Max Steel

1/31/2017 12:32:00 AM |

É interessante ver quando decidem criar uma nova franquia no cinema, e colocam um primeiro longa cheio de apresentações para que o público que nunca viu conheça o personagem, sua história e tudo mais, para que num próximo aconteça tudo realmente, e certamente essa era ideologia da Mattel ao vender os direitos de seus bonecos para o cinema, mas o que eles não contavam é que a equipe produzisse um filme de introdução para "Max Steel" tão bobinho e ingênuo que nem as crianças que brincaram com os bonecos quisessem ver ou saíssem da sala gostando do que viram, quanto mais quem for apenas conferir um filme de ação, imaginando que o roteirista que escreveu grandes filmes de heróis fosse entregar algo mais elaborado, mas infelizmente não acabou rolando, pois até temos uns bons efeitos (que em 3D seriam bem chamativos), mas nada além de um romance fraquinho e uma história simples de descobrir quem ele é com muitos flashbacks. Ou seja, nem na sessão da tarde é capaz de dar ibope.

O longa nos mostra que Max é um adolescente de 16 anos que, como todas as pessoas da sua idade, está passando por um período de descobertas. Entretanto, as transformações na vida do jovem estão relacionadas aos incríveis poderes que ele descobre ter quando entra em contato com uma força extraterrestre.

Chega a ser realmente estranho ver o trabalho que Christopher Yost, que escreveu os dois últimos "Thor" e até mesmo o não lançado ainda "Logan", entregar um filme tão simples de ideias como o que acabamos de ver, pois tudo na trama acabou soando bobo demais, desde a forma de romance, as conversas com Steel, e até mesmo os diálogos com o vilão da trama, parecendo que quiseram rebaixar o nível do longa para ser compreendido somente pelas crianças de 2 a 4 anos que começaram agora a brincar com os bonecos. Mas embora esteja culpando o roteirista, fica claro na exibição parte da culpa na pouca experiência do diretor Stewart Hendler que só havia feito dois longas de terror no cinema e algumas séries de TV sem muita expressão, e sendo assim provavelmente pegou o que estava escrito no papel e não interpretou nada para dar um toque seu, deixando que tudo fosse colocado nos mínimos detalhes, mas sem elaborar nada que ficasse realmente imponente, ou seja, o diretor até trabalhou bem para colocar efeitos bem interessantes numa produção cheia de detalhes, mas esqueceu que bons diálogos e uma história mais envolvente são necessários para que um filme se desenvolva bem e agrade mais pessoas com cabeça.

No conceito da atuação, Ben Winchell achou que estava numa das sagas teen voltadas para garotas adolescentes, pois seu Max estava sempre tirando sua camiseta e trabalhando olhares sexys nas cenas com seu par romântico de tal maneira que ficou estranho ver o jovem entendendo um pouco mais de seus poderes, e principalmente usando eles, sem que fizesse expressões caricatas e olhares perdidos no rumo, tendo inclusive uma cena em que olha diretamente para a câmera como se não soubesse o que estava fazendo (aparentando inclusive ser um erro de corte), ou seja, estava completamente perdido em cena. Andy Garcia até deu algumas boas vertentes para seu Miles, mas quando precisou entrar em luta se perdeu completamente, ficando até estranho seus movimentos, um dublê melhoraria bem a performance, e o ator não ficaria tão estranho usando uma armadura e trabalhando os diálogos como acabou acontecendo. Mike Doyle caiu bem como Jim, mas o excesso de flashbacks acabou sendo cansativo demais para o filme, e merecia ter trabalhado mais o personagem dele antes em algum tipo de cena inicial, para depois deixar que o filme fluísse sozinho sem precisar tanto de sua participação. Ana Villafañe é uma atriz até que interessante e soube dosar olhares com sua Sofia, mas poderia ser menos exagerada nas cenas de sua personagem para que o filme não ficasse tão preso no romance seu com o protagonista, aparecendo a todo momento, mesmo nas cenas mais de ação, de forma que só ficou faltando ela lutar também. Quanto da mãe do garoto, Molly, interpretada por Maria Bello, podemos dizer que apareceu bem em três cenas importantes, e nada mais, não fazendo expressões fortes, não trabalhando uma boa interação com o protagonista, mas no final sendo completamente importante para a trama com seu segredo completo, ou seja, precisaria aparecer mais, e caberia melhor suas cenas do que o excesso de flashbacks com o pai.

A equipe de arte até escolheu boas locações, trabalhou bem os locais destruídos por tornados, chacoalhou bem os objetos de cena que foram colocados em locais estratégicos, e usou boas referências em materiais para ir dando pistas da ligação do garoto com seu pai, mas poderiam ter elucidado melhor algumas situações sem precisar ficar falando, ou mostrando flashbacks, pois assim como está cansando falar essa palavra no texto, no filme acaba cansando mais ainda. Outro ponto bem positivo da trama ficou a cargo da fotografia que usou bem uma iluminação mais sombria para criar clima, e claro deixar que a equipe de computação/efeitos especiais fizesse todo o trabalho pesado de bom nível com ótimos luminosos, muitas explosões e até um certo realismo de jogos eletrônicos (tirando as armaduras que pareceram vir emprestadas de "Tron"). Um defeito que poderia até ter melhorado a trama que raramente falo aqui, é que os efeitos são tão bons e bem trabalhados que poderiam ter colocado a trama como 3D, pois tudo funcionaria mais e acabaria chamando mais atenção do pessoal, mas com uma história tão fraca, acho que ficaram com medo de colocar ingresso mais caro e menos gente ainda ver o filme.

Enfim, é um filme muito fraco e que dificilmente agradará quem for esperando qualquer coisa dele, pois se mesmo sem qualquer ambição a trama não conseguiu empolgar, então quem for querendo ver algo é capaz de reclamar mais ainda, afinal muitos brincaram com os bonecões e outros conferiram a série animada de 2001, ou seja, tinham base para ver um filme ao menos razoável, o que não foi entregue. Portanto não recomendo a trama, ao menos que você vá levar alguém muito fã e que esteja na faixa máxima de 10 anos de idade. Bem é isso pessoal, encerro aqui minha semana cinematográfica bem longa, já me preparando para outra que deve aparecer uma boa quantidade, então abraços e até quinta meus amigos.

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Beleza Oculta (Collateral Beauty)

1/30/2017 01:57:00 AM |

Existem alguns filmes que são feitos somente como mote para trabalhar autoajuda e dar grandes lições de vida nas pessoas, e claro que quando bem trabalhados conseguem entrar na mente do público e fazer com que as pessoas desabem e passem a ver melhor os seus momentos de forma que acabam usando as mensagens e tudo mais que foi dito nos filmes. A tentativa de "Beleza Oculta" de entrar nesse nicho com tudo é bem colocada, mas talvez o longa só conseguirá atingir realmente quem estiver precisando das lições e nem tanto passá-las como algo mais aberto, pois o filme ao mesmo tempo que funciona de forma fictícia acaba soando sereno demais para algo mais real, e isso acabou atrapalhando um pouco, faltando uma conexão maior entre os personagens secundários e o protagonista.

O longa nos mostra que após uma tragédia pessoal, Howard entra em depressão e passa a escrever cartas para a Morte, o Tempo e o Amor - algo que preocupa seus amigos. Mas o que parece impossível, se torna realidade quando essas três partes do universo decidem responder. Morte, Tempo e Amor vão tentar ensinar o valor da vida para o protagonista.

É interessante vermos que o diretor David Frankel varia bem em seus filmes, mas geralmente inclui muitas lições nas tramas, fazendo com que o público se identifique com as histórias, se comova com cada momento e acabe indo em rumos diferentes em suas vidas após assisti-los, foi assim em "Marley e Eu", foi assim em "Um Divã Para Dois" e com certeza foi assim também em "O Diabo Veste Prada", então porque aqui seria diferente? Ainda mais em um longa que mexe com os maiores medos da vida de uma pessoa, e que o protagonista abre tão bem o filme explicando os motivos de serem a base de tudo: a morte, o tempo e o amor. Talvez o maior problema do filme seja vender seu mote completo no trailer, já fazendo com que o público fosse mais preparado para cada momento e até se emocionasse com algumas cenas, mas sem saber de metade das coisas talvez o baque seria maior, além claro de que quem não estiver preparado para compreender cada momento do personagem principal, entrando na mesma vibe dele é capaz de sair do filme sem entender muito o sentido da trama, e por base, da vida. Claro que muitas lições vão funcionar e pela quebra de mesa na cena da assinatura, o filme em si já se faz valer, mas poderia certamente ter ido bem mais longe com a temática que tinham em mãos.

Para falarmos das atuações, temos de tentar entender o que anda passando na cabeça de Will Smith, pois realmente o ator anda aparentando ter chego numa idade limite para parar com brincadeiras e focar em personagens mais dramáticos, pois mesmo fazendo um vilão em "Esquadrão Suicida" sua temática é dramatizada, e aqui com seu Howard ele colocou velhice em pauta se acabando em incorporações e claro emocionando muito com seus trejeitos bem colocados, pena que faltou um pouco mais para chamar atenção e conseguir cair nas graças dos prêmios. Helen Mirren é rainha mesmo sem estar com a coroa, e sua Brigitte/Morte é maravilhosa (um pouco descabelada demais, mas não vem ao caso) com boas nuances interpretativas, olhares pontuais atingindo diretamente onde desejava e claro boa dinâmica para que suas cenas fossem incríveis de ver. Edward Norton sempre trabalha bem, mas sempre aparenta arrogância em todos os personagens que faz, mesmo quando não é o ideal, e isso pode ser até uma implicância minha com ele, mas seu Whit incorporou tanto essa personalidade que ficamos incomodados com sua "traição" e até torceríamos para que não desse certo seus momentos, mas o ator fez bem cada cena e de certa forma agradou no tom. Kate Winslet fez um papel que digamos seja seguro para ela, pois sempre cai bem seu estilo de conselheira e amiga, e isso sua Claire tem de sobra, mas as lições que acabou tomando foram bem melhores e marcadas no ponto certo. Keira Knightley aparentou um pouco de insegurança para sua Amy/Amor, de tal forma que até poderíamos dizer que o amor é meio atrapalhado e desenfreado, mas a atriz aparentou mais do que isso, soando estranha em algumas cenas. Não conhecia muito da atuação do jovem Jacob Latimore, mas a boa desenvoltura que deu para seu Raffi/Tempo foram bem marcadas e interessantes, talvez um pouco duras/secas, mas ainda é bem jovem e certamente vai melhorar. Michael Peña não teve muito impacto nas cenas expressivas de seu Simon, mas trabalhou bem e deu um bom sentido para seu momento no filme, doando boa dramaticidade para o papel, poderia ter falado um pouco mais, mas foi bem no que fez. E por último, mas não menos importante, Naomi Harris nos entregou uma Madeleine bem trabalhada na mensagem, com uma interpretação graciosa e bem colocada, mas que mesmo a pessoa mais lenta irá captar logo de cara quem é ela, tanto que se fosse diferente a sala soltaria um ohhh na cena final, e todos ficaram em silêncio normal, mas isso não foi problema da atriz, e sim do roteiro, o que foi uma pena.

No conceito visual da trama, escolheram muito bem as locações para as filmagens, desde uma agência de propaganda magistral, passando pelas ruas da cidade todas enfeitadas para o Natal (que faz parte do mote da trama), e até mesmo os lugares mais simples como o teatro, a sala de ajuda e o metrô acabaram coerentes com cada momento servindo bem de alegoria para cada cena, mas mesmo que não seja algo tão funcional para o tema, a equipe certamente teve grandes trabalhos para fazer as derrubadas de dominós enormes e lindas de ver, e só isso já dá um alivio maravilhoso visual para mostrar o quanto a equipe de arte estava preocupada em ter tudo muito bem marcado. A fotografia trabalhou com meios tons, não jogando tudo para o tom dramático meloso totalmente escuro e nem abrindo perspectivas para risadas com cores coloridas, e isso de certa forma foi algo bem interessante de ver.

Embora só tenha sido utilizada no trailer e no fechamento da trama, a canção do OneRepublic, "Let's Hurt Tonight" marcou muito bem o mote da trama com sua letra e valeria ter sido colocada legendada, pois diz muito sobre tudo o que o filme quis passar, e sendo assim podemos dizer que a escolha foi perfeita da equipe que colocou mais tons ritmados do que músicas em si durante todo o filme, optando até mesmo pelo silêncio para marcar a dramaticidade da trama.

Enfim, um filme bem bonito, que poderia ser muito melhor caso quisessem envolver mais do que passar apenas boas mensagens, mas que vai agradar muito quem for de peito aberto para receber a ideia completa. Como disse um texto que vi na internet, talvez o maior erro do filme no Brasil tenha sido a data de estreia, pois na proximidade do Natal o filme derrubaria bem mais pessoas do que vai derrubar emocionalmente agora. E com essas ressalvas, acabo recomendando o filme pela beleza que traz no seu interior, mas que se forem prontos para criticar tudo, certamente irão conseguir, pois o filme infelizmente tem muitos detalhes para atacar com afinco. Bem fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o último texto dessa semana bem recheada de estreias, então abraços e até breve pessoal.

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A Bailarina em 3D (Ballerina) (Leap!)

1/29/2017 06:55:00 PM |

É em animações que vemos a maior mensagem de superação, de seguirmos sempre nossos sonhos e que com muito trabalho sempre conseguiremos atingir nossos desejos, e claro que quando se trata de uma animação franco-canadense, não seria diferente, afinal nesses países o lema de batalhar muito para conseguir superar obstáculos é algo que predomina, porém quando entra em jogo alguns dos produtores que mais emocionaram no cinema nos últimos anos com o filme "Intocáveis", não se esperava menos do que mostrar que não basta treinar muito e ter determinação para conseguir atingir o ápice, mas sim paixão pelo que faz, e assim o filme "A Bailarina" flui com um desenho e história bem simples, mas objetivo na mensagem e impactante no contexto geral, ou seja, um filme que não vai cativar tanto as crianças com personagens bobinhos, mesmo que tenha algumas gafes nesse sentido, mas que dará grandes lições e emoções para quem refletir bem tudo o que é dito na trama, fazendo valer todos os momentos passados na telona.

A sinopse nos mostra que em 1869, uma menina órfã é tomada pelo sonho de ser um dia uma grande bailarina. Obstinada, a garotinha foge para Paris com o desejo de alcançar o que quer, fingindo ser outra pessoa e assim conseguir uma vaga no Grand Opera.

Embora não seja de um estúdio que estejamos acostumados a ver animações por aqui, a equipe responsável pelo filme mostrou que de técnica eles entendem bastante para que o filme não ficasse apenas bonito de mensagens, mas sim que funcionasse como uma obra completa, bem desenhada e com nuances clássicas envolvendo animação tradicional e computação gráfica bem alocada. Claro que por termos dois diretores estreantes em animação, Eric Summer e Éric Warin não mostraram muita ousadia com texturas e ambientações que utilizasse efeitos tridimensionais de uma forma mais criativa, mas o resultado da arte criando uma Paris clássica do século XIX, mostrando a construção das duas obras mais conhecidas do mundo (Torre Eiffel e Estátua da Liberdade) e brincando bem com a temática de que com muito treino se atinge o ápice, mas que o detalhe da obra será a paixão, acabaram acertando bem e empolgando bastante com um filme leve e gostoso de acompanhar.

Porém sendo bem crítico, precisavam ter criado personagens mais dinâmicos e pontuais, pois os protagonistas são bem colocados e trabalham bem as mensagens, mas não chamaram o carisma nem a responsabilidade para que o filme focasse neles, soando dispersos de tal forma, que mesmo sendo um filme bonito de se ver, é capaz que muito em breve nem lembraremos de ter assistido ele, e de certa maneira também acabaram não conectando tanto as crianças, faltando algo mais colorido e vivo para amarrar as pontas de mensagem séria dos treinadores com as ideias inventivas divertidas do garotinho.

Falando um pouco mais dos personagens e pontuando um pouco sobre a dublagem nacional, Mel Maia mostrou que assim com tem demonstrado um estilo de atuação próprio e bem marcante, na forma de dublar a protagonista Félicie conseguiu incorporar bons trejeitos e deixar a jovem bailarina com um tom interessante e bem jovial, talvez marcando até infantil em alguns momentos, mas nada que atrapalhasse, muito pelo contrário, agradando bastante nesse sentido, pois a própria personagem se mostra dentro desse perfil da mudança de criança para adolescente, e o acerto acabou conectando bem. O garotinho Victor merecia um pouco mais de destaque, mesmo o filme sendo sobre a bailarina, pois assim como somos apresentados do nada os dois protagonistas, o jovem garotinho acaba caindo meio que no limbo do filme, aparecendo espaçadamente mostrando algo e sumindo novamente, o que acaba causando uma falta de conexão para que o público torcesse pelo relacionamento dos dois, e isso não é algo comum de ver em animações "românticas". Outro pequeno defeito de percurso é o fato de apenas falarem do acidente que Odete sofreu quando era bailarina (o que todos já sabiam logo na primeira cena sua), pois em outros tempos acabariam mostrando mesmo que de relance (talvez até usando uma animação 2D mais simples) como foi que aconteceu para que ela desistisse do seu sonho, mas ainda assim a conexão dela com a protagonista soa bem bonita. A personagem "malvada" do filme, Régine Le Haut, ficou digamos que artificial demais, e poderia causar mais impacto nas suas cenas fortes, mas aí sairia do tema infantil, porém ainda fez bem suas cenas arrogantes, e a frase do filme ficou a cargo da filha da vilã, Camille, ao dizer o motivo pelo qual dança, que é o que vemos muito por aí nas academias de dança, com garotinhas se matando para fazer algo que nem gostam de fazer, deixando uma boa dica para as mamães que forem ver o filme.

Como disse acima o contexto visual da trama foi bem desenhado, mostrando bons elementos do século XIX e um tom amarelado bem interessante na iluminação do filme, quase deixando a trama iluminada demais, e nesse contexto, entramos em outro ponto ruim do filme, o 3D, pois muito amarelo acaba estragando qualquer tentativa de efeito tridimensional, deixando o longa quase chapado 2D, e assim sendo, faltou imersão e classe para que o filme tivesse bons elementos saltando para fora da tela, e/ou uma profundidade convincente, funcionando a tecnologia apenas para que os personagens tivessem formas mais humanas e nada além disso, ou seja, algo que já tinham feito só com as boas sombras dos traços clássicos que usaram. Então quem quiser dar uma economizada, pode ver 2D tranquilamente o longa.

Como é de praxe em boas animações atualmente, temos uma trilha sonora de primeira linha, com músicas que remeteram ritmo à produção e claro diversão para os bons ouvidos com as temáticas escolhidas para desenvolvimento dos personagens, e claro que não deixaria vocês sem o link das músicas.

Enfim, é um filme bem bonitinho, que agrada pela boa mensagem e pelo desenho bem trabalhado de arte, mas que faltou muitos detalhes para ser perfeito daqueles que saímos emocionados da sala comentando sobre tudo o que vimos, e principalmente, que lembraríamos de ter visto quando nos perguntado daqui alguns meses. Sendo assim recomendo ele com as ressalvas que fiz, mas que vai agradar bastante as crianças que gostam de dança, e os pais/adultos que estiverem bem dispostos à escutar boas mensagens. Bem é isso pessoal, hoje ainda confiro mais um longa dos muitos que estrearam nessa semana cinematográfica, e amanhã cedo coloco o texto no site, então abraços e até breve.

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Quatro Vidas De Um Cachorro (A Dog's Purpose)

1/29/2017 03:14:00 AM |

Há filmes que mesmo sendo bem simples nos fazem refletir na vida, para pararmos e pensarmos qual é o nosso propósito nesse mundão imenso, e com "Quatro Vidas De Um Cachorro" esse tema fica batendo frequentemente, adicionando ainda a temática de reencarnação para que voltemos melhores do que fomos na vida passada, ao menos essa é a base que o cachorro vai aprender em suas quatro vidas, e claro no caso ele busca sua paixão primária que foi seu dono Ethan. A trama é simples, bonita de acompanhar e que diverte bastante, e claro cheio de boas mensagens nas diversas vidas do cão que podem ser levadas para nossa realidade, ou seja, um filme inspirador. Claro que possui defeitos, de cortes de cenas rápidos demais entre outros furos de roteiro, mas principalmente a maioria se deve por utilizarem cachorros reais, que certamente deram muito trabalho para filmar tudo, mas ainda assim o resultado acaba agradando bastante, pois os peludos são fofos demais e acabam soando gostoso ver eles atuando.

A sinopse nos conta que Bailey vem ao mundo várias vezes, sempre como cachorro. Em cada encarnação, ele tenta buscar qual o seu real propósito. A cada vida, o cão aprende uma lição para que na próxima vinda à Terra siga evoluindo. Mas no fundo, o que o bichinho mais quer é reencontrar o seu primeiro dono.

A trama que é baseada no livro "4 Vidas de Um Cachorro - O Olhar de Um Cachorro Ensinando Que No Fundo o Melhor Amigo do Homem É a Vida" de W. Bruce Cameron e dirigida por Lasse Hallström foi trabalhada para envolver o público, pois certamente o filme poderia ser um longa triste e forte com os enfrentamentos que acabam acontecendo em algumas cenas mais duras, mas o diretor optou por manter mais a essência de autoajuda que o livro pode transparecer e assim como o nome em inglês diz "A Dog's Purpose", ele acabou colocando mais dessa ideologia de proposta de vida, e claro passar a sabedoria canina para as telonas. É fato que trabalhar com animais é algo dificílimo, pois não temos como explicar para eles como queremos determinada cena, e nem sempre a cena vai sair do jeito melhor planejado, tanto que antes da estreia o longa sofreu uma derrubada monstruosa em sua campanha de divulgação com um vídeo mostrando maus tratos a um dos cachorros em determinada cena, e quando vemos a cena no filme, é mostrada a sua importância e beleza, mas não teria como ensinar durante o período de filmagens como o cão deveria agir ali, e esperar acontecer, tanto que tudo ocorreu numa piscina aquecida e com várias pessoas cuidando da cena (e quem estava filmando ao invés de reclamar apenas poderia ter agido, ao invés de guardar um ano a filmagem para tentar queimar o filme na sua estreia), ao invés de acontecer realmente numa ponte alta com uma correnteza imensa que aí sim daria para ficar com dó do cão. Mas deixando a polêmica de maus tratos ou de como os cães foram treinados para as cenas, o fato é que o diretor soube dosar a alegria dos animais para que cada cena junto de seus humanos ficassem bem encaixadas e interessantes, e assim o filme fluiu gostoso de acompanhar, mesmo com os diversos errinhos de cortes, os quais quem não for bem ligado, nem verá esses detalhes, e passará tranquilamente por tudo, chorando nas partes mais emotivas, e claro rindo bastante nas demais trapalhadas dos cães.

Dentro das atuações cada ator teve o seu melhor momento, mas é fato que Josh Gad foi o que mais falou sem aparecer em cena, pois deu voz para Bailey, Ellie, Tino e Buddy, transparecendo demais sentimento em cada nova entonação e agradando bastante no estilo interpretativo que deu para cada momento, sendo dirigido com precisão para que usassem depois em cima dos cachorros (antes que me perguntem, não, os cachorros não ficam mexendo a boca, é apenas pensamento deles a voz do ator). Bryce Gheisar fez Ethan criança, e com muita doçura trabalhou bem suas cenas junto de Bailey com muita sincronia e diversão, e o jovem soube dosar suas emoções junto do cachorro, já adolescente a bola de Ethan foi repassada para K.J. Apa que deu uma vivência diferenciada junto do cachorro, e foi aonde mais foi trabalhado a questão interpretativa do ator, que mostrou boa desenvoltura nas cenas junto do pai, e claro no momento mais impactante da quebra do eixo base do filme que era o amor/paixão até aquele ponto, e o ator mostrou em seu primeiro trabalho na telona que sabe dosar bem os olhares assertivos e sair-se bem num contexto mais amplo, e para finalizar temos Ethan já velho que interpretado por um ranzinza e cinza Dennis Quaid que por ser o mais experiente da equipe acabou dosando bem suas poucas cenas e chamando a responsabilidade para que o filme nos seus momentos voltasse para a proposta inicial de amor/paixão, seja pela mulher ou pelo melhor amigo canino. John Ortiz como Carlos foi bem trabalhado, mas sério demais como um policial solitário, e mesmo que a ideia era essa mesma de passar essa solidão interna, o ator poderia ter feito melhor as cenas na ponte, pois como bem sabemos foi aonde mais usaram computação gráfica, e ele acabou soando bem falso ali. Kirby Howell-Baptiste fez as cenas mais divertidas com o cão interpretando Maya, pois ali encaixou diversos momentos interessantes que as pessoas passam, desde a solidão junto com seu bichinho, até arrumar um par perfeito e trazer vários amiguinhos para perturbar a vida do cão, e a atriz trabalhou bem cada momento, sendo singela e transmitindo bons pensamentos junto com seu cachorro. Britt Robertson está cada dia maior, e atuando melhor, mas sua Hannah foi singela demais e com poucas cenas dialogadas, a maior parte dando lambidas no seu par como diria o cachorro, acabou demonstrando pouca interpretação e muita dinâmica apenas. E para finalizar, Luke Kirby foi impactante como Jim, ou melhor pai de Ethan, que ao trabalhar a bebida como ponto forte do fracasso, acabou interagindo bem e mostrando semblantes duros que vemos diariamente por aí, sendo bem expressivo do começo ao fim.

No conceito visual, fica claro que a vida de cachorro sempre é melhor com muito espaço para que ele possa interagir com o ambiente se divertindo e aprendendo com tudo, e assim sendo o filme mostra grandes fazendas, casas e até mesmo apartamentos (para os cães pequenos) e que com muita desenvoltura da equipe souberam trabalhar com conceitos interessantes de objetos e locações. Detalhe para as noticias de época que foram trabalhadas no começo com jornais, e pela ótima concepção com carros de época e brinquedos de parque antigos para remeter a boa colocação do filme, e conforme foram passando pelas outras vidas do cachorro e também diferentes épocas fomos vendo mudanças cênicas, tanto no figurino dos personagens quanto no estilo das locações, o que mostra um trabalho bem encorpado de pesquisa. A fotografia usou cores bem vivas para dar alegria na trama, e sempre nos momentos de passagem, baixava um pouco o tom, colocando cenas mais escuras, e a tradicional luz de passagem voltando o cão para seu estado de filhote, após sofrer um pouco como velhote.

Enfim, é um filme muito gostoso de acompanhar que até imaginava que seria mais triste, mas como disse o diretor optou em mostrar melhor uma proposta de vida positiva sem trabalhar tanto as dificuldades. Portanto esqueça a polêmica que fizeram em cima de uma única cena, que certamente tem algum interesse bem longe dos direitos dos cães por trás, e vá conferir essa trama gostosa e que vai fazer seu dia mais feliz. Claro que não posso deixar de lado os erros de cena, como cortes e tudo mais, por isso a nota será um pouco menor, mas garanto que é um filme que vai fazer todos saírem bem contentes com o que verão em cena. Bem é isso pessoal, encerro meu texto nessa madrugada, mas nesse domingo ainda tenho mais dois filmes para conferir, então abraços e até breve com mais textos.

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Resident Evil 6: O Capítulo Final em Imax 3D (Resident Evil: The Final Chapter)

1/28/2017 10:08:00 PM |

Chega a ser contraditório ler no título tanto em português quanto em inglês, "O Capítulo Final", pois como bem sabemos a franquia "Resident Evil" foi a base do grande enriquecimento de Paul W. S. Anderson e sua esposa Mila Jovovich, mas segundo consta esse é o capítulo final tanto do jogo (que agora parte para outros rumos completamente fora do mote da franquia original) quanto da saga cinematográfica (embora no final possa parecer que teremos algum tipo de continuação, não mais contra os vilões iniciais, mas talvez algo diferenciado). E sendo assim a trama funciona bem dentro da proposta de fechamento, e já digo de antemão, você não irá precisar ver os cinco filmes anteriores, e nem lembrar de como tudo começou, pois já que tivemos um delay grande de 5 anos entre o último filme e agora pela gravidez da protagonista, o longa inicia contando um pouco de tudo para situarmos aonde estamos (embora não tenham dado grandes explicações do sumiço de muitos personagens que não morreram nos longas anteriores). Ou seja, um filme que diverte dentro do que se propõe, um jogão de videogame contra zumbis, e contra uma organização, aonde toda a ação é desenvolvida para com diversos ângulos empolgar os aficionados pelo estilo, não sendo um longa com uma história complexa ou com algo que vá fazer você pensar muito (embora a lógica de terem feito o vírus, mostrada em determinada cena nos faça refletir como o mundo está hoje), servindo bem como uma boa curtição dentro do gênero cinema de ação com muita pipoca. Então vá, se divirta, leve uns bons sustos (afinal isso já acontecia no jogo quando algum bichão surgia do nada) e curta esse que "talvez" seja o último episódio de uma saga que começou há 15 anos e já havíamos julgado ter sido encerrada há muito tempo também.

A sinopse nos mostra que após sobreviver ao massacre zumbi, Alice retorna para onde o pesadelo começou, Raccoon City, onde a Umbrella Corporation reúne suas forças para um ataque final contra os remanescentes do apocalipse. Para vencer a dura batalha final e salvar a raça humana, a heroína recruta velhos e novos amigos.

De uma coisa não podemos reclamar nesses 15 anos e seis filmes, "O Hospede Maldito"(2002), "Apocalipse"(2004), "A Extinção"(2007), "Recomeço"(2010), "Retribuição"(2012), "O Capítulo Final"(2017), que o diretor e roteirista Paul W.S. Anderson não entregou boas cenas de ação no melhor estilo que o videogame não nos entregava, pois é fato total que sempre procurou pesquisar novas lentes, novos estilos de captura, ângulos completamente improváveis e claro muitos elementos cênicos incríveis de ver e imaginar como sendo algo mais real do que apenas a computação gráfica do jogo (que sempre foi primorosa) nos entregava. Ou seja, mesmo demorando um pouco mais para ficar pronto do que imaginariam, o resultado final conseguiu ser fiel, e interessante dentro de uma proposta principalmente "barata", afinal se compararmos com muitos outros longas de ação 90 milhões é quase nada pela alta técnica utilizada aqui, e sendo assim, o diretor acabou criando boas perspectivas e dando lutas mais reais com cenários mais enxutos, claro sem perder a qualidade técnica.

Sobre as atuações, chega a ser difícil nos separarmos de Alice, pois Milla Jovovich deu vida a personagem há tanto tempo que nos vemos conectados com sua luta e até assustamos quando lembramos dos filmes mais antigos que fazia antes da personagem (sim ela foi a garota do "De Volta a Lagoa Azul"!!!), e aqui interagiu bastante, fez boas interpretações e colocou diálogos bem marcados pela fúria, além de dar vida para mais do que um personagem, fazendo também Alicia Marcus velha que caiu muito bem para mostrar um tom mais maduro da atriz, só foi uma pena sua dublê quase morrer nas gravações (mas se vermos a cena da moto é compreensível a loucura que acabou fazendo), veremos em breve o que vai aprontar com outros personagens, afinal ela é atriz (muito boa por sinal) e não irá parar de atuar, muito menos com o marido diretor colocando ela em suas produções. Ali Larter retoma sua personagem Claire que não apareceu no último filme, mas que teve uma boa dinâmica com a protagonista, e aqui essa dinâmica toda é bem retomada com a atriz trabalhando bem olhares e lutas corporais, poderia ter sido mais impactante em algumas cenas, mas nada que atrapalhasse o contexto da obra. Iain Glen veio com a corda toda como Dr. Isaacs, que aqui voltou a ter uma grandiosa importância no longa trabalhou muito bem com tons de voz, e mostrou estar bem dinâmico para as cenas de luta final, agradando tanto no estilo, quanto na forma de viver que deu para o personagem. Já Shaw Roberts podemos dizer que recebeu seu caché sem trabalhar muito, pois ficou o tempo inteiro dentro de uma sala praticamente com uma mesa, e se mexer mais do que 10 passos foi muito, claro que foi suntuoso nos diálogos, mas poderia ter feito muito mais com seu Wesker. A nova equipe de Alice para combater a Umbrella foi bem interessante e com atores dispostos a mostrar serviço, alguns que já despontando em outros filmes de ação como Ruby Rose como Abigail, outros provenientes de séries de ação que são mais baratos e acabaram caindo bem na trama também como Eoin Macken fazendo Doc, William Levy como Christian e Fraser James como Razor, mas nenhum chegou a chamar a responsabilidade para si e ficaram bem em cima da base com suas atuações. Outra que merece destaque pela boa entonação, mesmo que robotizada, foi a garotinha Ever Anderson que fez a rainha vermelha de uma maneira bem intrigante, respeitando bem as demais atrizes que já fizeram esse papel, e ainda caindo nas graças pelo estilo próprio.

O visual da trama é aquilo que sempre vimos, muitos monstros estranhos, diversos zumbis comedores e corredores (aqui nada de zumbi bobão), muita roupa de couro, cidades devastadas com objetos jogados para todo lado, prontos para a protagonista pegar e usar de arma (falando nesse detalhe, a cena de Claire saindo do cubo de vidro podemos dizer que é a nova McGyver), e claro muitas armas monstruosas prontas para aniquilação de quem vier pela frente, além de alguns carrões blindados que as policias deveriam copiar rapidamente de tão poderosos. E o fato maior ficou a cargo da equipe de efeitos que trabalhou bem para que tudo ficasse o mais real possível, mesmo que feito por computação gráfica, mas sempre mantendo o tom clássico de videogames para que a trama não saísse da ideia original e ainda assim agradasse novos públicos além dos fãs. E falando em tom, a fotografia do longa exagerou demais no azul, criando bem uma perspectiva sombria para a maioria de cenas noturnas, mas quem for ver o longa em 3D, pela predominância desse tom pode sair com um pouco de dor de cabeça. E claro falando mais do 3D, temos algumas cenas bem interessantes de imersão, que fazem com que o público se sinta no meio do jogo, mas poderiam ter abusado mais dos efeitos, colocando mais tiros, explosões e tudo mais que fosse possível, pois a ideia de 3D em longas de ação é fazer o público vibrar a cada coisa arremessada para fora da tela, e não tanto adentrar à tela.

Enfim, é um filme que vale pela diversão, e claro foi um bom desfecho da trama original que vimos ao longo de 15 anos, principalmente mantendo sempre o foco no público alvo, que são os fãs que jogaram os jogos da Capcom lá no comecinho, e foram acompanhando o crescimento da protagonista. Claro que sempre exigimos mais e queríamos ver mais na telona, então alguns detalhes acabaram ficando estranhos e poderiam ter sido melhor explicados, mas ainda assim é um bom filme que vale a pena ver no cinema, na maior tela possível para que tudo possa ser maior ainda, e que vamos esperar uma nova franquia do estilo surgir, pois o potencial gamer é algo que sempre estará pronto para ver filmes nos cinemas. Recomendo o longa mais para esse estilo de público, pois quem quiser um filme mais cabeça irá sair reclamando de tudo com certeza, aliás o público que gosta de filmes mais cabeça nem passam perto de franquias de ação. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas daqui a pouco irei conferir outro longa, então deixo meus abraços e volto amanhã pela manhã com mais um texto aqui no site.

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Até O Último Homem (Hacksaw Ridge)

1/28/2017 03:05:00 AM |

Sempre me questiono em filmes de guerra, não o motivo que levam diretores, produtores e roteiristas a contar essas histórias reais, mas sim o motivo que levava (e ainda leva) milhares de homens a se alistar voluntariamente para matar e ser morto durante essas loucuras que os presidentes/comandantes dos países acabavam metendo seus países! Isso não vem ao caso na qualidade do filme, mas é algo que talvez um dia poderia alguém fazer um filme sobre isso que muito me atrairia para conseguir entender melhor a mente humana. Mas vamos falar do que merece ser falado, e temos muito o que falar sobre "Até O Último Homem", a começar pelas diversas pessoas que andam queimando o filme, falando diversos absurdos simplesmente por não gostar do diretor e já ir pronto pro ataque, pois o longa até possui alguns defeitos, foca muito no conceito da religião, e trabalha bastante com o ato de fé, mas muito mais do que uma pessoa muito religiosa que vai para a guerra sem encostar a mão em uma arma, a trama trabalha tão bem atuações, coloca um tema forte novamente em pauta, e principalmente, volta a mostrar que filmes de guerra são filmes fortes, que mostram muito sangue, corpos dilacerados, tiros e bombas para todo lado, e embora seja um lugar aonde o ódio domine, a trama tenta mostrar que sempre haverá alguém de bom coração que vai ajudar até mesmo quem está do outro lado tentando lhe matar. Ou seja, é daqueles dignos de arrepiar, sentir a sala tremer com tudo o que acontece em cena, e ainda vibrar com todos os salvamentos, e claro também ver os personagens principais reais bem velhinhos dando depoimentos no final.

A sinopse do filme nos conta que durante a Segunda Guerra Mundial, o médico do exército Desmond T. Doss se recusa a pegar em uma arma e matar pessoas, porém, durante a Batalha de Okinawa ele trabalha na ala médica e salva mais de 75 homens, sendo condecorado. O que faz de Doss o primeiro Opositor Consciente da história norte-americana a receber a Medalha de Honra do Congresso.

Muitos podem não gostar do que Mel Gibson fala fora de gravações, pelas suas atitudes e tudo mais, mas temos de convir que por já ter trabalhado em todo estilo de filme, ele tem um olhar incrível para dirigir atores, e principalmente sabe como moldar uma trama para que ela fique incrível de ser assistida. É fato que o longa pode chocar por algumas cenas fortes, mas a conjuntura completa da obra acaba tendo nuances tão emocionantes com o trabalho que acabou sendo desenvolvido, que ficamos abismados com cada cena, com cada ângulo escolhido, criando algo tão completo que sim, podemos classificar o longa como um dos melhores filmes de guerra já feitos (não estou falando em hipótese alguma que é o melhor, mas está lá no topo). Além disso, o diretor soube dar vivência para que cada ator entrasse bem no clima e desenvolvesse sua desenvoltura própria para que em cena não ficassem personagens artificiais, mas sim homens de guerra lutando pelo objetivo que deseja em sua mente, e no caso do protagonista, mesmo sendo um opositor de guerra (ou melhor um pacifista religioso), estava ali para salvar vidas, e fez isso muito bem. Ou seja, um trabalho de direção impecável que lhe garantiu a indicação para o Oscar de forma bem merecida, e que claro junto com ele levou também seu filme para a maior briga da noite. Outro grande fator merecido e que levou uma indicação ao Oscar também, ficou a cargo da edição da trama, pois o filme possui 139 minutos e em momento algum temos enrolação, e sem precisar ficar fazendo memórias, ou cenas repetidas, o filme se desenrola sem cansar e prende o espectador na poltrona do começo ao fim, ou seja, algo bem montado de um trabalho de 14 anos de pré-produção e 59 dias de filmagem.

Além de ter atuado muito bem no filme, um dos fatos que fez com que Andrew Garfield fosse indicado a diversos prêmios está na personalidade que deu para seu Desmond, pois ao vermos no final trejeitos do senhorzinho de quase 90 anos conseguimos imaginar como seria seus movimentos quando jovem, e Andrew fez isso com uma perfeição única, trabalhando olhares, sorrisos e com uma determinação cênica tão bem colocada que acabamos nos conectando de uma forma incrível tanto com o personagem, quanto com o ator, e se o criticamos tanto por outros filmes que aparentou não ter expressão, aqui mostrou que estávamos bem errados, e que veremos muito ele brilhar ainda, pois com a feição jovial que tem, ainda vai fazer muitos papeis antes de começar a entrar pro time dos mais velhos. Hugo Weaving mostrou bem como ficam os sobreviventes de guerra, que tanto vemos em diversos filmes, e de uma maneira bem dura e crua, acabou desenvolvendo um Tom Doss bem colocado na trama, que acabou sendo até mais usado do que imaginaria na história, e claro que o ator foi bem em tudo o que fez em cena. Vince Vaughn costuma fazer muito mais comédias do que dramas, e por um motivo óbvio: sua feição caricata, mas aqui soube adotar um ar bem mais sério como Sargento Howell, ou Sarge apenas como ouvimos mais no filme, e conseguiu criar um bom clima em torno do personagem, agradando muito no resultado final. O mesmo podemos dizer de Sam Worthington com seu Capitão Glover, que com cenas bem determinantes, e uma postura clássica que vemos em muitos filmes de guerra acabou fluindo bem e chamando a responsabilidade quando precisou chamar. Teresa Palmer é daquelas atrizes que topam todo tipo de projeto, e como é uma bela moça, acaba sempre bem encaixada nos papeis que lhe dão, claro que ainda está bem longe de chamar atenção pela interpretação que dá à suas personagens, mas aqui sua Dorothy ao menos teve um carisma interessante de ver, que certamente criaria uma paixão instantânea como mostrada no filme. Dos demais atores, temos de ser sinceros e dizer que a maioria caiu muito bem nos papeis e demonstrou muita atitude em cena, claro que boa parte das grandiosas cenas de ação foram feitas por dublês, já que temos muita gente voando, pulando e tudo mais que atores comuns não fazem, mas temos de dar destaque para dois atores que agradaram também pela personalidade interessante dos papeis, que foram Luke Pegler com seu desinibido Hollywood e o nervosinho Luke Bracey com seu Smitty, e claro que temos de pontuar, mesmo que de relance a estreia de Milo Gibson (filho de Mel) nas telonas como Lucky Ford.

Agora sem dúvida alguma faltou uma indicação para o filme, o de design de produção, pois é um filme aonde a equipe de arte trabalhou tão bem junto com a equipe de maquiagem e efeitos especiais, que chega a ser nojento as cenas com pedaços humanos espalhados e voando pela tela afora, ratos andando entre corpos, muitas explosões, tiros e armas cênicas soltando cartuchos e mais cartuchos de munição, personagens com figurinos bem trabalhados, e claro uma locação na Austrália muito bem montada para parecer a colina de guerra aonde tudo acontece, ou seja, algo tão incrível de ver que merecia ser aplaudida pelo belíssimo trabalho feito. A fotografia trabalhou bem com os tons vermelhos, marrons e cinzas, criando boas perspectivas com muita fumaça e claro tiros, mas poderiam ter trabalhado melhor no desenvolvimento dramático de algumas cenas, pois se faltou algo no filme para ficar perfeito foi esse tom melancólico que a guerra traz, e esse ar que ficou falho se deve ao uso de muitas cenas chapadas por parte do diretor de fotografia sem muita ambição cênica.

Enfim, um filme incrível, que beirou muito a perfeição e que vale ser conferido na sala que tiver melhor capacidade sonora, pois as outras duas indicações do filme no Oscar são mixagem e edição de som, e que realmente está incrível, deixando o público quase surdo nas cenas iniciais da guerra com o tanto de explosões para todo lado. Como pontuei, temos alguns defeitos que acabaram não deixando o longa perfeito, mas volto a frisar que certamente é um dos melhores longas de guerra já feito, e que só por isso já vale assistir, mas a emoção que é passada é tão grande em algumas cenas, que muitos vão se apaixonar pelo longa mesmo a guerra sendo algo sem muito cabimento. Também teremos os que vão odiar o longa, mas principalmente por serem anti-Mel Gibson, e isso é algo que o pessoal precisa parar de fazer, pois temos de analisar o filme e a direção do cara, e não seu caráter e palavreado que sai falando por aí, senão não veríamos muitos filmes de diversos diretores. Bem é isso pessoal, recomendo demais a trama para todos, e fico por aqui agora, pois nesse final de semana irei conferir muitas outras estreias, então abraços e até breve.

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Elle

1/27/2017 01:49:00 AM |

Quando sabemos que o mundo anda de uma forma completamente maluca, e que as relações cada dia fluem da maneira mais bizarra possível, passamos a admitir que coisas que julgaríamos anormais no dia a dia de uma pessoa "normal" passassem a ser comum e aceitáveis, e assim mentiras cada dia passam a ser mais comuns e o resultado começa a passar do eixo provável de ser aceitado. Começo meu texto sobre "Elle" dessa forma, pois o que vemos no filme é algo que não podemos ver como algo comum, e sabemos bem que esse estilo de coisa por mais ficção que o longa transmita, é passível de ser vista atualmente, com amigos se traindo, filhos sem rumos assumindo erros sem saber o que estão fazendo com suas vidas, desejos mais malucos sendo incorporados, e por aí vai. Mas deixando o lado "real" da trama, e analisando mais friamente a ficção que o diretor nos entrega, o longa é forte e muito bem pontuado de uma atuação ímpar da protagonista que se deixou levar dentro da história bizarra e acabou trabalhando cada nuance com uma perspectiva bem crua, para que o filme fosse entregue também cru para o público viajar em tudo o que vê na tela, e gostar ou odiar o que é mostrado, pois dificilmente veremos alguém em cima do muro com o que irá assistir, mesmo sendo possível de acontecer também.

O longa nos mostra que Michèle parece indestrutível. Proprietária de uma empresa líder do mercado de videogames, ela encara sua vida amorosa com a mesma atitude implacável com que dirige os negócios. Ser atacada em sua casa por um agressor desconhecido muda a vida de Michèle para sempre. Quando ela, com determinação, identifica o homem, ambos são atraídos para um jogo curioso e emocionante que pode, a qualquer momento, escapar totalmente ao controle.

Não diria que o longa é um filme interessante de ser digerido, pois trabalha sentimentos complexos de serem analisados pelas pessoas, transmitidos pelos atores e difíceis de serem captados pelo público, de tal forma que a trama facilmente pode ser vista por um público mais jogado que vai acabar achando que o longa é um suspense/terror com pitadas eróticas, enquanto outros julgarão o filme como algo artístico e reflexivo. E ele pode ser encaixado completamente dentro das duas vertentes sem erro, ou seja, o diretor Paul Verhoeven que sempre procura colocar uma pontinha polêmica em seus longas acabou deixando o longa inteiro polêmico e cheio de indagações para que refletíssemos sobre cada momento, e de certa forma isso é bom, mas também destoa da fluidez que um filme possa ter para ser visto numa levada só. Portanto, o resultado da direção e do roteiro da obra ficou bem feito, mas mais para ser curtido de uma maneira mais diluída, com pausas e principalmente, em sessões com discussões, pois é um filme para se conversar sobre e não só ver, o que muitos não vão acabar gostando do estilo. Outra grande sacada que temos de pontuar sobre o filme, são as diversas reviravoltas que nos fazem ir duvidando de cada um possível estuprador, pois a cada nova cena vamos apontando a arma para um novo ator, e isso sim é um feitio muito bem trabalhado que agrada demais.

Sobre a atuação é fato e 100% claro, Isabelle Huppert destrói em cena com sua Michèle, dificilmente veríamos qualquer outra atriz colocando tantas nuances numa interpretação da forma que ela fez, soando falsa, seduzindo e sendo seduzida, sofrendo abusos, brigando, discutindo, sendo divertida, séria, e tudo mais com uma visceralidade incrível, ou seja, mais do que merecido todos os prêmios e indicações que está levando para si, e claro para o filme, pois a atriz conseguiu mais do que interpretar o papel do filme, mas segurar a onda completa da trama, conduzindo o filme como se fosse sua obra de arte. O longa em si poderia ser olhado somente para Isabelle, mas outros bons atores, alguns que nem imaginaria ver da forma que fizeram no longa, conseguiram chamar atenção, a começar claro por Laurent Lafitte com seu Patrick sempre sério e bem colocado, que até passa uma boa impressão inicial, mas como costumamos dizer, embaixo de uma pele de cordeiro sempre pode existir um lobo escondido, e aqui como sua esposa diz no final ele era uma boa alma, e retrucamos, só que não! Agora um que poderia ter feito caras melhores foi Jonas Bloquet com seu Vincent, pois caiu bem em algumas cenas, principalmente nas que faz com sua namorada, mas sempre destoado da câmera acabou mais incomodando pelas burradas que não admitia fazer do que por algo bem feito.

Visualmente a trama nos mostra o quanto pessoas em outros países se sentem seguras demais, pois um portão que não se tranca, portas e janelas velhas e levemente fechadas num bairro completamente escuro e em um casarão é algo que por aqui não veríamos de forma alguma, mas como estamos na França tudo é válido, e a equipe de arte elaborou diversos elementos para que tudo fosse refletido na situação da protagonista, desde sua casa, até a casa do vizinho com elementos contraditórios, sua empresa de jogos com pessoas estranhas fazendo jogos estranhos, uma família completamente conturbada que fazem questão de mostrar historicamente, ou seja, a arte do filme ajuda demais a performance da protagonista, e o resultado soa incrível para ser discutido de diversas formas. E aliado à tudo isso vem o diretor de fotografia e trabalha a trama toda em tons bem escuros, criando nuances completas de mistério, mas sempre deixando uma pontinha aberta para que investiguemos cada ato, ou seja, algo bem montado pronto para o desprevenido acontecer.

Enfim, poderia falar muito sobre o filme, mas é algo que como disse vale mais a pena ser visto e sentido de acordo com o que desejar, pois como todo bom filme artístico, o diretor preza por cenas abertas para discussão e reflexão, não dando bem sua própria opinião. É uma trama que trabalha temas controversos e de alta discussão, mas que agrada por não forçar incisivamente o que está certo ou errado na vida da protagonista que também é controversa. Portanto recomendo a trama para todos que gostem de filmes mais elaborados, mas que também pode decepcionar quem esperar algo mais dele e for ver achando se tratar de uma obra magistral. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, afinal essa semana está recheada de estreias por aqui, então abraços e até breve.

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Lion - Uma Jornada Para Casa (Lion)

1/25/2017 02:11:00 AM |

É estranho falar das muitas emoções que o filme "Lion - Uma Jornada Para Casa" acaba causando durante toda a exibição, pois ao trabalhar conceitos familiares, da forma de criação, de objetivos e diversas outros contextos que somos inseridos, acabamos mergulhando em pensamentos próprios que por vezes não paramos para imaginar, e o filme acaba pontuando tantas frases marcantes pelas bocas de seus protagonistas, que ficamos pensando na profundidade aonde quiseram chegar e que acabaram atingindo, ou seja, um longa que vai muito além do que é apenas mostrado na tela. Claro que a mensagem da trama vai atingir cada um de uma forma, uns vão se assimilar mais com o garotinho perdido no seu próprio país, mas que por falarem diversas línguas ninguém vai lhe entender direito, outros vão incorporar melhor a fase de adoção aonde você fica ali pensando no motivo de quererem você, ao invés de tantos outros possíveis, e terá até mesmo aqueles que vão incorporar a vida adulta do protagonista e sua busca para encontrar suas origens, quem ele é, e o que deve fazer no mundo, mesmo tendo tudo do bom e do melhor. Ou seja, muitas vertentes que inicialmente podem achar até bem enrolado por não ir diretamente ao ponto chave, mas que se analisarmos a fundo veremos como disse, que tudo teve o seu momento para ser explanado já que é baseado no livro de Saroo Brierley, onde conta a história real de sua vida, que é apenas uma das 80000 crianças que desaparecem por ano na Índia (segundo fontes do site do próprio filme, que você pode doar e concorrer a prêmios).

A sinopse nos conta que quando tinha apenas cinco anos, o indiano Saroo se perdeu do irmão numa estação de trem de Calcutá e enfrentou grandes desafios para sobreviver sozinho até de ser adotado por uma família australiana. Incapaz de superar o que aconteceu, aos 25 anos ele decide buscar uma forma de reencontrar sua família biológica.

Podemos dizer que voltamos há 9 anos atrás quando vimos em "Quem Quer Ser Um Milionário?", alguns dos problemas da Índia, e novamente trabalhando com garotinhos carismáticos, que com olhares perfeitos acabam assim como o Gato de Botas entrando na alma das pessoas para que elas fiquem com pena delas e/ou se apaixone por elas, para que depois o jovem (agora já bem mais velho) Dev Patel mostrasse seu talento em fazer semblantes trabalhados em envolvimento e dúvida. Claro que diferentemente do que ocorreu em 2008, aqui tivemos um diretor estreante em longas, e um roteirista estreante também, no caso o autor do livro, que junto acabou ajudando na adaptação, e Garth Davis soube dosar homeopaticamente cada momento para que o filme emocionasse do começo ao fim, não tendo momentos de alívio, pois tudo acalmava para na sequência aparecer algum tipo de problematização e novamente entrássemos no modo comoção por algo, até o grande clímax que não tem como arrepiar e/ou chorar com o que acontece ali, ou seja, não seja sem coração, e desabe também. Temos de pontuar também que gostaríamos de saber o investimento dos nossos amigos do Google para com o filme, pois tudo bem que o filme não seria feito sem mostrar ao menos algumas funções do Earth, mas está presente de tal forma que por bem pouco não falamos que é um longa 100% patrocinado pela companhia, e não que isso tenha atrapalhado em algo, mas apenas é muito evidente a forma como o conteúdo acabou encaixado e funcionando para com o longa, mas mais sábio foi o diretor que usou isso pró-filme ao invés de ser algo ruim de ver. Outro ponto que temos de falar muito foram as escolhas de ângulos que o diretor junto do diretor de fotografia acabaram optando, pois ao mostrar muitas cenas aéreas mixadas com closes nos protagonistas, viajamos do grande mundo a ser explorado, para um pensamento mais fechado, o que sempre acaba funcionando muito bem para desenvolver uma trama.

E claro, que temos de falar dos protagonistas, ou melhor, usando a arte das jogadas de indicações a prêmios, dos coadjuvantes no caso. Dev Patel já mostrava ser um bom ator em 2008, e mesmo sendo britânico, por ter família indiana tem caído como uma luva para papéis que necessitem desse estilo de personagem, e aqui ele incorporou doses fortes de personalidade para seu Saroo, que ficamos perplexos com cada cena sua, com os olhares bem colocados para com cada momento, e que dizem muito mais do que qualquer palavra dita, e que dessa forma tem conseguido diversas indicações à prêmios, e ainda certamente vai mostrar muito serviço pela frente. Nicole Kidman também trabalha muito bem a personalidade de sua Sue, e com poucos momentos fortes se mostra mais incrível do que nunca, chamando a responsabilidade quando precisa e sendo precisa quando entra forte no papel, ou seja, não precisou de muito para mostrar a que veio, e está aí mostrando mais uma vez que sabe cair bem em papeis marcantes. Rooney Mara teve boas participações em cenas mais duras e que foram trabalhadas para vermos a bagunça da mente do protagonista, de tal forma que sua Lucy (apenas um adendo: essa mulher toma alguma coisa para se manter sempre com cara de 20 anos???) acaba usada pouco em cena, mas acaba refletindo bem os momentos fortes que foi colocada, e que com graciosidade acaba nos conquistando. Agora para falarmos dos protagonistas do filme, não precisamos de muito, apenas dizer que Priyanka Bose foi incrível como a mãe do protagonista, trabalhando tão bem o semblante seja na sua versão jovem, ou muito bem maquiada na cena final, mas colocando acima de tudo olhares, e falando de olhares, temos de pontuar mais que tudo o jovem Sunny Pawar, que começou bem sua carreira no cinema fazendo o jovem Saroo, e que com muita garra e empatia carismática conseguiu mostrar nuances tão incríveis que poucos grandes atores conseguiriam fazer, pois sem saber falar inglês no começo das filmagens, logo após ser escolhido entre mais de 200 garotos, acabou detonando tanto que vamos torcer para ver ele mais para frente como um excelente ator, e claro que temos de colocar também outro bom jovem encontrado pela produção que foi Abhishek Bharate com seu Guddu, que agradou bem mais nas cenas de memórias do que nas poucas mesmo que fez com o pequenino, pois ambos acabaram criando uma boa conexão linda de se ver. Dos demais temos de pontuar as boas cenas fortes de Divian Ladwa como Mantosh, que foi pouco usado, mas soou bem quando precisou, assim como David Wenham como John que também ajudou mais dentro da proposta do que atuando mesmo.

Outro ponto muito positivo da trama ficou a cargo da direção de arte, que se embrenhou por diversas locações sujas e bem jogadas no meio de Kolkata na Índia, trabalhando com lugares feios, misturados por muita gente, cenografias abandonadas mostrando a miséria que predomina boa parte do país e contrapondo bem uma Austrália rica com uma casa bem mobiliada, e claro tudo muito rico em detalhes cênicos para que tudo fosse digerido pelo público juntamente com a história. E claro colocando como objeto cênico nosso tradicional Google Earth (que hoje já chama mais Maps) que utilizado a todo momento pelo protagonista acaba sendo quase uma peça pronta para ser colocada pelo designer de produção. Sobre a fotografia Greig Fraser foi seguro do que desejava e como disse no começo misturou cenas amplas bem encaixadas com closes numa mistura frenética de tons que jogado no meio da multidão e das diversas locações conseguiram algo muito incrível de se ver, ou seja, um trabalho rico e que mereceu muito ser indicado também ao Oscar.

A trilha sonora do longa acabou sendo indicada também, mas pontuaria que ela é massante demais para comover, feita na medida para aquele momento melódico pontual que vai marcar cada cena, encaixando com o texto e chamando você para o lenço no bolso, e sendo assim, acertada dentro da proposta. E claro que junto dessa boa composição, a equipe acabou colocando diversas outras boas canções, que usando do tema de fechamento, caiu como uma luva a canção "Never Give Up" da Sia para com o tema, ou seja, nunca desista!

Enfim, um filme perfeito, que certamente fui ver sem esperar muito dele, e que acabou me tocando demais, fazendo claro com que esse Coelho derramasse algumas lágrimas em momentos espalhados, e sendo assim não tem como não recomendar ele logo que estrear no dia 16/02, e que já está agendado para aparecer por aqui, ao menos dentro do novo projeto que surgiu na cidade chamado Cinema de Arte do Cinépolis Santa Úrsula, que trará diversos filmes que não vieram ou não viriam para a cidade. Portanto, vá conferir, imerja na trama e com certeza você sairá da sessão pensando sobre muitas coisas. Bem é isso, esse foi um paralelo no meio das duas semanas cinematográficas, mas volto na quinta com muitos textos, afinal a próxima semana veio recheada de estreias, inclusive já com o primeiro filme desse novo projeto vindo ("Elle") por aqui, então abraços e até mais pessoal.

PS: Não dei 10 para o filme, devido mesmo tendo um bom motivo para o começo mais lento e cheio de detalhes com o garotinho, acabou sendo demorado demais para irmos para o ponto de mudança de ares, e talvez se ficasse apenas como parte das lembranças do adulto seria algo menos duro, e longo. Porém o restante é incrível e valeria certamente nota máxima

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Os Saltimbancos Trapalhões - Rumo a Hollywood

1/20/2017 06:42:00 PM |

Quando foi lançado em 1981, "Os Saltimbancos Trapalhões" nem nascido esse Coelho que vos digita era, mas claro que assisti na infância, só não posso afirmar que lembro de detalhes, portanto vou deixar de lado comparações. Mas o ar em cima desse novo filme ficou bem em cima do saudosismo e da nostalgia que os protagonistas puseram em cena, e isso não é algo ruim, pois muito pelo contrário, filmes com homenagens costumam funcionar bem quando tudo é bem trabalhado. Só que para uma história convencer, é necessário que a trama também convença, e aqui alguns personagens poderiam ter trabalhado melhor para que o filme não ficasse tão singelo de situações, ou que somente focassem na parte musical que seria linda de ver. Ou seja, não é um filme ruim, pois emociona sim em alguns momentos, principalmente no final, mas também está longe de ser algo maravilhoso já que poderia ser bem melhor se quisessem.

O longa nos mostra que o Grande Circo Sumatra está em meio a uma grande crise financeira desde a proibição de animais em espetáculos e Barão, dono do circo, acaba aceitando fazer leilões de gado, comícios e outros eventos alternativos no circo. Didi e Karina, artistas do circo, estão infelizes com a situação e decidem montar um novo número e, assim, tentar atrair o público novamente.

É interessante ver uma refilmagem baseada em uma peça musical que foi baseada em um filme pois a essência vai sendo passada, e transformada de acordo com o público que se deseja atingir, e certamente aqui o diretor João Daniel Tikhomiroff quis trabalhar esse ar nostálgico em cima de Renato Aragão que já está bem velhinho, mas que ainda mantém o seu carismático Didi da mesma forma íntegra que tanto conhecemos no passado. A moldagem musical que a peça teve, foi bem trabalhada para a telona, tanto que são raros os momentos que não temos personagens cantando em cena, o único problema aí é que no Brasil ainda não temos diretores de cinema com culhões suficientes para gravar um musical sem a necessidade de dublagem, gravando antes em estúdio os personagens cantando e depois em cena apenas mexendo a boca, e como bem sabemos, isso fica falso. Mas isso é um problema técnico que poucos irão se incomodar, pois são ótimas canções de Chico Buarque de Hollanda que ao ser trabalhadas com um grande coro e com todo um contexto visual acabam se tornando mágicas bem encenadas. E tirando esse detalhe e a falta de uma história mais convincente, no caso da vilania querendo tirar o circo da trupe, o filme tem um bom desenrolar, mas faltou aquele detalhe para que o roteiro flutuasse mais como deve ser um bom musical.

Quanto das atuações, podemos dizer que Renato está bem velho, e as piadas de seu Didi mais ainda, mas ao colocar ele como um grande autor de um musical foi uma sacada imensa para a grande mente criativa dele, e o ator não decepciona na sua forma criativa de composição, o que é muito bonito de ver, só poderiam ter explorado um pouco mais ele para que tudo fluísse melhor. Dedé Santana também está velho e cada vez menos aproveitado, fazendo boas cenas de parceria, mas faltou gás e personalidade para colocarem mais importância nos seus momentos. Letícia Colin vive Karina, a filha do dono do circo, e que canta boa parte do musical, fazendo isso muito bem e interpretando tudo muito bem também, apenas se queriam um ar mais romantizado dela com o galã do filme, poderiam ter trabalhado mais essas cenas, pois tudo acaba ocorrendo tão rapidamente, sem muita fluidez que ficamos assustados com o desenrolar deles. Marcos Frota como Satã não funcionou muito bem como um "vilão", e saiu mais como alguém com dor de cotovelo que desejava destruir tudo, e no seu momento que diz que vai pôr tudo no chão, até a lona, vemos facilmente na expressão do ator a dor de falar isso, pois como bem sabemos Frota é a pessoa que mais ama circo no país, tendo inclusive o seu próprio circo. Livian Aragão já vem mostrando há algum tempo, um futuro promissor dentro da carreira artística, e aqui com um ar musical soou até bem a personalidade de sua Luisa, só poderia também ter explorado um pouco mais sua situação romântica com Rafael Vitti, que foi quase um enfeite usado apenas em três cenas com seu Pedro. Alinne Moraes sempre sai forte como um mulherão e aqui com sua Tigrana acabou agradando nas vertentes que acabou seguindo, mesmo que sendo um pouco exagerada demais. Roberto Guilherme é o alvo mais engraçado de zoação que Didi sempre teve, e claro que não perderia oportunidade de fazer aqui com seu Barão, e o ator fez bons momentos, até trabalhou alguns olhares emotivos e agradou de um modo geral. Um dos pontos positivos da trama, mesmo que de forma bem paralela no longa, podemos dizer que foi Maria Clara Gueiroz com sua Zoroastra, pois teve interpretação, comicidade e até uma certa puxada de linha para essas madames espirituais, mostrando muito bem a atitude de atriz que ela tem. Agora o ponto mais negativo da trama certamente ficou a cargo do outro "vilão" da trama, o prefeito Gavião interpretado pessimamente por Nelson Freitas, que além de um sotaque totalmente "Zorra Total", mostrou que falta tino para personagens "malvados".

No contexto cênico, temos um filme bem interessante, com um circo mambembe bem caracterizado, com um picadeiro bem montado, e diversas coisas jogadas para todo lado, mostrando que as jaulas dos animais não servem mais para nada, sendo apenas armários de entulhos, e que a realidade do circo hoje sem animais tem caído mais para o lado musical, aonde tudo tem de ser conquistado pela magia do espetáculo que todos podem criar, e a equipe artística trabalhou bem para que isso fluísse dessa maneira, usando animais sim, mas de forma meio digital, meio artificial, que até soa estranha, mas que caiu bem dentro da proposta da trama. A fotografia ficou encaixada mais para dar ares lúdicos e emotivos, ou seja, trabalhando bem pontos de luzes sobre os protagonistas de cada cena, e deixando o restante meio que de participação apenas, o que agrada, mas soa um pouco falso.

Por ser um musical é claro que todas as canções são ótimas e bem cantadas, mas como disse foram previamente gravadas em estúdio e dubladas na hora da interpretação, dando um ar estranho de se ver. Mas são tão boas e que já ouvimos tantas outras vezes, que agora tirar elas da cabeça será algo bem difícil: "uma pirueta, duas piruetas, bravo, bravo".

Enfim, é um filme que vai agradar quem estiver disposto à algo mais saudosista e nostálgico mesmo, mas quem for esperando um filme mesmo com história, grandes atuações e tudo mais acabará saindo um pouco decepcionado, mesmo que com todas as músicas repetindo diversas vezes na cabeça. Ou seja, até recomendo a trama para quem gosta desse estilo musical, mas que poderia empolgar mais o resultado final, certamente poderia. Bem é isso pessoal, encerro essa semana cinematográfica curta aqui, mas volto em breve com mais estreias, afinal essa semana terei uma boa novidade para contar.

PS: Prefiro nem falar muito da cena inicial numa festa de premiação estilo o Oscar, que senão a nota vai desabar!

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Os Penetras 2 - Quem Dá Mais?

1/20/2017 01:44:00 AM |

Juro que vou me esforçar para falar algo de um filme que não poderia nem considerar como longa-metragem, pois se tirarmos trailers, créditos de abertura, créditos de encerramento e tudo mais de enrolação que colocaram não deve chegar nem perto do tamanho mínimo exigido, e além disso, "Os Penetras 2 - Quem Dá Mais?" poderia ser considerado mais facilmente como um episódio pós-cena do primeiro filme, já que praticamente nada demais acontece, e para piorar é classificado como comédia, e faz rir mais ou menos (pra não falar que foi um mero esboço de sorriso) nas cenas que já apareceram no trailer, ou seja, triste ver uma sala de cinema com um filme de comédia passando e não termos risadas (para pelo menos rir daquele tiozão que ri com uma voz tosca). E sendo assim, tentarei explicar um pouco mais nas próximas linhas argumentando algo que já falo em claro e alto bom som: FUJA dessa bomba, pois tem muitos filmes melhores passando nas salas do cinema!

O longa mostra que um bom golpista não perdoa nem o melhor amigo. No início da história, encontramos Beto desolado por ter sido enganado por Marco. Internado em uma clínica psiquiátrica, Beto é surpreendido por uma notícia que muda os rumos de sua vida e de seus parceiros Laura e Nelson. Em seguida, os três conhecem Santiago, um milionário sedutor, e Oleg, um mafioso russo. De golpe em golpe, eles vivem uma das maiores confusões de suas vidas.

Se em 2012 fui só elogios para o primeiro filme, eis que cinco anos depois conseguiram me deixar ao mesmo tempo nervoso com o que vi e inconformado de ver algo que não posso julgar como um filme. Claro que um dos grandes motivos disso é a facilidade de encontrar culpados, pois na época os humoristas do filme já eram razoavelmente famosos, mas não tanto como são hoje, e agora o que era engraçado antes precisa ser forçado para parecer engraçado. Ou seja, Andrucha Waddington até tentou colocar a loucura de Sterblitch como ponto interessante, mas foi na sexualidade que tentou fazer graça, e acabou apelando demais para fazer rir na única cena realmente engraçada da trama (a qual já está no trailer). É fato também que a sede de lucro é algo que atrapalha muito uma produção, e se em 2012 conseguiram mais de 4,5 milhões de espectadores, imaginariam que apelando novamente e fazendo um filme "rápido" voltariam a desfrutar do mesmo resultado, e posso estar bem errado, mas aqui a ideia não vai convencer que o público veja mais que uma vez, o que aconteceu da outra vez, pois a graça não existiu, assim como faltou história para poderem desenvolver mais a trama, já que no primeiro filme a ideia era ser penetra em festas de luxo e lucrar com isso, agora a ideia é só lucrar não sendo penetra de nada (até tem uma cena assim, mas nem dá pra considerar), ou seja, perderam a essência, e o resultado foi triste.

Que Marcelo Adnet e Eduardo Sterblitch são dois caras que forçam o riso todos sabemos, e chega a ser interessante ver eles fazendo semblantes bem montados para chamar atenção no filme a todo momento, de tal maneira que os demais personagens quase somem. E já que começamos a falar dos protagonistas Sterblitch fez tantos trejeitos na trama, que sua ingenuidade bacana misturada com a loucura do seu personagem Beto parecem fazer parte do humorista, e a cada cena sua ele vai incorporando mais e exagerando mais até o ponto de não aguentarmos mais ver suas falas, mas por mais incrível que pareça, ele reverte tudo e consegue largar ainda aberto o filme, o que não é legal de se pensar num terceiro longa da série. Embora Adnet funcione aqui mais como um conselheiro espiritual para o protagonista, ele chega a incomodar trabalhando seu tradicional sorriso forçado, de tal forma que seu Marco até poderia ser um personagem muito interessante se o ator não forçasse tanto a barra. Mariana Ximenes definitivamente resolveu morar nos cinemas, e claro sempre opta por trabalhar uma sensualidade bem encaixada nas suas personagens, e embora sua Laura tenha bem menos participação nessa continuação, a atriz até mostrou bem seus ares de malandra e poderia até agradar mais se tivesse mais cenas. Stepan Nercessian é um ator múltiplo e sempre consegue transformar as cenas de seu Nelson, só é uma pena assim como Mariana ser usado tão pouco em cena, e quando usado forçado para agradar, pois o ator certamente teria potencial para agradar. Já disse inúmeras vezes que é difícil gostar de qualquer papel de Danton Mello, e aqui ainda não foi dessa vez que seu Santiago conseguiu chamar atenção, até caiu bem com o começo charmoso, as boas cenas na mansão, mas depois foi só destoando e exagerando em trejeitos, até começar a desaparecer para que os protagonistas dominassem a tela. O ator russo Mikhail Bonnikov foi divertido de ver pela diversão que deu para seu Oleg, de tal forma que acabou entrando tanto no clima da trama que parecia nem mais estar atuando nas últimas cenas, e acabou saindo melhor do que a encomenda, porém a galera que não curte um filme legendado irá reclamar demais pois o filme ficou quase 60% legendado devido o ator estar bastante em cena.

Felizmente com o tanto que o filme anterior arrecadou, e mais as diversas parcerias entre produtoras, e claro aquela velha arrecadada de fundos de leis de incentivo, a equipe de arte teve bastante dinheiro para arrumar cenas em mansões imensas, ilhas bem montadas, cenas em helicópteros e até mesmo uma casa de leilão bem chique, ou seja, um trabalho que se fosse melhor usado para representar os momentos e menos usado apenas de pano de fundo, ajudaria e muito o longa a ganhar uma qualidade melhor, pois foi algo ao menos bonito de se ver. Sobre os tons da fotografia, jogaram cor em tonalidade completa para tudo, sem ter qualquer tipo de nuance diferenciada para mostrar o personagem de Adnet como uma miragem/loucura ou assombração, e isso é um defeito gigante que poderiam ter trabalhado melhor.

Enfim, volto a frisar que não tem como recomendar o longa para ninguém, e a nota só não será menor pelos atores que citei acima terem feito boas cenas e pelo visual da trama que acabou agradando, mas de forma alguma uma continuação merecia ser jogada sem um tema real para propor uma história e acabar sendo apenas um adendo do pior estilo de uma cena pós-crédito que poderia facilmente vir no DVD do primeiro filme. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia que apareceu pelo interior, então abraços e até lá.

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xXx: Reativado em Imax 3D (xXx: Return of Xander Cage)

1/19/2017 02:49:00 AM |

Se você for assistir algum filme de ação sem limites esperando ver um roteiro fantástico ou qualquer tipo de dramaticidade introspectiva, você não pertence a esse mundo, pois o que todos querem ver é tudo sendo destruído, muita correria, tiros e explosões para todo lado, muita paia em cenas improváveis, mulheres (e claro o protagonista) sensualizando com pouca roupa, piadas bem encaixadas, e claro se o filme for 3D que a tecnologia surpreenda ao máximo. E se você quer ver todas essas qualidades em um único filme, vá para o cinema conferir "xXx: Reativado" na maior sala possível, pois o filme faz valer cada momento colocado, criando diversas possibilidades para continuações, e o melhor, colocando personagens antigos conectando momentos e referências de diversos outros filmes, claro também usando excelentes novos personagens. Ou seja, é diversão na medida certa para quem quiser um bom programa de ação nos cinemas.

O longa nos mostra que Xander Cage desiste de sua aposentadoria quando entra em conflito com o guerreiro Xiang e seu grupo. Os dois se enfrentam em uma corrida desenfreada para recuperar uma poderosa arma, conhecida como "Caixa de Pandora". Após recrutar um novo grupo de soldados em busca de emoção, Xander se envolve em um plano mortal que aponta para uma conspiração nos mais altos níveis dos governos mundiais.

Não diria que foi uma grande fonte de inspiração, mas certamente o diretor D.J. Caruso resolveu juntamente com o roteirista F. Scott Frazier, que não bastava ser apenas mais um filme de ação com manobras radicais como aconteceu na continuação de 2005, em que praticamente a franquia desabou de um excelente filme para algo que praticamente todos odiaram, e ao ver nesse meio tempo a franquia "Mercenários" mostrando muita diversão com ação descontrolada, teriam de seguir uma linha nesse estilo. E certamente a palavra controle não existiu no vocabulário do diretor, pois quanto mais improvável uma cena pudesse ser, lá estava ele colocando seus protagonistas no meio atirando (vide a cena com os protagonistas num depósito com tantas armas quanto pudéssemos imaginar - completamente insana), correndo (veja a cena no meio dos carros - loucura completa), voando sem gravidade (vide a cena do avião - maluquice nível épico) ou até mesmo apenas com uma moto completamente turbinada no meio de uma floresta, aonde terra voa para todo lado com o ótimo 3D. A grande sacada do longa foi sim ter uma base na história, mas nada de muito complexo e que nem vai surpreender pelo desenrolar da trama, mas que amarra bem as pontas (o que é de suma importância), mas sim todo o conteúdo estético que a tecnologia proporcionou para ter um ritmo incrível e que o elenco estivesse disposto a trabalhar bem para todas as cenas parecerem o mais reais possíveis (mesmo que fossem feitas por dublês). E sendo assim, saiu feito uma locomotiva desenfreada botando tudo no miolo desse contexto de uma forma bem divertida, carismática e gostosa de curtir.

Quanto do elenco, podemos dizer que foram bem escolhidos de acordo com as qualidades de cada personagem, e todos acabaram bem encaixados para suas diversas cenas de ação, e claro que com um bom carisma representaram bem as piadas também que seus personagens acabam caindo. Se no começo da carreira de Vin Diesel me falassem que ele soaria como alguém que sensualiza e que as mulheres ficariam apaixonadas por ele, diria que essa pessoa ficou maluca, mas com o passar dos anos, o ator já mega milionário tem trabalhado seu carisma e forma de interpretar de uma maneira tão cafajeste e bem montada que praticamente todos seus personagens estão sendo moldados em cima disso, e ele faz bem todo esse charme com seu Xander Cage, mas muito além desse mote, o ator mostrou um desempenho perfeito nas cenas de ação que remontam a veracidade original da franquia que nasceu há 15 anos, e que com a desenvoltura criada aqui, pode certamente vir outros longas (que inclusive já confirmaram um quarto filme) que não farão feio nas bilheterias se depender do ator. Montaram tanto a personalidade de Toni Collette com sua Jane que chega a ser assustador suas expressões faciais (está parecendo que foi colocada no formol ou algo do tipo), e embora não seja a personagem mais importante da trama, merecia um pouco mais de cuidado com armas e porte, pois na sua cena com uma arma na mão não convence de forma alguma, e é motivo de riso. Em compensação Ruby Rose mostrou-se impactante tanto na postura (a qual defende muito bem) quanto no estilo empregado para que sua Adele Wolf fosse os olhos do protagonista fora do enquadramento que estivesse posicionado, e a atriz caiu tão bem no papel, que chegaria ser interessante um filme só seu talvez. Samuel L. Jackson é Samuel L. Jackson, e não preciso falar mais nada dele, pois se você já viu um filme dele, viu todos, já que assume sempre a mesma personalidade, e claro que não faria diferente com seu Gibbons. Do lado da equipe de Diesel ainda temos de pontuar as boas cenas divertidas de Kris Wu com seu Nickse Rory McCann com seu Torch, pois a dinâmica dos dois foi incrível. Já pelo outro lado, temos de pontuar a beldade indiana Deepika Padukone com sua Serena que além de um charme sedutor conseguiu trabalhar bem a interação com os demais personagens, a loucura incondicional de Donnie Yen com seu Xiang desenfreado para todas as cenas, e claro o lutador de MMA Michael Bisping botando todos no chão com seu Hawk, ou seja, se não fosse pelas cenas forçadas do maluquete Tony Jaa, seria uma equipe bem bacana também de acompanhar. Mesmo dando um leve spoiler, a aparição de Ice Cube veio como um bom acerto na produção, para mostrar que não guardaram rancores e ressentimentos para com seu Darius Stone do segundo filme. E claro, temos de falar da primeira atuação hollywoodiana de Neymar Jr. que fazendo ele mesmo acabou sendo uma boa piada, e não chegou a decepcionar nas poucas cenas.

Agora sem dúvida alguma o grande show da trama ficou a cargo da equipe de arte, pois como bem sabemos, uma produção cheia de destruição deve ser o mais realista possível, e com isso gastar muitos milhões de dólares, e claro que a equipe levou o longa para países mais "baratos" como República Dominicana, Filipinas, e deixou algumas poucas cenas para serem rodadas mais fechadas em Londres, o que não menosprezou o tamanho da produção, muito pelo contrário, pois o colorido interessante da produção nos pequenos países se tornou mais cinza ao cair na Europa, o que agrada também, mas dá um belo contraste cênico para as cenas que saem de planos abertos bonitos, para locais mais fechados e duros. Além disso, claro que muito digital também foi usado, principalmente nas cenas dentro do avião, para que tudo pudesse ficar do jeito que acaba ficando nas cenas finais, mas ainda assim, precisaram trabalhar bastante com diversos elementos cênicos para agradar em todas as cenas, e claro também muitas armas de todo tipo possível e imaginável. Como já disse, as boas escolhas de locações deram diversos tons para a equipe de fotografia trabalhar, e por mais incrível que possa ser, eles souberam dosar bem as cenas, para que a tecnologia usada para filmar funcionasse bem no resultado final, então temos um longa bem colorido que chama a atenção e não destoa da ação que se propõe. E claro, a velha pergunta: vale ver em 3D? Sim, e muito, pois o longa foi praticamente inteiro filmado com câmeras 3D, e pensado desde 2011/2012 quando se começou a falar numa continuação para ser rodado com a tecnologia que James Cameron usou em "Avatar", ou seja, um realismo completo que chega quase a arremessar terra e diversos pedaços de coisas no público, além de ótimas profundidades nas cenas mais abertas, parecendo que os atores estão voando em nossa direção, e sendo assim, mostraram uma das utilidades da câmera para ser usada de forma criativa no cinema de ação.

Enfim, um filme de primeira linha, no conceito à que se preza entregar (muita ação, muita diversão) e que dificilmente quem estava esperando uma continuação da franquia sairá decepcionado com o que verá, principalmente pelos bons momentos frenéticos, e pelo bom uso da tecnologia com ângulos bem encaixados. Ou seja, um filme que recomendo com certeza para quem gosta do estilo, e para aqueles que irão ao cinema procurando uma boa dose de adrenalina com cenas mais improváveis possíveis de acontecer. Claro que o filme possui muitos defeitos, seja no roteiro simples, ou até mesmo na forma de atuar de alguns atores/personagens, mas volto a frisar que pela proposta vale demais a conferida no maior cinema que puder encontrar (no caso recomendo sim ver em Imax 3D). Bem é isso pessoal, deixo meus abraços até o próximo texto e fico por aqui hoje, agradecendo mais uma vez o pessoal da Difusora FM 91,3MHz pela sensacional pré-estreia inicial de 2017, incrivelmente lotada de amigos, e #TamoJuntoSempre.

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Eu Fico Loko

1/15/2017 10:48:00 PM |

O cinema nacional tem tentado entrar com unhas e dentes dentro do gênero teen, e na maioria das vezes tem errado demais tanto em não acertar o gosto do público quanto na forma de transmitir uma boa mensagem de amadurecimento. E ao contrário do que se vê nas novelas teen e até mesmo nos filmes teen, na internet esse público anda se apaixonando cada vez mais e se conectando com as ideias de diversos tipos de influenciadores digitais, então porque não fazer um filme sobre um dos maiores influenciadores digitais do país, que tem mais de 7 milhões de seguidores (a maioria adolescente) e que já publicou três livros contando um pouco de sua vida? Pois bem, alguém teve essa ideia, e o resultado estreou na última quinta, intitulado pelo mesmo nome do livro, do canal e de tudo mais que Christian Figueiredo tem trabalhado na internet e fora dela, e "Eu Fico Loko" por mais incrível que possa ser, ao contar a biografia de vida de um jovem de apenas 20 e poucos anos, não vai deixar você louco de raiva ao sair da sessão, muito pelo contrário, o longa diverte como poucos conseguiram fazer nesse mar de comédias forçadas do cinema nacional que vemos toda semana, e com uma história bacana e interessante de um jovem perdedor que acabou ficando famoso, que tanto vemos no cinema americano funcionar, aqui também acabou funcionando.

O longa nos mostra que Christian é um adolescente pouco popular na escola, que também não tem vida fácil em casa. Enquanto sofre bullying dos colegas e busca sua própria identidade, ele se preocupa com o primeiro beijo e a primeira noite com uma garota. Christian também é um cinéfilo que grava paródias de filmes para colocar na Internet. Aos poucos, ele decide usar as redes sociais para contar as suas histórias de vida.

Após muito trabalho como assistente de direção de grandes nomes do nosso cinema nacional, Bruno Garotti estreia como diretor de seu primeiro longa, e certamente irá ser lembrado como o diretor do filme do Christian, afinal se só metade dos seguidores do jovem assistir ao filme, ele já terá feito muito mais sucesso que muitos longas nacionais sequer pensaram em chegar perto. E felizmente esse sucesso que ele pode alcançar com os seguidores/fãs de Christian não será apenas por o personagem ser "muito" conhecido (eu particularmente nem sabia quem era Christian Figueiredo antes de conferir o longa) e sim por ter feito um filme simples e eficiente sobre a juventude tradicional, com muitos clichês sim, mas bem trabalhado no contexto da adequação nos diversos grupos/rótulos, das dificuldades que alguns jovem tem nos primeiros encontros e por aí vai, que feito com um humor bem pautado e colocado na medida certa acabou agradando. Há erros sim, isso é um fato, pois o exagero do personagem invadir diversas vezes o filme para falar seus pensamentos, com quebras constantes da linearidade, acaba soando chato e desnecessário, mas como andei dando uma pesquisada, esse é o estilo de seus vídeos, então como costumo dizer, cada filme é feito para um público efetivo, e se desejavam atingir esse público, certamente fizeram bem ao trabalhar isso, mas para nós comuns amantes de filmes, talvez vá soar bem estranho.

Sobre as interpretações, podemos dizer que o estilo que Felipe Bragança escolheu para interpretar o jovem Christian ficou bem interessante, pois mostrou um bom trabalho de olhares, e um carisma comum de vermos em losers que o público acaba se afeiçoando, e sendo singelo sem abusar muito de expressões manjadas, o ator acabou tendo bem mais acertos do que erros em tudo o que fez. Isabella Moreira fez a tradicional mocinha que faz o público se apaixonar da mesma forma que o protagonista, mas que acabamos sempre ficando bravos quando está com outro, e sua Alice caiu bem no estilo da atriz, pois soube dosar ternura e estilo próprio em um único tom. Giovana Grigio fez uma Gabriela bem apimentada e interessante de acompanhar, mas que acabou exagerando um pouco na dose expressiva e por diversas vezes acabou saindo de uma expressão correta para outra meio largada demais sem mesmo demonstrar atitude no meio do caminho, o que é algo estranho de ver na tela. Já a escolha de Wellington "Ceará" Muniz como pai da garota foi um acerto para mostrar como piadas ruins mesmo sem graça acabam tendo graça nas expressões das pessoas. Outro bom acerto ficou a cargo de José Victor Pires no papel de Yan, que com olhares bem encaixados e uma expressão completa de amigos bem parceiros, acaba agradando nas tramas e cenas bem determinadas com o protagonista. Agora estou com dó de Suely Franco, em menos de um mês já mataram a pobre duas vezes no cinema, sei que a atriz está doente, mas só estão lhe dando papeis para morrer, e aqui a vó do garoto é tão determinante para a personalidade que ele adquire para os vídeos futuros, que a atriz mostrou muita postura e agradou demais em tudo o que fez. Os demais fizeram bem seus papeis e encaixaram bastante nas cenas, só acredito que usaram pouco demais Alessandra Negrini que é uma tremenda atriz e não merecia ficar jogada apenas em duas ou três cenas.

Visualmente escolheram bem as locações, montando uma casa simples aonde o jovem cria boa parte de seus vídeos no quarto, mostrando bem redes sociais antigas e câmeras simples que o pessoal vlogger usava e ainda usa em seus vídeos, algumas casas bem interessantes de Gabriela, colégios bem colocados para dar um ar interessante e tudo simples, mas usado com cautela para não abusar da energia, e claro economizar nos gastos, afinal o orçamento não foi nada gigantesco, mas certamente trará um lucro imenso. No conceito da fotografia, a equipe optou por não utilizar tantos filtros, mas fez bons sombreamentos e agradou num conceito geral.

Enfim, fui pronto para apedrejar o filme, e acabei gostando bem mais do que esperava, e assim mesmo não conhecendo nada de Christian, o longa acabou sendo mais interessante pela boa perspectiva jovem e que acaba igualando bem o Brasil no conceito de longas teen. Ou seja, se você gosta de uma boa trama leve e divertida sobre jovens perdedores que com um pouco de sorte e muita garra conseguem crescer na vida, esse é um bom exemplo para curtir nos cinemas. Mas vá preparado para as sessões cheias de adolescentes, afinal o público alvo da trama são eles. Sendo assim, recomendo o longa com poucas ressalvas, pois o resultado foi bem melhor do que qualquer um poderia esperar. Bem é isso pessoal, encerro aqui minha semana cinematográfica, mas volto na próxima quinta com novos textos, então abraços e até lá.

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