A Bela e A Fera

9/30/2014 02:03:00 AM |

Olha, de um tempo pra cá passei a ser fã de produções francesas, mas nunca imaginei que fosse vir deles um conceito visual tão incrível, que mesmo sendo uma história "conhecida" sua versão ficou tão perfeitamente mágica que posso dizer sem hesitar que "A Bela e A Fera" francês é uma das melhores adaptações que a história já teve. Tudo é mágico, conceituado, bonito, figurino impecável, cenografia com detalhes minuciosos, atores bem pontuados nas atuações, história bem elaborada, tudo perfeito? Quase tudo, pois tivemos umas loucuras meio que inexplicadas, como os gigantes, e também algumas cenas previsíveis demais, mas esses dois detalhes passam quase que despercebidos e ainda continuo com minha defesa de melhor adaptação já feita.

O filme nos situa em 1810, onde um naufrágio leva à falência um comerciante, pai de seis filhos. A família se muda para o campo e a filha mais jovem, Bela, parece ser a única gostar da vida rural. Quando o pai de Bela pega uma rosa do jardim de um palácio encantado, ele é condenado à morte pelo dono do castelo, um monstro. Para salvar a vida do pai, Bela vai jantar com o monstro diariamente. Lá, encontra uma vida cheia de luxo, magia e tristeza e aos poucos descobre o passado da Fera. O monstro se sente cada vez mais atraído pela jovem moça.

O conto já foi adaptado diversas vezes, inclusive pela França em 1946, mas o que o diretor e roteirista Christophe Gans nos apresenta aqui vai além de qualquer coisa que pudéssemos esperar. Pra quem conheceu a história pelo conto da Disney, o que irá ver nas telonas é algo que foge um pouco praticamente do conceito, mas que ao manter a essência até faz com que prevíssemos alguns trechos, claro que também pelo roteiro não ser algo de difícil assimilação, mas isso acaba não importando tanto, já que o primor técnico e visual aqui é extremamente forte. Além de termos alguns elementos que fogem da imaginação e nos fazem perguntar o motivo de acontecer (se alguém entender melhor o lance dos gigantes e quiser falar nos comentários está livre), e como toda grande produção francesa é notável que filmaram muito, mas muitas cenas a mais do que o que foi entregue na montagem final, pois é visto de uma maneira bem fácil que daria uma série de uns 3-4 episódios de 1 hora cada, toda a ideia conceitual do filme. Porém, um grande acerto da montagem foi o estilo de contar tudo através de um livro, pois como tudo acaba sendo meio que capitular já que está sendo contado para crianças, o andamento flui bastante, com um final interessante que até dá para pegar logo de cara, mas que quem se deixar levar, pode ter uma grata surpresa. Só um detalhe que ficou errado demais está na venda do filme, pois no Brasil ele veio como algo para crianças, afinal temos quase o triplo de salas dubladas que legendadas, mas em algumas sessões, as crianças estão pedindo para os pais para sair delas, já que o filme tem todo um tom bem sombrio, ou seja, vá você assistir legendado, e deixe para levar as crianças num desenho mais apropriado.

E já que falei sobre dublagem, graças ao bom Deus, tive a oportunidade, apesar do péssimo horário, de ver o filme legendado, e como já disse para alguns amigos, não é questão de facilidade para entender em inglês, ou gostar de ler legendas, o que temos nos filmes legendados é que os atores estudaram interpretação para fazer o que estão sendo pagos pra fazer, daí colocam uma pessoa que dá um novo tom pro diálogo e destrói tudo que o cara fez, então me desculpe Paola Oliveira, mas fiquei feliz em não ouvir você. Desabafo feito, vamos falar dos atores do filme. Léa Seydoux já vem despontando há algum tempo e aqui soube dominar suas cenas com carisma e expressões totalmente pontuadas numa interpretação precisa para cada cena, o que mostra não apenas um domínio do texto, mas saber como fazer o que é certo em cada ato, afinal aqui temos ela praticamente em mais de um papel, e em todos faz muito bem. Vincent Cassel é um ator completo, e não vai ser uma máscara ou maquiagem que vai atrapalhar sua interpretação, dando um ritmo interessante para sua Fera/Príncipe, pois em ambos momentos, o ator soube trabalhar com sua personalidade cada um, ficando bem nítido um trabalho não só dele, como da direção ao conduzir a câmera nos melhores ângulos que desse para expandir seus movimentos. Eduardo Noriega fez um vilão meio fraco, que teve seu momento para despontar com seu Perdugas, mas que começou bem no bar, mas nas cenas finais que poderia dar um show de interpretação foi apenas correto. Myriam Charles estreou bem fazendo uma vidente e parceira de Perdugas, mas não teve muito o que desenvolver, então precisará de mais filmes para chamar atenção. Yvonne Catterfeld ficou tão caracterizada como princesa, que em alguns momentos até pensamos ser a Léa que está ali do outro lado da história, claro que em alguns momentos há uma certa mistura, mas a atriz mandou muito bem para conseguir esse feito de misturas que a direção tanto quis mostrar. Da família da moça, as garotas foram inexpressivas e bobas demais, e os homens tentaram dar impacto nas suas falas e no máximo nas cenas finais que apareceram melhor para o filme, o que é uma pena, já que tiveram umas 3 cenas para mostrar a que vieram, então vale destacar apenas o pai da garota que foi interpretado por André Dussolier que mostrou estar bem assustado quando precisou fazer as suas cenas mais duras.

Nem precisaria ter falado tanto das atuações, afinal o filme só tem o valor total que tem pelo visual, e pasmem foi feito com 33 milhões de euros, o que em Hollywood certamente enfiariam brincando uns 250 milhões para fazer tudo maravilhoso como fizeram aqui, apenas para comparar, um longa que tem um conceito visual forte nesse estilo e gastou os 200 e tantos milhões é "Alice no País das Maravilhas". São tantos detalhes cênicos que fica difícil saber para onde olhar na tela, toda a prataria é bem encaixada, o castelo está muito bem trabalhado tanto por fora como por dentro com detalhes riquíssimos, a roseira ficou imponente, o figurino faz as mulheres saírem da sala babando nos vestidos, a própria fantasia/maquiagem da Fera é de se impressionar, o conceito dos cachorros ficou muito bom, e até mesmo os gigantes que ainda não entendi a função dramática deles tiveram todo um trabalho conceitual maravilhoso, ou seja, é um filme para estudar direção de arte por muito tempo, que os dois diretores de arte estreantes na função Virginie Hernvann e Wolfgang Metschan mostraram que aprenderam muito nas demais funções de baixo por onde passaram e aqui merecem ter todos os chapéus tirados para o que fizeram. A fotografia também teve um trabalho brilhante, pois ao manter o filme num tom escuro bem sombrio, a equipe de efeitos pode entrar com brilhos sem que o filme caísse em algo clichê, e isso é muito bom de ver no cinema, pois as cores sendo sobrepostas em sombras e contrastes entre fundo de cenário, filtros e figurinos, deu ao longa um teor agradabilíssimo.

Enfim, gostei demais do que vi, e me arrependo amargamente de não ter sido o primeiro filme da semana, pois julguei mal o livro pela capa quando vi que tentaram empurrar a versão dublada para todos. O longa trabalha nuances a todo momento e agrada demais quem gosta de um longa bem produzido. Como disse é algo mais para adultos do que para crianças, então pense bem ao levar a criançada para ver, pois nas cenas mais sombrias e assustadoras, eles podem querer ir embora da sala. Recomendo demais ele, e tirando as viajadas com os gigantes, e os momentos fáceis demais de adivinhar o que irá acontecer, o resultado é algo perfeito de ver no cinema, em casa, e tudo mais. Bem é isso pessoal, fecho minha semana com esse filme maravilhoso, e já fico com gás total para começar o Festival de Cinema de Ribeirão Preto que está vindo com tudo a partir da próxima quinta, então deixo meus abraços aqui com vocês e logo mais estou de volta com mais posts.


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A Lenda de Oz em 3D

9/28/2014 09:35:00 PM |

Se existe um estilo que funciona bem dentro do gênero animação é o musical, pois consegue segurar o roteiro e dinamizar a história sem que seja necessário impregnar com diálogos explicativos, o que acaba ficando a cargo das músicas. E com o lançamento "A Lenda de Oz" não só utilizaram bem esse estilo, como fizeram com que as canções compostas por Bryan Adams, ganhassem boas interpretações tanto na versão original por Lea Michelle e Martin Short, como na nacional ao serem sábios de escolher uma cantora para dublar Dorothy, no caso Manu Gavassi, e Rodrigo Lombardi, manda bem também como Bufão. E utilizando da minha técnica milenar de saber se a animação é boa, posso garantir que das 20/30 crianças que estavam na sala, todas ficaram paradinhas entretidas, ou seja, vai agradar a molecada em cheio ao estrear no dia 09.

A história nos mostra que Dorothy acaba de voltar para casa após sua incrível jornada em Oz. Ao acordar em Kansas após um tornado, Dorothy e Toto voltam para Oz em um arco-íris mágico enviado por seus amigos, o Espantalho, o Leão e o Homem de Lata. Chegando em Oz, Dorothy descobre que o irmão malvado da Bruxa Má do Oeste, Bufão, está conquistando o lugar aos poucos e deixando um rastro de escuridão por onde passa. Mesmo a bruxa boa Glinda e seus poderes não conseguem combater Bufão, o que faz de Dorothy a única esperança de salvação.

O roteiro foi até bem elaborado, com a criação de novos personagens, e tivemos um desenvolvimento gostoso dentro da trama. E os diretores foram bem espertos ao montar o filme colocando ao mesmo tempo um mundo fantasioso destruído nos mesmos moldes que o mundo real acabou sendo estragado pela fúria da natureza. Claro que para não ficar muito pesado essa ideologia, infantilizaram bastante as coisas, então aqueles que não curtirem muito um desenho voltado quase que 100% para crianças é capaz de ficar irritado com o que verá na telona, mas quem for disposto a se divertir com algo totalmente colorido, recheado de canções bem colocadas e personagens que podem ter duas vertentes para serem analisados, com muita certeza sairá da sala satisfeito com o que verá.

A modelagem dos personagens não é algo muito elaborado, mas agrada visualmente com a quantidade de cores, para que cada personagem e cenário ficasse marcado por alguma característica e o público se identificasse com cada um. Dorothy está um pouco mais calma que o normal, e essa personalidade até que caiu bem para a trama, e acertadamente escolheram uma cantora/atriz para dublar um personagem que canta diversas músicas no decorrer do filme, assim a voz se manteve bem e as canções ficaram no tom perfeito com a dublagem de Manu Gavassi. E Rodrigo Lombardi encarnou literalmente o personagem do Bufão, fazendo trejeitos na voz que impressionaram e muito, transformando o personagem em algo que chamou bastante a atenção mesmo sendo o vilão do filme. Os personagens secundários agradaram também, principalmente o Marechal Mallow e a Princesa de Porcelana, que tiveram características bem pontuadas e na cena pós cachoeira fizeram uma cena bem envolvente na trama acompanhada de um ótimo número musical. A corujona e o cachorrinho também nos divertem na medida com seus trejeitos e com isso como disse acima, cada personagem tem sua cota de tela bem trabalhada para ninguém ficar sem escolher um personagem para seguir. Só achei triste matarem a atuação dos personagens característicos, Leão, Espantalho e Homem de Lata, mas isso foi uma opção para vendagem de outros personagens e nem sempre dá para agradar todo mundo.

Com um detalhamento preciso de elementos, mas sem procurar exagerar em criar texturas, a equipe de arte convence bem a garotada e os pais que forem ao cinema, pois é tudo bem didático e visual, e mesmo não sendo necessário explicar nada do que é mostrado na tela, em alguns momentos fazem questão de frisar o que está escrito. Com muitas cores e cenários bem encaixados, a trama viaja por lugares diferentes dos que já conhecemos nos outros filmes e isso funciona bem para caracterizar que Oz é maior do que conhecíamos, afinal não dá para conhecer um mundo todo num único filme não é mesmo?

A tecnologia 3D aqui foi usada mais para termos alguns elementos saindo da tela, e isso funciona bem na maior parte das cenas, sempre tendo algo, porém como a modelagem foi bem simples, não tivemos aqui uma profundidade mais agradável, que fizesse o desenho se parecer mais com um filme, e acredito que isso tenha sido bem proposital. Para quem gosta de coisas saindo da tela, vale destacar a cena final com os doces sendo usados como munição de guerra.

Por ser um longa musical, as canções com toda certeza ficaram responsáveis por dar vida ao filme, e como tiveram uma ótima composição de Bryan Adams, acabaram ficando boas na montagem dublada que como disse acabou sendo interpretada na primeira voz sempre por uma cantora, e junto de uma trilha orquestrada perfeita de Toby Chu, que só vem crescendo, o resultado final acaba sendo bem satisfatório.

Enfim, é um filme que com certeza vai segurar a garotada nas poltronas durante toda a exibição, mas por ter muita coisa infantil, os mais próximos da adolescência é capaz que não curta muito o que será mostrado, e quanto dos adultos, aqueles que liberarem a criança interior sairá feliz com o que lhe será apresentado com certeza. Dessa forma acabo recomendando a animação para todos, está longe de ser algo que vá ser visto ganhando algum prêmio, ou que vamos falar muito dela mais pra frente, mas cumpre bem o que foi proposto, agradando como uma diversão de final de semana. Bem é isso pessoal, ainda falta uma estreia dessa semana para conferir, e amanhã estarei de volta com ela, então abraços e até breve.


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Sin City: A Dama Fatal em 3D

9/28/2014 02:37:00 AM |

Estética perfeita, mais história bem amarrada, mais lindas mulheres, mais homens sem piedade para matar bem matado, mais... mais... bom não precisaria nem falar nada de "Sin City: A Dama Fatal", mas se eu deixar o texto aqui em branco vão me matar.. rss. Pois bem, conseguiram realmente fazer algo melhor que o sucesso de 2005, incorporaram a tecnologia 3D que está na moda, onde nem seria necessário, já que só o contraste preto e branco já dá as nuances necessárias, mas ao misturar coisas novas com coisas antigas, deixou esse Coelho um pouco perdido na trama, quase deixando ele bravo com tudo que ocorria ali, mas não tem como achar esse filme ruim, e juntando todas as pecinhas ficamos bem felizes com tudo.

O filme nos mostra que após a morte de John Hartigan, Nancy Callahan só pensa em vingança. Ela passa suas noites dançando no mesmo bar, mas agora na companhia de uma garrafa de bebida, enquanto toma coragem para enfrentar o poderoso Senador Roark. Ao mesmo tempo, Dwight tenta ajudar a enigmática Ava apenas para se ver traído mais uma vez por esta dama fatal. Praticamente destruído, ele buscará a ajuda de Gail e sua turma para enfrentar a amada, enquanto que Nancy contará com o apoio do gigante Marv.

Diferente do filme anterior que cada história tinha seu pedaço, aqui tudo ocorre ao mesmo tempo, e contendo três histórias de Frank Miller, algumas que ocorrem depois do primeiro filme e outra que ocorre antes, ficamos um pouco fora de si para juntar todas as peças, mas os diretores Robert Rodriguez e o próprio Frank Miller conseguiram trabalhar tão bem todos os elementos que mesmo errando nas passagens de tempo, o resultado final acaba agradando bastante. Dando um pequeno spoiler, apenas para citar o erro mais grotesco, o personagem de Manute no primeiro filme já está sem olho e é explodido na cena final, aqui sua história se passa antes do primeiro filme e ele ainda tem os dois olhos, mas numa das cenas tão logo Dwight que arranca o olho dele, ele vai para a cidade velha e na sala com as moças, Gail fala para Miho que ele a salvou no tiroteio que o grandalhão já estava sem olho, ou seja, uma bagunça imensa que dá para se perder, e olha que nem costumo prestar tanta atenção nessas bagunças. Porém tirando esse detalhe, a textura do filme tem tanto contraste que o filme vira quase um espetáculo visual, e mesmo aqui tendo menos vilões que no primeiro filme, somos levados a ter ódio de vários personagens para torcer pelos "bonzinhos".

Nem em amistoso da seleção, uma continuação/spin-off tem tantas substituições como nesse filme, afinal trocaram o "mocinho" pela fisionomia de idade, o vilão porque morreu realmente, a espadachim porquê ficou mais velha, entre outros casos, mas as alterações fizeram igual ou melhor para representar bem o papel que defenderam. Mickey Rourke parece não ter envelhecido uma grama sequer em 9 anos, e manteve sua força no nível mais alto para que seu Marv convencesse até cansar com sua cena final, onde dá para ficar completamente irritado, não vou falar o que acontece, mas é totalmente incompatível com o que fez no filme todo, sua personalidade forte natural dá o tom correto para o personagem, e isso é muito bom para a trama toda. Jessica Alba continua perfeita dançando e como atiradora mandou razoavelmente bem, poderia ser menos forçada suas ações com a arma de flechas, mas no geral agrada também. Josh Brolin sendo Clive Owen mais novo no papel de Dwight até convence e faz bem o papel, mantendo o mesmo estilo de trejeitos e tudo mais, mas como disse acima, sua parte é a mais bagunçada em quesitos de datas, então quem assim como eu tiver re-assistido o primeiro pode reclamar. Eva Green demonstrou sensualidade e fez um papel incrível de Ava frente à tudo, mantendo sobriedade e ao mesmo tempo sendo uma tremenda duma pessoa para ficarmos com raiva, mas não tem como ficar puto com uma mulher tão bonita. Rosario Dawson fez duas excelentes cenas e se saiu muito bem com sua Gail, mas sem dúvida a cena do carro é a que fez melhor nos dois filmes. Dennis Haysbert até tentou fazer bem seu papel, mas Michael Clarke Duncan é insubstituível, e teria sido bem melhor o personagem não aparecer na nova trama, pois acabou servindo de erro e o ator mesmo sendo durão ficou falso demais na interpretação de Manute. As partes envolvendo Joseph Gordon-Levitt com seu Johnny e Powers Boothe como Senador Roarke ficaram bem trabalhadas e são as que mais nos convence na trama, pois ambos estão dispostos a tudo, e souberam fazer de seus personagens algo que realmente impressionasse tanto na interpretação quanto na história dialogada. E embora seja uma pequena participação Christopher Lloyd faz uma cena tão divertida que acaba agrando demais, valendo com toda certeza destacar sua participação.

Se existe algo no filme que nota 10 é pouco para ser dada, é a questão estética visual dele, pois a quantidade de detalhes que são colocados em cena, mesmo sem chamar a atenção das cores, é algo incrível, e em diversos momentos o que deve ser realçado, ainda colocam em cores, ou seja, se no primeiro filme isso já havia ficado bom demais com a técnica que empregaram, agora ficou perfeito, afinal além de tudo isso, optaram por dar ainda mais contraste nas sombras para realçar a profundidade tridimensional, e aliado à isso colocaram elementos saindo da tela em direção ao espectador, fazendo com que o dinheiro gasto para ver o filme em 3D valesse bem a pena já nas primeiras cenas. Se muitos acham que iluminar bem um filme é uma tarefa difícil, fazer um longa totalmente em preto e branco é de arrancar todos os cabelos com pinças, pois se errar no contraste fica falso e não agrada, e aqui como é necessário ainda por cima aplicar os efeitos de quadrinhos, poderíamos ter algo que beirasse o ridículo, mas muito pelo contrário, acaba ficando genial.

Enfim, novamente tivemos um filmaço, que se não tivessem errado feio na bagunça de datas, seria mais do que perfeito valendo até uma nota 11 se existisse, mas esse problema técnico que conhecemos como furo de roteiro ficou evidente demais pra quem tiver assistido os dois filmes, quem for direto nesse nem deve reclamar de nada, mas como temos praticamente uma sequência bem pautada para o entendimento completo, aqui a confusão vale a pena ser pontuada. Ainda assim, claro que recomendo demais o filme, pois esse detalhe só vai pesar mesmo pra quem for chato, e assim sendo vai ser difícil encontrar quem não ame ele. Fico na esperança de que se forem fazer um terceiro filme, não mexam mais com essa bagunça de datas, que daí não há como errar, e assim poderei enfim criar uma nota 11. Bem é isso pessoal, ainda temos muitos filmes para conferir, então abraços e até logo.

PS: Ia reduzir mais a nota devido ao erro técnico, mas só de lembrar da Eva Green e da Jessica Alba a nota sobe bem!!!


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O Protetor

9/27/2014 01:57:00 AM |

Ultimamente temos visto muitos filmes de ação bem feitos, mas todos prezavam pela correria, cenas de explosões e afins, utilizando bem pouco da violência explícita. Mas se temos um cara que não economiza a mão nos seus filmes é Denzel Washington, e não poderia ser outro ator no papel de "O Protetor", pois aqui tudo que uma boa ação necessita ter é colocado e ainda temos violência com muita classe colocada em prol da narrativa do filme, e não apenas como algo jogado na tela para fazer os marmanjos vibrarem. E se a combinação dita acima não bastasse, tem Cloë Grace Moretz como prostituta, preciso dizer mais alguma coisa para que você vá logo ao cinema conferir?

O longa nos apresenta Robert McCall, um ex-oficial das forças especiais que simulou sua morte para viver uma vida tranquila em Boston. Quando ele sai de sua aposentadoria auto-imposta para resgatar uma jovem, Teri, ele se encontra frente a frente com gangsters russos ultra-violentos. Enquanto ele pratica atos de vingança contra todos os que agem brutalmente sobre pessoas indefesas, seu desejo de justiça se reacende. Se alguém tem um problema, está com todas as chances empilhadas contra si, e sem ter para onde correr; McCall vai ajudar. Afinal, ele é O Protetor.

De uma coisa eu tenho certeza, não assisti a série dos anos 80 em que o roteiro do filme foi baseado, mas se conseguiu virar um filme tão bem trabalhado, e uma série não costuma ser algo pequeno, com certeza já ficaremos aguardando continuações. É claro que a torcida fica também para manterem o diretor Antoine Fuqua e o protagonista, já que graças à parceria de ambos Denzel levou seu segundo Oscar em 2001. Falo isso, pois é notável a dinâmica entre protagonista e diretor com enquadramentos totalmente diferenciados, onde se não há uma boa parceria o longa acabaria gastando horrores para filmar takes e mais takes até acertar os melhores ângulos, e no caso de um longa de ação, explodiu tudo já era, foi o cenário embora, e oremos para que a cena tenha ficado boa, e aqui temos tudo encaixadinho nos conformes, com o diretor sabendo onde vai encontrar o ator e o ator sabendo para onde deve melhor dar sua performance para que fique tudo perfeito. E com um roteiro cheio de nuances violentas, o trabalho foi de ao mesmo tempo que estavam pesando a mão, não ficassem com uma trama de violência gratuita, e com isso toda a história colocada é válida até mesmo com a precisão dos segundos do cronômetro usado pelo protagonista.

Embora o longa tenha até que muitos personagens, não tem como não dizer que o filme é de Denzel Washington, pois durante os 131 minutos de duração, se tivemos 15 minutos sem ele na tela foi muito, e o melhor é que mesmo aos 60 anos se mostra tão disposto a fazer tantas cenas difíceis que botaria qualquer jovem para correr com a qualidade que dá ao seu personagem aqui, utilizando de facetas expressivas, encarando com perspicácia e até sendo cômico nos momentos precisos para dar uma quebrada na tensão que passa na maior parte do tempo, ou seja, é perfeito em tudo que faz. Cloë Grace Moretz é o motivo para o protagonista voltar a ação, e por incrível que pareça, a jovem quase não participa da trama, aparecendo logo no começo e evaporando quase que totalmente no restante do filme, mas isso não é motivo para dizermos que ela não fez um excelente trabalho, que linda como é, e expressiva, mostrou que mesmo jovem pode ser vista como uma prostituta bem jovem, claro que em hipótese alguma foi seu melhor papel, mas agrada com seu bom tom de voz e dando sutileza nas cenas que precisou fazer. Marton Csokas faz um vilão no melhor estilo possível, pois consegue nos deixar irritados e torcendo para que o protagonista faça picadinho dele, e o ator se doou por completo tanto para que fossem feitas milhares de tatuagens, falsas claro, em seu corpo, quanto para incorporar a maldade que o personagem necessitava ter, agradando pela técnica expressiva que utilizou. O papel de Johnny Skoutis inicialmente nem parece ter tanta importância, sendo apenas o gordinho tradicional que acaba entrando no filme para mostrar que o protagonista gosta de ajudar todos os amigos, mas com o andamento da trama, vemos sua performance ir crescendo e agradando cada vez mais, para que no fim seu desespero seja tão real e bem feito que agrada totalmente tanto sua interpretação quanto seu personagem acaba sendo mais do que um simples e carismático gordinho. Os demais personagens agradam bastante, tanto tendo vilões paspalhos para levar porrada e fazer o máximo para tentar parar o protagonista quanto os amigos acabam fazendo caras simples para não atrapalhar o andamento, e dessa forma até as pouquíssimas cenas de Melissa Leo acabam bem encaixadas na trama com a boa atuação tradicional.

O desenvolvimento técnico da trama é outro ponto que deve ser extremamente valorizado, pois cada cenografia aqui é usada em demasia, com tudo que aparece ao redor tendo uma importância maior até do que poderíamos imaginar, desde um mísero copo até um rolo de arame passa a ser usado como uma arma para o protagonista, ou seja, o ambiente tem um valor incrível e fez com que a equipe de arte trabalhasse bastante para que cada cenário fosse montado de forma propícia que o diretor usasse tudo ali. Então mesmo uma grande loja de ferramentas precisou ser colocada nos eixos para o filme e com certeza o apoio da empresa foi de boa valia. Os restaurantes contam com detalhes mínimos para que tudo seja feito de modo que a pessoa com TOC gigantesco não tenha como reclamar de nada. E até mesmo o apartamento bem vazio do protagonista acaba tendo tudo a favor do filme, ou seja, precisão milimétrica da equipe de arte. A fotografia trabalhou bem, mas exagerou com razão nos tons escuros, o que em alguns momentos não valorizou tanto a cenografia que como disse foi minuciosa, claro que com isso o ar de suspense e o fator de o protagonista a todo momento não querer se revelar, acaba sendo bem encaixado, mas talvez um tom abaixo cairia melhor.

Com uma trilha sonora envolvente que dita o ritmo da trama, o filme não desliga um segundo sequer, com boas batidas percussivas e algumas toadas de guitarra puxando sempre o clima para um rock tenso, juntamente de momentos de rap. Além disso temos a nova canção de Eminem e Sia para fechar o longa com uma canção que dita exatamente o que passamos durante todo o filme.

Enfim, é um filme bem forte e violento que agrada tanto na boa ação que impõe como no conceito visual escolhido, e com isso o acerto é praticamente perfeito. Claro que teremos muitas reclamações sobre ele, afinal alguns vão achar a violência exagerada, outros vão falar que é paia demais as coisas que Denzel faz, mas o longa funciona bastante como um bom entretenimento e assim como a série foi sucesso nos anos 80, já ficamos no aguardo de que o longa gere continuações bem satisfatórias, afinal deu para perceber que Denzel ainda tem a mente jovem presa dentro do seu corpo de 60 anos. Portanto recomendo o filme para quem gosta de uma ação cheia de tiros, explosões e muita pancadaria que não será mostrada gratuitamente, tendo uma boa história a frente de tudo isso, ou seja, um longa que vale para muitos, claro que se você não curte cenas fortes e violentas passe bem longe dele, mas irá perder um filmão. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda tenho muita coisa para conferir nos próximos dias, então abraços e até breve com mais posts aqui no site.

PS: Alguns vão perguntar o porquê de não ter saído nota máxima, mas faltou eu ficar com falta de ar durante toda a exibição, e isso é algo que gosto muito em filmes de ação, então poderia dar 9,5 por esse motivo, mas como não trabalho com meias notas e precisava penalizar isso, ficamos com 9.


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Será Que?

9/26/2014 01:13:00 AM |

O título da comédia romântica "Será Que?" nos dá inúmeras possibilidades de brincadeiras, pois é tudo tão comum na trama, até mesmo o trovejar na cena de virada é colocado pontualmente no local correto, que fica a pergunta no ar, será que dá para tentar ironizar o amor numa comédia romântica? A resposta é tão simples que o fechamento do filme nos mostra que a tentativa foi boa, mas não conseguiram sair da linhagem tradicional bobinha e que sem envolver o espectador, a trama acaba até tendo uma levada interessante, mas não empolga.

O filme nos mostra que a vida de Wallace tem sido repetidamente perturbada por relacionamentos ruins, até que um dia ele conhece Chantry, que vive com seu namorado de longa data Ben, e eles formam uma conexão imediata, que logo se transforma em uma intensa amizade. Mas não há como negar a química existente entre eles, fazendo com que eles se perguntem se o amor da sua vida é na verdade seu melhor amigo.

O roteiro que é baseado numa peça teatral traz consigo uma forma bem verdadeira, mas que com a condução escolhida pelo diretor, acaba indo numa vertente sem rumo logo que inicia o segundo ato, transformando um filme que poderia ser um tremendo diferencial numa comédia bem simples com todos os trejeitos, clichês e afins que estamos acostumados. O mais engraçado é que a levada do primeiro ato nos deixa bem curiosos quanto a que rumos podemos esperar, mas Michael Dowse incrivelmente vira tudo para algo tão comum que como disse, ao dar o trovão em Dublin podemos falar, bem agora vai tudo por água abaixo, e nem uma pseudo-virada na cena seguinte nos engana do final que estava previsto.

No quesito atuação, Daniel Radcliffe conseguiu facilmente abandonar o seu Harry Potter, mas é engraçado que o roteiro, nem sua atuação, consegue nos demonstrar sua idade na trama, e isso em alguns momentos fica fora do eixo, pois ao mesmo tempo que parece ser um jovem universitário, também parece já estar beirando os 30, então essa incógnita intriga e deixa falhas na sua interpretação. Em compensação Zoe Kazan fez tão bem seu papel em "Ruby Sparks" que enquanto tentar fazer tramas joviais vai ser difícil nos convencer tanto quanto lá, e aqui as dúvidas da personagem não foram suficientes para que a atriz fizesse uma interpretação convincente de amar ou não o protagonista, ficando a química de amigos muito mais alta que o romance que acabaram empurrando. Já vi muitos atores non-sense em comédias românticas, mas o que Adan Driver faz aqui como companheiro de casa do protagonista, é totalmente fora do comum, seus diálogos até que divertem, mas ao mesmo tempo que parece um bobão na trama, seus conselhos são os mais verossímeis de assimilação. Mesmo tendo uma participação pequena, Mackenzie Davis faz de sua Nicolle uma personagem importante para os dois pontos chaves do relacionamento dos protagonistas, e esse encaixe mostrou tanto os bons diálogos colocados para ela, quanto a perspicácia da garota, claro que suas besteiras, assim como a de seu par na trama são absurdas demais, mas ela soube compensar. Rafe Spall faz o corno tradicional e seus exageros para puxar comicidade não convencem nem um bebê quanto mais o público alvo da trama.

O conteúdo visual do filme é bem cheio de elementos interessantes para observar, e desde as simples palavras para montar frases na geladeira, até o telhado onde o protagonista passa as melhores cenas, as locações escolhidas sempre estão recheadas de sinais que tentam envolver os espectadores, pontuando o romance de uma maneira bacana, ambientando tudo. A fotografia foi esperta em segurar um tom abaixo do que caracterizaria o romance logo de cara, e com isso ganhou um tempo até o ponto de virada, mas se esquentasse as cores talvez o clima de paixão ficasse mais aceso e o resultado seria melhor.

Enfim, é um filme que nem dá para falar muito, pois qualquer coisa que se diga já entrega algum spoiler, afinal é uma trama totalmente comum, onde poucas coisas saem da tradicional vertente de romancinhos bobos que têm o mesmo começo, meio e fim, então nada irá surpreender o espectador e muito menos acabar envolvendo ele com o que é apresentado. Recomendo mais ver ele numa sessão da tarde chuvosa na TV do que gastar ingresso de cinema com algo que dá para imaginar facilmente pelo trailer, sinopse, cartaz e tudo mais. Bem é isso pessoal, comecei a semana cinematográfica com o pé esquerdo, mas aparentemente ainda terei alguns bons para incrementar o site nesse fim de semana, então abraços e até breve.


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Uma Nova Chance Para Amar

9/23/2014 01:32:00 AM |

Sabe aquele filme monótono que você fica assistindo na expectativa de acontecer algo bem forte que de aquela reviravolta, ou no mínimo nos toque com algum sentimento, "Uma Nova Chance Para Amar" não é esse estilo. Pois mesmo tendo um final diferenciado e utilizar a mensagem de que mentiras não são boas nunca e que querer manter a mesma coisa eternamente não é algo bom, o longa é lento demais, os atores não empolgam e a trama é tão amarrada que chegamos ao final com a sensação de que o filme não conseguiu nos tocar de forma alguma, ou seja, se duvidar daqui alguns minutos é capaz de nem lembrar de ter visto ele, por isso vou escrever bem rápido aqui esse longa que se Robin Williams não tivesse morrido, com toda certeza sairia para home-vídeo direto sem nem pensar.

O filme nos mostra que após o marido morrer afogado em uma praia mexicana, Nikki fica devastada. Cinco anos depois, ela ainda sente falta do marido, por mais que tenha seguido adiante em uma carreira de sucesso como decoradora de imóveis que estão prestes a serem vendidos. Um dia, ela encontra por acaso um homem parecidíssimo com seu grande amor: Tom. Impressionada com a semelhança, Nikki resolve segui-lo e descobre que ele é professor de artes. Logo ela o contrata para que lhe dê aulas particulares de pintura, de forma que esteja sempre por perto. Não demora muito para que eles engatem um romance, por mais que a imagem do finado esteja sempre estampada no rosto de Tom.

A tentativa de criar um roteiro menos voltado para os jovens, com romances mais adultos, foi até uma ideia interessante que o diretor e roteirista Arie Posin teve para seu segundo longa, mas acabou fazendo uma lambança tão grande em tentar misturar estéticas e linguagens americanas e europeias, que não conseguiu nem fazer um romance tradicional, nem algo dramático com uma ideologia que interessasse a alguém. Seu fechamento diferenciado, aliado a um miolo que tenta dar algumas lições de moral, até retrata boas vivencias do romance maduro, mas não consegue sair da monotonia, muito menos empolgar ou emocionar qualquer um que vá conferir a trama nos cinemas. E sendo totalmente tradicionalista nos planos escolhidos, há certos momentos que o filme aparenta estar parado sem atitude alguma para agradar.

Nem no quesito atuação tivemos muita felicidade com o longa, pois Annette Bening está longe de incorporar o seu personagem com alma, temos uma mulher bem situada dentro do papel, mas em alguns momentos até vemos o seu esforço, em outros ficamos na dúvida do que ela está fazendo. Ed Harris é quase um fantasma ao fazer dois papeis, sendo que no primeiro cheio de sorrisos, parece um bobo da corte, e no segundo mais intimista tenta demonstrar carinho e ao não revelar seus problemas, todos que estão assistindo percebem o que ocorre, mesmo antes de sua ex-mulher falar sobre o problema, poderia ter sido mais homogêneo. Robin Williams em um dos seus últimos papeis, foi correto e só, chegando a ter momentos tão bizarros que ficamos nos perguntando o que ele quis fazer ali? E não temos resposta, de forma que ficou parecendo que não filmou todas as cenas e repicaram o longa para tentar ter algum resultado com sua atuação, mas como o longa foi lançado nos EUA ano passado, então nem foi tanta homenagem o que colocaram, ou seja, o problema está no filme mesmo. Os demais atores nem podemos dizer que fizeram participação já que no máximo surgem em 2 ou 3 cenas com falas e não servem para muita coisa, valendo destacar apenas alguns bons momentos mais tocantes de Amy Brenneman como ex-esposa de Tom.

Visualmente as casas escolhidas foram bem trabalhadas cenograficamente, afinal o marido era arquiteto, o novo homem pintor de quadros e a mulher uma decoradora renomada, ou seja, errar no quesito artístico seria quase que uma bomba para fechar a carreira do diretor logo no segundo filme, e felizmente aqui saíram os melhores momentos do filme que ao retratar todos esses três personagens, temos um resultado interessante e bem colocado que a equipe de arte ao menos valorizou o filme. A fotografia trabalhou com uma gramatura totalmente incoerente que em diversos momentos fez do filme um estilo de longa com características de passado, mas a todo momento vemos, 5 anos depois, 1 ano depois, etc. e não indo para trás, ou seja, um erro violento que quase destruiu o longa.

Enfim, aliado a tudo isso que disse, o longa não possui um ritmo bem cadenciado, necessitando de passagens de tempo para contextualizar tudo, ou seja, não chega a ser um filme totalmente ruim, mas não tem como recomendar mesmo ele, só vale por ver o rosto feliz de Robin mais uma vez e lembrar de seus bons momentos, mas que aqui foi bem inútil na trama. A tentativa do diretor de fazer algo diferenciado até é válida, mas ele acabou se perdendo demais na trajetória e o resultado foi insatisfatório. Bem é isso pessoal, encerro a semana cinematográfica aqui, mas a próxima já vem com tudo começando na quinta e só parando bem pra frente com tudo que virá, então abraços e até quinta.


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Livrai-nos do Mal

9/21/2014 01:51:00 PM |

Ultimamente um gênero que tem sido subjugado é o de terror, pois acabou virando mote para filmes com câmeras nas mãos, sustos e escatologias gratuitas, e sangue voando pra todo lado sem ao menos tentar contar alguma história. Daí quando surge algum que nos remeta a algo bom que já vimos no passado, acabamos impressionados com tudo que nos é mostrado, e esse Coelho que vos digita aqui simplesmente adorou “Livrai-nos do Mal”, pois tirando certos momentos que somos pegos desprevenidos por alguma coisa gritante ou assustadora, o longa nos mostra um filme policial no melhor estilo possível, que conta uma história bem encaixada, onde o suspense acaba dominando, para nos levar em busca de uma solução para o mal que tenta dominar, e assim o letreiro inicial que anda cada dia mais comum “baseado em fatos reais” ou qualquer coisa do tipo, passa a ser até mais acreditável com o que nos é apresentado.

O filme nos mostra que o policial Ralph Sarchie tem uma intuição especial que sempre o leva a ir atrás de casos extremos e perigosos. Junto de um padre pouco convencional, instruído nos rituais de exorcismo para combater possessões demoníacas, Ralph busca respostas para sua investigação enfrentando demônios e cenas de possessão e acaba descobrindo uma verdade assustadora.

Baseado no livro de Ralph Sarchie e Lisa Collie Cool, que deixou inclusive usarem seu nome mesmo no filme, o diretor e roteirista Scott Derrickson que já está ficando especialista no gênero, aprimorando cada vez mais suas técnicas, conseguiu montar um longa onde o que menos vai importar são as cenas colocadas para pegar o público desprevenido e assustar, pois aqui o intuito é mostrar o conteúdo policial que viveu e acabou descobrindo mais dele mesmo com a busca dum caso envolvendo demônios. E com um embasamento até que bem orientado, não temos imagens gratuitas, tudo envolve algo e vai crescendo da mesma forma que a montagem de um quebra-cabeça de muitas peças, onde vamos colocando os cantinhos e depois cada encaixe vai revelando algo maior, até que o desenho esteja tão perfeito de entender que tudo entra mais facilmente, e dessa forma o que é apresentado não soa nem algo forçado nem entregue de mãos beijadas para o espectador, agradando na medida correta que um longa deve ter. Claro que quem for mais suscetível a sustos e impressionar com algumas imagens vai ficar bem tenso principalmente nas cenas do quarto da garotinha, mas como disse, esse não é o ponto chave da trama, então mesmo quem não for fã de filmes de terror, é capaz de gostar desse. Trabalhando com ângulos mais comuns de filmes policiais, onde a cena revela mais a parte lateral para envolver o espectador no clima do que com quase closes para assustar, o diretor faz outro acerto grandioso que mostra todo o trabalho de uma produção imensa cheia de detalhes para dar nuances bem feitas de uma grande equipe, mas não fique tão relaxado que temos também alguns momentos onde a câmera vai fechando e aí é onde vem a surpresa para pular da cadeira.

Um grande ponto do filme está nas mãos dos atores que se encaixaram perfeitamente aos seus papéis e nos envolveram facilmente na trama, acreditando em cada um deles por não fazerem papéis clichês e caricatos demais. Eric Bana já anda seguindo quase carreira policial, pois sempre lhe dão personagens desse estilo, claro que ele não nos decepciona, fazendo bem suas cenas, dando força visual na sua interpretação, e principalmente nos momentos finais ele entra fundo no lado mais voltado para o terror e acredita no que está fazendo, nos convencendo também da ação ocorrida ali. Édgar Ramírez logo mais também deve entrar para o celibato, pois com dois filmes seguidos fazendo um padre daqui a pouco acostuma, mas se você espera algo tradicional e cheio de clichês religiosos, pode esquecer, pois o seu Mendoza é totalmente incomum e agrada demais seu jeito de lidar com os fatos do filme, pois mostrando ter pecados também acaba criando um carisma próprio e nos envolve junto de sua personalidade, quem dera todos fizessem algo tão bem encaixado como seu estilo aqui, perfeita caracterização e atuação do ator. Sean Harris entrou no clima que a maquiagem lhe transformou em Mick Santino, e ao mesmo tempo que incorpora nos incomoda e assusta, ou seja, foi bem fundo no personagem não deixando apenas como alguém possuído, mas tendo uma vivência para passar. Da mesma forma Olivia Horton teve sua maquiagem incorporada na expressão e transformou uma mulher linda num bicho que se ver na rua dá vontade de passar com o carro em cima de tamanha incorporação da possessão que recai sobre sua Jane. As sacadas cômicas que Joel McHale dá para seu personagem ficaram bem colocadas e mostra que o ator cabe bem no papel de um policial mais divertido que na hora que precisa sai pra mão, mas também diverte nas colocações não ficando sempre de cara fechada. Os demais personagens apenas são encaixados de forma rápida na trama, e mesmo Olivia Munn e Lulu Wilson sendo da família do protagonista acabaram sendo deixadas para escanteio, só servindo a garotinha mais nas cenas para assustar.

Visualmente a trama também não nos desaponta, pois como sempre tivemos terror em casas afastadas e florestas, aqui o diferencial de ser um policial numa cidade grande, os sustos são levados mais para os bairros mais pobres que foram bem escolhidos colocando dentro das casas e salas escolhidas, poucos, mas bons elementos cênicos para mostrar o culto do demônio e as sujeiras e bichos que atraem. E esse contexto cenográfico não necessitou tanto de um trabalho minucioso, mas coube a fotografia usar de filtros mais escuros não tão fortes para que cada cena ficasse na medida correta para envolver o público e causar efeito nas cenas que tivessem que assustar, ou seja, um trabalho de produção bem feito e envolvente.

Com uma trilha sonora bem rock 'n roll, o ritmo do filme é agradável e não cansa, claro que temos alguns momentos mais parados, mas na maior parte, o agito é constante e agrada tanto quem não for tão fã de longas de terror pela movimentação que nos é colocada em diversos momentos.

Enfim, a maioria da crítica especializada não curtiu a ideia da mistura de gêneros e pontuou bem mal o longa, mas na minha humilde opinião posso considerar esse como um dos melhores do ano na característica de envolver suspense policial com terror, sem forçar tanto a barra e me remeteu completamente a outro desse estilo que foi muito bem feito no passado: "Seven - Os Sete Crimes Capitais". Portanto recomendo muito a trama tanto para quem gosta do estilo, como para quem estava com medo de ser um terror de sustos apenas. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda falta uma estreia dessa semana para conferir, então deixo meus abraços com vocês e volto em breve com mais um post aqui.


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Maze Runner: Correr ou Morrer

9/20/2014 01:51:00 AM |

A primeira vez que vi o trailer de "Maze Runner: Correr ou Morrer", foi num dia que cheguei atrasado na sessão e vendo apenas alguns pedaços, achei bem interessante, ao chegar em casa e procurar saber data de estreia e tudo mais, vi que eram vários livros, e acabei brochando totalmente, afinal conhecendo os vorazes produtores americanos que qualquer trilogia de livros vira ao menos 4 filmes, imagina esse que já tem 4 livros prontos. Então já induzi que o primeiro seria algo correto, mais usado para uma apresentação, mas que não entregaria tudo para que houvessem os demais filmes. Pois bem, hoje ao conferir numa sessão totalmente teen, já que havia quase uma escola inteira de adolescentes matando aula na única sessão legendada do cinema, o resultado do filme foi algo bem satisfatório ao meu ver, pois conseguiu manter a tensão dos personagens, apresentou bem praticamente tudo, o enredo agrada bastante ao público chave da trama que são os adolescentes, e teve seu "final" totalmente explicativo, já que pra quem assim como eu que não leu o livro devia estar achando que era mais algo baseado na série "Lost" e depois viu que nada tinha a ver com o que foi contado. Claro que esse "final" funciona para fechar o filme de uma boa maneira, mas já armou todo o circo para o segundo filme "Prova de Fogo", que ainda não foi anunciado nenhuma data apenas que a Fox comprou os direitos do livro, aguardando os resultados das estreias mundiais que ocorreram nesta quinta 19/09, mas com toda certeza devem falar logo mais quando virá ele, e suas demais sequências "A Cura Mortal" e "Ordem de Extermínio".

O filme nos mostra que sem lembrar de absolutamente nada, Thomas acorda em um enorme labirinto. Mas ele não está sozinho. Há um grupo de garotos que, assim como ele, não fazem a mínima ideia do porquê de estarem naquele lugar. Todos desconhecem os mistérios que os muros do labirinto escondem. Mas, rapidamente, Thomas descobre que seu dever é liderar o grupo para a liberdade.

Se existe uma coisa engraçada no cinema é que nunca conseguirão agradar todo mundo, pois roteiros baseados em livros, ou o pessoal reclama que faltou coisa demais que continha no livro ou reclamam demais por colocar todos os códigos malucos que um escritor coloca na trama para dentro do filme e que só quem leu entenderá tudo. Aqui o diretor estreante Wes Ball optou em levar o escritor da saga James Dashner para dentro do set para que o longa ficasse o mais fiel possível ao livro, e mesmo não tendo lido uma página sequer é notável esse trabalho pela quantidade de elementos que precisariam ser explicados nas entrelinhas, e isso com certeza ocorre no livro, mas que estão enquadrados tão rapidamente no filme que somente depois de acostumar bem com tudo, entramos no ritmo exato para saber que cruel que aparece legendado várias vezes é na verdade C.R.U.E.L. ou W.C.K.D. originalmente, uma sigla que vai ser explicada tão rapidamente na cena final e que será bem usada mais pra frente. Como o diretor anteriormente trabalhou mais nas funções de arte, aqui ele priorizou bem a cenografia, utilizando ela para contar a história, e o labirinto acaba mais forte até mesmo que a trama em si, assim o filme fica muito bom visualmente, mas superficial demais.

Com um elenco jovem, mas não inexperiente, a trama se desenvolve quase que solta nas mãos dos garotos, e isso é bom, pois vemos que a maioria ali já tem expressão formada com tão pouca idade, e pode despontar facilmente mais pra frente, seja nas continuações do longa ou até mesmo em outros filmes. O protagonista Dylan O'Brien já é bem famoso pela série que protagoniza, e aqui encarou a trama como um líder mesmo, chamando a câmera para si nos momentos mais precisos e encaixando expressão até onde não precisaria de forma a ficar convincente com a trama. Will Poulter já era chatinho há 4 anos quando se achava demais no filme das "Crônicas de Nárnia" e agora que já está com seus 21 anos, faz tantas caretas que mesmo tendo bons diálogos acaba irritando com o que faz em cena com o seu Gally. Thomas Brodie-Sangster faz de seu Newt um personagem bem pacificador, só que não chega a decolar nesse primeiro filme, acredito que será mais importante pra frente. Aml Ameen faz do personagem Alby algo com um carisma tão grande quanto sua força e isso motiva seguirmos seus passos na trama, poderia apenas não ter feito tantas caras e bocas depois de picado, mas isso é algo que cada ator escolhe como fazer, então fica difícil. Ki Hong Lee tem carisma e faz bem suas cenas sem forçar muito as expressões e isso é bom, pois como um corredor ficaria até chato demais ele conversando muito. E Kaya Scodelario quase não chama atenção no meio de tantos homens, de forma que faltou chamar pra si a câmera, e com isso acabou sendo apenas uma menina no meio dos meninos, também acredito que vá aparecer mais nos próximos, mas aqui foi bem falha. Dos demais garotos, a maioria acaba sendo meio que desprezada dentro da trama, nem chamando muita atenção, nem interagindo demais com os protagonistas, valendo destacar apenas a simpatia do jovem gordinho Blake Cooper que soube nos seus momentos chave junto do protagonista agradar.

A cenografia totalmente futurista, mas com nuances bem rústicas é algo que nos chama a atenção na trama, e mesmo tendo muita coisa digital, a equipe de arte sofreu bastante para reproduzir o que é notável como sendo real, e cercado de muitos elementos cênicos, os protagonistas conseguem demonstrar temor pelo que aparece frente a seus olhos, principalmente com os bichões digitais que devem ter sido mostrados para eles assustarem tanto, já que eles eram bem feios mesmo. E falando nos bichões e até mesmo no labirinto em si, a forma digital foi muito bem empregada para disfarçar falhas e ficou tão bem colocado que se não soubéssemos que o longa teve um orçamento razoavelmente baixo poderíamos falar que gastaram horrores fazendo pós-produção, mas não, muita coisa preferiram na raça mesmo. E para que esse efeito funcionasse bem, utilizaram a técnica mais primitiva das produções de baixo orçamento, apagar a luz, temos uma fotografia onde o preto e o vermelho escuro dominam sem precedentes, de forma que mesmo vendo na melhor projeção da cidade é capaz que muitas cenas você não veja quase detalhe algum da maioria das cenas, e isso é proposital, e funciona muito bem.

Enfim, é um filme bacana de acompanhar que tem uma expressão bem forte que deseja mostrar, mas que ainda não decolou nesse primeiro filme. Com certeza terá seus fãs, mas não posso garantir que será uma sensação nos cinemas, pois muitos já sabem que não será um único filme que irá contar toda a história, além de que o exército de adolescentes que irão dominar as salas acaba assustando muitos adultos. A história consegue nos prender e vale a pena ser conferida, e como disse, talvez os próximos engrene mais. Recomendo ver ele sem preconceitos e muito menos tentar comparar com alguma das sagas de sucesso que estão na metade ou fim, pois essa saga tem suas características próprias e aqui foi apenas a apresentação para essa nova vertente, veremos se irá decolar realmente nos demais. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda faltam duas estreias para conferir, então volto logo mais com novos posts. Então abraços e até breve.


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Isolados

9/18/2014 11:33:00 PM |

Se existe um estilo cinematográfico que o Brasil poderia trabalhar muito bem é o de suspense/terror, pois temos lendas estranhas, pessoas estranhas em todo lugar e lugares estranhos espalhados pelo país, além de que é um gênero teoricamente barato, que não necessita de grandes nomes, cachês ou coisas afim, porém esse gênero necessita que o diretor e/ou roteirista sejam alfaiates/costureiras de altíssimo nível, pois se um detalhe acabar descosturado, a trama toda que está envolvendo o espectador vai por água abaixo. E isso é o que destruiu o filme "Isolados", que utilizando do mote de suspense psicológico acabou criando situações bem interessantes que foi elevando tudo num crescente excelente, mas que resolveram acabar de uma forma tão tola, que mesmo todos já haviam chegado na conclusão do que aconteceu bem antes do fim acabará triste com o clichê nulo que acabou sendo escolhido. Não sei a forma que seria melhor para encerrar a trama, e não vou falar muito sobre o que ocorre para não estragar o filme de quem for assistir, mas de todas as possíveis maneiras para fechar com uma chave de bronze ao menos, essa foi a pior escolha para não ganhar chave alguma.

O filme conta a história de Lauro, um residente de psiquiatria, e sua namorada Renata, artista plástica e ex-paciente da clínica onde ele trabalha. O casal sai de férias para uma casa no alto da região serrana carioca. No caminho Lauro ouve boatos sobre ataques violentos que vêm acontecendo na região. As vítimas são mulheres, que estão sendo barbaramente assassinadas. Lauro prefere esconder o fato de Renata, que é muito sensível e se impressiona facilmente. Sem saber do que está acontecendo, ela se torna mais vulnerável. Na mata ao redor Lauro percebe sinais de que os assassinos estão cada vez mais perto e a solução é manter Renata presa na casa. O isolamento torna a situação insustentável e a luta pela sobrevivência desencadeia uma trama repleta de suspense, onde a realidade e a loucura se misturam.

Não posso dizer que é um filme perdido, pois como disse o fechamento foi o que estragou todo o restante, mas ao ocultar os assassinos do matagal e deixar toda a nuance mística da floresta, o diretor e roteirista Tomas Portella, que antes só havia dirigido a divertida comédia "Qualquer Gato Vira-lata" e trabalhado com diversos outros diretores como assistente, acabou acertando bem a mão, pois abusou da técnica da ocultação de tudo para criar o mistério e assustar no relance o público. Ao dizer suas referências para diversos jornalistas quando lançou o filme em Gramado, quem ler as reportagens já irá sabendo exatamente o final, portanto não irei citar nada, e até recomendo que quem for assistir não leia nada a respeito também, pois mesmo não funcionando exatamente como queria que ficasse, a ideologia foi até que bem executada para ocultar tudo e sem ler nada a respeito, somente descobriremos o final antes da hora se realmente o foco estiver muito aguçado com o conhecimento do estilo, pois os ângulos escolhidos pelo diretor foram alguns dos mais interessantes que já vi dentro do cinema nacional, e com o orçamento baixíssimo que trabalhou, podemos dizer que por muito pouco não tivemos algo que mudaria mesmo nosso cinema.

A atuação de Bruno Gagliasso é bem encaixada para o papel, pois como muitos dizem por aí, psiquiatras ficam na beirada de virar seus próprios pacientes, e aqui ele encarnou tão bem os seus momentos mais duros, que ficamos em diversos momentos nos perguntando muita coisa sobre ele que acaba por não revelar, e além disso, o ator não ficou caricato nem abusou do estilo novelesco que já é aclamado para criar seu personagem. Regiane Alves oscilou demais seus trejeitos, mas com o final que foi escolhido para sua personagem, tudo passou a fazer mais sentido no que faz, mas ainda assim seu passado que é mostrado não nos convence de seus distúrbios, soando bem falso a maioria de seus momentos. Juliana Alves tem algumas rápidas aparições e não chega a chamar atenção, apenas seu visual que está totalmente diferente da que conhecemos, ficando sabendo que é ela a "caseira" apenas pelos créditos. Os policiais Orã Figueiredo e Silvio Guindane são tão inúteis quanto o cachorro da casa que só sabe latir, principalmente pelo final escolhido, já que se tivessem feito qualquer outro tipo de escolha, quem sabe eles serviriam para algo. Sendo um dos últimos filmes de José Wilker antes de sua morte, aqui ele não foi tão bem aproveitado, mas trabalhou bem para mostrar um lado menos cômico seu que não conhecia e fez bem como orientador do jovem psiquiatra.

A escolha da locação na região serrana do Rio de Janeiro foi um encaixe e tanto na trama, pois a casa é sombria, a floresta tem toda uma nuance muito bem feita e os elementos cênicos escolhidos para representar tudo foi trabalhado na medida certa e tiveram todo seu valor no filme. Claro que podemos assimilar o filme de duas formas só pela cenografia, mas ainda prefiro optar que a falha está no roteiro que não ajudou a capturar a essência visual que a trama tinha para decolar. Com uma fotografia bem avermelhada devido aos vidros da casa e do fogareiro que o protagonista usa na maior parte do longa, temos algo bem bonito tecnicamente, e isso chama atenção na maior parte do filme por não terem usado ângulos tão tradicionalistas.

Enfim, era um filme que poderia ser genial, mas que por pequenos detalhes acabou ficando fora de algo aceitável para um suspense. Como disse, o final pode nos colocar como um erro totalmente grotesco e clichê, como pode até nos dar um outro relance que prefiro nem acreditar na hipótese, pois aí os furos não estariam apenas na última cena, mas no conteúdo total do filme. Vale a pena ser conferido apenas para ver algo diferenciado das tradicionais comédias nacionais, mostrando que nosso cinema pode tentar a sorte fora desse eixo, mas ainda não é o que esperamos de um bom suspense. Bem fico por aqui hoje, mas amanhã estarei de volta com mais uma das estreias da semana, então abraços e até mais pessoal.


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Mesmo Se Nada Der Certo

9/18/2014 02:11:00 AM |

É complicado quando nos afeiçoamos a algo, e desde que vi o pôster apenas de "Mesmo Se Nada Der Certo" em Julho quando discutia com minha amiga sobre possíveis pré-estreias de Setembro, fiquei encucado com esse filme. Como de praxe não costumo ver trailers sem ser antes das sessões que vou conferir, e incrivelmente nesses quase dois meses não passou um trailer sequer do filme. E a curiosidade e expectativa de ver ele só crescia, tanto dele não vir para a cidade por ter um quê artístico bem forte, como de por estar com uma expectativa alta por ouvir e ler bons comentários sobre ele poderia acabar não gostando do que veria. E hoje, felizmente veio na pré-estreia da rádio Difusora FM e não tenho quase palavras para expressar o quão bom foi o filme, pois temos ao mesmo tempo quase que um cinema autoral falando de boa música, de produção artística, e tudo mais que faz esse Coelho aqui ser um apaixonado por filmes e por consequência canções de filmes, ou seja, é mais do que um longa comum, é uma experiência sonora gostosa de acompanhar, onde em momento algum caímos para a comédia romântica boba, não ficamos com um drama pesado, e muito menos ficamos com um musical alongado e cansativo, temos portanto a soma perfeita da porcentagem necessária de cada um dos gêneros que o longa acabou classificado Drama/Romance/Musical. E isso meus amigos que leem meus textos, é algo que raramente se vê num filme, então não perca tempo, e vá conferir o longa, depois escute as canções e tenha uma semana mais produtiva depois de relaxar com esse excelente exemplar do cinema.

O filme nos mostra que Gretta e Dave namoram há muito tempo e são parceiros na composição de músicas. Mas, um dia, Dave deixa tudo para trás, inclusive Gretta, quando recebe uma proposta para trabalhar em uma grande gravadora em Nova York. Entretanto, a vida da jovem tem uma nova virada quando ela conhece Dan, um produtor musical falido que a vê cantando em um bar e fica encantado com sua desenvoltura.

Embora tenha feito uma história bem simples, o diretor e roteirista irlandês John Carney, que não é tão conhecido por aqui, mas que já teve outro enorme sucesso musicalizado com o seu filme "Apenas uma Vez", aqui acabou nos presenteando com um filme tão bem trabalhado que tudo acaba tendo conteúdo na trama, e isso é perfeito, pois a cidade passa a ter uma importância, a vida das pessoas envolvidas também acaba tendo significado, a música em si vira objeto de tudo na trama, e ao mesmo tempo, nada necessita se cruzar, fechar o círculo ou mesmo como diz o título do filme dar certo, e essa mágica acontece durante a exibição do longa, não é necessário que ficássemos depois analisando cada trecho para perceber o que aconteceu, está tudo impregnado na tela e em nossos ouvidos que vai ficar ouvindo o Adam cantando Lost Stars durante um bom tempo com sua voz que estamos acostumados a ouvir. Outro feito da trama é o de não ser uma equipe gigantesca, tanto que os créditos sobem tão rápido quanto o trecho exibido durante sua passagem, e isso mostra raça no processo autoral que tanto é frisado na construção musical apresentada no filme que serve também para o mundo do cinema, claro que indo numa vertente totalmente contrária ao que Hollywood tanto preza de milhões de pessoas para fazer uma trama simples.

Falar da atuação aqui, vai mais do que dizer apenas das expressões de cada um, temos de nos atentar que não bastou a perfeição no sotaque gostoso de Keira Knightley, nem em seu teor dramático que conseguiu imputar para sua personagem, mas sim que ela cantou todas as canções que foram compostas para o filme, e muito pelo contrário o tom amador ficou delicioso de ouvir de maneira que muitos irão comprar a trilha sonora esperando que outra pessoa esteja cantando, mas a atriz que já cantou em "Amor Extremo" e é esposa de um músico não nos desaponta de forma alguma, soando mais do que perfeita em todos os quesitos. Mark Ruffalo é perfeito sempre e aqui foi tão dinâmico como um produtor musical que está com sua vida toda bagunçada que tudo que faz é extremamente crível e a cada ato seu acabamos mais envolvidos com seu personagem que tudo, ou seja, incorporou bem tanto suas expressões que nos convence estar vivenciando o momento e não apenas interpretando. Adam Levine começou bem no cinema, fazendo um misto de sua personalidade como músico com seu jeito de analisar interpretando tudo no "The Voice USA", e esse misto resultou num ator competente que agrada na medida, ainda não é algo que pudéssemos falar ser algo digno de premiações, mas como cantar bem ele sabe e muito, e aqui boa parte está fazendo isso, então já valeu bastante. Estou vendo Hailee Steinfeld demais numa semana, e ainda não senti firmeza na forma de interpretação da garota, por sorte do filme, ela aparece somente em momentos chaves para enaltecer o personagem de Ruffalo como seu pai, pois senão seu jeito durão que impregnou na personagem atrapalharia bastante. Dos demais personagens, a maioria aparece apenas como conexões para os protagonistas, inclusive James Corden como amigo gordinho que todo mundo tem para desabafar, mas ele foi tão pouco usado no longa que não vale enaltecer nada, em compensação os momentos de Ceelo Green são tão divertidos que embora apareça somente em três momentos já fez valer literalmente como uma participação de peso.

Diferente de outros filmes que enaltecem Nova York como uma cidade cheia de vida, aqui o lado solitário é mais desenvolvido e a equipe de arte trabalhou tão bem para escolher as locações que visualmente tudo tem o oposto que os protagonistas estão sofrendo interiormente, e isso vai cadenciando tão bem com os elementos alegóricos que não há um desequilíbrio visual, tendo os locais mais imprevisíveis como lugares para gravar as canções da trama, e isso agrada demais. A fotografia também utilizou pouquíssimos filtros para deixar o longa com um tom mais natural e vivo, sem precisar de efeitos que atrapalhassem nem incrementassem nada, facilitando tanto a vida da equipe de produção quanto do espectador para acompanhar o andamento do filme.

Bem, estamos falando de um filme com conteúdo musical, então se nesse quesito houvesse falhas poderiam pegar tudo que tinham gravado e jogar fora, mas claro que isso não ocorreu, pois a trama é impecável nesse sentido com excelentes canções compostas especialmente para o filme que deram uma riqueza de material para um CD bem bacana de ser escutado repetidamente depois. E além disso o filme logo nas primeiras cenas nos mostra um fator interessantíssimo que poucas pessoas botam reparo, que é como um bom acompanhamento pode mudar completamente uma música, pois inicialmente vemos a cantora mandando mal à beça com seu violão e sua música nem chega a agradar muito, na sequência usando de músicos em chroma-key entram os demais instrumentos na canção e magicamente passamos a adorar aquilo que era ruim, e essa visão de um produtor musical que nos mostraram ficou excelente. Como sou um Coelho muito bonzinho, vou facilitar a vida de todos colocando aqui o link da trilha sonora perfeita, que é uma pena não estar com o mesmo preço citado no filme, já que a promoção foi feita apenas no lançamento do longa nos EUA.

Enfim, falei até demais do filme, mas me apaixonei por ele, e assistiria novamente gostando da mesma forma. Recomendo ele para todos que gostem de boa música pop e principalmente que gostem de algo alternativo, pois o tino da trama não é o comercial tradicional que estamos acostumados a receber toda semana, então pode ser que alguns achem estranho demais, outros reclamem do final, mas a chance de quem apreciar algo bem feitinho sem exageros, essa é a pedida certa. Mais uma vez agradeço ao pessoal da Difusora FM 91,3 MHz por ter acreditado que essa era uma boa opção de filme e ter nos proporcionado essa ótima pré-estreia. Fico por aqui agora, mas nessa semana ainda terei muitos outros filmes para comentar aqui com vocês, então abraços e até breve pessoal.


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Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola

9/17/2014 01:49:00 AM |

Bom, não tenho outra solução ao falar do filme que ou você irá rir muito com as escatologias que o diretor nos propõe na tela, ou vai sair ofendido com tudo que é mostrado e não irá curtir nem um pouco. Com isso em mente, o que o diretor, roteirista e ator Seth MacFarlane nos propõe em "Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola", onde o nome original tem mais sentido ("Um Milhão de Maneiras de Morrer no Oeste"), nos entrega é uma comédia onde o termo rir faz todo sentido, nem que pra isso necessite usar de todas as ferramentas que ele conhece, que é forçar a barra e colocar exageros nojentos dentro de sua trama, mas como já disse algumas vezes nos meus textos, qual é a missão de uma comédia: fazer rir, então se funcionou, o filme é bom.

O filme nos mostra que o fazendeiro Albert é deixado pela namorada após se acovardar em um tiroteio. Mas, quando uma misteriosa e bela mulher chega à cidade e o ajuda a tomar coragem, Albert acaba se apaixonando por ela. Entretanto, um fora-da-lei chega em busca de vingança e Albert terá que colocar em prática sua coragem.

A sinopse é bem simples, e o filme também é, mas com todas as características de um faroeste, aliado à alta quantidade de referências que o diretor gosta de inserir em seus filmes, o resultado acaba sendo bem satisfatório, já que quem for preparado para o uso de linguajares bem fortes e cenas onde a escatologia come solta por saber que o diretor adora esse estilo, vide seu desenho("Família da Pesada") e filme("Ted") anteriores, vai acabará se divertindo e rindo bastante com o que é apresentado. E além disso, o diretor foi esperto suficiente para mesmo sendo o protagonista da trama, deixar que sua equipe não ficasse somente com ele enquadrado, e isso deu ângulos até que interessantes para o desenvolvimento da história. Claro que o problema da postura irreverente não será um grande fator para que o público não vá aos cinemas ver ele, afinal se "Vovô Sem Vergonha" fez alta bilheteria, o que é mostrado aqui é fichinha, mas o maior entrave da trama ficou pela distribuidora H2O Films demorar no lançamento dele no Brasil, já que originalmente previsto para Maio/Junho desse ano, muita gente baixou ele e a pirataria acabou correndo solta, ou seja, veremos o andamento, mas vai ser complicado para as ovelhinhas decolarem.

Já falei algumas vezes também que sou contra a pessoa querer cobrar  o escanteio, cabecear e defender o gol em todas as profissões, e aqui Seth MacFarlane poderia muito bem ter ficado apenas com o roteiro e direção que arrumaria facilmente um ator satisfatório para o seu papel na trama, não que ele tenha ficado ruim, mas é notável as cenas que ele tenta ser mais chamativo e se atrapalha porque está dirigindo o restante que está sob o olhar das câmeras, além de que seu estilo cômico é um, e o que o papel pedia era alguém com mais dinâmica. Charlize Theron a cada ano que passa fica mais bela, e deve jantar formol, pois a idade não lhe pesa em momento algum, seus trejeitos suaves ficaram chamativos demais para interpretar uma pistoleira durona, e quase isso lhe atrapalha no decorrer do filme, por sorte tinha sempre ao seu lado o diretor para atrapalhar em algo e tirar o foco de si, senão o filme poderia ser um fiasco total. Liam Neeson aparece bem pouco na trama, mas seus três ou quatro momentos são bem encaixados e divertidos de acompanhar, mostrando uma faceta a mais do ator que é segurar o tino cômico mesmo que não precise fazer graça. A nossa Nicolas Cage feminina, que faz mais filmes do que consegue pensar, mais conhecida pelo nome de Amanda Seyfried aqui está insossa de tal maneira que chega a incomodar, e olha que mesmo muita gente reclamando dos seus outros filmes sempre a defendi, mas dessa vez não teve como, a jovem atriz começa o longa com uma expressão e faz a mesma em todos os momentos que aparece sem dar ao menos um toque diferenciado. Os demais personagens servem mais como encaixe para cada ato, e vale destacar apenas Neil Patrick Harris como o novo namorado de Amanda e Givanni Ribisi como o amigo ingênuo alvo das piadas mais antigas que minha avó, mas que com sua cara boba até funcionou algumas. Ah e vale também destacar o cachorro que na trama chama Tampão que mesmo sumindo numa cena e aparecendo na seguinte, fez expressões bem melhores que a de Amanda Seyfried, mas isso é fácil demais. E claro que as participações de Christopher Lloyd e Jamie Foxx também foram de uma adequação perfeita.

Agora um ponto que com muita certeza não podemos reclamar de forma alguma é o conceito visual da trama, que quem quiser comparar com qualquer western verá referências minuciosas que a produção fez questão de colocar com detalhes impecáveis, e isso é algo bem bacana de ficar acompanhando, claro que não é algo que salvaria o filme dos abusos cometidos pelo roteiro, mas ver um bom cenário western na tela é algo que sempre agrada. Os momentos de viagem com a droga indígena também é bem divertido de ver com as ovelhas criando formas impressionistas bem divertidas de observar ao fundo, bem mais do que parar para prestar atenção no protagonista. A fotografia não poderia usar outro filtro que não fosse o sépia, afinal estamos falando de um western, e com boas nuances puxando um tom abaixo em diversos momentos, acabou não ficando tão pesado no nível sujeira na tela, o que foi um grande acerto também.

Enfim, junto de uma trilha totalmente tradicional, com alguns momentos bem cômicos que referenciam outros filmes, o longa não vai ter pessoas que vão ficar em cima do muro, ou vão gostar bastante ou vão odiar bastante, então pensando no que disse no primeiro parágrafo, deixo a recomendação do filme somente para quem gostar de rir com longas onde tudo é muito abusado e forçado para que você ria. E assim sendo, acabei gostando do que vi, mas confesso que preferiria algo mais light no teor nojeiras na tela. Fico por aqui hoje, mas apenas comecei antecipadamente a nova semana cinematográfica graças ao pessoal da Difusora FM 91,3Mhz de Ribeirão que nos proporcionou essa pré-estreia e hoje a noite novamente nos colocará a frente de mais uma das estreias da próxima quinta-feira, então abraços a todos e até mais pessoal.


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Os Cavaleiros do Zodíaco - A Lenda do Santuário

9/16/2014 12:41:00 AM |

Se tem uma animação da minha infância que não lembro praticamente nada é "Os Cavaleiros do Zodíaco", lembro apenas que os bonecos, que hoje são chamados de colecionáveis, eram caros demais da conta e que muita criança foi parar nos postos de saúde por engolir as pecinhas minúsculas das armaduras, mas falar que era fã, que gostava de ficar horas assistindo ao desenho, isso com toda certeza não fez parte da minha vida. Bem, mas como aqui não é um blog saudosista, muito menos um lugar para vender colecionáveis, vamos falar do novo filme lançado na última quinta-feira 11, "A Lenda do Santuário", onde por incrível que pareça, conseguiram fazer algo que não fosse somente voltado para os fãs, aliás ando vendo muito fã por aí metendo o pau no filme, pois tudo é bem explicadinho de onde proveio a história, contando com um começo, meio e fim para a trama que está nos cinemas. E tenho quase certeza de que esse foi o motivo pelo qual os fãs ficaram mais bravos, afinal eles já conhecem tudo da saga, e talvez quisessem algo mais inovador, o que aparentemente aqui não tem. Como disse e repito, não lembro de nada da história original, mas a que foi mostrada aqui agradou cinematograficamente esse Coelho chato aqui, então pode ser que agrade mais pessoas por aí afora, então fica a dica para quem gosta de ver lutas animadas no melhor estilo oriental.

O filme nos mostra que em uma remota era mitológica, haviam os defensores de Atena. Quando as forças do mal ameaçavam o mundo, eles apareciam. Atualmente, após um longo período de guerra, uma mulher, preocupada devido aos misteriosos poderes que possui, é inesperadamente atacada e salva pelo Cavaleiro de Bronze Seiya. Então Saori começa a entender seu destino e, junto com Seiya e seus companheiros Cavaleiros de Bronze, decidem se dirigir ao Santuário. Lá, porém, além de enfrentar as armadilhas do Mestre do Santuário, terão que lidar com os mais poderosos dos Cavaleiros, os orgulhosos Cavaleiros de Ouro.

Além dos fãs, a história acaba sendo interessante de acompanhar para quem alguma vez já leu toda aquela parafernália de zodíaco e sabe algumas ideias de como é cada signo, pois muito daquilo é aproveitado, e com um humor bem colocado no roteiro, o longa acaba ganhando um ritmo interessante de ser acompanhado. Claro que não é nenhuma obra prima que vamos lembrar de ter visto, mas longe do que imaginava ser um novo "Dragon Ball", que me desculpem os fãs, mas como disse na crítica na época em que vi, era um episódio alongado para passar nas telas dos cinemas, e isso é algo que simplesmente desprezo.

Falar de cada personagem é algo que exigiria um estudo melhor de cada um, e isso vou deixar para quem for mais fã falar nos comentários, caso queiram, mas vou destacar aqui o humor irreverente de Seiya que chega até irritar pelos excessos, acredito que deva ser também um pouco culpa da dublagem, mas isso como sei que esse estilo é comum nos desenhos japoneses, então a chance de ser assim também lá é altíssima. E também tenho de dizer que assim como qualquer um ali, tirando os Cavaleiros de Bronze não botaria fé alguma em Saori, o menininha insossa para ser uma pessoa tão poderosa. Dos Cavaleiros de Ouro, deixo o destaque para Máscara da Morte de Câncer, que nunca ri tanto na minha vida com um personagem animado, meio filme pra mim valeu pela criação desse personagem.

A composição visual que saiu um pouco do desenho a mão para modelagem computacional ganhou uma profundidade bem bacana, que se a distribuidora tivesse empurrado goela abaixo 3D para o público pagar mais caro, muita gente iria falar que era algo maravilhoso e tudo mais, provando mais uma vez o que muitas vezes falamos de que o cinema em si já é feito de sombras, e se o desenhista ou fotógrafo souber fazer bem seu serviço pode num filme 2D tradicional mesmo dar contornos interessantíssimos para um longa. Temos muitas cores vindo de todos os lados com espectros e socos e tudo mais que o pessoal que curte a trama vai ficar bem satisfeito com o resultado, mas poderiam ter pegado mais leve na bagunça visual que acaba virando quase todo meio de batalha, já que todos os começos de cada uma mostra algo bem trabalhado cenograficamente, e o resultado de sua destruição também agrada, mas o miolo é tão exagerado que incomoda bastante, e temos ao menos umas 10 lutas no filme todo, sempre da mesma maneira, variando apenas os poderes usados.

Enfim, é um filme bacana que funcionou na telona, mas que também não é nada sensacional, e mesmo tendo alguns defeitos como falei acima deve agradar tanto os meninos mais novos que não conhecem a saga, quanto os meninos mais idosos que forem relembrar a trama nos cinemas, o que julgo ser basicamente um início possível de uma franquia, se eu estiver errado quanto a isso e esse já for um miolo, podem dizer também nos comentários, mas como disse no início não lembro de nada da trama original que passava na extinta TV Manchete. Bem é isso pessoal, com esse filme encerro a semana cinematográfica, mas amanhã já começo uma nova com algumas pré-estreias que irão aparecer por aqui, então abraços e até breve.


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Era Uma Vez Em Nova York

9/15/2014 12:33:00 AM |

Existem alguns filmes que rodam tantos festivais antes de saírem comercialmente no Brasil que até assusta quando vamos olhar o ano de produção. O filme "Era Uma Em Nova York" estreou em Cannes em Maio/2013, passou pelo Festival do Rio do ano passado e somente agora, 16 meses depois que o grande público poderá ver esse filme belíssimo visualmente que com atuações precisas encanta a todos que forem acompanhar a sina dura que muitas imigrantes sofreram naquela época e com certeza ainda sofrem ao entrar nos EUA.

O filme nos mostra que em busca por um novo começo em meio ao sonho americano, as polonesas Ewa Cybulski e sua irmã Magda viajaram para Nova York em 1921. Ao chegarem em Ellis Island, Magda é diagnosticado pelos médicos locais com doença e é colocada em quarentena. Ewa fica fragilizada com a situação da irmã e acaba sendo presa fácil para Bruno Weiss, um homem charmoso que a força a trabalhar como garota de programa.

A síntese do roteiro é algo bem simples, mas que foi arquitetado de uma maneira tão dolorosa que ao mostrar a dureza sofrida pelas imigrantes, que não falavam muito a língua local e acabavam caindo como patinhos nas mãos dos cafetões, acabou sendo bem dinâmica e inteligente de acompanhar. O diretor e roteirista James Gray nos ilustrou tudo isso de uma forma bem autoral e interessante de ver, que mesmo tendo noção de que tudo poderia acabar bem, afinal não estamos com uma história real de alguém que morreu, a cada ato as coisas acabavam ficando mais e mais complicadas, pois ele foi trabalhando muito os diálogos, a linguagem escolhida e a atuação dos protagonistas, o que acabou transformando o simples em algo tão rico de produção que até espanta e nos assusta pela quantidade de elementos alegóricos que nos foi proporcionado a cada ato, o que fez do filme mais do que apenas um bom roteiro, mas algo visualmente magnífico de ser acompanhado com bons ângulos de câmera que ajudaram mais ainda na dramaticidade da trama.

No quesito atuação, o trio principal foi tão bem encaixado que sinceramente não consigo ver o filme com outros atores, ou seja, cada um assumiu seu papel como se fosse algo único para eles, e isso deixou o filme mais vivo do que tudo. Marion Cotillard está tão sofrida, que o seu momento mais bem produzido no visual quase achamos ser outra pessoa deitada na cama, e com trejeitos bem clássicos chamou a responsabilidade para si e enobreceu o longa falando bem tanto em inglês quanto em polonês com um sotaque muito bem pontuado, ou seja, foi perfeita em tudo, desde seu sofrimento até os momentos menos dolorosos. Joaquin Phoenix é um dos atores que mais tem classe para interpretar um cafetão sem ser alguém caricato demais, e por incrível que pareça tem certos momentos que sua nobreza de personalidade é tão forte que passamos até a gostar dos seus atos, mas isso se deve claro à boa atuação que fez em todas as cenas. Jeremy Renner surge em cena mais para a metade final e aparece tão bem que nos dá uma nuance gostosa e romantizada para tudo que já vinha sendo sofrido pela protagonista, e o ator mantém um carisma divertido para seu personagem, fazendo com que realmente torcêssemos para que desse certo seu relacionamento. Dos demais atores quase todos fazem pequenas pontas e não valem muita atenção, tirando a robustez de Ilia Volok como o tio mal-encarado da protagonista e alguns momentos de Dagmara Dominczyk ao ser mais enfático com seu ciúmes da protagonista com o cafetão.

Como disse, um dos pontos mais fortes da trama ficou a cargo do visual, que retratou Nova York nos anos 20 de uma forma esplêndida que com tantos elementos cênicos brotando de todos os lados acaba impressionando com o trabalho minucioso tanto de pesquisa como de elaboração que a direção de arte fez. Somos presenteados com cenários que se encaixam lindamente a cada ato, melhorando consideravelmente a cada plano mostrado para realçar mais ainda tudo ao redor, sem se preocupar com nada, sempre tendo planos abertíssimos ao contrário do que muitos fariam dando closes para não mostrar que esqueceram de algo em cena, ou seja, perfeito nesse quesito. A fotografia abusou muito do tom avermelhado para realçar a iluminação da época e com isso mesmo a personagem principal sendo bem pálida, acabou ganhando uma coloração mais vívida e ficou até mais interessante, mas nos momentos mais sofridos dela e principalmente nas ruas, o tom sépia volta a aparecer para deixar o clima antigo e mostrar que a jovem está passando muito perrengue.

Enfim, é um filme que vale mais a pena ver do que ficar falando muito, e recomendo ele com toda certeza para quem gosta de um bom filme artístico, e quem for de Ribeirão Preto conhecendo as cadeias de cinema daqui recomendo correr, pois deve ficar bem pouco tempo na cidade. Talvez minha única reclamação seja em relação ao ritmo do filme que é um pouco cansativo, mas esse estilo de filme pede um andamento mais cadenciado, então nem chega a ser um defeito. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda falta 1 filme da semana para conferir, além das demais pré-estreias que irei ter nessa semana que foi bem satisfatória tanto em quantidade como em qualidade das produções. Então abraços e até breve!


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