Lovelace

9/29/2013 08:50:00 PM |

Alguns dramas são bem feitos no contexto histórico que se enquadram, mas esquecem de colocar a pitada que instigue o espectador a querer ver mais e isso aliado à falta de ritmo para a trama, faz com que se torne monótono conhecermos a vida de uma das estrelas mais famosas do gênero pornô em "Lovelace". O fator intrigante mostra também que embora a atriz seja bem mais conhecida pelos poucos momentos pornográficos de sua vida, ela tentou ganhar fama como combatente da prostituição e da violência feminina, mas isso o filme fez questão de destacar em uma única cena, ou seja, se queria tentar deixar a fama pornográfica não conseguiu com um filme biográfico, mesmo ele mostrando tudo que sofreu.

A sinopse da Cinebiografia de Linda Lovelace, retrata como ela foi de uma garota de família tradicional à protagonista do clássico do gênero pornô "Garganta Profunda". Ela entrou no meio através de seu abusivo marido Chuck Traynor, mas acabou não seguindo a carreira de atriz pornô, chegando até mesmo a militar contra a indústria pornográfica após se casar com Larry Marchiano.

Embora exista o conflito da violência doméstica, em momento algum o roteiro nos põe para imaginar ou até mesmo ficar com raiva do marido da protagonista, sua linearidade e suas crises já são demonstradas logo de início e isso não chega a incomodar. E com isso o filme ficou parecendo aqueles registros que algumas pessoas fazem para mostrar como foi sua vida para alguns amigos na qual os amigos já conhecem boas partes do que será mostrado, então assistem, comentam alguns detalhes e saem da sala apenas cumprimentando os anfitriões dizendo em um tom nada animador: "legal a sua história". Não sei se o livro tem esse mesmo ritmo, mas os diretores poderiam ter apimentado um pouco mais misturando sua história com seu movimento contra a pornografia, que com certeza tornaria a experiência dos espectadores mais forte e interessante.

Para compensar a falta de interesse no filme, os atores pelo menos tiveram uma desenvoltura bem forte, afinal Amanda Seyfried é uma das atrizes que mais tem aparecido nas telonas mundiais e que costumeiramente tem todo um ar angelical em sua face fazendo uma pessoa que aparentou ser bem polêmica ficou um pouco estranho, mas mostrou que ela é capaz de fazer qualquer tipo de personagem, mesmo encarando isso como um desafio, o único problema é que Linda Lovelace acabou ficando bem mais bonita do que realmente era. Peter Sarsgaard surpreendeu em fazer um homem rude e de personalidade marcante, e acabou chamando mais atenção para si do que a própria protagonista em si. É estranho ver Sharon Stone fazendo uma mãe ríspida, ainda mais com um visual tão diferente do que estamos acostumados a vê-la, mas no geral consegue agradar mesmo participando apenas de 3-4 cenas. Um ponto que gostaria de saber é quanto Hugh Hefner sendo o grande dono da Playboy pagou para ter um ator todo cheio de charme interpretando ele, pois nunca vi uma foto dele que parecesse o personagem de James Franco todo galã, mas que também nem foi muito usado, aparecendo em 3 cenas para dizer meia dúzia de palavras.

Uma grata surpresa do filme foi ele ter sido filmado em 16mm o que deu uma gramatura muito interessante para ele da mesma forma que eram feitos os longas na época em que se passa, e isso fez com que a fotografia trabalhasse sempre com muita luz, pois senão teríamos algo tão sombrio de escuro que era capaz de termos um longa de terror ao invés de um drama. Junto a isso, a equipe de arte utilizou excelentes figurinos de época para trabalhar e mostrou toda a pompa que eram algumas das estreias. Talvez pudessem ter trabalhado um pouco mais nos interiores das casas, mas como foram feitas tomadas bem rápidas nesses ambientes, quase não conseguimos observar detalhes ali.

Enfim, como disse no início ficou um longa vazio com um conteúdo que poderia ser extremamente bem explorado, mas optaram por deixar mais leve. Talvez algumas feministas de plantão até gostem dele, mas garanto que não foi nada demais para erguer a causa de um movimento. Sinceramente esperava bem mais do longa do que foi mostrado na telona, pois poderia ter um nível de polêmica acima da média, e não chegamos nem perto de existir a possibilidade de uma discussão sobre ele. Encerro aqui hoje, mas nessa semana ainda teremos mais vários posts por aqui, então abraços e até breve pessoal.


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O Tempo e O Vento

9/27/2013 11:46:00 PM |

Há alguns dias atrás quando me perguntaram que filme brasileiro deveria ser escolhido para representar o país no lugar do escolhido "O Som ao Redor", fui categórico em indicar mesmo sem ver "O Tempo e O Vento", por um motivo bem simplista que já pode ser notado no trailer: possuir uma fotografia perfeita e aparentar ser uma megaprodução. Pois hoje após assistir, talvez não manteria o longa por um único motivo, o qual alguns vão falar que esse Coelho ficou louco: ter uma duração maior do que os 127 minutos. Explico o motivo dizendo que o filme é baseado em apenas 2 dos famosos livros de Erico Veríssimo, mas a história possui tantos detalhes que mereciam uma atenção especial e foram mostrados em questão de minutos para que coubesse numa mídia padrão, e isso é um pecado, pois matou muita coisa que ficaria interessante na tela. Conforme uma amiga mesmo disse no Facebook hoje no mercado internacional transformam um livro minúsculo em 2-3 filmes enquanto aqui preferimos perder cenas importantes para condensar num longa padrão. Em momento algum falo que o filme ficou ruim, muito pelo contrário, acredito que depois de "Olga", o diretor Jayme Monjardim teve em seu segundo longa uma produção de nível de esforço igual ou maior e merecia apenas mais uns 40-50 minutos que ficaria perfeito.

O filme conta a história da família Terra Cambará e de sua principal opositora, a família Amaral, durante 150 anos, começando nas Missões até o final do século XIX. Sob o ponto de vista da luta entre essas duas famílias, são retratadas a formação do Rio Grande do Sul, a povoação do território brasileiro e a demarcação de suas fronteiras, forjada a ferro e espada pelas lutas entre as coroas portuguesa e espanhola. Além de ser uma notável história épica, plena de heróis como Capitão Rodrigo e o índio castelhano Pedro Missioneiro, O Tempo e o Vento é uma profunda discussão sobre o significado da existência, da resistência humana diante das guerras. Por isso, para a adaptação cinematográfica, tomamos como estrutura o olhar feminino da quase centenária Bibiana Terra Cambará. Em meio ao cerco do casarão de sua família pelos Amarais, ela se valerá de sua memória, sempre deflagrada em noites de vento, para lembrar e contar sua história e as de seus antepassados. E, assim, resistir ao tempo e protestar contra a morte.

O trabalho de um bom roteirista, principalmente quando se trata de uma adaptação literária, é conseguir passar o conteúdo da história numa duração considerável. Claro que alguns diretores aumentam e outros cortam demais os roteiros. Aqui após 27 versões, acredito que a dupla de roteiristas conseguiu chegar num ponto razoável, mas que mereceria um pouco mais, não posso afirmar que bons trechos do livro tenham sidos acelerados pelos roteiristas ou pelo diretor, mas como já disse e repito, mesmo não sendo um grande apoiador de que livros devam ser adaptados de forma mais integral, aqui valeria a pena terem trabalhado mais tempo em cada passagem do filme. Mas, também podemos utilizar de uma forma simbólica e totalmente poética de que como o filme segue contado pelas memórias de uma velha quase centenária, sua memória está com lags e por isso temos momentos que ela não se lembra muito resumidos. Vou preferir então ficar com essa versão poética, afinal como produtor gostei da forma geral que souberam usar os R$ 13 milhões gastos. Outro fator bem interessante é notarmos que Monjardim mesmo sendo um conceituado diretor de novelas, optou por deixar muito mais com cara de cinema do que com cara de algo feito para virar minissérie, o que já foi notificado que irá passar na Rede Globo em alguns meses, e isso só mostra que ele poderia muito bem mudar o conceito de cinema no Brasil se quisesse, afinal quem não se lembra do primeiro filme do diretor que foi uma obra-prima chamada "Olga"?

No quesito atuação também possuímos um problema que precisaria ser lapidado melhor, afinal no livro temos uma tonelada e meia de personagens que em hipótese alguma caberiam num longa. Os principais até foram bem desenvolvidos, mas alguns foram exagerados demais para tentar promover os atores em questão. Fernanda Montenegro é uma lenda, todo mundo sabe disso, e seu personagem não poderia ser outro senão uma lenda gaúcha também, aqui o papel cabe perfeitamente nela, mas poderia nos momentos que está enquadrada usarem sua expressão a favor da câmera, colocando todo o sentimentalismo que ela sabe muito bem fazer, abrindo o quadro e não ficando apenas em closes, ficaria bem mais rico o filme e mostraria que aos 84 anos ainda bate em muitas atrizes da nova geração. Um exemplo claro de quem apanharia mais ainda do que apanhou é Cléo Pires, não vou negar que ela melhorou muito ultimamente, mas pra quem teve cerca de 20 minutos na tela sem dizer uma palavra não expressar um movimento ou olhar que o público falasse "nossa que atriz" é demais né, depois ela até desenvolve mais seu personagem, mas ainda caberia outras atrizes melhores. Marjorie Estiano ao contrário de Cléo, já é mais dinâmica nas expressões do que nos diálogos, embora tenha uma entonação gostosa de ouvir, mas como seu personagem é um dos que foram trabalhados muito rapidamente, então não deu para grafarmos muito sua atuação, porém mesmo assim se saiu bem. Um ponto bem engraçado é o personagem de Thiago Lacerda, pois não lembrava muito do que ocorria no livro, já que li ele há pelo menos uns 15 anos atrás, e estava completamente bravo com a divergência dele com a Fernanda, porém tirando esse fato icônico, o ator mais uma vez manda bem nos trejeitos que criou para o personagem, mas ainda está muito preso à interpretação novelesca, e em certos momentos cansam. Dos demais atores todos aparecem em momentos minúsculos, então ficar citando o que fez de melhor e pior daria praticamente uma dissertação de mestrado, mas vale destacar o trio Amaral, José de Abreu, Leonardo Medeiros e Paulo Goulart que agradaram mesmo fazendo muito pouco em tela.

Já ressaltei que é um filme extremamente bem produzido e como também já falei diversas vezes o que mais olho nos filmes é essa questão do quanto uma produção pode valorizar uma obra. Tecnicamente temos figurinos precisos de várias épocas, uma guerra bonita de se ver na tela, elementos cênicos bem empregados, e maquiagem interessante que até poderia ser melhor, mas agrada. Então tirando certos momentos que existem pequenas falhas técnicas de visual, o longa é perfeito e minucioso em detalhes, e isso pra mim basta como uma nova fase do cinema brasileiro, onde se quisermos sair das comédias sem graça, é possível. A fotografia trabalhou bem com a imagem mais suja de terra, o que é costume de filmes onde estamos falando de sertão, talvez pudessem usar mais tons escuros e frios, afinal estamos no sul do país ao invés de puxar para o amarelo e marrom, e embora agrade visualmente talvez isso possa ser considerado um erro técnico. Mas se unirmos as belas paisagens escolhidas pela equipe de arte e aliarmos a isso a foto trabalhada, tudo fica um deslumbre.

Enfim, um filme de época muito bem trabalhado que agradará tanto o espectador de novelas quanto o de cinema, e isso é mais um ponto positivo, já que ganhar os noveleiros não é uma tarefa fácil para o pessoal do cinema. Só poderiam ter pecado menos nos cortes de momentos importantes e em alguns momentos uma trilha mais emocionante agradaria mais, além de fechar os créditos com uma música americana nada a ver com a produção totalmente nacional que ainda estou tentando entender. O ingresso pago no geral vale bem a pena, mas gostaria de ter saído da sala de cinema bem mais feliz com o que vi, afinal era um dos longas nacionais que mais estava esperando nesse ano. É isso pessoal, fico por aqui hoje, mas essa semana será bem recheada de posts por aqui, então abraços e até bem breve.


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Cores

9/27/2013 12:28:00 AM |

O que leva um produtor a financiar um filme que exiba o cotidiano melancólico e comum de três jovens na cidade de São Paulo? Se você conseguir responder essa pergunta, praticamente você decifra completamente a ideia do filme "Cores", que divergindo do nome é todo em preto e branco. Eu como produtor ao ler um roteiro desse iria questionar o roteirista e diretor no mínimo umas três boas razões para querer fazer um filme assim. Pois o que é mostrado até poderia ser interessante se houvesse uma causa nobre, algum problema a ser defendido, mas não é apenas mostrar o quão melancólico pode ser a vida de três pessoas numa cidade que "teoricamente" tem tudo para se fazer e eles não fazem nada, afinal não dispõem de dinheiro. Certo, então esse é o contraposto que querem defender, mas uma coisa que sempre defendo, tem público, tirando esse Coelho maluco que vê tudo, que pagaria para ver isso? A resposta se dá facilmente pela quantidade de pessoas na sala do cinema!

O longa nos situa na cidade de São Paulo, onde três jovens vivem histórias de amor e tristeza na metrópole: Luiz passa o dia entre pequenos empregos que ele consegue com sua moto e o trabalho em uma drogaria; sua namorada, Luara, mora em frente ao aeroporto e ganha a vida em uma loja de peixes ornamentais, enquanto sonha em viajar ao exterior, e Luca é um tatuador que mora com sua avó.

A ideia principal do longa até poderia soar bacana, mas é tão linear que em momento algum decola, não tendo se quer um clímax para que o espectador espere algo, tanto que na metade do filme já tinha a nítida certeza de que o filme terminaria da forma que terminou. É interessante mostrar para o mundo que só porque São Paulo é a cidade que tem tudo que você quiser fazer no horário que quiser fazer, mas para uma minoria que possua dinheiro? Sim! Mas para que um filme vire realmente algo que faça as pessoas querer ver é necessário que tenha um mote, e o longa patina em 95 minutos sem levar nada a lugar nenhum e aí nem uma fotografia perfeita consegue segurar uma trama.

A atuação do trio principal convence pelo fato de se mostrarem totalmente sem vida, mas não sei se posso classificar isso como sendo um mérito, pois chega quase ao fato de chegar para um mendigo na rua e falar parabéns senhor, você sabe fazer cara de sofrido. Simone Iliescu é a que mais usa desse artefato de fazer cara de sofrimento e expressa seus sentimentos às vezes até falando o motivo do desânimo, mas não sai disso, e no momento que você acha que talvez existiria algum fator que vai acontecer, novamente nada acontece. Pedro di Pietro é o que mais teria chance de conseguir dar um pulo grande com seu personagem, mas fica sempre preso no seu mundinho, então mostra potencial, mas é cortado por ele próprio. Acauã Sol é o que consegue maior destaque no filme por abrir os horizontes e se envolver com mais coisas no filme, então consegue demonstrar tanto sentimentos quanto expressões de dor, felicidade e tudo mais. Embora possa ser considerada apenas participações Tonico Pereira e Guilherme Leme conseguem expressar mais do que os próprios protagonistas dando um gostinho a mais nos seus momentos de tela.

O visual foi bem trabalhado para retratar os lugares por onde os protagonistas vivem, e embora seja um filme de baixo orçamento, conseguiram colocar muitos elementos interessantes e escolheram locações inteligentes para retratar bem a trama. E por isso mesmo acho que poderiam ter trabalhado melhor o conflito que conseguiriam fazer um filme bem mais interessante. E com a fotografia trabalhando muito bem as sombras usando toda a gramatura possível do preto e branco, sairia algo perfeito, mas infelizmente optaram pelo cotidiano linear e sem sal.

Enfim, se eu ficar falando mais do filme estarei igual ele patinando no mesmo lugar sempre falando que ficou insosso demais, mas como a ideia e a fotografia são interessantes, pelo menos como formato artístico, até vale como uma olhada rápida e só. Com toda certeza a maioria do público irá assistir ao filme e sair sem saber o porquê viu aquilo, mas é o que já disse uma vez aqui no blog, que muitos diretores preferem captar verba para fazer um filme sem propósito de com o dinheiro ganho fazer outro, então certamente aparecerão muitos outros assim com o financiamento fácil que temos em nosso país. Encerro a semana cinematográfica aqui, mas já nessa sexta iniciaremos outra bem recheada, então abraços e até mais tarde pessoal.


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O Renascimento do Parto

9/24/2013 12:18:00 AM |

O gênero documentário ultimamente anda muito prostituído por matérias jornalísticas que acabam sendo incrementadas e acabam virando um programa televisivo muitas vezes até chato demais. Além disso, a maioria costuma atingir um nicho específico de espectadores que querem ver ele ou acabam gostando quando vai assistir aleatoriamente. Então o que fazer para se aprofundar num tema e ao mesmo tempo não deixar ele com uma cara jornalística chata? A resposta vem rapidamente quando você assiste a um filme do qual você jamais assistiria, e sai emocionado com tudo que é mostrado de forma embasada e demonstrada sob diferentes aspectos. Com essa descrição que coloquei posso dizer que embora tenha um formato até bem jornalístico, "O Renascimento do Parto" é uma obra muito bem captada que soube primar por uma linha e defendê-la até o fim sem que os depoimentos caíssem em contradição nem soassem "comprados", como dizemos quando o diretor induz o entrevistado à dizer o que ele quer, e com isso acaba agradando tanto quem é ou sonha em ser pai/mãe quanto quem tem certeza de que não quer ter filhos.

O filme nos mostra que a realidade médica e obstétrica mundial encontra-se em grave condição não por aspectos de infraestrutura, mas devido a questões éticas e de coerência. De fato, o número de cesarianas e partos com intervenções traumáticas é alto demais para o nível recomendado. Alguns especialistas relatam suas experiências e questionam a opção médica dominante na hora do parto, além de outros elementos científicos que envolvem o futuro do homem.

O recorte escolhido pelo diretor Eduardo Chauvet e a roteirista Érica de Paula é interessante pelo fato de desmistificar algo que muitos acreditavam ser o melhor tanto para a mãe quanto para o bebê, e tenho certeza absoluta que muitos, mas muitos mesmo, médicos devem ter ficado com verdadeiro ódio mortal sobre eles por mostrar isso, já que alguns trabalham como dito no filme em processo fabril de nascimentos.

Algumas pessoas ao verem o filme poderão assimilar ele com algo crítico e bem mostrado como em alguns programas televisivos da atualidade, mas a montagem que o diretor optou em fazer usando imagens de arquivos dos próprios entrevistados, juntamente com uma cenografia mais leve que as dos programas, fazendo do longa um ponto subjetivo interessante que eu colocaria praticamente como obrigatório para qualquer pessoa que tenha o desejo de ter um filho, e aqueles que não possuem essa vontade devem ver para ajudar seus entes queridos que tiverem essa vontade, pois eu desconhecia praticamente 95% das coisas mostradas ali e fiquei simplesmente perplexo com muitos dos fatos.

O único erro do longa na minha opinião foi querer classificar ele para pessoas que entendam bem sobre o processo de nascimentos, uma vez que aparecem durante toda a exibição inúmeros termos médicos, hormônios, remédios e procedimentos que pareciam sair de filmes de ficção científica, então acho que no mínimo uma legenda mesmo que absorvida de uma imagem ao fundo melhoraria e muito o entendimento de todos e faria ele ficar mais do que perfeito, mas tirando esse pequeno detalhe é possível entender no contexto geral a maioria dos termos, pois os entrevistados ao menos se esforçaram em não ser extremamente técnicos e mostraram que além do conhecimento que possuíam, tinham também um bom dom da palavra.

Enfim, recomendo ele para todos sem exceção e como disse, para aqueles que pretendem ter um filho passa a ser obrigatório assistir esse magnífico documentário. E mesmo que você não seja fã do gênero documental, não se preocupe, pois passa bem rápido com a dinâmica escolhida pelo diretor para mostrar tudo aliado à boas canções motivacionais de fundo. Bem é isso, espero ter passado bem minha opinião de recomendação desse longa e ainda nessa semana tenho mais um para conferir e compartilhar com vocês minha opinião, então abraços e até breve pessoal.

PS: Só retirei 1 coelho mesmo da nota pelos termos técnicos, mas o filme é lindo demais e valeria nota 10 facilmente.


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As Bem-Armadas

9/22/2013 08:02:00 PM |

E mais uma vez fui enganado por um trailer. Depois de ver algumas vezes o trailer de "As Bem-Armadas" em algumas sessões, podia jurar que ia ser mais um filme lixo daqueles que chegaria aqui pronto para falar mal, afinal o estilo de comédia de Melissa McCarthy não costuma me agradar muito e o trailer parecia ser mais um besteirol puro. Pois bem, cá estou eu na sala do cinema para ver e para minha surpresa tanto eu quanto qualquer outro espectador da sala não paramos de rir do início do filme até a cena final, e como sempre digo se o filme é uma comédia e fez rir bastante já cumpriu seu dever. Claro que muitos irão falar de excessos de cliché, palavrões e tudo mais, mas se fez todo mundo rir qual o problema?

O filme nos mostra que Ashburn é uma agente especial do FBI extremamente competente, apesar de ser mal vista pelos colegas de trabalho por ser arrogante e antipática. De olho em uma promoção no trabalho, ela pede ao seu chefe que a encarregue da investigação de um poderoso traficante de drogas em Boston, cuja identidade é desconhecida. Entretanto, logo ao chegar Ashburn decide interrogar um pequeno traficante preso por Mullins, uma desbocada policial local que não aceita ordens de ninguém. Não demora muito para que as duas batam de frente, mas elas precisam encontrar um meio de trabalhar juntas.

Fico feliz quando um roteiro funciona, pois embora tenha algumas cenas apelativas, o diretor Paul Feig fez exatamente o inverso de "Missão Madrinha de Casamento", onde as piadas eram sem graça e tudo era mais próximo de um plágio. Claro que isso se deve muito ao bom primeiro roteiro de Katie Dippold, a qual já está incumbida da continuação do filme, que conseguiu usar de diferenças entre os personagens para trabalhar toda a trama. A única coisa que poderia ter sido um pouco mais bem maquiada é a grande revelação final, que desde o princípio já temos quase 90% de certeza de estar ali presente, mas isso felizmente não atrapalha em nada a comédia.

A química perfeita entre as atrizes é um ponto que com toda certeza fez a trama decolar, visto que uma complementa a outra tanto nas piadas como no engajamento cênico, e isso fica muito bacana de ver, afinal em comédias sem ser românticas raramente ocorre esse timing. Sandra Bullock andava um pouco sumida das telonas, mas esse ano teremos ainda mais uma aparição dela, e pra compensar seu sumiço volta com um gás ótimo para comédia como fazia nas antigas, o mais engraçado é que mesmo se fazendo de bem séria consegue divertir o público, o que raramente um personagem desse estilo consegue fazer. Já Melissa McCarthy é o escancaro cômico puro, e com isso o personagem lhe serviu como uma luva, tanto na personalidade quanto nos trejeitos necessários para que junto de seus diálogos fizesse o público rir a cada momento em que é enquadrada na tela. Uma coisa bem estranha do filme é ver Marlon Wayans fazendo um papel mais sério, nunca imaginei que ele serviria pra isso, mas como foram poucas cenas que apareceu até conseguiu enganar bem. Os demais atores aparecem muito pouco na trama então nem compensa falar muito sobre eles.

O recorte visual dos bons filmes policiais que a equipe de arte usou é um ponto muito a favor, afinal coloca as protagonistas na melhor forma de seriado policial de descobertas juntamente a pitada cômica que precisaria para agradar, além disso, possui tantos elementos cênicos e locações boas que além de rir, quem quiser prestar mais atenção aos diversos detalhes da trama irá ver que pensaram em cada detalhe. A fotografia não teve dúvida e não quis inventar moda usando uma paleta bem colorida onde pudesse destacar o elemento cênico de cada ato, não se preocupando em querer fazer nada artístico demais.

Enfim poderia falar mais muita coisa sobre o longa, mas é melhor vocês conferirem, afinal vale muito a pena. Quem gosta de comédia com toda certeza não terá motivos para reclamar de nada, pois nem escatologias foram necessárias para fazer rir aqui. Ou seja, recomendo muito ele, e gostaria até de uma loucura hollywoodiana, juntar esse filme com o novo "Anjos da Lei", que daria uma trama impressionante de boa. Estou tirando alguns coelhos da nota apenas por não criarem nada novo, e pela legenda estar mais branca do que o comum, tendo alguns momentos praticamente impossíveis de ler, mas tirando isso o filme é perfeito. Fico por aqui, mas nessa semana ainda teremos mais alguns longas mais antigos que chegaram por aqui agora para conferir e colocar minha opinião aqui, então abraços e até breve pessoal.


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A Família

9/22/2013 12:35:00 PM |

Uma coisa interessante que anda ocorrendo em Hollywood é a melhoria na qualidade dos roteiros das comédias, mas ao mesmo tempo que estão melhorando o conteúdo estão esquecendo de algo essencial: fazer o público rir. Em "A Família" até temos situações bem inteligentes e com um teor cômico bacana, mas o máximo que exala do público são sorrisos, não temos na sala ninguém gargalhando ou rindo bastante, o que é uma pena, pois a história em si é algo que poderia render bem, mas acabou ficando apenas no meio do caminho.

Após entrar para o programa de proteção à testemunha, uma família tradicional ítalo-americana ligada à máfia é transferida para a França. De início eles se adaptam à nova vida, mas aos poucos os velhos hábitos voltam à tona e eles passam a resolver os problemas que surgem a seu modo. Ao mesmo tempo, líderes da máfia nos Estados Unidos, procuram pelo grupo em busca de vingança. O agente do FBI Stansfield fará de tudo para protegê-los, mas nem sempre contará com a ajuda do pai da família, Fred Blake, e nem dos outros membros.

É bacana ver filmes onde o roteiro é a melhor parte de um filme e aliado à atores que dão o seu máximo em cena fica melhor ainda. Porém custava aos roteiristas colocar uma ou duas piadas que fossem que adentrasse bem e divertisse? Ou então que o diretor tendo dois grandes atores nas mãos fizesse com que eles tivessem mais graça, ou pelo menos que fosse apelar pro estilo que De Niro já fez muito nos "Entrando numa Fria"? Mas não, preferiu optar por esquetes até divertidas, mas sem nada demais para engrenar, fazendo um filme bem correto e que até diverte o espectador, mas que dentro de pouquíssimo tempo nem lembraremos da existência. Outro fator que incomoda também muito é as conversas dos jovens para falar o que fez em determinados momentos todos utilizando micro-flashbacks, que poderiam ocorrer normalmente sem precisar disso, e que acabam cansando quando já está no segundo momento, imagina lá pro quarto e quinto! Além disso, temos mais um problema que já até ando acostumando em filmes hollywoodianos que é a população local falando um inglês perfeito apenas com algum sotaque mínimo para tentar disfarçar, então pecaram bastante nesse quesito, já que na França raramente se vê pessoas falando em inglês. Enfim, Luc Besson já fez coisas bem melhores e poderia ter utilizado toda despretensão do roteiro para ficar inteligente também agradasse como comédia.

Os atores estão bem engajados com a trama, pelo menos a maioria, e isso é agradável de ver numa produção. Embora aparente estar bem cansado, o que pode até ser algo do personagem mesmo, Robert De Niro agrada muito com seus trejeitos e mostra que ainda tem gás para fazer muitos filmes onde não exijam esforço físico seu e isso é bem bacana pra um ator que já passou dos 70. Em compensação o cansaço de Michelle Pfeiffer já mostra que a atriz está chegando bem ao fim da linha ou não gostou do roteiro, pois na maior parte das cenas seus trejeitos não conseguem agradar. Da mesma forma Tommy Lee Jones, que já havia dito que o melhor que fez foi assumir sua velhice no "Um Divã para Dois" e deveria investir nesse estilo que com certeza ganharia mais do que interpretar policiais, aqui não convence de forma alguma. Agora se teve uma atriz que detonou no quesito interpretação é Dianna Agron que soube dosar todos os estilos dramáticos de forma clara e objetiva, agradando na maior parte das suas cenas. O jovem John D'Leo também agrada, mas como possui mais cenas sem utilizar falas acaba ficando devendo um pouco para o filme. Dos demais todos aparecem bem pouco, fazendo uma ou no máximo duas cenas de no máximo 3 minutos, então nem servem de parâmetro.

O visual do filme é bacana por colocar eles numa casa estranha e ela servir do modo mais simplório para praticamente tudo, mesmo algumas cenas ocorrendo na escola e fora da casa, a concentração principal da família é nela, e é onde a equipe de arte mais precisou trabalhar, afinal como já dizia um amigo é muito mais fácil arrumar as coisas do que fazer uma bagunça convincente, e aqui souberam bem fazer isso. Além dos elementos cênicos presentes visualmente, o uso do filme de máfia "Os Bons Companheiros" com De Niro como principal também foi uma das sacadas mais exemplares do filme, pois foi sem dúvida uma das melhores cenas ele explicando a história no debate. A fotografia usou planos bem tradicionais e misturou o uso de paletas escuras, mas sempre iluminando bem para não ficarmos sem visão de nada.

Enfim, é um filme com um potencial enorme para ser usado que derrapou apenas em ficar com um tom morno de comicidade, já que poderia escrachar bem e divertir mais os espectadores. No geral até podemos nos divertir com o que é mostrado, mas nada muito além disso. Fico por aqui agora recomendando apenas com essa ressalva de ir sem pretensões de gargalhar, mas volto no fim da tarde com mais uma comédia, daí vamos ver se sairei do final de semana com pelo menos uma risada ao invés de sorrisos. Abraços e até mais tarde pessoal.


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Elysium

9/20/2013 11:04:00 PM |

Filmes de ficção científica nunca foram aqueles que eu fiquei esperando desesperadamente para ver, mas confesso que "Elysium" tinha um quê a mais que até estava com um certo aguarde, a estreia de Wagner Moura no cinema americano, e olha que se antes Hollywood apenas o conhecia por cima como Capitão Nascimento, agora seu Spider com toda certeza circulará por um bom tempo nas mesas dos produtores de lá. Mas vamos falar mais dele lá pra baixo, quanto do filme, possui uma história bem interessante a qual nem precisaria ir muito longe e sair do planeta para ver que muito do que anda ocorrendo no mundo anda tomando alguns pequenos rumos que quem for conferir verá e isso não é nada bom, portanto mais uma vez o Sr. Neil Blomkamp dá pequenos tapas com luva de pelica usando toda a tecnologia e a ficção para afrontar algo um pouco maior. Claro que fazendo isso acaba criando alguns pequenos defeitos, mas não chegam a atrapalhar o grande mérito que um elenco perfeito pode fazer por um filme.

O filme nos mostra que no ano de 2159, existem duas classes de pessoas: os ricos e abastados, que vivem numa estação espacial chamada Elysium, e o resto, que vive numa Terra arruinada e superpopulada. A Secretária Rhodes, uma oficial durona do governo, fará de tudo para garantir que as leis anti-imigração sejam obedecidas à risca, para preservar o luxuoso estilo de vida dos cidadãos de Elysium. Isso não impedirá o povo da Terra de tentar entrar, de qualquer forma possível. Quando o azarado Max é colocado contra a parede, ele concorda em participar numa assustadora missão que, se bem sucedida, não só salvará sua vida, mas pode trazer igualdade nestes mundos polarizados.

Um ponto bem interessante que achei do roteiro é a forma escancarada que o diretor faz sua crítica social juntamente com muita tecnologia e aliado à isso ele foge muitas vezes de cenas que seriam vistas de forma bem cliché usando apenas uma ou duas voltas que acabam deixando o longa mais bacana de se ver. Apenas ficou faltando um detalhe para que o filme ficasse perfeito, colocar algum confronto dramático mais forte, pois mesmo o personagem de Damon sabendo que tem pouco tempo de vida, em momento algum ele chega a se desesperar fortemente e nem passa esse desespero para o espectador, que acaba vendo o filme sem ficar afobado esperando uma finalização. Blomkamp consegue repetir o sucesso do seu primeiro filme "Distrito 9" fazendo bem o que sabe que é botar tudo num único pacote sem criar separações de trama, mas assim como no filme alienígena não temos o momento surpresa nem algo que fizesse todos no cinema saírem sem ar, o que é uma pena, pois o que foi bom poderia ser excelente, afinal o elenco mostrou querer muito que o filme decolasse. Agora um ponto que me desapontou muito na montagem foi o exagero de repetições de cenas, pois isso é praticamente chamar o espectador de burro, falando: "ó, você não lembra bem o que disseram no começo, então olha aqui de novo", e quando fazem uma vez até passa, mas o diretor abusa e faz pelo menos umas 5 vezes que lembro de ter contado.

Mas afinal, o que esse elenco fez de tão bom pra esse Coelho mala não parar de falar dele, pois vamos lá. Se você achou que em "A Dama de Ferro" já tinha visto uma mulher bonita que ditasse os poderes com uma postura muito mais forte que muito macho por aí, você ainda não tinha visto Jodie Foster nesse papel onde só faltou ela bater em alguém, sinceramente gostaria de um prequel onde mostrasse mais do personagem dela, pois a atriz faz muito bem tudo. Matt Damon é um dos atores que mais oscila em Hollywood, fazendo alguns filmes de forma mediana e em outros mostrando toda sua desenvoltura, aqui ele está muito bem e consegue demonstrar diversos sentimentos usando sua expressão, além de ter um ótimo final pelo menos na minha opinião. Sharlto Copley faz um vilão dos mais mal encarados possível e incrivelmente agrada com toda sua maldade, e esse mérito é todo do ator que não economiza trejeitos estranhos faciais para ir fundo na briga. Agora vamos aos brasileiros Alice Braga e Wagner Moura que fizeram um dever de casa da melhor qualidade, Alice pode até parecer inexpressiva em alguns momentos, mas quando entra com a alma de mãe defensora não tem quem a segure e ela consegue passar muito bem tudo isso, apenas gostaria de um pouco mais dela nos momentos tensos não fizesse cara de compaixão, mas sim de raiva que caberia mais ao momento. E quanto a Wagner Moura sinceramente não consigo imaginar outro ator para o papel, literalmente incorporou o imigrador ilegal tecnológico com toda sua maluquice e sua expressividade foi muito além do que já conhecíamos do ator, estando numa forma que se o filme não fosse da entrada de Damon em Elysium, com toda certeza Wagner acabaria ofuscando e muito o protagonista. Dos demais atores apenas vale destacar William Fichtner que com sua expressão quase sem movimentos em muitos momentos até pensei que ele fosse um robô ao invés de um ser humano e isso ficou bem interessante de ver na tela.

O trabalho técnico da equipe de arte é outro fator que tem de ser muito aplaudido, pois contando com armas bem tecnológicas, exoesqueletos bacanas e duas cidades muito bem montadas é de cair o queixo com tudo que foi feito. Elysium em alguns momentos parece com o brasileiro "Nosso Lar" com tudo muito puxado para o branco e arborizado, com muitas mansões lindíssimas que com muita certeza qualquer um gostaria de morar. Em contraposição a Terra tem conglomerados de favelas que muitos moradores das favelas brasileiras logo irão se inspirar para sair das pequenas lajes e partir logo para os super-prédios de favela do filme. Achei a máquina de cura um pouco pobre demais e poderiam ter mantido o lado clean, mas colocando um pouco mais de tecnologia nela. A fotografia trabalhou com uma gama bem trabalhada de paleta de cores, oscilando entre o branco estourado em Elysium e o marrom amarelado na Terra para sujar bem o povo daqui. Ou seja, um trabalho impecável da técnica que inclusive contou com efeitos especiais bem interessantes que agradaram sem que parecessem falsos.

A trilha sonora do novato Ryan Amon tem uma pegada bem interessante que mistura de forma inteligente as velocidades que a trama tem, oscilando desde momentos mais agitados até os mais calmos e com isso acerta a mão. Talvez pudesse ter colocado algo mais tenso para ajudar a criar a tal dramaticidade que gostaria de ver nos sufocando, mas acho que apenas a trilha não resolveria.

Enfim, é um bom filme que poderia até ser melhor. Fiquei até o último milésimo dos créditos na esperança de mostrar algo que indicasse uma continuação, mas infelizmente não teve nada. Quem sabe dá uma maluquice no diretor e resolva continuar, afinal até dá para trabalhar algo em cima. Quem gostar do gênero dificilmente sairá decepcionado com o que verá, mas quem não for muito adepto talvez se queixe do exagero de câmera na mão nas cenas mais corridas. Vale pelo menos o ingresso para ver Wagner Moura mostrando que os atores brasileiros podem fazer bonito em Hollywood. Fico por aqui hoje, mas amanhã já teremos mais críticas de filmes por aqui, então abraços e até mais pessoal.


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Na Neblina

9/20/2013 12:58:00 AM |

Imagine um filme de 127 minutos que pudesse ser resumido em 70-80 no máximo e o diretor por fazer parte de uma escola que utiliza uma linguagem diferenciada apenas enche linguiça nos outros minutos apenas para que o longa tenha uma carga dramática interessante. Imaginou? Se quiser e estiver com muita paciência, apesar de que agora só deve ser possível ver em casa já que hoje foi a última exibição no Cinecult, assista "Na Neblina" e saberá exatamente como é isso feito por russos. Nem posso falar que a ideia do longa é ruim, ela é bem contada nos 5 atos em que se divide, mas é tanta enrolação para acontecer as coisas que desanima e começa a bater desespero para que acabe logo.

O filme nos situa em 1942, e mostra que a região da Bielorrússia está ocupada pelas tropas alemãs nazistas. Quando um trem repleto de alemães sai dos trilhos, gerando diversas mortes, quatro trabalhadores ferroviários são acusados de sabotagem. Três deles são enforcados, exceto um, liberado pelos líderes nazistas. Sem saber o porquê de sua liberação, este homem passa a viver um calvário, sendo rejeitado pelos amigos e familiares, que o consideram um colaborador do regime inimigo.

A história se tivesse sido contada em 80 minutos, ou como fazem alguns filmes brasileiros em 90 e poucos apenas para falar que é realmente um longa metragem, tenho absoluta certeza que seria um filme magnífico, mas a forma de trabalhar dos russos é diferente e eles preferem minuciar cada detalhe da forma mais calma possível e com a carga dramática lá no topo. Porém um filme que se passa cerca de 80% numa floresta escura andando e relembrando seus momentos não há quem consiga aguentar. Ainda que a fuga da sala foi bem baixa, afinal todos que estavam ali queriam pelo menos saber como o diretor finalizaria, e quase como num daqueles filmes que você nem precisa ser um vidente para descobrir o que vai acontecer minutos depois de premeditar a cena, tudo vai ocorrendo sem que nada mude.

O trio de protagonistas trabalha bem, e cada um na sua maneira faz a dramaticidade mais simples possível virar quase um Shakespeare. Vladimir Svirskiy até sabe carregar bem uma face penosa e sofrida, mas custava muito abrir a boca para falar? Ou todos os russos falam murmurando? Tem horas no filme que parece que está dublando no melhor estilo de ventriloquia. Vladislav Abashin parece mais que está indo para um funeral do que estar indo matar um grande amigo, seu semblante caótico é bem convincente, mas chegamos a alguns momentos que não dava mais para aguentar suas falas pausadas. Sergei Kolesov se não fosse contada sua história seria o típico ator coadjuvante que anda ao lado dos protagonistas pra nada e acaba não servindo pra nada, seus trejeitos pausados demais também cansam.

O visual nas cenas que saem um pouco da floresta, que são bem poucos, são bem interessantes e agradam por mostrar uma região paupérrima que sofreu demais nas mãos dos alemães, porém para economizar e muito na produção, as cenas mais trabalhadas que teriam são feitas apenas através de sons subliminares sendo citados apenas e isso em alguns momentos convence, já em outros fica pobre demais. No restante do tempo, realmente fiquei com muita dó do diretor de fotografia, pois trabalhar no escuro dentro de uma floresta é um trabalho do nível mais árduo possível, e ainda imagino isso no frio russo que enfrentaram, a lua artificial usada para iluminar pelo menos já que o filme não passa mais do que 7 dias poderiam ao menos ser sempre a lua cheia mais forte já que teríamos mais nitidez, mas é questão de gosto.

Enfim, como disse no início poderia ser algo muito mais curto e que agradaria muito mais, porém ainda assim não conseguiram entrar pro hall dos piores filmes que já vi, apenas se tivesse visto ele num horário melhor não tão tarde, talvez até não ficasse com tanto sono e tédio devido a demora para acontecer as coisas. Recomendo que veja somente se tiver com muita, mas muita mesma, paciência e gostar de filmes lentos, senão a chance de desligar o televisor e ir dormir é altíssima. Como falei também é possível identificar logo no começo o que irá ocorrer até o final, mas alguns podem até se surpreender imaginando algo diferente. Bem é isso pessoal, encerro com esse filme essa semana que foi bem longa e produtiva com bons filmes passando nos cinemas e já nessa sexta inicio uma nova semana cinematográfica até com uma quantidade razoável de estreias por aqui. Então abraços e até mais tarde.

PS: Não achei trailer algum legendado em português do filme, quem achar e quiser passar, é só falar que substituirei.


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Tese Sobre um Homicídio

9/18/2013 10:40:00 PM |

Fazia muito tempo que não via a seguinte cena: eu debruçado sobre minhas pernas com o olhar fixo para a tela do cinema sem nem olhar para os lados para ver como estavam os demais espectadores, mas acredito que todos estavam da mesma forma, pois "Tese Sobre um Homicídio" prova mais uma vez que não existem filmes argentinos ruins que venham para o Brasil. Claro que eles filtram o que vão jogar no mercado estrangeiro, diferentemente de franceses e americanos, mas se alguém souber de algum filme argentino bem ruim pode me falar o nome que irei conferir. E boto mais uma certeza nesse desafio, se tiver o Ricardo Darín será quase um milagre, pois na minha humilde opinião não existe melhor ator que ele, fazendo bem drama, comédia, romance e tudo mais que colocar, é capaz até de fazer bem um alienígena, pronto fica minha dica: Cameron chama ele pro novo Avatar. Brincadeiras a parte, realmente fazia muito tempo que não via um suspense policial com um roteiro tão forte e uma montagem precisa de fazer com que o espectador crie mil possibilidades na cabeça, claro que acusando alguém, e ainda assim ficássemos com raiva do final. Ou seja, perfeito.

O longa nos mostra que Roberto Bermudez é um especialista em Direito Criminal que ministra um curso bastante reconhecido. Uma nova turma está prestes a iniciar as aulas e entre os alunos está Gonzalo, filho de um velho conhecido do professor. Gonzalo trata Roberto como um verdadeiro ídolo, o que incomoda o mestre. Já com as aulas em pleno andamento, um brutal assassinato ocorre perto da universidade. Roberto logo demonstra interesse no caso e, ao investigar os detalhes, passa a crer que Gonzalo seja o autor do crime e esteja desafiando-o a um jogo de inteligência.

Roteiros de suspenses policiais sempre rendem bons frutos e não foi diferente dessa vez, pois o trabalho todo que o diretor Hernán Goldfrid faz em seu segundo longa é trabalhar tanto com o psicológico do protagonista quanto com o psicológico do espectador, principalmente o latino que está muito acostumado com novelas e já começa a deduzir tudo querendo acusar o primeiro elo que lhe é mostrado. Tudo bem que cada um vai ter a sua opinião e chegar a sua própria conclusão sobre o crime, mas a verdade é que ninguém pode afirmar nada a não ser o roteirista, e isso ele vai ficar nos devendo. Porém a amarração completa dos fatos que fizeram na montagem nos instiga a pensar junto com o protagonista e o longa de apenas 106 minutos parece ter quase 3 horas, pois queremos ver o fechamento do caso a qualquer custo, e dessa forma tenho certeza do acerto feito na trama.

Falar dos atores é uma moleza em filmes assim, pois já falei um monte sobre Darín e falaria mais horas a finco desse magnífico ator, aqui seu semblante está bem cansado, mas ao mesmo tempo luta para que consiga mesmo estando aposentado e errado outro palpite sobre um crime desvendar a qualquer custo esse novo, nem que pra isso tenha de enfrentar todos os seus amigos e sua reputação, ou seja, é ele novamente dando seu sangue por uma produção. Alberto Ammann é simbólico em seus trejeitos, deixando todo um misticismo em sua interpretação, fazendo tudo da melhor forma possível para ao mesmo tempo que se incrimine nas mentes doentias dos espectadores e do protagonista, seja visto também como um santo inocente para os demais, e isso só um grande ator seria capaz de fazer, mas ainda prefiro ele em "Lope". Calu Rivero faz boas cenas, mas poderia ter sido mais interpretativa em alguns momentos que aparentou mais fugir da câmera do que querer se mostrar para ela, porém no geral agrada. Os demais acabam fazendo mais pontas e nem são tão importantes para o filme em si, mas também não atrapalham tanto.

A cenografia de criminalística não costuma falhar, pois hoje é tão fácil os diretores de arte se basearem em séries policiais consagradas e com isso fazer um serviço minucioso que se faltar qualquer elemento seja ele o mais fraco é capaz até que um leigo fale mal do filme. Com isso em mente, tudo é meticuloso em detalhes para mostrar tudo, até mesmo numa compra de farmácia, só acho que exageraram em querer focalizar a notinha fiscal, mas tudo bem, o diretor ficou com crédito pelo menos com o diretor de arte. Já a fotografia acredito que poderia ser menos turva, tudo bem que gostamos de um bom mistério, usar tons escuros e tudo mais em filmes do gênero, mas não precisava apelar para o foque e desfoque também que aí é apelar com o público.

A trilha sonora incidente não costuma ser muito usada nesse gênero, pois ela acaba atrapalhando muitas vezes ao tentar botar tensão em momentos que nem necessitariam tanta atenção do espectador, mas aqui até que foi bem usada elevando o tom da batida nos momentos certos e até em alguns momentos que julgaria desnecessários para a investigação, mas vai saber a opinião dos outros né, as vezes pode ser que alguém tenha pego algo a mais onde achei inútil, não é mesmo?

Enfim, é um excelente filme que recomendo à todos que veja, seja no cinema (para quem for de Ribeirão Preto amanhã ainda irá passar no Cine Belas Artes às 19hs) ou em DVD/Bluray assim que sair, afinal desconheço quem não goste de uma boa investigação, nem que seja para culpar alguém pelo menos. Poderia ser melhor em alguns detalhes como citei acima, mas não chegam a atrapalhar tanto pelo menos, também se acertasse em tudo seria mais um "Segredo dos Seus Olhos" e aí mandaria fechar as portas do cinema brasileiro de vez. Fico por aqui hoje, mas ainda temos mais um longa para fechar essa semana recheada, então abraços e até amanhã pessoal.


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Dose Dupla

9/18/2013 12:28:00 AM |

É interessante ver a quantidade de filmes que têm saído dos quadrinhos para a telona, e mesmo que você assim como eu foi assistir sem que soubesse que "Dose Dupla" também é um, com toda certeza acabaria remetendo facilmente pelos trejeitos dos personagens, pelas coisas que ocorrem e principalmente pelos créditos finais todos desenhados. Pois bem, agora que já sabemos fica até mais fácil entender e até gostar mais do que é mostrado nele, pois acabamos adentrando a outro estilo de filmes e não ficamos presos apenas na ficção tradicional, pois quadrinhos sempre são mais exagerados, ainda mais se for policial. Então dito isso, o longa é bem bacana tanto no quesito de ação quanto nas boas piadas e sacadas, além de possuir diversas reviravoltas no roteiro, algumas até confusas demais, que fazem dele algo divertido e bem feito para assistir numa noite tranquila.

A sinopse nos mostra que Robert "Bobby" Trench e Michael "Stig" Stigman trabalham juntos há dez meses e tentam fazer negócios com Papi Greco, um poderoso traficante mexicano que atua nos Estados Unidos. Como Papi está desconfiado da dupla, se recusa a negociar com eles. A saída então é roubar um banco que, supostamente, receberia o faturamento deixado toda semana por capangas do traficante. Entretanto, a quantia disponível no cofre é muito maior do que Bobby e Stig imaginavam, o que deixa claro que há mais gente envolvida na situação. O que nenhum dos dois imaginava era que o parceiro fosse um agente infiltrado, com o objetivo de desbaratar Papi Greco: enquanto Bobby era da Narcóticos, Stig integrava o setor de inteligência da marinha.

O roteiro é bem trabalhado, mas como disse, a quantidade de reviravoltas nos deixa bem confusos em diversos momentos, o que não é bom para uma trama policial sem ser de suspense. Filmes de ação pedem linearidade e apenas piadas bem sacadas para que o espectador se divirta e sai contente com o que viu. Porém isso não estraga a boa interação que o diretor conseguiu fazer tanto entre as cenas quanto com a boa dupla de atores, que estão em perfeita sintonia para fazer com que o filme tenha um resultado mais do que expressivo. Alguns momentos poderiam ter até um pouco mais de ação, principalmente o começo que demora a deslanchar e passar mais interesse ao espectador, mas no geral a forma rápida de movimentos de câmera agrada bastante.

Fazia tempo que não via uma dupla masculina com tanta sintonia como vi hoje entre Denzel Washington e Mark Wahlberg, de forma que não sei se haverá continuidade na série, mas gostaria de vê-los juntos mais algumas vezes. Denzel ultimamente tem ido bem devagar com seus personagens de forma que aparenta estar um pouco cansado de atuar freneticamente como fazia, mas com seu jeito devagar acaba conquistando bem o público. Mark já atua de forma inversa, mas incorporou um personagem tão interiorano que em alguns momentos parei para pensar de onde no meio do deserto americano saiu esse personagem? E isso não condiz com um militar, mas no quesito química com seu "parceiro" caiu muito bem. Edward James Olmos faz o traficante mais cliché possível, com direito a torturas, sotaques e tudo mais, porém suas cenas são tão divertidas que acabamos gostando dele. Paula Patton é muito bonita e faz bem seu papel, mas sua inserção na trama é a mais confusa das reviravoltas da trama, tanto que soam inexpressivas suas ações em diversos momentos, mas isso é mais um problema de roteiro do que da própria atriz. Um grande destaque embora apareça em poucas cenas é Bill Paxton que faz as melhores ligações da trama e cai muito bem como vilão. Os demais acabam tendo participações menores ainda, então nem convém falar muito, apenas poderiam ter feito um pouco mais nas suas cenas.

O visual desértico que conseguiram dar para a trama nos faz lembrar os filmes de faroeste, além da quantidade de tiroteios e toda a sintonia existente na trama, porém a equipe de arte faz questão de deixar bem claro que não é um faroeste ao trabalhar com elementos cênicos mais atuais, deixando esse conflito estético para aqueles que olharem de forma mais técnica. Não digo que tenha ficado ruim, apenas ficou um pouco confuso. Já a  fotografia não teve dúvida alguma, se assegurou que o gênero era um misto de policial com faroeste e mandou ver na paleta amarelada, que acabou ficando interessante e bem usada.

Enfim, é um bom filme que poderia ser bem melhor se o roteiro e a direção se decidissem à que rumos deveriam tomar, pois ficaram oscilando tanto entre o suspense policial cheio de reviravoltas com o faroeste de ação que saímos da sala apenas rindo das boas piadas sem saber realmente o que assistimos. Espero que talvez tentem fazer um segundo filme para corrigir isso, já que os quadrinhos de Mateus Santolouco aparentaram ser bem interessantes. Fico por aqui, mas ainda temos mais dois filmes para conferir nessa semana cinematográfica, então abraços e até bem breve pessoal.


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Aviões em 3D

9/16/2013 11:58:00 PM |

Se você ficou apaixonado por "Carros" e se decepcionou com o pouco apresentado em "Carros 2", eis que lhe apresento a redenção da Disney, dessa vez sem a Pixar, com "Aviões", pois o longa embora utilize a mesma fórmula tradicional de superação, os personagens dessa vez possuem muito mais carisma e porque não dizer também crueldade para divertir e incitar que o personagem principal alcance seu objetivo. Confesso que quando havia lido em vários sites antes da estreia que o filme era pra ser lançado direto em home-video e optariam por lançar no cinema apenas para tentar ganhar alguns trocos a mais já que é em 3D, fiquei ao mesmo tempo desapontado, já que não gosto de nenhum filme que vá direto para as locadoras, pois acabo nem vendo eles, e também preocupado que poderia ser apenas um média-metragem lotado de nada para passar o mesmo que os demais filmes. Pois bem, hoje após ver ele, classificaria ele como algo muito bem feito e que agrada em cheio tanto a garotada quanto quem for acompanhar eles, pois possui ótimas piadas, bom ritmo e personagens bem bacanas para colocar ele no mesmo nível do primeiro filme dos "Carros".

O filme nos apresenta Dusty, um avião que trabalha pulverizando plantações. Seu grande sonho é participar de corridas internacionais, ao lado de alguns dos mais famosos competidores, mas seu medo de altura e a própria composição da carroceria impedem que esta vontade se torne realidade. Sabendo do sonho do amigo, Chug busca a ajuda de Skipper, um reservado avião que, devido a um acidente no passado, não consegue mais voar. Após muita insistência, Skipper aceita ser o mentor de Dusty nesta empreitada.

Todo filme infantil trabalha a fórmula de colocar alguma mensagem moral para que a garotada se espelhe e a superação do avião Dustin aqui é bem trabalhada pelo diretor ao colocar diversos obstáculos para serem alcançados, desde o principal de conseguir seu sonho, passando por se redimir à adversidades e até mesmo como trabalhar a descoberta de algumas mentiras, e como o bom ditado diz, "o que não me mata me fortalece" a sina do aviãozinho só vai ficando melhor a cada passagem. Um fator interessante por trás da história está nos bastidores, pois o diretor de grandes sucessos da Disney/Pixar John Lasseter apenas assume o roteiro e a produção do longa, deixando os méritos da direção para Klay Hall que "estreia" um filme mais forte que os seus anteriores com muita garra e boas situações cômicas para divertir a todos.

Algo que é interessante observar principalmente em animações é o carisma dos personagens, pois se eles funcionarem para os espectadores, com certeza o filme decola como sucesso. E utilizando a palavra decolar, todos os aviõezinhos e até mesmo os pequenos carrinhos que participam do filme conseguem nos contagiar mesmo alguns sendo bem maus. O caminhão tanque Chug nos remete ao velho Mate pelas bobeiras que fala e por sua astúcia, suas cenas vendendo souvenires é a  melhor com certeza. O protagonista Dusty nos envolve com tudo que faz e sua trajetória é muito bacana de ser acompanhada. O jato Skipper mesmo com sua frieza acaba agradando e até nos emocionando em certos momentos. O vilão Ripslinger e seus comparsas conseguem deixar a maioria no cinema com tanta raiva que ouvi uma mãe mandando o aviãozinho para um lugar nada interessante mesmo estando ao lado do seu filho, claro que não consegui me segurar e ri muito dessa cena. El Chupacabra é um dos coadjuvantes terciários mais bacanas que já foram postos em animações, e tudo que faz é bem divertido. E até mesmo os personagens secundários conseguem divertir fazendo parte das piadas, por exemplo, o inglês Bulldog, a indiana Ishani e a brasileira Carolina, que se não soubesse pelo tanto de propaganda que é dublada pela cantora baiana Ivete Sangalo não saberia, pois somente em pouquíssimas cenas dá pra reconhecer sua voz.

A cenografia do longa não é tão rica em texturas como estamos acostumados a ver nas animações que andam aparecendo, mas não mediram esforços para colocar muitos detalhes em elementos por onde os aviõezinhos passam, agradando bastante quem tiver um olhar mais crítico para ver tudo e ir ligando os pontinhos que a equipe de arte quis passar. O 3D funciona bastante em alguns momentos, não é dos melhores que já vi, mas agrada saindo em diversos momentos da tela, e principalmente dando uma profundidade bem interessante nas cenas de voo.

A trilha sonora é outro ponto que se bem trabalhado costuma agradar e viciar nas animações. E aqui as composições próprias de Mark Mancina encaixaram como uma luva, fazendo com que o tradicional pezinho ficasse batendo no chão durante toda a exibição.

Enfim, quem estava com medo de gastar dinheiro a toa com um filme que seria lançado direto para a locadora pode ir assistir tranquilamente que é diversão garantida, principalmente para as crianças. O fator 3D pode ser economizado, mas até que não é um dinheiro tão perdido em ver com a tecnologia. Os adultos que forem e entrarem no clima infantil também sairão da sessão com alegria estampada na cara só não ficarão dançando igual a garotinha do meu lado que nos créditos parecia estar num bailinho. É isso, ia ver outro filme, mas como houve uma pequena mudança de horários, acabou saindo até que um bom programa para uma segunda-feira. Fico por aqui hoje, mas amanhã estou de volta com mais alguma crítica nessa semana lotada de filmes.


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Rush: No Limite da Emoção

9/15/2013 06:47:00 PM |

Filmes envolvendo esportes é um gênero do qual também não conseguem fazer filmes para ficar em cima do muro, ou são excelentes ou são um lixo, e "Rush: No Limite da Emoção" é perfeito tanto pelas ótimas atuações quanto por uma direção eficiente que conseguiu captar toda a velocidade imposta pela Fórmula 1, onde os egos dos pilotos são muito maiores que qualquer carro. A dramatização de cada ato é imponente e coloca para os brasileiros que sempre foram fãs desse esporte novamente emoção num dia de domingo como foi hoje.

O longa nos situa nos anos 1970, onde o mundo sexy e glamouroso da Fórmula 1 é mobilizado principalmente pela rivalidade existente entre os pilotos Niki Lauda e James Hunt. Eles possuíam características bem distintas: enquanto Lauda era metódico e brilhante, Hunt adotava um estilo mais despojado, típico de um playboy. A disputa entre os dois chegou ao seu auge em 1976, quando ambos correram vários riscos dentro do cockpit para que pudessem se sagrar campeão mundial de Fórmula 1.

Por ser baseado em fatos reais e que muitos vivenciaram e falam do ocorrido até hoje, não é o meu caso afinal nem pensava em nascer naquela época, mas já havia ouvido e lido bastante sobre o caso, então sabia que o fato força dramática era algo que não faltaria se o diretor que assumisse o longa fosse alguém de punhos fortes. E quem assumiu não poderia ser outro senão Ron Howard que deixa implícito sua marca logo nos primeiros minutos de filme, instigando tanto o espectador à entrar no clima da alta velocidade como faz o estilo narrativo que em alguns momentos soem como uma poesia ilustrada pelos fatos. Além disso, optou por trabalhar na medida das emoções, nunca deixando que a câmera ficasse nervosa e passasse à frente nem dos atores nem dos fatos que seriam mostrados. Claro que algumas cenas são bem fortes e chegam a embrulhar o estômago algumas vezes, mas já que faz parte para dar a veracidade, então soou bem válido. Mas não pense que por ser algo linear, você não irá ser surpreendido ou que o nível dramático não vá aumentando gradualmente, pois se você não estiver sentado na beira da poltrona com os olhos bem abertos nas últimas voltas da corrida como fazia na época que nosso ídolo da Formula 1 corria aos domingos, com toda certeza você não aproveitou o filme ao máximo do que ele promete.

Agora se o filme está sendo muito bem falado é por um simples motivo chamado Daniel Brühl que dá ao seu personagem uma vida que poucos atores conseguiriam impor, de forma que é uma pena que a nem a Academia nem os demais festivais são tão fanáticos por filmes esportivos, senão seria garantido no mínimo uma boa indicação para a força dramática que ele impõe para um Niki Lauda preciso e metódico. Também não podemos deixar de fora Chris Hemsworth que praticamente faz um papel com a sua cara de playboy e curtidor, e com isso nem podemos dizer se ele estava interpretando um papel ou ele mesmo, mas conseguiu agradar bastante nos momentos mais precisos do filme, fazendo que seja lembrado pela garra que é o tema mais forte do filme. Alexandra Maria Lara faz uma Marlene Lauda humana e ao mesmo tempo forte para que em muitos momentos apenas sua troca de olhares com Daniel dissesse mais do que muitíssimas palavras, ou seja, perfeita para agradar aos críticos mais chatos. Olivia Wilde também faz um papel interessante que mostra bem como as famosas Marias-gasolinas funcionam, mas mais do que isso ela conseguiu demonstrar amor para com alguém que não queria nada com nada. Os demais atores acabam mais como participações, então nem convém falar muito de cada um em específico, mas todos conseguiram mostrar bem como era o glamour da época de ouro da competição na época mais perigosa dela.

O visual do filme não poderia ser melhor, colocando em suma o ritmo e a beleza de um dos esportes que era tão visto quanto o futebol no Brasil e junto de mostrar os carros ótimos, as pistas e os locais por onde passavam os atores, tiveram a brilhante ideia de mixar com cenas dos motores batendo, rodas rodando e planos detalhes que deram mais velocidade ainda para a trama nos deixando quase sem ar em diversos momentos. A recriação da época pela equipe de arte não podia ser menos minuciosa, demonstrado por fotos e vídeos da época que não faltou detalhe nenhum para ser mostrado. A fotografia trabalhou com pouca granulação e isso ficou agradável para mostrar que não é necessário amarelar e granular para fazer filmes de época, os planos escolhidos para tudo isso ficaram bem interessantes por dinamizar tudo muito bem e trabalhando com tons vermelhos para mostrar a briga entre McLaren e Ferrari, o que vemos na tela é tudo na medida. Outro fator que achei muitíssimo interessante foi trabalhar as câmeras da forma como eram realmente na época, onde muitas das ultrapassagens nem víamos pela TV, e isso ficou muito bem feito mesmo.

A trilha sonora de Hans Zimmer é na medida para colocar a emoção dramática no filme e dar ritmo que a velocidade da Fórmula 1 necessitaria. Não tem um momento em que ela não esteja presente para envolver o espectador e fazer com que entrássemos no clima que o diretor programou para o longa, ou seja, mais um ótimo trabalho desse compositor que raramente erra a mão.

Enfim, mais um daqueles filmes feitos tanto para os fãs do esporte como para qualquer um que goste de um drama bem dirigido e atuado, sem espaço para que fosse visto qualquer erro ou furo de roteiro. Recomendo para todos com muita certeza, pois deve emocionar muita gente em diversos momentos com a superação e motivação que um passava para o outro. Bem é isso pessoal, vá ao cinema conferir esse grande filme e tenha mais um ótimo domingo ou qualquer dia da semana de emoção que a velocidade de um Fórmula 1 pode passar. Fico por aqui hoje, mas nessa semana ainda teremos muitos posts para contar dos filmes que verei a minha opinião, então abraços e até breve pessoal.


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Invocação do Mal

9/14/2013 12:47:00 AM |

Vou começar meu texto com uma pequena polêmica, afinal será que já posso começar a dizer que James Wan é o novo mestre do terror depois de 3 filmes muito bem dirigidos? Vou voltar na polêmica mais pra frente, mas agora vamos falar do que interessa que é o filme "Invocação do Mal", o qual além de estar sendo muito bem falado por toda a crítica especializada, consegue segurar bem o misto entre tensão e sustos, sem precisar apelar para nada além do que é proposto em sua sinopse. Não pulei tanto da poltrona como fiz em outros filmes, mas confesso que em diversas cenas fiquei bem arrepiado com o que vi, e isso faz julgar que o longa veio preparado para não ficar tanto nos clichés de assustar somente com gritos e volumes elevados da sonoplastia. Também não é daqueles que você fala que não irá dormir umas noites, mas está bem longe de ser as piadas que vinham aparecendo por aí ultimamente. Então a junção boa história com boa direção resultou em algo bem interessante.

O filme nos coloca em Harrisville nos Estados Unidos. Um casal muda para uma casa nova ao lado de suas cinco filhas. Inexplicavelmente, estranhos acontecimentos começam a assustar as crianças, o pai e, principalmente, a mãe. Preocupada com algumas manchas que aparecem em seu corpo e com uma sequência de sustos que levou, ela decide procurar um famoso casal de investigadores paranormais, mas eles não aceitam o convite, acreditando ser somente mais um engano de pessoas apavoradas com canos que fazem barulhos durante a noite ou coisas do gênero. Porém, quando eles aceitam fazer uma visita ao local, descobrem que algo muito poderoso e do mal reside ali. Agora, eles precisam descobrir o que é e o porquê daquilo tudo acontecendo com os membros daquela família. É quando o passado começa a revelar uma entidade demoníaca querendo continuar sua trajetória de maldades.

O ponto forte do filme diferente do que acontece na maioria dos longas do gênero é a história, pois ela está muito bem entrelaçada, fazendo o público não só ficar atento aos detalhes que surgem em escuridões, espelhos e vozes, mas também em toda a ligação que os protagonistas contam, claro que talvez precisaríamos de um outro filme a parte que explicaria mais quem são os Warren, o que deve acontecer logo mais já que foi sucesso nos EUA, mas mesmo não sabendo disso, tudo que é mostrado consegue jogar a tensão lá em cima e arrepiar mais do que assustar, e pra quem gosta desse estilo com toda certeza vai preferir algo mais elaborado que faça você ficar mais tenso do que pulando na poltrona a cada 5 minutos não é verdade? Voltando na polêmica que joguei no primeiro parágrafo, James Wan decolou com a genialidade de "Jogos Mortais", fez alguns filmes medianos durante certo período, mas sempre produzindo muita coisa com o dinheiro ganho na série toda, voltou com um filme tenso e que assusta bastante em "Sobrenatural", que já está para surgir por aqui o segundo que está sendo lançado hoje nos EUA, e agora vem com algo mais cheio de história e pontos intrigantes, ou seja completou todos os gêneros do terror possível e bem, só tenho medo do que vai fazer com "Velozes e Furiosos 7", mas isso é um capítulo a parte do que conhecemos dele, e assim sendo já posso dizer que têm 3 dos filmes de terror que mais gosto sendo feito pelas mãos dele.

É interessante ver atores fazendo papéis bons em filmes de terror, pois geralmente ou só gritam, ou só correm, ou ficam tentando desvendar algo sem ao menos apresentar expressividade, e aqui tirando alguns personagens que praticamente são meio inúteis, ao exemplo do câmera Shannon Kook, o restante agrada muito. Quem não ficar espantado com a atuação de Vera Farmiga no longa não sabe o que é fazer um papel aterrorizante, seu olhar em algumas cenas soam desorientados, mas sempre apavorados mesmo sendo a pessoa que teoricamente vai trazer uma resolução para o caso, sempre gostei de suas atuações e aqui ela foi muito bem novamente. Patrick Wilson já nem deve estar mais dormindo fazendo todos os filmes do diretor e cheio de assombrações a sua volta, mas prefiro ele como o assombrado do que como o desvendador, ficou muito mocinho galã, mesmo se assemelhando bem à foto original de Ed Warren seus trejeitos de bom moço não me convenceram muito, mas na hora que o bicho pega aí sim vi que o ator manda bem. Agora se temos que falar bem de alguém no filme é Lili Taylor, de onde ela tirou inspiração para o personagem, pois o que vemos é ela própria e maquiagem, não temos computação não meus amigos, sua cara aterrorizante nas cenas finais é de ficar lembrando por um bom tempo depois, poderia ter sido menos sonsa no início, mas os acertos finais compensaram mais do que tudo. Ron Livingstone está bacana, mas como sua participação nos fatores mais tensos são poucos, acaba sendo quase um coadjuvante de luxo e não muito mais que isso. As crianças fazem o básico, mas por ser em número exagerado, comprovando que nos anos 60-70 o povo era maluco na quantidade de filhos, acaba que nem todas puderam ser exploradas potencialmente, destacando Kyla Deaver, que anda se especializando em filmes de terror, e Mackenzie Foy que conseguiu superar a separação malévola dos vampiros brilhantes e lobinhos bombados para algo mais demoníaco.

Outro fator muito bom foi a locação escolhida para filmar, que casa tensa meus amigos, jamais nem de graça que eu moraria num lugar desses, muito menos mantendo o péssimo gosto de móveis antigos que simplesmente preferiram manter na casa. Vamos lá em última instância você ganhou uma casa dessas, não é o que ocorre, pois falam que compraram, no mínimo tacaria fogo numas coisas que dão medo só de olhar pra elas. Mas tudo bem Coelho medroso, é um filme de terror, então a obra cênica está perfeita para assustar e parece que a equipe de limpeza nem teve trabalho algum, foi só deixar a terra do jeito sujo que está que ficou ótimo. Ou seja, fui um pouco chato com tudo, mas conseguiram caracterizar perfeitamente a época de modo a ilustrar um lugar afastado e que todo filme de terror gosta de ter. A fotografia granulada e suja conseguiu fazer do longa algo muito bonito, mesmo sendo um terror não fizeram tantas cenas escuras nem apelaram para cenas vermelhas, e isso só prova que não é necessário escatologias para que tenhamos um clássico.

Falar de parte sonora de filmes do gênero terror/suspense é algo que há controvérsias, pois alguns diretores, e James Wan é um deles, gostam muito do clássico aumento progressivo da sonorização conforme a cena vai ficando mais tensa, isso é na minha opinião algo que soa ao mesmo tempo ruim por não pegar o espectador desprevenido e nos fazer rir do amigo do lado sair pulando a cada cena, visto que ele já vai se preparando para algo pior, mas também soa bacana por não precisar somente disso para assustar usando de outros artifícios, então é mais questão de gosto mesmo. E para fazer isso o diretor optou por Joseph Bishara que vem acertando bastante nos principais filmes que optam por essa ideologia sonora.

|Enfim, foi uma sexta-feira 13 interessante que a Warner escolheu para estrear o longa, diferentemente da maioria que costuma lançar no Halloween filmes desse gênero. Aqueles que ficarem com medo pelo trailer, podem ir tranquilos que não é nada tão forte, mas devido à ser baseado em fatos reais pode ser que fique um pouco tendencioso a sair pensando em algumas coisas. Recomendo bastante por ser diferenciado quanto à forma de condução histórica que opta trabalhar mais em roteiro do que em coisas assustadoras mesmo, mas quem não gostar muito de roteiro talvez saia decepcionado ao esperar ser muito assustado durante uma sessão. É isso pessoal, fico por aqui, mas felizmente vieram mais filmes para o interior, então ainda teremos muitas atualizações por aqui. Abraços e até breve.


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One Direction: This is Us 3D (1D3D)

9/10/2013 12:14:00 AM |

Bom, falar de shows e documentários musicais é algo que é um pouco complexo, pois existe tanto o lado de quem é fã da banda, no caso o público que provavelmente vai assistir, como o lado de quem desconhece completamente qualquer coisa deles, no caso esse Coelho que vos digita, então vou procurar fazer uma análise de "One Direction: This is Us", ou 1D3D como está sendo chamado pelos fãs, pelo lado técnico de como funcionou os efeitos e tudo mais e pelo que vi do público que estava em minha sala.

O filme nos mostra que Harry Styles, Liam Payne, Louis Tomlinson, Zayn Malik e Niall Horan participaram separadamente do programa X-Factor e, após serem eliminados, foram convidados para formar uma nova banda, chamada One Direction. Apesar do grupo também ter sido derrotado no programa, ele foi abraçado pelos fãs, que o tornaram um sucesso cada vez maior. Este documentário conta a história da banda e mostra cenas de bastidores e de shows da turnê mundial realizada pela banda.

O lado interessante de se fazer shows em 3D é que o público que não tem oportunidade de ir a um, praticamente senta no melhor lugar do show, que é em cima do palco juntamente com os artistas e quanto a isso, esse conseguiu passar excelentemente o uso da tecnologia tanto nesse quesito quanto em alguns efeitos visuais que saem do telão de fundo e voam em direção aos espectadores. Além disso, utilizaram de técnicas de desenhos, para durante o show transformar os cantores em desenhos executando alguns movimentos bacanas. Portanto no quesito efeitos o longa pode ser considerado extremamente perfeito e com toda certeza agradará a todos que forem assistir. Quanto à técnicas empregadas de iluminação e linguagem documental até poderiam ter trabalhado um pouquinho mais para que não ficassem algumas tomadas jogadas, mas no geral conseguiram tirar um bom proveito de tudo que é passado, sem preocupar demais com técnicas, o que para alguns pode até ser um tormento de ver, mas para os fãs, esses nem lembraram de ver se o óculos 3D estava limpo, queriam mais é ver seus ídolos passando na telona.

Como todo show/documentário que passa nos cinemas, o público que vai assistir raramente é alguém que não goste da banda, afinal pra que alguém iria ver um show de algo que não goste? Então o lado intimista passado pelos cantores ao mostrar suas famílias, o que faziam antes de serem famosos, ou até mesmo o que sentem em relação aos fãs e entre eles mesmos, acaba soando bem bacana, e como o grupo ao que aparenta é composto por elementos bem brincalhões tanto no palco como nos bastidores, acaba sendo divertido ver toda a interação que fazem ao longo dos 92 minutos de projeção, sempre mixando alguns momentos de bastidores e entrevistas sobre eles com canções do show que fizeram na turnê "Take Me Home".

Claro que ao estarmos falando de uma boyband, o que se viu na sala eram muitas garotas adolescentes que suspiravam ou até mesmo gritavam durante toda a duração do filme, mas como disse, o longa faz o dever de casa ao agradar o público alvo, então falar que erraram no modo de fazer é uma completa besteira, já que têm mais é que todas as bandas, claro que retirando Restart, Calipso, Bonde das Poderosas e qualquer outra coisa que possa explodir as salas de cinema, fazer vídeos desse estilo para estarem mais próximos de seus fãs que não conseguem ir a um show.

Como eu não conhecia nada deles, afinal o X-Factor britânico não passa na TV aqui, foi bacana conhecer um pouco mais mesmo conhecendo apenas 2 músicas da banda, poderia até dar 10 coelhos por ter cumprido o objetivo de agradar o público alvo, mas como mostrou pouca coisa de quem eram eles realmente para quem não é fã, irei comer 1 ponto. Fico por aqui hoje, faltando apenas o filme que estreou no Cinecult para completar todos os filmes que vieram para o interior nessa semana, então assim que assisti-lo colocarei aqui minha opinião, abraços e até bem breve pessoal.


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Bling Ring: A Gangue de Hollywood

9/09/2013 12:58:00 AM |

Ultimamente tem aparecido nos cinemas uma leva de filmes baseados em fatos reais que se não tivessem esse escrito poderíamos ficar pensando como a mente doentia de um roteirista pode chegar a ter essas ideias. Mas não, eles apenas pegam um texto real e adaptam para o cinema, ou seja, mais malucos ainda são as pessoas que fizeram isso de verdade. Em "Bling Ring: A Gangue de Hollywood" temos mais um exemplo disso, agora em duas vertentes: como os artistas são tão idiotas de largar suas casas abertas ou com chaves escondidas em lugares comuns e como jovens de classe média alta ou tradicionais americanos não imaginariam que casas tem circuito de câmeras e roubariam tudo contando pra todo mundo o que fez achando que iriam se safar? Saí do cinema com essas duas incógnitas na mente e sinceramente não consigo assimilar qualquer resposta, afinal no Brasil estamos tão acostumados a trancar tudo com 150 mil chaves, e quem rouba faz tudo na espreita para tentar fugir o máximo que puder (claro tirando os políticos), que não tem como imaginar isso sendo real, mas foi. Então adicione essa loucura real, com muita droga na cabeça e muitas festas em boates, bata tudo com uma mão interessante da diretora filha de um dos diretores ícones de Hollywood e pronto temos o filme.

A sinopse nos mostra que Nicki, Marc, Rebecca. Sam e Chloe, entre outros jovens de Los Angeles têm em comum uma vida meio vazia, de pais ausentes, como Laurie, mãe de Nicki, que não tem a menor noção do que as filhas estão fazendo nas ruas, durante o dia e, pior, durante a noite. Fascinados pelo mundo glamuroso das celebridades das revistas, como Paris Hilton, e artistas como Kirsten Dunst, o grupo começa a fazer pequenos assaltos na casa dessas pessoas, quando descobrem que entrar nas residências deles não é nada difícil. Cada vez mais empolgados com "os ganhos", o volume dos saques desperta a atenção das autoridades, que decidem dar um basta nos crimes dessa garotada sem limites.

Um fator interessante é que o filme em si não é algo que venha acrescentar nada, não é uma história que normalmente seria mostrada num filme, mas que souberam transformá-la de modo coerente a ser agradável de ver na tela do cinema. Ela poderia facilmente ser uma matéria um pouco maior de um programa jornalístico que passaria bem, o público assistiria e ficaria por isso mesmo, mas a forma da linguagem escolhida para mostrar esses furtos e porque não dizer cleptomania dos envolvidos ficou bem bacana de assistir. Claro que a diretora Sofia Coppola usou e abusou de planos incomuns e alguns que muitos até diriam ser horríveis, mas como é uma Coppola todo mundo fica quieto, para retratar a história e com isso conseguiu dar ritmo e uma alma, mesmo que negra, para os personagens transformando uma série de crimes em algo bonito e interessante.

Os jovens atores se saíram muito bem em tudo que fizeram, e mesmo em alguns momentos que fazem diálogos bem jogados acabam fazendo certo para entrar no clima da jovialidade. Emma Watson mostra que a cada dia consegue se livrar mais de sua primeira personagem colocando força na sua forma de interpretar e incorporando algo mais rude para sua personalidade, não vai demorar muito para vermos ela fazer algo provocativo e mais forte. Agora enquanto todos os holofotes do filme estavam apontados para Emma, quem se deu muito bem e fez um papel ímpar é Katie Chang, que mostrou uma personalidade interessantíssima para colocar num personagem, saiu bem tanto como líder da gangue quanto líder do filme nas facetas de seu rosto, de modo que se qualquer um cairia fácil em sua lábia, espero vê-la em outros filmes muito em breve. Israel Broussard enganou todo mundo muito bem, fez de seu papel que poderia ser algo fraco a julgarmos pela sua chegada na escola, para algo que foi muito além, e com isso conseguiu usar de trejeitos interpretativos muito bons, o que também o classifica para ser um ator que desejo ver num papel maior em breve. Os demais personagens do grupo acabam sempre sendo influenciados pelos três, e com isso sempre estão junto deles não conseguindo nenhum destaque solo, mas vale destacar as cenas de Leslie Mann à frente sempre na entrevista que ficou muito engraçado.

Não sei se a equipe conseguiu filmar realmente nas casas dos astros, mas se não fizeram isso, a complexidade dos elementos cênicos foram literalmente uma loucura para a equipe de arte montar. Espero que tenha sido mais fácil filmar nas casas próprias que assim apenas uma bagunçada tirando tudo do lugar e depois voltando com toda certeza teria sido melhor. Os elementos são todos de uma riqueza ímpar em valor, afinal são joias, roupas, relógios e tudo do mais alto calibre, já que invadiam só as casas dos riquíssimos e badalados atores da noite hollywoodiana, então se prepare pra ver tudo que a moda dita nas revistas. Agora um ponto que não gostei é que como o filme tem a maioria das suas cenas noturnas para os roubos, a fotografia quis trabalhar de forma real e deixou o longa muito escuro, de modo que muitas cenas praticamente só ouvimos vozes e vemos a legenda com algumas sombras se movendo ao fundo, e isso não é legal, além de que nas cenas brancas, a luz estourou demais, ou seja quem precisar de ler legenda, nessas cenas pode esquecer.

Enfim, é um filme bacana, interessante e, como disse, com uma narrativa diferenciada, afinal é algo que não viraria filme de forma alguma. Poderia ter gostado mais dele se não fosse pela fotografia escura, mas no geral é bem bacana. Quem não curtir muito os lances de moda, talvez se incomode com o excesso de marcas que é citado no filme, mas tirando esses pormenores vale a pena conferir, principalmente aqui no interior que é o primeiro filme da diretora que passa numa tela grande daqui né Encerro aqui hoje, mas nessa semana ainda tenho mais dois filmes para deixar minha opinião, então abraços, boa semana e até breve.


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