Coração de Lutador (The Smashing Machine)

10/03/2025 12:26:00 AM |

Tem vezes que vamos ao cinema sabendo o que vamos encontrar, mas hoje posso dizer que estava mais curioso do que empolgado com o longa "Coração de Lutador", pois sempre vimos Dwayne Johnson como o The Rock, o cara engraçado boa pinta que faz mil filmes de ação sempre rindo, com trejeitos até bobos em algumas vezes, meio bonachão quando colocado como mais imponente, mas sempre o mesmo ator dentro de vários personagens, e aqui ele se jogou para o lado dramático, envolvendo drogas, problemas pessoais, e claro lutas violentas do famoso MMA, ou seja, algo completamente diferente do que estamos acostumados, e posso dizer que o filme funciona muito bem, sendo algo bem próximo de uma homenagem a Mark Kerr, mas também mostrando que ele errou muito, e sendo uma trama rápida e interessante consegue entreter bem na tela, principalmente quem for fã do esporte, mas felizmente não colocaram lutas tão fortes em cena, afinal sabemos que algumas são terríveis. Ou seja, é um filme bacana, bem atuado e que funciona dentro da proposta, porém faltou emocionar o público como algumas tramas esportivas conseguem fazer, parecendo que o diretor não quis passar mais sentimento na tela, mas ainda assim é bem bacana de ver.

O longa mergulha na trajetória física e emocional do lendário lutador de MMA Mark Kerr. A trama explora os altos e baixos da carreira do esportista, falando sobre sua luta contra o vício, suas vitórias e seu relacionamento amoroso durante o auge da fama no UFC. Mark Kerr foi um dos maiores nomes do esporte nas décadas de 90 e 2000, mas, apesar das conquistas e sucesso no octógono, enfrentou grandes desafios pessoais ao lado de sua esposa Dawn.

Na minha pré-crítica no Facebook falei que "até os brucutus podem atuar bem sob a mão de um bom diretor", e complemento aqui dizendo que "qualquer um pode atuar bem sob as mãos de um bom diretor", pois para quem não se lembra Benny Safdie fez Adam Sandler ser indicado a praticamente todas as premiações com "Joias Brutas" quase conseguindo uma indicação ao Oscar, e aqui deve fazer o mesmo com The Rock, ou seja, o cara sabe pegar atores que vivem sendo "bobões" e atuando sempre da mesma forma e mudar suas perspectivas completamente para papeis que sejam enxergados pela crítica e pelo público fora dos tradicionais blockbusters cômicos, e aqui ele foi muito esperto na concepção do trabalho ao usar pessoas do meio do MMA para serem treinadores, lutadores, repórteres, médicos e tudo mais, e até mesmo Dwayne já lutou no passado outro estilo de luta, então o diretor não precisou reinventar a roda, apenas soube conduzir bem as expressividades de cada um para a câmera, e o resultado fluiu, ao ponto que talvez esse seja o ponto mais positivo e ao mesmo tempo o mais negativo da produção, de que ele não quis fazer um longa esportivo tradicional, cheio de melodrama, emoções e tudo mais, mas sim algo representativo bem colocado, mostrando o efeito das drogas, e até mesmo como um conflito familiar desconcentra um atleta. 

Quanto das atuações, já falei o quanto o diretor conseguiu tirar de Dwayne Johnson com seu Mark Kerr, e o ator se empenhou aumentando ainda mais seu tamanho com muito treino, lutou bem com lendas do esporte que ainda estão em atividade, e principalmente soube se expressar incrivelmente bem nos atos dialogados com sua parceira cênica, de modo que o ator praticamente se reinventou em cena, e caiu muito bem dentro de algo dramático, sendo até irreconhecível o quanto conseguiu sentir o personagem na tela ao invés de jogar apenas como costuma fazer, claro que ainda não é perfeito para ganhar, mas  certamente deve ser citado nas premiações. Agora Emily Blunt também deu um show com sua Dawn, de tal forma que em um primeiro momento parecia uma personagem fútil jogada na tela, mas conforme vai trabalhando mais suas cenas consegue impressionar e chamar muita atenção com o que faz junto do protagonista. Quanto aos demais, a maioria são personalidades do MMA que ainda lutam, comentam, treinam e medicam os atletas, e alguns que até atuam em filmes como dublês ou personagens de lutas mesmo, valendo dar destaque claro para Ryan Bader com seu Mark Coleman bem trabalhado e com uma amizade icônica junto do protagonista.

Visualmente o longa teve uma estética de época bem marcante tanto nos ambientes da casa do protagonista quanto nas coletivas do Pride no Japão, além claro de lutas intensas e cheias de coreografias bem impactantes, mostrando um pouco dos bastidores desse mundo que hoje é uma potência milionária, mas que na época era algo bem mais singelo, de modo que a equipe de arte conseguiu pesquisar bastante para que tudo ficasse chamativo e cheio de nuances, principalmente nos atos envolvendo os remédios viciantes que o personagem toma, e suas crises quebrando tudo.

Enfim, é um longa que poderia ter ido até mais além, pois tramas esportivas geralmente causam um impacto mais sentimental no público, mas é algo muito bem feito dentro da proposta de homenagem a uma lenda do esporte que teve muitos altos e baixos, e dessa forma o resultado até funciona bem, então fica a dica principalmente para ver um The Rock menos rochoso. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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