Kill - O Massacre do Trem (Kill)

9/10/2024 12:41:00 AM |

Já tinha falado que o cinema indiano tem crescido de uma forma meio bagunçada, pois sabemos que suas bilheterias pelo país são de números que muitos produtores nem sonham, e também a quantidade de filmes que fazem é surreal, e agora resolveram invadir também os cinemas do Brasil com a tentativa de algumas distribuidoras colocar tramas mais diferentes do estilo tradicional deles que acreditam serem vendáveis por aqui ao invés de ficarem só no mercado indiano realmente. Só esqueceram de um detalhe simples, quem curte filme pancadaria na sua maioria são adolescentes, então chegando com classificação 18 anos já deu muitos problemas e confusões de ingressos tendo de ser devolvidos e tudo mais. Dito isso, vamos ao que interessa que é falar de "Kill - O Massacre no Trem" que fica bem fácil entender a censura 18 anos, pois é de uma violência exorbitante, aonde tanto o protagonista quanto o antagonista fazem picadinhos de ambos os lados sem nem pensar, numa batalha toda coreografada minimamente para socos e facadas (gigantes por sinal) arrancarem todas as próteses e voar sangue para tudo quanto é lado. Ou seja, é daqueles filmes que você tem que até esquecer da história (se é possível fazer isso em algum filme) e entrar na onda da pancadaria torcendo pela melhor luta possível, e assim dá para curtir o resultado.

O longa vai contar a partir do momento quando o comandante do exército, Amrit, descobre que seu verdadeiro amor, Tulika, está noiva contra sua vontade. Ele parte em uma audaciosa jornada de trem com destino a Nova Delhi, determinado a impedir o casamento arranjado. Porém, a situação se complica quando uma gangue de ladrões liderada pelo impiedoso Fani ameaça os passageiros com facas, transformando o trajeto em um emocionante e mortal confronto onde Amrit os enfrenta em uma matança que desafia a morte para salvar aqueles ao seu redor, transformando o que deveria ser um trajeto típico, em um passeio emocionante e cheio de adrenalina.

Como já disse outras vezes, conheço bem pouco do cinema indiano, por fugir de algumas produções estranhas demais para o meu gosto, então não conhecia o trabalho do diretor e roteirista Nikhil Nagesh Bhat, então o que posso dizer é que ele trouxe uma violência ao ponto que o público deseja ver, pois dava para não ser algo tão impactante e cheio de pancadaria, mas para isso acontecer precisaria colocar mais história na trama, e isso inexiste, pois o protagonista é um soldado que está em missão e ao voltar descobre que a namorada foi prometida pra outro, vai ao encontro dela e depois de embarcar num trem lotado de ladrões, ele resolve bancar o herói e sai distribuindo porrada, mas ao acontecer uma tragédia, aí o cara surta e sai matando pra valer tudo e todos que estiverem em sua frente do grupo de ladrões, e pronto, nada mais, ou seja, como disse acima é só ir conferir sem esperar qualquer história que o longa funciona, do contrário é melhor ir ver outra coisa no cinema, pois o diretor fez boas coreografias, fez muita maquiagem cênica boa de ver com as próteses e muito sangue, mas se isso preenche seu gosto por um filme, esse é o longa e o diretor.

Quanto das atuações, é até engraçado falar isso, mas todos colocaram imposição máxima nos trejeitos que até a dublagem das vozes ficou bem divertida na tela, e no conceito entrega de lutas diria que Lakshya com seu Amrit entregou tudo e mais um pouco, praticamente um imortal com o tanto de facadas que leva e continua lutando, mas trabalhando feições de dor e muita força no olhar expressivo pronto para matar, ou seja, fez o que precisava. Do outro lado tivemos Raghav Juyal com seu Fani, também bem imponente, e mais traiçoeiro nas lutas, mas sendo bem ambicioso (e um pouco burro vendo o combate do oponente), de modo que talvez uma voz mais impactante desse um teor mais divertido para seus pensamentos. A atrizTanya Maniktala até trabalhou sua Tulika de um modo amoroso e chamativo, mas podia ter ido mais além na entrega expressiva de seus atos para emocionar mais. Quanto aos demais vale o destaque para o brucutu chorão Siddhi que Parth Tiwari fez, que se o ator ouvir a voz que colocaram para ele aqui no Brasil com toda certeza mata o dublador com dois socos, e Ashish Vidyarthi com seu Beni que o povo mais chamou ele de tio do que pelo nome, mas tentou inicialmente apaziguar a briga, mas depois surtou e foi pra cima também.

Visualmente o longa ficou só passeando pelos vagões do trem durante todo o filme, mostrando as beliches aonde o povo dorme com cortinas, e claro todos os vilões com facas de todos os estilos possíveis, ainda tendo algumas marretas, canos e tudo mais de arma branca até aparecer a polícia quase que nos atos finais com algumas espingardas, mas não duraram muito, então o ato inicial com os protagonistas chegando em carros com muitos outros soldados, e uma tremenda festa de noivado num hotel foram apenas enfeites cênicos, pois todo a base do longa é em quatro vagões bem semelhantes e nada mais. Já algo que vale um bom destaque cênico ficou para a equipe de maquiagem e de próteses, pois as facas fizeram muitos estragos nos personagens com muito sangue cenográfico e pedaços para todos os cantos do trem, então se não foi tudo bem feito teve uma galera que saiu machucado de verdade.

Enfim, felizmente o longa não tem danças, nem muita melação, embora tenha alguns atos de flashbacks totalmente desnecessários, valendo para quem curte muita pancadaria e sangue pra todo lado, pois é o que funciona no filme, já que história esqueceram de escrever, mas os diálogos dublados ao menos ficaram engraçados e bem toscos. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais textos.


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Netflix - Rebel Ridge

9/09/2024 12:40:00 AM |

O que mais me deixa com medo de ver filmes de ação policial na Netflix é o fato dos longas da plataforma nesse estilo acabarem com finais toscos ou resoluções que nem em sonho dariam certo, mas que acabam dando, porém resolvi dar a chance para "Rebel Ridge", afinal o longa está em primeiro desde sexta na plataforma e parecia interessante, e diria que o resultado acabou sendo bem bacana de ver, não cansando com as insanidades colocadas, afinal qualquer pessoa na segunda intimidação policial já teria ido para casa, e claro com um final que podemos chamar a polícia da cidadezinha de Storm Trooper, afinal erram mais tiros que a guarda de Darth Vader. Claro que você vai vir falar - "mas Coelho, se acertar o mocinho acaba o filme!" - sim, acabaria, mas dava para pensar em soluções mais práticas para que não precisasse o cara fazer toda a parafernalha e sair totalmente ileso com tantos tiros dados, ainda mais por policiais treinados para acertar bandidos. Ou seja, não é um filme ruim, pois a trama tem a famosa pegada de mostrar "motivos" para a corrupção dentro das organizações (e isso é mundo afora, não apenas um problema brasileiro), e claro uma vítima do sistema se revoltando com tudo e botando pra quebrar, então acabou sendo um passatempo bem colocado para fechar o domingo.

A sinopse nos conta que Terry Richmond é um ex-fuzileiro naval que chega a Shelby Springs com uma missão simples, mas urgente: pagar a fiança do primo e salvá-lo do perigo. Mas depois que as economias de Terry são confiscadas injustamente, ele precisa encarar o delegado Sandy Burnne e seus policiais prontos para a agressão. Terry recebe a ajuda inesperada da oficial de justiça Summer McBride, e os dois se envolvem em uma conspiração que toma conta da cidade. Correndo cada vez mais riscos, Terry precisa apelar ao seu passado misterioso para libertar a comunidade do domínio da polícia, fazer justiça para a própria família e ainda proteger Summer.

Diria que o diretor e roteirista Jeremy Saulnier soube pegar uma história real que aconteceu lá em 2015 e fantasiar ela ao máximo para claro ter algo mais imponente, afinal o caso real demorou 9 anos rolando na justiça e ele não tem esse tempo de tela, então aqui tudo acontece no máximo de uns 5 dias de história, e o protagonista não deixou barato para os policiais corruptos que tentaram lhe roubar e acabar com a vida de uma jovem oficial de justiça, e a grande sacada do diretor foi poder brincar com o tempo do filme, tendo atos mais calmos e dramáticos, aonde tudo toma a forma, quase que contando para uma criança como é atravessar o lado da rua, e outros aonde a pancadaria rola solta, tiros para todos os lados, perseguições, fogo e tudo mais, ou seja, a trama propriamente tem suas quebras na dinâmica toda, mas que funciona bem para não cansar o espectador, mostrando que o diretor tinha um bom domínio de sua ideia inicial.

Quanto das atuações, Aaron Pierre foi muito fechado e "manso" para alguém que serviu o exército e se viu cheio de injustiças, pois respeitar num primeiro momento os policiais intimando firmemente um negro é algo comum, mas depois com tudo o que vai rolando, até que demorou demais pro personagem sair dando tiro, porrada e bomba, claro que isso é algo do roteiro, mas o ator se fechou demais, sendo seguro com o que precisava fazer, mas seco demais de expressões para prender o espectador com ele. Don Johnson também soube fazer um chefe de polícia irritante que qualquer um sem uma sanidade de um monge lhe socaria a mão, e isso mostrou muito do ator para que seu Sandy fosse o antagonista máximo da trama, mostrando que o ator soube entregar tudo na tela. Da mesma forma, David Denman trabalhou seu Marston com trejeitos e imposições bem diretas para irritar tanto o protagonista quanto os espectadores, e isso é bem funcional em longas desse estilo. Já AnnaSophia Robb fez uma Summer inicialmente enxerida demais, se metendo na vida do protagonista, mas depois sofrendo muito nas mãos dos antagonistas, de modo que a atriz teve segurança para sua história e entregou bons trejeitos com tudo o que lhe foi colocado na tela. 

Visualmente a trama trabalhou bem uma delegacia bem ampla e tradicional, um fórum simples com uma catacumba aonde guardam arquivos e filmagens, um hospital também sem grandes chamarizes, a casa da jovem que ajuda o protagonista, um restaurante chinês e muitas cenas nas estradas e florestas da região, não sendo nada muito expressivo de detalhes, tirando claro tudo o que é mostrado dentro da sala de provas da polícia, que ali tinha tudo e mais um pouco.

Enfim, é um filme básico, que serve para passar um bom tempo contando com cenas de ação interessantes, e claro, muita injustiça para passar raiva também, pois sabemos que existem alguns policiais desse estilo que é mostrado na tela, então se você não teve o seu momento de raiva ainda essa semana, fica a dica para a conferida do longa, mas vá sem esperar muito, pois qualquer exigência a mais vai atrapalhar a experiência. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Meu Casulo de Drywall

9/08/2024 02:19:00 AM |

Costumo dizer que a juventude hoje se perdeu por completo, pois por fora são lindos, atléticos, alguns bem ricos, cheios de amigos que curtem suas fotos e postagens, porém por dentro são vazios, não tendo muito o que entregar, e que por vezes acabam se matando com drogas, sem sequer pensarem no que uma quebra pode causar ao seu redor, e filmes que andam trabalhando esse contexto por vezes acabam ficando introspectivos demais, afinal não dá para entrar na cabeça de alguém vazio e entender, mas seus atos acabam dizendo muito na tela, o que acabam dando fluidez para as histórias. Comecei o texto do longa "Meu Casulo de Drywall", que estreia na próxima quinta 12/09, dessa forma para tentar entender também um pouco as opções que a diretora tinha para seu filme, e aonde ela desejava chegar com toda essa essência, pois seu filme dava para ir por dois caminhos bem opostos, um mais denso e policial que tentaria entender motivos e dramas dos jovens como "culpados", e o outro que foi o escolhido desses dramas virarem introspecções dramáticas sobre as vidas vazias e situações que uma determinada classe fechada em seu mundinho vigiado por câmeras imagina sobre suas culpas morais e do que aconteceu. Ou seja, é um filme amplo de ideias, num espaço pequeno que é um condomínio de classe alta, mas que representa um pouco da vida como um todo, e como atos falhos desencadeiam muito mais do que apenas uma morte, mas sim a reviravolta na vida de todos ao seu redor.

A sinopse nos conta que Virgínia comemora os seus 17 anos com uma festa em sua cobertura. Apesar de tudo aparentemente perfeito, Virginia não consegue ignorar a ferida que cresce com o correr das horas. O dia seguinte nasce como uma tragédia que abala o condomínio. Virgínia está morta. Patrícia, sua mãe, vive o luto quase a ponto de enlouquecer. Luana se questiona se é culpada pelo destino da melhor amiga. Nicollas tenta ignorar a morte da namorada refugiando-se em sexo casual com funcionários. E Gabriel carrega o peso de um segredo e de uma arma.

Diria que a diretora e roteirista Caroline Fioratti foi bem ousada no tema, e principalmente na montagem, pois fazendo várias quebras de ritmo mostrando a família e os amigos despedaçados, e intercalando com uma festa inicialmente bonita, mas com tantos atos conflitivos que fica claro que a jovem não tinha uma boa base para se segurar, e num momento de explosão acabou optando pelo pior, e algo bem interessante foi ver que mesmo tendo vários personagens, várias quebras de ritmo e várias subtramas, a diretora não acabou transformando seu filme em uma novela, pois os atos soltos são importantes para a análise dos personagens no devido momento que tudo está acontecendo, e não apenas atos jogados. Ou seja, ela soube segurar seu filme de um modo que facilmente poderia dar muito errado, mas que foi compensado pelos atores que se jogaram por completo nos devidos momentos, e embora seja algo que possa causar alguns gatilhos em quem for conferir, vale pela mensagem da diretora de ter uma base segura em qualquer ato de explosão.

Quanto das atuações, quem dá um show expressivo na tela é Maria Luísa Mendonça com sua Patrícia, uma mãe aparentemente protetora, mas que cede ao desejo da filha de ter uma festa sozinha em casa, de modo que os atos da personagem são tão à beira da loucura que consegue prender o espectador em cada momento seu, e contando com tantos atos simbólicos, acaba transformando a trama quase que toda sua. Também tivemos bons momentos da jovem Mari Oliveira que fez de sua Luana, uma amiga bem próxima, mas que acaba levando a coisa errada para o lugar errado, e sua culpa pesa nos atos que acaba entregando durante o filme, mostrando presença e atitude da jovem. Do mesmo modo tivemos o namorado Nicollas, que parece uma coisa, mas que no fim das contas é outra, e o ator Michel Joelsas soube trabalhar as intensidades do personagem com dinâmicas fortes e bem colocadas na tela. E ainda teve o jovem Daniel Botelho sabendo dominar a presença de seu Gabriel em momentos-chaves da trama, dosando a emoção e a desenvoltura para que o filme focasse aonde era preciso, que mesmo estando com trejeitos meio que jogados, acaba chamando atenção. E claro tivemos a aniversariante, que Bella Piero entregou muito bem na tela sua Virginia, de modo que poderia ser até mais influente em seus atos para chamar o protagonismo para si, mas como o filme é mais sobre os "culpados", a entrega dela acaba soando leve para fluir e forte nos momentos de maior tensão, o que acaba funcionando demais.

Visualmente o longa tem dois momentos bem opostos, a festa com cores, luzes e tudo mais, bem preparada na cobertura da família, tendo dinâmicas na sala, numa banheira e no quarto dos pais, e no segundo os ambientes do condomínio de prédios, os apartamentos dos demais jovens, e suas interações com o momento, até o grande ato da piscina aonde a mãe já louca por completo andando com um bolo inteiro sai oferecendo e sentindo a presença, ou seja, a equipe foi sucinta com poucos elementos chaves como as pílulas, a arma, e os devidos presentes, mas sabendo aonde usar para marcar bem.

Enfim, não é um longa que muitos vão entrar por completo na onda da história, alguns vão se irritar com as coisas que acontecem e que os personagens fazem, mas o resultado final consegue ser interessante e agradar, então acaba sendo algo válido de conferir e indicar para quem curte algo mais introspectivo e que fala com um público mais fechado. Então fica a dica para a data de estreia já na próxima quinta 12/09 nos cinemas, e eu fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Gullane+ pela cabine de imprensa, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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O Bastardo (Bastarden) (The Promised Land)

9/07/2024 04:28:00 PM |

Costumo dizer que não conhecemos nada praticamente da História mundial, e felizmente o cinema nos leva a experimentarmos um pouco da História de lugares mais afastados de nós, que claro muitas vezes são pequenos elementos dentro de um livro ficcional, mas que quando bem amarrados acabam passando sentimentos e também conhecimento. Digo isso, pois antes de conferir a cabine do longa de hoje sequer tinha ouvido falar em urzal na Dinamarca, que lá pros anos 1700 uma parte do terreno era dominada por uma espécie de vegetação chamada urze em um solo arenoso e cheio de rochas, e o longa "O Bastardo" nos coloca com um homem que resolve por conta própria tentar colonizar essas terras plantando algo desconhecido do país até o momento, desafiando a todos da monarquia (exceto o rei que tinha o sonho de colonizar essas terras, mas jamais chegaria perto de um plebeu) e de um rico nobre que já achava que aquelas terras lhe pertenciam. Ou seja, é o famoso épico cheio de conflitos, sonhos, histórias e envolvimentos, que consegue de uma forma intensa e marcante mostrar um pouco dessa época no país frio e de pessoas frias da época que não pensavam duas vezes nas consequências dos atos. 

A sinopse nos conta que no século XVIII, na Dinamarca, o Capitão Ludvig Kahlen – um herói de guerra orgulhoso, ambicioso, mas empobrecido – embarca em uma missão para domar uma vasta terra inóspita na qual aparentemente nada pode crescer. Ele busca cultivar colheitas, construir uma colônia em nome do Rei e conquistar um título nobre para si mesmo. Essa área bela, porém hostil, também está sob o domínio do impiedoso Frederik De Schinkel, um nobre vaidoso que percebe a ameaça que Kahlen representa para seu poder. Lutando contra os elementos e bandidos locais, Kahlen é acompanhado por um casal que fugiu das garras do predatório De Schinkel. À medida que esse grupo de desajustados começa a construir uma pequena comunidade neste lugar inóspito, De Schinkel jura vingança, e o confronto entre ele e Kahlen promete ser tão violento e intenso quanto esses dois homens.

O diretor e roteirista Nikolaj Arcel soube pegar o texto da escritora Ida Jessen e transformar nas telas com tanta riqueza de detalhes que acredito que nem quem leu o livro imaginou toda a ambientação desenvolvida na tela, pois o ritmo calmo da trama foi completamente expressivo para mostrar personalidades e dinâmicas, mas também para que tudo ao redor fosse apreciado, de forma a mostrar como deveria ser o prato do protagonista, o galho com a fita para integrar o clã da garotinha segundo os costumes ciganos, como eram os acordos entre os conselheiros do rei e os nobres, como era o requinte de crueldade de alguns donos de terra, e muito mais, de modo que praticamente vamos convivendo com os personagens na dinâmica entregue do diretor. Ou seja, ele não apenas monta os elementos na tela como fala para o espectador: "olhe aqui, você verá algo a mais!", e costumo dizer que são raros os diretores que conseguem esse feitio sem que seu filme acabe ficando exageradamente chato e monótono, pois é de um risco enorme segurar tempo de tela, mas aqui os 127 minutos de projeção funcionam bem para tudo o que precisava contar, e você sai da sessão conhecendo História como disse no começo, e isso é cinema, e não à toa o diretor ganhou tantos prêmios com seu filme.

Quanto das atuações falar de Mads Mikkelsen é a coisa mais fácil do mundo, pois é bem difícil o ator errar mesmo em filmes ruins, quanto mais em filmes que lhe dão a oportunidade de mostrar personalidade, e aqui seu Ludvig Kahlen é daqueles que não detém o título de nobreza, mas apenas o título, pois tem a nobreza no traquejo de armas, na forma como lida com a terra, e até no tratamento para com os demais, de modo que o ator acabou trabalhando trejeitos fortes e emoções na medida certa para cada momento, conseguindo chamar atenção e envolver com a história do personagem. Já do outro lado Simon Bennebjerg entregou para seu Frederik De Schinkel a crueldade e a insanidade em pessoa, colocando arrogância e prepotência em níveis gigantescos, fazendo tudo o que um bom vilão ou antagonista deve trabalhar para ficar memorável, o que lhe deu um nome para quem sabe muitos outros filmes e diretores lhe olhe. A garotinha Melina Hagberg foi muito expressiva e cheia de traquejos para que sua Anmai Mus fosse chamativa, tivesse carisma e personalidade e emocionasse nas cenas mais duras da trama, de modo que seus atos foram precisos para quebrar o ar mais frio do protagonista, e a versão jovem da personagem vivida por Laura Bilgrau Eskild-Jensen participou pouco, mas teve uma bela cena de encerramento. Ainda tivemos claro as duas mulheres imponentes da trama, vividas por Amanda Collin com sua Ann Barbara e Kristine Kujath Thorp com sua Edel, aonde a primeira mostrou força na dinâmica com traquejos mais duros e chamativos, enquanto a segunda teve uma densidade mais de donzela, porém ambas trabalhando olhares e desenvolturas bem encaixadas para que a trama funcionasse. E dentre os demais ainda vale o destaque para o padre cheio de vigor que Gustav Lindh entregou e o jovem fazendeiro marido de Ann que Morten Hee Anderrsen conseguiu fazer atos bem sofridos na tela.

Visualmente a trama tem um ar denso, mostrando um lugar cheio dessa vegetação chamada urze, aonde vemos o protagonista testando os diversos lugares para começar sua plantação, mostrando sua casa que construiu ali simples, porém cheia de detalhes, vemos a mansão gigantesca com jardins do rico nobre vizinho, e também a floresta aonde vivem os ciganos com suas famílias, claro tudo bem dominado pelo clima, pela pouca comida de um lado e das bebidas e farras abastadas do outro lado, também tivemos atos fortes de violência com a maquiagem entregando coisas bem impactantes na tela, e muitos elementos cênicos para rechear cada ambiente em detalhes, ou seja, a equipe de arte trabalhou minuciosamente para que tudo funcionasse bem demais no longa.

Enfim, costumo dizer que não sou muito fã de filmes de época lentos demais, mas a cadência aqui ficou no limiar emocional gostoso de acompanhar que não chega a dar sono, ou seja, é daqueles que funcionam bem para dar a riqueza exata de detalhes e comover o público com toda a essência passada, mas que a qualquer momento pode dar errado, então se você estiver muito cansado é melhor ver o filme outro dia, mas veja, pois é daqueles que ampliam conhecimento além de ser uma história bonita na tela. Então fica a dica para conferir ele a partir do dia 12/09 nos cinemas, e eu fico por aqui agora agradecendo o pessoal da Sinny Assessoria e da Pandora Filmes pela excelente cabine.


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Hellboy e o Homem Torto (Hellboy: The Crooked Man)

9/07/2024 02:03:00 AM |

Quando vi o trailer do novo filme de "Hellboy e o Homem Torto" pela primeira vez algumas semanas atrás em alguma sessão, fiquei imaginando como seria uma vertente mais séria e puxada para o terror/suspense com o famoso diabão dos quadrinhos, achando que talvez até ficasse interessante já que todos os demais filmes foram mais colocados para o lado cômico, porém com 5 minutos de filme já fiquei irritado com algo que não gosto de ver em lugar algum e já fiquei pensando o quanto poderia piorar, mas tirando a minha fobia seguimos com o filme, afinal depois de uma briga meio que besta desaparece e só volta nos atos finais, mas aí meus amigos, o longa entra num ritmo tão lento, tão sem eira nem beira que confesso para vocês que eu ri muito a hora que acabou o filme e vieram limpar a sala, pois eu jurava que já passava da meia-noite e não era nem dez horas da noite, e aí que fui ver a duração dele de apenas 99 minutos que eu tenho certeza absoluta que eu passei umas 4 horas no mínimo dentro da sala do cinema. Ou seja, é daqueles filmes que você fica se perguntando o motivo de fazerem novamente um reboot de uma saga que já não deu certo das outras vezes, sem explicar praticamente nada na tela de quem é o que ali, com tudo jogado, com personagens sem carisma algum, com câmeras em ângulos que nem o diretor sabe o motivo de querer fazer assim e ainda por cima sem ritmo! 

O longa nos conta que durante a década de 1950, Hellboy se une à Bobbie Jo Song, uma novata agente da B.P.D.P. para uma nova investigação nas Montanhas Apalaches. Lá, descobrem uma remota e assombrada comunidade dominada por bruxas, liderada pelo sinistro demônio local, conhecido como O Homem Torto, que foi enviado de volta à Terra para coletar almas para o diabo. À medida que exploram os mistérios sombrios deste lugar isolado, Hellboy enfrenta segredos enterrados de seu próprio passado, levando-o a uma batalha épica contra forças malignas que ameaçam desencadear o caos sobre o mundo. 

O diretor e roteirista Brian Taylor prometi trazer uma abordagem mais fiel ao tom original dos quadrinhos da Dark Horse Comics, criado por Mike Mignola, levando tudo para algo mais sombrio e intenso, e isso até diria que a trama traz essa pegada mais puxada para o lado mais sobrenatural, porém tinham de ter lhe dito que para um filme ser considerado reboot de algo é necessário explicar de onde o ser proveio, quem são as pessoas, quem é a agência que trabalham para aí sim rolar toda a tensão, pois se mesmo conhecendo um pouco dos outros filmes e dos quadrinhos eu fiquei um bom tempo tentando captar quem eram as pessoas ali, imagino quem for conferir sem saber nada, ou seja, o diretor se perdeu no que desejava colocar na tela, e acabou apenas jogando tudo como se fosse apenas um grande borrão (aliás as cenas no trem se você tiver problemas com tontura vai ficar com dó do câmera) e tudo beleza. Sendo assim, não lembro de já ter visto nenhum outro filme do diretor, mas agora vou ficar de olho para tentar fugir!

Quanto das atuações, um ponto positivo foi colocar um ator completamente diferente dos demais Hellboy que já existiram, e principalmente com alguém não tão conhecido para que se funcionasse o filme virasse "o" personagem, mas infelizmente não deu para Jack Kesy, pois seu Hellboy é morno demais, não tem atitude como protagonista e mesmo que fosse meio investigador como era a proposta da trama, não chamou a responsabilidade para si em nenhum ato, ou seja, fraco demais. E quando um protagonista não pega a trama para si o que acontece? Os secundários dominam! E no caso Jefferson White, embora estranho e morno também de expressividades, conseguiu chamar mais cenas para si com seu Tom Ferrell do que o diabão, sendo um bruxo estranho com uma varinha de osso de gato, que tem uma confiança plena e que talvez pudesse fluir mais com uma direção melhor. Leah McNamara estava solta demais com sua Effie, de modo que a bruxa maluca ri, se pendura, voa, e faz tudo o que fosse errado na tela, tendo um lado meio sensual, mas sem ir muito além. E claro, Adeline Rudolph com sua Bobbie Jo Song tentou chamar atenção, mas não é apresentada nem nada, tendo vontades de ser bruxa, mas sem ser vulgar, e ficando sempre como uma sombra do protagonista, que volto a frisar não era bom, acabou apagada literalmente em uma cena no total escuro aonde só vemos a legenda (eu mataria o diretor com essa ideia!). Ainda tivemos Joseph Marcell com seu Reverendo Watts e Martin Bassindale com seu Homem Torto, mas chamaram atenção apenas visualmente, não tendo nada que impactasse nas expressividades feitas por eles (ou melhor, a pá com a cruz foi algo que o roteirista pensou demais!).

Visualmente algumas cenas até foram bem montadas na tela, mas o orçamento gastou praticamente tudo na cena inicial com o trem descarrilando e com a briga, para depois usar um pouco mais na cena da briga na casa, e um pouquinho na da cobra, mas o restante é tudo no meio da floresta, uma igreja abandonada com um cemitério bem simples, lanças bem comuns e um vermelhão com um cabelo tão artificial que tem boneca na lojinha do 1 real que tem cabelo melhor que o do protagonista, ou seja, a equipe de arte esqueceu de trabalhar e deixou tudo muito falso na tela.

Enfim, raspei a trave de dormir no longa com o ritmo lentíssimo e sem atitudes, e olha que fui numa sessão anterior a que iria, senão tenho certeza que meus olhos não aguentariam, então recomendo que quem quiser com muita vontade de conferir, algo que não recomendo, que vá numa sessão a tarde e bem disposto, pois dessa vez erraram bem feio na tentativa de um reboot desnecessário, já que dava para seguir a linha com qualquer uma das outras vertentes. Então fica a dica para ir em outros filmes, e eu fico por aqui hoje deixando meus abraços com todos e volto amanhã com mais dicas.


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Os Fantasmas Ainda Se Divertem - Beetlejuice, Beetlejuice

9/06/2024 01:15:00 AM |

Estava com tanto medo de Tim Burton ter perdido a mão que fui conferir o longa com muitas pedras no bolso pronto para reclamar de tudo, mas felizmente "Os Fantasmas Ainda Se Divertem - Beetlejuice, Beetlejuice" chegou com a nostalgia completa do original de 36 anos atrás, com claro muito mais tecnologia e ótimas sacadas divertidas dentro da proposta, de tal forma que a trama se desenvolve fácil, entrega cenas com muita personalidade e claro nos leva de volta no tempo, pois tudo remete ao que já vimos, mas adicionando bons ganchos e ideias, o que acaba agradando demais. Outro medo que tinha era de lembrar bem pouco do original, pois eu era bem garoto quando vi, e não o revi atualmente para conferir o novo para realmente me testar, e a cada ato na tela a memória acionava e fazia lembrar dos bons tempos aonde podia conferir um filminho tranquilo a tarde sem pensar em boletos. Ou seja, é o famoso filme que pais vão levar filhos para ver algo da sua infância e juventude, e funciona bem demais com todas as jogadas, não sendo algo nem pesado demais, nem ingênuo demais, na medida ideal para desenvolver e mostrar que o diretor ainda tem muito para mostrar.

Na nova trama, voltamos à casa em Winter River, onde três gerações da família Deetz se reúnem após uma tragédia inesperada. Lydia Deetz, agora adulta, é mãe da adolescente Astrid. A jovem introvertida, ao explorar o sótão da antiga casa, descobre a misteriosa maquete da cidade e, inadvertidamente, reabre o portal para o mundo dos mortos. Esse ato inesperado traz de volta o excêntrico fantasma Beetlejuice, que, mais uma vez, transforma a vida dos Deetz em um verdadeiro caos. Com seu humor peculiar e seu estilo único, Beetlejuice promete causar novas confusões, misturando o mundo dos vivos e dos mortos de uma forma que só ele sabe fazer.

O mais engraçado de tudo é que em 88, Tim Burton era praticamente um desconhecido de Hollywood, tendo feito apenas um longa bem chamativo e vários curtas, para aí chegar com algo que misturava diversos tipos de técnicas de animação, contando com stop-motion, animatrônicos, maquetes e tudo mais em um filme de live-action que misturava terror e comédia, ou seja, um tremendo balaio de gato que acabou dando muito certo e virou um grande clássico da infância/juventude de muita gente, e muitos esperavam que fosse acontecer uma continuação muito brevemente depois do grande sucesso, mas não, ele foi para outros rumos, fez diversos outros projetos grandiosos, e claro na sua cabeça que não era diminuta como a de Bob ficava martelando tudo o que podia incorporar caso algum dia voltasse a sonhar com o projeto, e essa maturação de 36 anos foi quase como um bom whisky, pois ele conseguiu agora usando ainda as mesmas técnicas de animação, só que muito mais elaboradas pela computação atual transportar tudo isso para uma história icônica, divertida e cheia de nuances, aonde um simples encontro acaba dando muito errado, e a busca para resolver os problemas terá a necessidade do famoso fantasma maluco, que ainda entrega bons atos, mas que não fica tão necessário, já que muitos se desenvolvem sozinhos, e isso não é ruim, pois a ideia boa funciona e ele pode ficar como fala no trailer "o Juice está soltinho!".

Quanto das atuações, Michael Keaton se jogou novamente no personagem de Beetlejuice, se divertindo em cena com trejeitos e entregas bizarras e bem malucas dos diálogos, não deixando que o personagem saísse do eixo original, e como a maquiagem não o envelhece, se manteve intacto para voltar bem colocado na telona e como já disse acima, soltinho para não precisar forçar nada na tela. Winona Ryder envelheceu bem, estando bonitona para voltar um de seus primeiros papeis no cinema com sua Lydia, afinal na época só tinha 17 aninhos e agora chegou cheia de traquejos já de alguém com claros problemas na cabeça também, mas disposta a tudo para salvar a filha, se jogando na tela e enfrentando tudo com boas sacadas. Catherine O'Hara também voltou para seu papel de Delia, agora muito mais surtada e completamente diferente, de modo que nem lembrava que era ela no original, mas foi bem expressiva em seus atos, e conseguiu agradar com o que fez em cena. Jenna Ortega é a princesa (por enquanto) de papeis exóticos, e sua Astrid é tão gótica quanto a mãe era na época, lembrando demais sua Wandinha que tem feito na série do mesmo diretor do longa, de modo que não precisou remover tantos traquejos e criar muito para a personagem, mas trabalhou bem os seus atos e convenceu no que precisava fazer, talvez um pouco assustada demais, mas sem erros na tela. Quanto aos demais, tivemos um Willem Dafoe brilhante como uma espécie de morto-007, sendo um ator que não sai do personagem mesmo depois de ter morrido com um tiro na cabeça, e brinca em cena a todo momento, tivemos Monica Bellucci sensual e maravilhosa como a ex de Beetlejuice, porém como uma devoradora de almas que suga até a última gota dos mortos fazendo-os virarem pequenos amontoados no chão, enquanto Arthur Conti e Justin Theroux apenas fizeram papeis meio que bobinhos demais para algo que poderia ter ido além na tela.

Visualmente a trama é um show atrás do outro, revivendo Winter River perfeitamente como a maquete, de modo que em 16 anos a cidade não cresceu para lado algum, tivemos uma casa de luto (a excêntrica protagonista cobre a casa com um pano preto após a tragédia), e ao entrarmos no mundo dos mortos tivemos ainda todo o chão quadriculado, ambientes cheios de portas, todo o callcenter com os personagens de cabeça diminuta atendendo os mais diversos chamados contra fantasmas, toda a tradicional entrega de doces do Halloween, e claro muita animação em stop-motion para representar como o personagem morre, muitos mortos de diversas formas na fila para a ida ao além, e a sacada gigantesca de colocar um trem do Soul music com a discoteca reinando para ir para o Além, ou seja, voltamos com os personagens cada vez mais insanos na tela, muita maquiagem e elementos cênicos de primeira linha, que com toda certeza vai brigar por prêmios nessa categoria.

Enfim, um tremendo filmaço que honra o original sem perder a atualidade, trazendo uma história nova e brincando com o passado da mesma forma e espaço, não incomodando nem os fãs e apresentando para os mais novos toda essa loucura. Agora vem a pergunta, dá para conferir o longa sem saber absolutamente nada ou nem ter visto o original? Diria que vai divertir bem, mas é uma continuação bem direta, então alguns detalhes podem ser que não façam tanta graça na tela sem ter visto mesmo que num passado bem distante, pois como disse no começo, vamos relembrando conforme as coisas vão acontecendo, então fica a dica para quem não viu dar o play no original na plataforma Max (antiga HBOMax) que vai valer a pena também, afinal o antigo é incrível. E é isso meus amigos, não diria que foi mais perfeito por talvez alguns personagens serem meio que jogados na tela, mas isso não atrapalhou o restante, então vá conferir e eu fico por aqui hoje deixando meus abraços e até breve.


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Amazon Prime Video - Terremoto Magnitude 9.5 (惊天救援) (Flashover)

9/05/2024 12:29:00 AM |

Uma coisa muito bacana do cinema oriental é que eles não economizam uma moeda nas suas produções, de forma que se vão fazer um filme na floresta é ambientação para todos os lados, detalhes nas flores, planos abertos para mostrar tudo e muito mais, sendo que não precisava disso, quando vão para o espaço chegam a mostrar que até os parafusos são importantes na tela, então fazer uma trama que honre o serviço dos bombeiros em um colapso incendiário numa usina de produtos químicos após um terremoto era de se esperar muito fogo, mas não algo explosivo com uma mobilização que se não pararam um estado inteiro para gravar "Terremoto Magnitude 9.5" foi algo bem próximo disso, pois são tantos figurantes, tantos carros, tendas, explosões imensas e claro muito fogo e gases tóxicos, além de espuma e água para todo lado, ou seja, algo que certamente mobilizou uma equipe que nem em sonho dá para se imaginar, e o resultado embora seja um pouco forçado, consegue comover com os atos mais dramáticos, de tal forma que vemos muita computação também, afinal não iriam explodir tantas coisas com os atores em cena, mas impacta na tela da Amazon Prime Video.

A sinopse nos conta que um terremoto repentino atingiu todo o parque químico no Condado de Gucheng, com vazamentos de oleodutos provocando explosões constantes. O desastre aumenta rapidamente e, se for permitido que se espalhe, a cidade inteira logo será arrasada. Com a tarefa de apagar o fogo, um grupo de membros da estação de resgate de incêndio dirige até o local e assim começa uma corrida contra o tempo para proteger e salvar vidas.

Estou pasmo que ao pesquisar um pouco sobre o filme vi que a trama foi baseada em fatos reais que aconteceram em 2015 no porto de Tianjin, claro que não da magnitude insana que o longa entregou, mas algo bem intenso e bem feio que o diretor Oxide Chun Pang quis ampliar para mostrar como homens comuns foram heroicos e deram suas vidas para salvar outras pessoas e também não deixar que tudo fosse ainda pior caso tanques explodissem com o fogo. Claro que ele forçou a barra em muitos atos, e também tentou dar algumas pitadas cômicas para que o filme não ficasse tão denso, porém soube aproveitar a produção gigantesca com tudo o que lhe foi dado e jogou o nível lá em cima, ao ponto que facilmente você veria nos cinemas uma versão americana estrelada pelos brucutus tradicionais dos filmes-tragédia como chamamos esse estilo, e assim sendo o diretor mostrou ousadia e precisão para que claro tudo ficasse o mais próximo de algo real, e ainda impressionasse na tela.

Não vou entrar em muitos detalhes sobre as atuações, por dois motivos, os nomes complicados dos atores e também por a trama dividir bastante a atenção e o tempo de tela com vários personagens, de modo que tivemos um capitão dos bombeiros bem imponente que Qianyuan Wang entregou com trejeitos mais duros e secos, até mesmo para alguém que está prestes a se casar; um oficial bombeiro de informações bem cheio das tecnologias apaixonado pela professora que nunca lhe deu bola que Jiang Du trabalhou com cenas bem marcantes e intensas; e até mesmo o bombeiro mais gordinho e engraçado que Ge Wang fez teve alguns momentos bem cheios de emoção, que resultaram num final forte e cheio de significado, ou seja, uma trama com muitos atores, mas que cada um tentou emocionar da forma que pode na tela, com boas colocações e intenções expressivas.

Agora quanto do conceito visual do longa, como já disse no começo deixa muitas super produções americanas com inveja, pois conseguiram unir tanto o lado computacional bem amplo quanto os ambientes cenográficos gigantes desde prédios bem destruídos, a carros, passando pela cidade, muitos figurantes sendo retirados de escombros, fumaça para todo lado, muita espuma e água sendo jogada para apagar os incêndios, ou seja, tudo em proporções imensas, com muitos carros, robôs e tudo mais que se pensar para algo do estilo. Ou seja, a equipe de arte entrou na onda que o diretor precisava e deu show na tela.

Enfim, é um filme que tem uma base de história até que simples como todo filme envolvendo tragédias, que até soa bem falso em alguns momentos, mas que vendo os vídeos da história real a coisa toda foi bem parecida e intensa, ou seja, capricharam nos efeitos e o resultado acaba chamando atenção na tela. Claro que quem não gosta do estilo vai achar um porre, mas quem curte vai vibrar e se impressionar com alguns bons momentos. Sendo assim é claro que como curto bastante o gênero vou estar indicando o longa para todos, e isso mostra o quanto o cinema oriental tem estourado por lá nos cinemas, e aqui caindo no gosto do público, então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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A Vingança de Cinderela (Cinderella's Revenge)

9/03/2024 12:31:00 AM |

Desde que começaram com esse conjunto de filmes que vem sendo intitulado de "Horrorverso" com grandes clássicos infantis feitos em versões mais sangrentas temos visto filmes que por muitas vezes caem apenas no contexto do slasher tradicional que é o de matança desvairada que quem curte até acaba gostando, mas os demais apenas veem e saem reclamando de tudo o que foi colocado na tela, mas em parte até concordo com algumas críticas e as botei nos meus textos dos filmes. E nesse ano já havia aparecido uma outra versão de Cinderela no mundo do Horrorverso, então quando vi que teria esse novo "A Vingança de Cinderela", já tinha colocado como sendo algum tipo de continuação rápida após o lançamento bem feito da última produção, mas não é uma nova versão completamente diferente, e pasmem, muito melhor que a outra, pois aqui não ficou apenas na matança insana, tendo uma história, com um contexto funcional, afinal ser feita de trouxa e saco de pancada de garota e madrasta mimadas não é algo certo, e contando com uma fada madrinha moderníssima que viaja no tempo e conhece coisas de outras eras, o resultado acaba sendo ao mesmo tempo hilário e violento, ou seja, um duplo acerto para quem gosta de filmes do estilo, pois até tem situações bizarras e estranhas, mas nesse estilo vale tudo, então acaba valendo a pena.

Inspirada pelo conto de fadas clássico, esta história retrata a saga da jovem Cinderela e sua luta para viver entre pessoas que a querem muito mal. Depois da morte suspeita de seu pai, a garota passa a viver sob a tutela de sua madrasta, junto das filhas dessa figura maligna. Ao longo do tempo, Cinderela é submetida a torturas físicas e psicológicas, mas não perde a esperança de que seu príncipe encantado um dia virá buscá-la e tudo ficará bem. Quando tudo parecia perdido, surge a Fada Madrinha para ajudar a moça, só que ela não traz apenas magia do bem em sua varinha – há uma máscara terrível e poderosa, pronta para ser usada em uma vingança sangrenta!

Diria que o diretor Andy Edwards soube escolher bem a formatação que sua história iria entregar na tela, pois já tivemos tantas versões clássicas, modernas e até sangrentas da história da jovem órfã que sofre nas mãos da madrasta e das irmãs que qualquer coisa colocada na tela parecerá repetida, mas com uma base bem centrada e umas loucuras a parte ele conseguiu ambientar a trama numa época e brincar com o futuro através da fada madrinha, e além disso mostrou que mesmo a pessoa mais bonitinha e cheirosa do mundo quando fica enfezada sabe sair na porrada com gosto. Ou seja, usou dos artifícios reais para uma loucura mais bem caracterizada, e assim o resultado funcionou bem, mostrando que ele não quis apenas sair matando sem pensar em nada, mas sim dinamizar as situações e entregar algo mais amplo.

Quanto das atuações, nesse estilo de filme é difícil falar que fizeram grandes trejeitos e traquejos para chamar atenção, mas Lauren Staerck trabalhou sua Cinderela bem ingênua e bobinha num primeiro momento e bem violenta nas cenas que botou pra quebrar, não convencendo muito do que estava fazendo, mas também não ficando artificial, e assim acabou chamando atenção. Natasha Henstridge entregou uma Fada Madrinha de primeira linha, sendo sarcástica e bem direta nas intenções para colocar a cliente em primeiro plano, sabendo contratar muito bem seus ajudantes para fazer o cabelo da protagonista (Mark Collier fazendo Vidal Sassoon), o vestido (William Marshal fazendo Tom Ford), o sapatinho tradicional (Craig Edgley fazendo Christian Louboutin) e dirigindo a carruagem elétrica de muitos cavalos (Stephen Staley fazendo Elon Musk), ou seja, um pacote completo e muito divertido de ver. Já a madrasta vivida por Stephanie Lodge, e as filhas vividas por Megan Purvis e Beatrice Fletcher entregaram algo meio que bagunçado e forçado de trejeitos, mas que para os papeis serem irritantes acertaram na forma de fazer tudo. Quanto aos demais, não vale a pena ressaltar muito os homens da trama, pois não fizeram muito em cena.

Visualmente o longa entregou locações interessantes de época com casebres e florestas e até maquiaram bem o interior de um castelo para um baile, trabalharam figurinos interessantes de uma moça plebeia e vestidos mais requintados para as donas da casa, mas também abusaram um pouco do exagero com uma máscara de caveira meio que bizarra para as matanças, tipo algo meio enfeitiçado que dá força para a garota, que ficou meio estranho, mas que coube dentro da ideia da produção, então vida que segue, e claro muitas armas brancas (facas, saca-rolhas, tacos de jogos, entre outros) que foram utilizados para arremessar muito sangue na tela e fazer as devidas lambanças que o estilo pede, mostrando que a equipe de maquiagem e de próteses trabalhou bastante.

Enfim, é um filme que não esperava nada dele, pelo contrário, estava até com um certo preconceito por tudo de estranho que vem sendo o Horrorverso, mas que como andam tendo um contexto chamativo para "destruir a infância dos clássicos", acaba sendo sempre divertido conferir, porém a entrega aqui foi tão boa, que vale até recomendar bastante para que todos vejam, para que quem sabe os próximos sigam essa linha, afinal funcionou bem demais na tela esse estilo. Então fica a dica para conferirem ele nos cinemas a partir da próxima quinta (05/09), e eu fico por aqui agradecendo o pessoal da A2 Filmes que sempre envia seus filmes para conferir nas cabines de imprensa, então abraços e até amanhã com mais dicas.


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Netflix - A Libertação (The Deliverance)

9/01/2024 11:52:00 PM |

O gênero de terror permite tantas misturas quanto forem possíveis, de modo que você acaba vendo sempre um pouco de cada coisa presente nas tramas, aonde os diretores acabam brincando e desenvolvendo as devidas loucuras e nuances, e se tem algo que mais ferve nesse mundo é o de tramas baseadas em fatos reais de possessões demoníacas que alguns acreditam e outros apenas se divertem com as contorções estranhas que alguns fazem. A estreia dessa semana da Netflix, "A Libertação", traz uma pegada densa de uma família que ao se mudar para uma casa passa a conviver com algo que domina os filhos, e a mãe que tem problemas com bebida acaba sendo acusada de maus tratos pela assistente social, e a forma desenvolvida pelo diretor acaba trazendo um pouco de religião, mas deixando a grande base para os abusos e seus surtos, ou seja, um cunho social interessante que acaba funcionando na proposta, e que se encaixa bem na tela. Claro que é o famoso estilo que você de cara fala: "meu tá saindo moscas da porta, tá tudo fora do normal, sai daí logo!", mas que se a pessoa sair não tem história e já sobem os créditos, então tem quem goste bastante, mas dava para não ficar tão alegórico.

Na trama, a mãe solo Ebony Jackson, muda-se com sua família para uma casa em Indiana a fim de um recomeço em sua vida. Mas assim que chegam no local, ela percebe que uma energia sinistra já vive ali e as ocorrências estranhas e demoníacas que convencem a eles e à comunidade de que a casa é um portal para o inferno. Agora, com a ajuda da apóstola Bernice James, Ebony enfrenta essa energia maligna para salvar a alma de seus filhos.

O diretor Lee Daniels tem um estilo muito bom para dramas, tanto que estourou com "Preciosa: Uma História de Esperança", depois foi bem com "Obsessão" e "O Mordomo da Casa Branca", e por fim acertou brilhantemente com "Estados Unidos vs. Billy Holiday", no qual trabalhou com a protagonista de lá aqui também, mas em seu primeiro terror diria que trabalhou bem a tensão e colocou alguns atos de sustos em dinâmicas mais fechadas, de modo que não chega a impactar tanto, mas por brincar com a ideia de uma mãe que pode perder a guarda dos filhos a ideia fluiu até que de forma interessante na tela. Ou seja, talvez o mesmo filme nas mãos de um diretor de terror realmente veríamos algo insano na tela, e se ele tivesse puxado a história para algo mais dramatizado talvez também ficaria mais chamativo, então como costumo dizer, se você é bom em um gênero, siga ele, pois inventar as vezes não dá muito certo.

Quanto das atuações, aí não tenho o que falar mal, pois Andra Day se jogou por completo para sua Ebony, trabalhando trejeitos fortes tanto pela bebida quanto pelos atos mais fechados que precisou jogar diálogos em cima de diálogos e marcar com intensidade olhares e tudo mais, fora a cena final aonde incorpora duas personagens ao mesmo tempo e dá show. Não é bem o estilo de filme que você pensaria em encontrar um Glenn Close, mas como bem sabemos a atriz topa quase tudo, e aqui sua Alberta tem personalidade e força, além de incorporar trejeitos fortes para as cenas mais estranhas possíveis do filme, ou seja, se jogou também para tudo o que podia fazer de bom na tela. Aunjanue Ellis-Taylor entrou mais próxima ao fim realmente em cena com sua apóstola Bernice e conseguiu passar atos marcantes para sua briga com o demônio. E claro entre os jovens todos tiveram atos bem intensos no final com Caleb McLaughlin trabalhando um Nate mais sério e fechado, a jovem Demi Singleton sendo marcante com sua Shante, e claro o garotinho Anthony B. Jenkins ficando assustador com o demônio no corpo, trabalhando tons de vozes e olhares com muita precisão.

Visualmente a base toda ficou na casa de três andares, tendo a maioria das cenas na cozinha e na sala, com alguns atos mostrando o quarto das crianças sempre com o armário aberto de forma estranha e no térreo mostrando sempre a porta do porão infestada de moscas (o que me incomodou bastante pensando como a mulher não dava um jeito nisso!) e claro o porão aonde só entrou o rapaz para tirar o gato morto, tivemos alguns atos intensos de personagens voando, cruzes pegando fogo e toda a síntese secundária da avó fazendo tratamento de câncer, o que não encaixou muito na história, mas que dá para relevar. Ou seja, a direção de arte foi básica, mas bem colocada no que precisava fazer com os elementos cênicos, fora as boas próteses para os cortes e inchaços da equipe de maquiagem.

Enfim, é um filme interessante, mas que poderia causar bem mais impacto se tivessem desenvolvido algo a mais na tela, mas de certa forma tem algumas impressões bem estranhas e sendo algo baseado em fatos reais o público acaba ficando mais com medo, vendendo bem na plataforma de streaming do final de semana. Então fica a dica para quem gosta do estilo, mas sem esperar muito também, pois não chega a grandes ápices como poderia. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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A Caça (The Hunted)

9/01/2024 02:33:00 AM |

Se pararmos para pensar em nosso mundo sempre existem aqueles que se acham muito melhores que os demais, e que podem fazer tudo o que quiser com algumas classes inferiores, e já vimos essa pegada em alguns outros filmes de vários outros países, e também já vimos vários exemplares de grupos que levam pessoas para florestas para serem caçados por mercenários ou pessoas de bem que apenas querem extrapolar seus sentidos mais fechados, então porque não pensar em levar alguns refugiados para serem caçados por ricaços europeus? Com essa base que já vimos até acontecer no longa nacional "Bacurau", o longa feito com a parceria de Bélgica, França, Grécia e Reino Unido, "A Caça", traz uma trama intensa, bem moldada na violência, e que claro sempre tem alguém do outro lado pronto para revidar e mudar de presa para predador, ou seja, pode até não ser algo muito novo de ser visto, mas é um filme curto, direto e que sem enrolações consegue prender o espectador, e assim agradar com um resultado bem marcado na tela, que eu talvez mudasse o final, mas não tenho essa opção, então vida que segue.

O longa nos mostra que a jovem Wael, arrisca tudo ao atravessar o perigoso Mar Mediterrâneo com um grupo de refugiados para escapar da devastação da guerra civil em seu país. No entanto, o destino parece brincar com esse grupo quando o motor do barco falha, deixando-os à deriva até serem resgatados por um iate luxuoso ocupado por alguns europeus abastados. O alívio inicial se transforma em terror quando esses supostos salvadores revelam sua verdadeira natureza como caçadores impiedosos. Agora, Wael e seus companheiros de aventura se veem em uma luta desesperada pela sobrevivência em uma ilha que se transforma de refúgio em armadilha mortal.

Diria que o diretor e roteirista Louis Lagayette soube trabalhar bem a história na tela para que seu filme não ficasse frouxo de ideias e ideais, nem ficasse só na correria, de modo que as discussões na mesa junto do diálogo da protagonista quando fala sobre sua vida para outro homem que está fugindo levantaram bandeiras interessantes de se pensar sobre os países em conflito, sobre os ditadores e também executores de muitos países, mas da mesma forma que ele trabalhou esses conceitos amplos, ele também jogou quase que "Um Jogos Vorazes" com os personagens ricos caçando e atirando nos refugiados resgatados, aonde vemos a briga pela sobrevivência bem imponente e cheia de correria. Ou seja, o diretor puxou um pouco de cada coisa e conseguiu criar uma obra interessante, aonde a pegada funciona e agrada.

Quanto das atuações, a protagonista Lily Banda segurou o filme com seus olhares secos e imponentes, fazendo com que sua Wael (aliás nem lembro de ter ouvido falar o nome dela em momento algum do longa!) fosse imponente, cheia de bons traquejos e que claro ao contar sua história mostrou o motivo de saber manusear as armas e conseguir tudo o que faz na trama, ou seja, não foi apenas um personagem jogado na tela, mas sem precisar exagerar nos flashbacks conseguiu dominar bem o ambiente e chamar atenção. O mais engraçado de ver Alec Newman em uma produção é que seus trejeitos são tão iguais sempre que você olha e tem quase a certeza de já ter visto ele em algum outro filme, mas sim, ele já fez muitos filmes em sua carreira, e aqui seu Vlad tem um estilão meio sarcástico com uma pegada de confiança, mas jogou bem duro em suas cenas, sabendo atacar com estilo. Dentre os demais, vale leves destaques Argyris Gaganis com seu Benito desesperado quando se vê caído com a protagonista pronta para lhe matar, e Raj Bajaj que surta completamente quando tem seus dedos cortados querendo pegar de qualquer forma quem fez isso com ele.

Visualmente a trama trabalhou bem uma mansão bem luxuosa numa ilha, um jantar imponente com uma mesa recheada de discussões políticas, e uma floresta ampla aonde os caçadores e caçados correm para muitos lados, e claro tendo baixas de ambos os lados, com armas de todos os estilos desde facões, passando por armas de flechas e claro metralhadoras, isso tudo claro depois dos refugiados passarem por uma grandiosa tempestade num barquinho bem mequetrefe, ou seja, a equipe soube desenvolver bem tudo o que tinha para brincar com muito sangue e intensidade na tela.

Enfim, é um filme que não sabia nem o que esperar dele, afinal vi o trailer só uma vez em uma sessão, e como já tivemos vários outros longas com o mesmo nome e temática, tudo poderia acontecer, porém surpreendeu bem por ser direto e eficiente, aonde quem for esperando matanças vai curtir, quem for esperando diálogos politizados vai curtir, e que quem quiser apenas uma boa trama de ação também vai gostar do que será entregue na tela, então acaba valendo a indicação para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.



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Amazon Prime Video - Visões (Visions)

8/31/2024 07:33:00 PM |

Fiquei praticamente 3 semanas só com as estreias do cinema pela quantidade que apareceram por aqui, e acabei deixando muitos filmes nas listas dos streamings, mas nenhum que aparentasse ser chamativo para ver e recomendar como algo brilhante, mas uma indicação da Amazon Prime Video me chamou atenção pelo nome do diretor, pois parecia que já tinha visto algo dele, ou até mesmo o longa, e fui pesquisar que o diretor fez um dos filmes que mais adorei do Festival Varilux de 2021 ("Caixa Preta") que também tem algo envolvendo avião, e por isso talvez imaginei que já tivesse visto o longa. Dito tudo isso, eis que resolvi então dar play no longa "Visões", e o diretor conseguiu dar um nó tremendo na minha cabeça com o filme, pois é daquelas tramas tão confusas que acabam ficando bem interessantes com o fechamento, aonde você em diversos momentos não sabe se a protagonista está sonhando, se está maluca, se tudo está acontecendo, se é algum delírio envolvendo tóxicos e tudo mais, mas com o ato final tudo acabou tendo um bom sentido e o resultado agrada bastante. Ou seja, veja ele com muita calma, pois do contrário você não irá entender nada, e não entender um filme é a pior coisa que pode acontecer com alguém depois de duas horas conferindo.

O longa vai contar a narrativa de Estelle Vasseur, uma comandante de avião muito boa no que faz e que leva a melhor vida que poderia ter ao lado do seu marido Guillaume Vasseur, um médico renomado e um marido protetor e amoroso. Um certo dia, em um corredor do aeroporto, Estelle cruza seus caminhos com Ana Dale uma fotógrafa que foi o seu primeiro amor há 20 anos. O que Estelle não espera, é que esse reencontro está longe de ser apenas uma coincidência ou algo passageiro. Na verdade, esses caminhos cruzados por acaso e sem pretensão nenhuma, revela-se em uma chama de amor crescente que a levará em uma espiral de sentimentos, onde a colocará em uma posição de dúvida entre o seu passado apaixonado e o seu presente perfeito.

Diria que a carreira do diretor francês Yann Gozlan é bem mista, trabalhando entre tramas de ação e dramas, aonde pode desenvolver bem suas sínteses de formas criativas e interessantes, e se em 2021 adorei o que ele fez, em 2017 odiei com muita força seu outro filme, e o de 2022 tá na lista da Netflix desde então não chamando tanto minha atenção, ou seja, vou procurar manter na mente somente esse de hoje e o de 2021, pois foi aonde ele mais acertou, e digo isso mesmo com minha cabeça ainda tentando desamarrar todos os nós que ele deu, já que fiquei em determinado momento da trama até com vontade de voltar um pouco o filme para ver se tinha captado a ideia, mas como não gosto de fazer isso, segui e depois compreendi toda a sacada. Ou seja, a base da história se olharmos depois de conferida até é bem simples e fácil, mas a montagem complexa junto de todo um contexto cheio de voltas e reviravoltas acaba entregando uma perspectiva do diretor que faz sua trama ir para outros rumos bem mais marcantes.

Quanto das atuações, a atriz Diane Kruger tem um estilo fechado de interpretação que por vezes até incomoda, mas muitas vezes ela consegue segurar tão bem seus personagens que acaba nos deixando com raiva do que faz em cena, e aqui sua Estelle tem uma pegada meio que dura consigo mesmo, oscilando algumas nuances mais intensas e outras mais introspectivas que fluem na tela, ou seja, consegue chamar o filme todo para si e garantir que o foco funcione totalmente. Marta Nieto trabalhou sua Ana de um modo mais solto, aonde sabendo fazer bons jogos de olhares acaba trazendo mistério para a personagem, mas também seduz e assombra a protagonista de um modo bem fácil de se notar, conseguindo agradar também com o que faz. Quanto aos demais, Mathieu Kassovitz até entregou alguns momentos interessantes com seu Guillaume, mas nada que fosse impactante, e Amira Casar também deu algumas nuances com sua Johana, mas tudo bem básico e sem grandes chamarizes.

Visualmente a trama entrega alguns atos bem colocados dentro tanto da cabine de aviões quanto de simuladores, mas o que chama mais atenção é a mansão da protagonista e também a casa de praia aonde vai para ficar junto da outra moça, tendo alguns momentos mais bagunçados e abandonados para dar o contexto da trama, além de alguns leves momentos em um iate e no hospital, tendo ainda carrões e motos bem chamativas para tentar dar alguns símbolos na trama. Ainda tivemos muitos elementos cênicos como as provas de pilotagem que a protagonista faz, os muitos remédios que ela toma para dormir e claro a rachadura na casa que dá para observar lá dentro tudo, ou seja, um filme cheio de amarrações que fluem bem na tela e que se fazem valer para completar toda a ideia da trama.

Enfim, é um filme com uma pegada bem densa que consegue dar um belo nó na cabeça do público, que quem curte esse estilo irá gostar bastante do que verá na tela, que talvez pudesse impactar um pouco mais em alguns momentos, mas que o fechamento surpreende bem, então fica a dica para a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas hoje ainda vou conferir mais um longa no cinema, então abraços e até logo mais.


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Longlegs - Vínculo Mortal (Longlegs)

8/31/2024 02:21:00 AM |

Muitas vezes quando me perguntam meu gênero favorito acabo falando que gosto de um bom filme, independente do estilo dele, mas todo narrador esportivo tem uma camisa de time preferido guardado no armário, e não seria diferente com críticos e cinéfilos do mundo todo, e um suspense investigativo faz sempre meus olhos crescerem, e se tiver códigos para tentar desvendar aí é correr para o abraço. E a grande sacada do filme "Longlegs - Vínculo Mortal" foi não dizer absolutamente nada do que ele era realmente pelo trailer, de modo que a curiosidade atiçou lindamente todos que estão indo aos cinemas para conferir a trama pelo ótimo marketing positivo e negativo que o boca a boca anda fazendo mundo afora, e diria que gostei até que bastante do longa, só não colocando ele mais para cima pelo excessivo uso de jumpscares e gritos completamente desnecessário em diversos momentos, pelo ritmo lento demais e pela apatia da protagonista (até entendo que tenha um trauma de infância e tudo mais, mas dava para expressar um pouco mais na tela), pois mesmo caricato o personagem de Nicolas Cage tem uma boa pegada estranha e maluca (meio que quase um It sem ser um palhaço), toda a ideia do culto e do pacto com a cúmplice acabou sendo bem interessante, e a densidade dramática funciona bem com o estilo de suspense escolhido, só talvez daria uma vertente melhor para os códigos, pois aí sim a trama ficaria mais completa, mas isso seria exigir demais.

A narrativa segue a agente do FBI, Lee Harker, que é convocada para reabrir um caso arquivado de um serial killer em uma cidade tranquila. À medida que Lee mergulha na investigação, ela descobre indícios perturbadores de práticas ocultas ligadas aos crimes, levando-a por um caminho sinuoso e perigoso. Conforme desvenda pistas, Harker se vê confrontada com uma conexão pessoal inesperada com o assassino, lançando-a numa corrida contra o tempo para evitar novas vítimas. Contudo, à medida que avança, percebe que algo sinistro a observa de perto, ameaçando não só o desfecho do caso, mas também sua própria segurança. Enquanto luta para desvendar a verdade por trás dos assassinatos, Harker se vê numa encruzilhada entre o dever profissional e os segredos sombrios que emergem, transformando sua investigação em uma batalha intensa entre a razão e o desconhecido.

Sei que o estilo do diretor e roteirista Osgood Perkins é mais pegado para o terror lotado de jumpscares (os famosos sustos gratuitos de coisas que aparecem do nada na tela), só que precisava ter visto que aqui o seu filme é todo puxado mais para o lado do suspense, então não precisaria ficar colocando gritos e imagens piscando na tela, mas sim desenvolvido mais a tensão com o ambiente e com uma dinâmica mais envolvente, e isso o seu filme já possui, então era só ter trabalhado alguns elos a mais, e o resultado acabaria perfeito, mas são estilos, e isso dificilmente um diretor muda durante a vida. Claro que muitos vão assistir e achar bobo, outros vão dar risada do estilo estranho do personagem, mas longas que tem essa pegada (dando um leve spoiler - satânica) são com esse estilo, de trabalhar alguns elementos que nem todos acreditam, do lance de prender a alma e tudo mais, e aqui a densidade nesse sentido se encaixa bem na história, mostrando algo até interessante de ser visto na tela.

Quanto das atuações, já conferi até que uma boa quantidade de longas com Maika Monroe, e ela sabe ser bem melhor do que o que acabou entregando para sua Lee Harker, de modo que acabou ficando muito morna e apática para uma protagonista, tendo até alguns atos com uma certa atitude, mas não convence com o que faz na maior parte do longa, pois o trauma deveria ter sido melhor mostrado da infância para que tivesse tudo isso no que faz. Blair Underwood até trabalhou seu agente Carter com uma certa intensidade clássica de filmes policiais, mas nos atos finais que precisava ir mais além acabou ficando seco demais, o que certamente não era o esperado para aquilo. Nicolas Cage ficou bem caricato com seu Longlegs, de modo que entregou personalidade para um papel novo em sua carreira, conseguindo chamar atenção, mas quem não gosta do ator vai somente achar bizarro sem criar qualquer vínculo mais interessante para o que faz. Quanto aos demais, a maioria apenas aparece, tendo alguns atos expressivos mais marcantes para Alicia Witt como a mãe da protagonista, mas também não foi muito além.

Visualmente a trama não traz nada de muito novo para um filme do estilo, e isso embora seja um pesar acaba não atrapalhando o resultado final, tendo muitas casas bagunçadas com toneladas de coisas que ajudam a encontrar alguns símbolos da trama ou em reformas com os famosos plásticos pendurados, vemos ainda as bonecas estranhas e também muitos atos escuros para dar os sustos gratuitos que são tradição em estilos de filmes com jumpscare, ou seja, a equipe de arte não tentou criar muito na tela, e isso deixou o longa um pouco simples demais, mas sem incomodar de modo geral.

Enfim, é um filme que quem curte sustos gratuitos vai gostar, e que quem gosta do gênero investigativo também vai entrar no clima, agora quem for esperando um terrorzão de primeira linha como o marketing do longa estava vendendo, de algo assustador e tudo mais, aí a decepção vai ser grandiosa, mas como fui conferir sem saber nada além do que não tinha sido mostrado no trailer confuso, acabei gostando bastante, e valendo dar essa recomendação com a ressalva de sempre ir conferir sem ver nada sobre a trama. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Estômago 2 - O Poderoso Chef

8/30/2024 12:24:00 AM |

Tem que ter coragem de pegar um filme que foi brilhante e ultra elogiado e resolver dar uma continuação para ele, e talvez por isso o diretor Marcos Jorge preferiu esperar 16 anos para ousar seguir com seu longa de estreia que lhe deu prêmios e principalmente fez o seu nome no mundo do cinema. Mas coragem deixada de lado, a grande questão que estava pairando na mente dos amantes do cinema é se viria algo que honrasse realmente uma continuação ou se seria um mero produto jogado para os leões se divertirem após pedirem tanto algo desse mundinho gastronômico que em 2007 nem era tão barulhento, mas que hoje a cada 10 mudadas de canal você acha alguém fazendo uma receita invocada, e hoje posso falar que "Estômago II" supriu bem as expectativas, claro não chegando nem aos pés do genial primeiro longa, mas usando a mesma base dividida do original de mostrar as cenas na cadeia e as cenas externas intercalando para contar a história de alguém, a trama conseguiu ser dinâmica e bem interessante, porém exageradamente amarrado, de modo que se o lado exterior do primeiro é muito mais cheio de sacadas, enquanto agora aqui a história da máfia italiana tem elementos forçados demais, mas que acaba funcionando pelo desfecho bem tramado.

O longa nos conta que a fantástica e divertida jornada de nosso “anti-herói” preferido, Raimundo Nonato, e suas aventuras filosófico-culinárias continuam. Dezesseis anos depois dos acontecimentos do primeiro filme, Nonato virou o chef dos chefs na prisão, encantando com seu talento culinário e saborosa lábia tanto o diretor do presídio quanto o veterano líder dos detentos. Até que um terceiro chefão, o mafioso italiano Dom Caroglio, chega para disputar o controle da penitenciária e o privilégio de ser servido pelo carismático cozinheiro. Ao mesmo tempo, conheceremos os tortuosos caminhos que transformaram o pacato filho da dona de um restaurante brasileiro no sul da Itália no poderoso chefe que, anos depois, vem ao Brasil desafiar o crime organizado por causa de Nonato.

Diria que o diretor e roteirista Marcos Jorge foi bem esperto em usar o mesmo estilo de filme que fez sucesso no passado, pois muitos vão querer revisitar o primeiro filme para assistir esse novo e irão acabar gostando de ambos, e também aqueles que não viram o original irão conferir tranquilamente, pois a base cênica da história do original quase nem é falada ou usada, apenas citando a indigestão de Bujiú e a chegada de Etecétera na cadeia, do restante a trama se desenvolve tão solta que nem é necessário saber nada, e isso tem o lado bom de funcionar solta, mas também o lado ruim, que muitos irão reclamar de talvez faltar detalhes, o que o diretor foi bem sagaz para suprir essas pontas. Porém o grande detalhe dessa nova trama acredito que tenha sido a negociação com a produtora italiana do primeiro filme, pois voltaram a se juntar depois de 16 anos, e se no primeiro filme a Itália só foi citada pelos vinhos e pastas, aqui o longa é quase que 70 a 80% falado em italiano com legendas (e a galera fã do dublado vai xingar!), e isso entrou bem na onda por ser a história de Roberto/Dom Caroglio que está em voga no filme, mas senti que ele poderia ter abrilhantado um pouco mais a história de Alecrim/Raimundo Nonato ou Rosmarino como o protagonista ficou lhe chamando (já que alecrim em italiano é dito dessa forma). Ou seja, não é novamente um estouro que o diretor fez nesse mundo, mas felizmente não nos decepcionou, pois dá para se divertir bem com o resultado todo.

Quanto das atuações, João Miguel praticamente dormiu no formol todos esses anos, pois mudou pouquíssimo visualmente, estando claro um pouco mais gordinho, mas com seu Raimundo Nonato/Alecrim/Rosmarino cheio de estilo, sacadas e bons trejeitos, mostrando seu jeitão esperto e também meio que ingênuo de uma forma cheia de carisma, sabendo brincar bem com cada um dos elos, ou seja, funcionando bem em todas as cenas que está presente que são bastante, porém menos do que gostaríamos de ver, afinal ele sabe dominar o ambiente e iria ainda mais longe se deixassem (veremos se tiver um terceiro filme o que ele vai aprontar da forma que ficou!). Nicola Siri é o italiano mais brasileiro que temos, afinal já fez muitos filmes e séries por aqui, e tanto seu Roberto na Itália cheio de boas intenções em conseguir agradar a máfia e subir de vida de ator/chef do restaurante da mãe, quanto seu Dom Caroglio na cadeia no Brasil com ares mais imponentes, funcionam demais para a ideia do filme, sabendo usar bons trejeitos e dinâmicas para que seu personagem soasse forte e interessante para tudo o que foi proposto, ou seja, segurou bem o protagonismo, mas poderia ter impactado um pouco mais para cativar o público e ter mais carisma. Agora se no original Fabiula Nascimento fez a vez do charme, aqui tivemos uma Violante Placido maravilhosa com sua Valentina, que trabalhou bons traquejos junto do protagonista, mas que dava para ter ido um pouco mais além nos atos mais fortes por se dizer, de modo que ficou em segundo plano demais na trama. Já Giulio Beranek ficou um pouco exagerado como Salvatore Galante, de modo que tentou se impor como um chefão malvado e cheio de traquejos na cena do restaurante, mas acaba mais irritando do que agradando com tudo. Ontem revendo o original foi bacana ver Paulo Miklos em suas primeiras ousadias no cinema com seu Etecétera, e aparentava até estar bem mais novinho (embora já estava com quase 50 anos), e agora já bem mais experiente nas atuações se entregou bastante nas cenas da rebelião e também nas boas sacadas e dinâmicas de diálogos com os demais protagonistas. 

Visualmente se o primeiro foi mais simples, porém cheio de cenas gastronômicas bem trabalhadas, aqui o orçamento já fez toda a diferença, mostrando bem mais ambientes da cadeia, muitos atos na Itália, tendo tanto o restaurante da mãe do protagonista (numa sacada bem colocada de ser um restaurante brasileiro por lá para colocar pratos nacionais bem chamativos como feijoada, acarajé, tucupi e tudo mais da nossa gastronomia), tivemos algumas boas cenas de tortura e violência na cozinha e num galpão, e claro as tradicionais conversas mafiosas em formatos clássicos para mostrar requinte no portfólio do diretor e de sua equipe, alguns jogos de futebol no pátio da cadeia também fazendo as sacadas dos jogos entre Brasil x Itália, e ainda explosões e rebeliões bem grandiosas com vários tipos de elementos cênicos, com claro sempre muita boa comida, inclusive a inicial gigantesca nesse sentido.

Enfim, se o primeiro é perfeito e valeu com toda certeza uma nota 10, esse acabarei dando um 8 por faltar um pouco mais de carisma do personagem italiano para que tivéssemos a mesma síntese que tivemos com Alecrim, mas ainda assim é um exemplo de filmaço nacional que vale a pena a conferida no cinema, e já começou bem nos festivais arrebatando 5 prêmios em Gramado, ou seja, vamos ver como vai ser a briga nos demais mundo afora. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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