Uma Dobra No Tempo em 3D (A Wrinkle in Time)

3/31/2018 02:19:00 AM |

O que dizer de um filme fadado a ser um clássico da sessão da tarde, que cheio de mensagens bonitas e de grandes conceitos morais, e que com uma das representatividades mais altas dos últimos tempos poderia ser um espetáculo visual incrível e tudo mais, algo perfeito não é mesmo? Mas aí entra um problema imenso no meio do caminho de "Uma Dobra No Tempo": uma diretora sem carreira em blockbusters e um roteiro difícil de ser adaptado que passou por muitas mãos, ou seja, volto novamente a pergunta colocando esses detalhes, e a resposta é fácil: uma tragédia! Digo isso com um pesar imenso, pois esperava que o longa fosse sim ser uma viagem imensa, mas que remetesse aos bons tempos de "A História Sem Fim" e outros grandes clássicos cheios de viagem, mas não, apenas temos um grandioso visual em algumas cenas, um 3D razoável também somente em algumas poucas cenas, e de resto a bagunça completa no roteiro e na montagem faz com que o público saia rindo da sessão, e não é de felicidade!

A sinopse nos conta que os irmãos Meg e Charles decidem reencontrar o pai (Chris Pine), um cientista que trabalha para o governo e está desaparecido desde que se envolveu em um misterioso projeto. Eles contarão com a ajuda do colega Calvin (Levi Miller) e de três excêntricas mulheres em uma ousada jornada por diferentes lugares do universo.

Muito se falou sobre Ava DuVernay ser a primeira mulher negra a dirigir um blockbuster de mais de 100 milhões de orçamento, e agora ela vai poder esbanjar que é a primeira a destruir um filme com esse orçamento, pois se analisarmos a história veremos que sim, é um roteiro difícil de ser desenvolvido, mas a simplicidade entra em jogo quando podem quebrar em atos separados, ou então criar situações em cima, ou diversas outras coisas que um diretor tem o poder, e o que foi entregue é algo que certamente filmaram coisas demais, e na pós-produção acabaram inventando moda demais, cortando tanta coisa que daria sentido para a trama, e que acabou bagunçando ainda mais a história difícil, ou seja, a culpa é sim dela. Além desse detalhe, a trama fantasiosa por si só depende de que os atores acreditem no que estão fazendo, e aqui vemos um misto de atores se jogando e fazendo tanta coisa em cena, que pareciam estar desconexos com suas situações, ou seja, falha da direção de atores. Claro que estou apontando o dedo, e certamente ela também sofreu muito por estar em uma produção da Disney que certamente exigiu muitos detalhes no corte final, e com isso o resultado do que ela filmou com o que vemos na telona seja bem diferente, mas aí entra a expertise de direção em blockbusters que ela não tinha, e que um bom diretor entregaria o material pronto para chamar a atenção, e não foi o que vimos. Ou seja, é um filme com muitas nuances, mas que falha principalmente por bagunçar todas as nuances e não entregar nada que valha a pena.

Sobre as interpretações, posso dizer que cada dia mais me surpreendo com os novos talentos que andam lançando, e antes mesmo de falar da protagonista, preciso falar de Deric McCabe, que deu um show a parte com seu Charles até chegarmos no ponto de mudança do roteiro, pois a partir dali o jovem teve uma leve queda de rendimento, pois seu charme era a bondade no coração, mas ali ficou tão estranho, cheio de efeitos e tudo mais, que desandou um pouco, mas ainda assim mostrou que é um ator a ser bem observado. Storm Reid foi bem colocada como protagonista, e absorveu bem as qualidades e principalmente os defeitos de sua personagem Meg, fazendo alguém tão insegura que por diversas vezes ficamos pensando se estava com medo de atuar ou era o papel que lhe pedia isso, mas como a trama mostra mais isso, ficamos com a opção do personagem ser estranho e a atriz ter feito bem isso, mas certamente poderia ter mostrado algo a mais. Oprah Winfrey poderia ter ficado somente na produção, pois agradaria bem mais do que sua excentricidade jogada na personalidade da Sra. Qual, que embora tenha boas expressões, acabou ficando estranha demais com tamanhos e maquiagens bizarros demais para agradar, ou seja, a falhou em chamar atenção. Reese Whiterspoon fez caras e bocas demais com sua Sra. Quequeé, brincando até com a ideia de não botar fé na protagonista, mas também ficou exagerada demais para funcionar bem, e isso não é algo legal de ver na telona, talvez se ficasse somente na sua forma de "elfo" ou sei lá o que era aquilo voando agradasse bem mais. Talvez se o longa brincasse mais com a ideia da Sra. Quem, interpretada por Mindy Kaling que só falava no começo frases ditas por personalidades e com isso o filme tinha um certo conceito intelectual, o resultado chamaria bastante atenção, e das grandes deusas do filme, é a que menos soou forçada expressivamente, embora suas roupas fossem fortes demais, mas ao menos errou pouco. Os produtores ainda devem estar se perguntando quem contratou Levi Miller para fazer o garoto Calvin, um quase robô de enfeite que tem uma paixão platônica pela protagonista e que nã;o atinge nada com suas frases e feitios dentro da trama, ou seja, alguém que está ali apenas para "embelezar" a trama, ou seja, um abajur decorativo bonito. Dentre os demais, a maioria fez rápidas participações, e desde o excêntrico vidente vivido por Zach Galifianakis, passando pelo demônio estranho vivido por Michael Peña, e chegando até os pais da protagonista vividos por Chris Pine e Gugu Mbatha-Raw, ninguém conseguiu ao menos duas frases bem expressivas sem forçar olhares e trejeitos, ou seja, um desastre no conceito de interpretação.

Agora após tantos desastres, vamos falar de algo bom dentro do filme, o conceito cênico, que conseguiu ser muito bonito, com paisagens deslumbrantes nas cenas dos planetas, e mesmo com muitos efeitos estranhos, o resultado ainda conseguiu ficar fantasioso e ficcional na medida da proposta, trabalhando com elos físicos e também com coisas bem viajadas, ou seja, a equipe de arte teve de trabalhar e muito para conseguir criar tudo o que imaginaram para o longa. Só diria que houve um pequeno deslize por parte da equipe de fotografia que acabou exagerando demais em tons escuros e com isso o longa ficou um pouco denso demais e acabou não brilhando tanto como poderia. Quanto do 3D, temos de ser sinceros que nas cenas que usaram a tecnologia, acabou funcionando bastante e envolvendo o público com diversas coisas saindo da tela (principalmente as flores), mas infelizmente são bem poucas as cenas com a tecnologia, e mesmo em algumas com uma certa profundidade, o resultado acabou não chamando tanto a atenção.

Enfim, era um filme que apostava muito as fichas de que a Disney não deixaria falhar, mas que acabou virando uma sequência tão grande de erros que fica difícil recomendar ele para qualquer idade, mesmo com as boas lições de moral que foram impregnadas e passadas pelo longa. Portanto só confira ele se não tiver outro bom longa para ver, pois a chance de reclamar de tudo é bem alta. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na segunda com a última estreia dessa semana, e já também volto preparado para conferir alguns filmes alternativos que irão passar na cidade, então abraços e até breve.

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Projeto Flórida (The Florida Project)

3/30/2018 06:54:00 PM |

As vezes vamos ver um filme tão falado e não entendemos o real motivo, pois o que está sendo mostrado na tela nada mais é do que a realidade que vemos ao nosso redor, mas que raramente botamos reparo nela, digo isso não como algum julgamento, mas mais como uma reflexão, pois o que é mostrado como algo assombroso das famílias pobres, marginalizados e tudo mais acabaríamos vendo se olhássemos para o lado nas ruas, se conversássemos com uma criança pobre sobre como ela vê sua infância, e por aí vai, mas no cinema tudo é belo, e na rua é um problema. Ou seja, iniciei o texto de hoje com essa polêmica, pois sim, "Projeto Flórida" está bem longe de ser um filme ruim, mas também passa bem longe de ser algo marcante como vinham comentando durante todo o período de premiações. Claro que a essência brilhante da interpretação comovente da pequena Brooklynn Prince é algo que vai nos remeter ao que sempre pensamos na infância, ou seja, que só queremos curtir, brincar, se divertir e tudo mais, sem pensar nos problemas dos adultos, ou seja, algo doce e gostoso de ver, mas o longa não decola, sendo algo quase que cotidiano, mostrando o acontecer das coisas sem que pudéssemos esperar muita coisa, mas que ao menos acontecesse, e quando acontece, já é o fim do longa, e aí como o casal que estava atrás de mim disse: "será que tem alguma cena pós-crédito", pois o que foi mostrado foi pouco demais, mesmo sendo bem interessante.

O longa nos situa na Flórida, onde Halley e sua filha Moonee, 6, moram de aluguel em um quarto no The Magic Castle, motel barato à beira de uma das estradas que levam o fluxo turístico ao Walt Disney World fora de Orlando. A garotinha tem 2 amigos, Scooty e Dicky, com os quais aproveita ao máximo a infância, enquanto a mãe não tem muito respeito pelos párias da sociedade que por ali vivem. E Bobby, o gerente do motel, acompanha essa realidade com um olhar de compaixão.

Podemos dizer então que o olhar do diretor Sean Baker é minucioso em detalhes que não paramos para observar, e só por isso já vemos um grandioso contraste cênico, afinal quando vemos em filmes ou nas histórias de nossos amigos que tudo ao redor da Disney é mágico, é onde o deslumbre acaba ficando pelo chão, pois também vemos muitos estrangeiros falando o quão belo é o Rio de Janeiro, ou Salvador, ou qualquer outra grande cidade brasileira, aí vem o pessoal e fala que só foi olhado a parte boa, esquecendo do que acontece na realidade, da marginalização e tudo mais, e certamente os americanos falam as mesmas coisas quando citamos a magia ao redor da Disney, enquanto famílias destroçadas vivem nos pequenos e baratos motéis, mudando sempre de quarto, e sobrevivendo com migalhas ganhas as vezes pela corrupção, ou seja, um olhar crítico em cima de uma sociedade. Mas deixando isso de lado, ou melhor, com os adultos, o diretor também se apega a beleza da infância acelerada, aonde os pequeninos mesmo vivendo com tão pouco dão jeito de fazer suas artes e diversões acontecerem, passeando por meio do mato como se fosse em um safari, observando a vida alheia e rindo das excentricidades, correndo para todos os lados com os amigos, dividindo um doce, e até ajudando os pais a arrumar dinheiro para grandes feitos, ou seja, o diretor também consegue comover com isso. Porém o grande detalhe que faltou para o diretor foi escolher algum momento mais específico e atacar para que seu longa tivesse um clímax, prendesse o espectador mais desesperado por uma situação, e não apenas entregasse algo comum, ou seja, um filme singelo demais, mas que longe de ser algo ruim acabou ficando satisfatório.

Quanto das atuações, é fato claro que Brooklynn Prince será daquelas atrizes que os críticos ficarão muito de olho, pois a jovem foi muito expressiva em todas as situações que viveu no longa, trabalhou de forma coesa para com sua Moonee, e mais ainda, dando grandes deixas para que os adultos e crianças ao seu redor funcionassem também, ou seja, é daquelas que tem conexão boa ao redor, que se bem trabalhada vai decolar facilmente em outros longas mais para frente. Bria Vinaite é uma atriz bonita, e que foi concisa em todos os momentos de desespero e também nas facetas de viver a vida de sua Halley, que conseguiu chamar a atenção por mostrar-se uma mãe relapsa, mas também se mostra como uma adolescente que foi jogada no mundo e está tendo de se virar também, ou seja, ela dosou as emoções e com isso ficou morna quando poderia comover. Willem Dafoe já mostrou inúmeras vezes seu potencial fazendo todo estilo de filme que deseje mostrar, e aqui seu Bobby é daqueles que ficamos instigados como conseguem ser duros por fora para fazer o serviço sujo, mas que por dentro possui um coração imenso que só quer dar um jeito de ajudar, e o ator soube trabalhar seus olhares e dinâmicas de uma maneira bem sutil para que o longa não caísse numa sintonia forçada demais, e com isso ele também falhou em não decolar a trama. Dos demais, temos de dar destaque claro para as demais crianças que brincaram muito em cena, e ao estarem se divertindo trabalhando, conseguiram jogar essências bem trabalhadas e resultaram em algo bonito de se ver, e com isso temos de parabenizar Christopher Rivera com seu Scooty, Aiden Malik com seu Dicky, e principalmente Valeria Cotto com os olhares tristes de sua Jancey.

No conceito cênico, foram certeiros ao escolher esse motel, que nem sei se existe realmente, pelo tamanho, pelas cores vibrantes infantis e pela dinâmica completa de construir quase uma favela recheada na beira da rodovia que leva aos famosos parques americanos, e com isso vemos até grandes sacadas com brasileiros que caem em enrascadas nas famosas reservas online, vemos grandiosos condomínios abandonados pela fraca ocupação do lugar visto a realidade dura ao redor, vemos diversas lojinhas para dar síntese, ou seja, um trabalho mais simples da equipe de arte, que teve apenas de buscar fortes olhares, do que algo que tenha sido realmente criado para o filme, e com isso o resultado é bem feito, mas não direcionado com o que poderia realmente mostrar. A fotografia procurou ser o mais realista possível em cena, não desenvolvendo nuances fantasiosas, não ousando em nada, mas sim colocando o cerne cênico sempre em destaque, com luzes duras e diretas, nem criando sombras para qualquer tipo de alívio, e isso é uma forma acertada de mostrar a realidade, mas como costumo dizer, no cinema precisamos de um pouco de fantasia, ou de uma dose de dramaticidade irreal, que aí sim teríamos um longa incrível.

Enfim, é um filme bem feito que poderia atingir um ápice memorável se criasse qualquer dinâmica mais dura, algum momento mais forte no miolo para ser desenvolvido, ou quem sabe até algo mais fantasioso com a criança, mas que por ser "real" demais, acabou cansando um pouco e faltando atingir realmente algo além do comum. Bem essa é a opinião desse Coelho, certamente muitos vão enxergar a trama de uma forma diferente, mas deixo aqui o meu sentimento, e espero que tenha ajudado outros que forem conferir a trama também. Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até logo mais.

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Jogador Nº 1 em Imax 3D (Ready Player One)

3/30/2018 03:17:00 AM |

Sabe aqueles longas que você sempre imaginou vendo, mas não imaginava que algum diretor maluco conseguiria entregar, que unisse coisas que marcaram época nos melhores anos da sua vida, colocasse grandes jogos na telona, brincasse com a forma virtual do momento e ainda entregasse tudo isso com muita dinâmica usando todos os recursos possíveis, pois bem, hoje podemos falar que um cara, ou melhor, O cara, fez! E esse cara se chama Steven "mestre" Spielberg, e o filme se chama "Jogador Nº 1", que conseguiu combinar tantos efeitos bem colocados, misturar captura de movimentos com realidade aumentada, entregar tantos personagens conhecidos como desconhecidos, e ainda trabalhar o principal, uma boa história recheada no melhor estilo de RPG, com enigmas e dicas trabalhando referências para que cada um pudesse jogar também o jogo. Ou seja, um filme completo que só não foi melhor por um único problema, um vilão mediano, pois ficou um pouco bobo demais e quem poderia fazer todas as maldades de uma forma mais dura, aparentemente foi cortada demais no resultado final, mas tirando esse mero detalhe, o que eu garanto é que a galera que ama jogos vai amar, quem gosta de uma boa aventura vai amar, e até mesmo a galera que anda reclamando da falta de 3D nos filmes vai amar, ou seja, um trabalho completo para todos se divertir com muito suingue dos anos 80 e que vai fazer os velhos amantes de jogos se sentirem na adolescência.

O longa nos mostra que no ano de 2044, as pessoas se conectam a um mundo virtual chamado Oasis. Quando seu criador morre, as pessoas descobrem que ele deixou escondido uma série de pistas, que levam a toda sua riqueza. Muitas pessoas tentaram sem sucesso, pois a dificuldade é o fato das pistas serem baseadas na cultura pop do passado. Mas para o jovem Wade Watts isso é vantagem.

Que Spielberg estava nos devendo uma direção fantasiosa num nível máximo isso todos já esperávamos, mas o que muitos estavam com medo é como ele faria isso com um livro cheio de ideias fantasiosas sem estragar a imagem que os fãs do livro tinham, e principalmente que o longa funcionasse para todos, não ficando nem exagerado para um nem para outro. E sabe qual foi a resposta dele e de sua equipe? Muitas referências a tudo o que esse diretor já fez na carreira e já viu desde que está trabalhando com cinema, de tal maneira que volto a dizer que a história é muito bem feita, mas quem quiser ir conferir o longa e só ficar olhando para os detalhes ao redor dos protagonistas, também terá uma sessão incrível, nostálgica e que irá agradar por demais. Muitos irão perguntar também se o longa é somente para aficionados em jogos, e a resposta tanto minha como a do diretor, é que ele entregou algo sim para os fãs dessa cultura gamer, mas a aventura é tão bem coesa, cheia de bons momentos de amor, amizade e com um ritmo tão bem colocado, que qualquer um que for conferir disposto a se divertir muito irá conseguir ter uma das sessões mais agradáveis dos últimos anos no cinema, com muita nostalgia usando músicas dos anos 80, diversas ligações com jogos que jogamos em nossa infância, e claro vendo na telona também muitos personagens conhecidos de diversos filmes e jogos, ou seja, a Warner teve de arrumar muitas licenças para que o diretor pudesse caprichar nos elementos, e ele não decepcionou, trabalhando cada elemento como único, não abusando de nossa inteligência nas cenas que precisavam de explicações, ousou aonde poderia ousar, e trabalhou a computação gráfica ao seu favor, pois muitos acabam colocando diversos elementos apenas para incorporar suas cenas, e ele fez o filme em cima disso, ou seja, tudo na trama acaba sendo importante. Agora volto a frisar o que disse ser o maior problema do longa, e provável motivo para que eu não dê a nota máxima para o longa, a falta de um vilão realmente com todas as letras, pois Sorrento é sim um empresário que deseja ganhos e lucratividade, que sua empresa prospere às custas de ganhar o jogo, mas que mesmo nas cenas que está maltratando os protagonistas, ele ainda é bobo e falho com atitudes que pudessem impactar mais, ou seja, faltou o diretor usar também seus conhecimentos para causar dramaticidade aonde poderia e criar tensão nos espectadores, pois aí sim teríamos um longa perfeito.

Quanto das interpretações, este é daqueles filmes que muitos ficam se perguntando, porque raios não premiam atores pela ótima captura de movimentos? Pois todos sem exceção conseguiram passar emoções perfeitas para seus personagens dentro do jogo e ainda dar dinâmicas bem colocadas quando estão no mundo real, ou seja, souberam dominar suas expressões e ainda dar tino para que o diretor e sua equipe de efeitos colocassem na animação estruturas incrivelmente visuais para agradar a todos. Tye Sheridan não quis enfeitar suas cenas e fez gestos bem colocados, soube dosar a voz para que seu personagem ficasse bem incorporado e acabou desenhando tanto seu Wade como seu Parzival como duas estruturas bem diferenciadas, mas com uma composição única, e certamente esse era o desejo da trama feita no roteiro e que o diretor tanto almejava ver ele fazendo, e com isso o acerto foi perfeito. Era mais comum vermos Olivia Cooke fazendo diversos longas de terror, e com isso seu estilo como uma mocinha aventureira foi até surpreendente demais, mas ela soube agradar bastante, principalmente dentro do jogo com sua Art3mis, e até soando engraçada com o ar mais romantizado na vida real com sua Samantha, ou seja, dosou bem tudo para que ficasse bem encaixada na trama também. Mark Rylance é daqueles atores variados que sempre um bom diretor gosta de contar, e aqui como o criador do jogo Halliday ele ficou digamos bem diferente de tudo que já vimos fazer em sua carreira, e isso não é ruim, é ótimo, pois numa mistura maluca de mago com louco, ele acabou entregando muita personalidade, e talvez até mais do que poderíamos esperar dele, ou seja, bom demais. Não digo que vou jogar toda a culpa do vilão ser ruim para o ator Ben Mendelsohn, mas ele poderia ter feito um Sorrento mais forte e com ares de vilania, e não apenas um personagem duro com uma meta na empresa, ou seja, parte do problema fica com o roteiro, mas ele conseguiria algumas expressões menos abobadas para agradar mais, mas dando um ar de esperança para ele, talvez o erro tenha sido de cortarem cenas demais de F'Nale, que ali sim aparentava uma personagem com vilania em níveis altíssimos e a atriz Hannah John-Kamen aparentava estar bem forte para agradar nesse sentido. Quanto aos demais amigos do protagonista, diria que todos se desenvolveram bem rapidamente da trama, justamente por não termos tanto tempo, mas tivemos grandiosas sacadas, e todos os atores deram bom tom tanto nas vozes para aparentar diferença de seus avatares para seus personagens reais, e com isso não será eu quem dará spoilers com nome dos atores, mas saiba que é muito bacana ver todos os personagens na telona, desde as grandes piadas de Aech, até os movimentos ninjas e impactantes de Daito e Sho.

Dentro do conceito visual a trama brincou demais com tantas referências que se quisermos ficar discutindo isso poderia passar o resto da semana aqui, então apenas digo que o longa vale muito mais do que uma simples sessão, pois ao vermos o longa iremos passar despercebidos diversos personagens pequenos, iremos rir ao ver muita coisa ilustrada na tela e com certeza vamos nos apaixonar por cada momento por menor que seja aparecendo num canto qualquer, ou seja, um trabalho mínimo e detalhado em níveis altíssimos pela equipe de arte computacional para que o longa inteiro ficasse incrível, e se posso dar um leve spoiler falando de meu momento predileto no longa, é claro que fica nas cenas do filme "O Iluminado", que o show de tecnologia juntamente com as grandes sacadas que a trama do longa de Kubrik possui é algo de um prazer incrível de ver e se divertir, tanto que o público parava de rir, e esse Coelho que vos digita continuava. A fotografia embora quase que 100% computacional, ficou muito bem alocada, com sombras para todos os lados, muita brincadeira de claro e escuro para ajudar na tridimensionalidade, e sem dúvida alguma, detalhes em ângulos que chega a ser surpreendente que o longa não tenha demorado muitos anos para ser lançado. E claro que chegamos no ponto que muitos sempre perguntam, como está o 3D da trama? E respondo, quase tão perfeito quanto poderíamos esperar, pois sim usaram câmeras 3D em diversos momentos, mas a maior parte da trama foi filmada em 2D e convertida na pós-produção, e você deve retrucar, mas isso é ruim? Sim, quando não é pensado para funcionar em 3D, mas aqui estamos falando de um longa de Spielberg, que analisou cada ângulo e entregou diversos momentos imergindo o público dentro da cena como se estivesse em primeira pessoa na trama, colocou muitos elementos sendo jogados/explodidos e principalmente, mesmo que muitos não gostem disso em longas 3D, trabalhou a profundidade dos cenários no nível máximo para que cada ato funcionasse muito bem e tudo tivesse texturas, mesmo num jogo de realidade virtual, ou seja, a cenografia de Oasis é do mesmo nível de muitos bons jogos da atualidade, sem perder o charme dos jogos antigos.

Não vou me alongar falando minha idade, mas friso que os anos 80/90 foram os anos musicais com canções tão icônicas, que se Spielberg ou melhor Ernest Cline (o criador do livro) está falando que em 2044 voltaremos a ouvir bastante essas canções, já podemos ter uma esperança no futuro! E claro que tudo aqui deu ritmo e funcionou com perfeição na trama, tanto que não vou deixar um link, mas sim dois com a trilha sonora original e também com a trilha sonora de canções que tocam na trama, ou seja, algo mais completo para todos entrarem no clima após ou antes de ver o longa.

Bem é isso pessoal, um filme muito incrível que agrada na medida certa, diverte como nunca e que vai fazer fãs de videogame saírem das sessões extasiados. Não possui nenhuma cena pós-crédito, mas que poderiam fazer uma continuação, incorporando mais jogos ainda, certamente poderiam, veremos como vai se sair nas bilheterias. Mas de uma coisa eu adianto para todos, recomendo demais, e falo para irem logo para os cinemas, pois esse é daqueles que merecem ser assistidos na maior tela possível (no caso de Ribeirão Preto minha recomendação é a Imax do UCI Cinemas) e que vai valer a pena pagar pelo 3D da trama, pois funciona na maior parte das cenas. Já justifiquei o motivo de não dar a nota máxima mais para cima, então fico por aqui hoje, e amanhã volto com mais textos das outras estreias da semana no interior, então abraços e até breve.

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Círculo de Fogo: A Revolta em Imax 3D (Pacific Rim: Uprising)

3/26/2018 01:33:00 AM |

Se fiquei apaixonado pelo primeiro filme de 2013, e você pode ler tudo o que falei aqui, hoje não posso dizer o mesmo de "Círculo de Fogo: A Revolta", pois a história é tão jogada, sem apelo emocional, com apenas muita barulheira que acabamos vendo o filme de maneira linear sem conflitos para chamar atenção, ou seja, o filme passa e nem vemos o que queriam nos dizer. Claro que está bem longe de ser uma bomba monstruosa, mas falta um líder mais forte, falta mostrar mais a indução dos aliens, falta alguma coerência mais visceral dos treinados com os treinadores, e mesmo a garotinha sendo bem interessante, acaba faltando um mote mais intrínseco para que ela seja mais impactante, ou seja, um filme que lembra diversos seriados japoneses pelos monstrengos gigantes lutando com robôs, mas que só impacta pela barulheira e esquecem de dar sentido para tudo, uma história decente, ou pelo menos se fossem apelar de vez, que as batalhas fossem épicas para que o 3D deixassem todos malucos, e não apenas com dor de cabeça.

A sinopse nos conta que filho de Stacker Pentecost, responsável pelo comando do programa Jaeger, Jake era um promissor talento do programa de defesa, mas abandonou o treinamento e entrou no mundo do crime ao vasculhar ferros-velhos em busca de peças de robôs abandonados. Perseguido após não encontrar uma peça valiosa, ele encontra o esconderijo da jovem Amara, que clandestinamente está construindo um Jaeger de porte pequeno. Ambos tentam fugir usando o robô, mas acabam sendo capturados. Para escapar da prisão, eles são enviados ao treinamento de pilotos Jaeger. Lá Jake reencontra sua irmã de criação Mako, uma heroína da época do combate contra os kaiju, que tenta lhe ajudar a se readaptar ao ambiente militar.

O maior problema do filme está no desenvolvimento do roteiro e da direção descontrolada, ou seja, foi sair Guillermo Del Toro e pronto, tudo desabou. Digo isso sem nenhum pesar, primeiro por ser o primeiro longa do diretor e roteirista Steven S. DeKnight, e pegar logo de cara um filme de ação é queimar a mão, pois esse estilo necessita não apenas fantasiar tudo como Guillermo costuma fazer em suas produções, mas se arriscar com algo que faça o público criar vínculos como ocorreu no primeiro longa, e aqui até a história dar uma leve engrenada, a trama beira o cansativo de nada acontecer realmente. Convenhamos, até poderiam ter desenvolvido mais a história dos personagens nesse miolo para deixar tudo acontecer num terceiro filme, mas quiseram já jogar logo de cara todos lutando por algo, e assim sendo ficamos praticamente sem saber quem são os personagens, apenas vendo seus vínculos pelo que é falado, e a bagunça acaba deslanchando sem pensar, ou seja, o filme nem tenta trabalhar as histórias, mas quis que elas existissem, deixando uma amarra meio que solta. Outro ponto falho da direção foi o fato de que as batalhas simplesmente acontecem, meio que inexplicavelmente rolando sem parar. Claro que é falado de onde vem, no começo temos uma rápida explicação do primeiro filme, mas é tudo tão artificial que acaba sendo difícil convencer com o que vemos, ainda mais com a falta de realismo de muitas cenas, que no primeiro procuraram ao menos trabalhar ambientações físicas mais colocadas, e aqui tudo rola como o maior tipo de ficção irreal do mundo, ou seja, uma bagunça realmente.

Outro grande detalhe é que se no primeiro longa os heróis tinham histórias, e os protagonistas procuravam ao menos ser heroicos nas suas expressões, e aqui embora a maioria seja cadete, todos aparentam estar apenas fazendo o filme por fazer, sem grandes momentos expressivos ou atitudes que chamassem a atenção. Certamente foi pedido que John Boyega (que também é produtor do longa) demonstrasse desprezo pelo emprego de ranger, e que tivesse uma briga meio que em segundo plano com o seu parceiro de jaeger, mas ele acabou ficando sempre com a mesma expressão e isso acabou soando cansativo para com seu Jake, de modo que não coube bem como um líder e na sua cena final temos de concordar com a garotinha, que ele treinou no espelho para dar a moral de guerra antes da batalha, ou seja, falhou e muito. Scott Eastwood é o tradicional galã que é jogado em certos filmes para tentar chamar a atenção, e aqui ele foi literalmente jogado, de modo que sua história nem é contada e seu Nate até faz algumas expressões fortes, mas sempre ficamos esperando algo a mais dele, e não vem. Todos ficaram com grandes expectativas para com Cailee Spaeny para que ela fosse algum tipo de prodígio expressivo, e sua Amara deslanchasse como aconteceu em outros filmes de luta aonde a garotinha rouba a cena, mas ela teve dois ou três momentos para expressar bem suas atitudes e não conseguiu chamar atenção, o que é uma pena, pois é uma das poucas que teria história para emplacar. Da turma do primeiro filme, poucos voltaram (será que o cachê não agradou?) e com isso precisaram criar alguns vértices de impacto com os poucos nomes que vieram para compor o longa, e Charlie Day tentou e muito emplacar com seu Dr. Newton, teve grandes cenas, mas faltou um miolo na história (piada ruim de duplo sentido aqui!) e quem for conferir irá sentir que seu desenvolvimento da primeira parte para a segunda ocorre rápido demais, e com isso a falha é grandiosa. Rinko Kikuchi poderia ter dado um pouco mais de sua Mako como jaeger, e não apenas uma burocrata, sendo assim todas suas cenas soaram superficiais demais para alguém que tinha ido muito bem no primeiro filme. Burn Gorman ficou mais engraçado ainda como Dr. Hermann, e talvez pudessem ter dado mais cenas para ele, pois seus momentos fluíram tão bem como no primeiro longa. Agora veremos como vão usar Tian Jing numa continuação com sua Liwen, pois de vilã no começo acabou mudando completamente de lado no final, e certamente vão brincar com essa sacada caso resolvam trabalhar outro filme. Dos demais, a maioria foi coadjuvante mesmo, e nem os demais garotos cadetes que entraram na luta conseguiram chamar atenção, ou seja, falhas e mais falhas no quesito elenco.

Bem, mas se estamos falando de um filme com robôs e monstros enormes quem liga para os humanos e atores não é mesmo, então vamos deixar o elenco de lado e vamos para os robôs de milhares de toneladas que (opssss) lutam como lutadores peso pluma, dando grandiosas pernadas, giros, e tudo mais, que nem que o conceito da Física mudasse completamente e o longa estivesse rolando em um lugar com gravidade completamente diferente da Terra conseguiriam fazer, ou seja, jogaram para o ar qualquer tipo de realidade que pudessem imaginar, mas tirando esse detalhe, a composição de objetos, cores, armas e tudo mais foi bem bacana de ver em todos, além disso a equipe de arte (ou melhor, equipe computacional) precisou de muita criatividade para destruir muitas maquetes (sim, em diversos momentos parece que estamos vendo filmes de antigamente com os robôs e monstros destruindo a cidade como se fossem feitas de papelão) e cenários virtuais para que tudo ficasse bonito na tela, e claro no 3D (que aliás poderiam ter brincado mais com vidros voando para a cara do público), mas de certo modo o resultado visual chama atenção e agrada bastante, tirando claro os bichões finais, que pareceram mal acabados sem detalhes bacanas na composição. Quanto da fotografia, felizmente diferente do outro longa a maioria das batalhas ocorre de dia, então pudemos ver mais detalhes cênicos dos bichos e com isso também vimos mais defeitos, mas souberam ao menos contrapor sombras para que a realidade de movimentos ficasse mais homogênea. Agora falando mais especificamente do 3D, a tecnologia foi bem usada em algumas cenas, mas nada que impressionasse como poderia, afinal tem muita coisa sendo destruída no longa, e poderiam ter brincado demais com isso, e com a profundidade de campo, de modo que muitas vezes podemos até tirar os óculos da cara, mas quando usaram o resultado chama atenção e agrada, o que é bem pouco, e um detalhe, como temos muitas cores, preparem-se para muita dor de cabeça.

A mixagem de som foi um ponto que temos de parar para falar ao menos, pois como o longa possui muitas cenas com coisas quebrando, tiros, explosões e tudo mais, o resultado é uma barulheira imensa, que na sala Imax ficamos praticamente surdos e com muita dinâmica, e como todos sabem adoro ver isso, portanto recomendo quanto mais canais de som tiver aonde você optar por ver, vá, pois vai valer a dor de cabeça que o barulho irá causar na sua mente.

Enfim, é um filme que veio com um potencial imenso, mas que não aproveitou nem 10% do que poderia alcançar e o que usou de coisas boas acabou falhando na maioria. Volto a frisar que está longe de ser uma bomba completa, mas também está bem longe de ser algo que vá agradar quem gosta de filmes de ação/aventura, deixando tudo isso de lado para ser apenas um longa de explosões e "lutas", ou seja, ele acabou sendo o que mais criticavam em outros filmes japoneses. Portanto, recomendo ele apenas como uma interligação do ótimo primeiro filme, com o que possivelmente façam com um terceiro filme que vai ser interessante pela proposta, mas que quem quiser pular, certamente poderá bem fácil. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica, já me preparando para a próxima que virá com dois grandes nomes do ano, ou seja, teremos algo bem agitado, então abraços e até a próxima quinta.

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Com Amor, Simon (Love, Simon)

3/25/2018 02:23:00 AM |

Tem filmes que vamos conferir meio que já sabendo o que esperar deles, e assistimos completamente sem passar nenhum sentimento, logo saímos da sessão prontos sabendo exatamente o que escrever e o texto fica enorme. Mas e quando você vai esperando ver mais um longa americano com temática de colégio, descoberta da sexualidade e coisas banais que se passam num trailer, e te derrubam com algo tão bem colocado, cheio de emoção, e que mesmo que você nunca tenha acontecido algo do estilo acaba se conectando tanto ao ponto de nem saber o que escrever? Pois bem, esse é "Com Amor, Simon", um filme que muitos vão odiar (principalmente quem não se conectar com qualquer ponto do filme), mas quem já brigou com amigos, quem já se apaixonou qualquer vez, quem já teve algum segredo revelado fora de hora, e principalmente quem gostar de ver um bom filme, acabará como a maioria do público na sessão que estive, aplaudindo, chorando, se emocionando com algum momento, tendo revolta com algo, alguns vão gritar o famoso "eu sabia", alguns vão se assustar com alguns momentos, mas o principal, todos que forem conferir irão sair da sessão com algum sentimento, e isso é cinema e ponto final, não dá pra ir conferir um longa, passar mais de uma hora da sua vida assistindo algo e sair da sessão apenas com um "foi bom", mas sim quando o filme te pega, é a diferença, e esse mais do que indico, pois souberam dosar tudo o que tinha para virar um filme horrível, chato e cheio de clichês, mas reverteu tudo para o lado perfeito que uma trama poderia pedir.

A sinopse nos conta que todo mundo merece uma grande história de amor. Mas para Simon Spier, de dezessete anos, é um pouco mais complicado: ele ainda não contou para a sua família ou amigos que é gay, e não faz ideia de qual seja a identidade do seu colega anônimo que divide o mesmo segredo. Resolver as duas questões se mostra divertido, aterrorizante e uma mudança de vida definitiva.

Muitas vezes decidimos que um filme complicado, cheio de termos e dramas é algo bom para expressar um sentimento ou causar algo nas pessoas, mas pelo que vi na maioria dos fãs do livro no qual o longa se baseia, "Simon vs. The Homo Sapiens Agenda" de Becky Albertalli, a grande faceta do livro é ser divertido, espontâneo e com boa montagem, então recaiu completamente nas mãos dos roteiristas e claro do diretor Greg Berlanti que o filme ficasse no mesmo tino para funcionar, e felizmente foi exatamente isso o que ele nos entregou, um longa que o público se diverte do começo ao fim, que trabalha as emoções na medida certa, que até tem um leve enrosco no miolo que chega a cansar um pouco, mas que rapidamente já dão um jeito de resolver e finalizar com chave de diamante, pois de ouro foi pouco para as grandes revelações finais e com tudo o que o público esperava ver realmente. Ou seja, após 8 anos sem dirigir um longa, mas produzir vários e escrever diversas séries, Berlanti voltou com um timing tão perfeito que mesmo a temática da trama sendo gay, e com um estilo teen, o resultado completo do longa é emoção por demais e que contou com tantos acertos, que chega a ser difícil até pontuar erros, que existem e por isso talvez não dê a nota máxima para o longa, mas certos detalhes exagerados poderiam até ser amenizados, mas com isso acabaria tirando o humor em certos momentos, então como já disse uma vez é preferível errar, do que deixar o longa chato por omitir detalhes.

Quanto das atuações, este é o quarto longa que confiro de Nick Robinson e se lá em "Jurassic World" ele era apenas um garoto bobo e metido, no filme "A 5ª Onda" ele já demonstrou mais expressão, e em "Tudo e Todas as Coisas" já se mostrou um ator com boa expressividade, mas faltava ainda o amadurecimento de artista, e podemos dizer que ainda não está completo aqui, mas já é outro ator, e fez todas suas cenas com uma segurança que muitos grandes artistas não possuem, de tal maneira que seu Simon é simples e direto no que deseja passar, e isso agrada demais em todos os momentos. Do grupo de amigos, todos tiveram ao menos uma cena para se entregar, e felizmente fizeram isso com muita integridade, chamando para si a responsabilidade, e dividindo por igual as cenas com o protagonista, demonstrando não apenas auxílio para que a cena fluísse, como também atitude para que a trama não enroscasse, e sendo assim temos de ficar de olho em Alexandra Shipp com sua Abby metódica, mas que consegue ser singela nos momentos fortes, Katherine Langford com sua Lena, a amiga mais antiga que transmite segurança para o protagonista, e dosou bem olhares para não ficar forçada nas cenas de impacto, e Jorge Lendeborg Jr. com sua boa dinâmica para entregar mais dúvidas ainda para o protagonista. No caso da família, temos de pontuar que ter uma mãe terapeuta para o caso do garoto é algo que tem de ser melhor analisado, pois ô dificuldade hein, e ainda mais com o estilo próprio que Jennifer Garner conseguiu imprimir, foi algo incrível nos momentos de diálogo e a atriz foi única com sua Emily. Josh Duhamell é antigo conhecido do diretor, trabalhando em seu segundo filme, e aqui foi icônico tanto nas piadinhas tradicionais quanto nos momentos mais fortes como o pai Jack, de modo que acaba nos conquistando com simplicidade e a autenticidade característica dentre muitas das reações que poderia expressar. A garotinha Talitha Eliana Bateman entrou para o longa por questões de que existe a personagem no livro, pois no filme sua Nora só serve para ficar cozinhando comidas diferentes e se assustar ao descobrir que o irmão é gay, pois de resto não fez nada demais. Outro que tentou e muito acertar, mas exagerou demais em trejeitos foi Logan Miller, que possui um estilo forte, mas seu Martin acaba ficando mais forçado do que interessante, e embora melhore demais no segundo ato, poderiam ter trabalhado ele como alguém mais impactante.

Dentro do conceito artístico, a produção não vem errando em filme algum dos últimos que pegou para fazer, procurando colocar nas telonas detalhes claros e nítidos de cada página dos livros que pegou para adaptar para a telona, ou seja, é tão bonito ver detalhes de como o lençol está posto, como luzinhas fazem diferença, como uma parede de lousa cheia de escritos consegue mostrar a personalidade do personagem, como até uma personagem fica apenas cozinhando para servir como objeto cênico as vezes, um diretor passeando pelo pátio, entre outros detalhes, de modo que certamente a equipe de arte precisou ler o livro umas 10x e mais o roteiro diversas outras para não falhar em nada nem com o filme, muito menos com os fãs do livro que esperavam ver cada detalhe na telona, ou seja, um trabalho impressionante e muito bem feito. A fotografia não brincou muito com sombras, mas deu tons fortes para que cada personalidade sobressaísse e isso é algo diferente do usual nos longas teen, pois geralmente usam cores leves ou modernas para realçar a dinâmica, e aqui o filme procura inverter isso em todas as cenas, deixando que os personagens falassem mais de si, quase como em uma série, o que é bacana de ver com ângulos digamos até ousados.

Claro como todo bom longa do estilo, a trilha sonora é daquelas que queremos ouvir muito, e infelizmente não colocaram todas as canções no álbum do filme, mas deixo aqui pelo menos o link para essas, pois deram ritmo e principalmente serviram para criar as nuances que a trama pedia.

Enfim, fui completamente pego pelo longa, não esperava que fosse ver algo tão bonito e bem feito, e assim como gosto, fui surpreendido pelo resultado final, que volto a frisar que vai incomodar alguns, mas relevem e saia bem feliz com a proposta de um longa que enaltece amizade, enaltece atitudes e principalmente enaltece ser você mesmo sem usar máscaras para disfarçar seu verdadeiro eu, então vá aos cinemas e confira nas pré-estreias que já estão rolando, ou quando o longa for realmente lançado em circuito nacional no dia 5/4, pois recomendo ele com toda certeza. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a crítica da última estreia dessa semana, então abraços e até breve.

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Pedro Coelho (Peter Rabit)

3/24/2018 07:03:00 PM |

Tem um estilo que diria ser o mais arriscado do cinema, e você deve achar que é o de ação, que os atores se jogam de prédios ou carros em velocidade, mas com toda certeza não chega nem aos pés das animações mistas de pessoas com animais em computação gráfica, pois dependem de tantos fatores para acertar a mão, que só um diretor muito coeso, com equipamentos de primeiríssima linha, e principalmente um elenco disposto a não se perder consegue conquistar o público com carisma dos personagens, com uma boa história e ainda divertir com boas situações. E ultimamente não andávamos tendo muita sorte com esse estilo, pois os erros eram inúmeros em cada uma das produções que surgia, pois bem, hoje pudemos sair da sessão do parente "Pedro Coelho" com muita felicidade, pois os erros principais evaporaram, os personagens são hiper carismáticos, o protagonista é extremamente sacana e disposto a altas confusões, mas também consegue fazer com que o público se apaixone por ele, a dublagem nacional bateu um bolão e conseguiu captar a essência da trama sem ficar inventando firulas, as músicas dubladas combinaram perfeitamente com o momento, e o design/modelagem dos personagens ficou tão bom que parecem realmente animais falantes em cena, ou seja, uma delícia de conferir, com uma história que soube dosar bem os rumos tanto para as crianças quanto para os mais velhos, e que funciona dentro da proposta, o que é bem raro de vermos em animações. Portanto pode ir para o cinema sem culpa de levar os pequeninos, que o acerto vai divertir a todos, felizmente!

O filme nos apresenta Pedro Coelho, o adorado personagem de histórias infantis, que chega às telas de cinema em uma irreverente e contemporânea comédia cheia de atitude, mostrando a eterna disputa entre Pedro e o Sr. Severino pelo tesouro de vegetais que está enterrado em seu jardim proibido, e que fica ainda mais intensa quando ambos passam a brigar pela atenção da vizinha bondosa e amante dos animais.

A grande sacada do diretor Will Gluck foi trabalhar a história bem ritmada, com boas canções, mas não forçando para que os protagonistas cantassem, ou contassem a história, mas sim os passarinhos, ou então os personagens secundários narrando, o que fez com que o filme fluísse e divertisse sem precisar virar um musical, e aliado a isso ele fez o que mais se pede (ou melhor eu peço) em todos os longas de animação: carisma nos personagens principais e histórias que consigam comover todos na sessão, não sendo um filme infantil bobo que os pais vão levar os filhos e enquanto os pequenos se divertem, eles dormem, ou então um filme cativante que os pais choram e se emocionam, enquanto os pequenos se desesperam para fugir e ir embora logo da sala escura, ou seja, aqui Gluck junto com Rob Lieber pegaram o famoso livro que já arrebatou milhões de cópia mundo afora e escreveram algo realmente voltado para o cinema, que funcionasse para a família em geral, e que com o acerto de detalhes na composição cênica ficasse perfeito para divertir e emocionar a todos. Claro que há erros, afinal trabalhar com animação e pessoas juntas em cena é algo que não tem como não errar, pois muitas vezes os personagens reais se perdem para onde olhar para dar bom link com a animação (exemplo aqui quando os Coelhos vão na loja de brinquedos, e ali ninguém sabe direito onde eles estão ficando bem estranho), mas tirando esse detalhe que ocorre bem no final, com apenas dois protagonistas de carne e osso, e eles sempre trabalhando com os personagens no chão com uma distância bem colocada, o resultado até fica bem próximo do real, que chega a assustar por parecer tanto com coelhos de verdade.

Ou seja, já que entrei no quesito da modelagem, temos de pontuar outro grande acerto da produção, que foi trabalhar os animais no melhor estilo de "Zootopia", usando roupas e passeando para todo lado, convivendo como um ambiente separado dos humanos, e com isso não se necessitou muito realismo e puderam abusar de objetos, de festas e tudo mais, o que acabou ficando bem bacana, e talvez numa continuação caso haja, poderiam até brincar mais com isso. Entrando no fator carisma dos personagens, a família Coelho é uma graça (tinha de ter esse sobrenome né!!!) e todos ali corresponderam cada expectativa e desenvolveram muita sintonia para com o filme, desde Pedro com sua desenvoltura, senso de aventura e também um ar bem sacana e cheio de ousadia, passando pelas trigêmeas Flocos, Flux e Rabo-De-Algodão, cada uma com sua característica determinante que vemos realmente em gêmeos, e até mesmo o primo gordo consegue ter dinâmica nas diversas cenas como seu braço direito, ou seja, todos os pequeninos ficaram demais. Quanto os adultos, posso dizer que as expressões faciais de Domhnall Gleeson e Rose Byrne foram bem colocadas como Thomaz Severino e Bea, sempre bem colocados em cena e incorporados com cada momento, de modo que acabaram tendo um carisma correto para a personalidade de seus personagens, não vou dizer que as vozes me agradaram muito na dublagem, mas ao menos não ficou falso demais. E falando em vozes da dublagem, poderiam ter arrumado outro dublador pro galo, pois a voz do Burro do Shrek é marcante demais, e ele sempre será um burro, e não um galo.

No conceito visual, além da modelagem bem feita quase realista que falei, também tenho de pontuar que arrumaram uma locação bem charmosa, com uma boa plantação rica em diversidade, com casas rústicas mas bem interessantes, e além disso colocaram pinturas desenhadas para remeter os desenhos que já tiveram a mesma história, ou seja, um pacote visual completo que funcionou bastante. A fotografia praticamente deixou o tom no nível mais forte para divertir e criar trejeitos sempre alegres, com cores bem vivas e chamativas que sempre contrastavam bem com os personagens, e até brincaram com o primo, falando que marrom em cima de marrom não combinava, ou seja, grandes sacadas.

Claro que uma boa animação tem de ter ritmo e boas canções, e aqui a escolha foi na medida certa para divertir e encaixar cada ato com a dinâmica que precisava, e claro que não ia deixar vocês sem o link para ouvir todas. Mas peraí Coelho, você viu o filme dublado e não vai falar do grupo Rouge, então vamos lá, a volta das garotas está com tudo, dublando os passarinhos cantores do filme, e com isso nada menos que duas canções foram divulgadas e tiveram até clipe com os personagens, pois agradaram bastante, e deixo aqui as duas canções para serem ouvidas também.

Bem é isso pessoal, não esperava realmente que o longa me cativasse tanto e agradasse, pois já tive experiências bem desastrosas com animações que misturadas com humanos acabavam ficando estranhas, e aqui o acerto foi tamanho juntando carisma e tudo mais que mais do que recomendo para todos os pais levarem os pequenos aos cinemas e se divertirem bastante com todas as grandes sacadas. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com mais uma estreia, então abraços e até logo mais.

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O Insulto (L'insulte) (The Insult)

3/24/2018 02:33:00 AM |

Já vimos muitos conflitos acabarem com um julgamento, mas e quando um julgamento acaba gerando um conflito imenso? Pois bem, "O Insulto" é daqueles filmes que uma bombinha, digo algo tão pequeno que você fala, sério que esse é o insulto do nome do filme, vira algo capaz de causar uma explosão tão imensa que a cada reviravolta, a cada novo ato só vamos ficando mais chocados com tudo, e o resultado final só não é mais perfeito por falta de atitude do diretor em algo que talvez chocasse mais ainda o público, mas que de certo modo funcionou dentro da proposta. Sabemos bem que muitas brigas de rua acabam mal, mas jamais imaginamos o tamanho que um conflito pode virar com um xingamento, uma ofensa, ou qualquer outro ato, e aqui a trama se desenvolve simples entre os protagonistas, mas que na digladiação entre os advogados acaba tomando rumos tão fortes que sinceramente pensei que o filme iria ficar num nível inaceitável de fechamento, mas com uma leve queda, o que acabamos vendo é que no Oriente Médio, uma leve bomba explode muitas casas e só quem tiver muito cerne consegue resolver de uma forma bem coerente.

O longa nos situa em Beirute, onde Toni é um cristão libanês que sempre rega as plantas de sua varanda e um dia, acidentalmente, acaba molhando Yasser, um refugiado palestino. Assim começa um intenso desacordo que evolui para julgamento com ampla cobertura midiática e toma dimensão nacional.

O trabalho feito pelo diretor e roteirista Ziad Doueiri é algo bem feito dentro da proposta que desejava atingir, pois como bem sabemos o Oriente Médio vive a beira de um colapso e qualquer meia conversa vira um conflito, e aqui ele ousou usar diversos vértices para justificar o conflito entre os dois personagens, e claro seus advogados para criar toda a orla jurídica. Claro que como falei faltou um pouco mais de coragem para ele encarar o fato que já tinha colocado no começo do filme falando que não está expresso a ideia do Líbano ali, mas ele certamente poderia ter aprofundado mais nos diversos conflitos e com isso causaria ainda mais com seu filme, claro que também tomaria algumas sanções, então o meio do caminho até que foi bem colocado e conseguiu mostrar o apelo de causas, a omissão por parte de alguns conflitos e ainda voltar claro para o caso dos protagonistas, que em diversos momentos até pensamos que esqueceram eles ali no banco de julgamento, e foram para outros rumos. Ou seja, a síntese dramática é tão forte, que acabamos rindo e se divertindo em diversos momentos por tudo ser tão inacreditável, que acreditamos no que estamos vendo, e ainda digo mais, facilmente um julgamento desse tipo com tudo o que acaba ocorrendo seria visto por lá, e em muitos outros lugares. Sei que soaria piegas da minha parte, mas acredito que uma versão comercial do longa feita em Hollywood, seria falsa, cheia de bordões e tudo mais, mas causaria um tremendo barulho.

No conceito das interpretações, chega a ser forte e ao mesmo tempo controverso os trejeitos e as expressões de cada um dos protagonistas, que ousam num grande jogo de olhares e facetas tão bem colocados que mesmo quem nunca tenha visto um filme sequer com eles, acaba na metade já quase conhecendo tão bem eles que já sabe o que esperar na cena seguinte, ou seja, jogam tudo para com o público e se saem muito bem no que fazem. Adel Karam é mais ríspido e com nuances mais fortes e duras ele acaba desenvolvendo seu Toni com um ar mais conciso de movimentos, sempre disposto a causar no conflito e sempre se achando o certo da situação, mesmo quando tudo aflora para outro lado, além de impor o ritmo também em suas cenas, ou seja, um domínio de ambiente perfeito. Já Kamel El Basha, que tem levado alguns prêmios pela atuação no longa, soube fazer expressões suaves e ao mesmo tempo revelar sua angústia, sua repressão, e com isso ir alocando cada ato dentro de um tom mais fechado, mas que ao mesmo tempo consegue fazer com que o público adentre as causas de seu Yasser, mas talvez um pouco mais de atitude em algumas cenas, como faz no final agradasse mais no miolo e chamaria muito mais atenção. O embate entre os advogados interpretados por Camille Salameh (Wadji) e Diamand Bou Abboud (Nadine) também é algo que merece muito ser observado, pois ambos usaram facetas fortes, jogos de olhares e muito da interpretação usual que só advogados de grande calibre sabem fazer tão bem, e claro que com isso o filme acaba sendo um chamariz e exemplo de filme para alunos dessa profissão para brincarem com a defesa e acusação, ou seja, mostraram como se faz e agradaram muito. Dentre os demais, a maioria foi coerente em suas expressões, mas nada que impressionasse, de modo que a esposa de Toni, interpretada por Rita Hayek soou mais jogada para escanteio que se não tivesse falas até esqueceríamos que estava no filme.

Embora tenha algumas cenas no prédio e na rua com os protagonistas, algumas tomadas aéreas mostrando Beirute, e outras cidades, com vídeos mostrando conflitos e tudo mais, a grande faceta da equipe de arte foi desenvolver bem o tribunal, e mesmo não sendo algo muito elaborado, todas as cenas ali fluíram muito bem e foram montadas com toda a intenção que o longa desejava para o conflito ocorrer. Com tons escuros e muitas cenas a noite, o desenvolvimento da equipe de fotografia foi em usar cada fonte de luz para valorizar os quatro protagonistas, e com isso a trama ficou bem fechada sem muitos momentos de respiro, mas como disse no começo tudo acaba sendo tão absurdo que acabamos nos divertindo mais do que ficando tensos com a situação toda.

Enfim, é um ótimo filme que possui leves deslizes, mas que vale tanto como uma boa sessão para conferir, quanto um filme para se refletir sobre os conflitos da natureza humana, como para estudar um pouco de política e até mesmo para os estudantes de direito florear ideias de defesa/acusação, ou seja, um filme para muitos públicos, que concorreu ao Oscar de Filme Estrangeiro, mas que enxergamos facilmente o motivo de não ter sido premiado, a falta de uma opinião mais efetiva, ou seja, recomendo o longa, mas também pontuo que assim como muitos outros, alguns diretores não gostam de arriscar sua opinião nos filmes. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com outras estreias, então abraços e até logo mais.

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Luzes No Céu: Fireworks (Uchiage Hanabi, Shita kara Miru ka? Yoko kara Miru ka?)

3/21/2018 01:30:00 AM |

Se tem um estilo que é interessante observar por sempre tratar histórias diferenciadas e com uma postura relevante para se criar discussões é o mangá, e quando bem feito atinge demais e acaba quase sempre agradando. Diria que "Luzes No Céu - Fireworks" tenta ser abstrato e ao mesmo tempo criar perspectivas de sonhos/imaginárias nas pessoas com a famosa frase: "e se...", e com isso a trama até possui uma discussão bem pautada e que flui rapidamente em nossa mente, porém o grande defeito aqui é a falta de emoções que impactassem a todos, o que é uma característica marcante nos mangás, pois temos o filme inteiro fluindo para um lado, e quando chegamos no ponto culminante a trama não engrena, indo justamente para trás, ou seja, o filme até passa boas sensações, mas não consegue fechar como deveria e o resultado acaba soando falho.

A sinopse nos conta que Norimichi e Yusuke são melhores amigos que estão apaixonados pela mesma menina, Nazuna. Depois das férias de verão, a garota será transferida para um outro colégio por conta do divórcio de seus pais. No entanto, Nazuna não está satisfeita com a nova realidade, ela decide fugir com os meninos no dia em que está acontecendo um festival religioso na cidade e, durante a partida, eles encontram um objeto peculiar, repleto de mistérios.

É um filme que não temos muito o que falar dele, pois a ideia que os diretores e roteiristas tiveram é algo que foi bem trabalhada, mas faltou a eficiência em acertar um ponto mais determinante que causasse algo no público, pois o filme volta no tempo umas 4 vezes, e por incrível que pareça muda apenas o "e se...", não adentrando mudanças bruscas ou comoventes, apenas criando a nuance de um mundo modificado que simboliza algo e tenta criar reflexões tanto no protagonista quanto no público, mas se ao modificar a ideia, a trama também se revertesse, aí veríamos muitos chorando emocionados, sentimentos aflorados e tudo mais, o que não acontece, de modo que todos saem da sessão como se tivessem apenas visto um filme, o que é incomum na maioria dos mangás, a exemplo o que rolou em "Your Name" na última apresentação no cinema, aonde todos aplaudiram, a galera estava lavada e tudo mais, e aqui ficou falhado, ou seja, temos um bom mote, mas faltou ajustar os ponteiros.

No conceito gráfico da trama, tivemos como sempre traços femininos marcantes, de modo que assim como é muito comum em mangás, o vértice sexy das personagens soa como algo que desperta um desejo tanto nos personagens masculinos, quanto no público que confere os longas, e todos sem exceção acabam tendo olhos e bocas bem grandes, o que chega a ser chamativo, mas é uma característica do estilo, então não podemos reclamar. Dito isso, os personagens masculinos Norimichi e Yusuke são amigos que competem muito entre si, e possuem um carisma frouxo, e o que quero dizer com isso é que não conseguimos nos conectar com eles, de tal modo que todas as reviravoltas do protagonista são fortes, e ele sempre está com a cara de "ah que bom que aconteceu", e não com a expressão "oba, deu certo, vamos atacar!", e isso acabou puxando o longa para baixo. A intenção da protagonista é forte e ao mesmo tempo que ela explicita de onde vem seus atos de ser filha de uma aventura, de fuga e tudo mais, seu questionamento e atitudes em diversos momentos soavam mais como alguém que iria se matar do que alguém que iria fugir, e isso fica bacana de ver apenas pela sutileza cênica que possui, e não pela força que poderia ter.

Visualmente a trama brincou com muitas cores, mas exagerou no rosa, e isso não causa nada na tela, o que é bem estranho de ver, pois com o nome fireworks em evidência no título, apenas ser algo explosivo de uma festa poderia ter sido muito mais bem trabalhado, e mesmo com locações intrigantes, mostrando a cultura japonesa mesmo de energia eólica, dos jovens fazendo trabalhos de limpeza nas escolas, e tudo mais, não temos uma amarração mais forte para que os fogos realmente causassem algo nos personagens.

Enfim, acabou sendo um filme morno, que até quero ver o longa live-action japonês no qual foi baseado de 1993, que possui o mesmo nome inclusive, para saber se ali a essência foi atingida, pois como disse, talvez nas mãos de um diretor mais forte e uma personalidade mais efetiva, o resultado seria de cair o queixo. Bem é isso pessoal, encerro aqui essa semana cinematográfica bem longa, mas volto na próxima sexta com mais estreias numa semana menor, mas com bons longas também, então abraços e até lá.
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12 Heróis (12 Strong)

3/18/2018 03:07:00 AM |

Se existe um estilo que tem sempre um padrão bem definido do que vamos ver, mudando apenas personagens e modos de impacto é o tal dos filmes de guerra, e felizmente quase sempre somos surpreendidos com algo que os diretores procuram fazer para que seu longa soe diferenciado e acabe chocando, e sendo assim, o resultado de "12 Heróis" é forte principalmente por ser algo que quase não foi noticiado por ser uma missão secreta, e ainda mais difícil de acreditar no impacto de soldados armados atacando a cavalo, ou seja, um filme que trabalharam bem as cenas, criaram um misto de filmes de guerra, colocaria até "Planeta Dos Macacos" na lista das referências, mas que pelo que foi dito, aconteceu realmente daquela forma, ou seja, impactante e muito bem feito, que mesmo com muito patriotismo americano envolvido (ainda não consigo acreditar o quanto os jovens desejam realmente correr para uma guerra!) consegue empolgar o público e trabalhar com sintonia do começo ao fim para que tudo soe completo.

O longa nos mostra que após os atentados de 11 de setembro de 2001, o capitão Mitch Nelson decide abandonar o posto de escritório recém-conquistado para retomar à ação. Ao lado de seu batalhão das Forças Especiais dos Estados Unidos, ele assume a responsabilidade se formar a primeira equipe a operar no Afeganistão após os ataques ao World Trade Center.

Em sua estreia nas telonas, o diretor Nicolai Fuglsig soube controlar o desespero para que seu filme decolasse logo de cara, deixando com que os personagens fluíssem bem pouco no início aparentando mostrar como é a separação das famílias antes de uma guerra, e depois já vai incrementando com sacadas cômicas bem leves para ir aos poucos chegando até a tensão real, e com isso o filme não nos atinge de cara, fazendo com que o ato mesmo de impacto só fosse sentido quase ao final, mas que com boas lições dos personagens principais, vemos até um certo didatismo para tentar nos mostrar não apenas o lado patriótico das guerras, mas um cerne mais bonito com a investida da opinião dos afegãos no confronto de guerra, e nas disputas entre os líderes do país. Claro que trabalhar com uma história real é algo que muitos diretores não gostam, pois fica difícil ser criativo dentro de tamanhas proporções, mas aqui a história real é tão cheia de ficções, que chega a ser difícil acreditar em cada ato mostrado, e com isso tiveram de dosar bem cada situação para que o entorno ficasse crível e o resultado empolgasse mais no conceito dramático do que no de ficarmos imaginando algo completamente "paia" nas situações, ou seja, o roteiro até foi bem encaixado, mas sem muitas firulas.

Dentro do conceito do elenco, foram exagerados em colocar Chris Hemsworth como Mitch Nelson, pois vemos nas fotos ao final do longa, que assim como o general afegão diz, o protagonista da história era alguém bem micho, e o "Thor" possui perfil de soldado durão realmente, ou seja, o ator até tentou ser mais galanteador do que um comandante, mas não conseguiu convencer como poderia na personalidade que pediam, mas ao menos fez bons trejeitos para realçar, e claro como previsto pela equipe de elenco, vai levar público para as salas. Michael Shannon é o típico ator que puxa o filme para si, e a cada cena de seu Hal, os olhos da tela se voltam pra ele, de modo que mereceria muito mais impacto no filme, e certamente daria um general de guerra bem impactante caso desejassem. Michael Peña e Trevante Rodhes foram os tradicionais pontos cômicos que necessitam colocar em filmes de guerra para dar o famoso alívio, e seus Diller e Milo são figuras muito boas que acabaram chamando atenção ao menos. Pela filmografia de Navid Negahban já vi muitos longas que apareceu, porém nunca havia notado as facetas que o ator consegue fazer, e aqui com seu Dostum, ele não só deu personalidade para o papel, como chamou a responsabilidade em diversos momentos que Hemsworth deixou aberto, ou seja, agiu bem para segurar a dramaticidade e agradou.

No conceito cênico, falar de longas de guerra é algo que digamos seja simples, pois temos de mostrar tudo destruído, tiros para todo lado, muitas armas, veículos de batalha e claro os figurinos tradicionais, porém aqui ao colocar cavalos em cena, sabemos o quanto é difícil, e dá muito trabalho, de modo que a equipe de arte precisou fazer muito milagre para que a trama não desandasse, e soube dosar bem cada cenário para que o contexto funcionasse também. A fotografia ficou praticamente toda puxada para o sépia afinal estamos no meio de um deserto, e seria exagerado brincar com outro tom, mas ao menos evitaram cenas exageradas noturnas para que o filme ficasse mais bonito visualmente.

Enfim, é um longa correto, que conseguiu chamar a atenção e até está tendo um público razoável, pois geralmente esse estilo é 8 ou 80, e acredito que aqui ao menos foram bem simpáticos em não exagerar em patriotismos (tirando o fato de o avião mal estar batendo nas torres e o cara já estar pedindo pra ir pra guerra), e minha única reclamação seria pelo excesso de escritos nas beiradas da tela, fazendo praticamente a contagem de dias (sei que isso é necessário pela promessa do protagonista, mas isso num livro fica condizente com as mudanças de capítulo, e num filme de 2 horas, acaba sendo mostrado a cada 5-10 minutos, o que acaba ficando chato). Portanto recomendo sim o longa, e acredito que muitos que gostam do estilo irão sair satisfeitos da sala, eu fico por aqui hoje, praticamente encerrando essa semana cinematográfica bem recheada, mas volto na terça com um mangá que será exibido nos cinemas, então abraços e até breve.

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Em Pedaços (Aus dem Nichts) (In The Fade)

3/17/2018 01:46:00 PM |

Sei que não é o estilo de muitos, mas gosto quando vou ao cinema e sou surpreendido com algo que certamente aconteceria, de tal forma que acabo conversando (mentalmente, claro, afinal não vou atrapalhar ninguém) com a telona, pedindo para a protagonista fazer isso, ou aquilo, e quando acaba fazendo diferente você fica bravo, e talvez até surpreenda muito com o final. E mesmo trabalhando com quebras da estrutura narrativa, desenvolvendo quase uma microsérie, "Em Pedaços" nos entrega realmente em pedaços cada parte do filme com começo/meio/fim para que interpretemos cada ato como algo único na trama, ou seja, embora seja um filme só, podemos enxergar ele nas suas partes se desenvolvendo bem, o que é algo muito raro de vermos na telona, e só isso já faz dele um item obrigatório para que seja conferido. Agora incremente um longa com discussões em um juri, quer coisa melhor para vermos defesa versus acusação num balé completamente sincronizado e cheio de nuances. Pronto, já temos a fórmula perfeita para que o longa ficasse incrível, só adicionaria um pouco mais do final, ousando em pensamentos maiores de vingança, pois foi tudo armado bem rápido, e isso talvez levasse mais tempo num desenvolvimento mais crível, porém tirando esse detalhe, o restante é mais do que perfeito.

O longa nos mostra que Katja Sekerci é uma alemã que leva uma vida normal ao lado do marido turco Nuri, e do filho de 7 anos. Um dia, ela é surpreendida ao descobrir que ambos morreram devido a uma bomba colocada diante do escritório do marido. Desesperada, Katia decide lutar por justiça ao descobrir que os responsáveis foram integrantes de um grupo neonazista.

É engraçado que em filmes de cunho mais artístico do que comercial, geralmente reclamamos do excesso de história, enquanto nos comerciais é exatamente o contrário, mas aqui o diretor e roteirista turco Fatih Akin conseguiu não enrolar sua história (e olha que daria tema para no mínimo mais uns 20 a 30 minutos), e ainda criar facilmente uma perspectiva dinâmica dentro dos seus 106 minutos, fazendo com que o público ficasse pronto para qualquer tipo de atitude fosse dos réus, dos advogados ou até mesmo da protagonista, e a forma escolhida pelo diretor para desenvolver tudo foi bem sagaz para que a estrutura narrativa não ficasse cansativa e nem floreada demais, quebrando o longa em três trechos e colocando boas determinações em cada uma para que seu filme tivesse o conteúdo e ainda funcionasse, ou seja, um filme com segmentos, mas que nem necessitaria das quebras, de tal modo que entenderíamos cada ato separadamente sem precisar de títulos. Ou seja, embora esse estilo venha sendo cada vez menos usado, o trabalho aqui fluiu bem e se desenvolveu da melhor maneira possível.

No conceito das atuações, é fato que o filme é de Diane Kruger, que já demonstra estar tão bem preparada logo nas primeiras cenas, e só vai melhorando, incorporando mais detalhes nas expressões, até ir para o seu grande "the end", e embora sua Katja seja bem trabalhada nos trejeitos, ela não aparenta estar fazendo caras e bocas, mas sim desenhando cada cena em sua mente para que a realidade fique mais crua possível, ou seja, mereceu demais o prêmio de melhor atriz em Cannes. Denis Moschitto se saiu muito bem como advogado da protagonista, mostrando ser até mais do que isso, um grande amigo, quiçá algo a mais, e seu Danilo foi muito bem de fronte ao júri, compondo a cena perfeita que vemos em grandes longas de tribunais. Já do outro lado, o advogado de defesa faz muitos trejeitos forçados, mas funciona, e acabamos ficando bravos com tudo o que ele acaba fazendo, ou seja, um bom jogo de caras e bocas de Johannes Krisch. Dentre os demais, a maioria acaba servindo de encaixes, e apenas fazem bons momentos junto da protagonista, e até mesmo os réus Möller acabam ficando bem em segundo plano com caras duras e fechadas, mas concisos de sua absolvição.

A cenografia digamos que ficou correta, dentro dos padrões normais, com o ambiente de julgamento bem moldado, a casa da protagonista cheia de elementos que a fizesse lembrar da família, e claro o cenário da explosão muito bem colocado em contraponto com seu momento relax, mas as grandes cenas que misturaram as emoções foram as da praia, por juntar os vídeos da família, com o encontro dos assassinos, então temos grandes atos ao redor que conseguem chamar bem a atenção, mostrando que a equipe de arte estava completamente bem conectada com o roteiro para envolver. A fotografia brincou com tons misturando o preto para mostrar a tensão da protagonista, e junto cores leves nos réus para mostrar sua despreocupação com a sentença, colocando sempre contrapontos com os vídeos da família coloridos ao extremo com cinzas e pretos na situação atual, ou seja, um show.

Enfim, é um filme daqueles de se tirar o chapéu, que você se envolve na trama, torce por algo, fica bravo com o que acontece, torce novamente, e se surpreende com o final, embora seja a melhor ideia possível, ou seja, um filme completo com uma narrativa na medida certa que mais do que recomendo a todos que gostam de um bom drama com julgamento no meio, ou seja, algo perfeito de acompanhar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a crítica de mais uma estreia, então abraços e até breve.

PS: É um longa que mereceria um 10 ou 9,5, mas faltou um pouco mais de força em algumas cenas para valer arredondar para cima.

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Maria Madalena (Mary Magdalene)

3/16/2018 09:29:00 PM |

Já comentei outras vezes e volto a afirmar, que se existe um estilo, que embora muitos críticos torçam o nariz, mas que deveria com toda certeza ser mais trabalhado é o religioso, pois todos possuem suas crenças, seus respeitos e com isso é raro um filme desse não dar bilheteria, e por já terem suas histórias prontas, para um bom roteirista adaptar algo pronto é até mais fácil. E na atual época aonde a mulher anda tão em foco, porque não trabalhar a história de uma mulher bíblica que já tanto se falou, e que teve em 2016 sua mudança de classificação dentro da Igreja, e melhor ainda se bem trabalhada com bons atores, um diretor de cerne bem dramático e pontuando cada momento que já vimos tanto da história de Jesus, porém sob outro ponto de vista. Pois bem, fizeram, e agora com o lançamento de "Maria Madalena", vemos sim um filme bem denso que consegue envolver nas cenas certas, com olhares precisos e principalmente com um tom sereno, pois poderiam ter abusado muito mais da ideia, mas deixaram rolar a mítica do novo ponto de vista, e também claro pontuar o motivo de muitos acharem ela como outro estilo de mulher, ou seja, um filme bem crítico também. O único porém é que como trabalharam bem a serenidade num tom mais calmo, o resultado acabou ficando bem cansativo, principalmente no início, aonde tem de ser bem conhecedor dos fatos, ou com muita vontade de conhecer tudo para não cochilar, mas tirando esse detalhe, depois a trama engrena e o resultado final fica sendo bem bonito de acompanhar.

A sinopse nos conta que o filme trata da história de uma das figuras mais enigmáticas e incompreendidas da história bíblica: Maria Madalena. Em busca de uma nova maneira de viver, contrariando as pressões da sociedade, sua família e o machismo de alguns apóstolos, a jovem pescadora junta-se a Jesus de Nazaré em sua incansável missão de propagar a fé.

O diretor Garth Davis teve sua estreia primorosa no cinema no ano passado com "Lion - Uma Jornada Para Casa", e com isso certamente tem chovido roteiros em sua porta para dirigir grandes nomes do cinema, e aqui sua escolha foi completamente sensata, pois manteve seu estilo de tudo mostrado com muita calma, sem correr riscos e trabalhando bastante com cada personagem secundário, com cada elemento cênico da trama, e ousando onde poderia chamar a atenção, ou seja, colocando doses bem pequenas de seu ar crítico para não causar, nem chocar ninguém, e principalmente não deixar que seu filme ficasse frouxo, ou seja, fazendo sim um longa de diretor, o que facilmente poderia ser invertido aqui, já que contou com quatro protagonistas de peso. Não sou o maior conhecedor da Bíblia para poder falar que os trejeitos usados foram corretos, nem que tais relacionamentos aconteceram dessa forma lá, muito menos que cada ato ocorreu daquela maneira, por isso, deixo os comentários abertos para aqueles que conhecem melhor se expressar, e assim podermos dialogar mais sobre o assunto, mas o que posso falar, é que a trama fluiu bem e contou uma história de uma forma que eu particularmente não tinha visto no cinema, e assim sendo posso facilmente falar que o resultado doce e bem sublime agrada, embora pudessem ter colocado bem mais dinâmica em tudo para que o longa ficasse mais forte, mas é apenas uma opinião de quem gosta de dramas mais contundentes do que filmes mais alongados.

Quanto das atuações, fica até difícil dizer que o papel não foi escrito pensando em Rooney Mara, pois a atriz incorporou tão bem a personalidade de Maria Madalena trabalhando o gestual, os olhares, jogando os diálogos sem atravessar ninguém, atingindo diretamente o público com o que desejava passar, ou seja, a perfeição em forma de atuação, de tal maneira que conseguiu chamar o público para ela, algo que é bem difícil visto que estamos com Jesus ao fundo e com ela na maior parte da trama, e não é qualquer Jesus, mas sim um interpretado por Joaquin Phoenix! E já que começamos a falar dele, nunca achei que o visual que imaginamos de um Jesus fosse ficar tão bem colocado com Joaquin Phoenix, pois o ator foi simbólico nos momentos e sereno na personificação do que a trama desejava mostrar, não criando nenhum tom rebelde, nem impositivo demais, mas sim alguém que procurava transmitir a paz e repassar seus ensinamentos, e com isso o ator que é um mestre em serenidade ficou bem caracterizado e trabalhou bem demais. Chiwetel Ejiofor já trabalhou um ar mais imposto e forte para com seu Pedro, de modo que vemos também um ar de personalidade bem colocado e que agrada por não soar artificial, ou seja, o ator conseguiu mostrar suas bases e ainda dar traços marcantes da personalidade que necessitava sem abusar. O francês Tahar Rahim deixou Judas até sendo um bom partido, com um ar bacana e bem dinâmico de modo que se não soubéssemos por outras versões que ele fora um traidor, aqui diríamos que era até um bom moço por tudo o que passou na trama, de modo que alguma versão não bateu muito com a realidade ou o ator resolveu mostrar personalidade e fez tudo de forma bem diferente. Dos demais, a maioria acabou sendo encaixes, mas nada que tenha saído forçado ou desagrade, de modo que o resultado ficou positivo no quesito das interpretações.

Filmes de época sempre recaem muito para um trabalho diferenciado da equipe de arte, e aqui foram bem ousados com um templo enorme, cidades bem desenhadas, aldeias trabalhadas com ares rústicos, mas formados para dar o tom da trama, ou seja, elementos cenográficos bem pensados para uma realização completa. A fotografia abusou demais dos tons cinzas e marrons, de modo que deixou o ar bíblico bem pautado, mas acabou deixando um ar monótono demais, o que acabou cansando visualmente e ajudando a dar um ritmo mais baixo ainda com o tom, ou seja, poderiam ter ousado um pouco mais.

No conceito musical, esse foi o último filme que o compositor Jóhann Jóhannsson trabalhou, pois morreu pouco antes da estreia do longa, e sua dinâmica é marcada por toques mais lentos, e acabou ditando um ritmo exageradamente lento para o filme, ajudando em tudo o que falei sobre o cansaço, mas de modo geral ajuda a comover nas partes mais fortes.

Enfim, a trama é bonita, é serena, e vai agradar bastante o público-alvo da trama, que são religiosos, mas também quem gostar de um drama de época tende a sair satisfeito, mesmo que um pouco cansado, com o resultado final, ou seja, recomendo o longa para praticamente todos, mesmo pontuando fortemente que raspei a trave de dormir em diversas partes, portanto veja durante o dia, sem estar cansado e aproveite melhor o resultado. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a crítica do outro longa que pretendo ver nessa noite, então abraços e até breve.

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Tomb Raider - A Origem em Imax 3D (Tomb Raider)

3/16/2018 02:04:00 AM |

Falar de filmes de origem de personagens sempre é algo que não é bem fácil, ainda mais quando já tivemos jogos, filmes e tudo mais que possa ser derivado de um produto. Pois bem, nos atendo ao novo lançamento "Tomb Raider - A Origem" o que posso dizer logo de cara, é que joguei muito o game no final dos anos 90, é que era bem interessante o trabalho de ir decifrando enigmas, e aqui essa essência foi mostrada no miolo, mas deixou um começo exagerado demais (e bem desnecessário para mostrar a rebeldia da garota, em querer não ser rica), e que ao final mostrou mais algo forçado de ação, aonde precisaram forçar a amizade para finalizar tudo rapidamente e colocando a protagonista para pular muito em coisas absurdas, ou seja, é um filme que vale pela pegada em si, mas que funcionou mais como apresentação do que como realmente uma aventura cheia de nuances daquelas que vamos lembrar durante muito tempo. Não digo que tenha sido algo em vão, muito menos um filme ruim, pois as cenas investigativas e de aventura foram bem dinâmicas, com a protagonista botando o corpo pra jogo (pelo que se fala nos bastidores, sem usar dublê, ou seja, mostrando ser casca grossa mesmo), e que até funcionou bem no 3D de perspectiva pelos bons ângulos escolhidos de filmagem, mas que poderia ser muito mais caso quisessem, e evitassem deixar os grandes confrontos para uma continuação.

A sinopse completa nos conta que Lara Croft é a independente filha de um excêntrico aventureiro que desapareceu quando ela mal tinha chegado à adolescência. Agora, uma jovem de 21 anos sem nenhum foco ou propósito na vida, Lara faz entregas de bicicleta nas caóticas ruas de Londres, ganhando apenas o suficiente para pagar o aluguel, e cursa a faculdade, raramente conseguindo ir às aulas. Determinada a forjar seu próprio caminho, ela se recusa a tomar as rédeas do império global de seu pai com a mesma convicção com que rejeita a ideia de que ele realmente se foi. Aconselhada a enfrentar os fatos e seguir em frente depois de sete anos sem seu pai, Lara busca resolver o misterioso quebra-cabeças de sua morte, mesmo que nem ela consiga entender a sua motivação. Contrariando os pedidos finais de seu progenitor, ela deixa tudo para trás em busca do último destino em que ele foi visto: um lendário túmulo em uma mítica ilha possivelmente localizada ao longo da costa do Japão. Mas sua missão não será fácil, já que a jornada para a ilha será traiçoeira. De repente, os riscos não podem ficar mais altos para Lara, que – contra todas as probabilidades e armada apenas com sua mente afiada, fé cega e espírito naturalmente obstinado – deve aprender a ultrapassar seus limites enquanto viaja para o desconhecido. Se sobreviver aos perigos dessa aventura, ela pode enfim encontrar um propósito para sua vida e tornar-se digna do nome Tomb Raider.

Entrando no quesito dito na sinopse, faltou uma explicação para o nome "Tomb Raider", ao menos não lembro de ninguém ter dito isso na projeção inteira, aparecendo apenas o nome no título do filme, ou seja, talvez pudessem ter trabalhado um pouco mais esse detalhe no roteiro. Porém tirando esse detalhe, o diretor norueguês Roar Uthaug trabalhou bem o sentido de aventura, ousando principalmente na velocidade das câmeras, na dinâmica cênica e nas diversas cenas de ação, mas faltou para ele a perspectiva de um roteiro mais trabalhado, que contasse realmente a história da protagonista, e talvez seus inimigos, não necessitando os mais de 20 minutos com sua saga de entregadora, não necessitando tanto as voltas no tempo, e por aí vai. Claro que muitos vão culpar os roteiristas por esse defeito, mas o diretor já que ousou tanto em tudo, poderia ter colocado mais força no contexto, e não ter deixado tanto pano para uma continuação.

O elenco principal é bem montado principalmente por deixar que os atores fizessem em cena suas melhores facetas, afinal como disse acima o roteiro não é muito desenvolvido, ou seja, a criatividade dos atores acabou dando o ar correto que os personagens necessitavam, e por bem pouco a trama não desandou. Alicia Vikander soube ser a Lara Croft mais atual, com uma pegada aventureira bem desenvolvida, e principalmente ao não utilizar dublês conseguiu ajudar o diretor para que o filme tivesse boas cenas de ação, ou seja, a atriz foi impactante, e esperamos que se houver realmente uma continuação, que coloquem um bom diretor e roteirista para que ela mostre também seu poder de impacto em diálogos, que sabemos que faz muito bem. Walton Goggins é o tradicional vilão de jogos de ação, daqueles que fala demais, mata a sangue frio, mas que é muito fraco de conteúdo, de modo que nem se contassem toda sua história a trama ganharia mais vida com seu Mathias Vogel, ou seja, fez o que estava ao seu alcance com o personagem, mas não expressou uma faceta interpretativa que pudesse chamar atenção. O mesmo podemos dizer de Dominic West como Richard Croft, que usou uma peruca imensa e trabalhou até que de forma honrosa seu personagem nas cenas do passado, mas que ficou mais próximo de um mendigo louco na segunda metade que um arqueólogo que realmente quisesse defender seu achado, ou seja, falhou demais. Dos demais temos de pontuar os bons semblantes de Daniel Wu como Lu Ren, que acabou se saindo melhor do que a encomenda nas cenas mais de impacto, e claro as garotas Emily Carey e Maisy de Freitas que deram personalidade nas cenas de Lara jovem e bem criança.

No conceito visual é fato que o longa trabalhou muito cenas computadorizadas, e é notável cada momento "irreal", mas como a dinâmica foi bem pontuada com muita ação, o resultado visual acaba agradando mais do que atrapalhando, ou seja, tivemos um filme com personalidade, aonde a cenografia até foi bem utilizada, principalmente dentro da tumba aonde aí sim vemos a tradição dos jogos que a franquia foi baseada, com mistérios, elementos cênicos elaborados e muitos desafios, que certamente poderiam estar presentes desde o começo que aí sim agradaria demais aos fãs. A fotografia trabalhou com cores mais fortes para ajudar na ação, e não falhar tanto nos efeitos, e isso foi imprescindível para a conversão para 3D, que ao usar muitas cenas beirando precipícios, e pulos para todo lado, o efeito acaba funcionando numa profundidade bem bacana, e até tendo um ou dois momentos de elementos saindo da tela, mas nada que impressione demais, mas como estamos falando de um filme de ação que a história é fraca, é melhor que você veja o filme com a tecnologia para reclamar menos.

Enfim, é um filme que passa o tempo, mas que funciona como algo bem introdutório, e que se não fizerem logo uma continuação para engatar a saga e talvez transformar a franquia em algo rentável, é capaz que o público se esqueça desse filme. Sendo assim, recomendo ele mais para quem gosta de boa ação, e que seja fã dos jogos, pois do resto não é nada que vá impressionar. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais um texto, então abraços e até breve.

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