Força Maior

11/30/2014 09:46:00 PM |

Se existe algo nessa vida que é complicado demais para discutir é o tal relacionamento, pois quando você está só, consegue fazer o que quer, enquanto quando existe mais do que uma pessoa envolvida não podemos julgar qual motivo da discussão é aceitável ou não. Em "Força Maior", o ato desesperador foi apenas uma fagulha para abrir todo o questionamento de uma família e todos que se envolvessem com eles acabaram se questionando também. E com esse mote, o filme se desenvolve de uma maneira tão crua que em certos pontos até assusta, mostrando que não é só Lars Von Trier que é maluco, mas todo diretor sueco.

O filme nos mostra que Ebba e Tomas decidem passar férias esquiando nos Alpes franceses com seus dois filhos. Tomas deve passar mais tempo com a família, pois Ebba acha que ele trabalha demais. Quando os quatro almoçam nas montanhas, uma avalanche se aproxima rapidamente e ameaça soterrar o local. Nenhum deles fica ferido, mas a atitude de Tomas durante o incidente pode causar danos irreparáveis.

A genialidade do roteiro é Algo que realmente impressiona, pois discutir relacionamentos é muito trabalhoso e geralmente acaba resultando em filmes ou extremamente chatos ou de comicidade exagerada, e a opção aqui ficou bem dentro da realidade das tradicionais DRs que tanto estamos acostumados a presenciar, e dessa forma o diretor Ruben Östlund foi conciso e preciso para envolver o público e colocar em discussão de quem deveríamos apoiar no ocorrido, mas se observarmos o que acaba acontecendo com os amigos do casal, o velho ditado acaba servindo bem aqui: "Em briga de marido e mulher não se mete a colher". E com planos incisivos a trama acaba bem desenvolvida e interessante de acompanhar na forma crua que o diretor optou por filmar. O longa poderia ter um ritmo mais trabalhado, mas a agonia dos personagens precisava ser sentida na forma construída e isso se corresse talvez estragaria um pouco do que foi projetado.

Quanto da atuação todos estão impressionantes por serem sutis e ao mesmo tempo colocados com a precisão de vida que o longa pedia. Johannes Bah Kuhnke conseguiu demonstrar seus sentimentos reais e fez de seu Tomas um personagem totalmente humano, provando que homem pode chorar e tudo mais dentro de sua brilhante atuação. Lisa Loven Kongsli extrapolou sentimentalismo com suas dúvidas e deixou sua Ebba uma mulher inconstante e ao mesmo tempo estranha, com reações claras e que não nos envolveu tanto, mas ao final deu um show com seu desespero. Clara Wettergren e Vincent Wettergren foram extremamente graciosos como Vera e Harry, mostrando os desesperos tradicionais que as crianças têm da quebra familiar, e isso foi notável e muito bem interpretado pelos dois jovenzinhos. Vale destacar também Kristofer Hivju que transformou seu Mats naquele amigo que acaba ficando em dúvida de seus ideais após uma conversa mais dura e que com um semblante bem interessante deu carisma e simplicidade ética para um grandalhão que ninguém daria nada em outro filme.

Quanto do visual sou suspeito para falar de filmes que envolvam neve, pois dá um tom tão impressionante para a trama que ao mesmo tempo que nos acalma, acaba sendo uma incógnita gigante de intenções, e a equipe de arte usou tudo que ocorre no parque de esqui como fatores para a o desenvolvimento da trama, por exemplo as bombas de avalanche controlada que acabaram servindo como explosões no conceito familiar e entraram tão forte como parte da história que no início estranhos toda hora os tiros, mas depois acabou ficando muito interessante de ver. A fotografia trabalhou na medida para envolver, deixando o branco dominar e por mais incrível que pareça não estragou a imagem dos protagonistas, dando um contraluz bem balanceado, o que não costuma ocorrer em filmes do estilo, claro que como no drama, a neve fazia parte, com certeza tudo foi muito bem pensado, e nas cenas internas a iluminação mais em tons escuros deu a nuance certa para o filme impactar.

Enfim, um filme que tem um ritmo lento, mas que agrada bastante pelas situações bem trabalhadas da discussão de relacionamento que toda família sempre passa. Quem não curte o estilo talvez ache o longa chato demais, mas aqueles que apreciam um filme mais trabalhado com toda certeza sairão da sessão bem satisfeitos com o que vão ver e passar, afinal o diretor propôs quase que colocar o público como parte da discussão com o estilo de filmagem. O filme estreia em Março do próximo ano pela Califórnia Filmes, então nas cidades que aparecer fica a dica para um ótimo filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas daqui a pouco coloco a outra crítica do segundo filme do dia na Mostra Internacional, então abraços e até daqui a pouco.


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Quero Matar Meu Chefe 2

11/30/2014 02:25:00 AM |

Quando ouvimos a frase: "vai ser lançado a continuação de tal filme", a primeira reação é de virarmos a cara e as vezes até ficarmos bravos com o que podem estragar de um filme, mas depois vamos acostumando com a ideia e torcemos para que quem saiba arrumem alguns defeitos anteriores, e num milagre divino saia melhor que o original. Pois bem, se "Quero Matar Meu Chefe" já foi bem divertido, nossas preces foram ouvidas e "Quero Matar Meu Chefe 2" é tão divertido quanto, claro que muito mais incorreto, então se você tem problemas com filmes onde o cunho sexual e errado dominam, não recomendo ir ver, mas se não tiver restrições quanto a isso, pode ir tranquilo que a garantia de riso é total, pois os caras literalmente piraram na ideia dessa continuação, fazendo coisas totalmente malucas que funcionaram muito bem tanto no ritmo quanto na concisão das ideias para divertir o público.

A sinopse nos conta que após o trauma vivido no filme anterior, os amigos Nick, Dale e Kurt resolvem abrir seu próprio negócio, de forma que eles mesmos sejam seus chefes. O problema é que, quando a companhia começa a deslanchar, eles sofrem um golpe do investidor que bancou o negócio. Sem o controle da empresa e sem ter como recorrer através dos meios legais, o trio decide partir para um ato desesperado: sequestrar o filho do investidor, de forma a convencê-lo a devolver aos amigos o comando da companhia.

Uma grande sacada da continuação foi manter os roteiristas originais, claro que juntando mais gente, para manter a essência do filme e claro crescer os personagens, e junto a eles entrou o diretor Sean Anders que veio para substituir Seth Gordon, e claro que com isso uma mudança é clara, o estilo de filme, já que Seth era mais próximo de seriados e Sean já é ainda das antigas no estilo cinema para divertir ali, e não necessitar de alongamentos. Com isso o filme ganhou uma levada bem mais colocada que agrada demais, pois os personagens já eram divertidos, e com a temática agora da vingança mais motivada não tem como não rir com as trapalhadas do grupo. Além disso, o diretor colocou na trama um ritmo frenético tão incisivo que o filme parece não ter nem 1 hora de tão rápido que passa os 108 minutos. Agora uma coisa assustadora ficou por conta da classificação etária, que com apenas 12 anos, se algum pai corajoso for levar os filhos pra sessão, nem quero pensar o estilo de questionamentos que será obrigado a ouvir após a sessão, tanto que estou com muita vontade de rever o longa dublado para saber a quantidade de coisas que removeram da trama, pois na legendagem já tivemos muita coisa que ouvimos que deram uma leveza, então na dublagem é capaz ou de ser o filme com a maior quantidade de palavrões já ouvidos por minuto, ou vai ser uma bobagem completa, já que é isso que acabou divertindo muito no longa.

Quanto da atuação, Jason Bateman não me convence com seu estilo cômico, ele não é engraçado, suas piadas são simples, e convence mais em romances do que em esquetes cômicas, mas ao menos aqui foi bem menos forçado com seu Nick do que no primeiro filme, já que partiu pro sou contra tudo, e essa forma ranzinza ao menos ficou bacana de ver. Em compensação Charlie Day tem um timing que impressiona demais tanto no seu estilo de falar desesperado, quanto nas sacadas bobas que faz, nos envolvendo e fazendo todos rirem sem parar das suas situações atrapalhadas que seu Dale acaba se metendo, é um ator que ao acabar suas cenas, torcemos para ver mais e mais, e tem um futuro monstro se seguir a linha cômica. Jason Sudeikis possui um carisma e até é engraçado, mas Kurt dessa vez teve uma participação no filme um pouco menor do que no original, não sei se por algum motivo que não ouvi nada, mas parece que está sempre atrás das piadas, não dando tanto a cara a tapas, mas ainda assim se sai bem nos momentos que precisou se destacar. Christoph Waltz é daqueles atores que se você vai ver um filme sem saber que ele participa não o reconhece de cara, pois sempre faz atuações tão diferentes umas das outras que até assusta, e isso é que na minha visão é ser um bom ator, afinal quem quer ver a mesma cara sempre vai em um filme do Nicolas Cage, e aqui o seu Bert é tão interessante e ficamos com tanta raiva de suas atitudes que acabamos torcendo para ele se dar mal, e isso é algo que poucos atores conseguem em comédias, então mais uma vez parabéns para o ator. Chris Pine com seu Rex é o retrato nato de filhinhos de papai que querem o controle das empresas dos pais a qualquer custo, só para estragá-las e ganhar mais dinheiro, e isso é notável na personalidade que deu para o personagem, e o ator adotou uma psicopatia tão envolvente que nos diverte, e isso que é bacana nos cinemas. Da turma do primeiro filme, ainda voltamos com Jamie Foxx fazendo o seu Mothefucker Jones sempre com sacadas muito bem colocadas e sendo perfeito como sempre, e Jennifer Aniston sendo a dentista gostosa depravada Dra. Julia, que agora mesmo não sendo um dos papéis principais, ainda teve três cenas bem encaixadas na trama que fizeram valer a pena sua participação. E mesmo estando atrás das grades, a volta de Kevin Spacey foi pontual e bem encaixada nas duas cenas que necessitou de sua presença, talvez se forem inventar um terceiro filme ele volte a ser principal.

Comédias não costumam chamar atenção pelo contexto visual, mas aqui a equipe de arte serviu de base para os planos mirabolantes tanto na execução mental quanto na real, que geralmente não bate igual, e isso sempre soa legal quando é bem feito em um filme, de forma que os diversos elementos pensados acabam sendo retratados depois na realidade de uma forma completamente incoerente, o que nos diverte e acerta na mosca. Como o longa se passa mais dentro de escritórios ou em cenas noturnas na rua, a trama necessitou de muita iluminação artificial, e isso por incrível que pareça foi feito de uma forma bem natural, não soando falso como em muitos filmes que possuem esse problema, e repito estamos falando de uma comédia, onde quesitos técnicos geralmente são esquecidos, ou seja, um trabalho bem feito tem de ser ressaltado e acaba ajudando a agradar mesmo que seja simples.

Enfim, fazia tempo que não ria tanto em uma comédia cheia de besteiras e palavrões, pois embora tenha esse cunho, não ficou ofensivo e nojento de ver, dando um tino gostoso que a trama necessitava para deslanchar, e dessa forma o filme empolga, diverte e vale a pena ser visto por quem gostar do estilo. E assim acabo recomendando ele somente para esse estilo de pessoas, que irão ver o filme e nem ver passar as quase duas horas de duração se divertindo e rindo bastante com o que é passado na tela. Claro que não é ainda algo genial, afinal temos séries e diversos filmes antigos que possuem a mesma temática, e também se olharmos a fundo veremos diversos errinhos, por exemplo o lance do marcador permanente no quadro branco que na cena seguinte volta a ser branco, então por esses errinhos bobos, não irei dar a nota máxima ao filme, mas que continua sendo divertido mesmo com essas falhas, com certeza continua. Bem é isso pessoal, ainda hoje vejo os dois últimos longas da Itinerância da Mostra Internacional para fechar a semana com estilo, então abraços e até breve.


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O Casamento de Gorete

11/29/2014 08:42:00 PM |

Certamente você já viu algum programa exagerado da Rede Globo, um que passa nas noites de Sábado e outro que ocorre nos Domingos logo após o futebol. Se não viu, talvez não conheça Rodrigo Sant'Anna, um jovem que despontou pelo estilo humorístico que faz na maioria das vezes vestido de mulher. Seu estilo é exagerado, gritante, cheio de clichês, mas ainda assim consegue divertir muito, e escolha dele para ser protagonista em "O Casamento de Gorete" fez com que o filme tivesse um rumo praticamente traçado para ficar no mesmo tom, e quem for ver esse longa vai talvez achar pejorativo demais todas as cenas, exagerado demais nas repetições, gritantes demais como são alguns elementos, mas com muita certeza irá rir de muitas situações, talvez se tivessem economizado nos exageros, o longa teria uma outra visão já que é baseado numa história real, mas também não seria uma comédia quem sabe.

Um garoto é rejeitado pelo pai por ser homossexual, sendo obrigado a abandonar a família e deixar um colega por quem está apaixonado. Décadas mais tarde, ele assume a identidade da extrovertida Gorete, dona de um famoso programa de rádio na cidade de Pau Torto. Quando descobre que o pai está prestes a morrer, ela retorna à casa da família e descobre que, para receber a herança, é obrigada a se casar. Começa uma grande disputa para saber quem será o marido de Gorete.

Antes de mais nada, já vamos deixar um ponto claro aqui, se você é homofóbico fuja da sessão desse filme, pois de cara já pelo cartaz se nota tudo que irá ser mostrado no filme. Claro que o longa também será mal julgado por alguns gays que não são exagerados como os protagonistas, então vamos resumir, se você não curte berreiros, fuja do filme. Dito isso, quem ainda continua lendo o texto para saber se vai conferir a trama, pode se divertir com a ideologia montada pelo diretor e roteirista estreante, Paulo Vespúcio Garcia, que antes era professor de teatro, então ao mesmo tempo que dirigiu bem o elenco para atuarem na medida, errou ao não saber dosar o estilo de falar alto que é comum no teatro, afinal lá todos tem de ouvir o personagem até na última poltrona, enquanto no cinema dá pra fazer isso com apenas um microfone melhor ajustado. Sendo assim, o filme é bem desenvolvido, mas a todo momento cheio de repetições e exageros que mesmo divertindo acaba ficando tudo forçado e incomodando na maior parte. Ou seja, é um misto tão variado que em alguns minutos estamos nos divertindo com o que estamos vendo, logo em seguida já irrita com algum exagero forçado. Talvez por ser seu primeiro filme, pode melhorar mais para a frente, mas de uma coisa é inegável, o protagonista carregou o filme nas costas com seus personagens já tão conhecidos que foram usados para criar esse novo personagem.

Embora force a barra sempre, gosto mais dos apelos de Rodrigo Sant'Anna do que dos que Leandro Hassum faz, e dessa forma, seu personagem aqui me divertiu bem mais do que todos os filmes que Leandro já fez juntos, o jovem é promissor, sabe dominar bem a cena, e tem carisma, tanto que o filme pode ser considerado completamente seu, pois qualquer outro ator falharia feio no papel de Gorete, e nas cenas que faz seu dramalhão mostra ainda que tem uma presença de cena impecável, claro que se não fosse tão exagerado agradaria mais, mas não seria ele mesmo. Tadeu Mello faz bem seu papel de Domitilia, mas é tão bobo que não conseguimos nos envolver com ele, da mesma forma que Ataíde Arcoverde, com Marivalda, pois ambos forçam para parecer aquelas bichas chatas que ninguém suporta, e isso ao invés de ajudar na trama acaba até atrapalhando ao aumentar a gritaria. O personagem do pai, inicialmente vivido por Ricardo Blat e depois por Tonico Pereira são tradicionalistas e conseguiram chamar a atenção pras suas cenas respectivas, mas não chega a ser nada que envolva muito pela interpretação deles, mas sim pela forma que muitos pais acabam atacando os filhos. Carlos Bonow fez seu papel de Bonitão, inclusive com esse nome é creditado, não colocando os nomes que o protagonista acaba lhe chamando, e ele não faz nada além de ser o bonitão da trama, claro que sua cena final foi bem feita, mas nada além disso, servindo apenas de sua beleza esquecendo de atuar. A participação de Letícia Spiller que assina também como produtora do filme é algo muito engraçado, afinal ela é mulher e deram um enchimento para sua Rochanna virar travesti, o que acabou chamando atenção além da voz imposta que mesmo sendo uma cena pequena ficou bem divertida. Dos demais apenas tivemos participações bem pequenas e claro exageradíssimas, ficando a cargo da mais pejorativa e desnecessária para André Mattos como um passageiro desagradável dentro do ônibus.

Visualmente temos o longa mais colorido dos últimos anos, cheio de elementos exagerados, mas bem colocados para dar o ar que a trama exigia, não digo que foi a melhor coisa fazer todo esse amontoado de coisas na tela, mas na proposta que o filme levou desde o começo foi o correto. E com diversos cenários não muito trabalhados, a saída foi reduzir o espaço cênico que aí fez os objetos aparecerem mais ainda. Um grande acerto na trama ficou a cargo da equipe de fotografia, que soube usar da iluminação um ponto fortíssimo, diminuindo sempre nas cenas mais precisas e dando um charme para as cenas dramatizadas do protagonista.

Enfim, não é o melhor filme com a temática gay que já vi nos cinemas, mas lembrou um pouco, bem pouco, "Priscilla, a Rainha do Deserto" e com isso acabou sendo divertido e valeu ao menos o ingresso. Se você gosta de uma comédia bem escrachada, cheia de coisas pejorativas, exageros e gritaria, talvez saia feliz da sessão com o que verá, além claro de se você não faz parte do grupo que já disse para fugir mais para cima. Bem é isso, continuo afirmando que se fosse algo mais leve agradaria mais e teria menos erros técnicos, mas não deixa de ser uma diversão na tela do cinema. Fico por aqui agora, mas volto amanhã cedo para falar do filme que ainda verei hoje, então abraços e até breve pessoal.


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De Volta Ao Jogo

11/29/2014 02:02:00 AM |

O que acontece quando dublês e diretores de segunda unidade, que geralmente dirigem os dublês, resolvem dirigir por inteiro um filme? Saltos, tiros, coreografias de luta e tudo mais que uma boa dose de ação pode ser suprida numa tela de cinema. Pois bem, isso é o que ocorre em "De Volta Ao Jogo", que lá fora saiu com o nome do personagem principal "John Wick", que é o mais correto, já que o nome dele é o pavor que qualquer mafioso deveria ter em mente, e não sua volta ao crime. Não posso dizer em momento algum que é um filme ruim, afinal cumpre bem com sua perspectiva, mas já virou uma coisa tão manjada alguém fazer algo com a família, ou algo que represente isso, de alguém, e na sequência esse alguém ir atrás dos bandidos, que já quase sabemos cada cena de cor e salteado, além das cenas totalmente falsas, aonde o mocinho está na mira do bandido, pronto para ser morto, mas não, o bandido não atira, ele leva a pessoa para conversar, afinal é mais legal um bate papo. Do resto nem preciso falar mais nada, que todos vão saber exatamente o que esperar, então se esse estilo lhe diverte e você gosta de muitos tiros pra todo lado, esse pode ser uma boa diversão para o seu final de semana, agora se você já cansou de ver isso, fuja, pois é manjado na íntegra.

O longa nos mostra que John Wick é um homem solitário e antigo matador de aluguel, que perdeu tudo na vida. Um dia, Wick é forçado a voltar a ação quando um criminoso aparece em sua vida. Sem nada a perder, John decide voltar ao jogo e enfrentar a máfia com toda habilidade e crueldade que o tornaram uma espécie de lenda do submundo do crime.

Como falei no começo, a ideologia do filme já vimos muitas vezes nos cinemas, e por ser um estilo tecnicamente fácil de criar a história, mudando uma ou outra perspectiva, acabam saindo diversos roteiros parecidos que caem nas mãos de produtoras que resolvem fazer com algum ator que quem sabe dê retorno para eles. E geralmente novos diretores que acabam arriscando a mão nesses filmes, afinal nenhum grande nome se arrisca a repetir algo que já todos fizeram, e nem sempre deu certo. Aqui a dupla David Leich e Chad Stahelski, que foram diretores de segunda unidade em "Tartarugas Ninjas" e "Jogos Vorazes: Em Chamas", estreiam seu primeiro trabalho à frente da direção, e ao menos souberam pôr em prática o que mais sabiam fazer, que são coreografias enormes de lutas e tiros, onde tudo é milimetricamente calculado para agradar o espectador que goste de uma boa ação. E analisando o longa somente por esse estilo, é muito bom o que é passado, mas somente isso faz valer um ingresso de cinema, para alguns sim, para outros a reprise de tema acaba incomodando demais e irá apenas reclamar do que viu. Talvez se tivessem dado alguma nova vertente para a trama, o filme teria deslanchado mais, porém preferiram o modo seguro de fazer tudo, o que resultou em algo correto, mas longe de ser lembrado daqui alguns dias.

As atuações até são interessantes dentro da proposta do filme, mas não é nada que você pare e se surpreenda com algum feitio de qualquer um dos atores. Keanu Reeves ganhou muito dinheiro, fez atuações bem encaixadas, mas isso foi no passado, hoje ele é apenas um chamariz de fãs de seus filmes que trabalha corretamente, se esforçando para parecer interessante, mas não tem carisma, muito menos empolga em cena para que torçamos por ele, ficando apenas alguém que está vingando a cena mais triste do cinema dos últimos tempos. Willem Dafoe ficou tão em cima do muro com seu personagem Marcus, que inicialmente julgamos mal ele, mas com o decorrer da trama até tem boas cenas, mas não deslancha, ficando alguém que foi colocado meio que também pelo nome apenas. Michael Nyqvist faz o antagonista Viggo mais fraco que o cinema já viu, sabe socar bem, mas nenhum momento consegue convencer como líder da máfia russa, precisariam ter desenvolvido bem mais a história do passado dele e do protagonista para que algo justificasse o tanto que enche a boca para falar do que fizeram. Alfie Allen começou com tudo com seu Iosef, e parecia que seria daqueles vilões que iríamos odiar e ficar com muita raiva, porém virou apenas um ratinho que corre o longa inteiro pela casa e não incomoda ninguém, péssimo trabalho. Adrianne Palicki merecia aparecer mais em cena, afinal que moça de traços interessantes, mas serviu de base em duas cenas e já não quiseram mais utilizar, implicando um código ético apenas para tirá-la de jogo, o que é triste demais para um roteiro. Dos demais serviram apenas como base para tiros dos protagonistas, então nem temos muito o que falar, valendo apenas as sacadas irônicas do recepcionista do hotel, interpretado muito bem por Lance Reddick.

Por ser um filme bem ágil, onde o protagonista não economiza balas, o longa se passa em diversos cenários bem trabalhados para que o espectador adentre ao clima da história, e todos possuem elementos demais para servirem como arma tanto para o mocinho quanto para os vilões, e isso é interessante de acompanhar, mesmo que de forma totalmente clichê, até com pontos de virada tradicionais, mas que soaram bem desenvolvidos. A fotografia abusou do filtro roxo, sem motivo aparente algum, mas que deu um tom ao menos diferente na trama, meio sombrio, mas sem muito o que falar.

Um ponto excelente da trama ficou por conta da trilha sonora, de escolhas rítmicas impressionantes envolvendo blues e rock da melhor qualidade para dar o tom exato no ritmo do filme e combinar também com o tema da trama. E confesso que se não fosse por essas escolhas musicais, talvez o longa ficasse tão insuportável que ninguém acabaria ao menos curtindo o que foi mostrado.

Enfim, é mais do mesmo que ao menos por ter diretores da área coreográfica de ação, não cometeram atos falhos nas cenas mais ágeis, mas infelizmente a repetição de um tema que tem ao menos 2 a 3 filmes iguais a cada ano, já enjoou. Recomendo ele somente se você não tiver mais nada para ver e goste do estilo, pois mesmo sendo algo um pouco acima da média, não vai ser nada que irá surpreender. Bem é isso, fico por aqui agora, mas nesse final de semana ainda tenho muita coisa para conferir, então voltarei bastante com mais posts para vocês, então abraços e até breve.


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Boa Sorte

11/28/2014 03:00:00 AM |

É engraçado chegar na bilheteria do cinema, a moça perguntar qual o filme e você responder "Boa Sorte", não é um nome interessante, daí ela lhe entrega o bilhete e fala boa sorte, fica mais engraçado ainda. Mas diferente do nome que causa toda essa polêmica, o filme é bem interessante, e aqueles que falam que só falo mal de filme nacional, hoje vão cair do cavalo, pois é um longa bem simples, mas que envolve e com atuações bem pontuadas consegue fugir do clichê novelesco e agradar sem ser forçado em demasia. Claro que na bilheteria deveriam dar uma restringida por perfil, pois conhecendo uns malucos que vão assistir, podem sair da sala querendo mandar um remedinho com Fanta pra ficar invisível.

O adolescente João tem uma série de problemas comportamentais: ele é ignorado pelos pais e se torna agressivo com os amigos de escola. Quando é diagnosticado com depressão, seus familiares decidem interná-lo em uma clínica psiquiátrica. No local, ele conhece Judite, paciente HIV positivo e dependente química, em fase terminal. Apesar do ambiente hostil, os dois se apaixonam e iniciam um romance. Mas Judite tem medo que a sua morte abale a saúde de João.

Embora seja o longa de estreia na direção de Carolina Jabor, por trás dela está a experiência de ter um pai que já fez muito e do marido Guel Arraes que é mais cineasta ainda, e que também assina a produção do filme. E com um roteiro de Jorge Furtado e Pedro Furtado, não temos como ficar jamais com o pé atrás do que o filme poderia atingir, afinal como diria Fausto Silva, "só tem fera, bicho!". A síntese do longo embora bem polêmica, foi desenvolvida de uma forma bem singela, e felizmente não ficou com cara de novela da tarde, o que era bem fácil de acontecer devido à temática do longa. Um grande acerto na direção está por conta da liberdade que deu aos personagens, pois o que vemos na tela é toda a essência desenvolvida de cada ator que cada um conseguiu passar para o seu personagem em questão, e isso é algo tão difícil de acontecer nos longas nacionais, que acaba impressionando. Com ângulos também bem despojados não ficando na mesmice, a diretora conseguiu dar uma cara jovial e envolvente para a trama, de forma que mesmo todos sabendo quase que 100% o que vai acontecer no final, afinal longa desse estilo não consegue disfarçar o clichê, acabamos torcendo pelos personagens e no decorrer do filme já estamos quase amigos pessoais de cada um, e nos divertimos demais com as cenas de "invisibilidade".

Sobre a atuação, se existe uma atriz nacional que considero extremamente forçada é Deborah Secco e felizmente aqui ela jogou todos meus preconceitos fora com a vivência que deu para sua Judite, emagrecendo um monte, pirando junto com a personagem, precisando ser internada realmente e tudo mais em nome de uma boa produção, e o resultado é visto nas telas, de forma que já na cena que dança junto dos demais protagonistas já ganhou o filme. João Pedro Zappa é um jovem que vem despontando no cinema nacional e aqui atuou tão bem, com a ingenuidade precisa que o personagem pedia que acabou ficando muito bem feito, e mesmo com algumas cenas tendo pequenos deslizes de olhares, mandou bem demais e claro se deu bem nas cenas mais quentes com a protagonista. Pablo Sanábio aparentemente seria um coadjuvante de luxo com seu Felipe, mas suas duas cenas principais são tão boas que depois qualquer cena que está enquadrado você já acaba remetendo os olhos para ele, vejo um longo futuro para o ator. Dos personagens que fazem pais e médicos, o destaque vale claro para a única brasileira indicada ao Oscar, Fernanda Montenegro que mesmo estando presente em tão poucas cenas conseguiu chamar atenção brilhantemente, suas cenas finais são na medida. E Cássia Kis Magro que abusou da seriedade no personagem da médica da clínica e conseguiu fazer bem o papel, mas toda a robustez assusta um pouco.

Visualmente a clínica foi muito bem escolhida como cenário e por ser bem rudimentar, ainda serve como uma acusação frente aos lugares que temos para tratar dependentes pelo Brasil, e cada ambiente ali foi retratado com cores e simbologias próprias para desenvolver o momento dos personagens de uma maneira riquíssima de conteúdo, não necessitando quase de objetos cênicos, mas sim um trabalho cenográfico de ambientalização que ficou muito mais interessante de tentar captar os sentimentos. A fotografia usou uns filtros exagerados puxando o tom para o místico, meio borrado demais na tela, o que para envolver a paranoia dos personagens até é válida, mas poderia ser menos forçada que agradaria mais.

Mesmo o filme sempre puxando para baixo, já que a temática pedia isso, foram espertos o suficiente de escolher as trilhas sonoras usando do inverso, levando o clima mais para cima e fazendo com que os personagens não soassem tanto como coitadinhos, mas vivenciassem o seu momento ali, com desenvoltura e ritmo para que o longa agradasse bastante. Então temos boas canções tocadas funcionando tanto apenas no desenrolar da história como também no clima do filme.

Enfim, não é um longa perfeito, mas consegue funcionar bem dentro da proposta, e envolve o público como disse acima. Talvez se desenvolvesse mais alguns personagens da família do jovem, ou outros malucos da clínica não ficando apenas com uma cena para cada ato, o filme teria mais fluidez e chocaria mais, apesar de não parecer a ideia dos roteiristas, e assim sendo, o resultado foi bem maior do que poderia imaginar. Recomendo ele como sendo uma boa alternativa para quem gosta de longas nacionais, e claro para mostrar que o nosso cinema tem evoluído, só basta querer criar novos temas. Fico por aqui agora, mas esse foi apenas o começo dessa semana, que embora não seja a mais movimentada do ano, ao menos veio uma quantidade interessante. Então abraços e até breve.


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Tsili

11/23/2014 11:00:00 PM |

É difícil uma Mostra de Cinema que não apareça algum filme extremamente estranho, aonde ficamos olhando tentando decifrar o que o diretor quis nos passar. Digo isso principalmente para quem não lê a sinopse ou vê qualquer coisa sobre o filme antes de assisti-lo como é o meu caso. E vendo dessa forma "Tsili" pode ser considerado como um amontoado de cenas aonde escutamos ao fundo bombas e a jovem na floresta tentando sobreviver apenas, acontecendo alguns outros fatos isolados, mas ao acabar a guerra, temos mais algumas cenas estranhas, com alguns dizeres, aos quais não conseguimos concluir nada, ou melhor, o filme não consegue esboçar sentimento algum em ninguém, seja de repúdio pelo que aconteceu, seja de alegria ou tristeza por algo, fazendo com que o público saia da sessão sem nem entender o porquê assistiu aquilo.

Agora a sinopse nos que diz que Tsili é um jovem judia que durante a II Guerra Mundial, toda sua família foi levada para campos de concentração, mas ela conseguiu fugir. Tsili construiu um abrigo em uma floresta, onde se escondia. Porém, de dentro dele, ficava a parte do que acontecia ao seu redor. Um dia, o jovem Marek a encontrou no abrigo e eles descobriram que eram do mesmo lugar. Ele vai em busca de comida para Tsili, mas nunca mais volta, mesmo quando a guerra acaba.

Com o teor da sinopse, conseguimos ao menos refletir um pouco sobre o que é mostrado, mas ainda iremos considerar o diretor como um artista daqueles que nos entregam um quadro com apenas um ponto pintado e fala que ali está expressado toda a simbologia da vida pós-moderna frente ao caos urbano, que você escuta ele falar tudo aquilo, olha com cara de intelectual, balança a cabeça, sai da exposição e morre de rir comendo um McLanche Feliz. Essa é a sensação clara que Amos Gitai vai ficar para mim, já que no grupo de curtas "Falando Com Deuses", o seu curta também foi o mais maluco possível, e aqui com um longa completo, afinal 88 minutos já é um longa, não conseguiu passar nada, talvez daria para resumir ele em um curta de 15 minutos bem feito que simbolizaria bem mais o que tentou passar, mas não cinema tem de ser grandioso, e falhou em tudo que tentou. A única parte mais viável do longa está quando temos um trecho em um galpão aonde alguns dizeres tentam nos remeter a algo mais filosófico sobre a guerra e isso sim talvez tenha valido mais para as premiações da qual o filme acabou entrando, que de resto não temos nada para dizer.

Quanto da atuação, ao menos podemos dizer que as jovens Meshi Olinski e Sarah Adler conseguiram se mostrar sofridas na floresta, mas como acabamos cansando com o que vemos, em certos momentos já nem mais aguentamos ver os seus "afazeres" diários. Enquanto que Adam Tsekhman fez o que tinha de fazer frente à câmera e depois não deu nenhum sinal para chamar atenção

No quesito artístico, a floresta é meio fake, como está na moda falar, pois tudo muito arrumadinho, cenas com pouca abertura de campo para não vazar falhas, e tivemos uma chuva tão cenográfica que nem novela de quinta categoria consegue fazer tão ruim, ou seja, poderiam ao menos tentar explorar alguns sentidos artísticos, mas junto com o enredo e a direção, o filme todo simbolizou mau o que queria. Não digo que não tenha sido filmado em uma floresta mesmo, mas o recorte foi tão falso sempre que pareceu o fundo de algum sitio. A fotografia trabalhou com uma iluminação ao menos coesa já que falharam no conceito artístico, com o ângulo exibido, a iluminação fez a referência de dia, noite e sombras de maneira bem correta.

Enfim, poderia falar mais coisas ruins sobre o longa, mas prefiro dizer apenas que não recomendo para ninguém ele, é cansativo, monótono e como falei no começo só vai agradar quem quiser fazer carona de intelectual frente à outros, pois o filme não consegue envolver ninguém somente com o que é expresso nas imagens. Bem é isso pessoal, encerro essa semana cinematográfica curtíssima aqui, mas vamos torcer para que na próxima quinta venha muitos filmes para que o público tenha variedade de escolha de títulos e o Coelho fique feliz com muita coisa para fazer. Então abraços e até Quinta.


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Queen and Country

11/23/2014 04:53:00 PM |

São raros os filmes que envolvam exército que conseguem ter algo agradável, sem muita dor e lástima, mas o que é apresentado em "Queen and Country", acaba sendo tão doce e envolvente que passamos as quase duas horas de projeção rindo e divertindo com as situações de crescimento pessoal que os protagonistas passam. Sendo uma continuação do Continuação de um filme de 87 do mesmo diretor, "Esperança e Glória", onde o protagonista era um garoto aprendendo sobre várias coisas na época da Segunda Guerra, agora adulto aprende com o próprio suor que certas loucuras as vezes não compensam o crime, pois podem afetar outras pessoas.

O filme nos mostra que Bill Rohan tem dezoito anos e um futuro pela frente. Seus sonhos são interrompidos quando é convocado para realizar um treinamento de dois anos numa missão militar para a Guerra da Coréia. Lá, Bill faz amizade com Percy com quem irá conspirar contra o insuportável sargento Bradley. Em momentos raros, eles conseguem escapar e se distrair dos horrores da guerra e numa destas saídas Bill conhece uma moça inacessível por quem se apaixona.

Demorou um pouco para que o diretor fizesse a continuação, afinal ficar com um projeto engavetado por 17 anos é algo um pouco incomum. Mas ele foi muito sábio, quando conseguiu fazer o longa, ao optar em trabalhar a consciência do protagonista com as situações, não exagerando no mesmo tom dramático de guerra que teve o primeiro filme, e trabalhando com envolvimento dentro dessas situações acabou sempre colocando o plano diretivo como segunda opção, o que fez com que não ficasse um longa cansativo e chato. O roteiro foi trabalhado para que fosse mostrado desde as situações comuns na vida de um jovem, quanto outras características que um homem deve aprender com a vida, e que muitos dizem que somente servindo o exército é que se aprende tudo isso, mas que também há outras maneiras de descobrir. Ou seja, um filme completo, divertido e artístico, que pode ser visto tanto por apreciadores mais requintados quanto comercialmente numa sala de cinema.

Sobre a atuação, claro que não temos o garotinho que mandou bem em 87, mas acho que até caberia ele, mas como não fez mais nada depois do filme, então escolheram outro. E os jovens Callum Turner e Caleb Landry Jones souberam conduzir a trama com envolvimento único, dando suas nuances próprias para dar um ritmo agradável e gostoso de acompanhar. O protagonista Callum sempre com um olhar neutro mostra que é hábil para as situações e vai aprendendo tudo da sua maneira, isso é bacana de ver num ator, quem sabe mais pra frente decole já que esse é praticamente seu primeiro longa. Enquanto Caleb, que já é bem mais experiente, fez o tino de seu Percy levar tudo as consequências máximas o que dá efeito a trama, e o ator foi muito feliz no que fez, pois agrada bastante e resulta em algo satisfatório de ver. David Thewlis transformou o seu personagem Bradley não como um soldado chato, mas como qualquer daqueles chefes insuportáveis que qualquer um quer matar por ficar sempre impondo regras e mais regras, mas seu exagero foi um pouco forçado demais e poderia ser menos abobalhado. As mulheres são complexas como sempre é envolvem os protagonistas com diversos problemas, mas Tamsin Egerton com sua Ophelia foi muito simplista na sua interpretação que poderia agradar mais com uma interpretação visceral ao invés do estilo dramalhão mexicano e assim agradaria bastante. Vanessa Kirby já representou com sua Dawn uma mulher mais vivida e deu um tom interessante para a personagem, que até agradaria que tivesse um papel maior dentro da trama. E Aimee-Ffion Edwards funcionou como a ajuda necessária para aprender o que deseja, que algumas atrizes sabem fazer bem esse papel de apoio, e a jovem nas cenas que exigiu mais dela fez muito bem. Dos demais personagens, na maioria foram exagerados demais nas poucas cenas que participaram, mas souberam entregar bem o bastão para os protagonistas se destacarem, valendo apenas ressaltar as cenas bem manjadas de Pat Shortt com seu Redmont todo sabichão.

A arte foi muito feliz ao colocar o exército sempre com um vestuário completo e procurando a cada cena conter um ou mais elemento simbólicos para representar e fazer parte do que estão desenvolvendo, por exemplo o relógio, as palavras cruzadas, a própria ilha e até mesmo as mulheres acabaram sendo elementos figurativos na trama, o que fez da equipe artística pessoa bem tranquilas para representar tudo e acertar a mão na maior parte. A fotografia partiu do pressuposto de não enfeitar demais e também ser correta com relação a iluminação usada, tendo nos pontos chaves sempre um contraluz sem enaltecer demais, mas também não deixando solto.

Enfim, um filme bem gostoso que agrada por ser simples, mas envolvendo com mensagens subliminares a todo momento, faz com que a obra ganhe uma vivência mais significativa e nos envolva para quase virarmos amigos dos protagonistas e torcêssemos para que consigam atingir seus objetivos. Não digo que todos irão se apaixonar pela forma que o longa é entregue, mas garanto que a maioria vai se divertir e sair feliz com o que verá. Um grande detalhe está sempre nos filmes que aparecem sendo citados como base para o que o diretor quer mostrar e isso soou genial. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas vamos pra mais uma sessão da Mostra então até breve.


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Jogos Vorazes: A Esperança Parte 1

11/20/2014 02:02:00 AM |

Alguns filmes já nos dizem a que vieram logo no começo, outros nos apresentam aos poucos seus elementos e vão crescendo durante sua exibição. Com a série "Jogos Vorazes", por já ser três livros fechados antes mesmo do lançamento do primeiro filme, já os leitores e fãs sabiam desde o princípio que era o novo caça-níquel da Lionsgate pelos EUA e da Paris Filmes no Brasil, isso é um fato e ninguém pode negar, afinal o livro é totalmente voltado ao público adolescente que ou gosta ou não gosta de algo, mas aqui arrumou muitos fãs. Dito isso, e sabendo que produtores mais do que amam dinheiro, era fato que a moda de três filmes apenas nunca iria acontecer, sendo dividido sua última parte sempre em dois, ou quem sabe até mais, aqui no caso serão dois. Agora com "A Esperança - Parte 1", o que mais deve agradar principalmente os fãs é que com a divisão do livro em dois filmes, a história será contada em minúcias, quase que palavra por palavra, e os não-fãs do livro, mas fãs da série de filmes talvez podem amar ou odiar o longa, pois aqueles que esperarem muita ação, como ocorreu nos dois primeiros filmes, talvez a decepção seja grande, mas aqueles que forem sem esperar nada, como foi o meu caso, podem até se impressionar e emocionar com diversas partes do longa, pois um fato é completamente notável nele, e que iniciei esse parágrafo dizendo, pois agora o filme finalmente atinge uma maturidade na trama digno de prender a atenção, e mesmo com diversos clichês, a ideologia revolucionária ganha motivos mais contundentes e incita o público a pensar como a protagonista, o que é interessantíssimo de acompanhar, e mais abaixo falarei mais de alguns personagens e elementos que ajudaram a fazer desse filme que empesteou todas as salas do planeta a não ser o fiasco do ano, já que meio mundo estava esperando ele.

O filme nos mostra que após ser resgatada do Massacre Quaternário pela resistência ao governo tirânico do presidente Snow, Katniss Everdeen está abalada. Temerosa e sem confiança, ela agora vive no Distrito 13 ao lado da mãe e da irmã, Prim. A presidente Alma Coin e Plutarch Heavensbee  querem que Katniss assuma o papel do tordo, o símbolo que a resistência precisa para mobilizar a população. Após uma certa relutância, Katniss aceita a proposta desde que a resistência se comprometa a resgatar Peeta Mellark e os demais Vitoriosos, mantidos prisioneiros pela Capital.

Antes de mais nada ressalto mais uma vez, não li e nem lerei os livros tão cedo acabe a saga no cinema, afinal comecei por lá e vou terminar por lá, e além disso estou longe de ser um grande fã da saga, fui hoje assistir completamente sem expectativa alguma, muito pelo contrário, bravo por só ter ele nos cinemas do interior, mas isso não vem ao caso no momento. Dito isso, a sabedoria dos três longas até agora foi pontuar leves críticas à sociedade, embutidas nas mensagens que os protagonistas representam, e os roteiros foram esmiuçados para envolver cada espectador em cada um dos filmes, apenas para citar uma desse novo, não há quem não se comova com a cena, piegas e clichê, do hospital do Distrito 8, ao ver a protagonista entrar ali, todo mundo já sabe o que vai ocorrer e como vai deslanchar a cena, mesmo quem nem sequer passou perto do livro, mas a cena em si arrepia e comove, dando início à todas as demais cenas, ao menos mais umas três que conseguem o mesmo feitio. Uma mudança completamente notável, já no segundo filme foi no quesito direção, já que no primeiro filme tivemos Gary Ross e desde o ano passado no segundo, terceiro e quarto tivemos e teremos Francis Lawrence que além de mais experiente, conseguiu trabalhar os filmes de uma forma mais crua e envolvente, fazendo com que a trama não ficasse somente na ação, e dependesse disso para envolver, mas sim que a ação desenvolvesse com base em tudo ao redor, o que fez do filme algo que não apenas os leitores dos livros acabaram viciando, mas sim muitos outros que gostem do estilo que é proposto dentro dos filmes. Se no ano passado já havíamos envolvido tanto com a trama, mas ficado bravo por acabar no momento mais dramático da trama, esse ano, já por saber que iria ser quebrado em dois, o choque não foi tão grande, mas que dá uma certa raiva de algo que está pronto só ser exibido daqui um ano, isso enraivece com certeza. E da mesma forma que no longa é trabalhado a propaganda como sendo a alma do negócio, como ente manipulador, essa jogada de marketing de dois filmes acaba fazendo o mesmo que ocorre com os protagonistas, criando mais vínculo à trama por novos e novos espectadores.

Embora ainda tenhamos muitos personagens em foco, a protagonista Jennifer Lawrence continua como maioral na trama, conseguindo mostrar a cada dia que passa que os prêmios que ganhou por outros filmes não desmerecem sua atuação em algo que necessite menos dramaticidade, muito pelo contrário, a jovem aqui faz uma gama de trejeitos bem mais complexa que em qualquer outro drama que lhe tenha dado prêmios. Julianne Moore faz de Alma Coin, uma presidente interessante que não sei como é no livro, mas me deixou com uma pulga atrás da orelha com sua rispidez, claro que isso chama responsabilidade para si em alguns momentos e isso ela como uma boa atriz fez muito bem em diversas cenas. Não vai ser dessa vez que vamos saber o que é ou não digital dentro da atuação de Philip Seymour Hoffman, pois como morreu faltando bem poucas cenas para serem feitas, a melhor opção de contra-planos apenas usando sua voz vai resolver muito o problema, e isso já é notado ao menos em 1 cena aqui, e ele como um bom ator fez das cenas gravadas tudo que poderia também enobrecer seu último trabalho. Liam "irmão do Thor" Hemsworth mostra serviço em algumas cenas, mas como seu papel não foi tão destacado em nenhum dos longas, ele continua sem conseguir um destaque que valha a pena lembrar de sua atuação, no seu momento solo até mandou bem na forma de sentimentos colocados, mas ainda assim é algo bem simplório. Falando nos momentos solos de gravações, a "diretora" de grande renome em Panem, Natalie Dormer chama atenção tanto pelo visual como pelos atos dentro do seu papel, quase que sendo uma diretora dos programas dominicais brasileiros, que ao ver sentimentalismo no ato, manda ligar a câmera e focar no dramão, de forma que ficou bem colocada essa sua sacada. Donald Sutherland continua como o presidente que todos "amamos" bem ironicamente, e sua forma pontual de interpretar é algo muito interessante de ver, acredito que vai ser mais importante no próximo filme, mas aqui já fez muito bem suas cenas. Josh Hutcherson com seu Peeta, e Stanley Tucci com seu Caesar, até foram bem nas poucas cenas que aparecem, mas quando o primeiro resolveu atuar mesmo pra valer, ficou pro próximo ano, e aí acredito que o bicho vai pegar. Sam Clafin com seu Finnick e Woody Harrelson com seu Haymitch até deram bons tons poéticos para suas falas, Clafin teve um tempo maior para desenvolver em segundo plano seu ato solo, mas Woody é chamativo aonde quer que passe, mesmo que seja em poucas cenas. Os demais na maior parte acabam apenas sendo encaixes para os protagonistas, mas vale destacar Mahershala Ali que com seu Boggs aparecendo em quase toda cena que a protagonista está, acabou sendo um ponto de referência e chamando atenção para o personagem, vamos ver se no próximo vai ser importante isso ou foi apenas sorte sua de tempo de tela, e Jeffrey Wright ficou com o prêmio hacker/cientista sabe tudo do filme, falando diversas coisas que ninguém nem sabe o que está ouvindo, mas acha bacana o que ele está fazendo.

Diferente dos outros dois filmes da série, agora como não temos mais tanto o campo de batalha, as cenas não foram tão computadorizadas, e isso acabou agradando mais, apesar que por ter inúmeros figurantes sempre em cena, a duplicação sempre aparece. Com elementos cênicos bem colocados em cada ato, a cenografia acabou chamando mais atenção por mostrar os contrastes de beleza e destruição que querem mostrar, e isso se evidencia bem logo após o ataque no Distrito 13, que mostra um antes e depois, além dos outros Distritos. Como não temos mais a riqueza da capital, a parte de figurino foi bem rebaixada, e é até motivo de piada com a personagem Effie, o que não deixou de ser bem encaixado na trama tanto no quesito cênico como no roteiro. Os jogos de cores da fotografia foi novamente algo que pontuou demais na trama, cabendo ao público distinguir as situações de forma tão fácil que nem precisaria de técnicas para saber, com azul nas cenas mais dramáticas chamando pro sentimentalismo das cenas onde a protagonista se vê aflita, o laranja puxado pro marrom nos momentos de mais ação e chegamos a ter o cinza para dar uma igualidade com a democracia dentro do Distrito 13.

Com uma trilha sonora envolvente, a trama deslancha bem fácil, e contando com uma música inédita da Lorde, além de clássicos de Coldplay, Arcade Fire, Taylor Swift, Maroon 5, não tem como não curtir tudo que é tocado durante a trama, o que acaba melhorando ainda mais o ritmo que sem esse envolvimento seria até mais lento.

Enfim, é um excelente filme, não posso classificar como o melhor do ano, mas com certeza figura entre os melhores. Como disse, quem for com muitas expectativas, esperando algo dinâmico como os anteriores e com muita ação, com toda certeza sairá da sala decepcionado, agora se você se envolver com a proposta de desenvolvimento dos personagens e da própria trama em si, com certeza ficará bem feliz com o que verá, mesmo os produtores nos enrolando por mais um ano para sabermos o desfecho da trama. Repito, deixe suas expectativas para o próximo, afinal todo mundo irá pra sessão sabendo que não vai acabar aqui, e que esse é o desenvolvimento inicial do ato final da trama toda, além de ser um filme mais maduro e com nuances mais para serem pensadas, tanto sobre a ideologia do filme mesmo, como com o que ocorre na vida real, ou seja, não é tão simples como parece e acabo recomendando mais ele por tudo isso que pode ser desenvolvido. Dei sorte de conseguir ir numa sessão onde não tinha tantos adolescentes berrantes, e isso melhorou o filme uns 500% pra mim, diferente do segundo, da mesma forma que outros filmes teens, onde o povo grita a cada cena, então quem não gostar de muita muvuca, procure essas salas mais caras ou sessões em horários diferentes, senão a gritaria pode atrapalhar também. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas no volto no Domingo com a Itinerância da Mostra, já que as demais estreias acabaram ficando sem vir para o interior. Então abraços e até breve.

PS: A redução da nota foi por dois motivos, da mesma forma que o anterior, por parar em uma cena chave, o que acaba enrolando demais a trama, e daria facilmente para ser um longa só de 150 minutos, e por exagerar em alguns clichês para emocionar o filme, e só isso, do resto é excelente.


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O Pequeno Quinquin

11/16/2014 09:55:00 PM |

Elaborado como uma minissérie em 4 capítulos, "O Pequeno Quinquin" veio para a Mostra Internacional de cinema como um "longa" de 200 minutos, devido principalmente a alguns dos capítulos serem tão sem conteúdo que com o estilo de filmes e séries que estamos acostumados seria capaz de muitos verem um só e desistir de todo o restante. O longa num contexto maior até nos intriga de forma a ficarmos sempre curiosos com quem é o assassino, ou até mesmo fazer com que refletíssemos sobre a infância no interior ser um mundo de explorações, mas o que deu tantos prêmios ao diretor em outros filmes que é a forma calma de segurar o expectador, aqui foi abusada demais e talvez algumas tesouradas na edição faria algo mais dinâmico e conclusivo de forma a interessar mais e até mesmo vender comercialmente o filme. Além disso já deixou um sobreaviso aqui, se você não sabe francês, grude na tela, pois a fonte da legenda está absurdamente horrível de conseguir ler pela finura e cor de contraste com as paisagens do cenário.

O filme nos mostra que um mistério está instigando o capitão da polícia alemã, Van der Weyden, e seu parceiro Carpentier: uma vaca foi morta e preenchida com restos humanos, e deixada em um galpão abandonado após a Segunda Guerra Mundial. Enquanto investigam o mistério, são perseguidos pelo pequeno Quinquin, um jovem que adora criar confusões com seus amigos.

O diretor e roteirista Bruno Dumont tem uma boa mão, isso é notável no filme, pois com um cenário bem trabalhado para mostrar o interior complexo e cheio de mistérios, mas mesmo a emissora original pedindo uma segunda temporada da minissérie, o que podemos dizer do primeiro e segundo episódio, respectivamente chamados de "A Besta Humana" e "Coração do Mal", é que eles soaram bem mais como uma apresentação enrolada dos personagens que pouco nos envolve e muito pelo contrário, cansam pela exaustão de cenas alongadas sem a menor necessidade, de forma que poderiam ser resumidos esses quase 100 minutos em algo por volta de 30 minutos facilmente. Já os dois últimos episódios, "O Diabo Encarnado" e "Deus é Grande", conseguem fazer todo o desenvolvimento da trama e instigar o espectador no melhor estilo das novelas que colocam o mistério de quem matou e porquê matou, funcionando de certa forma, mas como no estilo francês cru, os diretores não gostam de entregar o que acham realmente, somos deixados apenas com as indagações na cabeça para discutir com amigos e tirar nossas próprias conclusões. Ou seja, ao final de quase 4 horas entre intervalos dos episódios e suas exibições, saímos da sessão sem saber o que levou tudo em consideração, e pensando se valeu a pena mesmo ficar sentado todo esse tempo com o que nos foi entregue.

No quesito atuação, o que vemos na tela varia desde boas expressões com os jovens até tiques estranhos com os mais experientes. Por exemplo, Bernard Pruvost faz de seu capitão de polícia, um personagem tão bizarro que chega a assustar em diversos momentos, tornando tudo tão enigmático que não dá para confiar em nada de sua investigação, além disso, o ator tem tantos tiques quanto você possa imaginar, o que faz dele quase um suspeito se fosse algo possível de imaginar. Philippe Jore em alguns momentos faz parecer seu tenente um personagem fora da trama, mas algumas sacadas bem colocadas até faz com que volte a realidade do filme, poderia sem menos imparcial que agradaria mais o personagem, e a atuação poderia também ser menos boba para envolver também. O jovem Alane Delhaye é uma grata surpresa com seu Quinquin, pois trabalha tanto olhares quanto expressões mais adultas para um adolescente, mas claro sem perder a ternura e as bagunças que todo adolescente de interior acaba aprontando, uma boa aposta para os filmes franceses do futuro. Lucy Caron é uma incógnita como atriz, pois teve episódios que a jovem demonstrou habilidades e envolvimentos expressivos, mas em outros pareceu tão longe da interpretação que fez de sua Eve, aquelas adolescentes que não sabemos o que quer da vida. Lisa Hartmann fez de sua Aurélie, uma personagem meio insossa, mas sua cantoria ficou interessante pra trama, de forma que até acabamos achando que ela é apenas uma cantora que colocaram no filme para vender alguns CDs, pois a cada duas cenas, em três ela canta. A maioria dos personagens tem algum envolvimento na trama, mas como ou morrem ou apenas entram na cena para alguma ligação não conseguimos nos envolver com eles, porém temos de destacar as loucuras de Jason Cirot com seu Dani dando desespero com os vários rodopios e com um olhar medonho para deixar os espectadores em sua maioria pensando se foi ele ou não o assassino.

O visual da trama é totalmente interiorano e o diretor não economizou nas cenas abertas para valorizar bem as locações escolhidas. Agora os elementos cênicos acabam sendo usados tão contra a trama que mesmo os personagens vivendo num lugar onde há diversos elementos de guerra perdidos pelos campos, ninguém usa eles como algo que dê um valor para o filme, acabando sendo apenas apresentados e não dando nenhum sentido interessante, o que quebra bem a direção de arte por trabalhar bem, mas não ser colocado como deveria dentro do roteiro. A fotografia veio com uma proposta meio turva com pouca definição de cores, o que não nos envolve nem destaca nada na trama, e já que o filme possui muito verde pelas locações, a claridade natural acaba sendo até exagerada demais, e um rebatedor mais escuro agradaria mais.

Enfim, pelo resultado final não dá para classificar como um filme, mas também como minissérie ficou algo falho pelo que falei dos episódios iniciais, mas como os últimos funcionaram tão bem para deixar os questionamentos subir na mente do espectador, acaba que a meta principal do envolvimento é cumprida e as quase 4 horas não saem tão improdutivas assim. Recomendo ver em casa com bastante tempo, podendo realçar as legendas, e acelerando os momentos não tão úteis assim da trama, que com certeza o resultado será bem melhor. Bem é isso pessoal, encerro a semana cinematográfica aqui, mas como a próxima começa mais cedo na quarta-feira com o filme que deve ser praticamente único na semana, então já vou começar a lamentar por aqui mesmo, então abraços e até lá.


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Debi e Lóide 2

11/13/2014 11:34:00 PM |

Hoje acho que vou decepcionar muitos, afinal conheço no mínimo umas 10 pessoas que estavam malucas para ver essa continuação desde os anos 90! Mas, porém, contudo, entretanto, todavia e sem mais delongas, faltou comédia para "Debi e Lóide 2" ser engraçado no mesmo nível do original! Claro, que é assustadoramente estranho ver o filme e não parecer que viu o anterior praticamente no ano passado, já que as fisionomias de Jim Carrey e Jeff Daniels foi tão bem trabalhada que não aparentam ter envelhecido nem engordado sequer uma grama, mas o estilo de humor mudou muito em 20 anos, e piadas bobas que faziam qualquer um mijar de rir em 94, hoje soam pastelão demais. Não posso em momento algum dizer que não me diverti com o filme, pois as situações e a construção completa do roteiro é bem interessante, mas o que posso adiantar é que 90% das piadas que nos fazem esmiuçar algum sorriso já estão no trailer, e com isso acaba sendo meio que algo que queria engrenar, e fica no empurra-empurra.

O filme nos mostra que os inseparáveis Lloyd Christmas e Harry Dunne estão de volta! Vinte anos após sua última aventura, os amigos partem em busca da filha perdida de Harry, enquanto Lloyd tenta conquistar a sua mais nova paixão. No caminho, eles reencontram várias pessoas do passado e precisam aprender a lidar com responsabilidades que ainda não estão preparados para assumir.

Claro que por ter sido uma comédia completamente irreverente e que marcou uma época, assim que muitos viram o trailer nos cinemas da continuação, a expectativa juntamente da ansiedade já começou a bater nas portas de muita gente, mas esse é um dos problemas que sempre falei da maioria dos filmes: ir assistir esperando algo. Os irmãos Farrelly nesse meio de tempo pequeno de 20 anos, dirigiram várias outras comédias de sucesso, mas sempre carregaram nas costas o sucesso de seu primeiro filme, e isso uma hora ou outra teria de ser remexida, porém como o filme teve diversos tratamentos de roteiro, brigas de equipe e tudo mais que um sucesso poderia ter, o resultado acabou indo pegando muita turbulência e não ficou como deveria, o que é uma pena, já que uma boa comédia sem ser romantizada cairia como uma luva nessa época, mas o que vimos é algo tão comum que diferente do que acontece com boas comédias, o público sai da sala como se tivesse visto algo comum e sem graça.

Mas inegavelmente podemos culpar os atores pelo fracasso da comicidade do filme, muito pelo contrário, Jim Carrey e Jeff Daniels estão impagáveis com seus jeitos tradicionais de atuar, e incrivelmente assustadores por parecer que não fizeram nada nesse meio de caminho e gravaram a continuação logo em seguida do primeiro filme, o que mostra um trabalho minucioso da maquiagem e claro dos atores também, durante os créditos fica mais evidente ainda quando mixam as cenas dos dois filmes. Jim manteve seu estilo pastelão que vem sendo aprimorado em 20 anos e não muda nada, o que muitos até reclamam de suas atuações, claro que é uma forma de fazer comédia, mas já deu aparentar sempre o bobalhão com a mesma cara sempre, tanto que nas cenas onde engata sacadas mais irreverentes acaba agradando mais. Jeff pelo contrário mudou muito seu jeito de atuar e no princípio incomoda um pouco, pois aparenta ter esquecido como fazer rir, mas logo em seguida mostra uma força mais bacana e engraçada, claro que não com o gás que tinha nos anos 90, mas ainda assim seus olhares são engraçados. O grande problema do filme ficou por conta do elenco secundário, que fez toda a diferença no primeiro filme, e aqui são usados apenas para as esquetes, mas não funcionam da mesma forma, sempre soando superficiais demais para o momento e quando tentam ser engraçados piora ainda mais a situação, Rob Riggle e Laurie Holden conseguiram ser a pior dupla de antagonistas cômicos da história, e olha que já vi muito pseudo-vilão ruim por aí no cinema, mas suas cenas são péssimas. A única exceção é Rachel Melvin como Penny que se tivesse mais tempo em tela, acho que seria um frescor cômico bem interessante pelas bobagens que faz na tela. E Kathleen Turner serviu bem como Fraida nos momentos certos, mas nada que impressione, apenas sendo boa como motivo de piada, e servindo como piada pronta ao ser colocada como Jennifer Lawrence daqui 20 anos já que a atriz por ser fã da comédia fez uma pequena ponta como Fraida jovem.

Os acertos visuais foram bem pontuais, colocando cenários praticamente na mesma amplitude do primeiro filme, claro que longe das impagáveis cenas que faziam qualquer um rolar há 20 anos, aqui soaram comuns demais, já que qualquer comédia usa do estilo, então ficou mais como uma homenagem da equipe técnica ao conseguir que comparássemos cada situação do passado agora com o vigor mais tecnológico. Com isso temos elementos cênicos aos montes para ligar cada ato com determinado ambiente e objeto de cena, num trabalho cuidadoso da equipe artística, mas que acabou falhando ao exagerar demais aonde não necessitaria tanto, por exemplo nas cenas mais abertas, e nas cenas fechadas aonde a comicidade poderia fluir, optou por deixar nas mãos dos atores, e aí como disse as piadas daquela época não funcionam tão bem hoje. A fotografia usou o tom alaranjado em demasia, o que deixou o filme com cara de propaganda de lanchonete, aparentemente não foi nenhum patrocínio de nenhuma rede alimentícia, mas poderiam ter dado mais vida com cores menos tonalizadas e com mais sintonia em relação aos atos cômicos, trabalharia mais com o vermelho e amarelo sem misturar ambos.

Enfim, longe de ser um filme ruim ou bom, é um filme bem produzido e correto dentro do que foi proposto, garanto que vai ter gente que irá rir muito nas cenas chave, mas no contexto completo da trama a decepção foi maior do que a felicidade ao sair da sessão, e isso será notável em todas as sessões do longa. Claro que ao menos não temos algo muito pesado, mas faltou fazer com que o público mijasse de tanto rir, de forma que não dá para recomendar como uma comédia sensacional, mas que ainda assim é bem feitinha. Bem é isso pessoal, fico por aqui com a única estreia da semana no interior, já que as distribuidoras boicotaram os demais longas que estrearam no Brasil com medo do bicho-papão de salas da Quarta que vem, mas no Domingo estamos de volta com a Mostra Internacional de Cinema num longa de quase 4 horas, então o jeito é descansar bastante para aguentar o filmão, então abraços e até lá.


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Falando com Deuses

11/12/2014 01:41:00 AM |

Quando um filme envolve religiosidade já é algo que complique falar sobre, afinal não é uma coisa tão fácil de dizer, pois uns acreditam mais, outros menos e tudo que se possa falar acaba levando em conta também a forma que o dono do texto pensa. No filme "Falando com Deuses", o diretor mexicano Guillermo Arriaga fez uma das coisas mais malucas possíveis, pois pegou um diretor de cada país, para falar de uma religião em específico e não apenas de uma forma mensurável em seu país, mas de forma a vivenciar o momento, e o resultado embora seja estranho, pois algumas religiões se conectam mais com o público, outras tiveram seus curtas mais bem trabalhados, mas num contexto geral, o que podemos retirar em essência é que o exercício feito nos mostra que mais do que crer ou não em uma religião, a simbologia de um ente maior é o que vale, fazendo com que até mesmo o curta sobre o ateísmo passe uma credibilidade para o diretor, no caso quem criou o experimento que foi Arriaga.

O longa coletivo explora a relação entre diferentes culturas e religiões. Espiritualidade aborígene, catolicismo, islamismo, judaísmo, budismo e xintoísmo, cristianismo ortodoxo, umbanda, hinduísmo, assim como o ateísmo encontram expressão no filme. Baseado numa ideia de Guillermo Arriaga e com os episódios organizados por Mario Vargas Llosa, o filme apresenta diferentes perspectivas sobre a religiosidade, um fenômeno especificamente humano.

Particularmente acabamos nos conectando melhor com três ou quatro dos episódios, o espanhol católico, não por ser a religião mais conhecida, mas pela forma cômica e caricata que o diretor Álex de La Iglesia abusou, fazendo com que o espectador entre mais no clima; o curta australiano feito por Warwick Thornton sobre a espiritualidade aborígene nos leva para uma outra dimensão, conectando os laços familiares como algo maior do que a matéria gananciosa da vida, e livrando do material a mulher acaba tendo algo melhor para passar para seu filho, ao menos foi o que me mostrou o longa; o islamismo feito por Bahman Ghobadi foi bem representado também mais pela comicidade dos gêmeos siameses do que pela religiosidade em si, e o jovem ator acabou puxando a trama quase mais que os protagonistas; e o próprio Guillermo Arriaga com seu ateísmo acabou finalizando de uma forma mais crua, por mostrar que até mesmo quem não crê em nada, acaba ficando na dúvida quando algo que não consegue explicar por meios científicos ocorre na sua frente, e isso deu um fechamento fenomenal para o longa.

Já que não vou falar de atuação hoje, afinal são pessoas demais e ninguém chama a atenção, vamos falar também dos demais curtas que por um outro lado acabaram nem destacando tanto a religiosidade, e muito menos fazendo com que o público se conectasse com eles, para começar o brasileiro umbandista de Hector Babenco, que fez toda uma viagem com um pato nada a ver para a trama, que tentou fechar com a umbanda para cumprir a missão, infelizmente falhando feio; o judaísmo mostrado pelas mãos de Amos Gitai foi grosseiro, quase uma violência generalizada para conectar as guerras religiosas em que vivem as pessoas de Israel; o hinduísmo mostrado pela indiana Mira Nair ficou bacana por mostrar as diversas divindades, mas ficou algo um pouco absurdo demais ao misturar briga de família com as divindades, precisaria ser algo maior para ser mais trabalhado; o budismo que o japonês Hideo Nakata, que é mais acostumado com filmes de terror foi algo chocante demais para ser digerido em 10-15 minutos, e mostrou mais o desespero da perda do que a religiosidade em si; e o cristianismo ortodoxo feito pelo sério Emir Kusturica foi bem mostrado com a ideia do carregar pedras para um novo começo, mas é algo que também exigiria algo maior e menos cansativo para que o público se envolvesse.

No quesito visual todos tiveram seus bons e maus momentos, mas o destaque em quesito de produção com certeza ficou por conta de Arriaga que fez chover sangue em lugares improváveis e que com muita certeza deram um trabalho imenso. E no quesito fotográfico o australiano bateu um bolão com paisagens cruas e que nos deram um misticismo impecável.

Dessa vez fui mais técnico nos comentários, mas são 9 curtas e falar muito sobre cada um acabaria até atrapalhando mais do que ajudando. O composto completo é interessante como um todo e talvez o que melhoraria seria os ritmos dos filmes, que há momentos em que parece não engrenar. Esse foi o primeiro de uma quadrilogia de temas que serão apresentados, claro com esse sendo o mais polêmico pelo que diz o diretor principal. Então o jeito é aguardar o que mais virá por aí. Recomendo ele mais como uma reflexão sobre as religiões do que como filme em si, afinal todos algum dia já pararam para analisar as diferenças entre fé, religião e o templo em si, inclusive eu como trabalho de conclusão, que quem tiver vontade de ver segue o link e está no meu portifólio aqui no site também. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, na próxima semana o interior foi muito boicotado de estreias, vindo apenas dois filmes mais um da Mostra, então aparecerei bem pouco por aqui, então abraços e até breve.


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Duas Irmãs, Uma Paixão

11/09/2014 08:28:00 PM |

A escola de cinema alemão é uma das poucas que se mantém firme e raramente sai das suas bases de filmes artísticos, claro que há exceções, mas a priori, seus diretores optam por uma linha que já está ficando arcaica para o público em geral, e com histórias que poderiam ter uma vertente mais comercial, e porque não dizer, mais agradável de assistir. O resultado disso tudo pode ser visto em "Duas Irmãs, Uma Paixão", que é um filme com características de produção em grande escala, mas com um ritmo tão lento que faz com que a duração seja alongada demais mesmo não sendo um filme gigante. E são tantas reviravoltas amorosas que a única coisa que podemos remeter ao estilo do filme é uma novela mexicana falada em alemão e francês.

O filme acompanha a história do triângulo amoroso das irmãs Caroline e Charlotte com o escritor Friedrich Schiller. As irmãs sempre foram muito próximas e amigas uma da outra, e partilhavam de um coração e alma muito interligados. Com a chegada de Schiller, as duas se veem presas a um mesmo amor, e são levadas pelo escritor, que se apaixona pelas duas igualmente. Carolline é casada, mas vive uma vida infeliz com o marido, e encontra em Schiller seu conforto. Já Charlotte vivia sonhando com um bom marido, e vê igualmente em Schiller o homem de sua vida. Os três começam a viver um romance juntos, mas os laços das irmãs podem não ser tão fortes para sustentar essa situação.

O diretor e roteirista Dominik Graf conduz esse filme de época com luvas de pelica, já que por se tratar de uma época de tantos conflitos na Europa, ele poderia mixar essas situações de uma maneira mais favorável, porém optou por um romance de uma corte que sequer demonstra preocupação com o que ocorre ao redor deles, somente vivendo seus amores e cartas pra todo lado, apenas a título de comparação imagine aquele romance irritante que um amigo seu fica mandando mensagens de texto a cada 20 segundos, mas como não havia celulares naquela época o jeito eram as cartas, e tome escrita de carta a cada minuto no filme, ora eles escrevendo e falando, depois apenas em posição de quadro antigo falando, um falando pro outro e assim vai, insistentemente colocando a relação de cada um à prova e como bem sabemos, antigamente as coisas amorosas, principalmente entre os grandes escalões não era algo tão fácil. O problema que temos é a falta de desenvolvimento no caso, o conflito é tão simplório, que já vimos em tantos outros filmes, de forma que nada acaba empolgando, muito pelo contrário, fazendo com que o espectador se canse com o que está vendo na tela.

Outro problema que não chega a ser algo tão impactante, é que arrumaram duas atrizes muito semelhantes para os papéis principais, claro que a ideia é esta já que são irmãs, mas como a vestimenta naquela época e os nomes eram muito parecidos, inicialmente a dúvida fica no ar de qual é qual que está com o rapaz. Hannah Herzsprung faz de sua Caroline, uma mulher um pouco a frente da época, traindo o marido facilmente, escrevendo livros e querendo alcançar novos rumos, mas a atriz faz uma parábola tão estranha com relação à sua atuação que ficou estranho demais ver isso, começando fraca, depois vai crescendo, tendo uma participação mais interessante, mas depois acaba ficando tão conflituosa que chega a irritar. Henriette Confurius já faz de sua Charlotte o inverso, tendo um miolo razoável, mas com um começo engajado e uma finalização bem tumultuada, onde acabamos olhando bastante para o seu personagem. Florian Stetter não possui um ar sedutor que chamasse tanta atenção para o seu Schiller, mas como naquela época poetas eram amantes fogosos, qualquer mulher gostaria de ter ao menos um relacionamento com eles, e casar então seria algo muito além dos limites, e o ator fez bem seus trejeitos, mas poderia explodir mais. Do restante dos personagens, a maioria aparece muito pouco para um ou outro encaixe, valendo destacar apenas Claudia Messner como a matriarca da família que dá duras broncas nas saidinhas das jovens e fecha com um bom conselho moral sua participação na tela.

Visualmente o longa retrata lugares bem interessantes e por estarmos falando de um filme que retrata uma época, não houve falhas ao menos com relação aos estilos que marcaram o século XVIII na Europa, como disse poderiam ter mostrado mais coisas em relação aos movimentos que ocorreram na época, mas ao menos tentaram mostrar através de folhetos e cenas bem rápidas. Temos elementos cênicos bem marcantes que devemos nos ater, primeiramente às cartas e penas de escrita que fazem parte completa da narrativa do filme e dão charme em diversos momentos, mas também devemos destacar com muita certeza o início das prensas de livros com suas fontes interessantes e bacanas de ver na telona. A fotografia abusou bastante nas cenas noturnas do uso de velas, e isso ao mesmo tempo que dá um charme para o filme, deu nuances interessantes para a trama que ao colocar em pauta toda a escrita de cartas, através de uma meia-luz ficou mais charmoso ao menos.

Enfim, é um filme que poderia agradar mais, porém cansou demasiadamente pela falta de um ritmo mais marcado, além de que fica novamente um apelo, não existe mais a desculpa de queimar a película para colocar legenda branca, afinal hoje tudo já é digital, então vamos colaborar com o público que não é obrigado a saber alemão nem francês, então o branco da legenda quase nos deixa cegos de tanto esforço para ler o que estão falando. Para quem gosta dessa parte da História mundial, talvez até consiga enxergar algo a mais no longa, mas para as pessoas normais que apenas querem ver um bom drama, não consigo recomendar tanto ele não, devido a parecer como disse uma novela mexicana falada em alemão. Bem é isso pessoal fico por aqui hoje, mas volto na terça-feira com mais um longa a Itinerância da 38ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, então abraços e até lá.


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November Man - Um Espião Nunca Morre

11/09/2014 02:27:00 AM |

Se algum amigo ator me pede uma dica, a principal que dou é a de nunca repetir um papel que você fez bem, por exemplo se você fez uma árvore na peça da escola e saiu-se bem, nunca mais faça outra árvore, agora se foi uma árvore mal feita pode até tentar novamente, quem sabe dessa vez ela floresça, agora com a boa, qualquer coisa que falhar irão lhe criticar. Estou dizendo isso antes de falar de "November Man - Um Espião Nunca Morre" pelo motivo que Pierce Brosnan foi espião diversas vezes na série 007 e fez o serviço muito bem na maioria das vezes, e aqui junto de uma bagunça completa que é o roteiro acabou de forma tão infeliz que a cada cena passada, mais nos perguntávamos aonde será que esse filme vai conseguir chegar. E o resultado foi único, um filme com mortes bobas, história fraca que não convenceu ninguém, onde a tentativa de um grande nome salvar a trama foi por água abaixo.

O filme conta a história do ex-agente da CIA Peter Devereaux que leva uma vida pacata numa pequena cidade da Suíça, mas tem de voltar à ativa ao ser confrontado por David Mason, um ex-aluno e antigo amigo de Peter. Sua missão é proteger Alice Fournier, uma importante testemunha que pode revelar a verdade sobre uma conspiração que envolve o futuro presidente da Rússia.

A verdade é que temos diversos livros sobre espiões, e na maioria dos casos sempre parecem muito com a série 007, e claro que pode ser que saiam ainda milhares de filme do estilo, mas aqui o diretor Roger Donaldson, após filmar a maioria das cenas provavelmente sentou junto com o pessoal da edição e viu que o que tinha em mãos era algo semelhante até demais com a série famosa, mesmo seu filme sendo baseado numa outra série famosa de livros de Bill Granger, aí o que ele fez, criou novas cenas para tentar diferenciar, e o resultado? Mortes mais toscas que nos filmes "Os Mercenários", socos já estou acostumado que muitos morrem em filme dessa forma, mas tomar uma pá na cabeça é demais pra mim. Além disso a priori da investigação acaba rodeando tanto, inserindo a cada minuto elementos novos que acabam levando a lugar algum que irrita o espectador, afinal o principal elemento acaba sendo quase uma vítima de igual para igual, e deram uma resolução final que nem em fechamento de série sem orçamento acabam fazendo isso. Ou seja, no quesito história e direção é uma bagunça tão grande que apenas irrita as diversas tentativas.

Outra coisa que costumo concordar com os grandes nomes dos esportes e de outras atividades é a seguinte, ficou velho, aposenta, não tenta querer fazer o que já não consegue fazer bem mais, e digo isso porque Pierce Brosnan já deu tudo que tinha que dar em longas de ação, em romances e comédias até acaba servindo devido ter bons trejeitos, mas ação já foi bom nisso e hoje não convence, de forma que há momentos no filme que precisaria ter todo um gás, e o que o diretor acaba fazendo? Uma edição de imagens aceleradas para não ter de colocar o espião correndo, lamentável. Luke Bracey pelo contrário já tem disposição para brigas e saltos triplos, falo isso porque quase morri de rir em uma cena que mata um vilão com um soco voador, dito isso nem preciso falar mais nada, o jovem ao menos tentou ter boas expressões nas cenas que dialoga, e isso ao menos é bem válido. Olga Kurylenko é uma atriz interessante que costuma se sair bem, aqui como seu personagem é bem dúbio temos a impressão de que não quer decolar e preferiria estar mais lutando nas cenas que sendo uma "coitadinha" que está sendo ajudada, talvez se tivessem dado mais ação para seu personagem agradaria mais como acabou acontecendo nas cenas finais. Dentre os demais personagens até temos alguns que chamam alguma atenção, como Bill Smitrovich fazendo o agente master da operação que após muita bagunça no roteiro acabou não sendo tão agradável, mas o destaque mesmo fica para Amila Terzimehic que faz uma matadora profissional de primeiro nível que vê a vítima a distância e vai caminhando por milhares e milhares de escadas até chegar nela, ao invés de mandar um tiro certeiro à distância bem enquadrada, além de outras firulas que a jovem faz sempre com a expressão de comi e não gostei.

Mesmo com o furo master de o longa ter envolvimento completo na Rússia e não ouvirmos quase nada do idioma, as locações também foram escolhidas para mostrar quase nada do país onde o tema é frequente, acabando encaixado na Sérvia e misturando diversas outras situações que acabam confundindo a localização geográfica do filme. Temos diversos elementos cênicos bem usados na trama, claro que as armas de fogo sempre são a melhor opção nesse estilo de filme, mas temos facas bem usadas e até improvisadas para chamar atenção e fazer o pessoal sangrar um pouco também. Com automóveis sendo destruídos o custo do longa só foi crescendo, agora se vai recuperar é outra história. A fotografia foi bem condensada, trabalhando um tom mais cinzento para dar suspense nas cenas, o que agradou de certa forma, mas nas externas poderia ter trabalhado menos o contraste das cores, já que o sol deveria fazer o papel dele e não as lentes, o que desfocou um pouco os atores.

Bem, é isso pessoal, um filme que até tentou ser interessante, mas tem mais falhas que coisas boas para agradar. Nos cinemas estão passando diversos outros filmes melhores para conferir, mas caso já tenha visto tudo, ou em casa quando não tiver nenhuma outra opção até vai servir de passa tempo para achar furos de roteiro, portanto não tenho como recomendar ele não. Fico por aqui agora, mas hoje ainda temos mais uma sessão da Itinerância da Mostra Internacional de Cinema, então até mais tarde com algo que pretende ser melhor. Abraços e até breve pessoal.



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A Mansão Mágica em 3D

11/08/2014 07:48:00 PM |

Bom, todos aqui sabem que uma das minhas animações favoritas é belga, e novamente da Bélgica proveio um filme com uma temática bem simples e que talvez alguns até achem bobo demais, mas inegavelmente esse pessoal sabe como fazer boas animações em 3D e "A Mansão Mágica" é pra calar todos que disserem que não enxergam os efeitos de uma sessão mais cara, ou que não conseguem se divertir com as coisas jogadas para fora da tela. E além disso, sem dúvida alguma é notável a alegria que o longa deixou nas crianças na sala, pois com a equação bem simples: mágica + 3D jogando coisas na cara delas + animais falantes = diversão garantida. Só faltou colocar músicas cantarolantes que aí viraria o desenho do ano.

O filme nos mostra que ao ser abandonado pela família, o gato Trovão se refugia na misteriosa mansão de Leonardo, um mágico fora do comum que vive com um grupo de animais com poderes surpreendentes. Quando Leonardo é hospitalizado por conta de um acidente de bicicleta, seu ambicioso sobrinho aproveita-se da situação para tentar vender a mansão sem o seu consentimento. Mas Trovão tem uma ideia fantástica: transformar a mansão em uma casa mal-assombrada!

O misto de temas do roteiro até que é interessante, pois envolve mágico aposentado que faz show para crianças doentes, animais abandonados, herdeiro de família que quer dar fim ao passado somente para fazer dinheiro. E todos esses temas polêmicos foram trabalhados de uma maneira tão doce que acaba divertindo, e trabalhando inconscientemente a ideologia das crianças que acabam ficando felizes com o que é passado, mas ao mesmo tempo acabam aprendendo sempre algo, além de que para os pais que forem levar os filhos não vão apenas ver piadas bobas jogadas ao vento. Pois bem, após fazer "As Aventuras de Sammy" e "Sammy: A Grande Fuga" cá está novamente Ben Stassen dirigindo uma animação cheia de nuances visuais incríveis, e quem já leu minhas críticas sobre esses dois outros filmes dele, sabe que ele não falha no quesito botar o 3D para valer o dinheiro de quem está pagando a mais por isso. Não sabia que o filme era dele junto de Jeremy Degruson que estreia na direção, mas foi diretor de arte do Sammy, mas não parei sequer de falar um minuto do filme, nossa que 3D bom, que efeitos, e tudo mais a respeito da tecnologia, agora vendo os nomes, ficou mais do que explicado e prova que o diretor é o cara nesse quesito. Claro que não é um filme que nos comove e emociona tanto como o das tartaruguinhas, mas diverte tanto ou mais pela questão mágica que é colocado.

Os personagens possuem uma modelagem bem feita, mas nada que seja impressionante, ao menos vemos boas características em cada um e diferente do que alguns vem tentando a amostragem é para parecer desenho mesmo e não humanizar tanto ao ponto de quase virar realidade. Com o auxílio da tecnologia, os personagens possuem dimensões e isso é bacana de ver, mas a todo momento algo está presente para provar que não estamos num live-action. O gatinho Trovão é bem esperto e com seu jeito agradável de ser faz com que torçamos por ele e para que suas aventuras funcionem, e isso é bacana, pois faz tempo que não temos um protagonista mais carismático que os secundários nas animações, e todos os demais ficam sempre abaixo dele seja na diversão ou nas aventuras. O coelho Zeca colocaram uma dublagem cheia de piadas nacionais para ele dizer e acredito que acabou descaracterizando um pouco ele, já que sua personalidade é de um líder durão que não aceita que outros entrem em seu habitat, mas mesmo assim suas situações são interessantes de acompanhar. O mágico Leonardo é um doce só e agrada bastante seus trejeitos da idade e claro suas mágicas. O sobrinho Daniel faz bem a vez de vilão, mas é abobalhado demais para ficarmos torcendo para o seu mal, claro que as crianças vibram quando ele se ferra, mas faz parte. Um dos personagens que talvez deva ter dado trabalho e acabou sendo menos usado do que deveria é a lampadinha LED que acabou ficando bem de segundo plano no longa. Todos os possíveis compradores da mansão são bem cômicos e acabam nos divertindo bastante, destacando claro os trejeitos americanizados da Mama Rosa e as loucuras do casal estranho. Os demais todos acabaram tendo participações carismáticas, mas nada que fosse chamativo demais.

Visualmente o longa é bem colorido e agrada com suas referências visuais, claro que um filme onde a magia e as assombrações são o foco, tudo acaba servindo em cena para abrilhantar cada ato, e isso funcionou muito bem na trama. Como já disse diversas vezes no texto, o 3D é a parte mais importante da trama, com tudo saindo da tela, e dando dimensão ao filme, então não economize de forma alguma vendo o filme sem a tecnologia, já que daí a certeza de reclamar de algo é bem maior, afinal a história como já disse pode ser que você já tenha assistido à uns 10 filmes iguais, mas lhe garanto que não com uma qualidade de efeitos tridimensionais tão grande.

Enfim, é um filme extremamente bem feito que agrada bastante, só faltou um pouco mais de musicalidade para ele que acabaria perfeito. Recomendo para todos que gostem de animações e principalmente para os pais que podem levar a criançada toda num longa que é leve e bem divertido na proposta principal. Bem é isso galera, fico por aqui agora, mas volto logo mais com outro longa que estreou nessa semana, então abraços e até breve.


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