Comédias ultimamente têm seguido dois vértices bem distintos para agradar e acertar, ou partem para um nicho romantizado e surgem leves desenvolturas, ou já partem para o pastelão, misturando muitas cenas de ação, aonde a dinâmica frenética acaba quase que corrigindo leves erros de roteiro e resulta em algo divertido e interessante de acompanhar. Mas claro que independente do estilo escolhido, a grande sacada do gênero é não falhar no tino cômico e caprichar nas piadas para que o longa faça rir, e certamente o objetivo de "Dupla Explosiva", mesmo que apele demais consegue esse feito, ou seja, funciona como comédia. Porém mesmo apelando em demasia, e com um roteiro bagunçado ao extremo, o longa possui tantos planos-sequências que mesmo quem acabar ficando bravo com a história irá se agradar com o estilo ousado da direção em fazer algo diferenciado, e que com muita ação acaba saindo melhor do que a encomenda, num filme até que simples pela proposta, mas que diverte e resulta em algo bem feito.
O longa nos mostra que um guarda-costas de elite, que só trabalha para os clientes mais seletos do mundo, descobre que terá um novo cliente: um assassino de aluguel que ressurgiu das cinzas, com quem costumava se estranhar no passado. Apesar do ódio mútuo, eles terão 24 horas para viajar de Londres para a Holanda, enquanto são perseguidos pelos agentes de um ditador do Leste Europeu.
Com digamos um terço do orçamento de seu filme anterior, "Mercenários 3", o diretor Patrick Hugues procurou aqui trabalhar com uma boa dose de comicidade em cima de dois estilos diferentes de personagens, mas claro que mantendo o mesmo ritmo acelerado, e claro muitos tiros, explosões, trapalhadas e loucuras com carros/barcos e afins que já vimos em outras produções suas, de modo que ele começa a mostrar realmente seu estilo próprio, e aqui ainda pode abusar com muitas câmeras na mão em planos-sequências malucos para que ainda agradasse na atitude dos personagens, mostrando tanto que o lado mais certinho pode funcionar em diversos momentos, como também é necessário ter atitude algumas vezes. E embora o roteiro de Tom O'Connor não seja algo primoroso de situações, nem contivesse uma história que o público desejasse conhecer um bom desfecho, o resultado geral que o diretor soube trabalhar nele, acabou dinâmico e fez rir, sendo acertado nesse contexto, ou seja, o filme está longe de ser algo perfeito, mas cumpre com sua missão de divertir e embora completamente maluco trabalha bem cada personagem, suas histórias passadas, suas nuances atuais, e digo até mais, com o estouro da bilheteria nos EUA, vejo até possibilidade de virem com alguma sequência muito em breve, pois dá para trabalhar ainda muito mais os personagens.
Sobre as interpretações é fato que a química entre os protagonistas ficou bem colocada, mas poderia ser melhorada (mais para o fim, ambos conseguiram melhorar bastante esse quesito), pois embora sejam de cara dois que não se dão muito bem, até o ódio pode funcionar como um estilo de química, e no início tudo aparentava forçado demais entre eles, e isso não é muito legal de ver, mas como disse, foram melhorando (talvez as filmagens começaram a ficar num ritmo maior), e acabaram bem interessante para vermos até mais vezes com esses personagens. E sendo assim Ryan Reynolds trabalhou seu estilo sarcástico, se auto-sacaneando e até se sabotando em cena, fazendo diversas caras e bocas no melhor estilo canastrão, misturado com doses bem bobas de falta de tino, e com isso seu Michael Bryce até tem boas desventuras, mas certamente poderia fazer muito melhor se quisesse. Já pelo outro lado Samuel L. Jackson praticamente faz uma junção de seus diversos personagens no cinema para que seu Darius Kincaid ficasse uniforme, e não digo que isso seja algo ruim, pois sempre é gostoso ouvir suas risadas, seu estilo de tiro pra todo lado, e até mesmo as sacadas bem colocadas que costuma fazer, mas como bem sabemos, gostamos de ver atores fazendo personagens diferentes, e aqui isso não ocorre. Salma Hayek vem numa vibe de papeis secundários com ares de principal, bem interessantes de analisar, pois não protagoniza, nem fica jogada de lado, e com isso certamente vem ganhando bons cachês sem precisar fazer muito, e aqui sua Sonia é bem audaciosa, e praticamente a mulher que detona pela história contada pelo protagonista, mas com três ou quatro cenas nem quase chamou a responsabilidade para si, e talvez seja melhor aproveitada numa próxima continuação, pois como bem sabemos, é uma excelente atriz. Sabemos muito bem que o estilo de filmes de Gary Oldman é outro, e aqui até foi bem usado seu estilo para o vilão Dukhovic, mas são tão poucos momentos que nem dá para dizer que ele pode fazer muitas expressões, de modo que foi acertivo, mas poderia ter dado muito mais show se ele fosse para cima dos mocinhos, do que o outro ator usado de capanga. Dentre os demais, todos foram meros coadjuvantes e nem chegam a ser importante falar muito, tendo um leve destaque, mais pelo contexto da história, a participação em boas cenas de Elodie Yung com sua Amelia, mas nada que seja muito chamativo, pois a atriz foi seca demais na maioria das cenas.
No contexto visual, a equipe praticamente viajou a Europa inteira, passando por locações em diversos países, muitas cenas externas cheias de ação e destruição, desenvolvendo bem poucos elementos cênicos, mas funcionando bem com cada um que era usado, como celulares, algemas, diversas armas e na cena mais dinâmica de luta, tendo de tudo um pouco para ser usado como arma (grandioso destaque para essa luta que passa por metrôs, restaurantes, ruas e tudo mais, usando desde bandejas, até correntes para lutar muito), e sendo assim, podemos dizer que o acerto da equipe de arte foi bem ousado, cheio de brincadeiras com personagens dos protagonistas e grandes sacadas para que o filme não ficasse cansativo. Quanto da fotografia já disse o quanto de ousadias fizeram com muitas cenas sequenciadas que como bem sabemos precisa de uma iluminação precisa para agradar, e sem errar em nada, cada tom foi bem usado para agradar e encaixar a dinâmica na projeção total, de modo que não tivesse tantos erros, nem caísse num tom dramático que certamente poderia ocorrer com uma ação policial que o filme também pode ser classificado.
Outra grande sacada da trama fica a cargo das músicas que deram um ritmo acelerado, mas que também entraram em cena dando contexto para diversas cenas, o que mostrou uma pesquisa bem elaborada, então claro que merece ganhar link para que todos ouçam.
Enfim, é um filme bem divertido, que apela bastante para funcionar, mas que em momento algum abusa do espectador e com isso acaba agradando principalmente quem gosta de uma comédia de ação mais forçada. Como já falei nos parágrafos acima, longe disso ser algo ruim, o que vale é a intenção frente ao resultado final, e como o filme acaba fazendo o público rir, funciona como comédia. Portanto se você gosta desse estilo vá conferir e se divirta bastante, agora se você prefere um filme mais centrado, com piadas que fluem sozinhas e sem nenhuma apelação, passe bem longe, pois a chance de reclamar de tudo é bem alta. Bem é isso pessoal, mais uma vez agradeço ao pessoal da Difusora FM 91,3Mhz e do UCI pela excelente pré-estreia exclusiva, e volto na próxima quinta com mais textos, afinal essa semana vem quente de estreias, então abraços e até logo mais.
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O longa nos mostra que um guarda-costas de elite, que só trabalha para os clientes mais seletos do mundo, descobre que terá um novo cliente: um assassino de aluguel que ressurgiu das cinzas, com quem costumava se estranhar no passado. Apesar do ódio mútuo, eles terão 24 horas para viajar de Londres para a Holanda, enquanto são perseguidos pelos agentes de um ditador do Leste Europeu.
Com digamos um terço do orçamento de seu filme anterior, "Mercenários 3", o diretor Patrick Hugues procurou aqui trabalhar com uma boa dose de comicidade em cima de dois estilos diferentes de personagens, mas claro que mantendo o mesmo ritmo acelerado, e claro muitos tiros, explosões, trapalhadas e loucuras com carros/barcos e afins que já vimos em outras produções suas, de modo que ele começa a mostrar realmente seu estilo próprio, e aqui ainda pode abusar com muitas câmeras na mão em planos-sequências malucos para que ainda agradasse na atitude dos personagens, mostrando tanto que o lado mais certinho pode funcionar em diversos momentos, como também é necessário ter atitude algumas vezes. E embora o roteiro de Tom O'Connor não seja algo primoroso de situações, nem contivesse uma história que o público desejasse conhecer um bom desfecho, o resultado geral que o diretor soube trabalhar nele, acabou dinâmico e fez rir, sendo acertado nesse contexto, ou seja, o filme está longe de ser algo perfeito, mas cumpre com sua missão de divertir e embora completamente maluco trabalha bem cada personagem, suas histórias passadas, suas nuances atuais, e digo até mais, com o estouro da bilheteria nos EUA, vejo até possibilidade de virem com alguma sequência muito em breve, pois dá para trabalhar ainda muito mais os personagens.
Sobre as interpretações é fato que a química entre os protagonistas ficou bem colocada, mas poderia ser melhorada (mais para o fim, ambos conseguiram melhorar bastante esse quesito), pois embora sejam de cara dois que não se dão muito bem, até o ódio pode funcionar como um estilo de química, e no início tudo aparentava forçado demais entre eles, e isso não é muito legal de ver, mas como disse, foram melhorando (talvez as filmagens começaram a ficar num ritmo maior), e acabaram bem interessante para vermos até mais vezes com esses personagens. E sendo assim Ryan Reynolds trabalhou seu estilo sarcástico, se auto-sacaneando e até se sabotando em cena, fazendo diversas caras e bocas no melhor estilo canastrão, misturado com doses bem bobas de falta de tino, e com isso seu Michael Bryce até tem boas desventuras, mas certamente poderia fazer muito melhor se quisesse. Já pelo outro lado Samuel L. Jackson praticamente faz uma junção de seus diversos personagens no cinema para que seu Darius Kincaid ficasse uniforme, e não digo que isso seja algo ruim, pois sempre é gostoso ouvir suas risadas, seu estilo de tiro pra todo lado, e até mesmo as sacadas bem colocadas que costuma fazer, mas como bem sabemos, gostamos de ver atores fazendo personagens diferentes, e aqui isso não ocorre. Salma Hayek vem numa vibe de papeis secundários com ares de principal, bem interessantes de analisar, pois não protagoniza, nem fica jogada de lado, e com isso certamente vem ganhando bons cachês sem precisar fazer muito, e aqui sua Sonia é bem audaciosa, e praticamente a mulher que detona pela história contada pelo protagonista, mas com três ou quatro cenas nem quase chamou a responsabilidade para si, e talvez seja melhor aproveitada numa próxima continuação, pois como bem sabemos, é uma excelente atriz. Sabemos muito bem que o estilo de filmes de Gary Oldman é outro, e aqui até foi bem usado seu estilo para o vilão Dukhovic, mas são tão poucos momentos que nem dá para dizer que ele pode fazer muitas expressões, de modo que foi acertivo, mas poderia ter dado muito mais show se ele fosse para cima dos mocinhos, do que o outro ator usado de capanga. Dentre os demais, todos foram meros coadjuvantes e nem chegam a ser importante falar muito, tendo um leve destaque, mais pelo contexto da história, a participação em boas cenas de Elodie Yung com sua Amelia, mas nada que seja muito chamativo, pois a atriz foi seca demais na maioria das cenas.
No contexto visual, a equipe praticamente viajou a Europa inteira, passando por locações em diversos países, muitas cenas externas cheias de ação e destruição, desenvolvendo bem poucos elementos cênicos, mas funcionando bem com cada um que era usado, como celulares, algemas, diversas armas e na cena mais dinâmica de luta, tendo de tudo um pouco para ser usado como arma (grandioso destaque para essa luta que passa por metrôs, restaurantes, ruas e tudo mais, usando desde bandejas, até correntes para lutar muito), e sendo assim, podemos dizer que o acerto da equipe de arte foi bem ousado, cheio de brincadeiras com personagens dos protagonistas e grandes sacadas para que o filme não ficasse cansativo. Quanto da fotografia já disse o quanto de ousadias fizeram com muitas cenas sequenciadas que como bem sabemos precisa de uma iluminação precisa para agradar, e sem errar em nada, cada tom foi bem usado para agradar e encaixar a dinâmica na projeção total, de modo que não tivesse tantos erros, nem caísse num tom dramático que certamente poderia ocorrer com uma ação policial que o filme também pode ser classificado.
Outra grande sacada da trama fica a cargo das músicas que deram um ritmo acelerado, mas que também entraram em cena dando contexto para diversas cenas, o que mostrou uma pesquisa bem elaborada, então claro que merece ganhar link para que todos ouçam.
Enfim, é um filme bem divertido, que apela bastante para funcionar, mas que em momento algum abusa do espectador e com isso acaba agradando principalmente quem gosta de uma comédia de ação mais forçada. Como já falei nos parágrafos acima, longe disso ser algo ruim, o que vale é a intenção frente ao resultado final, e como o filme acaba fazendo o público rir, funciona como comédia. Portanto se você gosta desse estilo vá conferir e se divirta bastante, agora se você prefere um filme mais centrado, com piadas que fluem sozinhas e sem nenhuma apelação, passe bem longe, pois a chance de reclamar de tudo é bem alta. Bem é isso pessoal, mais uma vez agradeço ao pessoal da Difusora FM 91,3Mhz e do UCI pela excelente pré-estreia exclusiva, e volto na próxima quinta com mais textos, afinal essa semana vem quente de estreias, então abraços e até logo mais.