Um Time Show de Bola em 3D

11/30/2013 07:26:00 PM |

Com certeza você já assistiu algum desses filmes motivacionais esportivos que viviam passando na TV sempre pela tarde, onde algo ou alguém atrapalhava os protagonistas de conseguirem atingir uma meta, e depois saiam todos felizes com algum resultado emotivo. Pois bem, utilizando dessa ideologia o diretor argentino Juan José Campanella nos traz agora uma versão animada desse estilo de superação com o filme "Um Time Show de Bola". E é divertido ver a forma de composição que adotou tanto para os personagens "humanos" quanto para os bonecos de pebolim que criam vida da mesma forma que todo conto de fadas, através de uma gota de lágrima, e essa estrutura pode divertir bem os adultos que eram acostumados a jogar em bares o famoso jogo de futebol de mesa, mas pra garotada da atualidade talvez seja apenas mais um conto de fadas assim como o pai passa sua história para o filho que não sai do tablet no filme.

O filme nos mostra que desde garoto Amadeo é aficcionado por totó, tendo construído seus próprios jogadores e com eles ensaiado as mais diversas jogadas. Um dia ele é desafiado por Ezequiel, um arrogante garoto que vive se gabando por ser um exímio jogador de futebol de verdade. Mas a partida épica de totó entre os dois não foi vencida por ele. Anos mais tarde, ele retorna rico e com seu dinheiro quer transformar a cidade natal em um espécie de parque temático. Agora, para salvar a cidade, Amadeo terá que aceitar o desafio proposto pelo vilão: enfrentá-lo numa partida de futebol de verdade. É quando algo mágico acontece e os bonecos da mesa de jogo ganham vida para ajudar o seu companheiro de grandes jogadas.

O diretor soube fazer um longa com ritmo tradicional dos jogos de futebol, com um começo calmo para reconhecimento dos times, no caso os personagens, um pequeno intervalo onde todos fazem um pequeno descanso, e como o time está perdendo volta para um segundo tempo frenético e cheio de ginga onde tudo se desenrola e é colocado a questão moral da amizade, afinal animação sem questão moral não é animação. Mas como disse, infelizmente hoje o mundo infantil está preso a computação e as TVs, então dificilmente o longa irá empolgar os pequeninos, principalmente as garotinhas, já que o gosto por futebol é mais masculino, então o longa acaba valendo mais para os pais que forem ao cinema se divertir com as jogadas malucas iniciais do garoto do que para a criançada, apesar que usando da minha técnica de ver se os pequenos ficam comportados durante a exibição, hoje os que estavam na sala nem se moveram durante todo o filme, então pode ser que eu me engane e quem sabe pebolim volte a moda no Brasil devido à um argentino, seria a ironia master para nosso futebol.

Os personagens estão bem modelados e são bem carismáticos, principalmente o trio principal de bonequinhos que com toda sua maluquice divertem na medida certa, as cenas no lixão e no parque de diversões são hilárias. Os protagonistas humanos são bem interessantes também, conseguindo colocar um vilão que chega a dar nervoso com toda sua pompa de jogador famoso, um personagem magrinho demais que se formos ver não daria certo no futebol nunca, mas que até torcemos por ele, e a tradicional mocinha, afinal tem de haver um romance né. O elenco de apoio é cheio de personagens bem caricatos que no começo você acaba nem dando nada para eles, mas no final acabam ficando bem bacanas.

Também tiveram muita preocupação com a cenografia, e com isso temos um filme impecável nesse quesito, trabalhando desde a pequena cidade, passando pelas diversões, pela mesa de pebolim bem montada, pelo campo de futebol futurista, pela mega mansão de ídolo do futebol a qual com certeza foi inspirada na nova mansão que Messi encomendou e até mesmo nas obras de arte do jogador famoso. E com isso tudo parece ter vida própria e ficou muito bonito de ver, mostrando que o trabalho de arte foi bem pesquisado e montado com carinho. O 3D não é nada extremamente fantástico, tendo boas situações de elementos saindo da tela, uma profundidade de campo bem inteligente dando camadas para o filme e tornando os personagens pegáveis em alguns momentos, faltando apenas um pouco mais de textura para os protagonistas, mas a grama ficou bem interessante nesse quesito.

Enfim, é um filme bem feito e divertido, que ficou um pouco no meio do caminho, pois agradará os pais que jogaram pebolim e conhecem mais de futebol, mas também trabalhou com uma linguagem um pouco infantil então pode ser que afaste alguns. No geral gostei do que vi e recomendo pra quem goste de animações sem se preocupar muito com um roteiro forte para adultos e também não tão bobo para crianças. Fico por aqui, mas nessa semana ainda temos muitos filmes para conferir e deixar a opinião aqui no blog. Então abraços e até breve pessoal.


Leia Mais

Crô - O Filme

11/30/2013 01:23:00 AM |

Que o Brasil anda produzindo uma quantidade enorme de comédias já que é o que andou dando mais público ultimamente, já ficou mais que evidente. Porém nem sempre pegar um personagem que foi um ícone em  uma novela funciona bem, para relembrar basta sintonizar o fiasco de risos que foi "Giovanni Improta" nesse ano mesmo. O que acontece com "Crô - O Filme", é algo bem semelhante, onde se ri bem pouco, mas que felizmente não possui somente o protagonista engraçado, tanto que um dos coadjuvantes rouba bem mais a cena e é responsável pelos momentos mais divertidos da trama, transformando Alexandre Nero no salvador da pátria, ou melhor do filme.

O filme nos mostra que após herdar a fortuna de Tereza Cristina, Crodoalvo Valério, mais conhecido como "Crô", está cansado da vida de milionário. Decidido a encontrar uma nova musa a quem possa dedicar sua vida, ele inicia uma busca pessoal que faz com que entreviste diversas peruas. Seu objetivo é encontrar aquela que seja melhor qualificada para que ele próprio possa servir como mordomo, assim como fez com sua antiga patroa. Entretanto, após muito avaliar, acaba percebendo que sua musa ideal é justamente aquela que jamais havia imaginado.

Bom, quem não assistiu a novela "Fina Estampa" não deve nem sonhar do que se trata tudo isso, e mesmo que falem que o longa pode ser visto sem que tenha assistido um capítulo da novela, garanto que a história não é bem assim, e talvez fiquem um pouco perdido demais com a quantidade de referências que o próprio autor da novela e agora roteirista do filme Aguinaldo Silva colocou. Claro que pra quem assistiu, a diversão até é um pouco melhor, mas quem desconhece o personagem e até mesmo tudo que ocorreu para que ele tenha chego aonde começa o filme, fica parecendo um fato isolado do mundo e de difícil entendimento. Porém a grande sacada do autor foi colocar um personagem, também da novela, como ponto forte da trama no caso o Zóiudo Alexandre Nero que consegue as melhores sacadas com seu personagem sempre junto do protagonista nas situações mais inusitadas. Agora que Bruno Barreto desceu de nível monstruosamente isso é fato total, pois depois do magnífico "Flores Raras" vir pra uma comédia fraca, foi só um modo de arrecadar dinheiro pro próximo filme, pelo menos espero, pois o diretor que é conhecido pelo filme que ficou mais tempo sendo a maior bilheteria nacional, "Dona Flor e Seus Dois Maridos", vir fazer comédia desse estilo, não têm outra justificativa. Outro problema do roteiro é que o diretor não consegue se situar entre os pontos propostos, ficando falho tanto na acusação de trabalho escravo em confecções, na comédia da escolha de uma nova musa, ou nas gags homossexuais.

O melhor do filme sem dúvida alguma, mesmo que alguns personagens sejam estranhos, é as atuações que conseguem seguir uma linha boa e agradar, principalmente quem já conheça os personagens da novela. Marcelo Serrado volta afiado como Crô, e faz bons trejeitos, mas também deixando quem é contra a forma exagerada que impõe bem irritado, tanto que mesmo alguns não indo ver o filme já reclamaram da sua postura, mas que fica engraçado ver ele dessa forma fica. Alexandre Nero era um mero coadjuvante fraco na novela, que passou a ter um pouco de sucesso mais ao final da trama, porém aqui ele assume de tal forma a base para o filme que diverte sempre tentando esquivar de ser considerado namorado, mesmo que imaginário, do protagonista. Milhem Cortaz é responsável por vários dos melhores papéis do cinema nacional atual, e aqui faz algo que de longe é seu pior trabalho, andando aos solavancos e sem nenhuma perspectiva que agrade o espectador, muito menos que seja lembrado pelo personagem. Carolina Ferraz tenta querer parecer malvada, mas o máximo que consegue é ser uma personagem de novela mexicana forçada que não sabe que tipo de atitude ter. Urzula Canaviri tem seu primeiro trabalho de forma interessante, mas poderia não ter tantas caras e bocas em algumas cenas, que quase consegue uma contratação pra "Turma do Didi" se ainda existisse, com o que faz em alguns momentos. Dos demais personagens e participações, e olha que não são poucas, fica difícil eleger algum destaque, mas como Kátia Moraes pelo menos tenta, dá para rir do congela e descongela nas cenas iniciais com suas caras, e além disso é finalmente mostrado de quem é o pé final da novela.

A equipe de arte caprichou pelo menos nas duas locações principais, sim apenas duas, pois o restante são meras esquetes rápidas iniciais que nem dá para ver algum grande trabalho de preparação, mesmo sabendo que essas cenas minúsculas que costumam dar mais trabalhos para a equipe de arte. E essas duas são tão bem montadas para que o filme ficasse com glamour ao menos, que a casa de Crô é toda cheia de referências egípcias e muito bem decorada para mostrar citações à tudo que o personagem sempre falava na novela, e a fábrica parece saída de outra novela "América", onde imigrantes ilegais trabalhavam em lugares sujos como escravos, mas ainda assim temos muitos elementos visuais interessantes que servem como uma pequena crítica social.

Enfim, poderia falar muito mal do filme, afinal levei minha mãe para ver que adora uma novela e ri de qualquer coisa, e só a vi gargalhar em poucos momentos, e isso é um índice na minha opinião bem ruim. Mas como o filme é rápido e possui momentos interessantes bem feitos, até que dá para assistir. Como a novela era muito assistida, vai lotar com certeza, e se duvidar devem aparecer com "Crô 2", quem sabe melhorando algo. Fico agradecido por ter visto na pré-estreia junto do pessoal da Rádio Difusora FM 91.3Mhz de Ribeirão que pelo menos numa sala cheia, você acaba rindo mais dá risada de outras pessoas, e assim, o que poderia ser lastimável assistindo numa sexta sozinho em horário ruim como costumo fazer, acabou sendo agradável ao menos. Devido à correria da Black Friday, acabei demorando pra terminar o texto e postá-lo aqui no blog, mas ainda nessa semana teremos muitos outros filmes e consequentemente novos posts por aqui, então abraços e até breve pessoal.


Leia Mais

Centro Histórico

11/27/2013 12:14:00 AM |

Se existe uma coisa que tenho pavor é curtas feitos sob encomenda para homenagear algo. E isso fica pior ainda quando os autores resolvem querer enfeitar o doce para não levar a lugar algum. Pois bem, "Centro Histórico" foi feito para celebrar a cidade de Guimarães, e embora em Portugal tenha sido super aplaudido pela população, como não estudamos nada da História dessa cidade e nos filmes não conseguem passar praticamente nada que realmente nos motive a estar vendo aquilo, não tem como assimilar, muito menos gostar de nada do que é mostrado, tendo uma esquete dramática que mostra que os pequenos comerciantes da cidade estão velhos demais para conseguir sobreviver numa cidade nova, uma ficção absurda sobre pactos de guerra, um documentário sobre uma fábrica que durou vários anos e a memória que as pessoas passaram sua vida ali possuem, e pra fechar com chave de ferrugem um passeio turístico mostrando estátuas da cidade.

Este longa-metragem coletivo celebra a cidade de Guimarães, no norte de Portugal. Que histórias tem para nos contar a cidade que viu nascer o Reino de Portugal? A resposta a esta pergunta nos é sugerida através de segmentos de quatro renomados realizadores: Aki Kaurismaki com o curta "O Tasqueiro", Pedro Costa com "O Lamento da Vida Jovem", Victor Erice com "Vidros Partidos" e Manoel de Oliveira com "O Conquistador Conquistado".

Não tenho nem muito do que falar, já que disse praticamente tudo que se passa nos 4 curtas no parágrafo inicial, e infelizmente não posso dizer nada de bom sobre praticamente nenhum, mas vamos tentar passar ao menos o que eles passaram pra mim, já que não posso analisar eles exatamente por não conhecer nada da História da cidade. "O Tasqueiro" chega a ser até razoavelmente bem produzido e consegue agradar pela ideia de que os pequenos comerciantes estão sofrendo para manter seus estabelecimentos abertos na cidade, com chegada de grandes empreendedores, e fica nítido que sua clientela não vai mudar, muito menos com suas tentativas ruins de mudanças, além de ser semi-mudo, o curta cansa pela deprimência que passa para o público. Em "O Lamento da Vida Jovem" é visto que jovens acabam fazendo pactos para conseguir benefícios nas guerras da vida, e quando são afrontados pela cobrança até brigam, mas temem não conseguir resolver frente à morte, os exorcismos que a ficção tenta passar é estranha e chega a beirar um purgatório o qual ninguém gostaria de passar, pois além de extremamente parado, a forma como tudo desenrola é entediante e desgastante. O melhor dos quatro curtas sem dúvida é o documentário "Vidros Partidos", que por uma visão de ex-empregados, um músico que não precisou trabalhar na fábrica e um ator que interpretou o filho do dono da fábrica conseguem eximir seus sentimentos e lembranças de como era o trabalho e a satisfação dos empregados de uma das grandes fábricas que durou muito tempo e deu emprego para praticamente todos da cidade, porém necessita de cortes melhores para que não ficasse monótono demais na duração exagerada. E pra finalizar o longa quis dar o tempo para ser inscrito como longa, e chamou o diretor mais velho em atividade no cinema para fazer um city tour pela cidade e gravar mostrando a ironia de um guia turístico ao mostrar que o que importa na cidade ainda são as estátuas em "O Conquistador Conquistado.

Pronto pessoal, não posso dizer mais nada do filme, que iria recair como ironia se falar qualquer coisa boa sobre ele, tão quanto o último curta. Recomendo somente para algum professor de História que queira incluir no seu pacote falar sobre a cidade de Guimarães, do restante fiquei com dó até de quem pagou na Mostra para assistir esse filme, pois pelo contrário, deveriam ser pagos para assistir e criticar para os diretores, para que eles fizessem algo melhor e só depois lançasse isso em qualquer lugar. Fico por aqui hoje, mas amanhã estarei de volta com uma pré-estreia da Difusora FM de um dos grandes lançamentos da próxima sexta, então abraços e até breve pessoal.

PS: Iria dar um jeito de dar nota 0, mas como o documentário achei interessante ao menos faltando apenas uma edição melhor, ficaremos com nota 2.


Leia Mais

Marina

11/27/2013 12:12:00 AM |

E mais uma vez uma vez sou gratamente surpreendido por ir assistir um filme sem saber do que ele se trata. Como disse algumas vezes aqui, prefiro chegar numa sessão completamente sem embasamento dele e as vezes sair feliz, do que chegar já com algum pré-conceito do que pode realmente atingir um longa. E com "Marina", apenas tinha lido uma pequena sinopse e visto o pôster, onde já havia apenas induzido se tratar de algo polêmico, mas o que me esperava muito pelo contrário, era um filme sutil, gostoso de ver, onde a história embora não seja muito conhecida, pelo menos por mim, já é de praxe, um pai que se revolta com a escolha do filho virar artista, querendo um emprego decente para ele, e esse contra sua vontade e contra todos que possam atrapalhar, vai lá e consegue fazer do seu sonho, seu ganha pão. Claro que muitos ao lerem esse pequeno parágrafo já irá dizer que viu milhares de outros filmes iguais, mas posso dizer que cada um consegue ter sua beleza e seu primor, e com esse filme ítalo-belga não é diferente por caracterizar um jovem num país onde não domina a língua, todos são contra estrangeiros, e além disso sofre todo tipo de discriminação inclusive pelo próprio pai numa época difícil na Europa.

O filme nos situa na Itália em 1948, onde o jovem Rocco cresce na Calábria, até que um dia seu pai Salvatore decide ir para a Bélgica, onde luta para ganhar dinheiro trabalhando numa mina de carvão. Logo, ele manda buscar a família. Do dia para a noite, Rocco vira um imigrante e tem que lidar com a nova situação. Rocco quer ser como os outros jovens, quer tornar-se alguém e ter um propósito na vida. Contra a vontade de seu pai, ele encontra um escape na música e no amor. Baseado nas memórias de infância do cantor ítalo-belga Rocco Granata.

É interessante ver a forma ritmada gostosa que o diretor Stun Coninx conseguiu imprimir num filme que poderia ser mil vezes mais dramatizado, e com essa levada parece que tudo é mais fácil de acontecer para o garoto, mas no decorrer do filme, vemos que não é bem assim que tudo acontece, pois tudo é bem difícil de dar certo e quando parece que vai dar rumo, alguma coisa ruim acontece e atrapalha tudo novamente. Além disso, o diretor que já conseguiu uma indicação ao Oscar de Filme Estrangeiro em 92, faz um paralelo que é bem bacana de ver em filmes, de acreditar num sonho e não desistir dele jamais, isso é raro ver em filmes dramáticos, e muito menos em Mostras de Cinema, que preferem manter um apelo mais forte nas temáticas, e com isso acabam entrando em vertentes nem sempre gostosas para que o público em geral assista. Com esse filme, acredito certamente que entrando em circuito comercial, teriam muitas pessoas que gostariam de vê-lo, principalmente quem viveu nos anos 60-70 que deve ter sido embalado pelas músicas que o cantor acabou ficando famoso. Outro ponto certeiro, foi o de não abusar tanto de closes, optando mais por planos médios e tomadas abertas, onde o ator com todo seu jeito italiano de ser que conhecemos bem, pode se expressar bem com as mãos e com o corpo todo, dando uma graça a mais para o filme.

Os jovens atores conseguiram manter bem o filme, pois como a interpretação forte recai quase sempre pro protagonista, seja na sua fase infantil ou depois quando jovem, sempre é sua ligação com o pai que faz os vértices da trama fluírem, e nesse quesito não somos decepcionados em nenhum momento. Na fase infantil, somos surpreendidos novamente com um novato frente às câmeras, Cristiaan Campagna começa bem no filme e mostra dinamismo para conseguir adequar tudo que o diretor quer que mostre, e faz bem, com caras de sofrimento, alegria e até mesmo nervosismo que o qual não demonstra em momento algum parecer nervoso de estar fazendo tudo que faz. Na fase adolescente, Matteo Simoni mostra sentimento forte e raça em desafiar tudo e todos, tenho a leve impressão de já ter visto ele em algum outro filme, mas não consegui achar nada pela sua filmografia, mas isso não vem ao caso, aqui ele faz bem na maioria das cenas, tirando certos momentos que força demais seu semblante parecendo estar um pouco irritado com o que está fazendo, pode ter sido algum problema interno que deixou transparecer frente às câmeras, mas que felizmente não atrapalha as demais cenas que faz bem demais. Luigi Lo Cascio coloca toda a postura para trás e não deixa brechas para nada de um pai bonzinho que aparenta ser no começo, claro que todo o sofrimento de trabalhar numa mina leva a isso, e o ator soube passar bem essa inversão de valores ao sair da Itália e ir para a Bélgica, e o experiente ator soube agradar mesmo sendo severo com o protagonista em alguns momentos. Donatella Finocchiaro faz o papel que toda mãe cai em filmes desse estilo, ocultando segredos para ajudar o filho e sendo doce quando precisa, e misteriosa para o pai quando precisa também, poderia ter feito uma cara um pouco menos sofrida, que chegamos a ter piedade dela em alguns momentos e tenho certeza de que não era isso que o diretor queria passar. Evelien Bosmans faz bem seu papel, mas acabou ficando um pouco opaca demais para ser alguém pela qual o protagonista deseje compor algo e deseje muito mais por ela, tudo que faz não dá a química necessária para chamar atenção pra si.

O visual do filme agrada no modo intimista que souberam demonstrar, mas embora mostrem que a família sempre foi discriminada por ser estrangeira e com isso mostra que são pobres num país teoricamente rico, ficou com uma sensação estranha de que o diretor tentou impor uma crítica social no meio do filme, mas acabou não ficando evidente. Ficou querendo ser chocante, mas colocando apenas panos mornos na tela. Em quesito de elementos cênicos souberam trabalhar bem para mostrar tanto a pobreza da família quanto das locações por onde passam, opondo com o restante da cidade, e isso ficou bem interessante de ver. A fotografia é um pouco suja, já que quiseram passar uma tendência de época, mas poderiam ter trabalhado mais com cores claras em algumas cenas que ficaram calmas demais e poderiam atingir outras vertentes se fossem mais dramatizadas.

Outro ponto que poderia ser melhorado, mesmo que colocando apenas as duas músicas mais famosas do cantor na adolescência, poderiam ter colocado outras canções mesmo que de pano de fundo, pois posso falar que já sei cantar de cor e salteado as duas canções repetidas a todo momento, e embora elas deem o ritmo que gostei no filme, ficou um pouco massante ouvir só elas.

Enfim, é um filme doce e agradável de assistir, nada que fosse surpreendente demais tecnicamente, mas que me surpreendeu por ser algo que nunca esperaria ver numa Mostra, e com isso vejo que finalmente estão pensando em colocar um público mais abrangente para assistir os filmes que desejam passar nesses locais também. É isso pessoal, recomendo sim o longa, principalmente para quem tem um sonho e a família não apoia, para que não desista jamais. Fico por aqui hoje, mas amanhã volto com o penúltimo longa da Itinerância da 37ª Mostra Internacional de São Paulo. Então abraços e até amanhã pessoal.


Leia Mais

Vazio Coração

11/26/2013 12:44:00 AM |

Nunca imaginei que fosse assistir um filme onde um ator que não é músico acabasse cantando bem e o filme não fosse um musical. Pois bem, hoje conheci o nacional "Vazio Coração", uma belo drama familiar bem orquestrado, onde o diretor e roteirista Alberto Araújo soube compor poesias bem ritmadas que na voz de um ótimo ator caíram agradavelmente e com uma história bacana acabou ficando um filme interessantíssimo de ver, algo simples, com uma mensagem bonita, onde souberam escolher uma locação bela e juntar tudo com uma melodia harmoniosa onde conseguiram fechar com sucesso mais um belo exemplar nacional que foge de trejeitos novelescos para um drama familiar bem pautado e dirigido com segurança mesmo que com alguns pequenos deslizes.

O filme nos apresenta Hugo Kari, um cantor de renome nacional que faz uma pausa em sua agenda para se encontrar com o pai, o Embaixador Mário Menezes, no Grande Hotel Termas de Araxá, onde a família passava férias no tempo em que Hugo era criança. Ali, naquele cenário de boas recordações para ambos, filho e pai tentam colar os cacos de uma relação quebrada por desencontros de sonhos, ideais e por uma tragédia que os marcou para sempre.

O diretor mostrou que poderia transformar um roteiro simples e que muitos até fariam facilmente num curta-metragem, e concebeu um longa que não precisaria dizer quase nada, somente falado pelas canções, que felizmente caíram bem na voz do ator Murilo Rosa, pois poderia virar uma tragédia se dublassem já que o longa pertence às canções, ao contrário do que costuma acontecer em outros filmes que as canções pertencem ao filme. Com isso, as boas composições do roteirista deram um tom, para que junto da história familiar, até um pouco piegas e novelesca em alguns momentos, fluíssem e acabasse determinando como resultado um filme agradável de ver e que não cansa. Poderia apenas não ter usado tanto recursos de câmera exagerados onde a cada plano muda de um lado para o outro que soaria mais natural, mas isso é um mero detalhe que quem não conhecer tanto de técnica até passará tranquilamente.

É engraçado falar das atuações, pois jamais achei que Murilo Rosa poderia se dar bem cantando, pois sempre assumiu posturas mais lineares que não davam oportunidade de se soltar mais, e aqui ele simplesmente chama o filme todo para si e consegue manter com consistência o personagem e principalmente a voz para não ter gafes tão ruins, claro que não é 100% perfeito, mas agrada bastante na maior parte. Ao contrário de Murilo, Othon Bastos ficou muito dependente da direção e acabou um pouco travado demais, parecendo estar desconfortável com algo, suas cenas chegam a dar pavor da dureza que impõe pro seu personagem, que embora seja um figurão respeitado, não ficaria tão estático nas cenas. Bete Mendes e Lima Duarte agem como avós tradicionais, que mesmo o neto sendo famoso saem abraçando e mimando demais, porém Lima exagerou do ar novelesco em muitas cenas e acabou deslizando um pouco, acabando até forçado demais. Larissa Maciel poderia ter dinamizado mais seu personagem, além de ficar evidente seu desfecho, esperaria um pouco mais além da beleza dela para ser usada. Os demais é preferível considerar mais como participação do que atuando, então não acrescentam muito no desfecho. Embora esteja reclamando de algumas atuações, um fator é inegável que todos deram muita ênfase nos diálogos dos personagens, então nesse quesito é interessante ver o que é mostrado, porém talvez necessitasse um pouco mais de ação do diretor na hora de exigir dos atores uma interpretação um pouco melhor.

Agora, que locação impressionante foi o Hotel da Rede Tauá, Grande Hotel Termas de Araxá, além de uma estrutura magnífica de visual, ainda possui umas ruínas que deram um ar de suspense no início do filme e poderiam até ter sido mais usado caso a vergência do filme não fosse para outros ares, espero ver mais filmes rodados ali, pois que lugar lindo. E com isso, a equipe de arte teve trabalho apenas de criar os shows do cantor, pois a cenografia já veio pronta com as locações escolhidas, então um serviço bem fácil pelo menos na maioria das cenas. Agora quanto aos shows e organizar a tietagem toda dos fãs, isso com muita certeza foi um problema bem grande que souberam administrar bem também. A fotografia toda trabalhada com luzes naturais, e claro muito verde da locação deu um ar muito bonito para a câmera e merecia até mais cenas abertas do que já teve, mas aí sairia do drama familiar focado, então o acerto foi bem feito, tirando como disse no início, o exagero de planos e contra-planos.

A trilha sonora nem tenho do que falar, afinal todas músicas inéditas compostas pelo diretor e interpretadas pelo ator Murilo Rosa sairão em breve como CD da Som Livre, e estão todas muitíssimo bem incorporadas na trama, e tirando alguns pequenos pontos que não encaixaram bem a poesia da letra com a harmonia da música, tudo soa bem gostoso de ouvir.

Enfim, é um filme bem interessante que vale a pena ser conferido sem preconceitos, pois o trailer não é dos melhores chamarizes para um filme nacional que vá agradar ao público em geral, mas ao conferir a visão é completamente diferente e agrada bastante, emocionando em alguns momentos e caindo bem no geral. Serve como alternativa dos tradicionais filmes novelescos nacionais que estamos acostumados a ver, e principalmente para ver uma trilha bem encaixada sem ser um musical. Fico por aqui hoje, mas ainda temos mais filmes para conferir nessa semana, então abraços e até breve com mais posts.


Leia Mais

Meteora

11/24/2013 12:19:00 AM |

Houve uma época que filmes que confrontavam o pecado frente à religião era uma moda, e tínhamos quase um por mês pelo menos, mas deram uma boa parada ao ver que o público já não aguentava mais a mesmice de sempre, até virem com algo bem chocante e parar. Pois bem, hoje vi que na Grécia aparentemente continuam com essa febre ao aparecer por aqui "Meteora", que tenta através de simbolismos e de momentos misturados com uma animação 2D bem bacana e um casal bem monótono mostrar que o sexo é um pecado que pode acabar com a humanidade, pelo menos através de pensamentos entre monges, mas ao adquirirem o prazer conseguem ilustrar que não era bem isso.

O filme nos mostra que nas planícies aquecidas da Grécia central, monastérios ortodoxos elevam-se acima de pilares de arenito, suspensos entre o céu e a terra. O jovem monge Theodoros e a freira Urania dedicaram suas vidas aos estritos rituais e costumes de sua comunidade. Um afeto que cresce entre eles coloca suas vidas monásticas em risco. Divididos entre a devoção espiritual e o desejo humano, eles devem decidir que caminho devem seguir.

O roteiro poderia ter sido mais trabalhado para que não ficasse somente preso à querer mostrar a rotina da cultura dos protagonistas, pois embora saibamos que em monastérios as pessoas somente rezam e possuem raros contatos com as pessoas de fora, isso começa a ficar tão vagaroso durante a exibição que o espectador começa a pensar pra onde será que o filme nos levará, e conforme vai misturando a rotina dos protagonistas com animações de suas mentes, começam a nos dar parâmetros do que imaginar, e vamos vendo o que o diretor quis passar sobre o pecado. Talvez se fosse feito apenas em desenhos, pois estão muito bem feitos e são interessantes de observar ao contrário dos personagens de carne e osso, poderia ser usado para disseminar em igrejas que o pecado as vezes tem salvação, as vezes não, mas precisaria também impor um ritmo melhor senão qualquer um que visse dormiria na sala. Porém o diretor Spiros Stathoulopoulos optou pela vertente mais difícil que é tentar alcançar carisma com os personagens para que o público talvez sentisse dó deles e gostasse mais do que veria, mas não foi feliz com o que fez.

Os protagonistas Tamila Koulieva-Karantinaki e Theo Alexander até conseguem ter boas expressões nos seus momentos mais íntimos, mas falta cadência para que saiam do seu papel que devem ter sido bem treinados para incorporar os rituais, e com isso fica realmente estranho ver o que querem passar nos seus sentimentos. Os demais aparecem somente para incorporar cena, e as vezes soltar um ou outro murmúrio, então nem convém falar de atuação.

O visual escolhido é muito bonito e com toda certeza devem ser monastérios reais, pois criar tudo aquilo seria de uma dificuldade imensa, e com isso, toda simbologia dos elementos cênicos usados para retratar a cultura é de uma beleza ímpar, mas somente um picnic ao ar livre não seria motivo para cativar toda a sensualidade dos dois, então precisaria de mais elementos para forçar o espectador a acreditar no romance. A fotografia trabalhou bem para colocar enquadrado o cenário escolhido e usar o máximo de luz natural para dar ambientalização, e nas cenas internas usou e abusou de iluminação de velas, dando um ar bem religioso e interessante.

Enfim, demorou mas apareceu o primeiro filme chato da Itinerância da 37ª Mostra Internacional de São Paulo, afinal filmes de mostra por colocar um pouco de tudo, acaba pegando algumas coisas estranhas, e já estava estranhando chegar ao final de diversos filmes e sempre falar que todos eram ótimos. Não recomendo esse para ninguém que espere ver um filme com nuances técnicas, somente para quem quiser estudar um pouco sobre a cultura dos monastérios e o pecado sendo implantado. Fico por aqui hoje, mas essa semana ainda teremos vários outros filmes para assistir e compartilhar aqui com vocês, então abraços e até breve pessoal.


Leia Mais

Santo Marcos - Goleiro de Placa

11/23/2013 06:18:00 PM |

É engraçado ir ao cinema ver documentários de personalidades vivas, pois geralmente as homenagens e pesquisas começam a surgir quando essa pessoa parte da nossa Terra, mas hoje Ribeirão Preto foi uma das cidades escolhidas para receber a cópia do filme "Santo Marcos - Goleiro de Placa" por possuir um grande número de palmeirenses dentre a população, pelo menos esse foi o quesito divulgado pela distribuidora para escolher suas 8 cópias. Mas o grande charme da produção está em ver como um goleiro pode se tornar um mito tão grande que mesmo pessoas de outros times, o qual ele nunca defendeu a camisa, passam a gostar e com isso acredito que as salas não estarão repletas somente de palmeirenses, mas sim de pessoas que torceram sempre para que esse grande homem se desse bem na vida desde sua saída de Oriente-SP para ser aclamado pelo mundo.

O documentário tenta nos mostrar o que faz uma pessoa, um atleta, um jogador de futebol, um goleiro, virar Santo? Depoimentos marcantes apresentam o "Santo" dentro e fora dos gramados. Ronaldo, Romário, Neymar, Cafu, Edmundo, Evair, Ademir da Guia, Luiz Felipe Scolari, Vanderley Luxemburgo, Rogério Ceni, Vampeta, Marcelinho Carioca e muitos outros depõem contando as histórias desse mito.

O que gosto de observar em documentários é a forma que o diretor soube trabalhar bem com a pesquisa, pois já vi diversos filmes que procuram idolatrar uma pessoa, mas não buscam desde onde ele começou, pula algumas partes, não mostra que a pessoa teve problemas ruins na carreira. E aqui, Thiago Di Fiore, Fábio Di Fiore e Adolfo Rosenthal levantaram números, foram atrás de depoimentos e imagens contundentes e tudo mais sem quase nem precisar dos depoimentos originais da pessoa, pois era um grande medo meu, já que como a pessoa está viva, poderia ficar falando como foi isso, como foi aquilo, e acabaria quase sendo um quadro de homenagens do Faustão, o que o longa passa bem longe.

E com os depoimentos de palmeirenses e até mesmo rivais em campo, fica claro o que o longa quer mostrar dito na sinopse, de como seus milagres frente a chutes impossíveis de pegar, o goleiro acabou se tornando um santo para sua torcida, e com isso acabou chegando à seleção nacional onde acabou sendo idolatrado por todos. E principalmente, mostrando que sua humildade e caráter presentes durante toda sua trajetória, fez com que todos os que depõem no filme não sejam torcedores de um time, mas sim devotos de tudo que mostrou e pode ainda mostrar mesmo estando fora dos campos.

Fui numa sessão de horário ruim, então havia poucas pessoas na sala, mas é notável ver pessoas chorando emocionadas com o que viam, outros aplaudiam fora do momento, riam, e isso será notório em todas as sessões assim como foi quando vi o documentário do time do Bahia, então recomendo com certeza para todos que tiverem oportunidade de onde estiver passando que assista, pois poderá conhecer um pouco mais desse mito que ajudou e muito nossa seleção à ser campeã em 2002 e que em sua aposentadoria teve direito à até uma procissão de santificação em sua homenagem, e agora conta com um filme para mostrar toda sua trajetória desde quando foi comprado por 12 pares de chuteiras até o final da sua carreira como jogador. Fico por aqui hoje, mas amanhã temos mais uma sessão da Itinerância da Mostra para conferir, e durante a semana muitos outros filmes estarão por aqui, então abraços e até breve pessoal.

PS: O Marcão em si vale nota 10, mas poderiam ter economizado em algumas músicas banais que deixaram alguns momentos exageradamente cômicos tirando um pouco do foco do profissionalismo, então reduzi a nota por isso.


Leia Mais

Última Viagem a Vegas

11/23/2013 05:19:00 PM |

Acho engraçado ver as expectativas que alguns grupos criam em cima de alguns filmes, quando me disseram que "Última Viagem a Vegas" seria um "Se Beber Não Case" da terceira idade, achei um pouco exagerado pois cria uma expectativa de coisas insanas acontecendo com velhinhos, então apague essa impressão da cabeça e pense apenas na seguinte situação: uma bonita renovação de amizade após muitos anos separados, onde os amigos passam a fazer tudo que gostariam mesmo aos seus 60 e poucos anos. O filme é doce, descontraído, bonito de se ver, e até divertido sem ser exageradamente engraçado como esperaria se fosse o tanto que falaram, mas agrada bastante pela química boa que existe entre os quatro aclamados atores.

O filme nos apresenta Billy, Paddy, Archie e Sam, amigos desde a infância. Billy, o solteirão compromissado do grupo, finalmente pede em casamento sua namorada de trinta e poucos anos e os quatro vão a Las Vegas com planos de parar de agir como velhos e reviver seus dias de glória. No entanto, ao chegar, os quatro rapidamente percebem que as décadas tem transformado a Cidade do Pecado e testado suas amizades de várias formas que nunca imaginaram. O Rat Pack pode ter reinado no Sands e o Cirque du Soleil talvez agora comande a Strip, mas são esses quatro que agora mandam em Vegas.

O que acontece quando um roteirista de muitos filmes infantis encontra com um diretor de filmes fantasiosos e resolvem fazer um longa sobre a terceira idade, essa pode ser uma boa definição do que esperar ver na tela, pois o que Dan Fogelman escreveu é praticamente literal, não existindo nenhuma abertura para vertentes, assim como em animações, e tirando um ou outro momento que possa até surpreender o espectador, o restante é tudo bem premeditado, porém bonito de ver, emocionando tanto como nas animações. Para tentar compensar o roteiro, o diretor Jon Turteltaub fantasia e põe alguns momentos originais no meio da trama que dão um pequeno gás, mas não consegue fazer com que os figurões já oscarizados saiam da sua praia segura e façam besteiras que queimaria fácil seu filme. Mas tirando o roteiro raro, os atores são muito bem dirigidos e por se conhecerem há muito tempo, eles trabalharam com uma interação que o diretor não necessitou esforços, claro para fazer coisas normais, e conseguiu orquestrar um filme agradável de assistir e descontrair numa Sessão da Tarde.

Imagino que tirando as grandes exigências que fazem, trabalhar com grandes estrelas como é o elenco desse filme deve ser moleza para o diretor, pois são 297 trabalhos feitos e 7 Oscars se somarmos apenas os 5 protagonistas, e todos são conhecidos de longa data, então tudo que fazem é com a maior naturalidade possível e mesmo criando novos personagens, todos já sabemos como cada um é, e isso que é o bacana de ver. Michael Douglas não é o mais novo do grupo na realidade, mas com 69 anos reais ainda é o que deve chamar mais atenção das mulheres por ter um ar mais galanteador, sendo assim ficou bem cabível o papel de conquistador, e ele o faz com muita precisão e até um pouco de canalhice, o que durante a história acabamos sabendo um pouco mais e ligando os pontinhos da rixa dele com De Niro. De Niro é apenas um ano mais velho que Douglas, mas está um pouco mais acabado, e está tão calejado dos mesmos papéis que fica difícil enxergar qualquer personagem diferente que queira fazer, então agrada sendo bem turrão. Kevin Kline é o mais novo na vida real do grupo, com apenas 66 anos, mas assim como outros na sessão, é notável um dos que envelheceu rapidamente, estando quase irreconhecível de muitos outros papéis, porém embora seja o que fez mais filmes de dramas, é o mais animado em cena com seu personagem, só poderia ser um pouco menos repetitivo, mas acredito que isso estava preso no roteiro. Agora Morgan Freeman é unânime o melhor de qualquer filme que entre mesmo que seja para fazer uma ponta mínima, sua cena fugindo de casa é de fazer chorar de tanto rir, dentre tantas outras que o nosso ídolo de 76 anos, que deve ter ficado muito feliz ao ser colocado com idade na casa dos 60 no filme, faz para deixar o ar cômico do filme nas alturas. Mary Steenburgen é tão fofa com seu personagem que mesmo na sua cena de mais impacto, ainda continua sendo singela e agradável com seus também não aparentáveis 60 anos. Dos demais personagens vale ressaltar algumas cenas de Jerry Ferrara que exagera um pouco em determinados momentos, e Roger Bart que consegue agradar tanto com bons diálogos quanto ao representar duas personalidades distintas com maquiagem. Vale ressaltar também a aparição maluca do cantor e líder do LMFAO, Redfoo, que pra variar fez todas suas bizarrices em 2 minutos cortados de filme.

O visual de Las Vegas está tão batido, que se algum dia eu viajar pra lá, saberei me localizar facilmente, mas o interessante que a equipe de arte fez, foi ficar praticamente dentro somente de um hotel, fazendo tudo por lá, e tendo apenas algumas cenas fora para complementar, e isso não agrada muito em valor artístico, mas facilita bem o custo da produção que com certeza ficou todo na contratação do elenco. Mas a falta de muitos elementos cênicos nas cenas dos velhos é compensada na abertura com os jovens atores que agradam bem rapidamente com o que fazem, tendo trabalhado com uma produção minuciosa de elementos para uma pequena cena. A fotografia utilizou de uma paleta bem variada de cores para dar mais alegria ao clima bucólico que o filme poderia ficar se fosse mais calmo, e não erra em trabalhar sempre enaltecendo os protagonistas com uma iluminação diferenciada do restante do ambiente.

Enfim, é um filme interessante, com ótimas atuações, e uma mensagem bem bacana de amizade para toda a vida, e deve ser chavão em diversos horários da tarde na TV, no cinema a distribuidora foi esperta em semi lançar ele com 2 semanas de antecedência em premieres pagas para ir testando realmente a quantidade de cópias que deve soltar na estreia dia 06/12, e com isso aproveitar que a maioria já assistiu os grandes blockbusters que ainda perduram nas salas, e a falta de outros filmes de maior apreciação. Recomendo ele mais como uma diversão amena, não passando nem perto da grande divulgação que andam falando sobre ele. Fico por aqui nesse texto, mas nessa semana teremos muitos filmes para conferir e compartilhar a opinião aqui com vocês, então abraços e até breve pessoal.


Leia Mais

Sobrenatural - Capítulo 2

11/22/2013 09:15:00 PM |

Se existe um gênero no cinema que anda crescendo muito é o de filmes de terror que envolvam espíritos, e ou são excelentes ou acabam ficando extremamente sem nexo, apenas assustando as pessoas sem propósito algum, e acabam sendo esquecidos tão logo o susto passe, ou em outros casos, fazem com que as pessoas mais deem risadas do que fiquem com medo de algo. Pois bem, que eu sou um fã nato dos últimos filmes do diretor James Wan já é um fato consumado, e ele conseguiu um feito raro, principalmente no gênero, que é fazer uma sequência melhor e mais consistente que a versão original, transformando "Sobrenatural - Capítulo 2" num filme interessante por colocar pingo nos is em tudo que ocorre desde a primeira cena, mas também conseguindo assustar com aparições repentinas quem estiver meio tenso procurando algo na cena. Porém temos um problema, quem não tiver assistido o primeiro filme talvez irá ficar meio deslocado com muito do que ocorre, talvez até saindo do cinema irritado com o que verá, pois ficaram coisas em aberto no 1 que aqui foram fechadas, mas quem não souber não existem links claros do que ocorreu, como em outros filmes do gênero fazem.

O filme que é sequência de Sobrenatural (2010), nos mostra que a família Lambert, formada por Josh, Renai e Dalton, voltam a lidar com uma série de assombrações e lutam para descobrir um segredo aterrorizante que os deixou perigosamente conectados com o mundo dos espíritos no primeiro filme, e agora vem mostrar como ficou o destino da família em relação ao final do primeiro filme.

Um fator marcante que o diretor consegue passar é a forma de construção da história, pois ao mesmo tempo que os personagens vão ganhando seus trejeitos, nós meros espectadores vamos entrando no clima junto com o que nos é apresentado, não dando sustos gratuitamente, muito menos abusando de computação gráfica para impressionar. E isso faz dele um dos melhores diretores da atualidade no gênero, porém poderia ter feito a história de forma paralela para adquirir novos espectadores e não apenas agradar aqueles que já conheciam a história original. Mas tirando esse pequeno defeito, a trama que consegue nos contar, finaliza completamente a investigação que ficou aberta em 2010, e agora após o total sucesso que foi nos EUA com certeza o novo caso que é aberto no final em breve deve gerar um capítulo 3, livre da família Lambert e agradará mais ainda. O diretor aproveita sua mão boa para captar momentos tensos com os protagonistas e firma cada vez mais a expressão dos protagonistas numa câmera sem muitos movimentos bruscos e com isso acaba agradando muito quem já for fã dele. Além disso, acaba deixando ainda mais interessante a história por focar em possibilidades verossímeis para quem acredita no que é mostrado, mesmo não necessitando em momento algum dizer que é uma história baseada em fatos reais, muito pelo contrário, vindo das mentes dele e de Leigh Whannell, que lhe ajuda nas histórias mais assombrosas desde "Jogos Mortais". Apenas para explicitar números, o capítulo original custou U$1,5 milhão e rendeu U$94 milhões, enquanto esse custou U$5 milhões e até o presente momento, antes mesmo de estrear no principal país fã do gênero, o Japão, já arrecadou U$85 milhões, então novamente se pagou e sobrou muito.

O elenco por já conhecer a trama, não ficou tão aterrorizado como no original, e isso acabou pecando um pouco nos trejeitos, pois agora parecem mais nervosos do que assustados. Patrick Wilson poderia ter conduzido melhor seus momentos de nervosismo, pois a forma violenta que age, acaba ficando um pouco exagerada na tela, mas ao mesmo tempo, seus momentos no Além, mesmo que por pouco tempo, acaba concluindo a história muito bem, e acredito que se o diretor tivesse optado mais nesse sentido agradaria mais ainda. Se no primeiro Patrick, mesmo não dando tanto conta do recado, conseguiu chamar atenção, aqui a vez foi de Rose Byrne que nos seus momentos de maior tensão dá a cara a tapa, literalmente, para sofrer e muito com os espíritos do mal, e seus trejeitos auxiliam demais a tensão que o diretor quer passar nas primeiras cenas. O garoto Ty Simpkins, diferente de muitos amiguinhos seus que só fazem filmes de terror, anda conseguindo oscilar filmes de ação no meio de seu currículo para não ficar tão traumatizado na vida adulta, pois seu envolvimento nas cenas tensas do primeiro filme, voltam a ficar bem fortes em alguns momentos do novo filme e daria para deixar alguém com uma cabeça aberta, geralmente todos atores possuem, com problemas futuros. Barbara Hershey poderia ter dado mais pelo filme, não demonstrando nenhuma tensão nem nos momentos mais fortes que participa, por exemplo no hospital, e isso acaba atrapalhando um pouco já que ela fica a maior parte do filme enquadrada junto com os demais. Lin Shaye é interessante em diversos momentos por saber fazer trejeitos agradáveis e funcionais para a trama, e mesmo estando morta acaba auxiliando tudo na investigação, agora é esperar se vai assinar os próximos, pois aparenta que deva ser a protagonista nas demais continuações. Steve Coulter não agrada tanto como um comunicador de espíritos e sua interpretação mostra quase um jogador de "Jumanji" que não está acreditando nem um pingo do que está fazendo. Claro que assim como em quase todos os filmes de Wan, o roteirista Leigh Whannell atua, e poderia ter feito algo menos cômico, pois se a intenção era quebrar a tensão, ele junto de Angus Sampson conseguem e até atrapalham em diversos momentos. Dos espíritos valem destacar os dois protagonistas, Danielle Bisuti e Tom Fitzpatrick que conseguem ser bem macabros na medida certa.

Outro grande fator sempre bem presente nos longas de Wan é a direção de arte bem pautada nos anos 80, que ficam na medida certa para assustar, ainda bem que era pequeno demais e não me lembro tanto de coisas assustadoras dessa época, mas não iria morar nunca numa casa como a que os protagonistas vão, saindo de uma tensa, para uma 10x pior. E a equipe de arte trabalhou tão bem para colocar todos elementos assustadores condizentes sem que ficassem pesados ou fora de contexto que agrada muito tudo que aparece na trama, fazendo o longa ficar mais tenso ainda. A equipe de fotografia poderia apenas ter tonalizado mais para o preto do que para o marrom, que intensificaria mais ainda as cenas tensas, mas nos momentos que retoma o além mixando vermelho com preto esfumaçado ficou muito bom de observar o que quer passar.

A trilha de Joseph Bishara já está sendo quase padrão em todos os filmes de terror, e ele sabe muito bem pontuar a tensão, indo aumentando gradativamente os momentos que devem ficar mais tensos com o ponto culminante de susto, e isso agrada bem, pois não ficamos tendo apenas sustos gratuitos como ocorria em diversos filmes.

Enfim, é um bom filme, longe de ser excelente, mas que agrada bastante por finalizar a história começada em 2010, quase sendo como um jogo de futebol, onde os jogadores trocaram de lado ganhando o jogo, mas continuam no campo jogando bem para ganhar ele. Recomendo quem for assistir, e principalmente gostar do gênero, que assista o primeiro se não tiver assistido ou não lembrar bem dos detalhes, pois fará falta. E para quem não for fã de filmes de espíritos, passe bem longe da sessão, pois a chance de reclamar de tudo que vê é altíssima. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas daqui a pouco irei conferir uma pré-estreia, então abraços e até daqui a pouco.


Leia Mais

A Montanha Matterhorn

11/18/2013 01:11:00 AM |

É estranho um filme que tem um miolo todo metódico, pra não dizer chato, que você já está pronto para aniquilar no seu texto, e ele vir com um final tão perfeito que até passa a gostar mais de tudo que foi mostrado. Pois bem, aconteceu exatamente isso ao assistir "A Montanha Matterhorn", o primeiro longa holandês que eu lembro de ter assistido. Já havia visto outros longas que mostra toda essa paranoia com horários, de fazer tudo certinho, dominar o outro de certa forma, mas nunca algo que ficasse 100% preso nisso, e quando o estranho entra na vida da pessoa organizadinha, assim como já está na sinopse, já se imagina que haverá uma quebra de paradigmas, mas não, ele tenta colocar a pessoa no mesmo eixo estranho. Porém quando ocorre o clímax e vem o grande choque, o longa toma uma vertente tão interessante que praticamente tudo de ruim, quase é apagado das nossas mentes e ficamos apenas com a música emblemática final e toda a simbologia que representa, mesmo para quem pegar a ideia antes do final mesmo, e isso é magnífico, pena que demora demais para decolar.

O filme nos mostra que Fred tem 54 anos e mora sozinho. Ele anda pela cidade de ônibus, frequenta a igreja e janta vagem com carne e batatas todo dia às 6 horas em ponto. Um dia, Theo entra na vida de Fred e transforma sua rotina. Influenciado pelo estranho, Fred começa a se desprender e passa a explorar um mundo maior.

O interessante do longa é explorar as mudanças de vértices que o protagonista toma, principalmente ao ir conhecendo mais sobre o estranho que ele dá abrigo, pois começa inserindo ele no seu meio, e quando vê já está mais no dele que no seu. E isso torna a experiência em alguns momentos bem estranha de assistir. Porém a genialidade que o diretor teve em colocar um final completamente anverso ao que se espera, foi incrível. Poderia claro ter dado um ritmo um pouco menos monótono durante a execução, mas se formos observar pelo final, talvez não tivesse o mesmo impacto. Além disso, por conseguir montar uma ideia completa do ambiente, a narrativa consegue ilustrar tudo e mais um pouco da vila, dos personagens e tudo mais, criando em apenas 96 minutos algo que alguns necessitariam de no mínimo 120 minutos, e isso é bem inteligente de se observar.

Garanto que nunca imaginei ver atuações tão metódicas, e isso é tão estranho que fiquei curioso para ver mais filmes dos atores, para saber se é o estilo deles de atuar ou do próprio diretor de dirigir ou se é algum estilo próprio do país. Mas isso só saberei assim que conferir outros, o que acho bem difícil de conseguir, mas tentarei. Ton Kas começa tão na defensiva que passa uma imagem fechada e de difícil acesso tanto ao seu personagem quanto a sua interpretação, e isso é ruim, pois poderia dar tudo errado, mas como ele consegue tomar as rédeas facilmente na segunda metade do filme, mostra um teor tão agradável de ver que impressiona. Já vi atores fazerem muitos filmes com poucos diálogos, mas o que René van 't Hof fez hoje é de outro planeta, o ator passa por tudo apenas usando seu gestual e pouquíssimas palavras e o melhor é que consegue convencer a todos de seu problema além de ser o tino divertido da história. Porgy Franssen agrada nos momentos em que tenta se destacar como membro chefe da igreja da vila, e no momento que é revelado seu segredo com os acontecimentos do protagonista, fica uma tensão muito forte na interpretação que ao mesmo tempo que dá um choque no espectador, acaba confundindo um pouco mais tudo. Todos os demais fazem bem seus papéis, mas o destaque mesmo é para a forma interpretativa da canção final com Alex Klaasen que resume tudo o que se possa pensar num momento único de interpretação e sentimentos.

A vila criada ou escolhida para ser parte principal do cenário do filme é algo que em hipótese alguma possa parecer real, pois são várias casinhas, com moradores todos de cultura extremista cristã, onde a religião domina todas as forças possíveis, e isso além de caracterizar demais o filme, mostra toda a veracidade que a equipe de arte tenta passar ao ilustrar ela, e mais do que isso ainda colocar como parte da história o contexto passado. Além disso, toda a influência dos animais como parte da história dá um charme a mais para a trama. A única coisa que ficou mais estranho do que o normal, se é que dava para ficar mais estranho, são as festas "animadas" pelo protagonista cantando e o seu parceiro imitando os animais, sinceramente se eu visse isso numa festa acho que ficaria mais com medo do que animado, mas tudo bem é a proposta do filme, então ficou interessante ao menos. O longa também é riquíssimo em elementos cênicos que remetem sempre à algo na história, acabando por fazer parte do contexto, como o relógio, a forma de comer a bolacha, entre outros. A fotografia aproveitou muito do clima da região para as cenas externas, valorizando bem a luz natural e nos momentos que necessitou luz, como nas internas ou na cena de chuva, optou por usar um contraluz bem leve para apenas chamar a atenção para o ponto que necessita.

Enfim, ao mesmo tempo que o filme é estranho, ele possui seu charme, poderia ser feito de forma a chegar no mesmo resultado brilhante do final sem precisar do exagerado começo e miolo monótono, mas como disse, pode ser que seja algo do estilo de filmes do país, mas com certeza faria esse Coelho mais feliz com o que viu. Vale a pena ver mais como uma ideologia cultural, e para mostrar que sempre é possível quebrar paradigmas e preconceitos se levarmos em conta o bom senso, então só por passar essa mensagem, já valeu o filme. Encerro aqui essa semana cinematográfica bem curta, torcendo para que venham muito mais filmes na semana que vem, então abraços e até sexta.


Leia Mais

Blue Jasmine

11/17/2013 01:34:00 AM |

Existem algumas perguntas em minha mente as quais não gostaria de responder, uma delas é até que ponto vale idolatrar um diretor mesmo que ele não faça um filme genial sempre? Pois bem, sabemos que Woody Allen apresenta praticamente um novo filme dirigido por ele por ano desde quando começou a dirigir em 66, falhando apenas em 67, 68, 70, 74, 76 e 81, então não podemos esperar que todos sejam grandes obras de arte, claro que o que vemos em "Blue Jasmine" é seu tradicional texto recheado de bons diálogos, onde os protagonistas mostram toda sua capacidade de atuar, mas está muito longe das grandes obras que já fez, sendo algo bem mediano para dizer a verdade.

O filme nos mostra que Jasmine vive na alta sociedade em Nova York. Sua vida muda completamente quando ela separa-se do marido e perde todo seu dinheiro. Com isto ela é obrigada a ir morar com sua modesta irmã em São Francisco. Agora, distante de seu luxuoso universo, Jasmine precisará reorganizar toda sua vida.

A forma desconstruída do roteiro, indo e voltando com a loucura que a protagonista tem em sua mente ao juntar os fragmentos de tudo que ocorreu ao ouvir algo à respeito do momento é bem interessante, e agrada por não termos um filme retinho. Mas faltou definir pra que lado o diretor resolveria atacar, ficando bem no meio termo entre drama e comédia, não cumprindo nenhuma das duas metades. Não vou falar que não existem momentos cômicos, mas é um humor tão simplório que fica difícil ficar feliz. Além disso, o diretor optou por querer mostrar que muitos vivem de aparências em algumas cenas, e com isso chega a ser até uma dura crítica a sociedade atual que é fã de seus filmes, então é quase raro não enxergar o incômodo que causa em alguns espectadores, ou seja, atingindo o que gostaria. E embora tenha um ritmo até acelerado, acaba cansando pelo fator da indefinição, pois parece perdido em meio a tantos tiros no escuro.

Agora se tem uma coisa que não podemos reclamar nunca dos textos de Woody Allen é o favorecimento que dá para que seus atores se destaquem, e a prova disso está na desconcertante Cate Blanchet que em certos momentos parece ter sofrido uma abdução extraterrestre, onde sua loucura parece quase explodir e solta textos imensos rumo ao vento pelo olhar perdido que está, e isso não é ruim de forma alguma, pois mostra a ótima interpretação que faz da loucura o seu próprio personagem, diga-se de passagem preferiria que ela ficasse off assim o filme inteiro que seria muito mais rico. Sally Hawkins está perfeita ao mostrar um personagem que ao mesmo tempo é desesperador por só arrumar perdedores como diz a irmã, e feliz por mostrar que gosta de ser desse jeito, não precisando de um status para que sua vida seja agradável, então seus trejeitos oscilam muito nos dois momentos em que passa, sempre procurando manter uma felicidade estampada no rosto. Alec Baldwin participa apenas desses momentos de flashback e geralmente faz sua tradicional interpretação de empresário rico e galanteador que estamos acostumados a ver em milhões de filmes, então não agrega valor quase nenhum à trama. Os maridos de Sally, Bobby Cannavale e Andrew Dice Clay agradam tanto pela canastrice que passam ao serem exóticos demais, quanto pelas boas atuações que fazem nos devidos momentos, claro que Bobby tem mais participação e com isso até mesmo um choro mais falso impossível consegue agradar. Os demais atores até fazem bem seus personagens, mas todos acabam sempre sendo caricatos ao estarem presentes apenas para dar a deixa para as protagonistas, destacando apenas a investida maluca de Michael Stuhlbarg e a forma calma que Peter Sarsgaard faz nos seus momentos.

O visual de São Francisco não é dos mais charmosos que Woody Allen já filmou, mas tem o seu carisma pessoal ao retratar bem tanto as áreas e pessoas mais estranhas do lado pobre, quanto a riqueza que alguns podem ter, além de mostrar a Nova York dos riquíssimos para dar o oposto completo das vidas que a protagonista passa durante sua trajetória. O mais interessante é ver que as realidades mostradas acabam acontecendo de certa forma costumeira de se ver, por exemplo aprender computação quando mais velho, ir a trabalhos menores mesmo depois de ser muito rico em alguma época e até aprender a conviver com pessoas que não estava acostumada, e isso o diretor utiliza muito dos elementos cênicos proporcionados pela equipe de arte, o que acaba agradando bem. Podemos dizer que nesse filme Woody nem deu trabalho para a equipe de fotografia, pois usando praticamente só a luz natural do ambiente não relevou nada para dar alguma grandiosidade ou para chamar atenção para algo, mas mesmo assim temos bons ambientes que foram retratados em sua maioria em planos abertos e assim valorizaram o que era mostrado pelo menos.

Enfim, é um bom filme, mas não chega nem perto dos últimos excelentes filmes que Woody fez. Fui sedento demais ao pote esperando que surgisse um novo "Meia Noite em Paris" e vi algo mais próximo de "Você Vai Conhecer o Homem dos Seus Sonhos" que não é genial, mas é bonitinho pelo menos. Recomendo à todos que forem assistir, que não assistam o longa cansados, pois a chance de dormir é alta, ainda mais se for em uma sala mais confortável. Agora é aguardar se o filme de 2014 dele voltará a ser algo que valha a pena ou se começou mesmo a decair na qualidade. Fico por aqui, mas ainda nesse domingo confiro mais um longa da Itinerância da Mostra, então abraços e até mais tarde.


Leia Mais

Cine Holliúdy

11/16/2013 06:31:00 PM |

Ia tentar escrever o texto inteiro em cearensês, mas não iria conseguir, então melhor apelar para o português mesmo pra falar desse filme chamado "Cine Holliúdy" que possui uma linguagem própria, mas mantém a grande essência principal que é o amor pelo cinema, pela arte de contar histórias numa tela grande, onde a cidade, os amigos e até os inimigos se juntam para ver uma obra que muitas vezes nem entendemos o que ela diz, mas consegue nos empolgar, emocionar e porque não dizer também refletir. Muitos irão reclamar de não ser uma comédia onde possa rir horrores, mas a principal mensagem é passada com muita fidelidade e quase faz chorar com o letreiro final onde diz que no Ceará dos 184 municípios apenas 5 possuem cinemas, isso me dói o coração demais, pois não sei vocês que leem meus textos, mas eu não sobreviveria

O filme nos situa no interior do Ceará, na década de 1970. A popularização da TV permitiu que os habitantes da cidade desfrutassem de um bem até então desconhecido. Porém, o televisor afastou as pessoas dos cinemas. É aí que Francisgleydisson entra em ação. Ele é o proprietário do Cine Holiúdy, um pequeno cinema da cidade que terá a difícil missão de se manter vivo como opção de entretenimento.

A forma de condução da história é bem divertida e nos remete a ver um movimento que anda voltando com força que é a briga dos cinemas contra as televisões, pois se naquela época um tubo pesado e quadrado quase conseguiu derrubar a existência dos cinemas, o que pensar de algo agora fininho de alta tecnologia e alguns até de melhor qualidade que a imagem de um cinema pode fazer? Mas vou procurar me concentrar que isso não irá ocorrer, e esse será apenas mais um pesadelo que rondará minha mente. E o diretor Halder Gomes foi muito feliz em idealizar esse filme com base em seus dois curtas-metragens, fazendo tanto uma homenagem à sétima arte quanto ao público que quis atingir, e com isso conseguiu em pouquíssimos cinemas do nordeste conseguiu uma bilheteria de fazer inveja a grandes nomes do cinema nacional e internacional, fazendo com que distribuidoras grandes corressem atrás para mostrar aos demais estados do Brasil o que é o cearensês e principalmente como é esse "Cine Paradiso" brasileiro, o nome pelo qual muitos críticos internacionais andam chamando o longa lá fora. Confesso que estava esperando demais a oportunidade do longa chegar ao Sudeste, e já estava até descrente de que viria para o interior, mas veio, e pude conferir que é um filme muito bem feito com um baixíssimo orçamento, e que consegue passar a ideia primária de humor e bom senso para fazer o princípio de que o cliente tem sempre razão, e que deve buscar agradar exatamente o que ele quer ver. Usando dessa ideia podemos parar para pensar um pouco e ver o porquê muitos blockbusters acabam lotando enquanto filmes cheio de ideologias pensantes acabam sendo desprezados nas salas de cinema, seria porque o povo não quer mais pensar ou não é aquilo que ela quer pagar para ver? Vou parar com tantas reflexões, senão não falo do filme, mas que o diretor tocou numa ferida enorme com muito álcool querendo ou não, tocou!

As atuações são bem simples, não tendo nenhuma grande eloquência, já que todos são muito caricatos e tendem a forçar um pouco a expressão para conseguir colocar em prática exatamente todos os tipos de pessoas que existem num único lugar, assim como já é apresentado em fotografias logo no início do filme colocando ao invés de nomes, a "qualidade" de cada um da cidade. Quem vale a pena destacar mesmo é o protagonista Edmilson Filho que já vem junto de Halder desde os curtas e mostra uma desenvoltura ímpar nos enquadramentos, seja falando muito bem e conseguindo contar suas histórias inventadas para quem quiser escutar e tentar entender imaginando tudo aquilo, como seu filho faz, ou até mesmo para abrilhantar uma sessão onde o projetor acaba estragando e salvando a sessão, com isso seus trejeitos estão tão bem encaixados que fica difícil não gostar dele, o problema será remover o sotaque dele para outros filmes ou ter muitos outros filmes do estilo para que possa agradar cada vez mais. Os demais atores todos fazem parte da trama apenas auxiliando tudo e fazem bem, mas a esposa poderia ter participado mais da trama, que quem sabe ela se destacaria também, não sendo apenas suas visões algo maioral do filme.

O visual do longa é bem trabalhado, dando valor aos pequenos elementos principais, que acabam se destacando pouco, mas possuem todo um brilho lúdico para revelar cada momento do filme, seja a bola do riquinho que sem ela não tem jogo, o falso toddy, a ilusão da criança sonhadora, o próprio projetor velho e claro a sala de cinema de rua quente que era tradicional antigamente. Com bons figurinos de época, é divertido ver os personagens sendo tão caricatos e isso soma pontos para o longa. Com isso todos os detalhes pensados pelo diretor, a equipe de arte fez com minúcias para agradar e ficar interessante de se ver na tela. Aliado a isso, a equipe de fotografia soube utilizar cores bem vivas para dar um ar bem para cima de algo que poderia ser melancólico, e além disso consegue fazer com que os anos 70 tenha uma gramatura bem própria dos rolos de filmes.

Enfim, é um filme que dá para analisar diversos questionamentos e ainda assim se divertir numa sala de cinema, o longa demorou um pouco para chegar no restante do Brasil, e errou um pouco a mão na escolha de data, já que veio com um dos blockbusters mais esperados pelo público em geral e outro filme que é um possível candidato ao Oscar, mas acredito que consiga se manter forte como alternativa para quem quiser ver um filme diferenciado de uma época que pode estar para acontecer novamente. Recomendo ele com certeza, mas não vá esperando rir tanto quanto o público nordestino que conhece mais as gírias, apenas será algo bem divertido de ver. Fico por aqui agora, mas hoje ainda confiro mais uma estreia da semana, então abraços e até mais tarde pessoal.


Leia Mais

Jogos Vorazes - Em Chamas

11/15/2013 11:36:00 PM |

É engraçado falar de franquias de sucesso, pois são filmes que falam sozinhos e já têm seu público formado de tal forma que quem gosta vai, e quem não gosta não passa nem na porta. E quando "Jogos Vorazes" foi lançado em Março/2012, muitos já fizeram caras de poucos amigos dizendo ser o sucessor da "Saga Crepúsculo", outros falavam que seria mais um produto apenas para adolescentes, e alguns cogitaram até de não haver as continuações dos livros no cinema, mas para contrariar todos, o primeiro longa foi um dos grandes sucessos de 2012 e claro que os estúdios já se moveram para preparar as continuações, trocando praticamente a equipe inteira para os próximos, mas principalmente colocando a essência que muitos reclamaram que existem nos livros e faltou no primeiro longa. Enfim, "Jogos Vorazes: Em Chamas" foi muito bem reestruturado, e é sem dúvida um dos melhores filmes do ano no quesito ação e dramaticidade, e com uma história bem pautada só deixou esse Coelho que vos digita bravo por um único motivo, como não li os livros, terminar o longa apenas deixando aberto para os demais filmes foi no ponto exato do motivo que não gosto de assistir séries de TV.

O longa nos mostra que Katniss Everdeen retorna a salvo, depois de ter ganhado o 74º Jogos Vorazes com o colega Peeta Mellark. Vencer significa que eles devem retornar e abandonar sua família e amigos próximos, embarcando na “Turnê da Vitória” nos distritos. No decorrer do percurso, Katniss sente que uma rebelião está em ebulição, mas o congresso continua fortemente no controle, ao mesmo tempo que o Presidente Snow prepara o 75º Jogos Vorazes, uma competição que pode mudar Panem para sempre.

A história embora não seja mais tão violenta como o primeiro filme, consegue ser mais pesada pela carga dramática que passam todos os personagens e isso dá uma dimensão imensa de evolução que o filme consegue passar. E aliado à isso, por ser um diretor mais experiente, Francis Lawrence consegue tirar melhor proveito das interpretações dos atores de uma forma ímpar que poucas vezes conseguimos ver de um grupo de jovens atores. Além disso, não li os livros, mas não apenas vendo a quantidade de elementos mostrados detalhadamente com o que leitores disseram, o trabalho feito pelo diretor junto da escritora Suzanne Collins está preciso e muito bem feito, colocando tudo como deve ser mostrado para que os fãs da saga gostem e também quem for conferir um bom filme de ação saia satisfeito com o que viu, com o único porém de que quem não leu, com muita certeza irá ficar nervoso com o final. Mas não é isso que vai desmerecer tudo de bom que o longa contém, tanto que posso com certeza afirmar que o longa subiu do patamar de diversão para adolescentes para entretenimento político para adultos, e pela deixa que fica para os próximos irá mais a fundo ainda nessa questão.

Se o elenco pareceu ter pouca química no primeiro longa, agora estão afinadíssimos, e com o acréscimo de alguns bons atores ficou ainda melhor. Agora se Jennifer Lawrence foi o nome da vez ano passado por uma comédia dramática fraquinha, pelo que fez hoje merecia muito mais, mas como não costumam dar prêmios para atores de sagas, então é apenas mais um filme que demonstra que o potencial dela é de nível altíssimo, com ótimos trejeitos, expressões corretas para cada momento e uma interpretação cheia de vida para realçar o que sabe fazer de melhor. Josh Hutcherson mostra uma evolução também considerável de seu papel, passando do bobinho que ficou escondido meio filme para um rapaz de atitude que está sempre um passo à frente para falar, e isso mostra que ele também é bom, só não sei a influência que terá nos próximos filmes, mas o que fez nesse já valeu a pena, agora se tem um fator engraçado é que nas fotos das premières ele é minúsculo perto de Jennifer, e no filme nem parece ser um anão. Donald Sutherland, como havia dito no texto do primeiro filme, passou a ter uma importância maior aqui, e não decepciona de forma alguma. Lenny Kravitz ganhou uns minutos a mais de tela agora e fez bem seus momentos, mostrando que não é bom apenas cantando. Sam Claflin mostra atitude na sua interpretação, mas poderia ter sido menos exibido demais, claro que isso deva estar presente no livro, mas ficou um pouco exagerado, agora no próximo filme também deve ter uma participação maior, então aguardaremos. Liam Hemsworth já havia creditado sua melhora e aqui faz bem seu papel, mas ainda sem ser algo grandioso, promete que no próximo tenha mais força, veremos. Um grande destaque está no acréscimo de Philip Seymour Hoffman à trama, pois é um excelente ator e conseguiu adquirir uma personalidade ímpar para a trama. Agora os demais personagens é engraçado lembrar deles em outros filmes e a forma caricata que estão aqui, claro que fazendo bem seus papéis, mas é muito diferente ver Woody Harrelson, Elizabeth Banks e Stanley Tucci com seus trejeitos voltados para a comicidade, de Woody ainda esperarei algo mais forte nos demais filmes. Os outros apenas fazem suas cenas, encaixando bem os momentos para que os protagonistas se destaquem sem nada que tenha feito demais para ser citado.

O visual criado para o filme é tão interessante que tudo tem sentido, até mesmo pequenos elementos acabam fazendo algo de bom e servindo para que o filme tenha vida própria e agrade. Como disse são tantos detalhes que com certeza devem estar muito presentes no livro, e foram colocados para agradar muito os fãs, e com isso deu um brilho para a trama que enchem os olhos e com certeza fez uma equipe de arte trabalhar muito para que tudo ficasse no lugar, pois é notável muita coisa criada digitalmente, mas também é muita coisa real presente. Outro fator muito bom está na fotografia que escolheu trabalhar bem com contraluz dando realce nos personagens e nos elementos visuais, de forma a dar vida e movimento pra tudo, além de escolher uma paleta interessantíssima sempre puxando um tom acima, onde nada seria simplesmente comum.

A música composta exclusivamente para o filme do Coldplay toca somente nos créditos, então falo mais uma vez que não entendo o motivo de gastar com isso nos filmes, além dessa, temos  The Lumineers, Imagine Dragons, Christina Aguilera, todos presentes no CD oficial do filme, então ou os produtores estão malucos de pagar caro para essas bandas ou querem vender um CD de músicas aleatórias apenas para ter um lucro a mais, pois durante o filme temos algumas sonoras apenas, mas nada cantado, então pagar cantores caros para nada, é na minha humilde opinião loucura. Além dos internacionais temos CPM22 também nos créditos, então quem quiser ficar ouvindo músicas durante os longos minutos de crédito, fica aí a dica.

Enfim, é um excelente filme que abrilhanta mais ainda a ideia de que grandes sagas podem surgir fracas e virar fenômenos a partir de um segundo filme, como já tivemos vários outros exemplos, não que o primeiro filme tenha sido ruim, mas não usou nem metade da genialidade que vemos nesse novo exemplar. Os fãs saíram todos extremamente felizes com o que viram, e quem foi apenas para curtir também gostou muito do que viu, claro que fazendo a mesma cara de espanto do Coelho na cena final, mas vale muito o ingresso. Agora é esperar o que o diretor vai aprontar nas filmagens que já começaram de "Jogos Vorazes: A Esperança" partes 1 e 2, que pra variar produtores querendo dinheiro e dividindo um livro em 2 filmes, veremos se vai valer a pena ou se vai ser apenas enrolação. Fico por aqui hoje nesse texto que demorou para ficar pronto, mas amanhã estou de volta com mais estreias por aqui, então abraços e até mais pessoal.

PS: O filme em si valeria nota 10, mas como disse não sou fã de séries que obriguem as pessoas a ver um próximo capítulo para finalizar algo. Gosto de continuações, mas prefiro que cada filme funcione independentemente do outro, então como aqui deixo sempre minha opinião, reduzi 1 coelhinho da nota.


Leia Mais

Dark Blood

11/14/2013 12:38:00 AM |

Uma coisa que gosto muito de ver em filmes é a linguagem que um diretor usa para concluir sua obra, e muitas vezes quando assisto filmes onde existem excessos de narração acabo saindo frustrado com o que vi, pois geralmente não necessitaria de ficar explicando as cenas. Mas nem por isso fazem menos filmes narrados, e se a exibição de "Dark Blood" não tivesse um prólogo com o diretor George Sluizer explicando tudo que aconteceu, muitos que não reclamam de narrações assistiriam o filme, entenderiam o que aconteceu e ficariam felizes com o que viram, mesmo sendo um longa pesado. Porém, pra que não acompanha tanto o cinema mundial, nesse prólogo fica sabendo que o ator principal River Phoenix morreu antes da conclusão das filmagens em 1993 e o diretor em 2012 resolveu montar o material que tinha e entregar um longa incompleto para ser passado, e maravilhosamente usou a narração em prol da linguagem, lendo o roteiro das cenas que não foram filmadas onde elas aconteceriam. E pasmem, isso ficou perfeitamente entendível e de uma simbologia ímpar, onde acabamos vendo um ótimo filme diferenciado, filmado em 1993, mas que passaria naturalmente como sendo atual.

O filme nos mostra que um jovem viúvo vive recluso em um local onde foram realizados testes nucleares. Lá, ele aguarda a chegada do fim do mundo produzindo bonecas que acredita ter poderes mágicos. Quando o carro de um casal da alta sociedade hollywoodiana cruzava o deserto do Arizona numa espécie de segunda Lua de Mel ele se quebrou, mas o jovem conseguiu ajudá-los, levando-os para seu abrigo e os mantendo como reféns porque pretende estabelecer com a noiva o início de uma nova e melhor sociedade.

A história é interessante pelo fato de envolver todo o misticismo entre crenças indígenas, testes nucleares, e até mesmo pelo mistério do personagem de Phoenix que acaba sendo quase um símbolo dentro da cidade com tudo que faz. E o diretor na época foi muito inteligente pelos planos, e teve mais sorte ainda de o cronograma de filmagens ter sido feito totalmente a seu favor, pois as cenas chaves foram filmadas e com isso o longa montado de forma inacabada conseguiu ter todo um sentido, colocando apenas alguns momentos narrados para ligar o longa completamente. Outro ponto bem bacana, foi ter optado por planos bem abertos onde a paisagem desértica praticamente sufoca os personagens, dando uma característica marcante que os western possuíam de o espaço ser maior que os personagens, e aqui isso serviu para retratar quase que uma cela aberta para os prisioneiros que poderiam fugir a qualquer momento, mas o calor os matariam facilmente. Podemos observar também o fator psicológico dos personagens, afinal o diretor trabalha muito com isso nos três, oscilando muito pouco para que o público identifique sem pensar o que cada um é realmente, e isso ficou genial.

É no mínimo estranho ver um filme de alguém que morreu, quando re-assistimos algo que vimos na época de vida da pessoa até fica condizente, mas ver algo novo de alguém que morreu há 20 anos, fica parecendo que estamos naqueles filmes futuristas que congelam uma pessoa para viver algo depois. Mas tirando esse detalhe sombrio, River Phoenix nas cenas que gravou mostrava-se centrado e com uma personalidade bem forte e intimista para o personagem, agradando por prender a tensão, pena mesmo que não concluiu tudo morrendo 11 dias antes de acabar o cronograma de filmagens, pois teria feito cenas bem ousadas pela narração do diretor. Outro que podemos dizer que já estava velho em 93 mas continua igualzinho nos filmes atuais é Jonathan Pryce que até tenta manter a compostura, mas enlouquece demais em algumas cenas acabando um pouco inverossímil nos trejeitos, poderia ser menos forçado que agradaria mais, além de estar presente nos maiores furos de figurino do filme, que quando foi filmado era o que mais dava erro. Judy Davis tinha apenas 37 anos quando gravou o filme, mas faz seu papel de forma a parecer tão mais velha que chega a assustar em alguns momentos, poderia ter sido mais sensual em algumas cenas que chamaria mais atenção, já que essa era a proposta principal de seu papel, além de exageros também na interpretação.

Um ponto fortíssimo está na direção de arte e na produção do filme, que conseguiu transformar um cenário desértico em algo a mais para a trama, pois tudo desde pequenos buracos até panelas de metal, passando por bonecos pintados passam a fazer parte do contexto do filme, o que é magnífico. Porém certos exageros acabaram ficando como furos, por exemplo o ator escorrega na areia, rola, pula, corre, sua, e na cena seguinte sua roupa está nova em folha como se tivesse saído de uma sala com ar condicionado, no máximo aberto o colarinho. Em outra cena, entram em um lugar todo escuro, o rapaz acende uma vela e em seguida andando milhares de velas estão acesas. Esses problemas ocorriam demais quando foi filmado, então é "relevante" observar isso, mas que fica engraçado e ao mesmo tempo estranho, fica. A fotografia aproveitou muito do cenário, pois ao optar por planos mais abertos, o diretor jogou toda luz pra tela iluminando sem precedentes, e isso auxiliou no tom amarelado que todo deserto tem, porém nas cenas noturnas utilizaram também o correto já que está em um lugar onde não existe praticamente eletricidade, a escuridão predomina forte quase não sendo possível ver nenhum ator.

Enfim, é um bom filme que se tivesse sido completado, talvez até tivesse feito muito sucesso na época, porém hoje acaba sendo mais um longa que muitos irão curiosos para rever o ator e talvez acabem frustrando mais com a expectativa de que ele dominaria a tela como fez em outros filmes, mas por possuir pouquíssimas cenas realmente impactantes acaba não sendo tanto destacado. Ainda assim vale a pena conferir, afinal muitos que me acompanham aqui, assim como eu nem iam em cinema na época, só vindo a conhecer esses atores bem mais tarde. O lançamento comercial no Brasil está marcado para Julho/2014 então quem puder e quiser conferir é algo diferenciado e interessante para assistir. Bem é isso pessoal, encerro essa semana cinematográfica por aqui, mas sexta vem boas estreias pelo interior e estaremos indo conferir para deixar minha opinião aqui para discutirmos, então abraços e até lá.


Leia Mais