Lou - A Filósofa da Vida (Lou Andreas-Salomé)

1/30/2018 01:21:00 AM |

Já disse algumas vezes que mesmo um filme que não me atraia, procuro sempre ver algo positivo para dizer, pois a opinião crítica muitas vezes vai por um gosto pessoal que tenta olhar técnicas, roteiro, atuação e por aí vai, e com "Lou - A Filósofa da Vida", o principal ponto positivo da trama está na técnica de usar fotos ou paisagens estáticas e dar movimento para uma recriação de época, unindo a isso a história de uma das psicanalistas mais famosas da história, que conviveu com Nietzsche, Freud, entre outros grandes nomes, mas que convenhamos é um dos filmes que mais me cansou na sala do cinema, beirando fazer com que eu dormisse na sala, ou seja, não gosto de usar essa palavra, mas é muito chato. Claro que pode ser usado para estudar a vida dela, possui muitas ambientações de época, mas vai continuar sendo cansativo para quem não for dessa área de estudo, bem como filosofia é algo que poucos aturam. Volto a frisar que essa é uma opinião do ritmo e da forma que tudo foi exposto, mas afirmo que quanto a técnica cênica, figurinos e enredo, é algo que vale a pena ser conferido.

A sinopse nos situa na Alemanha, em 1933. Louise von Salomé, escritora e psicanalista, decide reescrever as suas memórias. Ela tem 72 anos. Desde criança quis ser uma intelectual, não se casar ou ter filhos. As suas ideias filosóficas contestadoras das regras e da religiosidade levaram-na a uma postura de independência feminina sem barreiras masculinas, seduzem alguns homens e mentes mais brilhantes da sua época. Entre eles, os filósofos Paul Rée e Friedrich Nietzsche, o psicanalista Sigmund Freud, o poeta Rainer Maria Rilke, o jovem filólogo Ernst Pfeiffer e o orientalista Friedrich Carl Andreas. Muitos se apaixonam, mas sem acreditar no casamento, ela exercita a liberdade de viver. No século XX, a sua postura feminista e pensamento libertário a tornam alvo da Gestapo.

Já havia dito isso ontem quando conferi um filme infantil alemão e hoje volto a frisar que a escola alemã de cinema é a que menos consegue envolver o público, pois não sabem dosar ritmo com história, deixando o longa ou extremamente cansativo ou um arraso, e infelizmente 90% deles entram no primeiro caso. Digo isso com muita frequência, mas também os diretores não colaboram, de forma que aqui a diretora especialista em séries (taí a explicação de o filme ter tantos elementos, e parecer ser uns 20 episódios em um único longa) Cordula Kablitz-Post entrega tantas passagens da personagem, com ela velha contando suas facetas para a biografia, que se formos analisar em suma não era para ser algo cansativo, mas sim algo rápido e dinâmico, afinal a protagonista teve envolvimento com diversos nomes famosos que já ouvimos falar algo, mas a enrolação cênica é tão grande, com um ritmo tão calmo e parado que vamos cansando a cada nova cena, e só nas mudanças de eixo aonde aparecem as fotos estáticas com a personagem se movendo somente que aí abrilhanta tudo e mostra uma técnica tão interessante que nossos olhos voltam a abrir, ou seja, temos quase uns 10 capítulos ou mais em um longa de 113 minutos, e sim, volto a frisar, que a história é muito boa, mas faltou aquele detalhe que poderia transformar de engodo em sucesso.

Não diria que temos interpretações geniais, mas sim ótimos personagens, que poderiam ser até melhores desenvolvidos na trama. Nicole Heesters conseguiu praticamente narrar com muita personalidade os feitos mais joviais de sua Lou para Ernst Pfeiffer vivo por Matthias Lier, de modo que a química de cumplicidade entre os dois com olhares, espantados dele e vividos dela durante a maior parte do longa acabaram soando vivos e interessantes, mas faltou mostrar um pouco mais da doença da protagonista, e com isso alguns momentos soaram mais jogados do que interessantes realmente. Katharina Lorenz tentou trabalhar a Lou adulta de uma maneira bem dinâmica, mostrando suas reais virtudes e vontades, fazendo o que bem desejava, e a atriz foi pra cima, tendo momentos de impacto e chamando a responsabilidade para si, mas sempre empacava nas dinâmicas masculinas que seguravam a trama para baixo e ajudaram e muito a cansar quem estava assistindo. Não lembro muito a fisionomia dos personagens, mas de certa maneira soaram bem artificiais e caricatos Alexander Scheer como Nietzsche sempre soando galanteador e dono da razão, Philipp Hauß meio abobalhado com seu Paul Reé fazendo todas as vontades da protagonista, Julius Feldmeier com seu Rilke poeta cheio de palavras, mas com muitos traumas na cabeça, e Harald Schrott como um Freud de poucas palavras, mas já famoso na época, ou seja,os homens foram objetos da protagonista e não tiveram sucesso para mostrar suas personalidades, aparentando ser mostrados como uma vaga lembrança na cabeça velha da narradora, e isso acabou ficando um grande erro no longa.

No conceito visual, a trama acertou muito com figurinos de época cheios de detalhes, locações surpreendentemente bem colocadas, aonde o misto da época de Hitler queimando todo tipo de livro de pensamentos, os personagens tendo suas objetificações demonstradas, e muita cenografia interessante para compôr cada momento, de modo que se mostrou como um trabalho de arte incrível que junto com a equipe de efeitos ainda conseguiu uma técnica surpreendente com a personagem andando por fotos estáticas da época, ou seja, um charme realmente. A fotografia deixou o longa muito marrom para colocar o estilo de época, mas ainda assim conseguiu criar nuances de sombras para tentar ambientar cada ato para onde devíamos olhar, mas nada surpreendente demais.

Enfim, é um filme histórico bem encaixado, que como disse talvez numa série de 10 capítulos desenvolvendo cada ato chamasse mais atenção e agradasse bem mais, pois aqui embora não corressem com nada, o excesso de informação juntamente com atores não muito cativantes conseguiram deixar o ritmo da trama num nível pra lá de cansativo, ou seja, daqueles que não temos como recomendar sem falar que veja sem estar com qualquer sono atrasado, senão a chance de roncar na sala é altíssima. Bem é isso pessoal, encerro essa semana que veio bem recheada aqui, mas volto na próxima quinta com mais estreias, rezando para que os indicados ao Oscar comecem a brotar com mais afinco pelo interior, então deixo meus abraços aqui e até breve.

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Encolhi a Professora (Hilfe, ich hab meine Lehrerin geschrumpft) (Help, I Shrunk My Teacher)

1/29/2018 01:18:00 AM |

Se tem algo engraçado no mundo do cinema é você ver as datas de lançamento de filmes, pois se estamos acostumados com algo americano aparecer bem atrasado por aqui, imagina com algum filme alemão! Pois é, o longa de hoje que estreou essa semana no Brasil, passou por lá em Dezembro/2015, ou seja dois anos atrás, e se duvidar já vimos as crianças desse filme como moços se fizeram algum outro longa, mas é a vida no cinema internacional! Dito isso, "Encolhi a Professora" é daquelas tramas que veríamos numa Sessão da Tarde tranquilamente, com uma história bacana e divertida, personagens prontos para uma aventura, mas que acabam com situações tão bobas que não conseguimos nos convencer de que algo daquele estilo poderia agradar quem não estiver no clima infantil, e dessa forma o resultado soa bobo e jogado, ao contrário do que poderia ser uma trama de escola mais envolvente e cheia de situações fantasmas e disputas entre professora versus aluno de uma maneira mais legal, porém não somos nós que fazemos o filme que queremos ver, então o jeito é rir das situações e criticar a bizarrice que vemos. Mas antes que achem que não gostei do filme, digo que me diverti bastante com a situação, porém faltou muito para empolgar.

O filme nos apresenta Felix, um menino de onze anos, tem dificuldade em se ajustar, desde que sua mãe mudou para um novo emprego nos Estados Unidos. Em seu primeiro dia de aula em sua nova escola, Felix tenta concentrar-se em seus estudos e evitar a odiada diretora, Sra. Schmitt-Gössenwein e se manter fora de confusão, até que um grupo de valentões o desafia a entrar em uma sala trancada, assombrada pelo fantasma da antiga diretora da escola. Pego no ato pela Sra. Schmitt-Gössenwein, Felix tenta fugir, se desespera e acidentalmente encolhe a diretora para apenas 15 centímetros! A fim de escapar do mal feito a esconde em sua mochila. Enquanto tenta descobrir como retornar a pequena ao tamanho original descobre outro problema ainda maior em suas mãos.

Já falei outras vezes aqui que a escola alemã de cinema é uma das mais estranhas, mas que também faz filmes comuns, afinal lá também existem crianças dispostas a bagunçar em uma escola, lugares assombrados e tudo mais, de modo que o diretor Sven Unterwaldt Jr. teve a capacidade de juntar todas essas ideias e criar um longa que passa o tempo e diverte sem muita enrolação, entregando o básico para a garotada que gosta de aprontar na escola, os famosos grupinhos de valentões, e adicionando ainda a ideia de diminuir pessoas (está na moda isso e não estou sabendo, já foram 2 filmes assim hoje, e tem ainda mais um ou dois nesse ano com a mesma temática!!), ou seja, não diria que o diretor errou no estilo, ao menos fez tudo muito rápido, pois o garoto já chega na escola, já arruma confusão, já reduz a diretora, já descobre outro problema, cria tudo e vai resolvendo, ou seja, algo meio desesperado, que pode até parecer absurdo, mas que ao menos não cansa. Mas o maior erro nem é tanto na velocidade, mas sim nas diversas incoerências de roteiro para quem costuma ver filmes cômicos e infantis, pois tudo soa bizarro, e aparentemente o diretor não se preocupa em arrumar nada, deixando que tudo flua normalmente.

Como é bem comum com filmes sem ser falados em inglês, o longa só veio dublado para cá, e assim nem podemos opinar como os atores se saíram nos diálogos, apenas posso dizer que a dublagem nacional não colocou gírias pelo menos e deixou tudo fluir com a naturalidade dentro do contexto de jovens em escola, apenas tenho de frisar que a vozinha fina que arrumaram para Anja Kling com sua miniatura da Sra. Schmitt-Gössenwein ficou incômoda no começo, mas que no final já estávamos até acostumados com ela. E também tenho de dizer que os jovens foram coerentes embora estranhos com algumas atitudes, mas isso é algo que vemos muito em filmes de jovens, então nem podemos dizer que foi erro deles, e sim talvez do diretor.

Dentro do conceito visual, temos de dizer que a escolha da locação da escola foi muito bem feita, pois temos algo de assombrado só de olhar para o lugar, mas que acabaram apelando para a comicidade logo na cena seguinte, ou seja, poderiam ter criado mais tensão nos ambientes para aí sim no final ao revelar a grande ideia do fundador puxar para a comicidade e diversão, mas como esse não era o objetivo do diretor, ao menos os objetos e detalhes foram bem colocados. Outra grande sacada foi na diminuição da protagonista, encontrarem objetos bem próximos dos reais para igualar tamanhos, o que ficou bem bacana de ver. A fotografia também acabou ficando um pouco perdida nas escolhas de tema, já que tudo aparentava puxar para o tom mais sombrio, mas ao mesmo tempo parecia estar numa festa imensa, ou seja, luzes e sombras brigando sem parar do começo ao fim do longa.

Enfim, é um filme que passa sua mensagem, mas que apenas passa realmente, sendo divertido dentro do básico para quem não possui mais nada para assistir, ao menos as crianças se conectaram em alguns momentos e a trama acaba agradando eles. Não diria que seria algo que recomendaria com grande afinco, mas ao menos não é algo que não recomendaria. Portanto se quiser uma opção de passeio para passar o tempo é uma escolha razoável. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia da semana, então abraços e até mais.

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Peixonauta - O Filme

1/28/2018 05:32:00 PM |

Já vi histórias simples decolarem, principalmente por acertarem o público alvo que foram desenvolvidas, e com "Peixonauta - O Filme" isso não foi diferente, pois mesmo tendo uma história bem simples, o resultado da trama colorida fez com que os pequeninos na sala se divertissem e ficassem paradinhas em suas poltronas, acompanhando cada momento do peixe protagonista e sua turma, mostrando que a trama conseguiu prender e explicar um pouco de ciência para os pequeninos. E por mais simples que fosse a trama, ela usou de base ideias até bem colocadas para uma animação nacional, e com isso acredito que os pais que forem levar os filhos pequenos ao cinema não irão dormir com a projeção. De certa forma recomendo ele para uma faixa de no máximo uns 7 anos, pois os maiores devem achar tudo meio bobinho demais, e não é essa a ideia da trama que foi desenvolvida para outra faixa de idade.

A sinopse nos conta que Peixonauta, Marina e Zico saem do Parque em busca do Dr. Jardim e dos primos Pedro e Juca, mas ao chegarem à cidade grande encontram tudo vazio. Após investigarem melhor, percebem que as pessoas não sumiram, mas sim encolheram. Intrigados e correndo contra o tempo, Peixonauta e seus amigos precisam desvendar a causa do fenômeno e salvar a população do desaparecimento completo.

A história foi dirigida por Celia Catunda, Rodrigo Eba e Kiko Mistrorigo, que são os criadores do desenho que é exibido há quase 10 anos pelo canal Discovery Kids, e eles foram bem condizentes ao colocar elementos bem propícios que está na moda, o do encolhimento de pessoas, aliás hoje mesmo irei ver outro filme de encolhimento logo mais, e com essa dinâmica em mente, eles trabalharam a aventura dos amigos criando uma investigação, colocaram soluções, e uniram musiquinhas bem explicativas para dar um ritmo colocado no longa, de modo que a história se desenvolveu bem e conseguiu agradar. Claro que não temos nada muito elaborado, mas dentro do que se propuseram a entregar para agradar os pequenos, vemos um longa bem colocado e que diverte com poucos erros, e a grande sacada foi agradar também usando a vídeo descrição para dar chance a crianças com necessidades especiais, ou seja, um bom exemplo dentro do cinema nacional que tem procurado dublar tudo.

Como não fico muito em casa, e vejo menos ainda canais infantis, não conhecia os personagens da trama, mas confesso que mesmo todos fazendo gracejos e muita movimentação, falta ainda carisma para serem desejados por crianças, e claro que o Peixonauta é o que mais chama atenção com seus voos e peças saindo para todo lado, desse modo vemos o personagem a quase todo momento, solucionando o problema no melhor estilo super-herói que existe, e assim as crianças vibram e conversam com ele. Acabei achando meio exagerado toda hora os personagens tentarem conversar com a plateia, pedindo para dançar, bater palmas e tudo mais para abrir a pop, uma bola com pistas dentro, mas isso é algo que um adulto acha, e quem sabe para os pequenos isso funcione. O romance dos agentes peixes também é bem singelo e funciona, mas poderia ser menos forçado. Ou seja, temos até uma grande quantidade de personagens, acredito que nos desenhos eles apareçam mais, mas aqui o destaque ficou com Marina, o macaco Zico e a agente Rosa somente, tendo leves piadas com o estagiário.

No conceito cênico a grande sacada ficou por termos cores espaçadas, não deixando personagens nem cenários da mesma cor, o que fez o longa mais colorido e chamativo, com muitos objetos cênicos para incrementar e principalmente chamar a atenção dos pequenos. Não vi a trama em uma sessão 3D, mas é notável as cenas que teriam uso da tecnologia, que são bem poucas, então quem levar os filhos para ver 3D e puder depois comentar se valeu a pena, agradeço!

Agora o ponto mais falho e infantil ficou a cargo das canções explicativas, que mais cansam do que agradam, podendo ser facilmente eliminadas, mas aí reclamaríamos de não ter nada, então melhor reclamar assim.

Enfim, é um filme simples que fez o seu dever de casa, e com isso se visto pelo público alvo que são as crianças bem pequenas, vai agradar, mas se você não se encaixa nessa faixa de idade é melhor procurar outro filme. Bem é isso, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais um texto, então abraços e até breve.

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Paddington 2

1/27/2018 04:02:00 PM |

Se o primeiro filme já havia me conquistado pela beleza da mensagem familiar, a doçura do personagem principal e a grandiosidade de uma produção mista, com "Paddington 2" o encante foi completo, pois além de tudo isso, conseguiram criar uma história bem trabalhada, e ainda incorporar diversas técnicas visuais envolventes transformando a arte da história em algo além do imaginado, brincando com a tridimensionalidade sem necessidade de termos óculos e coisas saindo para fora da tela, apenas trabalhando com a mesma técnica dos livros 3D, ousaram por referências à diversos filmes do gênio do cinema (Chaplin), e ainda por cima conseguiram juntar cenas cômicas com emoção e simplicidade, ou seja, um filme completo que sim foi feito para crianças e famílias irem ao cinema juntos, mas principalmente souberam encantar a todos. E embora tenha algumas falhas de bocas mexendo fora do sink com a dublagem, foram certeiros nas escolhas dos artistas para os papeis principais, pois Bruno Gagliasso, Marcio Garcia, e principalmente Henrique Fogaça caíram como uma luva para os papeis.

O filme nos mostra que após ser adotado pela família Brown, Paddington ganhou muita popularidade na comunidade de Windsor Gardens. No aniversário de 100 anos de sua tia Lucy, esse simpático ursinho sai em busca do presente perfeito e acaba encontrando um livro único na loja de antiguidades do senhor Gruber. Paddington se submete a uma série de trabalhos bizarros para poder comprá-lo, e quando o livro é roubado, ele e sua família farão de tudo para encontrar o ladrão.

Demorou 4 anos para que o diretor Paul King voltasse à frente de projeto mais lucrativo, pois "As Aventuras de Paddington" custou 55 milhões e rendeu 259 milhões, e com isso a certeza de uma continuação até que demorou bastante, mas após vermos tudo o que ele preparou para que essa nova história não fosse apenas uma continuação jogada, mas algo cheio de técnica e que mantivesse a magia infantil e com um cuidado perfeito, vemos que o tempo foi perfeito para a produção não jogar apenas algo que fosse esquecível logo após sairmos da sessão, mas que emocionasse, que divertisse, e que principalmente encaixasse dentro da proposta doce que é a empregada nos livros de Michael Bond, e os roteiristas conseguiram expressar na telona, ou seja, é daqueles filmes para ver tranquilamente sem muita pretensão e acabar apaixonado pelo que acabará vendo, tanto que não a toa o longa está concorrendo a três prêmios no Bafta (roteiro, filme britânico e ator coadjuvante para Hugh Grant) e mostrou na tela o potencial para tanto. Não digo que é uma trama sem defeitos, pois possui diversas cenas exageradas que não eram necessárias, algumas bobeiras comuns de filmes infantis, mas tudo acaba resultando em algo tão bacana que não temos como não sair felizes, principalmente nas cenas de referência à Chaplin, com destaque para a cena dentro das engrenagens.

Como vi o longa dublado não posso dizer que as entonações dos atores reais foram perfeitas, mas posso dizer que todos se encaixaram bem dentro de suas personalidades, mas que ao colocarem uma boa escolha de dublagem nos protagonistas, a distribuidora nacional fez um belo serviço. O ursinho carismático Paddington ficou a cargo nacionalmente de Bruno Gagliasso, que conseguiu dar efeitos na voz para as cenas necessárias, entonou bem a emoção do personagem e junto com a ótima textura que foi composto o urso, acabou soando agradável e na medida. Hugh Grant como o vilão Phoenix Buchanan foi icônico com suas múltiplas facetas, mostrando que é um ator diferenciado, mas a voz de Marcio Garcia combinou em alguns pontos e falhou em outros, afinal como é cheio de trejeitos, Grant não é fácil de ser dublado, mas nada que atrapalhe demais. Dentre os demais personagens, os Brown continuam igual no primeiro filme, bobos demais, mas que encaixam no conceito de família, mas o grande destaque ficou para o chefe da prisão, Montanha, que teve uma grande participação no feitio do longa, aprendendo a famosa marmelada do urso, mas que mais genial que isso foi a escolha do chef Henrique Fogaça para dublar o ator Brendan Gleeson, pois acertaram no tino do chefe brutamontes, e no estilo escolhido para julgar a comida do ursinho, ou seja, não poderiam ter feito melhor.

No conceito visual foram bem criativos para colocar muitas técnicas, a melhor de todas usando o 3D dos livros de papeis com os ursos passeando pela tela fazendo quase que uma imersão para o público visitar Londres através daquele livro, depois um parque muito cheio de cores, e finalizando claro numa prisão que assim como já falamos outras vezes, não é o lugar que faz a pessoa, mas sim a pessoa que faz o lugar, e é mostrado duas vezes isso na produção cheia de cores e elementos cênicos para envolver tanto as crianças, quanto os pais que forem conferir. Na fotografia nada menos que cores vibrantes para segurar os pequenos e dinâmicas de sombras em cada cenário para realçar os protagonistas sempre.

Enfim, é um filme que sabia que seria bonito, que traria boas sensações familiares, mas que não esperava ser surpreendido tanto, afinal continuações costumam decepcionar e muitas vezes até estragar o que um bom primeiro filme fez, e aqui foi algo completamente diferente que até melhorou o que já tinha sido bem feito em 2014. Portanto pegue suas crianças, e se não tiver vá sozinho também conferir o longa que estreia no dia 01/02, pois vai ser uma ótima diversão para todos, e recomendo quem conhece os filmes clássicos reparar nos detalhes das referências tanto aos filmes de Chaplin que o diretor inseriu. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, claro que agradecendo demais a parceria com o pessoal da Difusora FM 91,3MHz que arrasou novamente com uma ótima pré-estreia, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até breve.

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The Post - A Guerra Secreta (The Post)

1/27/2018 02:09:00 AM |

Sabe aqueles filmes que você já vai sabendo que verá uma grande batalha de diálogos de todos os tipos, aonde o roteiro vai superar completamente qualquer ação e que certamente sem atores de renome para manter a essência ficaria completamente apagado? Se você respondeu sim para a maioria das perguntas com um ar feliz, irá ver tranquilamente "The Post - A Guerra Secreta", agora se fez cara feia para qualquer uma delas, certamente o longa irá lhe cansar e você sairá da sessão como se tivesse ficado umas 10 horas na sala do cinema. Digo isso, pois embora o filme seja excelente, com uma história forte e pesada de uma grandiosa briga que a imprensa americana teve nos anos 70 com o governo que desejava ocultar os segredos da Guerra do Vietnã, com sequências incríveis, ótimos diálogos e atuações impecáveis, o miolo é um dos mais cansativos dos últimos anos, com tanta verborragia que chegamos a cansar de tudo e até aflorar pensamentos de que rumo o longa deverá tomar na sequência, porém felizmente o desfecho acaba sendo muito bom. Talvez uma mudança drástica de estilo, contando mais da editoração do texto e do julgamento agradaria bem mais, ou quem sabe o longa virar uma série múltipla acabaria resultando em episódios prontos mais favoráveis, mas como acabou sendo assim, vá descansado para a sessão e curta cada momento pensando na liberdade expressiva que hoje a imprensa tem, mas que nem sempre foi assim.

A sinopse que nos conta praticamente o filme inteiro mostra que Kay Graham é a dona do The Washington Post, um jornal local que está prestes a lançar suas ações na Bolsa de Valores de forma a se capitalizar e, consequentemente, ganhar fôlego financeiro. Ben Bradlee é o editor-chefe do jornal, ávido por alguma grande notícia que possa fazer com que o jornal suba de patamar no sempre acirrado mercado jornalístico. Quando o New York Times inicia uma série de matérias denunciando que vários governos norte-americanos mentiram acerca da atuação do país na Guerra do Vietnã, com base em documentos sigilosos do Pentágono, o presidente Richard Nixon decide processar o jornal com base na Lei de Espionagem, de forma que nada mais seja divulgado. A proibição é concedida por um juiz, o que faz com que os documentos cheguem às mãos de Bradlee e sua equipe, que precisa agora convencer Kay e os demais responsáveis pelo The Post sobre a importância da publicação de forma a defender a liberdade de imprensa.

Bem, sabemos que Steven Spielberg é daqueles mestres incontestáveis da sétima arte, que sabe entregar exatamente o que esperamos ver por parte dele, e aqui começa seu filme com o que melhor sabe fazer: um filme de guerra, com soldados em campo e tiros para todo lado, e até aí já pensava que o filme batalharia com muita ação e tudo mais, porém temos um vértice politizado no miolo, que é aonde o mesmo Spielberg tem errado demais, com filmes que acabam se arrastando e conduzindo para um desfecho aonde novamente temos aí sim uma guerra de palavras, batalhas por direitos, e mais do que isso mostrando muito de como o jornalismo é algo que quem sabe fazer da maneira correta acaba sendo preciso e seguido pelos demais. Não digo que é o clássico estilo de filmes do diretor, mas segue uma fórmula bem tradicional que vem utilizando ultimamente, e sabendo bem enquadrar (que é sua especialidade), temos ângulos incríveis com sequências memoráveis e uma criatividade tão bem despojada que ao deixar nas mãos (ou melhor nos diálogos) dos protagonistas, o resultado acabou fluindo melhor do que o esperado.

O elenco inteiro está tão sincronizado que em muitos momentos achamos realmente que todos ali já trabalharam em redações de jornais, com interações cadenciadas, reuniões de pauta colocadas de forma correta, e tudo com interpretações na medida para principalmente deixar que os protagonistas fluíssem bem, e dessa maneira, o conjunto acaba funcionando. Mas claro que com Meryl Streep em cena não tem como não direcionar todos olhares para ela e ficar encantado com a força de sua Kay, que sem repetir um trejeito de outros personagens acaba impactante e com uma dinâmica precisa para que cada cena sua fosse única e incrível, transbordando talento e claro colecionando mais uma indicação ao Oscar. Tom Hanks não faz um dos seus papeis mais memoráveis, mas ainda assim seu Ben é daqueles editores que já vimos em muitas redações mundo afora, que desejam a notícia de qualquer maneira, nem que para isso tenha de destruir a reputação de qualquer outra pessoa, e mais do que isso, o ator incorpora o personagem para que seus atos sejam entregues e sentidos, fazendo dele um bom personagem. Dentre os demais, tivemos bons momentos de cada um, mas vale o destaque para Bob Odenkirk como Bagdikian na sua busca desenfreada por uma fonte confiável, e Matthew Rhys como Dan, o informante que foi para a guerra, pois ambos mostraram que fazer jornalismo é uma arte.

No conceito visual da trama, senti falta de mais referência aos anos 70, pois mostraram sim televisores da época, as máquinas tipográficas que ainda muitos jornais antigos usam, alguns figurinos, mas no contexto geral apresentado, a trama poderia muito bem estar acontecendo no jornal ali da esquina, afinal as redações mudaram bem pouco (tirando claro o detalhe de milhares de computadores espalhados ao invés de máquinas datilográficas e papeis escritos a mão), e isso que acabou faltando mais para que a ambientação ficasse realmente de época, mas de modo geral vemos bons elementos e acabamos adentrando à história. No conceito fotográfico, tivemos um tom médio de cores, o que faltou para empolgar a trama e dar ritmo, criando texturas e sombras demais, cansando um pouco, claro que tivemos muita câmera na mão, com sequências incríveis, mas faltou aquela pegada que Spielberg sabe fazer bem em seus longas de ação, para que a trama e os tons aquecessem realmente como em uma guerra.

Enfim, é um filme bem interessante, mas que possui um público bem direcionado, quem gosta da história americana, que conhece um pouco sobre os casos do passado, e até mesmo quem gosta de dramas mais dialogados, pois os demais vão acabar cansando mais do que gostando do que é mostrado na tela, ou seja, um filme que se a academia de votantes do Oscar ainda fosse 100% composta de velhinhos, certamente esse seria o longa escolhido como Melhor Filme, mas que a atual composição certamente acabará colocando ele em 4º ou 5º lugar. Portanto recomendo ele sim para vermos um dos grandiosos escândalos que ocorreu antes de Watergate, aliás esse sendo apresentado também no filme, mas com ressalvas principalmente para o miolo cansativo demais. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.

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Maze Runner - A Cura Mortal em Imax 3D (Maze Runner: The Death Cure)

1/26/2018 02:25:00 AM |

Como o próprio pôster já nos diz, todo labirinto tem seu fim, e todo filme deve saber a forma certa de encerrar sua trama, pois alguns que quebraram seus livros finais em dois não tiveram grande feitio errando em determinados pontos, alongando em outros e o resultado todos conhecemos, e aqui embora tivéssemos um segundo filme bem enrolado, cheio de personagens sendo apresentados sem muita utilidade, e a tradicional enrolação de filme-do-meio, "Maze Runner - A Cura Mortal" veio com uma duração bem longa (142 minutos), mas que foram bem utilizados cada momento para mostrar tudo o que se necessitava saber, com muita adrenalina em diversas cenas, e principalmente, um grande desfecho para que a história não necessitasse nem mais nem menos para ficar interessante. Confesso que até esperava um pouco mais, pois saí eufórico do primeiro longa, querendo logo a continuação, daí veio o segundo filme e brochou um pouco, mas ao menos deixou a ânsia para que o último viesse com tudo. Claro que recomendo muito se você não lembra de detalhes dos anteriores que assista novamente, pois não temos tempo para explicações, flashbacks e tudo mais, entregando sequência atrás de sequência e revelações acontecendo sem parar, mas dá para dosar tudo e sair feliz com o que verá na telona. Um dos maiores defeitos, que para isso aplaudo séries que gravam todos os filmes de uma vez, é que aqui os protagonistas cresceram e envelheceram demais, parecendo que se passaram anos, e não meses de preparação para o ataque, ficando notável principalmente as cenas que foram gravadas antes e depois do acidente no set, afinal os garotos agora já são homens com caronas, mas isso é detalhe técnico, então só quem botar grande reparo vai reclamar, pois quanto da história, o resultado é bem válido. Outro detalhe que vou falar mais para baixo é do 3D, pois se no segundo filme já foi enfeite que tinha até muita coisa para sair da tela, nesse é algo quase que nulo, valendo ver numa tela imensa apenas pela qualidade da imagem e das grandes cenas de ação. Portanto, é um filmão, literalmente que vai agradar aos fãs, e quem gosta de uma boa ação nas telonas do cinema, tendo principalmente um grandioso final para a trilogia.

No final épico da saga Maze Runner, Thomas lidera seu grupo de Clareanos em fuga em sua missão final e mais perigosa até então. Para salvar seus amigos, eles devem invadir a lendária Última Cidade, um labirinto controlado pela CRUEL que pode vir a ser o labirinto mais mortal de todos. Qualquer um que o complete vivo, receberá respostas às perguntas que os Clareanos têm feito desde que chegaram ao labirinto.

Não lembro se já disse isso alguma vez, mas um diretor estreante ter o culhão de se manter à frente do cargo durante toda a trilogia é algo que poucos fizeram, e Wes Ball não só se manteve, como o filme de 2014 foi sua estreia a frente de um projeto de longa metragem, ou seja, o diretor cresceu construindo toda a concepção dos livros que o roteirista T.S. Nowlin também fez em sua estreia e se manteve até o último episódio, ou seja, um real trabalho de equipe que levou muitos tiros de fãs reclamando de detalhes, de críticos reclamando de excessos, mas que não teve dúvidas e que durante esses 4 anos (quase dois parados por conta do acidente) conseguiram entregar 386 minutos de pura ação, com boa história envolvente, muitos personagens bem (alguns mal encaixados, outros perfeitos), com grandes revelações e principalmente algo que não fizesse o público se cansar, criando dinâmicas prontas tanto para os fãs dos livros, quanto para quem goste de uma trama de aventura com bastante ação, ou seja, uma saga completa. Claro que por ser sua estreia e não ter feito outros trabalhos como diretor, Ball cometeu diversos deslizes comuns nessa sua saga completa, como por exemplo dar muita ênfase em determinado personagem desnecessário, ou trabalhar a ação espaçada demais de timings mais lentos, e principalmente não ousar com grandiosas mudanças que poderiam ser feitas para que tudo se encaixasse realmente melhor como um filme, mas são detalhes mais técnicos do que algo que realmente atrapalhasse a desenvoltura da trama, e sendo assim, o que vimos hoje no fechamento dessa bela trama foi algo que vamos lembrar por um bom tempo, e quem sabe vamos até querer ver os três seguidos algum dia, para que todos os detalhes sejam bem conectados e o resultado fique ainda melhor, ou seja, foi uma boa estreia realmente e iremos aguardar o que lhe será dado agora com o fim da série.

Sobre as interpretações, podemos dizer que todos evoluíram muito em trejeitos durante toda a série, crescendo tanto na forma de atuar quanto na amizade e química entre os protagonistas, de modo que realmente vemos a busca de cada um em ajudar cenicamente não apenas no contexto do roteiro, mas também em ajudar nos ganchos de diálogos de cada um, ou seja, formaram um grande time. Destaque claro para o protagonista da saga, que beirou morrer num grave acidente nas filmagens, Dylan O'Brien que trabalhou seu Thomas com muita velocidade, criando cada cena de ação como se dependesse realmente daquilo para ganhar seu cachê (claro que nos próximos filmes irá repensar 3x antes de fazer cenas perigosas ao invés de colocar um dublê!), mas seu crescimento foi o mais evidente tanto físico (é notável as cenas gravadas antes e depois do acidente!) quanto nos trejeitos e forma de entregar seu personagem, tanto que não vemos mais um fedelho como era chamado no primeiro filme e sim alguém que está brigando por algo, com boas dinâmicas nas falas e olhares, encaixando tudo da melhor forma possível. Thomas Brodie-Sangster também entregou um Newt mais coeso, preparado para chamar a responsabilidade nas cenas que precisou e encaixando grandes olhares de amizade para com o protagonista, criando um vínculo tão bem encaixado que vemos sua vontade de estar fazendo a cena, ou seja, algo que embora interprete um garoto (com seus 28 anos não aparentes), teve compostura de gente grande. A trama focou muito em Ki Hong Lee com seu Minho, e se teve um dos atores que envelheceu bem, estando com uma cara de até ser outro ator (praqueles que falam que todos orientais possuem a mesma cara!), mas a trama mostra o cansaço de seu Minho e o ator soube entregar bem o papel também. Não podemos dizer que Kaya Scodelario mesmo sendo a mais "famosa" dentre os atores, com grandes produções nesse meio do caminho saiu satisfeita com sua Teresa, pois embora aparecesse bastante na trama, parecia sempre estar aérea em pensamentos e com dinâmicas sempre abertas e não conclusivas, o que é um pouco ruim de se ver, mas de modo geral seu final foi bem interessante. Dentre os mais velhos, tivemos grandes momentos tanto de Aidan Gillen com seu Janson todo malvado e desesperado nas cenas finais, se mostrando um vilão do melhor calibre, quanto Patricia Clarkson com sua Ava, que embora esteja menos participativa que no longa anterior, ainda teve seus momentos chamativos. Outro grande destaque nem tanto pela atuação, mas sim pelos detalhes da maquiagem, ficou a cargo de Walton Goggins com seu Lawrence, mas sua aparição nem foi tão surpreendente quanto outro ator que vem no mesmo cenário, mas isso é melhor ser surpresa para quem for ver.

No conceito cênico, acho que será difícil outra saga trabalhar bem os elementos que essa nos entregou, que mesmo com alguns bichos e alegorias bem digitais e estranhas saindo do conceito comum, o resultado geral como grande produção ficou bem incrível de ser vista nos três filmes, e aqui o ápice é de um nível que jamais imaginaríamos com perseguição em cima de trem, cidades imensas sendo destruídas, laboratórios bem construídos, uma guerra iminente no meio da rua, projeções com carros e naves nas alturas, e muito mais, tendo quase nenhuma cena fixa em um único ambiente, criando movimentações sem parar e com muita certeza dando um trabalho imenso para a equipe de arte, que não só entregou uma trama complexa, como criou vértices para serem trabalhados em outros longas, já que em cinema tudo é bem aproveitado. A fotografia ousou e muito, pois como a maior parte do filme se passa a noite, temos iluminações coerentes sem ficar falso, tons distintos para cada momento de ação, sem falhar nas sombras e nos elementos gráficos, muito fogo, fumaça e luzes piscando para criar tensão, e claro ângulos velozes sem ter perda de imagem, ou seja, um trabalho minucioso. Como já disse no começo, infelizmente o 3D está bem fraquinho, que convertido na pós-produção acabou sendo quase inútil, e olha que temos muitas explosões, tiros e cenas com muita ambientação para que fosse trabalhado o efeito, mas como tudo acabou atrasando muito devido ao acidente, é capaz que não sobrou tempo para a equipe mexer nesses detalhes, mas não fez falta.

Enfim, volto a frisar que houve detalhes técnicos que possam pesar a mão, mas foi um grandioso fechamento de saga, com todo o direito que puderam fazer, criando algo bem maior do que era o projeto no começo, ou seja, fazendo uma franquia de ação que era algo simples e curioso apenas virar algo dinâmico, cheio de efeitos e claro como vimos desde o primeiro filme, muita correria! Recomendo ele mais para os fãs dos livros e da série, mas também quem gosta de uma boa ação vai acabar se entretendo com o resultado final aqui, e como disse no começo, recomendo ver todos os anteriores antes de ir para a sessão, pois é bem contínuo os acontecimentos. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, afinal essa semana veio bem recheada, então abraços e até logo mais.

PS: Assim como dei uma nota maior do que deveria no segundo filme, aqui vou me ater aos problemas, e dar a mesma nota para a série toda, pois o contexto completo que importa, então diria que foi um 8+7+9=8 de média.

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Correndo Atrás De Um Pai (Father Figures)

1/20/2018 02:24:00 AM |

Todos sabem bem que o forte de Hollywood nunca foram as famosas dramédias (ou comédias dramáticas como muitos preferem), e sim um gênero mais tradicional na Europa, aonde sai um filme melhor que o outro trabalhando ora o lado mais dramático de um tema e pontuando levemente com pitadas cômicas para não polemizar tanto, ora colocando algo escrachado, mas que acaba tendo algum problema forte para dar uma quebra no miolo, ou seja, um mix de dois gêneros que teoricamente não se completam, mas que acaba funcionando quando bem arquitetados. Mas, mesmo não sendo algo muito comum por lá, nos últimos anos temos vistos bons exemplares que tentam cativar o público que gosta de ser surpreendido no cinema, com alguns bons filmes e outros terríveis, afinal não é o estilo principal que sabem atacar, fazendo bem um ou outro dos lados. Dito isso, fui preparado para ver algo bem estranho de "Correndo Atrás De Um Pai" e acabei me divertindo bastante ao mesmo tempo que também me emocionei com algumas situações, ou seja, acabou sendo uma grata surpresa, mesmo que em diversos momentos podemos nos anteceder o que irá ser apresentado na situação seguinte, e sendo assim acaba sendo mais previsível do que muitos longas desse estilo. Talvez nas mãos de um diretor europeu o resultado seria magnífico, mas de certa forma não foi tão falho e apelativo como esperava ver, mesmo que tenham exagerado em piadas sujas.

O longa nos mostra que Kyle e Peter Reynolds são irmãos gêmeos, cuja mãe excêntrica os criou para acreditar que seu pai havia morrido quando eram jovens. Quando eles descobrem que isso é uma mentira, eles se juntam para encontrar seu pai real e acabam aprendendo mais sobre sua mãe do que eles provavelmente já quiseram saber.

Acho bem válido que uma pessoa que fez sucesso em outras áreas decida vir a frente da direção e tentar fazer bem um filme, porém sabemos que a maestria de uma trama é válida quando todos os eixos funcionam, e sim aqui temos bons cortes, uma fotografia bem caprichada, mas o diretor de fotografia de grandes blockbusters que resolveu ter seu primeiro projeto como diretor, Lawrence Sher esqueceu que quando se comanda tudo não pode ficar em cima do muro, e ele usou efeitos antigos de transições, colocou coisas grosseiras em cenas de teor dramático gigante, deixou que os personagens se perdessem no texto e tudo mais, mas felizmente contou com dois grandes astros que já fizeram todo tipo de filme, e com isso Owen Wilson e Ed Helms assumiram as rédeas e conseguiram com boas expressões segurar a trama para que ela não se perdesse, ou seja, o filme é completamente dependente dos dois protagonistas e até mesmo nas situações que envolvem outros personagens, o que aparentemente acontece é que ninguém sabe o que fazer em cena, ou seja, é um filme com um mote e uma proposta gostosa, com um roteiro até que bem moldado, porém falta uma direção realmente para que o rumo flua e se destrinche, uma das cenas mais engraçadas de se perder em cena, fica a cargo do flerte no bar, aonde nenhum dos dois personagens sabia o que fazer, e até soou engraçado, mas claramente se vê a perda de rumo. Ou seja, vamos torcer para que esse roteiro caia nas mãos de algum diretor europeu, que aí sim vamos rir e lavar o cinema na mesma proporção, pois aqui faltou um pouquinho de cada coisa, mesmo que o resultado final agrade.

Como disse, a trama ficou bem dependente dos protagonistas, e Owen Wilson que já fez de todo tipo de filme soube dosar seu carisma e personalidade para que seu Kyle não ficasse nem metade do irmão chato que é descrito pelas falas do outro irmão, pois certamente teríamos alguém completamente arrogante e que mais incomodaria cenicamente do que incluiria, e sendo assim, o resultado acaba soando ao mesmo tempo infantil, mas bem contextualizado com a trama. Diria que Ed Helms sempre foi aquele ator que está em diversos filmes de comédia, mas falha ao fazer rir, ficando sempre no quase, e aqui a personalidade de seu Peter pede bem isso, tanto que acabamos nos conectando a ele, com seus diversos desgostos ao longo da vida, ele acaba ficando amargo e suas piadas acabam sendo sofridas até para ele, mas felizmente isso acaba soando engraçado para o público, ou seja, temos um vértice bem pautado que ele acaba agradando. Glenn Close está velha, isso é fato, mas aqui souberam dosar ela nas poucas cenas para que seu tom dramático encaixasse com a personalidade de sua Helen, e claro que as muitas desventuras de sua personagem quando jovem acabam soando hilárias. Dentre os demais, todos fizeram o que estava possível para não atrapalhar e soar agradável ao menos para o filme, de modo que embora pareçam perdidos agradem, mas sem dúvida os destaques de pais foram para o jogador Terry Bradshaw que agora anda aparecendo como ator em diversos filmes, J.K. Simmons como Hunt, um maluco completo, e até mesmo Christopher Walken como um veterinário fujão conseguiu trazer boas cenas divertidas para o longa. Outro destaque, mesmo que pequeno ficou para Katt Williams como um mochileiro, que já vimos sua cena principal no trailer, mas dentro do carro foi bem divertido como um debatedor.

Como todo roadmovie, temos cenas em muitas locações, cada uma com uma personalidade diferenciada para mostrar a vida dos possíveis pais, e embora isso certamente tenha custado um pouco mais no orçamento do longa, o resultado geral consegue chamar atenção, pois temos uma mansão majestosa para um ex-jogador da NFL, ou seja, algo que mostra como esses ficam bem ricos, temos uma casa quase que abandonada para um ex-banqueiro de Wall Street, que mostra que finanças não deixa ninguém rico, temos uma tradicional festa de despedida que vemos em muitos longas americanos, cheios de amigos e parentes, e claro temos uma clínica veterinária completamente bizarra, com dois malucos no comando, ou seja, de tudo um pouco. Como temos um diretor de fotografia/cinegrafista no comando, foi usado ângulos diversos, ótimos contrapontos de luzes com pôr-do-sol bonito e várias façanhas que realçaram tons e trabalharam bem cada estilo de drama/comédia, mas que poderia dar até um outro tom mais alegre se quisessem.

Enfim, é um longa que pode certamente agradar bastante quem gosta desse estilo, mas que também contém muitas falhas técnicas para dizermos que foi algo perfeito para ser lembrado e muito recomendado. Digo que vale a conferida despretensiosa, pois consegue agradar sem apelar demais, mas que poderia ser um filme digno de premiações com alguns poucos ajustes, com toda certeza poderia. Bem é isso pessoal, infelizmente muitas outras estreias não apareceram no interior, então encerro aqui minha semana cinematográfica, e volto na próxima quinta com mais textos. Então abraços e até lá.

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Sobrenatural - A Última Chave (Insidious: The Last Key)

1/19/2018 02:08:00 AM |

Apenas faça uma conta rápida, quatro filmes custaram 26 milhões, e até agora com o quarto capítulo apenas começando sua rotação mundial, os quatro mesmos filmes já renderam mais de 400 milhões!!! E tem gente que achava que por ter escrito no título "A Última Chave", esse seria o último capítulo de "Sobrenatural"!! Vá sonhando, pois desse modo vamos ter até o capítulo infinito! Dito isso, temos de falar logo de cara algo que está confundindo muita gente, achando que esse filme é um prequel que se passa antes dos demais, ignore isso que você leu em diversos sites, pois sim, conta a história de como Elise "ganhou" seus poderes de médium na infância, mas a história se passa entre o primeiro e o segundo filme e conta com algo que está bem na moda, que é o abuso feminino. Ou seja, apenas para dar uma situada na cronologia, mesmo que todos tenham elementos conectantes, e caso algum dia você queira assistir numa ordem bem conexa (3,1,4,2), de modo que no filme Elise cite o caso de Quinn Brenner que vimos no terceiro filme ("Sobrenatural - A Origem"), e dando um leve spoiler no final desse quarto vemos Elise falando ao telefone com a esposa de Josh (do primeiro filme "Sobrenatural") sobre seu filho Dalton (que precisa de ajuda no filme "Sobrenatural - Capítulo 2"), ou seja, uma bela de uma bagunça de datas, mas que tudo fica bem colocado. Tirando esse detalhe de onde posicionar o filme, que sempre nos deixam confusos, o resultado da trama aqui segue o mesmo problema do terceiro longa, a falta de peso de um diretor como James Wan (que fez o primeiro e o segundo filme), e mesmo usando o texto sagaz de Leigh Whannel (que também é protagonista da trama desde o começo), acabamos vendo uma boa história mas que não assusta como poderia, deixando apenas como tema um tom de terror, e abusando do escuro para criar uma tensão e pegar o público desprevenido em certos momentos. Ou seja, temos uma história boa, de peso, mas que faltou o nome certo para explodir ela!

Uma das muitas sinopses que vimos espalhadas por aí nos diz que uma série de assombrações e espíritos têm tirado a paz das pessoas. A única capaz de caçar esses espíritos e pôr um fim ao terror é a médium Elise, que usa suas habilidades para contatar os mortos. Seu próximo trabalho é bem pessoal, quando é chamada para encontrar um espírito na casa onde cresceu.

Claro que volto sempre a frisar que uma boa história nem sempre vai acabar virando um bom filme, pois depende de vários pontos, e o principal em um longa de terror é uma boa direção que consiga transmitir o terror, que faça o público sair temeroso com algo, e claro, que também faça muitos assustar, e infelizmente o diretor "novato" Adam Robitel fez um trabalho bem fraco em cima do texto de Leigh Whannel, criando poucas perspectivas, entregando por diversas vezes mais do mesmo, e assim fazendo com que algo que poderia até ter um rumo inesperado, pois como disse no começo se levarmos a fundo a ideia de abuso feminino, que a trama ousa apontar que vem acontecendo há muito tempo e que muitos nem se tocam, ficasse simplório e esquecível demais, ou seja, faltou atitude. Outro detalhe que falhou demais, foi o exagero do escuro, tanto que temos diversas cenas que não vemos sequer os protagonistas em cena, ou seja, colocar um tom escuro em um longa de terror é de praxe para criar tensão, mas grande é aquele diretor que sabe o tom escuro correto para que seu filme mostre tudo o que precisa mostrar, e não apenas sumir com tudo e aparecer do nada com algum barulho alto ou algum bicho estranho para assustar, ou seja, é melhor o próximo filme desse diretor vir bem melhor, senão a chance dele ser esquecível também é bem alta.

Como é de praxe, Lin Shaye está muito bem no papel de Elise, criando pausas dramáticas bem expressivas, colocações corretas de sua personagem frente ao desconhecido, e mesmo nos momentos mais cômicos da trama, ela acabou acertando com sorrisos bem trabalhados, não soando perdida, ou seja, ainda é ela quem segura a onda do filme. Já disse isso outras vezes, e volto a frisar que Leigh Whannel é melhor roteirista do que diretor e ator, e se alguns de seus momentos soaram cômicos, sua cena final de "aproveitar" para dar em cima da mocinha, vai de encontro com algo que muitas mulheres têm brigado, e por pouco não estragou o miolo que tanto se falou sobre esse abuso, ou seja, podia ter ficado sem essa com seu Specs. A frase que Angus Sampson fala tantas vezes com seu Tucker revela exatamente o que ele e seu parceiro são: "ela é médium, nós somos médios", ou seja, de médio pra baixo a interpretação de ambos, funcionando como alívio cômico e nada mais. As demais garotas tiveram altos e baixos com olhares expressivos e algumas cenas bem encaixadas, mas faltou aquele detalhe de medo que gostamos de ver nas expressões, parecendo que todo mundo ali é altamente acostumado a ver fantasmas passeando pela casa, ou seja, poderiam bem mais, dando um leve destaque para Caitlin Gerard como Imogen. O grande Bruce Davison faz Christian aqui e até teve alguns bons momentos, mas nada que impressionasse, tendo destaque apenas na cena de reencontro de seu personagem com Elise, aonde demonstrou apatia e impacto cênico, mas faltou mais disso nas demais cenas para realmente impressionar.

Assim como nos demais filmes da franquia, o longa é bem econômico em relação à cenografia, tendo aqui uma casa com pouquíssimos móveis e detalhes, usando muita teia de aranha para criar um ar misterioso, e quando vamos para o outro lado dos espíritos a maquiagem fica a cargo de um ou dois personagens apenas para dar algum realce, ou seja, trabalham bem com o pouco, e o acerto acaba sendo bem encaixado. Não diria que foi o melhor uso, mas o filme poderia ter encaixado mais ainda com a ideia da prisão e juntado com o abuso que certamente daria altos papos nos meios de discussão. Como falei no começo, uma das grandes falhas do longa ficou a cargo da equipe de fotografia, que abusou demais de tons escuros bem fortes, e isso por bem pouco não estragou o longa por completo.

A trilha sonora de Joseph Bishara sempre encaixa bem com qualquer longa de terror, e aqui ele não abusou de ríspidos acordes para pegar o público desprevenido, criando algo mais complexo e bem trabalhado no contexto completo.

Enfim, diria que da franquia é o longa mais fraco de essência, mas o que trabalhou melhor as conexões, podendo dizer que fechou o ciclo, mesmo que para isso seja esquecível. Agora é esperar o que irão fazer para que a série continue, talvez ir para o final do segundo quando aparece uma nova entidade que não foi usada ainda, mas para isso teriam de abandonar o grande sucesso da trama que é Elise, ou seja, vai ser algo a ser bem pontuado. Mas falando desse ainda, posso dizer que recomendo ele somente para encaixar todas as pedras, conhecer mais como era Elise quando garotinha e completar tudo, mas de resto é uma pena que não seja um dos grandes nomes do terror que tanto esperávamos ver. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a outra estreia da semana no interior, então abraços e até breve.

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O Estrangeiro (The Foreigner)

1/14/2018 03:03:00 AM |

Um bom filme de ação policial tem de possuir muita paia, movimentos ninjas de luta bem coreografados, e principalmente muita traição para todos os lados, e se você estava com saudade do estilo que víamos muito na saga "Busca Implacável", podemos facilmente dizer que usando o livro "The Chinaman", agora o longa "O Estrangeiro" pode facilmente abocanhar esse pedaço do mercado e criar uma nova franquia de lutas, pois mesmo com coisas que certamente diríamos improváveis, Jackie Chan conseguiu transformar o filme em algo divertido e interessante de acompanhar do começo ao fim, aonde passamos ao mesmo tempo torcendo para que ele descubra quem matou sua filha, mas também que soque a cara do ministro que se acha. E com o final entregue certamente já devem estar pensando em um segundo filme, ou seja, vamos ver muito mais pancadaria em breve.

A história nos mostra que Quan testemunha sua filha morrer por causa de um ataque terrorista feito por irlandeses. A polícia não resolve o caso e o homem decide fazer justiça com as próprias mãos. No caminho de Quan aparece Liam Hennessy, ex-membro do Exército Republicano Irlandês (IRA), que faz parte do governo e tenta impedir o plano de vingança de Quan.

O diretor Martin Campbell é daqueles que oscilam demais em sua carreira, fazendo diversos bons filmes, mas também alguns que beiram o desespero apenas por dinheiro, porém uma coisa é inegável em seus longas: ele sabe como segurar bem a tensão e criar explosões tão realistas que acabam confundindo até mesmo a equipe e claro as pessoas da cidade, tanto que em uma das cenas do filme, cidadãos de Londres acharam se tratar realmente de um ataque terrorista em uma das pontes da cidade, ou seja, só por isso já sabemos que o longa é cheio de bons momentos. Porém ao mesmo tempo que cria um vértice ágil e cheio de coisas improváveis, o excesso de subtramas acaba deixando amarras soltas a todo momento, e isso só é bom se você souber que a ideia de criar uma franquia com outros filmes está semi-pronta, senão teremos apenas os momentos ocorrendo e nada a mais para incrementar. Digo isso, pois a dinâmica de busca por responsáveis por parte do protagonista é bem feita, cheia de bons momentos, mas temos vários elos ocorrendo no meio politizado, parecendo que sempre o diretor quer nos mostrar algo que não está presente em seu filme, do tipo que se ocorresse no Brasil, a busca de um assassino, o diretor ficasse tentando apontar os problemas dos políticos corruptos, ou seja, há um bom mote, mas também há uma boa franquia para se desenvolver. Não sei até que ponto o livro em que o filme foi baseado, "The Chinaman", possui outros desenvolvimentos, que criaram um mito para investigar algo, mas se depender do desfecho aqui, com as boas cenas de luta, quem sabe o roteiro não deslanche mais e entregue em breve uma continuação, afinal o IRA está sempre pronto para novos atentados, e claro nosso lendário lutador mesmo com muitos anos nas costas, ainda bate bastante para virar mais mito ainda.

Quanto das atuações, Jackie Chan melhorou muito seu estilo dramático nos últimos anos, trabalhando mais as expressões de dor e usando o rancor no olhar sem parecer tão falso, pois antes parecia que estava com uma dor de barriga quando queria expressar raiva, e aqui seu Quan é preciso nos diálogos, e ao demonstrar cada sentimento procurou ser correto e fazer tudo com mais simplicidade, o que acabou trazendo um bom tom, claro que ainda seu estilo ninja de luta acaba ficando engraçado e paia demais, fazendo bombas no melhor estilo MacGyver, mas acaba agradando e ficamos torcendo para ele, (até demais, pois o rapaz atrás de mim parecia estar narrando um jogo com torcida organizada!), e assim sendo o personagem Quan vai ser usado mais com toda certeza. Agora chega a ser engraçado o quanto um chefão antigo do IRA (Exército Republicano Irlandês), juntamente com um monte de capangas, acabam tomando uma coça do velhinho chinês, de modo que Pierce Brosnan parece estar morrendo de medo com seu Liam, e com uma desenvoltura até estranha de olhar, demonstrando falta de atitude em cada momento (tirando sua conversa com outro chefão) e repercutindo nos seus atos, ou seja, o experiente ator ficou falhando mais do que agradando. Dentre os demais personagens, a maioria tem boas conexões e até algum tipo de expressão forte para marcar seus atos, mas acabam sempre falhando em algo, de modo que só podemos destacar bem de leve a jovem Charlie Murphy com sua Maggie duplamente infiltrada, e Ray Fearon como o policial Bromley que teve impacto nas fortes chamadas, mas sempre estando um passo atrás de tudo.

No conceito visual arrumaram ao mesmo tempo uma Londres bem ampla para as cenas abertas na rua, mas com locações simples de cenografia nas cenas mais fechadas como no Hotel, ou até mesmo no restaurante, sendo tudo necessário falar ou aparecer escrito para ressaltar aonde cada personagem estava, enquanto na Irlanda o grande destaque da equipe artística ficou a cargo de um bosque e um sitio, aonde o protagonista pode criar todo tipo de armadilha para os "vilões", ou seja, não foi nada impressionante nesse quesito, mas ao menos saíram bem. Quanto da fotografia, por termos muitas explosões e cenas rápidas, o tom avermelhado foi bem usado contrapondo ao verde acinzentado do descampado, criando boas misturas cênicas, e deixando o ar de ação predominar, o que é bom de ver na telona.

Enfim, foi um filme bem ágil e divertido de acompanhar, que mesmo não sendo meu estilo favorito (afinal cenas de lutas paia, com tiros errando com facilidade, e tudo indo para socos e pontapés ao invés de liquidar a fatura com um tiro na cabeça de uma vez) conseguiu me prender e fazer com que gostasse do que via na tela, ou seja, quem for fã irá curtir até mais, mas vale também como uma boa indicação para todos que gostem de longas de ação. Bem é isso, fico por aqui nessa semana cinematográfica, até tendo mais uma pré para ver, mas o horário não é dos melhores, então talvez só veja ele na semana que vem mesmo, então abraços e até breve com mais textos.

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O Destino De Uma Nação (Darkest Hour)

1/13/2018 02:29:00 AM |

Composições biográficas de época costumam ser filmes difíceis, complicados e com grande teor nos diálogos, mas a personalidade cômica e cheia de loucuras que foi Churchill acabou tendo um grande estilo para que o filme "O Destino De Uma Nação" ficasse interessante, contasse uma boa história, e principalmente arrecadasse diversos prêmios para a excelente atuação de Gary Oldman, ou seja, um filmão que até pode se dizer que é enrolado em demasia, mas que situa bem diversos pontos da Segunda Guerra Mundial que poucas vezes foram contados, e mais ainda, se conecta bem com outros longas lançados, formando praticamente um panorama único (o que é bem raro de acontecer em filmes de diferentes diretores/produtoras), ou seja, você estará assistindo ao filme e de repente estará ouvindo falar de coisas que você viu em "Dunkirk" no ano passado, irá lembrar de detalhes que ouviu em aulas de História, mas nunca imaginou um congresso parlamentar balançando seus lenços de maneira a aprovar ou não uma atitude, e por aí vai. Portanto, mas do que um filme de guerra e política, temos uma trama ousada, com bons gracejos, que até cansa um pouco por parecer até mais longo do que realmente é, mas que ao final o resultado acaba agradando demais, principalmente pela estética e pela ótima desenvoltura do protagonista.

O longa nos mostra que o primeiro-ministro inglês Winston Churchill vive um grande dilema ao assumir o cargo. Com a crescente invasão de territórios por parte do ditador Adolf Hitler, Churchill precisa decidir se faz um acordo de paz com os nazistas ou permanecer firme de acordo com seus ideais, declarando guerra.

O trabalho do diretor Joe Wright é reconhecido por deixar que os personagens principais façam seus filmes do modo que o ator melhor se encontrar, e isto faz com que a trama mesmo tendo diversos personagens ao redor, que trabalhem em prol de um todo, se concentre o foco de câmera quase que 100% no protagonista. Não digo que isso é ruim, muito pelo contrário, pois acabamos nos afeiçoando facilmente ao personagem principal, e a cada novo momento procuramos e queremos conhecer mais e mais do que ele pode fazer. E aqui com Churchill até sabíamos alguns detalhes de sua vida, mas não tanto quanto a pesquisa detalhada conseguiu eximir e entregar aqui, claro que com patriotismo acima de tudo (afinal um filme de guerra sem patriotismo não é filme de guerra!) e trabalhando com muita expressividade, o ator praticamente virou o personagem em ação, afinal quem for ao cinema sem saber que é Gary Oldman por trás da prótese/maquiagem vai assistir ao filme até o fim se perguntando se conhece esse ator, ou se é alguém novo no mercado de atores, ou seja, um trabalho impressionante de caracterização e mais ainda de incorporação que foi dado para a trama. Com isso em mente, o desenrolar da trama é apenas detalhamentos de cada ato para que conheçamos o estilo de parlamentarismo, as ideias do primeiro-ministro, sua relação com o Rei e com os demais membros da câmara de diferentes partidos, sua família bem brevemente, e claro o nacionalismo contra o nazismo, ou seja, muita política feita de uma maneira até que leve e descontraída, mas com tudo bem colocado nos mínimos detalhes.

Falar sobre as atuações é quase que ficar repetindo o quanto não vemos Gary Oldman em cena, pois volto a frisar que o ator incorporou a personalidade e junto de muita prótese e maquiagem nem vemos sua fisionomia e seus trejeitos, de modo que vemos sim Churchill em cena, fazendo seus atos e trabalhando para entregar uma atuação, ou seja, prêmios em cima de prêmios, pois a função do ator é conseguir trazer uma personalidade que lembre o "homenageado" do filme, e assim quem viveu sua época, leu algum livro ou viu algum documentário com fotos/vídeos reconheça-o na tela, e aqui mesmo quem nunca conheceu Churchill por nenhum dos meios, passa a saber que aquele homem na tela é o personagem, e claro faz suas ideias de como ele foi a partir daquilo, ou seja, um trabalho mais do que perfeito. Dentre os demais, temos de dar um bom destaque para a forma emotiva que Lily James entregou para sua Layton, como mais do que uma secretária/datilógrafa, mas alguém por quem o protagonista passa a tratar como um elo nos seus discursos, ou seja, enquanto temos a comicidade e a frieza por parte do personagem principal, aqui a doçura e ingenuidade incorpora para dar a leveza que a trama precisava para equilibrar. Também temos de pontuar as poucas cenas de Ben Mendelsohn como Rei George VI que com uma postura bem tomada consegue incorporar seus diálogos como realmente um nobre. Do lado "antagonista" da trama tivemos os adversários políticos de Churchill que desejavam viver uma paz mesmo que para isso tivessem de se aliar à Hitler, e com isso, as boas sacadas expressivas de Ronald Pickup como Chamberlain e Stephen Dillane como Halifax foram bem de contraponto e agradaram por não forçar a barra. Sei que não era o foco da trama, e com isso só tivemos algumas cenas mais jogadas de Kristin Scott Thomas como a esposa Clemmie de Churchill, mas a atriz ao menos fez bons carões e mostrou o que ela diz em certo momento que desde que escolheu ele já sabia que ficaria sempre em segundo plano perdendo para a política até o fim dos seus dias.

Como estamos falando de um longa de época, com um cunho histórico fortíssimo, a equipe de arte precisou trabalhar muito para entregar locações bem incorporadas de detalhes, que mesmo que ninguém nunca tivesse estado num gabinete de guerra, imaginasse ser daquela forma, com túneis conectando cada local, carros da época, figurinos bem ornados, e claro, o principal que entregassem uma maquiagem e cabelo perfeitos para retratar o personagem principal, e nesse conceito, podem pesquisar milhares de fotos e o resultado é idêntico, ou seja, um trabalho interessante e que deve ser lembrado. Um grande destaque cênico ficou para a cena do primeiro discurso com a famosa luz vermelha iluminando o ambiente inteiro e deixando o protagonista mais nervoso do que o comum, o que já vimos em outros discursos. A fotografia usou muito o marrom/sépia para dar o tom de época, mas com figurinos dominados por preto, azul e branco, tivemos muitos contrapontos que suavizaram a tonalidade e incorporaram o visual da arte com a fotografia, e além disso, muita fumaça dos charutos, muitas luzes de contra para aumentar o preenchimento fizeram com que o longa ampliasse cada cenário criando algo mais contextual do que ficcional realmente.

Enfim, é um filme longo que até vai cansar um pouco nos últimos atos, pois após o clímax temos uma leve quebra de ritmo para que no final tudo volte a decolar, mas quem gosta de filmes históricos vai sair muito feliz com o resultado final da trama. Portanto não recomendo ele somente pela brilhante atuação de Oldman que deve levar todos os prêmios da temporada, mas sim pelo contexto completo da trama que deve incorporar bem nossos conhecimentos históricos (e claro para professores de História para que usem em suas aulas, ou ao menos achem os diversos defeitos de época!). Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas tenho ainda alguns filmes que vieram para o interior para conferir, então abraços e até breve.

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O Touro Ferdinando (Ferdinand)

1/07/2018 12:38:00 AM |

É tão bacana quando um diretor faz filmes direcionados para um público, e consegue cativar todos os demais, colocando ousadia e até pontos críticos! Digo isso, pois já sabemos bem o que iremos ver quando vamos à um filme do brasileiro Carlos Saldanha, e logo que surgiu o primeiro trailer do filme "O Touro Ferdinando", era certeza de ter emoção, muitos personagens carismáticos e até um claro afronte às touradas. E o que vi hoje na sessão de pré-estreia do longa é exatamente isso, mais um toque amoroso, gentil que nos conecta aos mais diversos bichos de estimação independente do seu tamanho acaba sempre tendo um grande envolvimento com os donos, vemos uma personalidade incrível do touro protagonista, e claro, uma fotografia muito bonita. Claro que muitos vão reclamar do estilo mais duro de desenho, sem muitas texturas, mas esse é o estilo do diretor, e sem dúvida alguma posso dizer que esse é sua volta ao grande estilo de história junto de beleza e bons personagens que vimos quando lançou o primeiro "Era do Gelo" em 2002, ou seja, pode pegar toda a garotada e ir passar um dia das férias no cinema que a diversão é garantida e a emoção também.

A história nos mostra que Ferdinando é um touro robusto e por causa de seu tamanho assusta muitos bichos e pessoas. Mas a grande verdade é que por trás da cara de mau, Ferdinando é um animal bastante sensível, que prefere ficar no campo cheirando flores e apreciando a paisagem. Para seu desespero, ele acaba sendo escolhido para uma tourada.

Quando o ano começa tão bem com grandiosas animações, acredito que podemos dizer que será excelente o restante, não é mesmo? E o mais incrível é ver que por trás de uma bela obra de arte está um brasileiro que já entregou tantos filmes bons, e que a cada nova obra procura incorporar mais beleza, incrustada em sutilezas, e sem deixar de lado a ingenuidade infantil para que sua obra tenha um conteúdo gostoso para todas as idades. E isso é fato marcante nas obras de Carlos Saldanha, que aqui pegou um texto antigo, que já foi até curta-metragem da Disney premiado em 1938, e trabalhou com muito cuidado para que não soasse forçado e principalmente que tivesse bons personagens, pois a história em si é simples, mas a cada momento conhecemos e nos divertimos com cada personalidade diferente e com as boas nuances que nos é entregue, ou seja, um filme que o diretor soube trabalhar um ponto crítico (ou melhor dois, pois denuncia as touradas como algo aonde os touros não possuem a chance - que acham no filme que terão de um dia derrotar o matador e sobreviver, e também mostrar para as crianças de onde vem um belo bifão de churrasco) e ainda conseguiu manter viva a essência infantil agradável e divertida para que a família toda assista, se divirta e emocione sem precisar pensar nem pesar em nada, ou seja, outro grande acerto do diretor.

Agora como sempre costumo dizer, uma boa animação se faz em cima do carisma e da boa dublagem dos personagens, e aqui o grandalhão Ferdinando é quase como nossos cachorros que crescem e ainda se acham pequenos, e mesmo forte ainda decide pela paz, pela flor, pela beleza de um campo para observar, e que com muita sutileza dublado por Duda Ribeiro na versão nacional acabou ficando incrível de acompanhar. Outro grandioso carisma ficou pela cabra Lupe, muito divertida, cheia de vontades e interações com o protagonista, bem como com todos no rancho de touros, e que dublada pela comediante Talitha Carauta com muita destreza acabou divertindo demais. A pequenina dona do tourão Nina foi sútil nos seus momentos, e agrada de uma maneira delicada e que dublada por Maísa soube agradar com ternura em todas as cenas. Dentre os demais, tivemos ótimos momentos dos pequenos ouriços Una, Dos, Cuatro com habilidades de roubo de alimentos e de fuga impressionantes, que junto com o coelhinho rosa prometem chamar muita atenção em outros filmes. E dentre os demais touros, todos com características incríveis, o valentão, o magrelo, o de duas cores diferentes, o criado em laboratório e até mesmo o com muito cabelo que não enxerga, tivemos personalidades variadas para poder mostrar para as crianças que cada um no seu estilo pode e deve fazer seu momento melhor, ajudando em algo e agradando. Ainda tivemos também bons momentos junto dos cavalos exibidos, que com a dublagem de Otaviano Costa fazendo muitos trejeitos para mascarar sua voz acabou ficando engraçado demais e resultando em cenas divertidíssimas de dança e exibicionismo. Dentre os demais humanos, tivemos boas bagunças cênicas para mostrar o caos que é Madrid no trânsito, e um grande apreço de não dublarem em português os figurantes, deixando que falassem em espanhol mesmo, soando algo bem interessante de ver e ouvir. Tivemos pouco destaque na vilania de El Primero, mas claro para não chocar os pequeninos, mesmo quando a lança afiada fica frente a frente com o protagonista, mas o personagem foi bem colocado para mostrar o altíssimo ego desses que vão para a tourada com toda pompa para se exibir.

No conceito visual a trama é bem bonita mostrando ares da Espanha rural e até os grandes centros urbanos, trabalhando com muitas cores vivas e mesmo sem exagerar em detalhes e texturas (algo que pouco importa para muitas produtoras), o resultado acaba virando rico em diferenciações, com personagens bem diferentes para que cada um olhe e saiba quem é quem, e com isso o filme ganha uma vida charmosa, simples e efetiva. Novamente, por ser pré-estreia, não veio com a tecnologia 3D para cá, mas não senti muito detalhamento em cenas que possam ter usado da técnica, talvez semana que vem confira em 3D para poder opinar.

Outro grande agrado ficou a cargo das boas canções escolhidas a dedo para cada momento, que além de fazer as passagens de tempo, deram dinâmica e vida para cada ato, destaque claro para a canção tema "Home" interpretada por Nick Jonas. E claro que deixo aqui o link com as músicas do filme.

Enfim, é um filme muito gostoso de acompanhar que vai divertir a família toda e que as crianças vão querer ter talvez um touro em casa (rsss), mas que não podendo irão arrumar colecionáveis bonitos, cadernos e por aí vai, mostrando que sempre Saldanha também ajuda nesse conceito criativo de produtos. Portanto fica a recomendação de uma boa animação para levar os pequenos para o cinema, que está em pré-estreia em diversos horários nessa semana, e na próxima deve vir com tudo. Bem é isso pessoal, fico por aqui já encerrando essa semana cinematográfica bem curta, mas volto na próxima quinta com mais textos, então abraços e até lá.

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Viva - A Vida É Uma Festa em 3D (Coco)

1/05/2018 12:57:00 AM |

Chega a ser engraçado comparar uma animação de nível da Pixar/Disney com qualquer outra produtora, pois sempre nos é entregue tantas cores, tantas texturas, tantas emoções, personagens diferenciados, que para nós adultos, quando vamos ver um filme deles já sabemos que vamos encontrar muitas metáforas, sentimentos e simbologias para todos os lados, e ainda assim poderemos levar os pequenos que eles se encantarão com muitas cores e por vezes acabarão se divertindo com um ou outro personagem. Esse é o selo Pixar, e você verá ele com muito afinco em "Viva - A Vida É Uma Festa", e digo bem mais, o longa além de emocionante é forte ao trabalhar não com a morte em si, pois esta como bem sabemos na cultura mexicana é algo para ser celebrado, e aqui é entregue de maneira delicada e interessante, mas o impacto surge no último ato com personagens principais, e desde o ponto de virada é um choque atrás do outro, ou seja, certamente embora estará sendo vendido como uma animação infantil para levar as crianças, com brindes fofos e tudo mais, recomendaria ele para no mínimo de 10 a 12 anos, e talvez até mais, pois sim temos boas metáforas familiares, muita simbologia de união pela família e tudo mais, mas vi tantos pequeninos chorando nos cinemas, que acredito que somente as cores e o cãozinho fofo Dante não serão suficientes para segurar eles no cinema. Mas, para os adultos, como sempre o resultado é incrível, possui excelentes camadas de história, de texturas, de cores, e claro de músicas que vamos nos encontrando em tudo e o resultado no final dá até um nozinho na garganta.

A sinopse nos conta que apesar de a música ter sido banida há gerações em sua família, Miguel sonha em se tornar um grande músico como seu ídolo, Ernesto de la Cruz. Desesperado para provar o seu talento, Miguel se vê no deslumbrante e pitoresco Mundo dos Mortos seguindo uma misteriosa sequência de eventos. Ao longo do caminho ele conhece o trapaceiro encantador Hector, e juntos eles partem em uma jornada extraordinária para descobrir a verdade por trás da história da família de Miguel.

Depois de ter feito muito marmanjo chorar com seu último filme, "Toy Story 3", o diretor Lee Unkrich, vem agora trabalhar uma mensagem mais ampla e para isso recorreu à simbologia da morte pelo lado mexicano desse misticismo, aonde essa fase, e principalmente o dia dos mortos é uma celebração de encontro afetivo e de memória com os que já foram embora, e só essa deixa já é algo emocionante para ser trabalhada, mas aqui o diretor optou por trabalhar tanto a busca de um sonho, como também duas outras vertentes, a quebra da inocência (que chega a ser uma das cenas mais fortes que já vi em uma animação) juntamente com um antagonista que ninguém esperava ver acontecer, e o melhor, ele consegue surpreender de forma mais e mais impactante, ou seja, ao direcionar dessa forma o diretor/roteirista não só criou toda uma mítica como também incorporou mais ainda o símbolo de seguir o sonho junto com a família, nunca abandonar esse elo, e assim sendo o resultado que seria apenas bonitinho, ficou forte e bem colocado como um filme mais sério para ser tratado.

Claro, que mesmo tendo essa ousadia, o diretor não nos decepcionou em nada, criando nuances visuais incríveis, destaque para o plano aberto na hora que o garotinho chega na cidade dos mortos, temos muitos, mas muitos mesmo, personagens bem desenhados passeando para todo lado (chega a lembrar "Zootopia - Essa Cidade É O Bicho"), cores vivas espalhadas, espécies de teleféricos voando para cima e para baixo, e nesse misto de cores, muita textura misturada com boas expressões, e claro, símbolos e mais símbolos, tornando sim o longa ao mesmo tempo visual para a garotada, e sério para os adultos refletirem, ou seja, um filme completo tanto no conceito de história quanto no conceito artístico.

Quanto dos personagens e da dublagem nacional, tivemos um garotinho ao mesmo tempo fofo e determinado, aonde com muita postura o Miguel dublado e cantado por Arthur Salerno encontrou trejeitos e determinações bem colocadas, ousando pouco em gírias e agradando muito no conceito da personalidade, envolvendo ao mesmo tempo que impõe, ou seja, na medida certa. O carisma do cachorrinho Dante é algo que mexe muito com o público, primeiro por colocar um vira-lata, e não um cão de raça para dar nuances bacanas de adoção que anda bem na moda, e ainda mais com o desenrolar que vemos mais para o fim, que agrada ainda mais com a personalidade do bichinho. O esqueleto Hector vamos gostando dele aos poucos, e ao nos revelar sua história completa ficamos de queixo caído, ainda mais depois de ter passado pela "favela" dos esquecidos que acaba ficando incrível, e a dublagem de Leandro Luna ficou ótima realmente. Agora se você quer falar de texturas de velhice, olhe para Mama Inez (Mama Coco no original) e certamente você verá todas as vovozinhas que conhecemos, de uma maneira tão perfeita que chega a dar medo do que podem fazer com animações. Ainda falando de personalidade, tivemos um Ernesto de La Cruz bem forte e cheio de compostura para chamar a atenção, desde sua história no começo, até o final bem incrível, ou seja, um personagem que a dublagem de Nando Pradho ficou na medida certa. Enfim, tivemos muitos bons personagens, e falar de cada um passaria por horas e daria até spoilers maiores, mas vale reparar em cada um para encontrar sua sina e seus atos.

Ou seja, o conjunto da obra surpreende! Não vi a trama em 3D hoje, optando pela conversão em Imax 2D que garantiu um conjunto mais incrível de cores, porém no final de semana irei rever em 3D para poder falar mais dos efeitos (que aparentemente pareceram interessantes com muitas pétalas de flores voando e alguns personagens também voando, ou seja, deve estar legal também), daí volto aqui nesse parágrafo mesmo para editar.

---> Voltando aqui para falar sobre o 3D da trama, hoje revi o filme e posso dizer que continuou lindíssimo, mas o 3D devido os óculos perde um pouco das cores magníficas que vi na Imax, e o que a tecnologia incrementa é maior profundidade cênica, de modo que as cidades parecem maiores, os personagens passam a ter formas melhores arredondadas, temos algumas sombras a mais, e alguns leves voos dos alebrites, mas nada que surpreenda como imaginava que poderia acontecer, portanto vá ver em Imax 2D que a garantia de cores é bem maior, e claro se você for adulto leve lencinhos, pois hoje a sessão quase foi alagada pelo público mais velho.

Quanto a musicalidade da trama, tivemos músicas bem interessantes, mas que como já falei em outro post, a Pixar diferentemente da Disney cria seus longas musicais mais centrados, e com isso não temos canções que adentram nossa mente e ficamos cantarolando sem parar, apenas são bem encaixadas para passar a nuance da trama e dar o ritmo que a cena precisa, mas ainda assim, como sou um bom amigo dos meus leitores, deixo aqui o link com as canções dubladas, e também algumas originais.

Enfim, é um filme muito bom para se refletir, para se emocionar e até para se surpreender, valendo a conferida. Como disse, talvez os pequenos não se conectem tanto, mas de certa forma passará uma boa mensagem para os não tão pequenos, portando fica a dica para saber se vai ou não levar o filhote para conferir a trama. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, com praticamente a única estreia da semana que não veio antes em pré, mas volto logo mais com o texto da outra animação que veio como pré-estreia, então abraços e até breve.
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