Amazon Prime Video - Quizás Es Cierto Lo Que Dicen De Nosotras

6/30/2024 07:24:00 PM |

Gosto de dar play em alguns filmes alternativos nas plataformas de streaming para ver o que andam fazendo de diferente, mas tem momentos que eu fico realmente pensando o motivo de tanto masoquismo em cair numas bombas que aparentam serem boas, mas que não vão além, e o nome da vez foi "Quizás Es Cierto Lo Que Dicen De Nosotras", que a Amazon Prime Video nem se deu ao trabalho de encomendar um nome em português para vender melhor a trama, pois é daqueles filmes que nem chegam a ser introspectivos para causar algo no espectador, e nem brinca com a possibilidade de um suspense maior para impactar, sendo entregue meio que de cara que a jovem participou de uma seita estranha, fugiu para a casa da mãe que é psiquiatra, e quando tudo desaba no julgamento ambas se veem no desespero de encontrar algo para fazer, afinal uma mãe defende seu filho até quando está errado, e pronto, resumi o longa inteiro em uma frase, enquanto na tela são longuíssimos 95 minutos que parecem ter quase umas 5 horas de tão devagar de ritmo, e que raspou a trave de me fazer dormir (algo que é bem difícil). Ou seja, vou tentar falar um pouco mais dele abaixo, mas nem sei se vale a pena.

O longa que é inspirado em fatos reais, nos mostra que Tamara se refugia na casa de sua mãe Ximena, uma psiquiatra de sucesso. Lá, uma investigação policial é iniciada em busca do filho recém-nascido de Tamara, que desapareceu dentro de uma conhecida seita.

Até diria que a ideia dos diretores e roteiristas Camilo Becerra e Sofía Gómez foi bem interessante por tentar trabalhar a história real de uma seita maluca na Argentina e o desenrolar que deu com as prisões e acusações, e desenvolver isso tudo em cima de uma mãe psicóloga que tenta enxergar as nuances do que aconteceu com a filha e também tudo o que ela faz com a outra filha que mora com ela, porém a trama acaba não indo para nenhum rumo que fosse marcante realmente, caindo sempre em cenas dramáticas calmas demais, o que acaba parecendo que querem falar algo a mais e não podem. Ou seja, é o típico filme que você fica esperando algo acontecer e não acontece, e que quando acaba você se pergunta se entendeu o que queriam mostrar, ou se não era nada além disso que você realmente viu, e hoje eu ficaria com a segunda opção de que o filme não mostrou nada na tela.

Quanto das atuações, Aline Küppenhein trabalhou sua Ximena com uma densidade dramática bem fechada, não dando espaço para interpretações de suas nuances, nem floreando demais olhares e trejeitos, ao ponto que não vai muito além, e isso acabou fazendo com que o filme ficasse preso nela, sem ela elaborar muito para a trama. Da mesma forma Camila Roeschmann também trouxe uma Tamara bem introspectiva, sem grandes anseios para chamar a atenção, e com isso ficamos a todo momento esperando alguma atitude mais insana por parte dela, e nada acontece, o que acaba desanimando na tela. Quanto aos demais, a maioria apenas aparece, dá algum diálogo e sai de cena sem conseguir que focássemos esperando algo acontecer, e assim sendo nem vale a pena destacar ninguém.

Visualmente a trama fica presa literalmente na casa da protagonista, com ângulos fechados sem desenvolver muita coisa, tendo alguns atos na mesa de jantar, outros nos quartos e alguns no banheiro, e até mesmo os atos de discussão do julgamento praticamente ficaram na sala da casa, tendo apenas um ato na casa aonde viveram os membros da seita, completamente bagunçada e abandonada, um ato num tribunal e o ato final em uma outra casa, mas sem muitos detalhes que fizessem o filme ir para outros rumos.

Enfim, sempre elogiei muito o cinema argentino, sendo algo incrível quase que na totalidade, mas também dá para ver que fazem algumas bombas, como é o caso aqui, de modo que talvez alguns até vejam algo a mais na trama, mas pra quem tem problemas de insônia como eu tenho, funcionou como um ótimo sonífero, que por bem pouco não vi o final dele, ou seja, não tenho como recomendar para ninguém. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, e nem vou arriscar ver outro filme não, pois demorei uma eternidade para escrever desse, então volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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A Flor do Buriti (Crowrã)

6/30/2024 02:28:00 AM |

Costumo dizer que é interessante assistir alguns filmes que você certamente não daria play aleatoriamente para experimentar sensações e conhecer às vezes algo que nem está tão longe de você, e até lembrava da passeata que teve em Brasília alguns anos atrás, mas não tinha conectado com a ideia completa da trama "A Flor do Buriti", que inclusive ganhou vários prêmios internacionais, inclusive um de Cannes no ano passado, ou seja, tem selo de qualidade de festivais, e o que mais me prendeu na trama foi ver algo que realmente não sabia de um povo originário no país que falasse uma língua tão diferente ainda no tempo atual, pois sem a legenda é impossível associar qualquer palavra dita na tela, e claro que o filme causa um certo conflito na mente, pois é meio que uma mistura de documentário com ficção, aonde você não vê a equipe perguntar nada para eles, apenas agindo e trazendo seu cotidiano, com a filhinha tendo nos seus sonhos as lembranças do massacre dos anos 40 que a tribo sofreu e também de 69 quando vários homens ingressaram numa espécie de polícia indígena, associando tudo com as invasões e remarcações de terra que andam tão em pauta nos governos atuais. Ou seja, é um filme que facilmente muitos nem pegariam para ver, mas que vale pela mensagem passada na tela, e pela formatação interessante que consegue prender, sendo interessante e bem inteligente com uma pegada fora do padrão que acaba sendo bonito de conferir.

A sinopse nos conta que em 1940, duas crianças do povo indígena Krahô encontram na escuridão da floresta um boi perigosamente perto da sua aldeia. Era o prenúncio de um violento massacre, perpetrado pelos fazendeiros da região. Em 1969, durante a Ditadura Militar, o Estado Brasileiro incita muitos dos sobreviventes a integrarem uma unidade militar. Hoje, diante de velhas e novas ameaças, os Krahô seguem caminhando sobre sua terra sangrada, reinventando diariamente as infinitas formas de resistência.

Outro ponto bem marcante da trama que você vê ao final com os créditos é que a equipe do longa foi bem enxuta, de forma que os diretores Renée Nader Messora e João Salaviza usaram os próprios integrantes da tribo para desenvolver o roteiro, filmagens e tudo mais junto deles, criando algo mais amplo do que apenas um filme aonde os membros apenas se representariam e a equipe do longa ficaria distante filmando e fazendo as devidas perguntas e sugestões de encenação, de tal forma que o resultado visto na tela acaba sendo quase algo feito pelos Krahô para os Krahô do presente e do futuro, aonde nós acabamos conhecendo um pouco mais dos seus costumes, da sua vida misturada com os brancos (ou cupê como chamam) que roubam animais para vender, entram sem permissões e claro por viverem muito próximos das cidades até influenciam em suas vidas. Ou seja, é um filme amplo de ideias que reflete bem toda a estrutura da época, e aponta o dedo na cara dos governantes para que olhem com um maior carinho para a tribo.

Não vou entrar no mérito das atuações, afinal como disse a pegada é até mais documental, então todos estão interpretando eles mesmos em suas vidas casuais, com os problemas do dia a dia, e claro alguns diálogos improvisados, mas o foco total ficou com Ilda Patpro Krahô e Francisco Hyjnõ Krahô, aonde desenvolvem tudo e vão se soltando com cada membro da família e da tribo.

Enfim, é uma trama diferente do que já vimos usualmente nos cinemas, pois não é uma ficção e também não é um documentário tradicional, ao ponto que a vivência na tela acaba sendo bela pela simples execução em si, valendo o debate sobre as terras sendo invadidas, e a vida das tribos sendo influenciadas por pessoas de fora delas, e assim sendo acaba sendo algo que vale a conferida, pois tem pegada, tem um visual bonito e marcante, e não força a barra para que você se convença do que desejam mostrar. Claro que dava para escolher algum dos dois vértices para pontuar melhor, mas não seria original como foi, e assim sendo deixo minha indicação para que quem puder confira ao estrar nos cinemas a partir do dia 04/07, e fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da Embaúba Filmes pela cabine de imprensa, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Até Que As Cores Acabem (余命一年の僕が、余命半年の君と出会った話。) (Yomei Ichinen to Senkoku Sareta Boku ga, Yomei Hantoshi no Kimi to Deatta Hanashi) (Drawing Closer)

6/29/2024 09:49:00 PM |

Tenho falado já faz tempo que os japoneses precisam se empolgar em desenvolver os belos animes e mangás que possuem para live-action, pois se um desenho já faz a galera lavar as salas da casa e do cinema, o que falar da versão humana se bem desenvolvida, e eis que hoje chegou um dessa nova linhagem na Netflix, e se chama "Até Que As Cores Acabem", e fiquem apenas com o nome nacional, pois a tradução do nome original é gigante e entrega o final do filme, então se você não quer ter spoilers, melhor deixar subjetivo como nossos nomeadores de filmes optaram por colocar. E que filme bonito acabou ficando, pois tem pegada, tem emoção e tem todo um envolvimento não só amoroso, mas de uma amizade e colocação mutua entre os protagonistas, lembrando um pouco até o famoso "A Culpa é das Estrelas", mas com alguns vértices diferentes, de forma que a síntese consegue ser tão bem trabalhada na tela, que você nem sente as quase duas horas de exibição, e mais do que isso, você até fica querendo mais. Ou seja, se você é daqueles que choram facilmente já pegue o lencinho, pois vai precisar, pois a trama é tocante e bem gostosa de ver.

O longa conta a história de Akito, um jovem diagnosticado com uma doença terminal que precisa encarar a dura realidade de ter pouco tempo de vida. Nesse desespero, ele conhece Haruna, que assim como ele também tem uma doença terminal, mas encara a ideia da morte com muita coragem. Escondendo sua condição de saúde, Akito fica cada vez mais empolgado com Haruna, mas enfrenta uma dúvida cruel: será que ele consegue se apaixonar, mesmo sabendo que terá pouco tempo para aproveitar esse amor? A trama acompanha a relação dos dois enquanto buscam deixar marcas significativas de sua existência.

O diretor e roteirista Takahiro Miki demonstrou muita segurança nos diálogos e envolvimentos com os protagonistas, pois essa é a base de um bom drama romântico, de forma que acabamos bem conectados na história que Aoi Morita fez lá traz em seu livro, e conforme tudo vai se desenvolvendo ficamos cativados pelo carisma dos personagens, de modo que não recai para o lado romântico forçado nem fica sem o famoso açúcar para adoçar a vida do público. Ou seja, o resultado é daqueles que você acaba entrando por completo na trama, tanto pela personalidade envolvente de cada um dos protagonistas, quanto da leveza da história, afinal estamos falando de dois jovens que estão teoricamente com seus dias contados pela doença, mas que em momento algum deixam de sentir cada vez mais fortes com a amizade entregue na tela.

E falando das atuações, Ren Nagase trabalhou seu Akito como um lorde realmente, sendo um jovem de 17 anos que nem vemos facilmente por aí, tratando a jovem com muito respeito e envolvimento e sabendo dosar sua expressividade na tela para agradar com a pegada escolhida, ou seja, ele acaba sendo doce, mas também passando sentimentos fortes, o que agrada sem ficar exagerado na tela. Natsuki Deguchi também teve muito carisma com sua Haruna, sendo cheia de trejeitos emocionais nos olhares, sabendo criar leveza na tela, e mais do que isso, não se entregando para a doença, de modo que envolve bastante com tudo o que faz. Ainda tivemos atos bem marcantes de Mayu Yokota com sua Ayaka Miura, e claro todo o envolvimento tenso de Yasuko Matsuyuki fazendo a coisa mais difícil na vida de uma enfermeira-chefe que é ter de cuidar da própria filha em seu hospital.

Visualmente o longa foi bem simples e direto, trabalhando muitos atos dentro de um hospital, mais propriamente no quarto da garota e no terraço bem bonito, tendo alguns atos na escola do garoto, tendo um festival estudantil, e claro vários atos numa floricultura aonde o jovem comprava gérberas que tem vários significados de acordo com a quantidade de flores no arranjo, ou seja, tudo bem simples, colorido na medida e sutil para dar um envolvimento alegre em um ambiente triste, que acabou funcionando demais do começo ao fim.

Enfim, é daqueles filmes que vão explodir fácil na plataforma, e que valem o tempo de tela, pois emociona, envolve, vai fazer muitos chorarem e acaba sendo gostoso de conferir, pois tem alguns desse estilo que acabam não entregando tudo o que poderia, o que não acontece aqui, então pode dar o play sem medo que vai valer a conferida. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Um Lugar Silencioso: Dia Um (A Quiet Place: Day One)

6/29/2024 02:28:00 AM |

Diferente do que aconteceu com o segundo filme que estava com a expectativa em níveis incalculáveis, para esse novo longa "Um Lugar Silencioso: Dia Um", estava sem saber realmente o que esperar, afinal o primeiro foi bom e o segundo foi excelente, então voltar para antes de tudo, ou melhor para o primeiro dia da invasão dos seres que dizimaram a Terra e deixaram todos em completo silêncio, me deixava um pouco preocupado se iriam conseguir manter a essência, criar algo que fizesse o público ficar tenso o suficiente, e confesso ainda mais que estava encafifado com um animal em cena não dar um mísero miado, ou derrubar algo no chão que fizesse sua dona virar comida de alienígena, e ir conferir sem nenhuma expectativa foi muito bom, pois acabei surpreendido positivamente, o que acho que não aconteceria se estivesse esperando muito, afinal o longa em si é mais simples de nuances, mas ainda assim extremamente tenso e bem denso, ao ponto que você chega a quase nem ouvir as respirações dos demais espectadores presentes na sala no meio do silêncio absoluto quando os protagonistas estão passando por um dos bichões. Ou seja, o filme entrega atos marcantes, toda uma ambientação gigante em uma das cidades mais barulhentas do mundo, com toda uma precisão cirúrgica para que cada ato impactasse e deixasse o público sem respirar, fora as ótimas atuações dos protagonistas, e claro dos dois gatinhos que fizeram o papel felino na tela ser brilhante sem um miado que fosse.

O longa é um prelúdio do primeiro filme, acompanhando a chegada dos alienígenas à Terra e a ruína da sociedade como resultado da invasão. Antes dos assustadores eventos vividos pela família Abbott nos filmes anteriores, o mundo não estava dominado pelos alienígenas. Sam estava entre os humanos acostumados aos ruídos de uma metrópole, como Nova York. Até o momento em que ela testemunha a chegada das criaturas no planeta Terra e o consequente massacre. Agora, ela, Eric e Henri, juntamente com outros sobreviventes, precisarão aprender a sobreviver com os monstros assassinos, que se orientam pelo som de suas vítimas na cidade mais ruidosa do mundo.

Se no seu longa de estreia, o diretor e roteirista Michael Sarnoski conseguiu ser chamativo e transformar um Nicolas Cage que só vinha fazendo filmes ruins novamente em um ator imponente, aqui todos esperavam ver o que faria com um orçamento bem mais generoso e claro lotado de efeitos especiais, porém ele trabalhou com uma calma tão nítida e bem entregue que pareceu estar trabalhando em algo de poucos dólares aonde o que importava mesmo era ver as boas relações humanas na tela, a desenvoltura do desconhecido e do aprender a viver em silêncio, do caos tomado e poder respirar ou até mesmo gritar, e com isso acabou trabalhando com algo ainda denso, mas que abre uma ideia bem trabalhada de como alguns sentiram mais que outros a invasão, trabalhando o lado humano e também o sentimento da dor e da doença como um todo. Ou seja, poderiam ter feito só um filme de ação e tensão, mas trabalharam tão bem o drama que o conteúdo todo acaba impactando na tela.

Quanto das atuações, o que mais me impressiona em Lupita Nyong'o é a sua vontade cênica, pois ela pega papeis muitas vezes até bem simples, e acaba dando uma roupagem e uma interpretação que acaba sendo o papel dela, e aqui sua Sam não é alguém que conquista o público no primeiro ato, sendo uma jovem que já praticamente desistiu de tudo com a doença que é acometida, e apenas tem sua vontade de comer uma pizza no centro da cidade aonde viveu bastante, mas depois que tudo começa a pegar fogo mesmo, a atriz consegue se conectar tão bem com todos, consegue cativar seus atos e faz uma entrega tão perfeita que a vontade que temos em seu ato final é o de aplaudir realmente, pois foi além do que precisava. Embora a sinopse destaque Djimon Hounsou, seu Henri é apenas um personagem forte em duas cenas, mas que no segundo filme apareceu bem mais, então apenas traz essa conexão para sabermos quem é ele na tela. Já Joseph Quinn trouxe para seu Eric um ar fóbico cheio de precisão cênica, mas também algo doce de ver a jovem sofrendo de dor e sair para buscar um remédio, criando carisma e envolvimento com muita personalidade e integridade, chamando realmente o filme para si, ou seja, agradou demais com o que fez. Ainda entre os demais vale um rápido destaque para Alex Wolff como Reuben, mas sem dúvida alguma quem chamou toda a atenção na tela foram os dois gatinhos Nico e Schnitzel que deram vida ao personagem Frodo, sendo dóceis demais, caminhando e se movimentando com uma classe única, e o principal, nem ligando para os bichões, afinal não estava vendo nada ali, apenas se assustando por vezes com o barulhão na tela, ou seja, poderiam ter levado a Palm Dog em Cannes se o filme tivesse estrado por lá na época do Festival, mas aí seria uma Palm Cat.

Visualmente o longa foi muito crível de vermos uma Nova York destruída pelos bichões, vários prédios quebrando, carros pegando fogo e tudo muito abandonado no melhor estilo apocalíptico que já vimos em outros longas, mas sem dúvida as cenas internas foram as que mais chamaram atenção, com um túnel do metrô inundado com um bichão morando por lá, uma igreja inteira destruída, porém com a iluminação do sol fazendo brilhar o altar, todo um ambiente com vários bichos em um prédio em ruínas, e claro o teatro virando algo mais fechado e com cenas bem fortes, isso sem falar no prédio de vidro com tudo sendo quebrado, além do apartamento da protagonista bem representativo de sua ocupação e o bar aonde seu pai tocou no passado bem simbólico e com cenas bem bonitas de ver. Ou seja, a equipe soube gastar bem o dinheiro do orçamento para que tudo funcionasse e chamasse a atenção, e agora vendo os bichões mais de perto diria que ficaram estranhos, porém imponentes.

Se o primeiro foi indicado ao Oscar de Melhor Edição de Som, aqui diria que corre um grande risco de até ganhar a premiação, pois cada detalhe sonoro contou muito para os atos cênicos, e como disse no começo, o silêncio passa da tela para os espectadores, ao ponto de nem ouvirmos as respirações na sala, ou seja, uma mixagem perfeita que causou impacto no público das sessões.

Enfim, não é melhor que o segundo longa que ao meu ver foi muito superior ao primeiro, mesmo não sendo mais algo tão original, mas diria que esse fica bem pau a pau com o primeiro, tendo um ou outro momento que derrapa um pouco no desenvolvimento, mas tendo animais no set e toda uma presença ambientada em algo muito maior, o resultado acaba surpreendendo bastante e valendo a indicação para ver na maior sala que estiver passando em sua cidade (aqui por estar passando nas três gigantes Imax, XD e MacroXE não pense em ir ver em outra sala, pois o som vai fazer a diferença, ao ponto da cena do metrô cheguei a olhar para o teto da sala Imax de tão real a presença sonora, então fica a dica para conferir, e eu fico por aqui hoje, mas volto logo mais com outros textos, então abraços e até breve.


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A Grande Fuga (The Great Escaper)

6/28/2024 12:58:00 AM |

Hoje iria ver o suspense silencioso, mas como a sessão que tinha ingresso mudou, resolvi mudar de filme também, e como já diria o velho ditado "tem males que vem para o bem", e que filme maravilhoso é "A Grande Fuga", pois consegue trabalhar uma história real que virou notícia mundialmente na época de uma maneira tão sutil e gostosa de ver, que você acaba se emocionando e envolvendo demais com cada momento na tela, e não só pela história em si (que foi bem mudada ao saber o passado original do protagonista), mas sim pela brilhante e emocional história dos protagonistas, afinal foi o último filme de Glenda Jackson que morreu no ano passado, e o filme de aposentadoria de Michael Caine, ou seja, tudo ainda mais simbólico e funcional demais, que os olhos chegam a dar uma leve molhada!

O longa se passa no verão de 2014 e acompanha a história real de Bernard Jordan. O veterano da Segunda Guerra Mundial foi manchete nos jornais do mundo todo após fugir da casa de repouso onde vivia para se juntar a outros veteranos na França, durante o 70º aniversário dos desembarques do Dia D. A aventura de Bernie, que durou apenas dois dias, marcou sua vida e também seu casamento de 60 anos com Irene.

Diria que o diretor Oliver Parker conseguiu pegar bem toda a ideia transmitida pelo roteirista William Ivory, de modo que mudaram um pouco a história real (na verdade Bernard foi paraquedista e ficou preso durante toda guerra, enquanto aqui o personagem foi da marinha e nem desceu do navio) para colocar o elo emocional que acaba ocorrendo, sendo esse a maior diferença, enquanto todo o ato com a esposa, com a fuga, com os cuidadores ligando para polícia, e claro toda a fama que ganhou o mundo todo com jornalistas gastando cada linha para falar do senhorzinho que fugiu do asilo para ir na comemoração da guerra, e sabendo criar as devidas desenvolturas a trama teve uma pegada simples, com ares leves e gostosos, mostrando que o estilo do diretor não era de causar densidade, mas sim passar a emoção e o carisma dos personagens na tela, o que acabou acontecendo e agradando demais. Ou seja, esse filme tinha inúmeras possibilidades de desenvolvimento na tela, mas a escolhida foi sem dúvida uma das melhores, pois é uma trama rápida, direta e com um sensorial bem marcado, que não vai fazer muitos lavarem a sala, mas sim saírem felizes demais com toda a entrega dos atores para o diretor, e claro, para o filme.

E se já falei que a entrega dos atores foi algo sensacional, nem precisaria falar nada das atuações, mas sendo o último trabalho de Michael Caine antes de se aposentar, ele colocou tantos olhares precisos para o seu Bernard Jordan que muitos no set de filmagens que conheceram o real falaram que viam o ex-soldado aparecendo ali, e o carisma do ator é gigante, não sobressaindo com ninguém em cena, e mais do que isso, sendo expressivo e emocional em todos os atos, agradando do começo ao fim. Esse também foi o último filme de Glenda Jackson, afinal morreu em junho do ano passado, e sua Irene Jordan ou Rene para os mais íntimos foi de uma doçura e envolvimento tão gostosos que você acaba até querendo mais cenas dela na tela, tendo uma precisão emocional certeira para cativar e funcional demais para que o diretor pensasse em cortar alguma cena dela. Ainda tivemos bons atos com John Standing com seu Arthur bem pautado e precisando de uma ajuda para fazer o que precisava no evento, de tal forma que junto do protagonista foi sereno e bem direto em seus atos. Claro que os personagens jovens também entregaram atos de guerra bem impactantes, de modo que Will Fletcher e Laura Marcus conseguiram dosar atos emocionais com expressões fortes de momentos chamativos da guerra. Quanto aos demais, todos fizeram boas conexões com os protagonistas, mas vale dar destaque para Danielle Vitalis com sua Adele e Jackie Clune com sua Virginia bem colocadas como mais do que apenas enfermeiras para o casal.

Visualmente o longa foi bacana por mostrar uma casa de repouso bem tradicional (um pouco mais rica que o normal é claro), aonde os velhinhos moram com vários itens pessoais, fotos, vitrola e remédios aos montes, vemos pouco dos demais aposentos, mas a movimentação grande de enfermeiros mostrando ser algo bem amplo, vemos os passeios pela praia do casal, e depois vamos para a viagem do protagonista, pegando carona para chegar até o canal e depois uma balsa recheada de senhorzinhos veteranos da guerra, tudo bem preparado como um início de festa, já na França vemos restaurantes tradicionais, um hotel também simples, e um grandioso cemitério da guerra além de toda a tenda da homenagem, isso tudo no presente. Já do outro lado a equipe trabalhou muitos atos de guerra bem imponentes, com tanques, navios, tiros, explosões e claro festas aonde o protagonista conheceu sua esposa, tendo atos bonitos e uma fotografia bem requintada.

Enfim, é daqueles filmes marcantes e bem emocionais, que não tem como não gostar do que vê na tela, tendo um ou outro ato meio que fora do eixo, aonde o diretor tentou florear um pouco demais a história, mas nada que atrapalhasse o resultado final, então vá conferir que é certeza de sair da sessão bem mais feliz do que entrou, pois é uma lição de vida, afinal aos 90 anos ainda encontrar disposição para fugir de um asilo para ir numa comemoração de guerra tem de ter muita vontade. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.




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Amazon Prime Video - Estrondo Na Escuridão (Rumble Through The Dark)

6/27/2024 12:53:00 AM |

Não sou o tipo que curte longas de luta, mas hoje achei interessante a tela do longa "Estrondo Na Escuridão", que entrou em cartaz na Amazon Prime Video por esses dias, e o que posso adiantar para quem curte o estilo é que o ato final reserva uma tremenda luta bem intensa e com muito sangue para todos os lados, porém para chegar até ela, você terá de ver algumas circunstâncias levemente de cartas marcadas, daquelas que você apenas ri do que acaba acontecendo, pois o diretor acaba achando que somos bobos de acreditar que alguém acharia um pacote recheadíssimo de dinheiro, e ficaria andando com ele para lá e para cá, ainda mais imaginando que outra pessoa estaria bem de olho nela, ou seja, se abstrairmos essa ideia, até que o filme tem uma pegada interessante, e acaba funcionando como um bom passatempo, principalmente nos atos finais, mas ainda assim dava para o diretor ter trabalhado melhor a ideia para que o filme fosse mais além.

O longa é um suspense ambientado na sombria paisagem do delta de Mississippi, onde um lutador de boxe sem luvas, maltratado e com os nós dos dedos nus, parte em busca da sua redenção e do prêmio pessoal final, como uma procura de pagar as suas dívidas em uma tentativa final e desesperada de salvar a casa da família de sua mãe adotiva que está morrendo.

Diria que os diretores Graham e Parker Phillips usaram bem o livro "The Fighter" de Michael Farris Smith para desenvolver a história, pois em diversos momentos você sente bem a presença literária que costumo falar como vendo uma página sendo virada na tela, porém o floreio de entrega na mente dos diretores acabou sendo bem singelo, ao ponto que o filme tem seu ar denso, mostra bem a cabeça atormentada de um lutador que já apanhou muito, vendo que seu fim está próximo, mas que não tentam criar diálogos ou envolvimentos mais trabalhados na tela, sendo tudo muito rápido e direto, o que para alguns acaba sendo bacana, mas de um modo geral não vai muito além, mostrando algo que pecou por não explorar mais o público.

Quanto das atuações, Aaron Eckhart é daqueles que se esforçam para entregar muita personalidade na tela, e seu Jack é daqueles lutadores que enfrentam o que vier pela frente, estando completamente endividado, e o mais engraçado é ver sua lista de dívidas num papel meio que jogado para ir riscando, e seu dublê provavelmente sofreu bastante, pois as cenas de lutas são intensas e bem fortes, ao ponto de você até sentir a dor das porradas, ou seja, ele se entregou bastante nos traquejos, e ao menos chamou a atenção para si. A personagem de Bella Thorne precisava ser melhor desenvolvida para que sua Annette não fosse apenas jogada na tela, pois seus atos acabam sempre mornos de expressão e com pouca entrega na tela, mas com bem pouco uso do roteiro mesmo conseguiriam dar para ela algumas nuances mais fortes, pois nos atos finais acabou funcionando muito a química e a emoção dela para com o protagonista. Agora quem raspou a trave de roubar o protagonismo na tela foi Marianne Jean-Baptiste com sua Mãezona no melhor estilo de poderosa chefona do crime e dos pecadores da cidade, marcando homens como gado, organizando lutas até a morte, e trabalhando seus diálogos com muita intensidade junto de olhares fortes e marcantes, ou seja, deu show na tela no pouco que apareceu. Já os demais, foram meros enfeites e conexões com os protagonistas, valendo destacar alguns atos de Amanda Saunders como Maryann nos pensamentos do protagonista, e Derek Russo pela truculência nos atos de luta da cena final.

Visualmente a trama foi bem densa, mostrando ringues de luta clandestina, uma grandiosa casa abandonada, uma casa de repouso bem simples, um parque/circo itinerante sem grandes chamarizes, e o ambiente completo da mafiosa que mesmo sendo sujo tem sacadas de luxo e todo um ambiente cheio de pessoas diferentes demais, além de um milharal, um posto e um cassino para completar os atos iniciais, mostrando que a equipe de arte tentou trabalhar alguns símbolos dos locais, junto claro da memória do protagonista mais jovem com sua mãe adotiva.

Enfim, é um filme simples, que funciona como um bom passatempo, e que entrega tudo nos atos finais, mas que no miolo força bastante a amizade com algumas cenas completamente impossíveis de acontecer, e isso pesa bastante na credibilidade do roteiro, então fica a dica para quem não liga para esses abusos da nossa mente, e claro para quem curte pancadaria na tela. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - O Aprendiz do Tigre (The Tiger's Apprentice)

6/25/2024 10:35:00 PM |

Alguma vez você já imaginou como seria "Kung-Fu Panda" trocando o ursão por um garotinho logo que o filme foi lançado lá no saudoso 2008? Se você não pensou nisso, perdeu a oportunidade de vender um roteiro para a Paramount+ fazer sua obra original, "O Aprendiz do Tigre", que foi lançada na Netflix no último dia 16, pois a trama animada brinca com situações bem parecidas com o que vimos lá no começo, tendo uma feiticeira desejando um artefato que um guardião mantém, e todo o conflito com os 12 símbolos do zodíaco ajudando o garoto a recuperar depois que acaba dando mancada e perdendo o artefato. Claro que resumi demais, e o longa aqui tem toda uma pegada original usando bem a base da cultura oriental, mas que lembra muito o filme do urso panda, e um detalhe interessante também é que não quiseram trabalhar tantas texturas, deixando ele mais chapado, porém ainda com boas sombras e uma tridimensionalidade interessante. Ou seja, o longa foi bem rápido e dinâmico na explicação toda, executou boas cenas de ação, e claro deixou muito para uma possível continuação, mas principalmente envolveu bem com toda a simbologia oriental na telinha, e ainda pôs para dublar todo o elenco oriental de Hollywood.

O longa nos conta a história de um garoto, Tom, que é atraído para um estranho mundo, contra sua vontade, quando descobre que sua avó é a guardiã do ovo de uma fênix. Quando sua avó morre, Tom precisa aprender, com um mentor improvável, uma magia antiga e se tornar o novo protetor do ovo. Eles, então, se juntam a um grupo improvável de criaturas exóticas, cada uma representando um signo do zodíaco chinês.

Diria que o grupo de diretores Raman Hui, Yong Duk Jhun e Paul Watling conseguiram trabalhar bem toda a dinâmica na tela, de modo que mesmo não tendo lido o livro de Laurence Yep fica nítido na tela que não quiseram detalhar tanto cada elemento e cada personagem para que o filme fosse mais fluido, e claro com isso perderam também um pouco dos detalhes, ao ponto que se o espectador não se conectar rapidamente com os personagens nem vê a história acontecer. Ou seja, ao mesmo tempo que essa escolha foi boa para criar um filme divertido, cheio de interação e muita ação para capturar rápido a criançada que gosta de lutas, também foi bem arriscada para que os adultos se envolvessem mais com cada ato e personagem, ao ponto que em diversos momentos o filme parece apenas jogar a ideia no ar e você que pegue ela rapidamente antes que ela suma, e isso é perigoso, principalmente se o filme não fizer sucesso para continuações, mas que mesmo tendo um final bem fechado acredito que aconteça, então vamos aguardar.

Gosto muito de ver animações dubladas, mas como o longa tinha uma pegada oriental e vi que o elenco inteiro era de grandes nomes orientais de Hollywood, acabei dando o play na versão original, e claro que sem muitas piadinhas tradicionais da dublagem nacional vi uma trama mais cheia de sacadas, aonde os personagens principais são bem densos, ou seja, Henry Golding entregou bons atos com seu Hu tanto na versão humana quanto na versão felina, sendo imponente e bem direto na pegada escolhida, divertindo em alguns atos, mas passando boas lições morais na tela. Brandon Soo Hoo deu um ar descontraído para seu Tom, mas criando interações bem divertidas e bem sacadas na tela, fazendo com que o garotinho fosse carismático como protagonista. Michelle Yeoh botou toda a sua imponência na voz da vilã Loo, que também foi bem desenhada e chamou atenção nas batalhas contra todos os personagens. Ainda tivemos outros ótimos personagens e atores/atrizes como Sandra Oh e sua Mistral, Lucy Liu trabalhando duas vozes de Nu Kua e Cynthia, entre outros.

Visualmente a trama foi bem colorida, com personagens interessantes e chamativos, e tanto as versões humanas quanto as dos animais deram toques inteligentes na tela, fazendo com que cada um parecesse bem o animal quando transformado em humano, faltando somente trabalhar um pouco mais de destruição na tela, pois vemos pancadaria e efeitos para todos os lados, mas os prédios continuaram no mesmo formato, sem nenhum dano, e isso soou um pouco falso na tela, mas de certo modo todo o resultado consegue cativar a criançada e passar bons elos morais, além claro do misticismo oriental tradicional.

Enfim, é uma trama que até poderia ir mais além na tela, mas para isso precisaria aumentar um pouco a duração, afinal os 86 minutos de tela são bem usados e representativos, funcionando e agradando tanto para os pequenos quanto para os mais velhos, que claro vão ver muitos elos e motes que poderiam ter sido usados. Então fica a dica para conferirem na plataforma de streaming, claro sem esperar muito dele, e dessa forma ainda iremos esperar por uma continuação em breve. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Aquela Sensação Que o Tempo de Fazer Algo Passou (The Feeling That the Time for Doing Something Has Passed)

6/25/2024 12:58:00 AM |

Na maioria das vezes que acabo de conferir qualquer filme já engato uma escrita direta com tudo o que achei do longa para não esquecer e também não esfriar meu sentimento por ele, porém algumas tramas mais estranhas acabam entrando num processo de maturação na minha cabeça por um tempo para tentar pensar como posso falar o que senti por ele, pois muitas dessas vezes acabo sem saber o que realmente senti ao ver. E hoje demorei bastante para começar a digitar qualquer coisa do longa "Aquela Sensação Que o Tempo de Fazer Algo Passou", pois a sinopse em si é simples demais, as cenas são densas, porém sem grandes atos marcados, e o contexto inteiro da trama apenas me fez pensar em quão triste era a vida da moça protagonista para se sujeitar ao que faz, pois chega a ser depressiva toda a duração da trama e essa forma apática é transmitida para a trama, mas nem temos como reclamar da atriz que faz isso na tela, afinal é a própria diretora, ou seja, é um filme com uma proposta de mostrar uma jovem que já não tem mais planos futuros e gosta de ser submissa ao ponto de não gostar do normal e bom, e assim sendo funciona, mas que mesmo tendo apenas 87 minutos parecem uma eternidade na tela.

A sinopse nos conta que Ann enfrenta a estagnação em um relacionamento casual de BDSM, um emprego medíocre e uma família judaica conflituosa. Em meio à alienação crescente, ela luta para encontrar seu caminho nesta comédia autodepreciativa.

Confesso que no meio do longa eu já estava totalmente revoltado com a diretora Joanna Arnow com o que ela estava fazendo com a protagonista para entregar algo tão deprimente de olhares e sensações, mas depois que cheguei nos créditos e vi que era a própria diretora atuando, fiquei com dó dela se auto usar para isso, pois é completamente correto a entrega na tela para com a proposta, afinal depois de anos de relacionamentos de submissão BDSM, quando a pessoa tem um romance "normal" e casual não consegue entrar de cabeça naquilo, e a vida da personagem já é depressiva por si só, não tendo ânimo para nada, e até no serviço e na família ela sabota o que é normal e bom, ou seja, para a proposta de seu filme, a diretora acertou em cheio, fazendo algo brilhante e totalmente bem representado. Porém, não é algo que seja digesto para a maioria do público, sendo realmente um filme totalmente feito apenas para festivais, ou seja, chega a ser até difícil indicar ele para qualquer pessoa que queira ver ele comercialmente, pois a maioria vai odiar o que verá na tela, e corre o risco de quem indicou ser linchado, mas sabendo exatamente quem é o público-alvo que são pessoas que amam filmes alternativos de festivais, é perfeito.

Já que falei que a diretora Joanna Arnow também é a protagonista Ann, posso dizer que ao menos ela não precisou pedir que nenhuma outra atriz fizesse as diversas cenas nua e fazendo outras coisinhas tradicionais do tema, mas o principal ponto de se jogar como protagonista acredito que tenha sido fazer exatamente a expressão de desânimo geral com tudo, não desejando fazer nada além do que lhe mandam fazer, e de forma mínima para não ganhar o máximo, e isso ela entregou muito bem em todos seus atos com um nível de depressão perfeito. Babak Tafti trabalhou bem seu Chris, de um modo fofo e normal até demais para a protagonista, de tal forma que não vemos futuro na relação deles, e isso é pesado na tela. Enquanto isso do outro lado, Scott Cohen entregou para seu Allen todo o exagero clássico do BDSM, fazendo trejeitos intensos e outros com o mesmo desprezo e desânimo para com a protagonista, não chamando atenção, mas também não ficando em segundo plano. Quanto aos demais, a maioria entregou atos mais de participação, sem grandes chamarizes que valesse destacar.

Visualmente a trama oscila entre o pequeno apartamento da protagonista, a casa dos pais dela, as casas dos vários homens que visita, seu emprego bem entediante também com entrevistas e reuniões presenciais e online, o apartamento de Chris e muitas passadas pelo metrô, não tendo grandes atos críticos que talvez chocasse o público pela temática, mas usando a sexualidade de um modo simples e bem colocado.

Enfim, é um filme que funciona dentro da proposta, mostra bem o estilo da protagonista e se encaixa completamente dentro do nome dele, porém como já disse no texto é feito apenas para amantes de festivais que verão o filme com o olhar exato que o longa tem, de modo que se entrar no eixo comercial não vai funcionar, então deixo a recomendação para os amigos amantes de longas de festival conferirem, pois esses saberão olhar e entender o que a trama passa exatamente. E é isso pessoal, fico por aqui agradecendo os amigos da Synapse Distribuidora, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Unabomber: Terrorista (Ted K)

6/24/2024 01:14:00 AM |

O mais engraçado de ver filmes que trabalham, ou melhor tentam trabalhar e estudar a mente de assassinos é que tudo parece lindo, vemos as nuances de ideias e ideais, entramos no clima das personalidades, e logo de cara você vê os famosos traços de psicopatia e sociopatia, de modo que alguns são bem inteligentes, fizeram faculdades e tudo mais, mas quando batem a cabeça pra valer em suas loucuras, não tem rumo certo sem ser a prisão perpétua ou a morte. E o longa "Unabomber: Terrorista", que pode ser conferido na Amazon Prime Video, entra bem na síntese maluca de Ted Kaczynski, que ao abandonar a carreira acadêmica de matemático virou um ecologista fissurado em acabar com toda a modernidade, vivendo no meio de uma floresta, e reclamando de qualquer invenção que acabasse com seu sossego, como aviões, helicópteros, mineradores, motoqueiros e tudo mais que passasse perto de sua cabana, surtando com isso, criando um manifesto e enviando bombas para empresas aéreas, entre outros canais pelos correios, ou seja, quis ser tão primitivo que surtou por completo, e acabou sendo descoberto ou melhor denunciado por quem ele menos esperava. O longa poderia ser mais intenso mostrando também a investigação, mas optou por mostrar mais o estilo de vida de Ted e como sua mente funcionava, de forma que o filme ficou um pouco morno demais.

A sinopse nos mostra que Ted K vive uma vida de reclusão quase completa em uma simples cabana de madeira nas montanhas de Montana. Mas então esse ex-professor universitário, que despreza a sociedade moderna e sua fé na tecnologia, se radicaliza. O que começa com atos locais de sabotagem, termina com ataques a bomba mortais. Para o mundo exterior, Ted K fica conhecido como o Unabomber.

O diretor e roteirista Tony Stone tentou ser o mais sucinto possível dentro da ideia da trama, e usando bem as várias anotações encontradas na cabana do personagem conseguiu montar algo que retratasse de forma honesta a vida primitiva escolhida pelo protagonista, e claro suas ideologias para o fim do mundo moderno, porém não focaram tanto na sua descoberta de como fazer bombas, e claro os testes simples e os mais efetivos que teve, sendo algo meio que genérico nesse sentido. Ou seja, o diretor não quis mostrar ele como um coitadinho, nem trabalhou também seu lado mais insano, de forma que ficando nesse meio do caminho a loucura pareceu meio que idiota e sem sentido, e o homem bomba pareceu fraco demais, ao ponto que o resultado dessa forma acabou fluindo corretamente, porém simples demais para empolgar realmente.

Quanto das atuações, a base toda é em cima de Sharlto Cooper fazendo Ted K, de modo que o ator virou quase que um mestre dos disfarces mudando constantemente com barbas em diversos modos, cabelos em diversos penteados, modos corporais e tudo mais, de tal forma que ele realmente entrou no clima de não ser descoberto, e trabalhando olhares e trejeitos fortes, alguns até bem explosivos conseguindo dominar o ambiente e segurar todos os momentos de tela, além de ter ficado bem diferente de qualquer outro papel seu, ou seja, fez o papel de ator realmente e mostrou serviço. Quanto aos demais, vale destacar apenas Amber Rose Mason como a imaginação da mulher ideal do protagonista Becky, mas apenas como uma miragem realmente, já que a atriz fez poucos trejeitos e diálogos, o que quase lhe dá um papel no conceito visual da trama.

E falando de conceito visual, a equipe de arte filmou exatamente no terreno verdadeiro de Ted, ou seja, correndo o risco de ser amaldiçoado pelo espírito dele caso morresse durante as filmagens (o que não ocorreu, já que o filme foi gravado 2021 e ele morreu em 2023), mas conseguiram com isso ambientar bem uma floresta densa, muitos atos na natureza, toda a parte de madeireiros ao redor, e claro muitas cenas de preparações de bombas e entregas e explosões nos correios, ou seja, foram bem simbólicos para a época.

Enfim, é um filme simples, que mostra bem a vida maluca desse homem que se achou no direito de voltar ao mundo primitivo e explodia pessoas e lugares, sendo realmente mais criminoso do que sonhador e/ou idealizador de algo, de tal forma que vale para conhecer um pouco do personagem, já que tudo ocorreu nos anos 60/70 que não tínhamos tanta informação como hoje na internet, então fica a dica para dar play, já que o longa funciona na tela. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Salamandra (La Salamandre) (The Salamander)

6/23/2024 06:05:00 PM |

Costumo falar que um diretor precisa ter muita ousadia para que seu filme crie toda uma tensão que prenda o público do começo ao fim, e termine sem um fechamento que marque ou alguma reviravolta que impressione realmente, mas também digo que é algo fácil de se fazer, afinal não estará presente quando a maioria verá o longa para lhe indagar o que realmente desejava passar com um fechamento simples em cima de uma trama toda densa, e dessa forma eu acabo classificando longas desse porte como uma trama que impressiona pela essência mais do que pela história, pois você imagina mil possibilidades, entra por completo no clima da trama, mas quando a história não evolui, você acaba apenas ficando no famoso "e, se?". Dito isso, o longa "Salamandra", que entra em cartaz nos cinemas do país a partir da próxima quinta 27/06, consegue trazer um olhar denso de uma pessoa enlutada que segue se envolvendo de forma errada, que cai nas armadilhas da vida de modo fácil, mas que por dentro gosta dessa autodestruição, de maneira que a barreira da língua até pode significar o mal entendimento das coisas, mas se permitir enganar por vezes é mais fácil do que agir, e assim o longa além de mostrar isso na protagonista, também diz muito do que fazemos no dia a dia.

A sinopse nos conta que depois de passar anos cuidando do pai, Catherine se sente sufocada pelo contraste entre seus sentimentos e a sua realidade. Ela foge para o Brasil esperando se reconectar com sua irmã. Nesse novo cenário, livre de responsabilidades, mas ainda desorientada, ela se vê envolvida num romance inesperado com Gil, um jovem carismático. Catherine é tocada pela fragilidade de Gil, e a atração mútua entre eles surge do desejo compartilhado de aceitação, ambos como estrangeiros nessa nova paisagem. Enquanto seus corpos se encontram, as tensões da cidade ecoam entre eles, intensificando cada contato e tornando a libertação uma miragem distante. Determinada a não olhar para trás, Catherine enfrenta a difícil escolha de seguir adiante com sua transformação, mesmo que isso a leve a um desfecho violento e irreversível.

Diria que a estreia do diretor Alex Carvalho foi ousada pelo lado de colocar o elo da interpretação linguística numa trama densa com possíveis vértices para muitos lados, em cima do texto de Jean-Christophe Rufin, e ainda colocando uma das principais atrizes francesas do momento para se jogar por completo na sua ideia, porém faltou para ele a desenvoltura correta para que seu filme tivesse um pouco mais de fechamento, não apenas fechando as densidades, mas talvez dando mais entrega para todos os vértices da trama. Claro que isso se aprende com o tempo, e também com o uso do tempo para que a trama siga firme, pois aqui dava para cortar fácil pelo menos uns 20 minutos de cenas abertas que não incrementam algo para o longa, mas como a densidade cênica escolhida era assim, o resultado até que funciona. Ou seja, é um filme que lendo um pouco mais sobre ele na sinopse até consegue se captar melhor a essência que desejavam entregar, porém apenas conferindo o filme acaba ficando subliminar demais, e isso dava para arrumar com uma edição um pouco melhor, o que faz dele aquela estreia quase perfeita do diretor, mas que muitos vão se apaixonar e outros odiar, e aí entra o olhar crítico de cada um nas palavras da trama.

Quanto das atuações, já havia elogiado muito o trabalho de Marina Foïs no longa "As Bestas", pois ela sabe segurar um drama tenso como ninguém, e é muito sábia em reviravoltas de estilo para mudar sua própria personalidade, e aqui talvez se o diretor lhe pedisse mais disso, sua Catherine poderia impactar e impressionar na medida mais ampla que ele nem saberia como controlar, então o que vemos na tela é novamente uma ótima entrega da atriz. Maicon Rodrigues foi bem desenvolto nos atos de seu Gil, trabalhando bem o lado emocional e também malandro na tela, criando alguns elos bem encaixados com a protagonista, e não simplificando a entrega para que seu personagem ficasse simples demais na tela, mas também poderia ter um final melhor fechado para que o longa marcasse mais, mas isso é com o roteiro e não com o ator, então fez bem o que precisava. O foco da trama é bem em cima dos dois protagonistas, com poucas cenas saindo do eixo deles, então nem vale destacar mais ninguém, de forma que talvez alguns dos personagens secundários marcassem um pouco mais para chamar mais atenção, mas ficaram abstratos demais em relação a trama completa.

Visualmente a trama flui por uma Recife não muito comum de ser vista nos longas, tendo alguns atos bem encaixados na praia, um apartamento luxuoso da irmã da protagonista, uma casa mais simples e reclusa, alguns atos em bares e clubes, e até num ateliê de arte sacra bem interessante, mas o grande chamariz do longa ficou para o vento sempre soprando e dando vez nos ambientes meio como algo abstrato para carregar a protagonista por rumos que ela não desejasse, mas que vai para se mudar por completo, e assim sendo diria que a equipe de arte aproveitou de elos simples para que o longa fluísse naturalmente na tela.

Enfim, é um filme que dava para ser entregue de diversas maneiras, mas que funciona dentro da proposta escolhida, que claro não é algo que muitos vão gostar, mas que tem a proposta bem alocada e cria intensidade no ambiente completo. Claro que como disse dava para cortar uns 20 minutos da trama que não fariam falta, e talvez um desfecho mais explosivo com alguma reviravolta marcante agradasse mais na tela, mas isso é algo que cada um que conferir irá tirar suas devidas conclusões, pois o que tenho para dizes apenas é que o longa é interessante e vale a indicação. E é isso meus amigos, fico por aqui agradecendo novamente o pessoal da Sinny e da Pandora pela cabine, e volto logo mais com outros textos, então abraços e até breve.


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Clube dos Vândalos (The Bikeriders)

6/22/2024 02:55:00 AM |

Gosto muito de ir ao cinema sem saber nada ou quase nada de uma produção para me surpreender com o resultado, mas muitas vezes algumas tramas me deixam com o sentimento de não saber se era aquilo que eu desejava ver naquele dia, pois parece faltar com a ideia criativa de desenvolver uma história e criar vínculos com o público que está conferindo. E hoje com "Clube dos Vândalos" fiquei o tempo inteiro esperando alguma desenvoltura que mudasse o fluxo, ou que não fosse uma biografia do famoso grupo de motoqueiros que iniciou como um grupo de amigos e acabou virando uma gangue, só que pelo olhar da esposa de um deles, o que deixou o viés ainda mais fechado, sendo todo desenvolvido através das lembranças que a protagonista vai dando durante algumas entrevistas, e com tudo acontecendo dentro das devidas perspectivas. Ou seja, não é um longa ruim, pois tem a devida pegada, mas foi trabalhado de uma forma tão densa que acaba faltando as viradas e desenvolturas, o que acaba cansando dentro da exibição alongada.

Inspirado no icônico livro de fotografia de Danny Lyon, o longa nos faz mergulhar na estética, na atmosfera e nos sons da subcultura dos motociclistas despojados e cobertos de graxa da década de 1960. Kathy, integrante obstinada dos Vândalos e casada com o ousado e imprudente motociclista Benny, narra a evolução dos Vândalos ao longo de dez anos desde seu início como clube local de rebeldes unidos pelos bons momentos que partilham, pelo ronco de suas motos e pelo respeito que têm pelo seu forte líder Johnny. Com o passar dos anos, Kathy faz o possível para lidar com a natureza selvagem do marido e sua lealdade a Johnny, com quem sente que precisa competir pela atenção de Benny. À medida que a vida dos Vândalos se torna mais perigosa e o clube ameaça se tornar uma gangue mais sinistra, Kathy, Benny e Johnny devem tomar decisões sobre sua lealdade ao clube e entre si.

Diria que o diretor e roteirista Jeff Nichols foi bem pontual na forma que desejava ver seu longa na tela, pois ele não chega a ser uma versão documental/real da história, mas também não entrega uma ficção com desenvolturas e reviravoltas, e isso acabou pesando um pouco no ritmo, pois como falei no começo, o que é passado na tela é uma versão de alguém que não era 100% envolvido com o grupo, tendo claro suas conexões com tudo, mas a forma de enxergar é um dos pontos cruciais de uma trama embasada em alguém, e aqui essa influência acaba mostrando os motoqueiros como marmanjos briguentos e beberrões, o que certamente vai acabar incomodando muitos dos que forem conferir sendo dessa "seita", mas ainda assim ele soube trabalhar de forma intensa toda a sina de querer sair do grupo e ser julgado, o medo que muitos fora do clube sentiam ao ver passar as motos estrondosas e com personagens bem mal-encarados, e claro ainda trabalhou bem todo o processo dos anos desde a fundação para encontros e corridas, até virar algo no miolo com muitos passeios e conversas, até mudar completamente de estilo ao final quando já não seguia mais as regras iniciais nem o estilo de vida mesmo que foi criado, e tudo isso bem fluente através de uma entrevista microfonada que virou livro de fotos e histórias.

Quanto das atuações, se alguém ainda tinha dúvida do potencial de Austin Butler pode esquecer, pois ele além de ter um charme bem específico consegue trabalhar com uma seriedade e densidade tão forte para seu Benny que praticamente traz o filme consigo, a única coisa que não é falada é de onde surge dinheiro para seu personagem, já que parece que nem ele nem a esposa trabalham e só vivem andando de moto e em bares. E falando da esposa, Judie Comer é sem querer a protagonista da trama com sua Kathy, afinal o longa é sua visão do clube dos motoqueiros, já que está narrando a história toda do passado e do presente para o entrevistador, e consegue segurar nuances simbólicas tanto nas entrevistas quanto nas vivências com o grupo, demonstrando diversos sentimentos na tela, o que é bem legal de observar seu estilo. O entrevistador Danny vivido por Mike Faist é interessante de ver tanto por ter vivido um bom tempo com os motoqueiros, tirando fotos e entrevistando eles para conhecer mais o meio de vida deles, e consegue envolver trabalhando na tela como alguém muito interessado em tudo o que lhe é contado, o que acaba sendo gostoso de ver, meio como se nós estivéssemos ali no seu lugar. Já Tom Hardy mostra o quanto sabe criar intensidade cênica com seu Johnny, pois entrega liderança sem precisar ser autoritário e cria impacto cênico em todos os seus momentos de tela, levando o filme debaixo do seu braço com muita entrega e dimensão. Quanto aos demais, vale claro o destaque para o jovem Toby Wallace com seu moleque (Kid) cheio de vontade de entrar no grupo, mas claro voltando revoltado quando consegue, Michael Shannon com nuances bem próprias e densas de seu Zipco e o estranho, porém divertido de ver na tela Norman Reedus com seu Sonny, isso pegando apenas alguns, pois praticamente todos entregam ao menos um momento com os protagonistas e conseguiram desenvolver bem no que fizeram.

Visualmente o longa é bem interessante por mostrar esse mundo que muitos não conhecem dos motoqueiros de grandes motos barulhentas e intensas, com suas tradicionais jaquetas, almoços, bebidas, bares, quebra quebra e tudo mais, aonde deram boas nuances da vivência deles, dos piqueniques diferenciados, e claro da atração que acabam virando quando passam aos montes, isso no passado, já que como o filme mostra depois muitos viraram arruaceiros e membros de gangues próprias, embora sempre tiveram ares vingativos e marcantes, com cenas de incêndios, brigas com facas e até algumas mais intensas que chocam pela expressividade, então de certo modo a equipe soube colocar a época dos anos 60-70 na tela, e funcionou pela representação visual.

Enfim, é um filme que não chega a ser ruim, pois passa bem toda a mensagem na tela, conta sua história quase que completa, e que contando com grandes atores bem expressivos chamou a atenção sem precisar forçar, mas como disse é apenas um lado da história, e dava para ter fluido melhor como algo ficcional completo sem precisar focar em alguém propriamente marcado, que aí ganharia mais nuances e seria mais "agradável" de conferir. Então fica a dica para ver com essas ressalvas em mente, e eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Bandida - A Número Um

6/21/2024 09:18:00 PM |

Muito se falou quando Raquel de Oliveira lançou seu livro de como virou a dona do morro da Rocinha depois de muitas guerras por lá, e principalmente depois de quando criança ter sido vendida por sua avó para o bicheiro que comandava tudo por lá no final dos anos 70, mas o que ninguém esperava era que essa história viraria filme com "Bandida - A Número Um" nas mãos de um dos diretores que mais tem acertado nos últimos anos no país, mas eis que saiu, e a ideia de uma trama imponente cheia de atitude, tiros e desenvolturas até acaba sendo interessante de se ver na telona, porém acredito que dava para minimizar a quantidade de filtros na edição final, pois se queriam passar a ideia de alguém drogado filmando tudo, eles conseguiram, mas acaba não sendo marcante como poderia, ficando mais estranho do que bonito na tela. Ou seja, é um filme biográfico feito em vida ainda, que mostra uma mulher forte que não se escondeu, e dominou o tráfico de uma favela na bala realmente, que talvez tenha sido ficcional demais a forma entregue na tela, mas isso só quem viveu lá por perto saberá dizer.

O longa se passa no Rio de Janeiro da década de 80 e acompanha a história de Rebeca, vendida pela avó aos nove anos de idade para o homem que comandava a comunidade da Rocinha. Anos depois, em meio à incessante disputa de território entre os bicheiros e traficantes, as dinâmicas de poder do local passam por mudanças, e Rebeca - agora viúva do traficante-chefe - deve assumir o comando da Rocinha. Assim, se inicia uma eletrizante trajetória de crime, violência, drogas e amor.

O diretor e roteirista João Wainer tem chamado muita atenção pelo estilo que entrega em suas tramas, tanto que "A Jaula" e "Junho - O Mês Que Abalou o Brasil" foram dois grandes filmes que marcaram seus anos dentro do cinema nacional, e aqui baseado no livro de Raquel de Oliveira, ele fez o possível para que seu filme tivesse o melhor estilo do cinema favela como o gênero ficou conhecido, entregando uma versão de alguém de dentro do morro ao invés de uma versão policial como costumeiramente acontece, e o resultado acaba funcionando, pois é algo que mostra vários anos na tela, mas que não fica corrido, de tal forma que alguns até vão achar que faltou mostrar mais coisas, porém acabaria alongado com excessos, e isso não é bom para o gênero, ou seja, funcionou como deve ser, que certamente não vai agradar determinado grupo, mas apenas basta não conferir.

Quanto das atuações, particularmente gostei do estilo que Maria Bomani trabalhou para fazer sua Rebeca, de forma que não sei se ela se encontrou com a verdadeira personagem para compor tudo na tela ou seguiu apenas as orientações do diretor, mas conseguiu que o foco estivesse quase que na totalidade da trama em si, e assim chamou muita atenção pela personalidade entregue. Milhem Cortaz dispensa elogios, e mesmo que Seu Amoroso aparecesse somente no começo da trama trabalhou trejeitos fortes e chamativos que agrada na tela. Jean Luis Amorim também teve boas nuances com seu Pará, chamando atenção pelo jeito meio que bobão, extremamente chapado, mas que não ficou em segundo plano, o que funciona no estilo. Ainda tivemos alguns momentos soltos bem colocados com o cantor Otto como Del Rey, Natalia Lage com sua Joana, e claro Michely Gabriely como Rebeca jovem, mas nada que colocasse destaque para chamar atenção na tela.

Visualmente acredito que a equipe tenha trabalhado bastante com filtros para tentar maquiar a modernidade atual da Rocinha, afinal a trama se passa nos anos 70-90, então não daria para filmar tudo por lá hoje, mas usando de imagens de arquivo, texturas e claro muitos planos fechados realçando sempre o arsenal militar dos traficantes, conseguiram com muito sangue falso trabalhar bem todo o contexto de guerra que o longa pedia.

Musicalmente o longa contou claro com muitas canções da época, e claro funks e batidas, mas o destaque é claro para a canção "Deslize" de Fagner que deu o tom em sua voz tradicional e também do protagonista.

Enfim, é um filme biografia bem feito, mas que é simples demais, não mostrando todo o potencial que o diretor tem, e também não incrementando muito o que sabemos dos conflitos no morro, então para quem quiser conhecer um pouco mais dessa mulher que foi esposa de um dos maiores traficantes do morro, assumiu o lugar dele após sua morte, e ainda vive por lá, mesmo não sendo mais dona de tudo, mas que virou escritora e agora teve sua trama contada na tela. E é isso meus amigos, fica assim sendo a dica de uma recomendação com ressalvas, pois poderia ser bem melhor, e eu fico por aqui agora, já que vou conferir mais um longa hoje ainda, então abraços e até logo mais.


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Divertida Mente 2 em 3D (Inside Out 2)

6/21/2024 12:58:00 AM |

Se no primeiro filme a única coisa que eu reclamei foi do longa não atingir bem as crianças e ser uma trama apenas para adultos, agora posso dizer que a Disney/Pixar conseguiu fazer a mistura perfeita em "Divertida Mente 2", pois mesmo mostrando muito da mente humana moderna dominada pela Ansiedade, essa dominação maluca vai certamente divertir demais os pequenos que verão a aceleração como algo "legal", e claro os adultos vão surtar vendo a pobre garotinha quase explodindo em uma crise ansiosa de nível quase máximo. Ou seja, souberam pegar o melhor do primeiro filme e trabalhar ainda mais toda a essência da nossa mente, e olha que a trama está no nível 13 anos (e se após o primeiro filme o diretor do original falou que não tinha planos para a continuação, agora a nova diretora já avisou que tem ideias para muitas outras emoções nos próximos!!! E o que nós falamos pra ela? Vai já pra sala de comando e só sai de lá com mais dois filmes pelo menos!). Claro que é um longa muito mais dinâmico que o original de 2015, e novamente apropriadíssimo para se discutir um pouco de tudo desse objeto que a ciência ainda não desmistificou por completo chamado cérebro, e a sacada da formação da personalidade baseada nas experiências que as emoções entregam foi algo simplesmente genial, ou seja, é daqueles longas que você verá algumas toneladas de análises, e quase nenhuma será igual a outra, mas vale muito mais ir ver o filme e sentir realmente na pele do que ir pela ideia de outra pessoa.

O longa marca a sequência da famosa história de Riley. Com um salto temporal, a garota agora se encontra mais velha, com 13 anos de idade, passando pela tão temida pré-adolescência. Junto com o amadurecimento, a sala de controle mental da jovem também está passando por uma demolição para dar lugar a algo totalmente inesperado: novas emoções. As já conhecidas, Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Nojinho, que desde quando Riley era bebê, predominam a central de controle da garota em uma operação bem-sucedida, tendo algumas falhas no percurso como foi apresentado no primeiro filme. As antigas emoções não têm certeza de como se sentir e com agir quando novos inquilinos chegam ao local, sendo um deles a tão temida Ansiedade. Inveja, Tédio e Vergonha integrarão juntos com a Ansiedade na mente de Riley, assim como a Nostalgia que aparecerá também.

O nome de Kelsey Mann na direção da continuação pegou muitos de surpresa, pois com 3 Oscars no bolso o nome de Pete Docter era certo para assumir novamente, mas como já tinha falado que não tinha interesse de continuar a trama lá em 2015 mesmo, a Pixar foi atrás de outros nomes, e dentre os que deram melhores histórias para o novo roteiro veio a conhecida roteirista de "O Bom Dinossauro", mas que só tinha dirigido alguns curtas da companhia, então lhe deram o principal projeto para explodir em sua estreia, e não desapontou, pois desenvolveu a história com as facetas criativas do original e brincou demais com algumas das principais emoções que vivem tanto nas cabeças dos jovens atualmente quanto da população completa mundial, afinal quem não tem um pouquinho de ansiedade, vergonha, tédio e inveja? Ou seja, acredito com toda certeza que a diretora e roteirista irá fazer muitos outros longas da companhia, pois conseguiu o principal feito que há muito tempo não acontecia, de uma continuação sair batendo todos os recordes possíveis de bilheteria de uma animação, e isso faz os olhos dos produtores saltarem, além do que falei no começo que se o primeiro era muito adulto, aqui a trama vai divertir a todos.

Quanto dos personagens e das dublagens, já falei muitas vezes que animações tem de serem vistas dubladas, principalmente as que brincam com o ar cômico, e aqui o elenco foi escolhido a dedo, tendo claro a pessoa mais ansiosa da TV brasileira no papel de Ansiedade, e nem precisava de teste, pois Tatá Werneck é a ansiedade em pessoa, e a personagem funciona comandando tudo numa tremenda bagunça, borbulhando ideias, loucuras, insinuações, futuros e tudo mais de uma forma brilhante e o pior, cativante, que na voz da atriz caiu como uma luva. Miá Mello volta muito bem ao protagonismo com sua Alegria, cheia de desenvoltura e agitação, mas com doses mais serenas da realidade, o que acaba envolvendo bastante. Katiuscia Canoro também voltou bem com sua Tristeza, tendo muito mais conexões nos atuais momentos, e que facilmente numa combinação futura vai chamar muita atenção. Leo Jaime é o Raiva mais carismático e explosivo que gostamos de ver, entregando personalidade e intensidade na tela. Dani Calabresa deu as famosas tiradas com sua Nojinho, mas que nessa versão ficou bem mais em segundo plano. Assim como o Medo de Otaviano Costa também ficou mais por trás das emoções, apenas sendo bem desesperado e interessante de ver. Das novas emoções, a Inveja de Gaby Milani teve bons atos para mostrar esse nosso lado de querer tudo ao máximo e acabar se perdendo, e a Vergonha que Fernando Mendonça trabalhou só um pouco, já que fala o mínimo e se comunica mais visualmente retraído, mas com muito carisma também agradando bastante, e claro que tivemos as sacadas mais adolescentes possíveis para os diálogos da Tédio que Eli Ferreira fez com maestria, ou seja, no pacote completo todos funcionaram bem. E ainda tivemos bons momentos de Isabella Guarnieri como a voz de fora da personagem Riley, junto de Erika Menezes bem encaixada com sua Val, mas sem dúvida a reformulação de "Dora Aventureira" com Bloofy e Pochete foram o ápice, com Nizo Neto dando show na voz do acessório falante.

Visualmente a trama tem muito envolvimento, cores para dar e brilhar na tela, muitos ambientes novos como o Abismo do Sarcasmo, todo o lado conflitivo da famosa Chuva de Ideias (brainstorming em termos de coach), e claro as várias previsões imaginativas de futuros ruins que uma ansiedade é capaz de fazer durante uma noite mal dormida, ou seja, é um filme que facilmente quem ver 10 vezes irá se conectar com algo ainda mais diferente na tela, e assim sendo mostra o brilhantismo que a equipe de arte conseguiu fazer para que tantos personagens bem desenhados com formas e sombras funcionassem, quanto alguns atos em 2D tradicional agradasse também na tela. E falando em 3D, quem gosta de ver tramas com a tecnologia, temos muitas cenas (até mais do que imaginava que teria) brincando com saídas do disco de hockey para fora da tela, muita patinação, bolinhas, e brilhos, ou seja, capricharam na técnica.

Enfim, é uma animação perfeita, que por incrível que pareça não fará você lavar a sala do cinema, pois todas as emoções se encaixam bem e trazem muitos sentimentos que conhecemos bem, mas que não força o choro como alguns casos, mas sim um elo de amizade e de controle emocional, como deve ser uma boa cabeça. Então fica a dica para levar a criançada nas férias, para ir sozinho, acompanhado e só ir mesmo, pois vale o ingresso e a diversão é garantida, então fica a dica, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com mais textos.

PS: Tem uma cena extra bem no final dos créditos, simples, mas bem bacana, então quem ficar até o final verá o segredo sombrio da Riley!


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Netflix - Uma Herança Inusitada (Spadek) (Inheritance)

6/20/2024 12:51:00 AM |

Hoje foi dia da Netflix virar polonesa praticamente, e se mais cedo conferi uma trama fantasiosa, agora foi a vez de ver uma trama policial cômica chamada "Uma Herança Inusitada" que me lembrou um pouco outro longa da companhia "Glass Onion" pela pegada de um morto com toda a família dentro da casa, tentando descobrir quem matou e principalmente achar aonde está a herança, mas que acaba fluindo por caminhos diferentes já que lá caçam o assassino, e aqui a caçada é pelas patentes do inventor. E até que a trama flui bem, tem uma intensidade interessante, sem ser claro uma grande obra que valesse a pena sair indicando, mas que diverte com toda a interação familiar, afinal sabemos bem que muitos familiares só aparecem quando é para receber algo, e muitos nem se conhecem direito ao ponto de saber um aniversário, ou seja, o longa acaba brincando com toda essa ideia maluca, e usa um grupo de atores bem dispostos para isso, de tal forma que mesmo sendo estranho agrada quem for conferir.

O longa nos mostra que depois que um excêntrico inventor e apresentador de game show morre de repente, os integrantes da família se reúnem para tentar garantir a grande herança. Mas, para a surpresa de todos, o finado preparou um último jogo cheio de tarefas e enigmas para definir quem ficará com a fortuna, forçando-os a deixar as diferenças de lado e se reconciliar para trabalhar em equipe.

Diria que o diretor Sylwester Jakimow trabalhou bem a ideia de uma trama investigativa com pitadas cômicas, de tal forma que os personagens e as histórias se complementam bem, cada um vai descobrindo os elos como devem acontecer e cada dinâmica vai sendo interativa com as demais, ou seja, ele não quis sair do tradicional, nem quis que seu filme ficasse comum demais, ao ponto que tudo flui bem na tela, e o resultado acaba entregando funcionalidades cênicas interessantes. Claro que os personagens poderiam ser menos forçados, alguns momentos mais dinâmicos, mas no final de tudo acabamos curtindo como um bom passatempo, sendo até mais explicativo que muitos outros casos do estilo.

Quanto das atuações tivemos uma base até que interessante, pois praticamente todos jogaram como protagonistas, e isso acaba sendo marcante para que tenham quase todos o mesmo tempo de tela, ou seja, até vemos Maciej Stuhr puxando mais a interação para seu Dawid, pois a trama quase que toda é narrada através de seu pensamento, mas Joanna Trzepiecińska deu bons atos explosivos para sua Natalia e Mateusz Król também colocou seu Karol bastante em pauta com os olhares estranhos dos demais familiares para ele, de tal forma que seguiram como primos distantes, mas que tem boa conexão para chamar para si. Da mesma forma Gabriela Muskala como esposa de Dawid, Piotr Polak como namorado de Karol e Piotr Pacek como namorado de Natalia fizeram as interações normais de familiares que vão junto a divisões de heranças pensando em como ficar rico com o que seu par irá levar, e assim acabaram trabalhando bem. Os mais jovens Józefina Karnkowska e Franek Slominski até tiveram alguns atos chamativos, mas não foram muito além, enquanto o tio vivido por Jan Peszek foi bem interativo como um bom apresentador de programas de perguntas deve ser, mas apenas sendo básico na tela.

Visualmente a trama fica toda em uma casa gigantesca, tendo vários carros na garagem, quartos separados com corredores ocultos e passagens secretas entre eles, tendo ainda um gigante labirinto com muitas interações, além de um jogo de perguntas e respostas bem montado para uma conexão familiar, mostrando que a equipe de arte gastou pouco, mas soube fazer tudo funcionar sem precisar ficar viajando muito.

Enfim, é um filme simples e funcional que diverte como um bom passatempo, mas que talvez pudesse ter algumas surpresas mais interessantes no miolo, afinal logo de cara dá para pegar aonde estava o grande prêmio da competição, e até um pouco de quem era o assassino, só faltando o fechamento motivacional, que acaba sendo bem explicado no final, inclusive com uma cena do passado, ou seja, tudo bem explicadinho detalhe por detalhe para ninguém ter de pensar em nada. Então se você curte esse estilo, fica a dica para conferir na Netflix, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a grande estreia da semana, então abraços e até logo mais.


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