Um dos filmes mais graciosos que vi em 2017 foi feito pela diretora Lola Doillon, e se lá trabalhando o tema da Segunda Guerra com crianças foi sutil e ao mesmo tempo intenso, aqui com o autismo ela praticamente se jogou para um mundo com muitas possibilidades e desenvolturas, pois conhecemos crianças e jovens com autismo detectado logo quando pequenos, vemos os famosos trejeitos e dinâmicas, mas nunca paramos para imaginar uma pessoa já mais adulta que sempre se fechou e que poderia ser também diagnosticada, e a diretora praticamente fez o trabalho da protagonista que é uma pesquisa sobre o tema, ir a simpósios, entrevistar especialistas, e claro ao juntar tudo, colocar os medos, as tensões e dinâmicas para que tudo ficasse totalmente dentro do perfil e a personagem se conhecesse tanto quanto a diretora ao montar a trama. Ou seja, é daquelas tramas que você ousa conhecer sem conhecer o tema a fundo, e se apaixona pela ideia completa junto da protagonista nos colocando sua paixão pela personagem, e isso funciona bem demais na tela.
Quanto das atuações, já tinha visto a jovem Jehnny Beth em diversas produções, mas nunca tinha reparado nas nuances da atriz, de modo que aqui assumindo o protagonismo com sua Katia soube transparecer todas as dinâmicas clássicas de autistas de cara, mesmo que você não conhece todo o mundo do transtorno irá ver ela passando as situações, desesperada com lotações, e vários outros detalhes, sendo sensível para a entrega sem ficar forçada, e isso acaba agradando demais. O namorado da protagonista Fred, vivido por Thibaut Evrard também teve bons trejeitos na tela, soube passar o lado conflitivo de uma relação com várias idas e voltas, mas a paixão e a química ficaram bem nítidas para envolver bem na tela, mostrando como é se envolver com pessoas assim mais intensas. Os demais personagens foram mais de conexão, desde a especialista em autismo, a mãe da protagonista, a companheira de trabalho e o chefe, não sendo nenhum grande chamariz para que as dinâmicas fossem mais colocadas e merecesse destaque.
Visualmente a trama mostrou momentos tensos e situações bem colocadas, tendo o apartamento confortável da protagonista, com seus detalhes, pouca luz, e toda a forma intensa de estar pesquisando sem parar nem olhar para os horários, vemos no emprego ela fugindo para o arquivo que era mais reservado e longe da movimentação, tivemos algumas festas, reuniões de amigos e shows aonde o conflito acontece, e claro o simpósio aonde a jovem vai entrevistar a pesquisadora e acaba conhecendo a outra que vai fazer os diversos testes com a protagonista, tivemos também a casa da mãe e o emprego do namorado, mas apenas para dar as devidas dinâmicas.
Enfim, é um longa simples com uma pegada gostosa, que trabalha um tema amplo para se discutir, e que acertadamente envolve o público que for conferir ele a partir de quinta nos cinemas, então fica a dica para aprender mais, e quem sabe até se conhecer, vai que você também possui o espectro em algum nível e nem sabe como lidar. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Autoral Filmes pela cabine, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.
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