O longa conta a história de Keane, um escritor em crise criativa que está se esforçando para terminar seu segundo livro quando conhece o serial killer aposentado Kollmick em um bar. Kollmick ajuda o autor, que está embriagado, a voltar para seu apartamento, onde ele é confrontado por sua esposa, Suzie. Ao tentar justificar sua presença, o serial killer acaba confundido com um "consultor matrimonial".
Definitivamente o cinema turco não é dos que mais acompanho para poder falar que conheço o estilo deles, e tirando alguns filmes que fizeram meio mundo chorar, nunca tinha sequer ouvido o nome do diretor e roteirista Tolga Karaçelik, mas posso dizer que ele aproveitou tão bem a sua ideia, criando cada dinâmica mais imponente que a outra, e o melhor, sem fazer com que seu orçamento transbordasse, pois as situações entregues são mais condensadas nos atos simples e nos diálogos, aonde a desconfiança e a psicopatia incubada acaba brincando com todas as demais facetas. Claro que estaria exagerando, mas dá até para se pensar na possibilidade de sua trama virar uma excelente peça teatral, com pouquíssimos ajustes, e sem precisar forçar a barra, o diretor conseguiu que seu filme ficasse redondo também. Só uma crítica, gostaria de um final mais fechado, com talvez na casa dos protagonistas, mas isso seria pedir demais.
Quanto das atuações, diria que o trio protagonista foi muito bem no que tinha para entregar, começando por Britt Lower que fez trejeitos com ares tão fechados e próximos de uma psicopatia, que a insatisfação de sua Suzie com o marido, querendo o divórcio chega a ser até assustador, mas quando se vê ameaçada por talvez ser a vítima, a atriz faz uma perseguição tão divertida e cheia de sacadas que chega a beirar o cômico pastelão sem precisar forçar nada. Steve Buscemi é daqueles atores tão completos que pode fazer um papel tão bobo quanto você imaginar, mas que quando se entrega para personagens mais amplos trabalha trejeitos fortes e dinâmicas incrivelmente bem alocadas, de modo que aqui seu Kollmick faz entregas fortes e fechadas, mas ainda assim consegue soar engraçado sem precisar apelar uma vírgula que fosse, ou seja, foi muito bem no papel. E para fechar ainda tivemos John Magaro que fez seu Keane tão ingênuo e bobão que acabamos nos irritando com suas atitudes tanto quanto a esposa, mas seu estilo desesperado é daqueles que você não tem como não rir, e sua luta com o albanês vivido por Lee Sellars é fora do sério.
Visualmente como falei daria para se pensar numa trama quase teatral, mas no longa tudo funcionou muito mais tendo a casa dos protagonistas mais resumida ao quarto, sala e cozinha com dinâmicas bem específicas, o jantar na casa dos amigos, toda a perseguição do taxi da esposa acompanhando o carro deles, um almoço numa lanchonete, o bar dos armênios, e o apartamento do assassino, cada um com seus elementos cênicos bem trabalhados para as cenas, com livros e tudo mais sobre assassinatos, autópsias e tudo mais, ou seja, a equipe de arte trabalhou bem demais, sendo representativa e marcante.
Enfim, é um longa que tem sido aclamado em muitos festivais, e o resultado sem dúvida alguma faz jus a isso, pois é daquelas comédias que não forçam nem o riso, nem a inteligência do espectador, sendo crua, direta e cheia das nuances que fazem você se divertir do começo ao fim. Então fica a dica para conferir na próxima quinta 16/10 nos cinemas de todo o país, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Atômica Lab Assessoria e da Synapse Distribution pela cabine de imprensa, então abraços e até amanhã com mais dicas.
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