O longa acompanha um dia decisivo na vida de um diretor de um reformatório inglês nos anos 90. Seu nome é Steve e, enquanto tenta proteger a integridade da escola e prevenir de um iminente fechamento, enfrenta sua saúde mental cada vez mais deteriorada pela exaustão e exigência do trabalho. Em paralelo aos esforços de Steve, um jovem complicado chamado Shy lida com os traumas de seu passado e com as poucas perspectivas para o futuro, vivendo em constante colisão com seus impulsos de autodestruição e violência e as fragilidades que o assolam.
O trabalho que o diretor Tim Mielants vem fazendo com seus longas é algo bem cru e direto de sentidos, trabalhando situações fortes, porém com uma pegada mais densa do que explosiva, e se reclamei muito da lentidão que colocou no seu longa anterior, aqui ele simplesmente ligou o turbo e nem vemos quase que a dinâmica acontecer na tela, de modo que foi sucinto com o que tinha para desenvolver e não tentou florear os elementos para que reflexões acontecessem, mas sim ir direto ao ponto, conversando com o espectador já enumerando todos os fatores, afinal a saúde mental é um dos maiores problemas atuais, ainda mais na área da educação, e a síntese do longa é bem em cima disso e claro de tudo o que rola na cabeça dos jovens de hoje com suas explosões e dinâmicas. Ou seja, é um filme curto, porém amplo de sentidos e sentimentos, que funciona com uma precisão cirúrgica, mas que dava para ser feito de tantas maneiras que vale até pensar na possibilidade de imaginar a trama nas mãos de algum diretor mais doido, para ver como tudo ficaria sem tanta sutileza.
Quanto das atuações, aparentemente Cillian Murphy gostou do estilo do diretor, pois esteve presente na sua última obra e aqui volta a ter uma parceria forte, com claro muito mais abertura para se soltar, de modo que seu Steve tem personalidade, e demonstra estar a beira do colapso com tudo o que entrega na tela, mostrando mais um ótimo trabalho do ator, com um texto que não o favoreceu tanto quanto poderia para ir mais além. Tracey Ullman teve cenas bem marcantes também com sua Amanda, de modo que cada dinâmica sua puxava mais a dinâmica para próximo do protagonista, sendo ampla de olhares e sintética de trejeitos, o que deu um tom duro, mas seguro para os seus atos. Dentre os jovens, os olhares ficaram bem mais em cima de Jay Lycurgo com seu Shy, pelas dinâmicas mais emocionais, caindo bem para o lado depressivo, o que chamou muita atenção na tela, já que o jovem começa de uma forma e vai se desenvolvendo mais para o lado profundo, e isso ficou bem interessante, mostrando seu poder expressivo. Ainda vale dar leves destaques para o estilo explosivo dos demais jovens como Luke Ayres com seu Jamie e Joshua J. Parker com seu Riley, mas mais pelos atos de conflito do que pelas interpretações em si.
Visualmente a trama funcionou em um reformatório antigo, com salas de aula, um campo de futebol do lado de fora, um lago, algumas plantações, a sala dos professores aonde ocorrem algumas reuniões, um quarto aonde o protagonista esconde sua droga, e um porão aonde tem algumas bebidas, tendo atos com as filmagens do programa de TV, usando imagens mais sujas e com ruídos para representar algo mais antigo, e até funcionando bem dentro dos vários elementos cênicos que a equipe deu para os quartos dos rapazes.
Enfim, é um longa interessante, com uma proposta bem definida e atuações marcantes, que talvez pudesse ir para um rumo mais intenso, emocional e cheio de facetas, mas que preferiu ser seguro e direto sem florear, nem criar simbologias, e assim sendo quem curte uma pegada quase que documental vai gostar da entrega na tela, e assim acaba sendo a recomendação. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, nesse domingão que até rendeu bem, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até breve.
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