Hebe - A Estrela do Brasil

9/29/2019 09:21:00 PM |

Chega a ser engraçado você ir ao cinema esperando ver uma coisa, ver outra e ainda assim sair feliz da sessão, e é bem isso o que acaba acontecendo quando vemos "Hebe - A Estrela do Brasil", pois conheci a história da artista já na época em que dominava o SBT, que tinha o carisma de respeito no alto, aonde tudo e todos queriam participar de seu programa, porém não conhecia todas as polêmicas que envolveram sua saída da Band, seus problemas com a censura e até mesmo o drama familiar que teve com o segundo marido nos meados dos anos 80, e embora tenham feito um filme intrigante, bem montado e cheio de personalidade, ainda acho que criaram uma personagem meio que fora do estilo de Hebe, que até pode ser que tenha sido assim nessa época, mas tudo soou exagerado e forçado demais. Ou seja, não digo que seja um filme ruim, que tenha um estilo de homenagem bacana de ser visto, mas que certamente poderiam ter seguido um pouco mais a biografia dela na época áurea que certamente daria um filme bem polêmico também, porém menos forçado do que o feito para tentar trabalhar temas que ainda são causadores atualmente.

O longa nos mostra que Hebe Camargo se consagrou como uma das apresentadoras mais emblemáticas da televisão brasileira. Sua carreira passou por diversas mudanças ao longo dos anos, mas foi durante a década de 80, no período de transição da ditadura para a democracia, que Hebe, aos 60 anos, tomou uma decisão importante. A apresentadora passou a controlar a própria carreira e, independentemente das críticas machistas, do marido ciumento e dos chefes poderosos, se revelou para o público como uma mulher extraordinária, capaz de superar qualquer crise pessoal ou profissional.

O diretor Mauricio Farias felizmente não fez do longa uma novela, afinal sua maior experiência é nesse modelo, e aqui soube ser criativo em trabalhar a imagem de Hebe como uma grande mulher, com uma opinião forte e que não levava desaforo para casa, e com isso em mente ele fantasiou o restante para criar mais perspectiva mais cheia de detalhes e situações, que nem na biografia, nem o próprio filho de Hebe conseguiu enxergar na comunicadora vivida por Andréa Beltrão, ou seja, temos um filme interessante que mantem uma essência bem colocada e que envolve de certa forma para conhecermos alguns dos problemas do passado que ainda permanecem bem fortes (como o preconceito com gays, os hospitais abarrotados de gente pelos corredores, os políticos corruptos, entre outros detalhes que o longa mostra) mas que certamente se desenvolvessem algo mais rápido que mostrasse a infância da artista, esse período no miolo da trama, e fechando com o sucesso no SBT até sua morte, certamente seria um longa muito mais proveitoso e emocionante. Ou seja, o diretor quis brincar mais com a situação em si dos problemas e tudo mais, e mostrar menos da personalidade imponente de Hebe, e isso vai deixar alguns fãs bravos e outros nem ligarão, pois o resultado em si acaba sendo funcional ao menos.

Sabemos bem do potencial de Andréa Beltrão, mas acredito que não entregou nem metade do carisma que Hebe tinha com o que fez na tela, mostrando sim os luxos, personalidade forte, e até mesmo algumas emoções bem vividas pela comunicadora, mas faltou aquela paixão que víamos em seu olhar de estar fazendo o que gosta, seu estilo de apresentar, e até mesmo parecer um pouco mais com a artista, pois em momento algum consegui enxergar Andréa fazendo Hebe, e sim Andréa fazendo uma mulher forte de personalidade, mas nada além disso. Quanto aos demais tivemos bons trejeitos por parte de Marco Ricca como Lélio Ravagnani, impondo um homem que bebia muito e tinha um ciúme fora do normal, o que para alguém que era casado com uma grande pessoa da mídia é algo que não funciona, e ele entregou olhares fortes, mas sendo praticamente iguais a todos os personagens que costuma fazer em novelas, ou seja, faltou mudar um pouco para incorporar melhor o personagem. Caio Horowicz até que entregou um Marcelo carinhoso e bem colocado junto da mãe, mas não teve muito desenvolvimento do personagem de modo que talvez faltasse um pouco mais de elo no roteiro para funcionar. O mesmo podemos dizer de Danton Mello como Claudio, que aparece meio como um empresário da artista, mas não se determina uma relação em momento algum mais prática, sendo gostoso de ver o personagem agir pelo carisma que o ator deu para o personagem (coisa rara de ver), mas que poderia ter ido muito além. Do restante a maioria fez participações bem boas, alguns com um pouco mais de fala que outros, mas nenhum chamando a atenção para si, de modo que o filme os coloca como vilões ou amigos da protagonista, indo por diversos meios encaixar cada ato, mas sem destaques.

No conceito visual acredito que filmaram na casa que foi da artista para ter tantos detalhes, mas se não foi posso dizer com certeza que a equipe de arte trabalhou muito bem na criação dos ambientes tanto ali quanto na formação dos estúdios de gravação, que ficaram bem interessantes de ver visualmente, e que juntamente com a equipe de figurino incorporaram todo o luxo que era comum de ver Hebe usando e ousando, ou seja, um filme visualmente rico de detalhes que faz com que o público que não a conheceu veja bem e se divirta com tudo.

Enfim, é um filme que ao mesmo tempo que serve como homenagem para a comunicadora, também falha por ir por um vértice meio que fora do que muitos conheceram dela, afinal o diretor ficou no meio do caminho entre entregar uma personificação mais realista ou mostrar que o Brasil está ainda nos mesmos moldes dos anos 80 com praticamente os mesmos problemas com as pessoas e com a mídia em si. Ou seja, é daqueles longas que dá para curtir, dá para polemizar e principalmente vale a conferida por não ficar novelesco demais, e assim sendo é gostoso de ver e recomendo a conferida, mesmo esperando muito mais do longa. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Predadores Assassinos (Crawl)

9/29/2019 02:06:00 AM |

Se pararmos para pensar na ideia formatada de "Predadores Assassinos" iremos com toda certeza reclamar de quão absurdo pode ser de jacarés gigantescos invadirem uma casa e saírem malucos comendo o que vier na sua frente, mas se analisarmos bem como são os pântanos nos EUA, e as fazendas de criação desses animais que só numa leve pesquisa na internet você encontra, a situação começa a ficar bem mais tensa, pois tudo pode ser bem real ali, e se tivessem dado uma leve melhorada nos efeitos da tempestade, e de algumas devorações que ocorrem, certamente seria daqueles filmes que ficaríamos muito tempo pensando se é uma boa opção um leve passeio por aquelas regiões. Ou seja, é um filme que tem um tema estranho, que ocorrem situações bem malucas, mas que causa uma tensão bem forte, e que principalmente por acontecer cenas rápidas de lugares inesperados, acabamos pulando na poltrona e o resultado acaba funcionando, embora pudessem ter desenvolvido bem mais coisas além do que é mostrado apenas.

A sinopse nos conta que quando um enorme furacão atinge sua cidade natal na Flórida, Haley ignora as ordens das autoridades para deixar a cidade e vai em busca de seu pai desaparecido. Ao encontrá-lo gravemente ferido, os dois ficam presos na inundação. Enquanto o tempo passa, Haley e seu pai descobrem que o aumento do nível da água é o menor dos seus problemas.

É engraçado ver que o diretor Alexandre Aja, que tem no currículo vários filmes de tensão e terror, alguns inclusive com outros animais, não quis enrolação, então seu filme tem apenas 86 minutos que são suficientes para causar uma tensão imensa, muitas mortes e decapitações, ou seja, ele pegou um roteiro simples e efetivo, e colocou pra jogo logo de cara com tudo ocorrendo, sem muitas preocupações com dramaticidades e afins, deixando que isso rolasse no meio do caminho nos flashbacks, e que até poderiam ser minimizados, afinal a vida pessoal da família ali é o de menos, ou seja, nem seria necessário falar sobre as separações, os treinos da garota e tudo mais, pois só serviu para mostrar que é determinada, e que nada bem, de resto, é enfeite de doce. Sendo assim, eliminando esse momento familiar que o filme trás para encher um pouco a trama, no restante do tempo tivemos os jacarés bem nervosos e desesperados por comida, fazendo movimentações bem fortes, a tempestade intensa, e claro muito desespero também por parte dos protagonistas (tirando o cachorro, que certamente por não ver nada dos seres digitais, estava super de boa apenas com cara triste por ter se molhado na chuva!). Ou seja, o diretor entregou algo bem montado, que consegue funcionar dentro do que previa, e que com uma produção de Sam Raimi, acabou transformando algo simples em algo bem maior na telona.

Sobre as atuações, diria que Kaya Scodelario se entregou bem no papel, fazendo com que sua Haley fosse daquelas mulheres determinadas em conseguir o que deseja (no caso se salvar dos jacarés!), e que com olhares bem fortes e sabendo exercer bem o desespero nas cenas mais tensas, fizeram com que ela ficasse com um impacto até maior do que o esperado, e isso é bacana de ver, ou seja, a atriz que praticamente só tinha feito longas de aventura juvenil, se mostrou apta para dramas mais internos e acaba agradando bastante com tudo o que faz aqui. Barry Pepper também foi bem coeso nas expressões que deu para seu Dave, entregando atitude e bons momentos de desespero, o que é raro de ver em homens, mas aqui a dor foi um ponto positivo a mais, ou seja, se encontrou com o que a trama pedia. Quanto aos demais diria que todos foram meio que enfeites cênicos que nem precisariam estar no longa, ou se necessitavam talvez pudessem aparecer mais, porém nenhum atrapalhou em nada, servindo para mostrar alguns elementos a mais como pessoas que furtam coisas no meio de desastres, policiais bobos que não reparam ao redor, e até a irmã que não consegue ajudar em nada, ou seja, elementos cênicos alegóricos que não merecem destaque algum.

No conceito visual, acabaram brincando com locações bem sujas, como um porão extremamente abandonado, aonde o encanamento predomina, e por ser ao lado de um lago, os jacarés usaram ali de ninho (aliás senti falta de ver os jacarezinhos famintos atacando ao sair dos ovos!), além disso tivemos poucos momentos nas ruas alagadas, alguns atos de vandalismo em uma loja de conveniência e o início meio que jogado em uma piscina de universidade, ou seja, um filme bem barato de orçamento, aonde a equipe priorizou trabalhar os efeitos dos animais de uma maneira até que bem coerente, pois mesmo tendo defeitos, o resultado tanto do movimento dos bichões quanto da tempestade monstruosa que ocorre do lado de fora da casa foram bem feitos. Outro ótimo detalhe, é que mesmo o filme sendo bem escuro, a fotografia conseguiu imagens bem iluminadas que mesmo soando falsas (afinal os protagonistas estão com lanterninhas bem pequenas para toda a luz que tem lá embaixo da casa!), acabaram agradando de certa forma.

Enfim, um filme que vai fazer com que muitos pulem nas poltronas mesmo nas cenas sem jacarés (fui pego logo no começo com algo inesperado!), que quem gosta de filmes de tensão com animais irá curtir bastante mesmo com leves defeitos, ou seja, até poderiam ter ido mais a fundo na história de onde vieram os jacarés, nos problemas da pequena cidade com seu dique prestes a explodir em qualquer tempestade, que certamente teríamos um filme ainda mais forte, mas aí precisaria de mais história, mais orçamento, mais tudo, e não era essa a proposta, então vamos deixar assim que já vai agradar o pessoal, e recomendo ele dessa forma também. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Abominável em 3D (Abominable)

9/28/2019 06:32:00 PM |

É lindo ver a simbologia chinesa funcionando em peso nas animações, e quando o tema amor e família se encaixa o resultado acaba indo para rumos belíssimos cheios de cores e envolvimentos. E usando desse bom resultado, ver "Abominável" é quase como se envolver numa amizade inesperada, aonde a jornada da vida acaba fluindo junto com a aventura dos personagens no caminho do Everest. Ou seja, temos um filme tão gracioso e leve, que até demora um pouco para engrenar, mas que passa algo tão gostoso durante a sessão que acabamos nos envolvendo e até se emocionando, porém, não digo que seja um filme para os pequenos mais agitados, pois esses acabarão se cansando até o ritmo esquentar, ainda mais que a protagonista é violinista (algo que não é para muitos!).

O longa nos situa em Shanghai na China, aonde conhecemos Yi, uma adolescente que, certo dia, descobre que um yeti está no telhado do prédio em que ela mora. A partir disso, ela e seus colegas passam a chamar a criatura mística de "Everest" e, ao criarem laços com o animal, decidem levá-lo até sua família, que está no topo do planeta. Porém, os três amigos terão que conseguir despistar o ganancioso Burnish e a zoóloga Dra. Zara, que querem pegar o yeti a qualquer custo.

A diretora e roteirista Jill Culton, que já trabalhou em diversas outras animações, sabia bem o que desejava entregar em seu filme, que era o envolvimento de uma jovem que não está mais tão conectada com a família, nem com amigos, mas que ao conhecer e cuidar de um yeti no topo do seu prédio, acaba se conectando a ele e decidindo ajudar o bichão a voltar para sua casa/família, e que no miolo daria mais atenção à outras coisas que não ligava, de modo que o filme vai se expandindo bem, temos alguns atos bem interessantes que quem reparar bem no começo (e até mesmo quem não notar) irá se emocionar muito ao ver o que o bichão irá proporcionar também para a garota que lhe ajudou, e nesse âmbito de amizade a trama funciona muito bem com as características individuais de cada um. Mas aí vem aqueles me perguntar: "Coelho, sendo uma animação, o filme vai cativar todas as idades, desde os mais pequenos?", e a resposta é bem rápida: Não! E digo isso com toda a clareza que vi algumas famílias até indo embora, outras crianças saindo muito das sessão, e até uma mãe acalmando um filho numa das cenas mais tensas e fortes no final do longa, ou seja, é um filme que pegará melhor os mais jovens e adultos, pois a proposta está na essência, e mesmo ele tendo muitas cores, bichinhos bonitinhos que fazem gracinhas e tudo mais, a trama tem um tempo meio lento no começo que depois acelera firme, e a galerinha menor já quer no primeiro ato a bagunça pegando fogo, e esse não é um filme para isso. Sendo assim, podem até levar os pequenos para conferir, mas a diretora não fez esse propriamente voltado direto para os menorzinhos.

Sobre os personagens, diria que o carisma no olhar do grandalhão Everest é daqueles que só a Dreamworks sabe fazer, que acabamos conectados de tal forma com o bichão que a cada bobeira sua, a cada movimento de seus poderes para se comunicar com a natureza, que a cada envolvimento que passa o resultado flui tão bem que acabamos apaixonados por ele, querendo amassar e sentir sua textura, ou seja, envolve demais. Quanto aos demais animais da trama, a cobrinha só foi usada para dar uma graça a mais no filme, e o ratinho foi pouco usado durante o longa, funcionando mais nas fotos dos créditos, mas ambos junto com o grandalhão serviram para mostrar a vontade dos vilões em querer animais exóticos. Os personagens humanos também são bem graciosos, desde a protagonista Yi com sua dinâmica mais rebelde, mas com um vértice amoroso também por dentro, que passa por diversos problemas de forma que acabamos nos envolvendo com ela também, e aqui a dublagem de Mharessa foi bem coesa e inteligente, de modo que acabamos gostando bem de tudo o que ela entrega. Os jovens Peng e Jin também foram bem divertidos e interessantes, com o menor fluindo pela dinâmica alegórica bem colocada, enquanto o maior já mostrando mais o lado romântico de galanteador com estilos próprios bem colocados nos diálogos e que agrada bastante de ver em tudo. Quanto dos vilões, diria que tivemos boas sacadas com as atitudes de cada um, vemos algo meio que abusivo e forte em algumas cenas, mas de modo geral funcionam com as situações em que estão colocados, e assim sendo o resultado é bem feito por todos, mesmo nos atos mais bobinhos.

O lado visual da trama também agrada bastante, com lindas paisagens por pontos turísticos e outros mais envoltos à natureza, ótimos elementos cenográficos para brincar com cores e situações, de modo que o filme mesmo não sendo tão forte de texturas (tirando o yeti), o resultado acaba cativante e bem trabalhado. Quanto do 3D, diria que temos algumas poucas cenas bem feitas que funcionam na trama, mas nada que vá empolgar ninguém que goste de longas com a tecnologia, tendo algumas profundidades que acabam ficando em segundo plano pela fotografia bem branca do personagem principal, e outras com alguns elementos sendo arremessados e apontados para fora da tela como a vareta do violino, ou algumas frutas, flocos e folhas.

Agora um ponto lindíssimo da trama ficou a cargo das escolhas musicais bem trabalhadas, muito envolvimento pelos acordes do violino, e uma versão feita apenas para o filme de Fix You do Coldplay, ou seja, emoção garantida nos diversos atos musicais da trama. E aqui deixo o link tanto das canções do filme, quanto da versão maravilhosa de Fix You.

Enfim, não é uma obra de arte daquelas que vamos nos apaixonar e querer ver a todo momento, mas é um filme bem bonito mesmo, com uma história gostosa de curtir, que envolve bastante e que chamará a atenção do público para as diversas mensagens subliminares, ou seja, os pequenos até irão se conectar em alguns momentos, mas os maiores irão chorar ou se envolver bem mais, sendo que recomendo mais para esses. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Ad Astra - Rumo As Estrelas (Ad Astra)

9/28/2019 02:24:00 AM |

Filmes com temáticas espaciais sempre costumam trazer muito simbolismo para diversos temas que o rodeiam, e não seria diferente com "Ad Astra - Rumo as Estrelas" que entrega algo que costumo reclamar muito, mas que foi feito de uma maneira tão funcional para a trama que me vi conectado com cada momento em que o protagonista narra os seus sentimentos, e isso deu o clima para a trama, fazendo com que o público sentisse quase que o mesmo ar de angústia, de solidão e de vontade de ir para cima como é o caso que vemos na telona (aliás sempre recomendo nesse estilo de filme ir na maior sala possível, pois mesmo não sendo 3D, a imersão ajuda demais na narrativa). Ou seja, o longa é daqueles filmes que quem não curte muito um dramão familiar pesado, aonde as buscas por alguém e pelo seu próprio alguém acabam fluindo de maneira densa, cheia de ícones para imaginarmos diversas situações, mas que muito bem amarrado por um protagonista imponente de atitudes e desenvolturas, acabamos entrando no clima do filme e saindo pensando em tantas coisas quanto o protagonista também com o que acabou fazendo.

O longa nos conta que Roy McBride é um engenheiro espacial que decide empreender a maior jornada de sua vida: viajar para o espaço, cruzar a galáxia e tentar descobrir o que aconteceu com seu pai, um astronauta que se perdeu há vinte anos no caminho para Netuno.

É engraçado como o estilo de um diretor fica marcado nas obras que faz, e James Gray tem essa pegada intimista com protagonistas, colocando geralmente muitas reflexões em suas tramas, e principalmente deixando que o fluxo da história ficasse marcado pela essência em si, não necessitando de grandes firulas, nem ousando para atitudes desenfreadas, e aqui mesmo que o longa entre num vértice bem fictício como a ida para Netuno, passando antes pela Lua e por Marte, com explosões radioativas, personagens voando no espaço, animais desesperados atacando com muito ódio e tudo mais, a perspectiva principal fica voltada a todo momento para a baixa respiração do protagonista, sua história de síntese solitária, e claro, seus objetivos e meios para conseguir, os quais geralmente acabam sendo levemente absurdos e estranhos de acreditar na possibilidade (tanto a entrada na nave, quanto a volta final) de sucesso, mas que na ideia do diretor e roteirista foi possível e funcional. Ou seja, é um filme bem denso, que envolve demais, que vai parecer alongado e cansativo por não ter cenas fortes ou de grande impacto, mas que se torna tão preciso que nos vemos quase que mergulhados em tudo o que é passado, e com isso, o resultado funciona bem.

Diria que Brad Pitt já está até com sua cadeira reservada nas premiações que virão, pois novamente o ator se entregou de uma forma tão imponente, trabalhando trejeitos simples, controlando sua respiração para não ficar ofegante em momento algum, e captando uma densidade tão forte com seu Roy que passamos a segui-lo com muita empatia, ou seja, até mesmo nos seus momentos mais tensos (e errados) acabamos achando que ele fez certo determinado ato, e assim sendo ele nos convence demais com o papel, encontrando a demarcação mais correta e precisa que o filme desejava ter para o protagonista. Praticamente o protagonista leva o filme como sendo somente seu, mas ainda temos boas cenas precisas e bem expressivas de Tommy Lee Jones como Clifford (o pai do protagonista), que consegue ainda entregar tanta personalidade que ficamos bobos de ver, temos ainda Donald Sutherland sabendo encontrar precisão nos olhares e movimentos de imposição para seu Pruitt, e além deles ainda temos muitos bons tripulantes das naves para encaixar cada momento com a desenvoltura mais correta possível, ou seja, um elenco amplo que deixa o protagonista se destacar, mas que está pronto para o que o diretor precisasse mostrar, incluindo claro Liv Tyler tendo mais um marido indo para o espaço, o que ocorre desde que era apenas a filhinha de Steven Tyler lá em "Armageddon".

No conceito cênico a trama soube brincar com o espaço, mostrando bem os planetas do nosso sistema solar, todo o lixo metálico que o homem tem abandonado pelo espaço, ousou em mostrar como seriam as cidades na Lua e em Marte, como são as viagens por pesquisa e as comerciais, e claro trabalhou também as guerras existentes por tecnologia e equipamentos com piratas e tudo mais, além disso a trama soube encantar com simplicidades momentâneas nos olhares, refletiu com ambientes calmos em contraponto aos imponentes atos de emoção, e com muita simbologia trabalhou cada elo cênico, cada objeto, cada carta tecnológica que fez do filme algo além do ambiente em si mostrado na telona, que praticamente entregou junto da ideia original do diretor um filme artisticamente inovador e perfeito de detalhes. A fotografia brincou muito com as cores comuns dos planetas e satélites, trabalhando bem as cenas com muito sol, muita luz, escuridão total, e claro deu para as estrelas toda uma perspectiva visual perfeita, mostrando que a equipe de fotografia gosta bastante de acompanhar os astros celestes.

Um ponto fundamental na trama ficou a cargo da sonoridade, que como bem sabemos no espaço temos o famoso vácuo e não temos som, então em diversos atos apenas ouvimos as respirações do protagonista, seus momentos reflexivos, e que com uma mixagem perfeita nos faz entrar no clima, mas não apenas de silêncio se vive uma boa trama, e com uma trilha sonora orquestrada de primeira linha acabamos ganhando um ritmo bem vivo, cheio de inflexões, que acabam resultando em algo muito bonito de se ver, e claro, ouvir.

Enfim, é um filme que muitos podem odiar pelo estilo mais clássico, cheio de reflexões, narrações e tudo mais, mas que quem entrar no clima acabará bem conectado com cada momento, se verá nas mesmas dúvidas do protagonista, e sonhará com a vastidão do espaço, o que é muito bacana de imaginar, e sendo assim, recomendo com certeza o filme para todos que gostem de dramas espaciais, e vamos aguardar para ver as premiações, mas acredito muito que o filme terá algumas boas indicações. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

PS: provavelmente irão me perguntar se o filme me envolveu tanto, então qual o motivo da nota abaixo, e respondo bem rapidamente, que o filme ficou bem no meio do caminho do vamos falar mal da exploração espacial, com a famosa necessidade de se fazer isso em breve, ou seja, poderiam ter discutido mais as atitudes dos homens, e menos as reflexões, mas aí o filme seria outro.

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Vai Que Cola 2 - O Começo

9/26/2019 12:34:00 AM |

É fácil dizer que "Vai Que Cola 2 - O Começo" é melhor que o primeiro filme, pois lá a bagunça, a gritaria, e os exageros fazem com que qualquer um em bom estado mental sai reclamando do longa, e aqui embora ainda forcem bem a barra, o resultado expõe um pouco melhor as ideias, mostra como todos acabaram se conhecendo em meio a grandes confusões, e mesmo abusando de estilos, o filme tem uma certa fluência, agradando com o que mostra, e digo agradando apenas, pois divertir mesmo passa bem longe, de modo que raramente você consegue rir de alguma situação da trama, tendo um ou outro momento que faz você sorrir da boa sacada, mas que deixaram tudo para as cenas de erros durante os créditos. Ou seja, é um filme razoável, que segue bem a moda, que até lembra mais a série da TV, mas que não diverte pelas situações, como é casual numa boa comédia, ficando algo meio que sem jeito que funciona apenas como um começo mesmo como o nome diz.

A trama nos mostra que muito antes de socializarem quase todos os dias na pensão da Dona Jô, Jéssica, Ferdinando, Máicol sequer se conheciam. Mas Terezinha decide organizar uma grande feijoada no Morro do Cerol, todos eles se encontram pela primeira vez, da maneira mais inusitada possível.

Não vou ficar enfeitando o doce para falar que César Rodrigues, que é o diretor da série e foi o diretor do primeiro filme conseguiu manter a essência que sempre fez, marcou bem os personagens, e principalmente brincou para mostrar como tudo pode ter ocorrido antes deles chegarem na pensão, que é algo que muitos lhe perguntavam na série, mas lá não dava para contar tudo isso, porém a sacada do programa de TV são as boas esquetes rápidas (ou ao menos era quando vi alguns episódios bem no começo!), e aqui isso acaba não acontecendo, pois em um filme a trama tem de se segurar sozinha sem poder ter rápidos momentos espalhados, ou seja, o que ele fez, dividiu o filme em alguns atos separados que são bem conectados entre si, e ali conseguiu encontrar um pouco mais de atitude e bons encaixes, ou seja, o diretor fez o que sabe fazer e entregou um filme de início de franquia realmente, aonde vemos o antes de tudo o que já vimos, embora falte diversão para funcionar realmente como um longa de comédia.

Quanto das atuações, volto a frisar o mesmo que disse no primeiro longa, todos sem exceção foram exagerados, cada um de uma forma diferente, mas ao menos trabalharam seus papeis com bom tom chamando a atenção para o que desejavam, como Marcus Majella com toda a gritaria de seu Ferdinando, Samantha Schmütz tentando ser sensual, mas só pagando de periguete com sua Jéssica, Emiliano D'Ávila forçando a barra para parecer o burro pegador, Cacau Protásio sendo a tradicional dona do morro que grita para conseguir as coisas, e claro, Catarina Abdala brincando e se divertindo bem como Dona Jô (essa aproveitou e muito o filme estampando na cara o sorriso com suas cenas). Fiorella Mattheis tentou não mostrar seus dotes corporais, ficando como homem a maior parte do tempo, mas ao final botou o corpo para jogo com sua Velna. Silvio Guindane forçou trejeitos com seu Lacraia. Enquanto Érico Brás e Fabio Lago tiveram momentos divertidos com seus Afrânio e Tiziu, de modo que valeria ter apostado mais nos personagens, mas aí sairia do eixo da trama.

O contexto visual foi bem trabalhado para mostrar o Méier, o bailão da comunidade, e alguns momentos dentro de ambientes marcados como a casa da Dona Jô que viraria uma pensão no futuro e o bar/cúpula dos mafiosos, mas nada que impressionasse sem ser o colorido visual predominante, e as cenas rápidas bem resolvidas com elementos cênicos corretos para cada ato, ou seja, felizmente não vemos exageros cênicos para forçar nada, meio que funcionando quase como no programa com o cenário giratório.

Enfim, é um filme simples, que não vai impressionar muito, mas que funciona no que se propõe, de mostrar o início do grupo que muitos apenas conheceram na série da Multishow, outros no primeiro filme em 2015, e assim sendo levemente melhor que o longa inicial por não ser tão cheio de gritaria, mas que poderia ser muito melhor se tivessem trabalhado melhor a comicidade ou até mesmo as referências de outros filmes, que aí sim o longa agradaria bem mais a todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Marés

9/25/2019 12:43:00 AM |

É interessante pararmos para pensar sobre os efeitos do álcool, pois geralmente costuma trazer mais problemas para as pessoas ao nosso redor do que sequer imaginamos, e tentar resolver esse problema antes mesmo de perder tudo é o que o filme "Marés" tenta trabalhar, chego até a brincar com o fato duplo da linguagem que coloca a maré de sorte, ou a maré de festas se contrapondo com a maré ruim da perda da família, da carta de habilitação, entre outras mais que podem ocorrer e o longa transmite bem com cenas didáticas entre si, e com um desenrolar até bem convincente de estilos. Ou seja, o filme não apenas entrega os atos em si, mas mistura até mais dentro de uma proposta coerente e cheia de atitudes, brincando com coisa séria, e entregando o filme com um vértice aberto envolvendo bebidas, drogas, artes, política e muito mais, que funciona, mas que certamente poderia ter ido muito além, afinal ritmo bem cadenciado tinha para abranger tudo, era apenas questão de não se apressar.

O longa nos conta que Valdo é um fotógrafo muito talentoso que está se separando de esposa, Clara, com quem tem uma filha de três anos. Depois de anos negligenciando o alcoolismo em sua vida, ele se vê em uma situação muito arriscada e percebe que dar continuidade a essa condição significa perder a guarda da filha que tanto ama.

Como é de praxe dos longas que vem no Projeta as Sete, o diretor e roteirista estreante João Paulo Procópio mostra com uma abertura bem moldada para trabalhar não apenas a personalidade do protagonista com seu problema com bebidas, bem como trabalhar a arte com uma visão marginalizada, aonde vemos o estilo do personagem principal, vemos suas convicções, sua falta de enfrentamento com ele mesmo, e principalmente vamos na síndrome do amanhã eu paro, só hoje, isso não vai me derrubar, mas que no decorrer vemos que qualquer motivo vira um estorvo e o recomeço de todos os problemas voltam a atacar. Ou seja, o diretor soube utilizar bem seu tempo de tela, trabalhou bem as atuações, e principalmente deu efeito para o tema, mesmo que usando alguns atos até que levemente forçados para segurar seu estilo.

Sobre as atuações diria que Lourinelson Vladmir conseguiu captar toda a essência do roteiro e se entregar completamente para todos os atos que seu Valdo necessitava fazer algo mais elucidativo ou com ênfases mais fortes, e dessa forma ele acaba mostrando uma personalidade bem colocada, consegue chamar a atenção, e principalmente consegue dominar o filme, fazendo os atos inconsequentes terem força, mas também trabalhar seus desesperos de uma forma coerente e bem feita, ou seja, um ator que não conhecia, mas que vale a pena ficar de olho. Quanto aos demais, ou melhor as demais já que a maioria é feminina ao redor do protagonista, tendo até alguns amigos, mas nada que chamassem atenção, diria que todas foram simples demais perto de tudo o que o roteiro permitia, de modo que até Julieta Zarza recai para trejeitos fáceis com sua Clara, e com isso não consegue fluir muito mais do que poderia, deixando com que o protagonista tivesse quase um longa solo.

No conceito visual da trama, tivemos bons elementos moldados dentro da casa do protagonista, para mostrar a desenvoltura do fotógrafo, tendo até uma exposição sua na própria casa já que não consegue entrar em museus, mostra suas loucas festas regadas a bebidas e a sexo, e claro mostra os diversos problemas do protagonista com muita bebida ao redor dele, de modo que vemos cada ato bem marcado pelas situações, e o resultado funciona, porém nada é grandioso de essência visual, deixando que a trama funcionasse muito mais pelo roteiro e pela atuação do protagonista do que pelos símbolos presentes no visual do longa.

Enfim, é um filme simples, mas muito bem desenvolvido, que agrada por mostrar um resultado efetivo em cima do que se propôs, e resulta em algo que muitos até vão achar como algo cult ou propenso à desenvolturas não muito formadas, com alguns excessos e tudo mais, mas que passa bem a mensagem. Sendo assim, recomendo o filme, e torço para o diretor se manter dessa forma, pois se agradou no primeiro trabalho, a chance de fazer bons filmes é alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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O Maior Presente (El Mayor Regalo) (The Greatest Gift)

9/24/2019 12:42:00 AM |

Chega ser até difícil falar de um documentário que trata de um tema tão abrangente como o perdão, mas que não se leva a sério na construção da trama, brincando com uma ficção bagunçada para mostrar que os bandidos e mocinhos de um faroeste não deveriam se matar, nem brigar, nem trair, nem enforcar, muito menos ter ideologias sociais, trabalhando isso com situações reais aonde pessoas, famílias e países sofreram atos violentos de alguma forma, e ao invés de desejarem o mal perdoaram os culpados para que sua vida seguisse em frente de uma forma melhor. Ou seja, "O Maior Presente" é um filme religioso, já que usa muito das palavras católicas envolvendo o perdão de Deus e tudo mais, mas que brinca muito com toda a dinâmica, e embora force com histórias prontas, a trama tem uma essência bacana de acompanhar (principalmente após o primeiro trecho que é meio arrastado demais!), que faz com que quem goste do estilo documental até se incomode um pouco com os exageros da parte fictícia, mas que de certa forma entrega o que se propôs que era mostrar os diversos tipos de perdão que já foram feitos nos últimos anos.

O longa nos mostra que no set de filmagem de um faroeste, todos estão prontos para gravar a última sequência do filme. Porém, em um piscar de olhos, o diretor muda de ideia e decide alterar o clássico final feliz, tendo em mente que vingança na verdade não traz felicidade ou solução alguma. Ele passa então a viajar pelo mundo a cavalo em busca de uma finalização melhor para guerras e conflitos.

Diria que o diretor Juan Manoel Cotelo é daqueles malucos que sabem o que querem fazer, mas que para isso gostam de experimentar possibilidades diferentes e estranhas em seus longas, e algumas vezes isso dá certo, em outras beira o absurdo. E aqui, a parte documental da trama é envolvente, emociona pelos atos, e até chega a ser forte por mostrar algumas pessoas junto dos assassinos de seus filhos, e parentes falando super de boa (tudo bem que acredito no perdão e tudo mais, mas não consigo ver a felicidade deles falando e convivendo juntos como é mostrado no filme!), em outros casos vemos situações mais normais e usuais de acontecer como o caso da garota que perdeu as pernas, do marido abandonado, entre outros, e a trama funciona bem nesse conceito, porém forçar a comicidade estranha na parte ficcional acabou quase desandando completamente o filme, e isso não é algo bom de ver. Ou seja, temos um documentário emocionante, forte e preciso de situações, mas que brinca demais com um viés forçado que não agrega praticamente nada para a trama, e assim sendo o resultado fica bem no meio do caminho também.

Não costumo falar muito sobre a essência dos documentários, pois acredito que uma trama bem contada funciona bem em qualquer estilo, e aqui vemos de uma forma até que bem envolvente os diversos entrevistados contando bem suas histórias sobre os diferentes tipos de perdão que são introduzidos no mote de acordo com a forma de vingança contrária que os personagens fictícios se propõem a fazer, e isso até é inteligente por parte do diretor/roteirista para não precisar ser explicativo com textos ou narrações, só poderia ter trabalhado melhor os personagens, e não ter jogado tanto para o eixo cômico, que aí sim, cada momento emocionaria muito e funcionaria perfeitamente dentro da proposta. Ou seja, temos um bom documentário sobre pessoas que perdoaram seus agressores, suas traições, os assassinos da sua família, que funciona bem dentro do formato escolhido, mas que passa longe de uma obra-prima do estilo, que até emocionará alguns com tudo o que é mostrado, mas que o diretor poderia ter pesquisado mais, ter desenvolvido mais as cenas, e aí certamente o resultado seria outro.

Enfim, é um filme que tem um estilo, que passa a mensagem, mas que falta muito para funcionar como deveria, pois inicia com um ritmo completamente fora do usual, cansa com as propostas bobinhas da parte fictícia, e ao exagerar na quantidade de temas diferentes de perdão acaba soando até repetitivo em muitos atos, ou seja, certamente vai tocar alguns e esses até dirão que o filme é perfeito, mas a maioria se irritará mais do que gostará do que verá na tela. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Divaldo - O Mensageiro da Paz

9/23/2019 01:00:00 AM |

Alguns filmes costumam nos tocar mais que outros, e certamente "Divaldo - O Mensageiro da Paz" possui uma daquelas essências marcantes que acabam entrando em nossa mente emocionando com diversos atos de caridade, de espírito emocional forte, e que com muita desenvoltura, um carisma próprio entre os protagonistas, e ótimas mensagens no conteúdo conseguem levar toda a ideia da trama para um ar mais alto do que é possível imaginar, de forma que vemos entramos na sessão de uma maneira, e saímos de outra completamente diferente, afinal o ar humano do protagonista passa muito mais do que apenas um simples filme. Já afirmei outras vezes que deveriam investir muito nos livros espíritas para o cinema nacional ir muito além, e aqui temos mais um bom exemplo de resultado dando certo, que não precisou nem usar de efeitos especiais exagerados, trabalhando bem os dois planos sem forçar nada, e ainda envolvendo demais em tudo.

O longa nos conta que convivendo com a mediunidade desde os quatro anos, Divaldo era rejeitado pelas outras crianças e reprimido pelo pai. Ao completar 17 anos, o jovem decide usar seu dom para ajudar as pessoas e se muda para Salvador, com o apoio da mãe. Sob a orientação de sua guia espiritual, Joanna de Ângelis, ele se torna um dos médiuns mais importantes de todos os tempos.

Fui bem criterioso ao falar do primeiro filme do diretor Clovis Mello lá em 2015 ("Ninguém Ama Ninguém Por Mais de Dois Anos"), e posso dizer sem sombras de dúvida que ele melhorou consideravelmente seu estilo, trabalhando aqui algo muito mais seguro, com uma essência bem encontrada, sabendo onde e como chegar, de forma que vamos nos emocionando com cada momento, se divertindo com as cenas cômicas bem colocadas, e principalmente acreditando no que nos é dito, pois não apelando para músicas emotivas, nem efeitos forçados com luzes (como muitos costumam usar em filmes de espíritos), o resultado final acaba mostrando que o diretor não apenas fez a doutrina espírita ser bem vista no longa, como também soube homenagear bastante esse enorme difusor da doutrina, que ainda se encontra vivo, e que certamente se emocionou bastante ao ver sua vida contada tão bem por três ótimos atores. Ou seja, o diretor foi conciso no estilo, soube encaixar o roteiro com sinceridade e ritmo, e com o dever de casa bem feito, fez todos se emocionarem na sessão, o que é um grande acerto.

Sobre as interpretações, posso dizer logo de cara que o trio que faz o protagonista encontrou tanta personalidade para criar suas cenas que acabamos envolvidos desde o jovem garotinho que inicialmente tem muito medo dos espíritos, mas que depois se envolve e até faz piadas, vivido por João Bravo, depois passamos para o jovem bem encontrado, com uma desenvoltura perfeita de estilo, que sabe bem encaixar toda o carisma e envolvimento do personagem, de modo que ficamos muito próximo do que Ghilherme Lobo nos entrega, e por último, mas não menos importante, já vemos Divaldo com toda sua essência, sabendo bem o que quer de sua espiritualidade, e já com seus projetos em andamento sendo vivido por Bruno Garcia com muita força visual e imponência para agradar bastante, ou seja, um trio de luxo perfeito em tudo. Outro que certamente não apostaria de forma alguma era no comediante Marcos Veras como o espírito obsessor fortíssimo, cheio de olhares e trejeitos que acaba até sendo tenso de ver, mas que com boas sacadas acabou transformando o personagem e acertando em cheio em todas as cenas. Na outra ponta tivemos Regiane Alves também perfeita como Joanna de Ângelis, a guia espiritual do protagonista, que com um ar envolvente, uma forma de dizer tudo com muita firmeza, mas com leveza, acaba nos envolvendo demais. Além desses temos de dar destaque para Laila Garin como a mãe do jovem muito bem trabalhada, e Bruno Suzano e Osvaldo Mil também muito bem colocados como Nilson nas duas fases.

No conceito visual a trama soube nos envolver com uma boa recriação de época lá nos anos 30, trabalhando todo o charme das festas e viagens de trem que eram bem colocadas, bem como as reuniões espíritas em casas de famílias, até chegarmos no início do desenvolvimento da fundação que hoje cuida de diversos órfãos e necessitados criada pelo protagonista, ou seja, a equipe de arte foi coesa de detalhes, e volto a frisar, não abusou de efeitos especiais, soube trabalhar bem os figurinos e criou um filme simples de encaixes, mas que emociona pela boa essência passada nos detalhes, ou seja, funciona bem demais. A fotografia também não apelou muito para tons fortes, nem iluminações fora de contexto, criando um longa com determinação correta para emocionar, criar dramaticidades e ser funcional tanto para a doutrina, quanto para a homenagem em si.

Enfim, é um filme bem bonito de assistir, que emocionará muitos, e que mostra que o cinema de gênero (no caso religioso) é um dos mais poderosos no país, e que se bem desenvolvido pode alçar voos maiores do que pensam, e vamos torcer muito para isso. Aliás, o filme se vale não apenas para adeptos do espiritismo, mas com certeza envolverá a todos que acreditam na caridade e no ajudar ao próximo, e isso se faz valer para todas as religiões e pessoas do mundo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve, afinal ainda tenho muitos longas para conferir nessa semana, então abraços e até logo mais.

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Midsommar - O Mal Não Espera a Noite

9/22/2019 07:10:00 PM |

Chega a ser tenso pensar em tudo o que o longa "Midsommar - O Mal Não Espera a Noite" transmite para o público, pois diferente de outros longas do gênero terror que costumam assustar ou causar um horror mais forte por meios mais comuns, aqui a cultura de um povo acaba sendo a ideologia chocante, meio que quase um estudo antropológico que vemos de uma forma bizarra como espectadores, aonde vemos os protagonistas se doparem com drogas naturais, irem em rumos excêntricos, e principalmente se envolverem em situações tensas e fortes, que rumam para algo de certa forma inesperado, mas que envolve, causa algo intenso no público, e funciona, pelo menos para quem gosta de algo bem diferente. E assim sendo não posso dizer que seja o filme do gênero mais impressionante do ano, mas que certamente irei pensar muito ainda nas coisas estranhas que me foram mostradas na telona.

A sinopse nos conta que Dani e Christian formam um jovem casal americano com um relacionamento prestes a desmoronar. Mas depois que uma tragédia familiar os mantém juntos, Dani, que está de luto, convida-se para se juntar a Christian e seus amigos em uma viagem para um festival de verão único em uma remota vila sueca. O que começa como férias despreocupadas de verão em uma terra de luz eterna toma um rumo sinistro quando os moradores do vilarejo convidam o grupo a participar de festividades que tornam o paraíso pastoral cada vez mais preocupante e visceralmente perturbador.

O diretor e roteirista Ari Aster, que fez o controverso "Hereditário" no ano passado, agora nos permeia numa produção entre EUA, Suécia e Hungria que vai florear muito a imaginação daqueles que pensam já ter visto de tudo no gênero terror, pois aqui cada cena é básica para algo completamente diferente, cheio de propostas estranhas, mas que funcionam para perturbar o imaginário, de tal forma que mesmo não sendo pessoas que frequentem rituais, ou até mesmo raves estranhas, acabamos nos sentindo como personagens do rito que a trama nos impõe, e isso é algo que poucos diretores conseguem. Ou seja, não temos uma trama assustadora por aí própria, mas ao sentir todo o desenvolvimento estranho, toda a proposta de fazer com que os jovens façam parte do ritual, que através das drogas fortes e sinistras que tomam, o desenrolar acaba fluindo tanto que ficamos chocados com tudo, e isso como costumo dizer, é a outra forma correta de um longa de terror funcionar, por mais bizarro que possa ser ver cada ato do longa.

Sobre as atuações, diria que alguns foram meio que jogados na trama por algum motivo meio que sem nexo, e até nem necessitaria dos personagens meio que idiotas, que no final até serviram para algo, mas era só mudar o número místico de 9 para 6 que estaria tudo certo, mas como não sou eu quem decide o que está certo ou errado num roteiro, poderiam ter exigido ao menos umas caras melhores para alguns personagens, pois até os figurantes saíram bem no longa, então, porque não os secundários não foram melhores. Tirando esse detalhe, posso falar com certeza que a protagonista Florence Pugh com sua Dani nos entregou uma mulher apavorada com tudo, completamente desequilibrada, mas que com o andar da trama consegue segurar o andamento da personagem, e se entrega para que os atos funcionem bem, e isso é algo que vale muito no estilo, além de que não força suas emoções, e agrada também bastante com isso. Jack Reynor trabalhou seu Christian de modo a vermos um personagem meio que perdido de ideias, e que não liga de forma alguma para qualquer pessoa ao seu lado, seja um amigo ou qualquer outra coisa, e com isso ele aparentou levemente perdido de atitudes, sem muitas perspectivas, mas entregando um resultado ao menos, e isso faz valer seus momentos. Will Poulter com seu Mark foi um dos que falei que não sabemos o que estava fazendo na produção, pois já é um ator com um certo nome, e aqui fez nada mais do que o amigo bobo do grupo, que faz algumas cagadas desnecessárias, e isso não é bacana de ver. William Jackson Harper até teve alguns atos interessantes com seu Josh, mas nada que realmente impressionadas, de modo que paga pelo que faz, e ao menos se expressou bem. Quanto aos demais, temos de ser coerentes que praticamente todos da comunidade foram imponentes em suas atitudes, conseguiram chamar a atenção quando era necessário na sua cena, e só isso já faz terem um mérito de destaque, mas ainda assim vale pontuar tanto Julia Ragnarsson como Inga e Vilhelm Blomgren com seu Pelle, pois ambos tiveram mais participação nos atos marcados, e incorporaram bem os momentos que foram usados.

Diria que a equipe de arte está até agora querendo matar o diretor pela quantidade de detalhes pedidos para colocar na cenografia, mas que foram de uma precisão tão incrível de ver que faz toda a diferença, dando textura para as cenas, sendo forte de impacto nas mortes, mas principalmente sendo representativa para elucidar a curiosidade da do público antes mesmo das cenas acontecerem, e isso mostrou todo o trabalho bem feito pela direção de arte para que o resultado fosse até maior que os atos, trabalhando cada pedacinho de cena como algo de estudo antropológico funcional, que faz com que o público até acredite existir algum tipo de comunidade/seita da mesma forma que aparece no longa, e que talvez tivesse sido estudada pelo diretor para ser tão bem representada na telona da forma que acabou sendo. Quanto da fotografia, certamente tiveram muito trabalho no estudo das cores do longa, pois fazer um filme de terror funcionar quase que se passando 100% de dia é algo que poucos conseguiriam, e aqui tudo causa, e até mesmo com uma cena branca total, a tensão fica incrementada.

Enfim, é um filme bem diferente que funciona dentro do que se propôs a entregar, que certamente causará um estranhamento por parte de quem for esperando alguma coisa mais comum dentro do terror, mas que quem for preparado para um filme diferente certamente irá ficar tenso com tudo, e o resultado irá agradar bastante. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Dor e Glória (Dolor y Gloria) (Pain and Glory)

9/21/2019 06:55:00 PM |

Raramente vemos diretores contando suas próprias histórias em um filme, de modo que é muito mais usual vemos algum outro criar vértices em forma de homenagem, ou até mesmo transformar algum livro sobre determinado realizador (na maioria das vezes depois desse estar morto!) em longa, mas aqui em "Dor e Glória", Almodóvar resolveu mostrar de uma forma mais figurativa um pouco de sua vida, suas paranoias, alguns relacionamentos, sua forma de escrever, as drogas e claro os amores também (incluindo sua mãe!) de uma maneira suave e envolvente, que faz com que o público por vezes pense: será que realmente foi assim, ou será que isso é inventado. E com essa proposta o diretor permeia sua glória, ou melhor a do protagonista Salvador com as dores múltiplas, o cansaço da vida pós a morte da mãe, e claro como isso refletiu em tudo. Ou seja, um filme misto entre verdades e ficção que consegue soar muito gostoso de conferir e que acaba sendo interessante demais por todas as facetas de memória e sensibilidade que o diretor conseguiu transmitir, não ficando nem muito pesado como diversas de suas obras, nem floreado como outras, muito menos confuso como algumas, sendo seu filme de maior desenvoltura comercial, sendo que esse não era o seu objetivo.

O longa narra uma série de reencontros de Salvador Mallo, um diretor de cinema em declínio. Alguns físicos, outros de suas lembranças: sua infância nos anos 60, quando ele emigrou com os pais para Paterna, uma cidade de Valência em busca de prosperidade, o primeiro desejo, seu primeiro amor adulto e em Madrid, nos anos 80, a dor do fim desse amor, quando ele ainda estava vivo e pulsante, a escrita como a única terapia para esquecer o inesquecível, a descoberta precoce do cinema e do vazio, o vazio imensurável diante da impossibilidade de seguir. O filme fala da criação, da dificuldade de separá-la da própria vida e das paixões que lhe dão sentido e esperança. Na recuperação de seu passado, Salvador encontra a urgente necessidade de narrá-lo e, nessa necessidade, encontra também sua salvação.

Chega a ser até respeitoso a forma que Pedro Almodóvar se retrata na trama, pois geralmente olhar para dentro e se ver não é algo muito fácil, e aqui ele trabalha quase que como outro diretor lhe homenageando após ouvi-lo num confessionário ou num bar após uma longa sessão de desabafos e angústias, de modo que vemos em seu filme um retrato não apenas visual, afinal Antonio Banderas está a cara do diretor, como também um álbum de memórias, com referências a diversos filmes seus espalhados pela trama, alguns mais explícitos, outros mais em segundo plano, mas sempre trabalho o momento, não ficando como algo funcional para a vida do diretor, mas sim funcional para a trama, para que ela tivesse uma essência, ficasse doce e ao mesmo tempo melancólica, mas como ele nos diz em determinado momento do filme, bom ator não é aquele que mostra o choro, mas sim aquele que consegue mostrar que está segurando o choro, e aqui vemos isso em diversos atos como se ele não quisesse chorar suas mágoas e dores, mas sim segurar soltando tudo o que viveu e como gosta de ter vivido aquilo daquela forma, e isso acaba sendo lindo de ver.

Sobre as atuações, basicamente temos de aplaudir mais uma vez Antonio Banderas, que inclusive levou o prêmio de melhor ator em Cannes pelo longa, pois conseguiu dar vértices tão perfeitos para sua atuação de forma que vemos um Salvador cheio de histórias sendo refletidas, cheio de sentimentos, e principalmente passando exatamente a sensação que o diretor desejava mostrar em seu filme, transparecendo olhares e vivências de uma forma tão gostosa que se o filme tivesse mais duas horas assistiríamos com gosto cada interpretação sua, além de a equipe de maquiagem e caracterização o deixar a cara do diretor. Para ajudar o protagonista em seus encontros tivemos Asier Etxeandria como Alberto, um ator renegado no mundo pelas drogas, mas que consegue encontrar em um texto perfeito do diretor sua redenção e voltar aos palcos para interpretar e dar vida a uma de suas histórias, numa brincadeira mista de quase o conto do conto, que o ator soube criar olhares e momentos para ser bem preciso também. Tivemos boas participações de Penélope Cruz como a mãe do protagonista jovem, e depois Julieta Serrano como a mesma já na velhice, tivemos Leonardo Sbaraglia como Federico, um grande amor do personagem principal, que trabalhou olhares emocionados bem bonitos de se ver, e claro temos de ver o carinho que Nora Navas deu para Mercedes, que foi mais do que uma amiga para o protagonista, ajudando em tudo com muita vontade e precisão. Além claro de que temos de destacar o jovem garotinho Asier Flores que teve muita desenvoltura no papel do jovem protagonista, ensinando e tendo atitudes tão bem colocadas que acabaram agradando demais no teor do filme.

Quanto do conceito visual, a produção é singela, com poucas locações, mas com cada detalhe escolhido a dedo, desde a caverna aonde os protagonistas vão morar no começo, as lavadeiras cantando graciosamente enquanto colocavam suas roupas para secar, o teatro de um homem só emocionando a plateia, a diferença entre as casas do homem de sucesso e do renegado na profissão, mas ambos com suas paixões pelo grandioso filme sendo exposto na porta de entrada, e claro as montagens cênicas para mostrar as dores, ou seja, um filme cheio de pequenos detalhes que acabam sendo esmiuçados e facilmente daria para discutir cada momento só pelo visual, em mais um grande acerto do diretor. A trama possui muitas cores leves, diversos atos escuros para puxar a dramaticidade, mas principalmente funcionando de uma forma rápida e dinâmica dentro de todos os possíveis tons que o diretor quase pinta na tela, fazendo o filme ter fluidez e envolvimento.

Enfim, é um filme muito saboroso, com sínteses fáceis e gostosas de ver, e que funciona demais tanto para o estilo que conhecemos dos filmes do diretor, quanto para quem nunca viu nenhum outro longa dele, sendo um daqueles longas que podem ser recomendado para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Depois do Casamento (After The Wedding)

9/19/2019 11:53:00 PM |

Chega a ser engraçado como alguns filmes nos são tão bem vendidos pelo trailer que mesmo sem entender nada do que é mostrado naqueles míseros 3 minutos, ficamos tão curiosos ao ponto de querermos ver logo qual é a ideia por trás da história, e quando vamos conferir a cada nova reviravolta ficamos com aquela famosa cara de ué, depois vamos para o nossa, até chegarmos na última e falarmos putssss... ou seja, o longa "Depois do Casamento" é daqueles que poderiam até passar em branco se não víssemos o trailer, pois tenho certeza de que quem chegar na porta do cinema e ver somente o pôster e o nome irá optar por outro filme, mas que ao colocar duas grandes atrizes que conseguem permear tantos sentimentos nas suas expressões, e depois de cada reviravolta entregar ainda muita subjetividade, o resultado acaba sendo simples, efetivo e bem trabalhado, e digo mais, vou tentar escrever sem spoilers de tudo o que ocorre, pois assim como o trailer não revela nada, a surpresa de cada detalhe é o que faz valer a trama para ficarmos com as mesmas caras que cada um dos envolvidos na trama.

A trama conta a história de uma gerente de um orfanato em Calcutá, na Índia, que luta para manter o estabelecimento funcionando. Desesperada por dinheiro, ela acredita ter encontrado a benfeitora perfeita, dona de empresa multimilionária. Porém, para receber o dinheiro, ela precisa viajar até Nova York e conhecer a mulher por trás da riqueza, em meio a uma pomposa celebração matrimonial. Chegando ao local, a gerente não consegue disfarçar os segredos que a unem ao marido da empresária.

Não lembro bem de ter visto o filme norueguês de mesmo nome de 2006 que até concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro pelo país, no qual o filme foi baseado e está saindo até como uma refilmagem dele, e principalmente por ter tantas reviravoltas seria algo que marcaria a memória, mas tudo bem, vamos focar somente no que foi visto aqui, e com isso posso dizer que o Bart Freundlich foi bem coerente no desenrolar da trama, soube pegar os pontos chaves com classe, e principalmente deu força para que as duas ótimas protagonistas desenvolvessem bem seus atos, pois chega a ser até um daqueles longas de ator, aonde cada uma entrega para a câmera personalidade e estilo com cada entonação, com cada síntese, fazendo com que o diretor somente tivesse de dizer o corta em cada ato, pois sozinhas ambas vão fluindo e nos amarrando junto com cada segredo seja ele do passado ou do presente, e isso só instiga mais o público de quais interesses cada uma tem, e o que cada uma pode atingir.

Já que comecei a falar delas, posso dizer com toda certeza que o longa só funciona pelas protagonistas terem estilos completamente opostos de modo a fazer cada ato mais instigante que o outro, e com muita simplicidade de técnicas expressivas nos convencerem do que estão fazendo, e dessa forma vemos uma Michelle Williams entregando uma Isabel misteriosa e muito desconfiada, que usa da meditação para refletir, mas que teve um passado complicado, além de se moldar muito para cada momento e ter até uma barreira forte para com os demais personagens, o que acaba agradando bastante. Pelo outro lado, Julianne Moore é daquelas atrizes que sabe criar dinâmicas, e aqui usando tão pouca maquiagem conseguiu entregar sensações diferentes para cada ato seu, de modo que acabamos indo a favor dela, depois contra, depois ficamos com pena, entre outros sentimentos, o que acabou dando para sua Theresa uma personalidade maior ainda do que o filme desejava. Billy Crudup foi bem coeso na personalidade que escolheu dar para seu Oscar, de modo que não o vemos falar quase nada nas cenas, mas com os olhares sabemos ver seus pensamentos, além de entregar muitas emoções nas cenas fortes e agradar mesmo com simplicidade. Agora não sei o que pediram para Abby Quinn fazer com sua Grace, pois ao mesmo tempo que soou boba e ingênua, também entregou atos exagerados meio que jogados, e isso não funciona numa personagem que tecnicamente tem uma importância considerável, ou seja, poderiam ter dosado mais seus momentos para que agradasse bem mais. Quanto aos demais, diria que todos foram quase objetos cênicos bem importantes, que se ligaram aos protagonistas por algum ato, mas sem ter muita desenvoltura, tendo um leve destaque para o expressivo garotinho Vir Pachisia.

No conceito cênico a trama teve escolhas bem elaboradas para mostrar tanto o orfanato simples com poucos recursos em contraponto ao luxuoso hotel em que a protagonista vai ficar, além de uma mansão imensa que só aparece em poucos cômodos, mas que ficou cheia de detalhes para o casamento, ou seja, um filme que trabalhou pouco os cenários, mas que utilizou cada momento para ter seus vértices e funcionando bem de pano de fundo para cada momento da trama, brincando bem com as iluminações dos ambientes para dosar tudo de forma bem igual.

Enfim, é um filme interessante com ótimas reviravoltas, que mesmo sendo lento consegue envolver e trabalhar bem no ritmo sem cansar, e que passa bem algumas mensagens fortes sobre a vida. Ou seja, diria que vai agradar bastante quem gosta de dramas, e que mesmo com um final não tão impactante como poderia ter ido mais além, resolve todos os problemas de uma forma coerente. Bem é isso, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Rambo: Até o Fim (Rambo: Last Blood)

9/19/2019 01:53:00 AM |

Diria que quem assistiu qualquer um dos filmes do Rambo sabe exatamente o que vai acontecer em cada momento dos demais filmes da série, e isso não é ruim, pois acaba sendo uma marca, que mesmo forçando a amizade com ideias bobas demais (motes sempre bem inspiradores para que o protagonista se vingue de alguém, ou saia em busca de salvar algum tipo de prisioneiro), o resultado sempre acaba fluindo de forma tão divertida e marcante que acabamos nos empolgando e quase até aplaudindo as múltiplas facadas e armadilhas que acaba aprontando nos encerramentos. Ou seja, se você esperava qualquer outra coisa de "Rambo: Até o Fim" certamente irá se decepcionar, mas felizmente o público fã da saga irá conferir cada momento lento e cheio de diálogos (que sabemos serem completamente desnecessários para tudo na trama, afinal o que vai valer será a pancadaria final) esperando friamente para o grande desenrolar final aonde cada detalhe extremamente violento irá fazer com que qualquer vilão pense duas vezes antes de mexer com o grandalhão, mas não terá nem tempo de pensar mesmo, pois antes disso sua cabeça estará picada ou explodida no chão.

O filme nos mostra que o tempo passou para Rambo, que agora vive recluso em um rancho na fronteira entre os Estados Unidos e o México. Sua vida marcada por lutas violentas ficou para trás, mas deixou marcas irreparáveis. No entanto, quando uma jovem amiga da família é sequestrada, Rambo precisará confrontar seu passado e reviver suas habilidades de combate para enfrentar um dos mais perigosos cartéis mexicanos. A busca logo se transforma em uma violenta caçada por justiça, onde nenhum criminoso será perdoado.

Chega a ser engraçado o que o diretor Adrian Grunberg tentou fazer com o longa, criando vértices dramatizados no início, trabalhando diálogos cheios de sentimentos, e até vários planos e contraplanos mostrando a "desenvoltura interpretativa" de Stallone, mas a todo momento já fica bem claro o que veremos na sequência: a tradicional burrada que alguém faz para morrer ou ser capturado ou qualquer outra coisa do tipo, para que o grandalhão com problemas mentais de guerra saia fazendo sua vingança com as próprias mãos, que aqui até usa alguns tiros explosivos fortes, mas que cria tantas armadilhas brutais que em alguns momentos me senti vendo os bastidores de "Jogos Mortais" mostrando como as armadilhas foram criadas. Ou seja, o diretor brincou um pouco com o estilo, mas deixou levar pela essência da série que era o que realmente o público queria ver, só faltando colocar o personagem com a tradicional faixa vermelha na cabeça, e um corte de cabelo mais revoltado, que aí seria completo. E dessa forma o filme demora um pouco para engrenar, mas quando começa vai pra cima e com muitos efeitos práticos (quando não se usa tanto a computação gráfica), o resultado visual impressiona bem e diverte bastante quem gosta de um longa bem sanguinolento.

Sobre as atuações, diria que a saga inteira é muito barata nesse quesito, pois exige somente de Stallone, que entrega sempre os olhares ao vento, os trejeitos marcados pela sua raiva, muito suor e sangue para seu Rambo que até apanha bem (aliás após apanhar por alguns chutes parece que foi pego por algo de uns 2 dias batendo pelo inchaço!), mas quando bate, vai com tudo, e é isso o que queríamos ver dele. E quanto aos demais, aparecem, entregam uma ou outra fala desnecessária, algum olhar jogado, e sai de cena, como acontece com a garota Yvette Monreal com sua Gabrielle bem fraquinha de expressões, que até torcemos para apanhar pela burrice estampada na cara. Vemos também a personalidade jogada de Paz Vega com sua Carmen que poderia nem existir na trama, mas que fez o que pode de uma maneira quase absurda. E quanto os vilões, diria que Óscar Jaenada e Sergio Perís-Mencheta fizeram quase esquetes cartunescas exageradas de líderes mafiosos bem bobos e jogados, que até tentam fazer cara de mal, impõem suas atitudes, e acabam tendo cenas bem fracas para nem lembrarmos deles, ou seja, estavam ali apenas para apanhar mesmo.

No conceito visual o longa é simples, cheio de efeitos práticos em muitos momentos, mas também usando muita computação para algumas cenas absurdas (e outras que nem precisaria estar no longa - como a abertura!), mas de certa forma o rancho aonde vive Rambo é bem tramado, os túneis funcionaram muito bem para as cenas finais, as cenas no México acabaram exageradas e sem muita imponência, mostrando que a equipe de arte foi contratada realmente para as cenas com as armadilhas, que aí vemos quase uma mistura de "Jogos Mortais" com os brutalities do jogo "Mortal Kombat", que acabaram dando ritmo e bons elos para o fechamento do longa, e assim sendo, o resultado aparece. A fotografia, assim como os demais longas da série, ficou quase todo o tempo entre o sépia bem amarelado e o mais puxado para o verde para dar o ar de combate de guerra, e assim a dinâmica funciona encaixando algo mais próximo do que os fãs gostariam de ver.

Enfim, o longa passa muito longe de ser perfeito, demora um certo tempo até engrenar, mas fecha de maneira honrosa a franquia (que agora sim acredito que não virão com um sexto longa!), e sendo assim quem gostava dos longas antigos acabará se divertindo bem, mesmo que o filme não seja uma grandiosa obra do cinema mundial. Ou seja, recomendo o filme para aqueles que sempre foram fãs dos filmes de Rambo, do contrário, certamente achará mil coisas para reclamar, principalmente nos diversos momentos com furos e erros de continuidade que são incontáveis. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, agradecendo claro o pessoal da Difusora FM pela super pré-estreia lotada de ouvintes, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Abigail e a Cidade Proibida (Abigail)

9/17/2019 10:30:00 PM |

É bem interessante vermos a quantidade de filmes fantasiosos que tem saído da Rússia e vindo para o Brasil estrear, pois geralmente de países sem ser os EUA vinham apenas dramas e raras comédias, ou seja, fica a dica para que o Brasil passe a investir também em outros gêneros para exportação. Só não digo que o filme "Abigail e a Cidade Proibida" tenha funcionado mais por exagerar tanto em histórias sem muitos fechamentos, de modo que acabamos achando até que o longa seria algo em vários capítulos ou livros, pois tirando isso, os efeitos são bacanas, os personagens bem colocados, e o resultado até funciona, mesmo que cansando um pouco demais. Ou seja, uma fantasia bem moldada com estilo de videogame que faltou desenvolver personagens e montar uma história mais concentrada para que o filme funcionasse melhor.

O longa nos conta que Abigail é uma garota de oito anos que vive em uma pequena cidade que foi isolada por causa da epidemia de uma misteriosa doença mortal. Seu pai, um famoso engenheiro e inventor, foi levado junto com outras pessoas infectadas para fora da cidade. Dez anos se passaram. Abby agora tem 18 anos e a cidade continua a mesma: fronteiras fechadas, pessoas infectadas e autoridades fiscalizando a população o tempo todo. Uma agência especial de monitoramento anda pela cidade com máscaras misteriosas, que impedem a infecção, e também preservam a identidade de cada agente. Em uma brincadeira, ela esbarra por acaso em um dos mascarados e descobre ser um amigo de seu pai, que sumiu no mesmo dia que ele. Abby encontra então uma fagulha de esperança de reencontrar seu pai com vida e desvendar de uma vez por todas o que acontece na cidade. Junte-se à rebelião.

Não digo que a ideia do diretor Aleksandr Boguslavskiy seja algo ruim, pois seu filme tinha muito potencial para decolar e quem sabe até virar uma franquia maior de aventura/ação russa, afinal o estilo de videogames, poderes, magias, personagens dinâmicos e tudo mais tinha proporções para ganhar muito dinheiro e capturar bem os adolescentes, porém excesso costuma dar muito errado quando não se sabe o rumo que deseja entregar, e aqui temos tantos personagens que aparecem do nada e somem da mesma forma, temos histórias que acabam sendo contadas picadas sem um rumo próprio, e principalmente acabamos tendo uma desenvoltura largada demais para pegar o público e fazer com que torcêssemos pela protagonista ou por alguém da trama, o que acaba ficando algo desencaixado de atitudes sem muitos rumos, o que resulta em filme cheio de dinâmicas, efeitos, personagens, que acabam enrolando tanto no começo para depois acelerar imensamente para conseguir terminar o longa. Ou seja, um filme que teve cortes demais para resultar em algo, mas que não conseguiu chegar a lugar algum.

Não vou me alongar muito nas interpretações por ver que nenhum personagem conseguiu chamar para si o envolvimento do longa, de tal forma que chega a ser mais envolvente ver a jovem Abigail, interpretada por Marta Timofeeva aparecendo a todo momento para desenvolver a trama do que propriamente a meio sem sal Tinatin Dalakishvili que fez a mesma cara em todos os atos, ou seja, se a protagonista já falha, como vamos defender o restante? O pai da garota interpretado Eddie Marsan até teve alguns atos interessantes, mas é praticamente uma memória que fica aparecendo e desaparecendo, que não chega a envolver, mas faz um pouco a mais pelo menos. O jovem guerreiro Bale interpretado por Gleb Bochkov entrega uma desenvoltura até que mais chamativa, mas não vemos muito em seus atos, e isso é algo que acaba sendo até exagerado demais para o fechamento que vemos na tela (e todos sabíamos bem que aconteceria, mesmo sem nada puxar para isso!).

O ponto mais forte do filme podemos dizer que ficou a cargo da cenografia cheia de elementos computacionais, locações bem cheias de objetos cênicos, e muitos efeitos especiais que deram um show visual para a trama misturando estilos de filmes de época com algo mais futurista abusando bastante do tom marrom criando algo bem bacana de ser visto ao menos, parecendo em diversos momentos até um grande episódio daquelas mini histórias que vemos nos jogos de videogame.

Enfim, é um filme que não vai conseguir chamar tanta atenção do público, que peca muito pela falta de ritmo (o que faz cansar demais!), mas que talvez se cair nas mãos de algum produtor americano a história, talvez consigam fazer algo bem interessante em cima do que foi mostrado aqui, pois nessa versão russa, acabo nem recomendando o que está em cartaz. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Adeus à Noite (L'Adieu à La Nuit) (Farewell to the Night)

9/13/2019 12:12:00 AM |

É interessante que o mercado cinematográfico anda quase que no mesmo fluxo de temas que os jornais, e com os grandes conflitos mundiais com extremistas islâmicos tem aparecido tantos filmes falando de jovens que entram para o mundo da guerra, seus vértices, motivações, conflitos, e tudo mais, e com "Adeus à Noite" ficamos envolvidos com o drama de uma avó (que digamos poderia ser mais emotiva com seu neto em conceitos expressivos ao menos) que não sabe o que fazer para tentar salvar seu neto de embarcar nessa vida, e também vemos o outro lado com o romance do jovem e seus anseios nesse meio que é a vida de alguém que defende o profeta islâmico e suas leis. Não diria que é um filme que tenha uma cadência gostosa de ser conferida, tanto que ele se alonga de uma forma não muito condizente que faz parecer até ser maior do que apenas 103 minutos, e com isso o resultado embora seja fluido, com um final bacana de se ver ao menos (pois jurava que não teria um fim!) não entrega uma perspectiva mais direcionada para nenhum dos rumos, seja ele pró-islã ou pró-França (colocando em discussão até a forma de votação). Ou seja, um filme que merecia uma refinada melhor para chamar mais atenção de todos os pontos colocados nas entrelinhas, que até envolve, porém, não agrada como poderia.

A sinopse nos conta que Muriel é uma mulher idosa que viveu na Argélia durante muitos anos, e hoje comanda uma fazenda na França, onde diversos jovens de talento são treinados para a equitação. Ela possui um carinho especial pelo neto Alex, com quem não se encontra há anos. Quando o neto enfim decide visitá-la, Muriel se surpreende ao descobrir que ele se converteu ao islamismo, e possui ideias bastante radicais. Suspeitando que Alex esteja por trás de algum plano criminoso, ela precisa decidir entre proteger o neto da perseguição da polícia ou proteger o resto da sociedade das possíveis ações do jovem.

O diretor André Téchiné até trabalhou com um envolvimento bem desenvolvido para que seu filme tivesse algo a mais, colocando bons momentos e situações fortes para serem desenvolvidos como o islamismo, a discussão política dos refugiados, o envolvimento familiar seco, e até o ar mais imponente da elite com a equitação como pano de fundo em uma grande lavoura de cerejas, e dentro desse âmbito colocou pontos soltos para criar elementos simbólicos como um javali a noite, discussões na chuva, a tecnologia versus o campo, a economia, e muito mais, mas com tantos temas e símbolos ele acabou não desenvolvendo bem nenhum deles, e isso é algo muito ruim de acontecer, pois ficamos a todo momento esperando algo mais forte (do que o que já era esperado nas duas cenas finais) e acaba que não acontece. Ou seja, o diretor poderia ter pego um roteiro cheio de situações floreadas e criar algo muito maior e mais dinâmico, mas acaba entregando o básico, que nesse estilo de filme não funciona ser básico.

Quanto das atuações, já gostei muito de ver o trabalho de Catherine Deneuve no passado, mas acredito que está faltando mais expressividade nos seus últimos trabalhos, de modo que colocar ela como protagonista não está sendo um grande acerto dos diretores, e aqui sua Muriel é bem simples, não entrega muito do passado nem do presente, e faz cada ato com simplicidade demais sem empolgar em nada, tirando claro os momentos finais mais fortes, e isso acabou amarrando um pouco o filme, de modo que talvez uma atriz com mais atitude chamaria o filme para si e agradaria bem mais. Kacey Mottet Klein fez bem seu Alex, divagando bem entre os momentos que demonstrava um pouco de medo do que estava fazendo, mas também acreditando muito na religião, e isso fez com que seu personagem tivesse algo a mais para nos interessarmos por ele, e isso é bacana de ver, mas ainda assim poderia ter ido mais a fundo nos seus atos. A jovem Oulaya Amamra trouxe algo meio que enigmático para sua Lila, que ficamos curiosos pelo que pode fazer com seu envolvimento no lar de idosos, com o padrasto estranho, e até mesmo com seus atos religiosos, mas sempre em segundo plano no filme acaba que não se entrega para agradar. Um personagem que apareceu em momentos chaves ao final e merecia um pouco mais de atenção foi Kamel Labroudi com seu Fouad, pois o ator mostrou ensejo para as situações e conseguiu expressar algo a mais do que a trama pedia, mas não foi muito além, o que é uma pena, afinal todo esse movimento de refugiados daria para trabalhar bem com ele.

No conceito artístico, a equipe de arte encontrou um haras muito bem localizado no meio de uma plantação maravilhosa de cerejas, que tanto na época de apenas flores (primavera) quanto ao final que já mostram os pés carregados de frutos (com um mote da famosa frase de quem planta o bem, colhe algo bom!) acabou dando um visual muito bem agradável, e nas cenas mais tensas a trama trabalhou muito com tons marrons como o estábulo e um lago sujo para dar uma representatividade das atitudes não tão boas também o que sou interessante pela perspectiva que tentaram trabalhar. Ou seja, a equipe de arte incluiu muitos símbolos subliminares na trama e com muitos outros objetos como uma carta, alguns cheques, a casa de repouso, a ideia do jogo para ganhar dinheiro, e tudo mais que acaba sendo bem encaixado e que pode ser usado para muita discussão.

Enfim, é um longa que traz muito mais conteúdo do que apresenta realmente na tela, mas que não flui bem como deveria, e sendo assim é daqueles que acabamos saindo da sessão com aquela famosa dúvida de se gostamos realmente, ou se vamos esquecer dele logo no dia seguinte. Ou seja, talvez seja melhor ver ele em grupo para ter mais discussões do que apenas conferir o longa como um filme qualquer, pois não dá para recomendar ele como algo imprescindível. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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