Se existe algo nessa vida que é complicado demais para discutir é o tal relacionamento, pois quando você está só, consegue fazer o que quer, enquanto quando existe mais do que uma pessoa envolvida não podemos julgar qual motivo da discussão é aceitável ou não. Em "Força Maior", o ato desesperador foi apenas uma fagulha para abrir todo o questionamento de uma família e todos que se envolvessem com eles acabaram se questionando também. E com esse mote, o filme se desenvolve de uma maneira tão crua que em certos pontos até assusta, mostrando que não é só Lars Von Trier que é maluco, mas todo diretor sueco.
O filme nos mostra que Ebba e Tomas decidem passar férias esquiando nos Alpes franceses com seus dois filhos. Tomas deve passar mais tempo com a família, pois Ebba acha que ele trabalha demais. Quando os quatro almoçam nas montanhas, uma avalanche se aproxima rapidamente e ameaça soterrar o local. Nenhum deles fica ferido, mas a atitude de Tomas durante o incidente pode causar danos irreparáveis.
A genialidade do roteiro é Algo que realmente impressiona, pois discutir relacionamentos é muito trabalhoso e geralmente acaba resultando em filmes ou extremamente chatos ou de comicidade exagerada, e a opção aqui ficou bem dentro da realidade das tradicionais DRs que tanto estamos acostumados a presenciar, e dessa forma o diretor Ruben Östlund foi conciso e preciso para envolver o público e colocar em discussão de quem deveríamos apoiar no ocorrido, mas se observarmos o que acaba acontecendo com os amigos do casal, o velho ditado acaba servindo bem aqui: "Em briga de marido e mulher não se mete a colher". E com planos incisivos a trama acaba bem desenvolvida e interessante de acompanhar na forma crua que o diretor optou por filmar. O longa poderia ter um ritmo mais trabalhado, mas a agonia dos personagens precisava ser sentida na forma construída e isso se corresse talvez estragaria um pouco do que foi projetado.
Quanto da atuação todos estão impressionantes por serem sutis e ao mesmo tempo colocados com a precisão de vida que o longa pedia. Johannes Bah Kuhnke conseguiu demonstrar seus sentimentos reais e fez de seu Tomas um personagem totalmente humano, provando que homem pode chorar e tudo mais dentro de sua brilhante atuação. Lisa Loven Kongsli extrapolou sentimentalismo com suas dúvidas e deixou sua Ebba uma mulher inconstante e ao mesmo tempo estranha, com reações claras e que não nos envolveu tanto, mas ao final deu um show com seu desespero. Clara Wettergren e Vincent Wettergren foram extremamente graciosos como Vera e Harry, mostrando os desesperos tradicionais que as crianças têm da quebra familiar, e isso foi notável e muito bem interpretado pelos dois jovenzinhos. Vale destacar também Kristofer Hivju que transformou seu Mats naquele amigo que acaba ficando em dúvida de seus ideais após uma conversa mais dura e que com um semblante bem interessante deu carisma e simplicidade ética para um grandalhão que ninguém daria nada em outro filme.
Quanto do visual sou suspeito para falar de filmes que envolvam neve, pois dá um tom tão impressionante para a trama que ao mesmo tempo que nos acalma, acaba sendo uma incógnita gigante de intenções, e a equipe de arte usou tudo que ocorre no parque de esqui como fatores para a o desenvolvimento da trama, por exemplo as bombas de avalanche controlada que acabaram servindo como explosões no conceito familiar e entraram tão forte como parte da história que no início estranhos toda hora os tiros, mas depois acabou ficando muito interessante de ver. A fotografia trabalhou na medida para envolver, deixando o branco dominar e por mais incrível que pareça não estragou a imagem dos protagonistas, dando um contraluz bem balanceado, o que não costuma ocorrer em filmes do estilo, claro que como no drama, a neve fazia parte, com certeza tudo foi muito bem pensado, e nas cenas internas a iluminação mais em tons escuros deu a nuance certa para o filme impactar.
Enfim, um filme que tem um ritmo lento, mas que agrada bastante pelas situações bem trabalhadas da discussão de relacionamento que toda família sempre passa. Quem não curte o estilo talvez ache o longa chato demais, mas aqueles que apreciam um filme mais trabalhado com toda certeza sairão da sessão bem satisfeitos com o que vão ver e passar, afinal o diretor propôs quase que colocar o público como parte da discussão com o estilo de filmagem. O filme estreia em Março do próximo ano pela Califórnia Filmes, então nas cidades que aparecer fica a dica para um ótimo filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas daqui a pouco coloco a outra crítica do segundo filme do dia na Mostra Internacional, então abraços e até daqui a pouco.
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O filme nos mostra que Ebba e Tomas decidem passar férias esquiando nos Alpes franceses com seus dois filhos. Tomas deve passar mais tempo com a família, pois Ebba acha que ele trabalha demais. Quando os quatro almoçam nas montanhas, uma avalanche se aproxima rapidamente e ameaça soterrar o local. Nenhum deles fica ferido, mas a atitude de Tomas durante o incidente pode causar danos irreparáveis.
A genialidade do roteiro é Algo que realmente impressiona, pois discutir relacionamentos é muito trabalhoso e geralmente acaba resultando em filmes ou extremamente chatos ou de comicidade exagerada, e a opção aqui ficou bem dentro da realidade das tradicionais DRs que tanto estamos acostumados a presenciar, e dessa forma o diretor Ruben Östlund foi conciso e preciso para envolver o público e colocar em discussão de quem deveríamos apoiar no ocorrido, mas se observarmos o que acaba acontecendo com os amigos do casal, o velho ditado acaba servindo bem aqui: "Em briga de marido e mulher não se mete a colher". E com planos incisivos a trama acaba bem desenvolvida e interessante de acompanhar na forma crua que o diretor optou por filmar. O longa poderia ter um ritmo mais trabalhado, mas a agonia dos personagens precisava ser sentida na forma construída e isso se corresse talvez estragaria um pouco do que foi projetado.
Quanto da atuação todos estão impressionantes por serem sutis e ao mesmo tempo colocados com a precisão de vida que o longa pedia. Johannes Bah Kuhnke conseguiu demonstrar seus sentimentos reais e fez de seu Tomas um personagem totalmente humano, provando que homem pode chorar e tudo mais dentro de sua brilhante atuação. Lisa Loven Kongsli extrapolou sentimentalismo com suas dúvidas e deixou sua Ebba uma mulher inconstante e ao mesmo tempo estranha, com reações claras e que não nos envolveu tanto, mas ao final deu um show com seu desespero. Clara Wettergren e Vincent Wettergren foram extremamente graciosos como Vera e Harry, mostrando os desesperos tradicionais que as crianças têm da quebra familiar, e isso foi notável e muito bem interpretado pelos dois jovenzinhos. Vale destacar também Kristofer Hivju que transformou seu Mats naquele amigo que acaba ficando em dúvida de seus ideais após uma conversa mais dura e que com um semblante bem interessante deu carisma e simplicidade ética para um grandalhão que ninguém daria nada em outro filme.
Quanto do visual sou suspeito para falar de filmes que envolvam neve, pois dá um tom tão impressionante para a trama que ao mesmo tempo que nos acalma, acaba sendo uma incógnita gigante de intenções, e a equipe de arte usou tudo que ocorre no parque de esqui como fatores para a o desenvolvimento da trama, por exemplo as bombas de avalanche controlada que acabaram servindo como explosões no conceito familiar e entraram tão forte como parte da história que no início estranhos toda hora os tiros, mas depois acabou ficando muito interessante de ver. A fotografia trabalhou na medida para envolver, deixando o branco dominar e por mais incrível que pareça não estragou a imagem dos protagonistas, dando um contraluz bem balanceado, o que não costuma ocorrer em filmes do estilo, claro que como no drama, a neve fazia parte, com certeza tudo foi muito bem pensado, e nas cenas internas a iluminação mais em tons escuros deu a nuance certa para o filme impactar.
Enfim, um filme que tem um ritmo lento, mas que agrada bastante pelas situações bem trabalhadas da discussão de relacionamento que toda família sempre passa. Quem não curte o estilo talvez ache o longa chato demais, mas aqueles que apreciam um filme mais trabalhado com toda certeza sairão da sessão bem satisfeitos com o que vão ver e passar, afinal o diretor propôs quase que colocar o público como parte da discussão com o estilo de filmagem. O filme estreia em Março do próximo ano pela Califórnia Filmes, então nas cidades que aparecer fica a dica para um ótimo filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas daqui a pouco coloco a outra crítica do segundo filme do dia na Mostra Internacional, então abraços e até daqui a pouco.