Duetto

9/30/2022 09:58:00 PM |

Tem filmes que você olha todo o conteúdo e fica esperando aquele algo a mais, mas acaba acontecendo tudo e o resultado não vem! Comecei o texto do longa "Duetto" dessa forma, pois a trama com base italiana tem todo um envolvimento, tem ótimos atores, e até uma proposta aparentemente intrigante, porém optaram por trabalhar algo exageradamente introspectivo, com nuances e recortes abertos demais, que acaba não fluindo da forma esperada, e que acaba mais cansando do que envolvendo, o que é uma pena já que chamou muita atenção.

O longa reconta a história polêmica de Cora, uma adolescente brasileira, e seu relacionamento com o cantor italiano Marcello Bianchini. Na São Paulo de 1965, depois da trágica morte de seu pai, Marcelo em um acidente de carro, Cora viaja com a avó, Lúcia, para a sua cidade natal, Apúlia, na Itália. Entre encontros de familiares, como sua tia-avó Sofia, rapidamente a mãe de Cora também decide ir atrás da filha no país europeu. Mas o que era pra ser uma viagem para lidar com o luto e uma para reconectar com a família, a avó e a filha se veem em situações difíceis. A adolescente brasileira conhece então, o famoso e controverso cantor italiano Marcello Bianchini. Entre o passado familiar, os dramas e histórias da cidadezinha italiana, Cora trilhará seu caminho para a maturidade e a vida adulta.

Diria que o diretor Vicente Amorim pegou o texto dos roteiristas Rita Buzzar ("Olga" e "Budapeste") e João Segall e acabou queimando demais com cenas alongadas, e por vezes abertas demais, pois a cada virada de introspecção das protagonistas, ele acaba abrindo mais o fluxo para depois resolver tudo de uma forma corrida no final, e isso é uma falha gigantesca, pois poderia ter trabalhado mais o ambiente do Festival musical, poderia ter trabalhado mais a rixa das irmãs, e até mesmo o luto de todos, mas não, foi abrindo a dramaticidade, passando um ar melancólico exagerado, e com isso cansando na totalidade. Ou seja, dessa vez é bem fácil culpar a direção e a edição, pois até cenas que precisariam ter, como a de contarem para a garota quem é seu avô, acabaram cortando e do nada ela já resolve mudar seus planos, e assim sendo ficou um pouco estranho o final, parecendo algo jogado apenas, que não chega a transformar em um filme ruim de todo, mas não resultou em algo que ficasse convincente por completo.

Sobre as atuações, como sempre Marieta Severo entrega muita emoção em seus trejeitos, e aqui com sua Lúcia dominou muito bem o idioma italiano para que não soasse artificial, e doou um ar meio que incisivo para que o conflito entre as irmãs ficasse bem marcado, mas faltou um pouco mais de personalidade para que a personagem explodisse realmente, e isso não foi tanto sua culpa. Já Luisa Arraes trabalhou sua Cora com tanta melancolia que até nos seus atos mais alegres pareceu deprimida, e isso poderia ter sido melhorado, mas foi um estilo que até entendemos pelo contexto da história, e assim sendo fez bem o que lhe pediram. Giancarlo Giannini com seu Gino e Elisabetta De Palo com sua Sofia trabalharam bem os momentos familiares, e deram boas nuances nos atos mais fechados, ao ponto que até entendemos seus lados, porém o filme não entrega bem as dinâmicas deles no miolo, e no final já não nos interessamos tanto por eles. Gabriel Leone até teve alguns bons envolvimentos com seu Carlo, tentou ter uma química interessante com a protagonista, mas não foi muito além, sendo apenas uma conexão boa, mas mal usada. Maeve Jinkings ainda deve estar pensando qual era o papel de sua Isabel na trama, pois a atriz apenas aparece fala algumas poucas palavras e não flui com os olhares necessários, e isso pesa bastante. Agora se o diretor tentou vender o filme usando o astro italiano Michele Morrone com seu Marcello Bianchini, deveria ter ido mais a fundo no festival musical, pois até deu uma boa personalidade para o cantor, mas o filme deu uma jogada rápida demais para ele, e isso não sustentou. E por fim, Rodrigo Lombardi apenas falou oi com seu Marcelo e mais nada, ganhando o cachê mais fácil de sua carreira.

Visualmente a trama é bem bonita, com uma Itália clássica, com um restaurante de vila, um festival musical bem trabalhado, uma casa colonial bem interessante com vários quartos, e figurinos e elementos cênicos como câmeras, álbuns de fotos, e carros bem usados para a representar a época, soando até que bem agradável com uma fotografia quase que em tons de sépia para dar um ar antigo para o filme, e nesse contexto diria que foi o ponto mais acertado da trama.

Enfim, é um filme bem mediano, que falhou muito em vários eixos, principalmente na montagem e no desenvolvimento de um tema que envolvesse melhor o público, ficando exageradamente melancólico e não atingindo nada demais como poderia, e assim se do não tenho como recomendar a trama por completo, pois raspou a trave de me fazer dormir, e se isso aconteceu comigo imagino com quem não gosta de dramas. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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A Queda (Fall)

9/30/2022 01:25:00 AM |

Antes de mais nada, se você tem qualquer problema com altura, fuja totalmente desse filme, pois se eu que não tenho nenhum medo de altura saí com as mãos suadas de desespero, imagino quem tem sequer uma pontinha de medo. Dito isso, confesso que fui assistir "A Queda" esperando um filme bem bobinho, quase idiota que apelaria apenas para a altura, sem nada para ser desenvolvido, que a hora demoraria uma eternidade para passar, mas pelo contrário, é um tremendo filmaço, cheio de desenvolturas e diálogos bem contundentes, além de situações que só sendo bem maluco mesmo para fazer um programinha desse, aliás a moça estando de luto ainda após a morte do marido fazendo alpinismo, o que ela vai fazer, vai subir numa torre caindo os pedaços só porque a vida é curta e merece ser aproveitada, garanto que se tivesse saído para comer um rodízio de pizza teria ficado muito mais feliz. Brincadeiras à parte, o longa tem boas surpresas, diálogos interessantes e um envolvimento incrível num único cenário, tão minúsculo mas tão gigante ao mesmo tempo que chega a assustar, e cada ato as coisas vão fluindo tanto que nem pensei em olhar para a hora durante todo os 107 minutos de exibição, e quando ocorre o estouro nos atos finais o impacto vem em cheio, ou seja, é um filme tão bom e tão simples que não duvido de criarem alguma continuação em breve, o que é desnecessário, pois o filme já foi perfeito o suficiente para um só.

A sinopse nos conta que afogada em um mar de tristeza, 51 semanas dolorosas após o incidente que a marcou para toda a vida, a alpinista emocionalmente frágil Becky relutantemente decide enfrentar seus medos. E quando sua amiga caçadora de emoções volta a entrar na vida arruinada de Becky, as duas alpinistas experientes embarcam em uma aventura de escalada de alto risco até o topo da torre de TV B67 abandonada de 2.000 pés (609,6m): uma construção indutora de ansiedade e vertigem de metal castigado pelo tempo e rebites barulhentos no meio do deserto de Mojave. No entanto, quando a escalada perigosa não sai como planejado, as mulheres devem reunir toda a coragem e força para elaborar um plano para um retorno seguro para casa - ou morrer tentando.

Diria que o diretor e roteirista Scott Mann foi incrivelmente preciso na ideia que desejava passar, pois cada ato seu parece inicialmente ingênuo, sem nenhuma proposição, para em segundos virar algo intenso, ou seja, tem de se prestar atenção em como o marido conversava com a esposa, tem que observar os abutres, como carregar um celular sem tomada, e por aí vai, pois tudo será muito bem usado nas cenas seguintes, e o principal, conseguiu ter um foco incrível para o ambiente parecer muito realista, os envolvimentos segurarem o público, e tudo mais, já que a base do filme é somente a torre, então o resultado funciona sem soar apelativo, e muito menos cansativo, o que é um luxo para um longa de um único ambiente.

Sobre as atuações, ambas as jovens deram um show de expressividade e souberam conduzir toda a trama com desesperos, loucuras, insolações, sangramentos, sede e tudo mais, num ponto que não necessitamos de mais ninguém em cena, e isso é ótimo, tanto que os atos que temos cenas do marido, ou do pai, ou até mesmo das pessoas lá embaixo da torre acabam por vezes desconectando o fluxo, então poderiam até ter diminuído mais isso que melhoraria ainda mais o filme. Dito isso, Grace Caroline Currey conseguiu entregar uma Becky frágil, mas determinada, com muitos medos e desesperos, porém acertou em cheio com toda a desenvoltura expressiva que precisava nas cenas, ao ponto que em certos momentos até torcemos por ela, e isso é bacana de ver em um filme. Da mesma forma Virginia Gardner se entregou como destemida para sua Hunter, fez cenas imponentes e cheias de ação, e ainda sobrou tempo para uns olhares enigmáticos bem colocados, o que acabou surpreendendo muito nos atos finais.

Visualmente sabemos que as protagonistas não filmaram em cima de uma torre imensa, mas a computação gráfica foi tão boa que o resultado praticamente nos coloca realmente nas imagens que foram feitas preparando tudo para que as inserissem lá, de tal forma que tudo é muito bem pensado, parafusos em detalhes, abutres preparando seu bote, luzes, e tudo mais, só falharam num detalhe imenso: um celular durar tanto tempo a bateria sem ter sinal, pois sabemos bem que saiu da rede, em 2 minutos a bateria já evapora, ou então a protagonista carregou o drone e também o celular com um tê, e está tudo certo. Diria que a profundidade cênica do ambiente foi algo muito meticuloso para impressionar e causar vertigem até mesmo em quem não tem medo de altura, e esse acerto de ângulo foi o melhor possível.

Enfim, é daqueles filmes que certamente lembraremos quando pedirem um filme para surtar tanto com o ambiente quanto com as reviravoltas, além de ser bem barato no quesito locação e artistas, então é o famoso pacote completo para se envolver e sair feliz (ou enfartado) da sessão com o resultado completo, e assim sendo recomendo ele com toda certeza para todos. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais. 


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Netflix - Blonde

9/29/2022 01:14:00 AM |

Dramático, forte, longo e cheio de conflitos, essas serão as palavras que mais iremos ler e ouvir nas críticas sobre o filme da Netflix, "Blonde", pois é exatamente tudo isso de um modo difícil de se dizer, principalmente por estarmos esperando tanto essa "biografia" de uma das maiores musas que o cinema já teve, porém de forma alguma diria que é um filme ruim como muitos irão apontar, pois é conflitivo por mostrar que a vida da atriz nunca foi fácil, sempre envolvida com pessoas conflituosas também, então tiveram de mostrar, é dramático com toda certeza, pois é uma representação dura sem grandes alívios, e principalmente sem nenhuma comicidade, é longuíssimo afinal para mostrar quase 30 anos de duração não daria para fazer algo jogado apenas, e é forte por trabalhar todos os abusos que a atriz sofreu na carreira, porém esses serão adjetivos usados como negativos para o filme, então vou pontuar os mais do que positivos que foram a perfeita atuação da cubana Ana de Armas que em momento algum vemos a atriz, sendo uma personificação tão fora do comum que prende totalmente, e uma mistura tão boa de fotografia em preto e branco com colorido, que o desenvolvimento acaba ficando marcante, ou seja, um filmão completo, que muitos até verão em pedaços quase como uma série, mas que vale o play e envolve demais.

A sinopse nos conta que após uma infância traumática, Norma Jeane Mortenson tornou-se atriz, na Hollywood dos anos 1950 e início dos anos 1960. Ela se transformou em uma figura mundialmente famosa, sob o nome artístico de Marilyn Monroe. Todavia, por trás dos holofotes da fama, a atriz vivia guerras pessoais, e suas aparições na tela contrastam fortemente com os problemas de amor, exploração, abuso de poder e dependência de drogas que ela enfrentava em sua vida privada. O longa reimagina corajosamente a vida de um dos símbolos mais duradouros de Hollywood, de sua infância volátil como Norma Jeane, até sua ascensão ao estrelato e envolvimentos românticos, o longa se apresenta como uma especulação da vida da sex symbol, atriz e modelo. Uma história reimaginada da vida privada de Monroe, o filme é um retrato fictício da vida do ícone da década de 1950 e 60, contado através das lentes modernas da cultura das celebridades.

Diria que o diretor e roteirista Andrew Dominik quis fazer uma obra grandiosa, mas também quis polemizar bastante, e para uma personalidade que foi bem ousada ele fez a melhor escolha que foi de entregar uma trama que desenvolvesse uma biografia, mas que também tivesse ficção no miolo, afinal se sabe muita coisa sobre Marilyn, mas também se inventa muitas coisas sobre ela, e esse floreio contado de uma maneira bem realista e intensa acabará por vezes se tornando aceitável. Ou seja, ele brincou muito na tela, e não quis economizar com cenas fortes, cenas sensuais e polêmicas ousadas para que ficasse um filme mais intenso, e até daria para ser mais subjetivo em alguns momentos, pois fica parecendo que quis se aprofundar em alguns momentos e não conseguiu, enquanto em outros explorou demais sem precisar, mas isso sem errar tanto a mão, pois se tenho uma queixa imensa diria para a falta de inserção de nomes nos diálogos, afinal acredito que não seja apenas eu que não conheço todos os detalhes de homens que viveram ao redor da personagem, e assim assisti ao filme com sua história escrita e fotos e fui assimilando, mas se visse no cinema não saberia quem era quem de forma alguma, e esse sem dúvida foi o maior erro da trama, pois o restante funciona bem, e agrada bastante.

Sobre as atuações nem dá para falar outra palavra sem ser perfeição para o que Ana de Armas fez no filme, pois nos últimos anos vimos vários filmes com ela, e em cada um interpretou bem suas personagens, mas sempre víamos ela ali, aqui isso não ocorre com sua Norma/Marilyn, de forma que vemos a personagem muito acima da atriz, com uma interpretação minuciosa e completamente entregue sem pudores, sem inseguranças e de uma maneira convincente tão incrível que só temos que aplaudir. Poderia dizer que o filme é 100% da atriz, mas tivemos ainda bons atos/interpretações de Toby Huss como Whitey, o maquiador e amigo da protagonista, Bobby Cannavale como o segundo marido da atriz Joe DiMaggio, extremamente ciumento e violento, Adrien Brody como o terceiro marido dela Arthur Miller, muito bem envolvente e carismático, Xavier Samuel como Cass Chaplin e Evan Williams como Eddy Robinson Jr. com quem formou um trisal bem quente, e até mesmo Caspar Phillipson caiu bem como o presidente John Kennedy, numa cena bem forte, isso sem esquecer de Julianne Nicholson que fez a mãe da protagonista nas cenas iniciais junto de Lily Fisher bem envolvente fazendo Norma criança, ou seja, um elenco de peso que ajudou demais o desenvolvimento da protagonista, sem tirar o brilho dela em momento algum.

Visualmente a trama foi muito intensa, mostrando os bastidores de diversos filmes da atriz, suas casas, atos na casa de praia de Miller, almoço na casa da sogra na época de DiMaggio, muitos sonhos e envolvimentos, e claros as famosas cenas marcantes em cinemas, mostrando seus cantos e encantos, o levantar da saia, e tudo recheado de simbolismo com o jeito da protagonista sempre bem maquiada, e uma brincadeira bem intensa da fotografia em preto e branco, por vezes estourada para dar um efeito de alucinação, atos coloridos para dar força na personalidade, e muito mais que soou representativo de época e que não saiu do eixo.

Enfim, é um filme bem envolvente, cheio de nuances, bem direto no que desejava mostrar que a vida das estrelas não é todo o glamour que muitos acham que é, e claro todos os problemas e abusos que a personagem sofreu ao longo dos anos, sendo um pouco lento demais, mas que funciona bem e agrada quem gosta de biografias com uns toques ficcionais para impactar mais, então fica a recomendação e eu fico por aqui hoje. Então abraços e até breve com mais textos.


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Amazon Prime Video - A Nave (La Nave)

9/27/2022 10:25:00 PM |

Existem alguns filmes que vamos assistir já sabendo bem o que vai acontecer, qual formatação vão entregar, aonde vamos emocionar, e que claro terá situações de diversos estilos para o desenvolvimento chegar do começo até o fim, com alguns conflitos e desenvolturas, e o estilo que dá quase para fazer um manual completo é o drama cômico envolvendo doentes com câncer terminal, que se for criança terá algum gracejo no miolo, e se for jovem haverá certamente um romance, e no caso dos mais velhos terá alguma meta emotiva para ser desenvolvida, ou seja, é básico e sempre contém momentos que vai fazer a galera chorar, vibrar por alguma conquista e tudo mais, então se você vai conferir algum filme assim, é só esperar que tudo vai acontecer. Digo isso com a experiência de ter visto vários sempre nessa formatação, e não é ruim, pois vemos e acabamos envolvidos, é a fórmula certa, e se não acontecer pode apostar que erraram no jeito de fazer o filme, então se gostam desse estilo, um bom exemplar é o longa mexicano "A Nave", que tem alguns ensejos meio que exagerados de uma pequena rádio sem muito dinheiro, um locutor desanimado com sua vida, um garotinho com câncer e uma treinadora destemida, que combinados vão fazer tudo bem feitinho e agradar, mesmo que para isso forcem a barra um pouco, mas foi funcional, então está valendo.

A sinopse nos conta que Miguel é um locutor de uma rádio infantil que está com raiva da vida e de todos ao seu redor. Ele é confrontado quando um telefonema inesperado de uma criança com câncer pede ajuda para realizar seu sonho, o de visitar o mar antes de morrer.

O mais bacana é que baseado em uma história real, o protagonista Pablo Cruz escreveu seu primeiro roteiro e deu para que seu amigo Batan Silva estreasse na cadeira de direção de uma ficção após várias séries, e como falei no começo, a base desse estilo de filme é muito simples, e para acertar a mão é só não inventar moda, então ele soube dimensionar bem todos os devidos atos, dar um carisma estranho para o protagonista, dosar que os coadjuvantes se encaixassem bem, e pronto, temos um filme que tem até muitos clichês, mas que faz funcionar, e que comove da mesma forma, sendo o básico bem feitinho, que como toda pessoa gosta de comer um prato simples gostoso, também gosta de ver um filme simples bem feito, e assim sendo faz valer o play.

Sobre as atuações, Pablo Cruz soube dinamizar bem o texto que escreveu, ao ponto que seu Miguel tem um estilão revoltado, tem seu ar despretensioso, tem seus medos, e principalmente se encontra com a missão que escolheu cumprir, ao ponto que até mesmo seu ato mais trabalhado, e claro cômico, foi bem orquestrado, e assim vemos uma desenvoltura completa bem feita que agrada e não cansa ao menos. O garotinho vivido por Santiago Béltran tem um gênio meio que forte, entregando atos duros e bem conectados, passando emoção e sabendo se encontrar na tela com os demais atores, de forma que nem parece ser sua estreia, mas sim alguém que já fez muitos filmes, e sem dúvida seus melhores atos foram com Pablo, e claro no momento psicologia junto de Maya Zapata. E falando em Maya Zapata, a atriz teve alguns atos simples com sua Leo, mas foi bem coerente nos que precisou falar um pouco mais, e assim o resultado dela foi quase melhor que o do protagonista, fazendo valer bem seus trejeitos. Ainda tivemos Rodrigo Murray fazendo o produtor da rádio com uma imposição bem colocada, e Héctor Jiménez bem dimensionado com seu Pato, mas sem dúvida o destaque dos secundários foi para a mãe do garotinho vivida por Paloma Arredondo que soube segurar bem o choro nos atos mais difíceis.

Visualmente a trama oscilou bem entre um sonho de afogamento bem forte que é explicado depois, as cenas na rádio mostrando algo bem pequeno sem grandes chamarizes, as corridas pela rua, uma academia de crossfit, e claro os diversos atos no hospital, todos sem muitos detalhes, mas bem feitos para envolver toda a produção, o que é válido e resultou em algo funcional bem colocado na tela.

Enfim, é um filme que se formos aprofundar veremos muitos errinhos técnicos, veremos uma simplicidade exagerada, e até mesmo alguns atos forçados demais, mas que agrada bastante e faz valer a proposta, então se você gosta do estilo e não tem problemas com gatilhos em filmes que envolvem câncer terminal, é só dar o play que com certeza vai ser um bom passatempo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Eike - Tudo ou Nada

9/27/2022 01:13:00 AM |

Quem acompanha meus textos sabe o tanto que reclamo que o cinema nacional é sempre linear, com poucas inovações de estilos, e até mesmo com histórias repetitivas dentro dos roteiros mais comuns possíveis, aí vem um "Eike - Tudo ou Nada" e entrega algo completamente diferente, com quebras para jornais meio que sensacionalistas de internet, quebra para uma família fora da história apenas que investiu e acreditou no bilionário, vemos sonhos conflitivos rápidos mostrando algumas partes bizarras da história do protagonista, e tudo mais meio que em recortes sem muita fluidez, e eu fico assim pensando: será que eu gostei de tanta inovação diferenciada? Sim, eu saí da sessão meio que pisando no ar, pois é um filme que mostra uma ascensão meteórica e uma queda tão íngreme que chega a ser absurda, com um tema que muitos que não mexem com investimentos vai ver e achar muita palhaçada e muita loucura, mas quem conhecer um pouquinho do meio irá ficar puxando os cabelos vendo toda a especulação que era feita, sendo um filme com dois públicos e duas formas de enxergar completamente diferentes. Ou seja, não é um filme ruim de forma alguma, tendo uma proposta completamente diferente e ousada, pois com tantas quebras era bem fácil qualquer crítico mais revoltado falar que o que foi entregue não foi um filme, mas a estrutura foi funcional, contando uma história com começo, meio e fim bem conflitivos, e vários adendos no miolo que funcionam quase como flashbacks, mas sem ter as voltas, e isso é bacana por um lado, e estranho por outro, o que faz valer a sessão, mas também deixa mais o público confuso do que se fosse linear realmente, o que é uma pena.

O longa é baseado no livro homônimo de Malu Gaspar sobre a vida do ex-bilionário Eike Batista, contando a história desde em 2006, quando a economia brasileira estava um caos por conta do pré-sal. Batista decide criar então a OGX, uma petroleira, que o faz ser o sétimo homem mais rico do mundo, mas depois o leva a falência, tanto em dinheiro quanto poder e prestígio.

Diria que os diretores Dida Andrade e Andradina Azevedo foram bem conscientes do que desejavam entregar em cima do livro da Malu Gaspar, pois é um filme muito autoral, com nuances bem quebradas, e isso certamente não está tão explícito no livro, e essa sacada que deu um charme e um risco totalmente diferente para a produção foi algo que muitos podem não gostar como falei, e até eu fiquei na dúvida se realmente achei interessante ou errado, mas é uma formatação única que digamos não criou uma história bonitinha e toda requintada da vida do protagonista, mas sim seus melhores e piores momentos, as propostas e demissões/fugas de seus principais aliados, e toda a pegada técnica de algo incomum, o que tem seu estilo e funciona bem, então posso dizer que funcionou ao menos para o que desejavam, de não focar em algo comum, e com isso pegar um público diferente.

Sobre as atuações, posso afirmar com toda certeza que Nelson Freitas é irmão gêmeo de Eike Batista, pois não precisou praticamente de quase nenhuma interferência de maquiagem para ficar semelhante ao verdadeiro bilionário, e conseguiu criar boas facetas para que o seu humor que é sempre muito exagerado se encaixasse em um ar mais fechado e bem colocado, sem precisar apelar tanto e soar duro e inventivo, ou seja, deu show e caiu perfeitamente bem para o papel. Xando Graça brincou bastante como Dr. Oil, soando um pouco forçado de estilo para um geólogo, mas soube ser imponente em convencer do que estava falando e chamou atenção no que fez também. Marcelo Valle já foi o mais sério de todos, com um Laerte duro e determinado, com os ares claros e dinâmicos, e também um estilo bem alocado para o papel, ou seja, não forçou e fez bem o que precisava. Thelmo Fernandes fez Benigno, o principal amigo do protagonista e narrador da história, que foi bem também nas facetas, porém soou meio que exagerado na quantidade de cenas bêbado, o que acredito que não seja tanto assim, mas agradou no que precisava fazer. Quanto aos demais, tivemos participações bem rápidas de Carol Castro como Luma de Oliveira e as forçadas tradicionais de André Mattos como o governador Sobral.

Visualmente o longa focou mais num ambiente empresarial, mostrando os vários gráficos da bolsa aos fundos, um escritório bem tecnológico, com muito vidro e cheio de grandes executivos, o tradicional quadro gigante com sua foto ao fundo, mostrou o lançamento da perfuração para um auditório misto entre pessoas importantes e acionistas pequenos que foram sorteados, e focou bem pouco na mansão do protagonista, apenas tendo uma cena na sala aonde outro personagem faz piada com a quantidade de pessoas necessárias para limpar tudo ali. Ou seja, não foi uma produção grandiosa, mas souberam usar bem tudo o que tinham.

Enfim, é um filme bacana que entrega algo misto entre realidade e comicidade, que envolve bem e trabalha bastante termos econômicos, o que para alguns vai ser meio complexo de entender, mas que tirando esse detalhe diverte bem como algo diferente e ousado com uma pegada bem própria, e que talvez pudesse até ser mais linear, mas aí eu estaria indo contra o que falo sempre, então vamos deixar assim e fica a dica para a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais. 


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Amazon Prime Video - O Ídolo (Ya Tayr El Tayer) (يا طير إل طير) (The Idol)

9/26/2022 12:12:00 AM |

Costumo sempre dar play nos lançamentos da semana, e com isso minha lista de filmes que queria ver alguma vez e não vi por algum motivo só aumentam, e um que lembro de ter visto o pôster nos cinemas lá nos saudosos 2015, e que não apareceu por aqui foi o longa "O Ídolo" que entrega a história "real" do segundo ganhador da versão árabe do programa de canto originalmente britânico Idol, que já está na vigésima primeira edição nos EUA e já teve versões em tudo quanto é país, mas mais do que apenas uma trama de superação do garotinho pobre da Faixa de Gaza, que fez todos do país torcerem para ele no programa, vemos também todo o processo de um lugar destruído, aonde as pessoas vivem também, tem suas vontades e desenvolturas, morrem de doenças tradicionais, e tudo mais, ou seja, uma trama de contexto não apenas cultural, mas sim de conhecimento, que agrada pela simplicidade, e que tem estilo. Então se você assim como eu acabou pulando ele, fica a dica para conhecer um pouquinho do país ou do que quer que seja, já que alguns não consideram ele como um país separado, mas sim um território ocupado da Palestina, e se você também curte o programa musical, conhecer um pouco mais de alguém que participou de uma versão que certamente você não viu na TV.

A sinopse nos conta que um jovem rapaz de Gaza, Mohammad Assaf sonha um dia cantar na Cairo Opera House com sua irmã e sua melhor amiga, Nour. Um dia, Nour sofre um colapso e é levada ao hospital, onde descobrem que ela precisa de um transplante de rim, deixando Mohammad com o desejo de alcançar a fama como cantor. Escapando de Gaza para o Egito contra todos os obstáculos, Mohammad começa a jornada mais importante de sua vida.

Diria que o diretor Hany Abu-Assad, que já falei bem em dois outros grandes projetos ("Depois Daquela Montanha" e "O Salão de Huda") aqui bem antes desses dois filmes fez um trabalho honesto e bem carismático por todo o envolvimento com as crianças, pois toda a emoção e envolvimento se dá pelo elenco infantil muito bem colocado, cheio de nuances e desenvolturas, e que souberam chamar para si a responsabilidade, pois nos atos finais, o jovem apenas tem todo o lado inseguro, tem ansiedade, tem uma paixão, mas não foi trabalhado isso, foi só mostrado na tela acontecendo e nada mais, ou seja, faltou explorar sua juventude, seus desenvolvimentos e ensejos para se tornar o ídolo realmente, e isso não foi feito talvez por falta de vontade do diretor, ou até mesmo pelo personagem principal não querer ter sua vida atual tão invadida, já que como mostrado no filme passou a ser um exemplo de alguém do território que não é aceito mundialmente sendo exibido ao máximo, então pode ter tido alguns problemas nesse quesito. Porém tirando esse detalhe, é um filme que envolve bem, que trabalha todo o processo de vida de uma pessoa com seus traumas, e o resultado é algo bem marcante.

E já que falei que o grande destaque ficou para as crianças, é claro que tenho de falar delas, pois Qais Attaallah deu muita personalidade e trejeitos para seu Mohammad, fazendo brigas e carinhos para com sua irmã muito bem interpretada também por Hiba Attalah, tivemos ainda os dois amigos músicos com suas baterias e teclados mas bem encontrados nas emoções com Abdel Kareem Barakeh como Omar e Ahmad Qasem como Ahmad, e claro não poderia esquecer da garotinha do hospital Amal com um carisma único vivida por Teya Hussein, que ficou mais bonita ainda adulta, mas foi muito graciosa pequena. E já que comecei a falar das versões adultas, Tawfeek Bahrom já tinha alguns projetos anteriores, mas foi aqui que passou a ser chamado para longas maiores, e soube transmitir bem os olhares ansiosos do jovem nas apresentações, a desenvoltura adulta bem trabalhada no táxi, e acabou até chamando bastante atenção para seu Mohammad, mas faltou o diretor usar mais ele nas seletivas, nos programas, e até mesmo nos bastidores, que aí sim conheceríamos mais o jovem, mas são escolhas, e o ator fez bem o que precisou. Além de Bahrom, tivemos muita graciosidade e quase uma conexão gigantesca com a jovem Dima Awaldeh com sua Amal adulta, pois soube trazer o carisma da garotinha e ainda uma beleza chamativa para os seus atos, agradando e sendo bem direta no que precisava fazer.

Visualmente o longa foi bem bacana por misturar o ambiente de Gaza destruído, os personagens andando no meio de ruínas, os túneis para ligar os lados separados, os comerciantes ilegais, e claro todo o processo de aprendizado dos jovens com seus instrumentos inicialmente baldes, mas depois elétricos dentro de um carro bem colorido que faziam shows em casamentos, vemos o hospital bem simples aonde as garotinhas vão para fazer diálise, e claro vemos o outro lado no Egito, com todo o processo de turismo, o programa super bem produzido, o hotel incrível que o rapaz vai passar as semanas de shows, ou seja, um contraste bem marcante e chamativo que a equipe de arte foi direta e objetiva para mostrar.

Enfim, é um filme bem simples, que achei que gostaria até mais pelo lado que curto realities musicais, mas que como focou mais na criançada, acabou sendo emotivo de outra forma, e assim digo que até vale bem toda a formatação, entregando um resultado que agrada e chama bem a atenção do público sobre os problemas de algo separado, e assim sendo recomendo a conferida para quem não viu ele ainda. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Lou

9/25/2022 06:55:00 PM |

Costumo dizer que um bom suspense policial não necessita de ter realmente policiais ou detetives, mas sim pessoas dispostas a socar várias caras, caçar rastros e enfrentar os personagens inimigos de uma maneira que faça o público acreditar no que é mostrado, e principalmente deixar para o mais derradeiro final a surpresa da motivação do crime, pois aí a reviravolta soa ainda mais interessante. Dito isso, posso complementar que "Lou", que estreou recentemente na Netflix, entrega bem todas essas situações, e apenas revela um pouco cedo demais a motivação, mas que serve para as lutas finais serem bem encaixadas. Ou seja, é um filme que muitos vão achar que não foi muito além, que serve apenas como um bom passatempo, mas que de certa forma causa uma leve tensão, temos bons personagens, e talvez brechas até para uma continuação ou prequel, mas isso quem dirá é o tempo, e por enquanto vale apenas a dica para o play.

A sinopse nos conta que uma enorme tempestade se alastra. Uma jovem é sequestrada. Sua mãe, sem outra opção, se une à misteriosa mulher mais velha ao lado para perseguir o sequestrador em uma jornada pelo deserto que testará seus limites e exporá segredos sombrios e chocantes de seu passado.

A diretora Anna Foerster depois do trágico, mas não ruim, "Anjos da Noite - Guerras de Sangue", que foi seu primeiro longa, conseguiu um bom primeiro roteiro das mãos de Maggie Cohn e trabalhou ele para que ficasse intenso e cheio de nuances bem colocadas, de forma que acabamos entrando completamente no clima do filme, nos envolvemos com as duas personagens, e nos atos finais já estamos torcendo para que consigam pegar o sequestrador, consigam escapar, e claro que vivam felizes como uma família, e a jogada disso tudo é que ela aprendeu bem a brincar com cenas de ação na sua estreia, e aqui ela ponderou bem as brigas corpo a corpo para que não ficassem jogadas. Ou seja, é um bom filme, que tem um estilo bem trabalhado, e que até poderia ter ido mais longe, mas que funciona bem, empolga e cria a tensão devida, e tem poucas falhas, o que agrada ainda mais.

Sobre as atuações, Alisson Janney veio bem imponente com sua Lou, sendo inicialmente misteriosa, depois se revela como espiã, para somente bem perto do final se entregar completamente para a outra protagonista, criando assim um vínculo de desenvolvimento bem interessante, com lutas bem encaixadas, com olhares tensos e duros, e se jogando bem nos atos mais fortes, o que acaba agradando sem soar falso demais. Jurnee Smollett trouxe um ar meio impositivo demais para sua Hannah, ao ponto que em algumas cenas até chega a sobrepor a protagonista, algo que é ruim de acontecer, mas soube ser criativa, e trabalhou bem os seus atos, sendo dinâmica e encaixando as nuances que precisava. Logan Marshall-Green já trabalhou seu Phillip com o famoso ar de loucura de guerra, ao ponto que até acreditamos nos seus atos, mas por vezes pareceu mais bobo do que psicótico mesmo, e isso é um perigo para falhar, por sorte suas cenas são poucas, então fez elas bem ao menos. A garotinha Ridley Asha Bateman trouxe uma Vee bem doce, bonitinha, carismática, e preparada como uma boa criança com família violenta deve ser, com seus códigos e tudo mais, e aqui ela representou bem isso, e agradou.

Visualmente o longa foi bem trabalhado numa floresta completamente enlameada pela chuva, aliás acredito que só filmaram a chuvona nas casas para não parecer estranho a floresta estar tão enlameada, tiveram atos bem misturados de ação e envolvimento dentro de grutas, em pontes quebradas, num farol abandonado, numa praia bem dimensionada, com ângulos bem ousados por vezes, e claro com muita luta corporal, principalmente na cena dos personagens secundários amigos do vilão que tomaram uma coça imensa com a protagonista usando tudo o que tivesse ao seu redor, desde latinhas, facas, panelas e tudo mais, ou seja, tudo bem colocado em cena para se desenvolver na mão dela.

A banda Toto deve estar com os bolsos bem recheados, afinal já é o segundo ou terceiro filme que usam "Africa" e "Hold The Line" como canções de uso dramático, e o resultado aqui dá um bom tom para as cenas, sendo bem colocadas e agradando, não entrando tanto no contexto do filme, mas serviram para bons encaixes.

Enfim, é um bom filme, tem pegada, tem tensão e tem uma história intrigante de sequestro que já vimos tantas outras vezes, mas que serve como um passatempo bem trabalhado de fim de semana, sendo daqueles que talvez até lembremos quando passar em alguma TV (coisa difícil já que é uma produção da Bad Robot tão tradicional, mas direto para a Netflix), então fica a recomendação, e eu fico por aqui agora, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Athena

9/24/2022 04:53:00 PM |

Sempre que falamos em filmes que trabalham guerras civis ou protestos extremamente violentos recaímos sobre o país que mais sabe fazer coisas desse estilo que é a França, e com o lançamento da Netflix, "Athena", temos uma trama tão bem pautada, com nuances fortes e uma produção cênica tão minimalista que por vezes até esquecemos da história por trás de tudo, de forma que ao final a motivação política é bem explícita, mas todo o ensejo é tão bem contado que vamos lembrar dele mais pelos coquetéis molotov que são arremessados, os fogos de artifício voando para todos os lados, e claro figurantes aos montes completamente insanos numa batalha visual muito presencial que acaba chamando atenção e impacta com tudo o que é mostrado. Ou seja, é daqueles filmes que marcam presença aonde quer que seja visto, e que transportou o público dos festivais que participou para dentro do ato com um grande primor, e agora é a vez do público mundial conferir nas TVs, valendo tanto pelo visual, quanto pela reflexão de casos semelhantes que podem acontecer no mundo atual.

O longa é uma trágica história de três irmãos, que têm suas vidas jogadas no caos do destino quando o irmão mais novo do trio é morto sob circunstâncias inexplicáveis. O acontecimento dá início a um embate violento no Conjunto Habitacional Athena, envolvendo os irmãos no centro do conflito.

Diria que o diretor Romain Gravas chega bem imponente com seu terceiro filme, chamando toda a atenção da mídia especializada para algo forte, bem feito e que não ficou jogado de escanteio com o estilo, pois embora a proposta aqui tenha um ar politizado, a trama toda se desenrola bem pelo ar da rebeldia, do desespero, e claro aonde a ficção toma as rédeas para algo forte e bem cadenciado, afinal acabou sendo praticamente um longa de guerra civil, em um conjunto habitacional de vários prédios com os moradores mais rebeldes contra a polícia, e nesse meio de caminho os moradores comuns tentando fugir do conflito. Ou seja, temos praticamente três histórias em uma, que funcionam muito bem tanto separadas quanto juntas, que é a dos irmãos que perderam o caçula e estão revoltados, com o mais velho que vive do crime tentando esconder e proteger suas armas, o segundo que tem uma noção mais tática tentando acreditar no país e na polícia para ajudar a proteção, e o terceiro completamente rebelde criando todo o ambiente com seus amigos, temos a segunda da guerra em si e dos conflitos que ela causa nas pessoas ao redor, e claro temos a política mostrando ao final todo o ar criativo de um grupo para causar a guerra. Sendo assim posso dizer fácil que o diretor trabalhou muito bem e acertou em não fazer elas separadas, pois deu vida e ganho à tudo, com um resultado expressivo muito funcional e interessante tanto para filmes de festivais, como mantendo um ar comercial bem elaborado.

Sobre as atuações posso dizer que embora Dali Benssalah seja o protagonista fazendo muito bem o seu Abdel, cheio de trejeitos fortes, dinâmicas explosivas e principalmente um último ato inteiramente marcante, quem dá totalmente a dinâmica do longa é Sami Slimani com seu Karim, sendo daqueles rebeldes imponentes, preparados para tudo, e que mesmo fazendo atos errados sabe aonde quer estar, entregando cada nuance com muita precisão, fazendo seus atos estarem no clímax total para agradar e desenvolver, de tal forma que ficamos conectados com seus olhares e preparados para o pior a qualquer momento. Ou seja, a base toda é em cima dos dois irmãos, que simplesmente entregam tudo e muito mais, mas ainda tivemos bons atos com o policial que acaba sendo preso pelo grupo, muito bem empático e com ares desesperados bem interpretado por Anthony Bajon, e também tivemos os atos mais explosivos dos outros irmãos da trama vividos por Ouassini Embarek com seu Moktar e Alexis Manenti como o explosivo Sebastien. E claro temos de aplaudir as centenas de figurantes correndo por todos os lados, atacando, e fazendo com que o filme tivesse um conteúdo ímpar na tela.

Visualmente a equipe filmou mesmo dentro do Place du Parc aux Lièvres que é um dos bairros populacionais mais mistos da França, e conseguiu ser muito simbólico com tudo, com toda a parte explosiva, com os efeitos especiais bem colocados, com elementos sendo arremessados, ou seja, um pacote completo que impressiona bastante e que acabou trazendo um algo a mais para que o filme tivesse essa fluidez insana bem trabalhada. Ou seja, é praticamente uma guerra num local imensamente habitado que souberam ser representativos e agradar com toda a expressividade entregue.

Enfim, é um tremendo filmaço, tenso, cheio de nuances e envolvimentos, que serve tanto como uma boa trama de ação, como algo reflexivo para mostrar que rebeliões nem sempre são ganhas da maneira que seus líderes desejam, e que a loucura acaba tomando formas tão descontroladas que é difícil desacelerar quando tudo está em seu nível máximo. Ou seja, vale com toda certeza o play, e que mesmo tendo alguns momentos meio que estranhos e que poderiam ser minimizados, o resultado completo compensa bastante e vai agradar quem gosta do estilo. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Não Se Preocupe, Querida (Don't Worry Darling)

9/24/2022 02:44:00 AM |

É engraçado que alguns filmes entregam tantos conflitos de bastidores na divulgação de marketing que acabam levando para as salas dos cinemas até pessoas que jamais assistiriam um filme do estilo, e digo isso bem embasado, pois hoje na sala de "Não Se Preocupe, Querida" tinha tantas adolescentes em grupos que fiquei até com medo do que iria ver na sessão, já que evitei ver alguns spoilers e cenas soltas que foram exibidas nas redes sociais, e recomendo que todos vá conferir sem saber o mínimo da trama, pois confesso que me vendi um peixe completamente diferente pelo trailer, e a surpresa do que realmente era a trama foi muito boa de ver na telona, pois chega a ser bizarro todo o ensejo, mas o desenvolvimento dele é insano e muito bem colocado. Ou seja, é daquelas tramas psicológicas bem diferentes que alguns vão amar e muitos vão odiar, sendo bem difícil quem fique em cima do muro, mas daria para ser um pouco menor que funcionaria da mesma forma o impacto, e claro que toda a simbologia é bem difícil de ser pega de cara, o que é um luxo numa produção desse estilo.

No longa vemos que uma mulher vive tranquilamente com o seu marido e os sócios dele, também acompanhados de suas esposas em um condomínio, em pleno anos 1950. As esposas vivem reclusas no local, onde esperam seus maridos chegarem do trabalho. Seu dia-a-dia consiste em dançar, cozinhar, limpar a casa e participar de festas noturnas com todos que moram no local. Seus maridos trabalham no Projeto Vitória, uma cidade utópica, com o objetivo de mudar o mundo. Em meio a tudo, uma delas começa a questionar o projeto e seu objetivo, que não é falado para as esposas pelos maridos. Ao começar a questionar seu entorno, a vida perfeita de esposa e marido começam a cair em ruínas à medida que os segredos da empresa do Projeto Vitória vêm à tona e mulheres acabam se suicidando ou desaparecendo. Neste thriller psicológico, a vida perfeita se mistura com ficção e sair da cidade não vai ser uma tarefa fácil.

Diria que a diretora Olivia Wilde trabalhou bem a trama que chegou em suas mãos, pois é um filme que entrega uma desenvoltura que é até simples, um ar bucólico da vida de condomínio nos anos 50, todo o gracejo de mulheres que vivem apaixonadas, fazendo os afazeres domésticos com os maridos indo trabalhar e ao voltarem terem todo o carinho e afins, mas de cara vemos que tudo é muito arrumadinho e com ares secundários, tanto que nos vem na mente diversas possibilidades, inclusive a escolhida para a produção, pois no mundo atual e com o tanto de filmes que vejo já dava para imaginar tudo, mas a nuance de escolha foi muito psicótica e intrigante, pois num primeiro momento falei "Epa!! Bugou tudo!", mas em seguida fez todo sentido a proposta, e o melhor é que o filme tem uma continuidade, para definitivamente entendermos a essência implantada e dar muito resultado com o fechamento. Ou seja, pode não ser a melhor direção do mundo, afinal a diretora exagerou demais em tudo, mas a escolha de dar continuidade, e não revelar somente no ato final foi genial e muito bem feita para que o filme ficasse na memória.

Sobre as atuações temos um longa a parte, pois Florence Pugh se dedicou bastante para sua Alice, entregou trejeitos de todos os tipos para cada momento, e surpreendeu muito nas dinâmicas com todos ao seu redor, fazendo com que a personagem tivesse uma conexão até mais ampla do que apenas parecia no trailer, e que claro como protagonista chamou toda a responsabilidade para si, agradando demais. Harry Styles precisa se decidir se vai entrar de cabeça nas atuações ou nas músicas, pois aqui seu personagem ficou muito a cara de um Elvis sem começar a cantar, mas seu Jack teve estilo, teve pegada forte para as cenas de sexo, e também trabalhou bem os trejeitos, ou seja, acabou fazendo bem o que precisava em cena, mas é estranho vermos o cantor em cena, mas serve de marketing, então continuará. Cris Pine foi bem imponente nas cenas de seu Frank, misterioso como ele sabe fazer bem, com traquejos bem durões e muita personalidade, mas poderia ter sido mais cínico em algumas cenas, pois faltou esse estilo. Ainda tivemos bons momentos da diretor Olivia Wilde como atriz com sua Bunny, atos marcantes com Gemma Chan com sua Shelley, e até algumas personificações fortes com Timothy Simmons como Dr. Collins, mas sem dúvida quem conseguiu toda atenção foi Kiki Layne por suas cenas tensas como Margareth, e claro por ser a mais diferente no meio de todos os rostinhos padrões na trama.

Visualmente a trama foi muito bem elaborada, com um condomínio riquíssimo de detalhes, todas as casas em moldes únicos bem chamativos, uma maquete do projeto bem marcante, vários elementos cênicos como comidas e vidros falsos, festas gigantescas, muitos carros da época, e claro um deserto imenso com todos os carros saindo em perfeita sincronia, algo até bonito de ver, aliás o filme todo tem um visual que você se encanta com cada detalhe proposto, num resultado ainda mais insano quando mostra a cena de virada, pois ali a equipe de arte deu show também, mas não vou falar muito para não estragar nada.

Enfim, é um filme bem inteligente e interessante de ver, com uma proposta muito bem definida e marcante, que alguns podem não curtir, mas que funciona bem e agrada mesmo sendo longo e com alguns atos talvez desnecessários. Diria que é diferenciado na medida, sem ser ousado como aparentava, mas que vale a conferida, e talvez alguns até vão levantar algumas ideias maiores em cima de tudo, então fica a dica para os debates. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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A Viagem de Pedro

9/23/2022 09:56:00 PM |

Sempre que paramos para analisar a História do Brasil ficamos com muitos pontos em branco de situações que foram apenas contadas por quem conviveu, restos de alguns objetos e claro algumas pinturas, porém a "fuga" de Dom Pedro I foi algo que pouco material acabou sendo gerado, já que estava doente, louco com tudo o que estava acontecendo, e com uma tripulação que também não gostava dele, então o que podemos dizer do filme "A Viagem de Pedro" é que a diretora brincou bastante com os devaneios de alguém doente em alto mar, o misticismo dos tripulantes, e claro histórias que foram sendo contadas, que acaba agradando pela grande produção, pelos arquétipos das interpretações e claro pelo ambiente ficcional em aí bem montado numa trama conflitiva, que agrada bastante, mas que quem for esperando mais realismo não irá curtir tanto. Ou seja, vale pela dimensão entregue, pelos bons figurinos e pela essência entregue, mas que esperava um pouco mais de tudo.

O longa nos mostra um olhar intimista sobre a vida de Dom Pedro I e dos eventos históricos que giram em torno do príncipe, com atenção para um momento determinante de sua trajetória. Em 1831, o primeiro Imperador do Brasil volta à Europa sob condições adversas, no navio inglês Warspite. Diante de sua abdicação ao trono do Brasil, esse é um momento de profunda reflexão para D. Pedro I, que pondera os erros e acertos de sua administração desde o momento em que chegou no país com sua família aos 10 anos de idade, em 1808. A Viagem de Pedro toca em assuntos delicados sobre o imperador do Brasil enquanto volta para a Europa. Assuntos como sua masculinidade, epilepsia e sua suspeita de ter contraído sífilis e sua instabilidade emocional enquanto deixava seu filho no país e se separava dele. A representação intimista de Pedro mostrará como o tal se sentia traidor de Portugal e alguém sem pátria definida.

Como falei no começo, a diretora e roteirista Lais Bodanzky soube trabalhar bem usando as dinâmicas de uma ideia maior que talvez tenha vindo em sua mente e que de certo modo permitiu que o ambiente se desenvolvesse, porém em alguns momentos toda a loucura não tem um eixo para que o público acredite no que é mostrado, sendo assim uma ficção que força acreditarmos ou não no ela criou, e isso pesa bastante, pois usando uma montagem bem bagunçada mostrando o presente no navio e o passado em vários lugares tudo acaba conflitando demais, o que é um tremendo problema. Ou seja, ela acaba nos entregando algo incomum que até agrada mas que acaba perdendo a força no miolo, e assim sendo não empolga como deveria, mas que não acaba sendo ruim de ver por completo.

Quanto das atuações, diria que o foco primordial é todo de Cauã Reymond com seu Pedro, de forma que o ator soube desenvolver bastante trejeitos de delírios, trabalhou uma impressão bem intimista ao criar as personificações junto das diversas mulheres, e foi direto ao ponto para que o público mantivesse o olhar completamente em suas nuances, o que acabou sendo um bom acerto, mas talvez um pouco mais de explosão agradasse mais. Luise Heyer com sua Leopoldina, Victoria Guerra com sua Amélia, e Rita Wagner com sua Domitila, brincaram bastante com as devidas nuances das várias mulheres de Pedro, sendo acertivas nas personificações e agradando nos seus momentos mais tensos, que soaram marcantes claro pela sensualidade e pelos atos mais carnais bem feitos. Quanto aos demais, tivemos encenações bem trabalhadas de Francis Magee com seu Comandante Talbot, Welket Bunguê como o Contra Almirante Lars e Sergio Laurentino bem desenvolvido como Chef, entre vários outros que apenas tiveram algumas passagens pelo navio, e vale também as cenas mais dialogadas com Isac Graça fazendo Dom Miguel.

Visualmente a trama foi bem montada dentro de um estúdio que simulou bem os movimentos de um barco para as cenas internas, tudo bem recheado de muitos apetrechos que a corte fugiu levando, vemos muitas cenas de um grandioso barco, várias cenas nos palacetes, e claro tudo muito simbólico para juntar numa trama realista de ambientes e maluca de essências, valendo pela equipe de arte criativa que não economizou em nada na grandiosa produção.

Enfim, é um bom filme que talvez pudesse ter ido mais além, que agrada pelos atos marcantes e bem cheios de devaneios, mas que saímos da sessão parecendo ter faltado algo, e isso é um peso que poderiam ter minimizado. De certa forma recomendo ele com algumas ressalvas, mas vale como um retrato de nossa História que não é tão bem contada. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.



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A Mulher Rei (The Woman King)

9/23/2022 01:18:00 AM |

Pois bem, já faz algum tempo que andam tentando empurrar filmes com protagonismo feminino descendo a porrada nos homens, e alguns até meio sem noção falhando bastante, então os roteiristas andaram pensando em como fazer algo decente usando algo mais imponente, e a resposta veio rápido com um pouco de pesquisa histórica, ao chegarem no exército de mulheres africanas que lutaram contra a venda de escravos durante o período da colonização, brigando contra colonizadores e até mesmo contra outras tribos que obrigavam outras tribos a darem tributos para vendas. Ou seja, muitos vão falar que isso não existiu, outros vão pontuar como apenas inserção feminina em um mundo que não é bem assim, mas o resultado de "A Mulher Rei" é tão imponente seja pela grandiosa produção, pelo ótimo texto e ou pelas ótimas atuações, que no final só sabemos de uma coisa, que o resultado acabou sendo daqueles tão fortes e bem feitos que gostaríamos até de mais continuações, pois ver Viola Davis comandando um exército fortíssimo foi tão bom que não dá vontade nem de sair da sala depois, e adianto para não saírem mesmo, pois logo no começo dos créditos tem uma cena extra de um ritual bem bacana, então espere uns minutinhos.

O longa acompanha Nanisca que foi uma comandante do exército do Reino de Daomé, um dos locais mais poderosos da África entre os séculos XVII e XIX. Durante o período, o grupo militar era composto apenas por mulheres que, juntas, combateram os colonizadores franceses, tribos rivais e todos aqueles que tentaram escravizar seu povo e destruir suas terras. Conhecidas como Agojie, o grupo foi criado por conta de sua população masculina enfrentar altas baixas na violência e guerra cada vez mais frequentes com os estados vizinhos da África Ocidental, o que levou Dahomey a ser forçado a dar anualmente escravos do sexo masculino, particularmente ao Império Oyo, que usou isso para troca de mercadorias como parte do crescente fenômeno do comércio de escravos na África Ocidental durante a Era dos Descobrimentos, o que fez com que mulheres fossem alistadas para o combate.

Se você viu o trailer e pensou que o longa tinha alguma ligação com "Pantera Negra", já adianto que não propriamente, mas as Dora Milaje foram baseadas nas famosas guerreiras Agojie, já que ambas defendem seus reis e claro o reino, então diria que a diretora Gina Prince-Bythewood foi muito precisa em sair do elo dos filmes da Marvel, e claro de heróis também já que seu último filme "The Old Guard" envolveu também uma pegada de HQ, indo para algo mais histórico mesmo, mostrando todo o processo de vendas de membros das tribos ou inimigos para os colonizadores como escravos, todas as dinâmicas dos treinamentos sendo bem representativas, e com isso ela nos fez ter um carisma ainda maior por todos os personagens, fez com que nos envolvêssemos bem na trama da protagonista, e mesmo o arco relacional da protagonista com a garota sendo um pouco exagerado e forçado, o resultado final acaba agradando bastante, fazendo com que o público curta cada momento entregue, e queira até saber mais dos personagens reais, afinal sabemos bem pouco da história dos escravos pelos livros da escola, e aqui a intensidade deu o tom, mostrando que tanto o roteiro quanto a direção pesquisou bastante para criar algo de ação empolgante e de certa forma realista.

Sobre as atuações nem tem como dizer que a maioria do público irá aos cinemas ver o longa por conta de Viola Davis, e a presença dela na trama diz tudo, afinal sua Nanisca é determinada, é forte, tem imponência nos atos, e sem pestanejar entregou tanta desenvoltura física (que talvez tenha sido mais dublês, ou não?) quanto expressiva para cativar cada momento seu na tela, fora toda a ótima conexão com as demais personagens, fazendo com que tudo se encaixasse muito bem e criasse um carisma presencial muito bem marcado. Não conhecia a atriz Thuso Mbedu, mas fez de sua Nawi uma garota tão atirada, tão cheia de vontade nas cenas, que posso dizer que vai fazer muito sucesso em todos os filmes que lhe colocarem, pois soube fazer todos os tipos de trejeitos e agradar com muita simplicidade cênica, e isso é bem raro de ver, ou seja, cativou o público. Agora falando em carisma, sem dúvida alguma Lashana Lynch é o nome da vez, pois já tinha ido muito bem no último "007", e agora com sua Izogie foi daquelas que torcemos, envolvemos, e que queríamos ainda mais cenas dela, pois a atriz pegou o papel e se jogou, lutou, encarou lança no peito e tudo mais, sendo perfeita, e claro passando muito envolvimento para com as demais garotas. Ainda das mulheres vale destacar as caras sérias e tensas de Sheila Atim com sua Amenza, meio que a mulher dos cultos, mas muito mais que isso, uma grandiosa amiga e confessora da protagonista, encaixando olhares fortes em meio de cenas calmas, e agradando bem com isso. Quanto dos homens da produção, diria que John Boyega foi meio secundário demais com seu rei, faltando um pouco mais de explosão e dinamicidade, parecendo que não estava satisfeito com algo, o que é uma pena, pois é um grande ator, já Jordan Bolger entregou um Malik bem cheio das nuances, com um envolvimento bem trabalhado com a garota protagonista, e acabou chamando bastante atenção pelos olhares colocados em cena, e por fim Hero Fiennes Tiffin merecia algo um pouco pior para o seu Santo, ao ponto que ambos mandaram até que bem no português, mas foram bem simples de entregas.

Visualmente a trama tem um ambiente muito bem trabalhado, mostrando o palácio separando a parte das guerreiras aonde nenhum homem sem ser os eunucos entram, com uma piscina imensa para as jovens se lavarem e relaxarem após as batalhas, tendo também o lado das reuniões do rei com suas diversas mulheres ostentando riquezas, cenas bem intensas de treinamento e de uma competição marcante, atos fortes mostrando o mercado de escravos, e também alguns atos bem imponentes da violência contra as mulheres capturadas, além de um flashback do passado da protagonista, e claro muitas batalhas fortíssimas, mas que economizaram um pouco no sangue, que dava para explodir mais a cada facada nas cabeças.

Enfim, é um tremendo filmaço, com uma história imponente e que agrada bastante, que chama a atenção tanto para o conteúdo histórico, mas claro deixando a ação em primeiro plano, e isso vai fazer com que o público curta mais tudo. Então com certeza recomendo o longa, mas dizendo que não é perfeito, pois mesmo os 135 minutos passando voando, alguns atos ficaram meio que repetitivos. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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AppleTV+ - Palmer

9/20/2022 10:42:00 PM |

Costumo dizer que dramas intimistas são filmes que dificilmente se recomenda para alguém, pois a maioria tem uma síntese pesada sobre algum tema próprio a marcar em cada pessoa, mas tem alguns que entregam situações tão bem colocadas que merecem ser vistos, principalmente quando os protagonistas sabem entregar exatamente o que é preciso para o filme funcionar de maneira icônica. E com o longa da AppleTV+, "Palmer", temos um tema complexo que são crianças que não se enxergam digamos "normais", temos o bullying com elas, temos a reintrodução no mercado de ex-presidiários, temos famílias com envolvimento com drogas, e temos a junção disso tudo em um único pano principal, ou seja, é daqueles filmes que você pode usar para representar tantos elos que o peso é imenso e funcional, mas principalmente temos um ator que costumeiramente pegava longas de ação com muito mais dinâmicas entregando personalidade para um papel forte e bem representativo, mostrando que está pronto para qualquer tipo de papel agora com muito mais maturidade. Ou seja, é um filme bem trabalhado que muitos podem até virar a cara, mas que faz valer a discussão e a representação na tela, pois foi bem entregue.

A sinopse nos diz que família é quem você escolhe. Depois de 12 anos na prisão, o ex-atleta colegial Eddie Palmer volta para casa e tenta recomeçar sua vida. Ele faz uma amizade improvável com um garoto marginalizado, que vem de uma família disfuncional. Agora o passado de Eddie ameaça seus planos de uma nova vida.

Sabemos que o diretor Fisher Stevens é um tremendo documentarista e conhece bem como desenvolver temas fortes, já que é multi premiado nesse quesito, e aqui pegando um roteiro bem denso de Cheryl Guerriero conseguiu ser bem simbólico com todos os temas propostos, deu vida e boas nuances para cada ato, e principalmente não deixou que clichês dominassem todo o desenvolvimento da trama, pois facilmente o filme poderia ter recaído a trejeitos comuns, poderia não trazer um envolvimento suficiente para os atos principais, e até mesmo poderia se tornar imensamente cansativo com o ritmo mais calmo como acabou ocorrendo, mas pelo contrário ele acabou conseguindo desenvolver tudo de uma maneira bem dura e ampla, e emocionar com os símbolos bem dispostos, o que acabou resultando em algo muito correto e bem feito. Ou seja, é daqueles filmes que facilmente entrariam em algum festival sobre os vários temas, e daria discussões de horas a fio, e isso já faz valer o play, pois emociona na medida com tudo o que é entregue, sem errar e sem segurar a barra para nenhum dos lados.

Sobre as atuações, eu já comecei o texto falando o quanto Justin Timberlake evoluiu, e aqui seu Eddie Palmer diz a que veio sem recair para traquejos de brucutu, muito menos para nuances de alguém marginalizado, mas sim se doando para o personagem, criando as devidas desenvolturas para cada momento, e principalmente se conectando demais com o garotinho, ao ponto que vemos seus olhares se entregarem e envolverem, não sendo algo que fica parecendo falso, aquele gostar sem querer, e conforme vai fazendo todas as sínteses vai criando um vínculo mais do que paternal, o que acaba chamando muita atenção, e mostrando que o ator se resolver seguir essa linha mais dramática tem grandes chances de premiações. O garotinho Ryder Allen se entregou de uma maneira tão imponente com seu Sam que acabamos apaixonados e também bravos com algumas de suas desenvolturas, ao ponto que soou carismático, soube ser coerente nos trejeitos que lhe pediram para fazer, e acabou sendo marcante demais em tudo, acertando em cheio com simplicidade e atos sem forçar a barra. Ainda tivemos bons atos explosivos de June Temple com sua Shelly cheia de traquejos e completamente dominada pelas drogas, ao ponto que mudou de humor o longa inteiro, tivemos bons atos da professora Maggie vivida por Alisha Wainwright, e claro um bom começo com a sempre emocional June Squibb fazendo uma Vivian doce e bem encaixada.

Visualmente a trama é bem simples, com uma casa de vó meio bagunçada já pela idade, com um trailer da família bagunçada do garotinho, várias cenas na escola, na casa dos amigos, em campos e bares, mas tudo com muita simbologia em cima dos temas, mostrando desde o protagonista revivendo seus demônios internos, o garotinho brincando com suas bonecas, fantasias, lancheiras e biscoitos, dando as claras nuances que não é um garoto tradicional, e também todo o conflitivo lar do jovem dentro do trailer ainda mais bagunçado, e cheio de coisas fora de eixo, mostrando que a equipe de arte foi bem representativa.

Enfim, é um filme diferenciado, que muitos podem até torcer o nariz, mas que tem um elo funcional bem encaixado em praticamente todas as cenas, valendo a conferida, o envolvimento, e claro a discussão sobre todos os temas, afinal é essa a proposta da trama, e ela funciona bastante. Sendo assim recomendo a trama para todos e fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Segredos do Passado (The Dry)

9/20/2022 01:12:00 AM |

Já disse aqui várias vezes que um dos estilos que mais gosto de conferir é o suspense policial, pois passo o filme quase que inteiro atirando ideias em minha mente tentando descobrir antes que o protagonista tudo o que aconteceu, quem matou, os motivos e tudo mais, e a minha maior felicidade é quando erro tudo, pois aí sei que o diretor conseguiu me surpreender, envolver, e principalmente entregar algo que me entreteve durante toda exibição. Sei que isso é sempre pedir demais, e por vezes nem reclamo quando já pego a síntese inteira logo de cara, mas hoje mais uma vez um longa presente na Amazon Prime Video conseguiu brincar bem comigo, afinal "Segredos do Passado" não entrega apenas um caso para o protagonista (e nós) resolver, mas sim dois, sendo um envolvendo o seu passado antes de se tornar detetive, e assim sendo um possível culpado pelo crime pelos olhos da cidade inteira. Ou seja, se atirar para todos os lados com um crime só já é brincadeira para quase toda a exibição, deixar o segundo para o finzinho então foi uma das atitudes mais perfeitas que um diretor já pode brincar comigo, e assim sendo, posso dizer com todas as letras que tudo é muito bom, toda a pegada é intensa, e por incrível que pareça não é algo tão na cara em nenhum dos dois casos, o que é bem bacana, e vai fazer muitos errarem os tiros, valendo a conferida completa.

A sinopse nos conta que o agente federal Aaron Falk retorna à sua cidade natal após uma ausência de mais de vinte anos para assistir ao funeral de seu amigo de infância, Luke, que supostamente matou sua esposa e filho antes de tirar a própria vida. Quando Falk relutantemente concorda em ficar e investigar o crime, ele abre uma ferida antiga. Falk começa a suspeitar que esses dois crimes, separados por décadas, estejam conectados.

Diria que o diretor Robert Connolly soube brincar muito bem com o livro de Jane Harper, pois acertar a mão em um suspense policial é algo que só bons livros costumam entregar, e transportar para a tela a dúvida completa de um crime do passado que esteve envolvido, puxando várias lembranças, e ainda investigar várias possibilidades em uma cidade minúscula aonde algo mentiroso dito várias vezes acaba virando uma verdade, é algo que poucos conseguem conduzir sem deixar sua trama confusa, ou necessitar de elos jogados que muitas vezes ninguém vai entender. Ou seja, ele soube segurar tudo até o final, não entregar de forma alguma o verdadeiro criminoso, e claro o motivo do crime, e ainda para melhorar deixou as memórias do protagonista serem guiadas com muita fluidez, que até ficou meio abusivo o elemento achado bem no finzinho, mas que funcionou bem para o que a trama precisava, e o resultado empolga e dá uma grande dimensão de tensão, o que é o resultado perfeito de um filme do estilo.

Sobre as atuações, Eric Bana trabalhou semblantes sérios para seu Aaron Falk, criou boas dinâmicas e até nos trejeitos mais pensativos do passado conseguiu criar sínteses para que seu personagem fosse bem funcional, ou seja, praticamente brincou com o personagem de um modo investigativo bem interessante e intrigante como deve ser, agradando bastante e envolvendo também da melhor forma. Genevieve O'Reilly entregou também bons momentos para sua Gretchen, sendo sensual, trazendo boas lembranças para o protagonista, e até mesmo tendo alguns atos conflitivos para deixar a pulga atrás da orelha de quem está tentando enxergar um algo a mais, e ela fez isso com doçura e bons momentos. Keir O'Donnell trabalhou bem seu Raco, sendo um policial que não é daqueles imponentes, mas que tem carisma e personalidade para junto do protagonista ir entregando tudo e se desenvolvendo bem, ao ponto que funciona bastante. Sobre os personagens jovens, é claro que o destaque fica para Joe Klocek fazendo um Aaron bem fechado, mas com ares bem envolventes assim como o protagonista, vemos Claude Scott-Mitchell passando uma Gretchen bem mais saidinha que a versão adulta, e claro tivemos Bebe Bettencourt entregando nuances perfeitas de sua Ellie, brincando com todo o envolvimento com os garotos, e sofrendo muito com tudo o que tem ao seu redor, agradando bem expressivamente e também cantando, que ainda fecha o longa com sua canção, ou seja, perfeita. Ainda tivemos atos fortes com Matt Nable entregando um Grant Dow bem típico de cidades pequenas, que quer resolver tudo na mão, um James Frecheville bem misterioso com seu Jamie Sullivan, e um John Polson bem trabalhado com seu Whitlan, ao ponto que todos acabam sendo bem enxergados pelo protagonista, e se encaixam bem em tudo o que fazem no filme, isso sem esquecer dos bem colocados Julia Blake com sua Barb, Bruce Spence com seu Gerry e William Zappa com seu Mal, mas ambos apenas conectando tudo, sem ir muito além.

Visualmente o longa entrega uma Austrália pós uma seca sem chuvas de quase 1 ano, um ambiente completamente árido tanto visualmente quanto pelas pessoas que vivem ali com temores de incêndios e também desconfiadas de tudo o que aconteceu após um crime brutal aonde todos já tem suas opiniões formadas, o protagonista passeando pelas casas e campos da maioria da cidade atrás de detalhes para tentar resolver o crime, uma delegacia bem simples, um hotel sem água para o banho, um funeral, e claro muitos momentos nos rios e florestas de 20 anos atrás, ou seja, a equipe trabalhou muito bem tudo para ir misturando o passado com o presente, os interlaces no cemitério, e tudo que um bom longa policial tem de ter para ir confundindo o público sem entregar todas as peças, ou seja, um trabalho minucioso bem executado que acaba chamando muita atenção.

Enfim, é um ótimo filme do gênero, que não cansa mesmo tendo quase duas horas de exibição, que não larga nada jogado, sendo daqueles que tudo vai ser bem explicadinho, e dá para pegar todas as nuances no final, ou seja, muito bom mesmo, que talvez poderia ter sido até um pouco mais amplo em algumas situações, mas não daria o mesmo resultado, então recomendo bastante, e mesmo não sendo perfeito veria ele novamente, então deixo a dica de play para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.  


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Netflix - Já Fui Famoso (I Used To Be Famous)

9/19/2022 12:40:00 AM |

Costumo dizer que gosto de ver filmes mais leves no domingo para não começar a semana já de forma truculenta, e recomendo bem isso, pois passatempos e/ou comédias dramáticas com pitadas emotivas fazem o corpo dar aquela última relaxada antes de pegarmos firmes na segunda brava, e uma boa opção que entrou em cartaz na Netflix nessa semana é o longa "Já Fui Famoso" que mesmo não sendo baseado em fatos reais, mas sim numa ideia de curta-metragem que o diretor teve uma grande visibilidade e resolveu ampliar para um longa, acabou tendo uma pegada muito costumeira de cantores de bandas grandes teen que acabam apagados pela mídia, e que sofrem bem para seus retornos solos após muitos anos, e junto disso ainda temos um fator que tem sido muito bem apoiado da inclusão de jovens com deficiência em projetos musicais e/ou artísticos, que tem dado muito resultado. Ou seja, é o estilo de filme que basicamente já vamos assistir sabendo bem o que vai acontecer no final, temos completa noção das diversas reviravoltas que podem acontecer, mas que funciona bem, é gostoso de se envolver, e só não é melhor por ser uma primeira direção e uma ampliação de um curta, que sempre acabam enchendo de cenas inúteis e que poderiam ser melhoradas, sendo algo bacana de ver pelo menos.

O longa segue Vince, um ex-popstar de uma boyband que fez grande sucesso em sua juventude e sonha em voltar aos holofotes. Ele acaba conhecendo Stevie, um baterista autista com um incrível dom para o ritmo. Uma jam improvisada no meio da rua faz com que os dois se conheçam e desperta uma amizade inesperada. Juntos, eles formam um vínculo único através do poder da música.

Diria que o diretor e roteirista Eddie Sternberg foi bem preciso em seu primeiro longa metragem, conseguindo emocionar e desenvolver bem as reviravoltas da trama sem precisar segurar tanto o cadenciamento do filme, e isso é algo que dá para darmos um bom valor, porém ele escreveu originalmente como um curta que fez muito sucesso, e foi acertado nisso, então ao transformar a história de 17 minutos para 104 minutos acabou enchendo de situações e desenvolturas que até funcionam, mas não com o mesmo preenchimento. Ou seja, acertar o primeiro longa sem que fique cansativo já é uma tarefa imensa, agora conseguir aumentar algo que ficou bom é um risco que pouquíssimos conseguem, então sua ousadia acabou pesando um pouco, e vemos vários momentos quase soltos ou estranhos de ter uma conexão mais coesa, e sendo assim poderia ter melhorado muitos momentos para que o filme comovesse do começo ao fim, o que acaba não ocorrendo. Mas de forma alguma digo que a trama é ruim, pois ela é gostosa, é inclusiva e emociona, então funciona muito bem como um bom passatempo, só que daria para ser incrível também com bem poucas mudanças.

Sobre as atuações, posso dizer que Ed Skrein fez bem o papel de seu Vince, porém faltou entregar um pouco mais de carisma e personalidade para alguns atos mais emotivos, de forma que ficou parecendo seco demais, o que não seria tão certo, mas se levarmos em conta que tirando nos atos finais a vontade dele era única de conseguir voltar a ter sucesso, podemos dizer que acertou, só que poderia ter ido além. Quanto de Leo Long, o jovem garoto autista mostrou muita personalidade em seu primeiro papel nas telonas, sendo seguro de seus atos, trabalhando alguns bons trejeitos, e até se envolvendo bem nas cenas mais intensas, ou seja, inclusão funcionando bem, mostrando ser um bom músico e ator que tem futuro. Já Eleanor Matsuura ficou também um pouco artificial com sua Amber, pois mesmo sendo uma mãe exageradamente protetora, acabou ficando sem muito carisma nas cenas que precisaria passar um ar comovente, então faltou aquele envolvimento mais leve que não transpareceu. Quanto aos demais, a maioria deu conexões para os protagonistas e apareceu pouco, valendo destacar todos os demais garotos e garotas deficientes da aula de música da igreja, e claro o professor delas Dia brilhantemente interpretado por Kurt Egyawan, que se doou bem e passou bons momentos na tela.

Visualmente o longa tem alguns atos bem trabalhados, mostrando desde o protagonista passando por diversos bares tentando vender seu trabalho, vemos inicialmente como foi sua boyband, e depois usado novamente as cenas para mostrar como ele saiu do grupo, vemos alguns shows bem trabalhados em alguns bares, e claro as casas simples de ambos os personagens, valendo claro o destaque do pequeno beco aonde ocorre a feira e a cena final, ou seja, a equipe brincou com muitos elementos cênicos, principalmente o piano improvisado numa tábua de passar roupas e a bateria improvisada com panelas, e bons locais para apresentações, funcionando por completo no quesito pelo menos.

Enfim, é um longa gostoso de ver, com um bom envolvimento e que tem boas dinâmicas entre os personagens principais, valendo a recomendação mais para um passatempo leve de fim de semana, sendo daqueles que não vamos lembrar tanto daqui alguns anos, mas que funciona pela proposta em si de inclusão e de amizade. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos amanhã, então abraços e até logo mais.


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