se não valem, então eu falo, vá para o cinema agora e confira junto com os milhares de fãs que devem lotar as salas, pois quanto mais gente se emocionando ao mesmo tempo, menor a chance de você pagar o mico sozinho limpando as lágrimas com outros te olhando estranho. E repito, vá nas maiores salas que sua cidade tiver, pois garanto que não vai se arrepender. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda temos outros três longas nacionais que apareceram por aqui nessa semana para conferir, então volto em breve com mais posts para quem não quiser enfrentar a Terra Média possa ter uma diversão nos cinemas no final de semana. Então abraços e até mais.
PS: Como diria uma antiga professora, como não dá para dar nota maior que 10, fica 10 parabéns estrelinha com muito orgulho.