The Metropolitan Opera: Os Contos de Hoffmann

1/31/2015 10:13:00 PM |

Passados mais de 2 anos, cá fui eu novamente conferir uma ópera ao vivo no UCI Cinemas, e assim como me deslumbrei com "Aída", o resultado aqui com "Os Contos de Hoffmann" não foi diferente. Claro que as canções dessa produção não são tão conhecidas como foi naquela época, mas ainda assim, ver os tenores mandando ver em francês com uma super produção cênica de figurinos coloridos e bem contextualizados foi de um agrado só, e como disse da outra vez, por conhecer o quão duro é produzir um cenário, ver eles montando tudo do próximo ato tão rapidamente entre um intervalo de 20-30 minutos com as entrevistas, é algo que não tem preço e agrada demais.

A sinopse completa da ópera é essa:
Prólogo: Taverna de Luther em uma cidade alemã. O poeta Hoffmann está apaixonado por Stella, a cantora da ópera. Lindorf, um rico conselheiro que também a ama, interceptou um bilhete que ela escreveu para Hoffmann. Lindorf está confiante de que irá consegui-la só para si. Entrando com um grupo de estudantes Hoffmann canta uma balada sobre um anão desfigurado, chamado Kleinzach. Durante a música, sua mente traz vagas lembranças de uma linda mulher. Quando Hoffmann passa a enxergar Lindorf como seu rival, os dois homens trocam insultos. A Musa de Hoffmann, que assumiu a aparência de seu amigo Nicklausse, os interrompe, mas o encontro deixa o poeta com a sensação de que um desastre se aproximava. Ele começa a contar as histórias de seus três últimos amores...
Ato I: O excêntrico inventor Spalanzani criou uma boneca mecânica chamada Olympia. Hoffmann, que acha que ela é filha de Spalanzani, se apaixonou por ela. Coppélius, o ex-sócio de Spalanzani, vende a Hoffmann um par de óculos mágicos, através dos quais ele consegue enxergar Olympia como um ser humano. Quando Coppélius exige sua parte nos lucros que os dois inventores esperavam obter com a boneca, Spalanzani o entrega um cheque sem valor. Convidados chegam, e Olympia cativa a multidão com uma deslumbrante apresentação de uma ária, a qual é interrompida diversas vezes para que o mecanismo da boneca seja recarregado. Inconsciente disso, ao assistí-la através de seus óculos, Hoffmann fica encantado. Ele declara seu amor e os dois dançam. Olympia rodopia cada vez mais rápido conforme seu mecanismo gira fora de controle. No meio do tumulto, os óculos de Hoffmann são quebrados. Coppélius, ao descobrir que o cheque não tinha valor, retorna furioso. Ele agarra Olympia e a despedaça enquanto os convidados zombam de Hoffmann por ter se apaixonado por uma máquina.
Ato II: Antonia canta uma triste melodia de amor, repleta de memórias de sua já falecida mãe, uma famosa cantora. Seu pai, Crespel, a levou embora na esperança de terminar seu relacionamento com Hoffmann, e implora para que ela pare de cantar: ela herdou o coração fraco de sua mãe, e o esforço poderia colocar sua vida em risco. Hoffmann chega e Antonia se junta a ele, cantando, até que ela quase desmaia. Crespel volta, alarmado com a chegada do charlatão Dr. Miracle, que cuidou da esposa de Crespel no dia de sua morte. O médico afirma que ele pode curar Antonia, mas Cresppel o acusa de ter matado sua esposa, e o põe para fora. Hoffmann, ao ouvir a conversa, pede para que Antonia pare de cantar, e ela aceita, ainda que relutante. No momento em que ele vai embora, Miracle reaparece, incitando Antonia a cantar. Ele invoca a voz de sua mãe, que afirma querer que a filha reviva a glória de sua própria fama. Antonia não consegue resistir. Sua cantoria, acompanhada pelo violino que Miracle toca freneticamente, fica cada vez mais intensa, até que ela desaba. Miracle, friamente, a declara morta.
Ato III: A cortesã veneziana Giulietta junta-se a Nicklausse em uma barcarola. Em meio a uma festa, Hoffmann zombeteiramente exalta os prazeres da carne. Quando Giulietta o apresenta ao seu amante atual, Schlémil, Nicklausse alerta o poeta quanto aos encantos da cortesã. Hoffmann nega possuir qualquer interesse nela. Tendo escutado, o sinistro Dapertutto exibe um diamante grande, com o qual ele irá subornar Giulietta para roubar o reflexo de Hoffmann para ele - assim como ela roubou a sombra de Schlémil. Quando Hoffmann está prestes a partir, Giulietta o seduz até que ele confesse seu amor por ela. Schlémil retorna e acusa Giulietta de tê-lo trocado por Hoffmann, que percebe, horrorizado, que perdeu seu reflexo. Schlémil desafia Hoffmann a um duelo, e é morto. Hoffmann pega, do corpo de seu rival morto, a chave para o quarto de Giulietta, mas encontra o cômodo vazio. Ao retornar, ele a vê deixando o palácio nos braços do anão Pitichinaccio.
Epílogo: Ao terminar de contar suas histórias, tudo o que Hoffmann quer é esquecê-las. Nicklausse declara que cada história descreve uma característica diferente de uma mulher: Stella. Chegando à taverna após sua apresentação, a cantora encontra Hoffmann bêbado e vai embora com Lindorf. Nicklausse resume a aparência dela chamando-a de Musa, e diz ao poeta que ele deve encontrar consolo em sua capacidade criativa.

Com a história em mente já dá para ver que é algo bem trabalhado, que cantado em francês tem um âmbito ainda mais expressivo e interessante nas vozes de Vittorio Grigolo com Hoffmann, Kate Lindsey como A Musa, Erin Morley fazendo Olympia, Hibla Gerzmava dando sua voz para Antonia e Stella, Christine Rice fazendo Giulietta, e Thomas Hampson sendo Lindorf e outros três vilões.

O primeiro ato junto com o prólogo é a parte mais bacana da ópera, nos divertindo e agradando bastante com muitos figurantes cantando também junto. O segundo ato é o mais lento e chega até cansar um pouco, mas ainda assim é bem belo pela tonalidade da iluminação. Enquanto o luxo domina no terceiro ato que ao voltar diretamente sem intervalo para a taverna dá um show de sincronismo e acaba envolvendo magicamente todos os espectadores da plateia.

Com uma cenografia cheia de detalhes, a equipe técnica fez milagres e encheu nossos olhos com panos subindo, fundos infinitos e muita iluminação diferenciada o que dá um tom perfeito para o que o diretor preparou. Assim sendo, repito, ver num cinema todo esse aparato, e ainda por cima poder conferir as montagens cênicas entre um ato e outro é de uma grandeza ímpar e vale muito a pena.

A orquestra regida por Yves Abel trabalhou com uma partitura interessantíssima e cheia de nuances para dar a tonalidade dos tenores, e assim nos envolver do início ao fim.

Bem é isso pessoal, mais uma vez agradeço aos amigos do UCI Ribeirão, principalmente o projecionista Geraldo, pelo convite para conferir esse espetáculo e com toda certeza recomendo que vejam as demais dessa temporada, ou aguardem o próximo ano, já que infelizmente essas óperas acabam passando apenas uma vez nos cinemas UCI, mas a cada 15-20 dias tem uma nova, então não deixem de ir. Fico por aqui agora, mas ainda pretendo conferir mais um longa hoje que amanhã falo o que achei, então abraços e até breve.

Não consegui puxar o trailer para cá, mas pode ser visto aqui: http://www.metopera.org/video/2014-15/la-boheme/watch/les-contes-dhoffmann-trailer/3993366369001



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Grandes Olhos

1/31/2015 03:00:00 PM |

As vezes ficamos pensando no encontro que muitos dizem existir de almas gêmeas na vida e tudo mais, então por que um filme não pode ter sua alma gêmea ao cair na mão do diretor certo? Todo mundo sabe do mundo excêntrico que é a vida e os filmes de Tim Burton, e isso embora seja completamente pirado é maravilhoso, daí ele me vem com um filme sobre uma artista que só pintava quadros completamente diferentes dentro de uma época e ainda tem sua vida virada do avesso ao ser submissa e permitir que o marido as vendesse como sendo de sua autoria. Não tem como ser outro diretor para fazer isso, é sua alma gêmea, e mesmo não sendo sua grande obra prima, como tanto se fala num filme sobre arte, o diretor conseguiu trabalhar o conceito de época tão bem pautado, que ao assistir devido a gramatura da fotografia e dos elementos artísticos, parece que estamos vendo um longa feito em outra época de tão minucioso e interessante, ou seja, não posso dizer que o filme não tenha defeitos, alguns abusivos até, mas a obra em si é tão bem feita que agrada bastante.

A cinebiografia conta a história real do casal Walter e Margaret Keane, que ficou famoso no final dos anos 1950 e início dos 1960 por retratos de mulheres e crianças com olhos grandes. Tudo parece ir bem na vida dos Keane, até Walter começar a ter fama e dinheiro às custas da mulher, que é a verdadeira pintora das obras.

É interessante observar o desenvolvimento da trama dos roteiristas que ao mesmo tempo que colocam a mulher como algo indefeso e submisso durante boa parte do filme, eles conseguem engrandecer ela quase que da mesma forma ao envolver religiões e dar uma diferenciada no final, e isso ficou complexo de observar qual o foco que queriam tomar, mas por ser baseado em uma história real, podemos dizer que a vida da protagonista foi quase que uma daquelas mulheres que ninguém nunca vai entender seus motivos reais de fazer as coisas, apenas aceitando que foi assim e pronto. Tim Burton é daqueles diretores que não nos entrega apenas um filme simples, e mesmo não colocando a sua fantasia cheia de imaginações férteis, o resultado de sua mão tradicional é visto a quase todo momento, e isso que é legal de observar, seja pelos atores que passam a ter olhos grandes em alguns momentos, ou seja pelas escolhas de lugares exóticos para que a filmagem tivesse mais simbologia do que apenas um bar tradicional ou uma festa comum, e assim o teor do filme ficou completamente real, mas com um ar abstrato que é seu estilo, ou seja, ainda é o diretor que gostamos tanto.

O que acontece quando se coloca dois atores especialistas em expressão no mesmo filme? A resposta é bem fácil de ser observada aqui no longa, já que ambos os protagonistas da história conseguiram usar tudo de melhor que já fizeram em outros papéis e reverter para o simplificado aqui, ficando interessantíssimo de observar. Amy Adams fez tantas oscilações dramáticas e até bem humoradas que acabou arrematando o Globo de Ouro de Atriz em Comédia ou Musical (ainda estou tentando linkar a ideia de quem viu comédia nesse filme, mas tudo bem!), e aliado à uma maquiagem bem trabalhada fez com que sua personagem ganhasse vida frente aos nossos olhos, conseguindo imaginar completamente tudo pelo que a protagonista passou, e ainda que faltasse cenas mais fortes e reveladoras dos motivos pela qual ela agiu assim durante um bom tempo, quem for perspicaz conseguirá tirar isso da atuação da jovem. Christoph Waltz é daqueles atores que mesmo quando faz personagens sacanas e sem caráter algum, ainda continuamos gostando dele, e isso se deve pela forma crítica que interpreta esses personagens, dando à eles uma condição humana e com causa "justa" para os atos, claro que isso se dá muito por ele, mas sempre com uma atuação impecável, ele agrada demais. Terrence Stamp aparece pouco na trama como um crítico de arte do jornal Times, mas tem boas cenas e diz a frase que mais odeio nessa vida ao se remeter que pra ser crítico não precisa ter produzido nada, então se o personagem ficou nervoso com isso, posso me colocar mais ainda no time do personagem de Waltz. O colunista que Danny Huston faz é importante por ser o narrador da história e estar contando praticamente todos os fatos para nós espectadores, mas chega a ser meio irritante seu papel em alguns momentos por dizer exatamente o que estamos vendo na tela, então isso poderia ter sido bem amenizado, que o personagem ainda continuaria tendo importância. As demais mulheres da trama são quase fantasmas, pois aparecem na história em alguns momentos e somem como se nada que fizessem tivesse valor, então isso ficou bem estranho tanto com a filha em diversas idades interpretada por Delaney Raye e Madeleine Arthur, e a amiga da pintora que é feita por Krysten Ritter é outra que só entrou na história pra quase de enfeite sendo quase um ponto nulo. Agora outros dois que fizeram papéis bem terciários mas ainda assim agradaram bem nas suas aparições foram Jon Polito como o dono do bar aonde o protagonista inicia as vendas dos quadros e Guido Furlani como Dino Olivetti, proprietário da empresa de maquinas de escrever.

O filme conta com um visual épico interessantíssimo cheio de coisas incríveis para visualizar e representar tanto a época quanto a simbologia dos quadros que mesmo não dando ênfase nem nos motivos que levaram ela a ser submissa nem dele ser tão sagaz, conseguiu criar o conflito e envolver como nos velhos filmes de época que víamos antigamente. E isso é maravilhoso de ver, pois funciona do jeito que estamos acostumados a olhar os demais filmes do diretor, ou seja, tudo tem motivo de estar dentro do quadro cênico, então não veja o filme apenas acompanhando o que está sendo dito, olhe a toda volta, monte o quebra-cabeça e saia abismado com o resultado. Bruno Delbonnel fez algo que poucos diretores de fotografia gostam de fazer, que é estourar a gramatura do filme no seu máximo permitido para que o filme não aparente falso, dando um ar de época além do que a cenografia já fez, e com um tom de paleta amarelo perfeito, escolhido na medida, isso tornou o filme um deslumbre cenográfico que não sei como não ganhou ao menos uma indicação aos prêmios da Academia, mas é a vida, cada um gosta de um estilo.

A canção de Lanna Del Rey funcionou bem por retratar a história, meio que contando tudo que aconteceu, junto de sentimentalismo, mas ao entrar na cena, acabou não combinando muito com o restante da trilha de Danny Elfman, então acabou sendo uma falha estranha, mas ainda assim ganhou a indicação do Globo de Ouro, o que já vale e muito para a cantora.

Enfim, vi por aí muitas críticas negativas do filme, por estarem esperando mais maluquices do diretor, mas acho que isso é algo que precisa ser dosado no estilo que ele escolhe, e dessa forma vendo o filme como algo separado e novo, o resultado é tão agradável e interessante que o longa acaba sendo gostoso de acompanhar e dessa forma acabo recomendando ele com certeza para todos que gostam de biografias dramáticas com doses cômicas de absurdo. Fico por aqui agora, mas essa semana ainda tenho muito o que conferir nos cinemas, então abraços e até breve pessoal.


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Caminhos da Floresta

1/30/2015 01:08:00 AM |

Particularmente, contrariando muitas pessoas, sou um dos poucos que ainda gostam de ver musicais no cinema, claro que alguns estilos de cantoria irritam, mas em alguns estilos de filme acabam sendo uma boa forma de transmitir a ideia do roteiro. Em "Caminhos da Floresta", o conteúdo da história é muito bem desenvolvido, contando algo até bem interessante de acompanhar, mas embora o musical da Broadway já tenha levado vários prêmios, acredito que uma versão mais dramatizada e menos cantada agradaria bem mais do que o que foi apresentado, já que algumas canções até são bonitinhas, mas algumas ficaram tão repetitivas em alguns momentos fiquei pensando o tanto que o pessoal reclama das repetições do funk, o que falariam do filme. Mas tirando esse detalhe é um longa que vale a pena tanto pela estética quanto pelo conceito moral que acaba impondo.

O filme nos apresenta um padeiro e sua mulher que vivem em um vilarejo, onde lidam com vários personagens famosos dos contos de fadas, como Chapeuzinho Vermelho, Cinderela, João e o Pé de Feijão, entre outros. Um dia, eles recebem a visita da bruxa, que é sua vizinha. Ela avisa que lançou um feitiço sobre o casal para que não tenha filhos, como castigo por algo feito pelo pai do padeiro, décadas atrás. Ao mesmo tempo, a bruxa avisa que o feitiço pode ser desfeito caso eles lhe tragam quatro objetos: um capuz vermelho como sangue, cabelo amarelo como espiga de milho, um sapato dourado como ouro e uma vaca branca como o leite. Eles têm apenas três dias para encontrar tudo, caso contrário o feitiço será eterno. Decididos a cumprir o objetivo, o padeiro e sua esposa adentram na floresta.

A primeira coisa que preciso deixar de sobreaviso todos que pretendem ver o filme é: se você não gosta de musicais nem pense em ir ao cinema, a chance de reclamar de tudo é absurda. Dito isso, se você não liga ou gosta do estilo, ainda é capaz que você reclame um pouco, já que como disse no início, o longa se tivesse sido feito em formato tradicional dramatizado talvez agradaria mais, mas acabaria muito semelhante à série "Once Upon a Time", que vem decolando na TV temporada em cima de temporada, ou seja, se alguém lá dentro cogitou essa possibilidade, foi vetado rapidamente. O roteiro foi adaptado e musicado por James Lapine e Stephen Sondheim, e pra quem não conhece, Sondheim não é daqueles que costuma fazer coisas muito alegres, então é notável o estilo pesado na trama, de forma que em certo momento na sessão comecei a rir com a moça atrás de mim que falava: "só tem tragédia nesse filme", além de não parar de conversar com a telona como se fosse uma novela interativa para responder ao que ela falava. Até aí no quesito montar uma história mais pesada não tem problema, já que para quem leu algum dos contos dos Irmãos Grimm sabe muito bem que as histórias bobinhas da Disney foram totalmente maquiadas, mas aí entrar o diretor Rob Marshall que fez um dos musicais mais cultuados do cinema, "Chicago", e outro que foi bem falado "Nine" e esquecer suas bases consolidadas de trabalho desenvolvido, foi algo decepcionante, pois ao menos o que o público que gosta do estilo esperava era que ele não apenas lotasse o filme de estrelas, mas que fizesse a história ser criada pelas estrelas e assim agradar bem mais, o que acabou não acontecendo.

Falando nas estrelas, Meryl Streep está ótima como bruxa, mas se atrapalhou um pouco com a cantoria diferentemente do que fez em "Mamma Mia!", talvez por suas canções não serem tão rimadas ou pelo excesso de maquiagem atrapalhar no desenvolvimento do personagem, o que acabou sendo estranho, claro que adoramos ela e gostamos de vê-la sempre indicada à prêmios, mas infelizmente dessa vez não mereceu. James Cordem não era um ator que me chamava a atenção, mas vem se destacando e aqui seu padeiro tem características bem pontuadas e por cantar menos, acabou dentro de algo que agradou o suficiente dentro da trama com poucas expressões fora de rumo, mas nada que chegasse a atrapalhar, muito pelo contrário funcionando bem. Emily Blunt foi da água ao vinho na trama sendo a mulher do padeiro, inicialmente as mulheres adorando suas performances e situações, mas ao chegar nas cenas finais só vaca era o nome mais carinhoso que as moças da sessão à chamava, claro que isso mostra o quão boa é a atriz para desenvolver o personagem em diversos âmbitos e fazer com que todos olhassem muito para ela, o que é um ponto bem positivo, então valeu o que fez. Anna Kendrick por alguns momentos pareceu sua amiga Hathaway tanto visualmente quanto no quesito interpretativo com sua Cinderela, e não li muito sobre como foi gravado as vozes, mas mandou tão bem, assim como já fez em outro musical que mal podemos aguardar "Escolha Perfeita 2" para ver o que deve aprontar vocalmente, além disso seu personagem teve boas cenas, então a sua performance foi algo que acabou agradando também. Agora sem dúvida alguma os pontos positivos maiores ficaram à cargo de Lilla Crawford e Daniel Huttlestone com Chapeuzinho Vermelho e João (ou Jack no original), pois os dois fizeram de seus personagens algo muito além do que qualquer um pudesse imaginar, cantando bem, desenvolvendo uma postura sólida incrível e criando algo na história completamente inesperado para duas crianças, o rapaz já havia sido interessante em "Os Miseráveis", mas como trabalho de estreia a garotinha veio com tudo no mesmo ritmo, quiçá melhor, e assim queremos vê-los em mais longas. Em contrapartida a decepção do filme ficou por conta do lobo de Johnny Depp que é quase um enfeite dentro do filme, sem expressão nenhuma que é sua característica, e principalmente sendo um personagem bem bobo, mas ainda assim ele conseguiu perder para a gafe master do longa que foi a cena cantada pelos dois príncipes Chris Pine e Billy Magnussen na cachoeira, que faz com que eu tenha a certeza total de que homem bonito é uma gazela aguardando para sair do armário, depois disso nem dá para ver mais nenhuma cena deles sem rir. Os demais personagens até fazem bem seus papéis, mas nenhum destaque acaba sendo relevante, mesmo alguns sendo até de importantes contos de fada, mas ficaram apenas colocados dentro da trama, tendo uma ou outra cena importante para desenvolver.

Outro ponto muito bom da trama é a direção de arte, afinal o conceito visual que criaram para a parte mais importante da história, que é a floresta, ficou algo digno de ser lembrado, e dessa forma acabou sendo indicado ao Oscar também nessa categoria, claro que as nuances da fotografia sempre puxando para o tom preto ajudou e muito a desenvolver o cenário criado, mas a quantidade de pontos chave para que os protagonistas desenvolvessem seus textos foi algo bem pensado e incrível de olhar. E para destacar também a outra indicação do filme ao Oscar é a questão do figurino que até nos envolve, mas por ser algo totalmente dentro do que conhecemos dos contos de fada, não chega a chamar tanto a atenção, ainda que sirva bem dentro da proposta artística da trama. Muitos reclamaram do filme não ser indicado à cabelo e maquiagem, mas o destaque nesse quesito só ficou por conta da Bruxa e de Rapunzel, já que o restante coube à figurino e arte que acabou levando a indicação, ou seja, dessa vez foi ao menos um acerto da escolha da Academia.

Estamos falando de um musical da Broadway, então as canções são obrigatoriamente algo que necessita ser bom, e com músicas que possuem uma sonoridade gostosa e bem ritmada a chance de você sair cantando algumas da sala é alta, mas como disse, elas funcionam por trás da trama, não tanto sendo as falas do filme, pois tudo cantado cansa um pouco, talvez se fossem usadas apenas como base agradaria bem mais, claro que não tiraria nenhuma da Chapeuzinho, nem do João nem da Cinderela, já que os três foram os melhores no quesito musicalidade.

Enfim, não sei se estava com expectativa demais para o filme ou se realmente faltou algo que me fizesse apaixonar pelo que vi, de forma que o resultado montado na última cena é excelente e agrada bastante, mas como o miolo foi algo meio que broxante, não saí tão feliz quanto poderia e gostaria. Claro que recomendo ele para quem gosta de musicais, e somente esse grupo, pois repito, se esses já irão reclamar de muita coisa como eu fiz, o restante vai achar de insuportável pra cima. Bem é isso pessoal, foi apenas o começo dessa semana cinematográfica recheada de estreias pelo interior e de muitas faltas que queríamos também, então aguardem que teremos posts novos praticamente todos os dias, então abraços e até bem breve.


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Até Que a Sbornia Nos Separe

1/27/2015 12:40:00 AM |

É interessante ver que no Brasil quando querem mesmo, outros estilos conseguem financiamento e felizmente fazem jus ao dinheiro gasto, pois a animação "Até Que a Sbornia Nos Separe" é um dos exemplos de como uma animação feita para adultos, já que crianças não devem entender muito as ironias, funciona sem necessitar apelar ou usar somente formas bem desenvolvidas para agradar. Aqui o bom enredo trabalhou forte para divertir com traços bem simples e em alguns momentos até estranhos para uma animação, mas o conteúdo é tão bem estruturado que em momento algum necessitamos ver uma modelagem perfeita para ficar feliz com o resultado. Ou seja, a simplicidade da computação tradicional, dentro de um roteiro bem pensado, fez dessa animação nacional o resultado que diversas outras queriam e acabaram errando por abusar de técnicas e não pensar na história.

O filme nos mostra que Sbornia é um pequeno país que sempre viveu isolado do resto do mundo, cercado por um grande muro que não permite o contato com os vizinhos. Um dia, no entanto, um acidente leva à queda do muro, e logo os sbornianos começam a descobrir os costumes modernos. Dois músicos locais, Kraunus e Pletskaya, observam as reações de seus conterrâneos: enquanto alguns adotam rapidamente a cultura estrangeira, outros preferem reafirmar as tradições sbornianas e resistir ao imperialismo.

O longa é baseado na peça musical "Tangos e Tragédias" que já durante 30 anos alegrou muitos teatros com suas canções até Nico Nicolaiewski morrer em 2014, e claro que a dedicatória do filme é para ele. A história embora tenha toda a ficção consegue servir de crítica à diversos modos políticos e sociais das pessoas, e isso torna o filme tão irreverente e gostoso de acompanhar, que em diversos momentos até esquecemos que estamos diante de uma animação quase que 100% animada no método tradicional de desenhos feitos à mão que apenas são convertidos para digital no seu final, e isso é incrível, pois acabou demorando muito tempo para que fosse entregue a versão finalizada que estamos vendo nos cinemas. Os diretores Otto Guerra e Ennio Torresan Jr. foram ao mesmo tempo espertos por trabalhar tudo muito bem, desenvolvendo cada ato e criando uma obra complexa e bem feita, mas arriscaram bastante pois embora a técnica antiga ainda funcione bastante, muitos não curtem mais um visual tão imperfeito, exigindo das animações maior primor técnico, felizmente como disse a história domina sobre os desenhos, mas ainda assim, vemos traços e cores bem colocadas para dar o tom da piada em diversas cenas.

Os personagens são outro charme completo da trama, que são bem desenvolvidos e cada um contando com uma característica em especial acaba agradando muito, pois ao ter as personalidades definidas, o fator dinâmica acaba funcionando sem precisar apelar à alguns momentos clichês como aconteceria em outras histórias. Claro que os protagonistas Kraunus e Pletskaya foram dublados pelos seus verdadeiros donos Hique Gomes e Nico Nicolaivwsky respectivamente e desenhados tal qual seus donos no melhor estilo das grandes animações, e isso é um primor se visto que o trabalho de desenho é algo dificílimo. Mas claro que os demais personagens também funcionam bem, e Fernanda Takai se sai bem com a personagem Cocliquot tendo expressividade e cantando a música que gruda na mente em dois momentos. Arlete Salles praticamente molda Alda, mãe de Cocliquot da sua forma irreverente e até comete o "pecado" de quase não vermos mais a personagem e sim a atriz em alguns momentos. O pai da protagonista também tem momentos muito bons que divertem na medida com a voz de André Abujamra.

Como disse, o primor técnico não é algo tão aperfeiçoado, mas ainda assim a cenografia é algo tão claro e interessante de acompanhar, que em alguns momentos quase passamos a conhecer profundamente as duas cidades de uma maneira incomum para o cinema de animação, pois tudo parece funcionar tão bem ali que acaba agradando com os tons avermelhados um pouco forçados demais, mas que foram colocados com linguagem artística para que a fotografia tivesse seu traço marcante, e com o desenvolvimento somos gratos por não apelarem para tons mais fortes senão seria algo que sairia do tom certamente.

Enfim, felizmente fui surpreendido por uma animação nacional de qualidade internacional, já que as últimas que conferi foram sofríveis e falharam feio. Claro que como disse, a trama foge bem do público alvo das animações, mas com boas canções e desenhos divertidos, talvez os mais crescidinhos que forem acompanhar os pais acabem se divertindo também. Preferi não entrar em detalhes das críticas políticas e sociais que o filme abrange para não estragar as piadas dando spoilers, mas quem gosta desse estilo com certeza irá se divertir mais ainda, ou seja, recomendo o longa para uma boa gama de pessoas, então fica a dica para conferir no cinema, já que muitos longas nacionais com temáticas mais artísticas acabam não sendo lançados em outras mídias. Bem é isso pessoal, fico por aqui encerrando essa semana cinematográfica, mas quinta estou de volta com mais estreias, então abraços e até breve.


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Busca Implacável 3

1/25/2015 11:19:00 PM |

Dinheiro, essa palavra define Hollywood, então se você vê um filme mais ou menos e ele acaba rendendo o esperado ou mais pelos produtores, pode ter a certeza de 99% que em algum momento aparecerá uma continuação, um reboot ou algo baseado naquele filme. Porém algumas vezes, mesmo rendendo muito, os produtores acabam exigindo velocidade dos roteiristas na criação de um novo longa, e o resultado da criatividade deles nem sempre é tão satisfatória. E isso é o que acabou acontecendo em "Busca Implacável 3", que mesmo sendo cheio de ação, tiros e tudo mais que o gênero necessita para empolgar, acabou sendo totalmente previsível logo nas primeiras cenas, e isso incomoda muito no decorrer da trama, pois sempre estamos de olho no que vai acontecer praticamente já sabendo o que vai acontecer, perdendo a ideologia gostosa de ser surpreendido com algo. Claro que os outros dois filmes não foram tão misteriosos assim, mas ao menos dava um certo desespero ao pensar que ele não conseguiria o melhor resultado, mesmo sabendo que não iam ser tão perversos de fazer tudo dar errado.

O filme nos mostra que o ex-agente do governo norte-americano Bryan Mills tenta tornar-se um homem família, mas vê tudo ruir quando sua ex-esposa Lenore é assassinada. Acusado de ter cometido o crime, ele entra na mira da polícia de Los Angeles. Desolado e caçado, ele tenta encontrar os verdadeiros culpados e proteger a única coisa que lhe resta: a filha Kim.

Como foi solicitado pelo protagonista e aceito pelos produtores, a história agora não é mais sobre sequestros, e felizmente a nova história ficou menos cansativa nesse sentido, já que quem sequestrariam agora? Porém Luc Besson tem cada vez menos tempo para pensar em novas histórias, já que vem dirigindo, escrevendo e produzindo muitos filmes ultimamente, e cada um mais semelhante com o outro, então o que sobrava de mistério em suas histórias antigamente agora sobra de previsibilidade. Dessa forma com um roteiro bem previsível, sobrou para o diretor Olivier Megaton fazer o que mais tem sido sucesso em seus filmes, bota tudo pra voar, explodir e atirar pra todos os lados como se não houvesse amanhã, e posso garantir que o público alvo do estilo de ação que o longa propõe vai sair vibrando do cinema já esperando o quarto capítulo, ou pelo menos já o próximo longa de Liam Neeson que na sala aonde assisti o filme teve gente já achando que era trailer do próprio filme que iria passar em seguida.

Já que falei de Liam, definitivamente o ator mudou o jogo e agora cada vez mais faz filmes do estilo "sai da frente senão passo em cima de qualquer maneira" e isso é legal de ver, pois funcionou bem para ele, mas daqui a pouco só estará sendo lembrado por esses filmes e não por outros que botou sua interpretação de texto para jogo, claro que aqui novamente saiu muito bem, afinal ele é um ator que tem ritmo interessante e funciona bem nesses filmes, mas ainda estou esperando algo melhor para ele. Forrest Whitaker faz aqueles detetives que nos irrita por querer ser o centro das atenções, claro que tem situações bem cômicas com seus trejeitos, mas não precisavam ter forçado tanto o personagem, e o ator sendo bom do jeito que é poderia ter feito o papel de uma maneira menos caricata que agradaria bem mais. Maggie Grace fez bem o papel de Kim no primeiro filme com 25 anos, no segundo já com 29 não tem como ver ela como uma "adolescente" e agora com 31 fazendo faculdade como uma teenager soou falso demais e suas interpretações em diversas cenas beiraram o fiasco completo, então se houver um quarto filme, deem um jeito dela aparentar a real idade como mãe mesmo, cuidando da filhinha que deva ser sequestrada, que vai funcionar bem melhor. Famke Janssem trabalhou pouco dessa vez, já que morre logo no início do filme (antes que me xinguem está na sinopse, nos trailers e em tudo mais), mas manteve a forma expressiva dos outros dois filmes de uma maneira bem interessante nas três cenas que precisou interpretar, e isso mostra profissionalismo, o que acaba ocorrendo bem pouco com atores que morrem logo de cara nos filmes. Dougray Scott não me convenceu como marido rico em momento algum e suas expressões entregam o jogo muito facilmente, e isso ao mesmo tempo que bota culpa no roteiro, também tem um pouco de culpa no ator, que poderia ter trabalhado um lado mais denso e dramático para o personagem. Achei bacana a forma que arrumaram para voltar todos os amigos policiais de Mills para ajudar ele na fuga/caçada e praticamente todos os atores voltaram para seus papéis originais dos filmes anteriores, só mudando o personagem de Bernie por algum motivo que agora é feito por David Warshofsky e antes era feito por D.B.Sweeney. Agora para finalizar o ponto cômico ficou pela atuação de Sam Spruel como o "vilão russo", já que sempre tem de existir esse personagem nos filmes de ação, e nas cenas de luta apenas trajando uma cueca e fazendo trejeitos muito engraçados foi algo irônico demais.

Visualmente o longa está até mais do que satisfatório, já que com toda a correria temos diversas locações prontas para explodir e levar tiros dos mais diferentes calibres, o que acaba também sendo bem divertido. E aliado aos carros de luxo sendo destruídos de diversas maneiras, o que conseguimos observar é que a direção de arte precisou rebolar bastante com o orçamento para que o filme não ficasse falso demais, e o resultado foi bem satisfatório. A fotografia trabalhou na maior parte do tempo com cores mais escuras para tentar dar um pouco de suspense para a trama, mas o resultado como falei no começo ficou bem longe desse estilo.

Enfim, é um bom filme que diverte o pessoal disposto a ir numa sessão sem muito o que pensar, apenas pegar uma pipoca na bombonière e curtir a ação proposta. Claro que como disse, aqueles que já viram dezenas de filmes do estilo irão matar a trama toda em alguns minutos de projeção, mas ainda assim, a diversão compensa o preço do ingresso. Dessa forma fica minha recomendação para ele com esses pormenores, então se você não liga pra isso, boa sessão, senão passe longe. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã confiro a última estreia da semana pelo interior, então abraços e até breve.


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O Jogo da Imitação

1/24/2015 04:25:00 PM |

Alguns filmes nós gostamos, outros amamos, e ainda existe a categoria daqueles que temos de nos segurar na poltrona para passar vergonha de levantar ao final e aplaudir. Digo isso, pois essa foi sem dúvida alguma a sensação que tive ao acabar "O Jogo da Imitação", pois até sabia das 8 indicações ao Oscar, mas fui singelamente assistir ao filme tendo visto o trailer apenas uma vez e sem saber ao certo o que esperar dele, então fui pego com uma história tão boa, tão bem montada e trabalhada pela direção, com atuações incríveis e fascinantes, cenografias precisas e sem exageros, uma trilha sonora que nos prende do início ao fim, que não tem outra forma de expressar todos os sentimentos que o longa transparece senão com uma salva de palmas. Incrível em tudo, e perfeito demais, nunca esperava que uma pré-estreia de 2 semanas pudesse me deixar tão feliz.

O filme, baseado na história real do lendário criptoanalista inglês Alan Turing, considerado pai da computação moderna, narra a tensa corrida contra o tempo de Turing ao ser convocado para liderar uma equipe no projeto Ultra, a fim de descobrir os códigos de guerra nazistas e, dessa forma, ajudar os aliados a vencerem a Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, Turing precisa esconder sua homossexualidade, considerado crime na época.

Alguns conseguem aprender com o tempo e fazer bons roteiros, outros já acertam em cheio no primeiro filme, e com Graham Moore a sorte lhe sorriu monstruosamente, pois ao adaptar o livro de Andrew Hodges: "Alan Turing: The Enigma", não apenas fez uma história fascinante como ficou milionário instantaneamente ao vender os direitos pra Warner pela bagatela de 1 milhão, mas pela forma contextual que conseguiu agradar em cheio envolvendo e não apenas desenvolvendo a trama, o valor foi até pouco, já que ficou muito boa a adaptação, vamos torcer para ganhar o Oscar e assim começar mais do que com o pé direito. O diretor norueguês Morten Tyldum chegou agora em Hollywood e trabalhou com um orçamento monstruoso para criar impecavelmente nuances precisas tanto para que os atores sobressaíssem como para a história criada ficasse ainda mais perfeita, e isso não é uma coisa fácil em dramas históricos, pois como muitos conhecem o que ocorreu realmente, qualquer loucura fora do contexto poderia queimá-lo de uma forma que nem voltando para a Noruega conseguiria fazer algo, mas muito pelo contrário, o que acabou fazendo nesse longa lhe dará diversos outros filmes bons, pois mostrou serviço com uma eficiência ímpar. E para fechar com chave de ouro, o diretor que é editor também, juntou-se com a William Goldenberg para fazer uma montagem que vai sendo desenvolvida aguçando toda a curiosidade do espectador em querer saber mais, mesmo não atrapalhando nem o contexto da cena que está sendo mostrada, muito menos do filme no todo, ou seja, daqueles filmes que quando acontece o que todos estão esperando, acabamos vibrando junto com os personagens, e isso também garantiu ao editor a indicação ao Oscar.

Falar da atuação é sempre algo que acaba sendo marcante, pois as vezes já somos fãs de algum ator, outras vezes apenas nos simpatizamos com ele, e Benedict Cumberbatch já vem nos conquistando há algum tempo com suas ótimas interpretações, seja no cinema com sua cara mesmo, seja através da computação gráfica ou até mesmo na TV com ótimas séries, mas o que fez aqui dessa vez com seu Alan, foi algo muito além de tudo que já fez, conseguiu incorporar um personagem real com uma vivacidade e emoção que acabamos vidrados no que faz, torcendo mesmo fronte a suas loucuras para que consiga tudo e mais um pouco, ou seja, perfeito demais e a torcida pelo Oscar ao menos minha é dele. Keira Knightley é daquelas atrizes que sabem o que está fazendo quando entra em cena, e mesmo com poucas cenas, o resultado expressivo de sua Joan lhe garantiu ao menos uma indicação ao Oscar, claro que provavelmente não irá ganhar, já que as demais candidatas estão ótimas também, mas conseguiu trabalhar expressões fortes nas cenas mais precisas, e isso vale demais. Mathew Goode faz um Hugh perfeito em diversas cenas e surpreende trabalhando mesmo com um pouco de arrogância no seu personagem, mas ainda assim suas cenas fortes são excelentes. Mark Strong aparece 2 ou 3 vezes como o agente do MI6 Menzies e conseguiu mandar muito bem também na dinâmica do personagem. Charles Dance faz uma interpretação dura, mas bem interessante com seu Denniston e claro que os fãs de Game Of Thrones esperariam até mais presença dele em cena, mas por ser alguém que vai contra o protagonista, no filme foi bom que ficou longe dele, mas sempre que aparecia fazia de tudo para impressionar. Allen Leech consegue dar nuance para um personagem que parecia bobo, mas ao decolar seu John faz tudo tão bem trabalhado que com o fechamento da história mostrando a forma que foi contada conseguimos ter ter uma surpresa expressiva dentro do personagem. Temos muitos bons atores e ficar falando de cada um seria alongamento demais do texto, mas para finalizar vale a pena destacar Rory Kinnear que fez de seu detetive mais do que apenas um simples personagem, mas um ouvidor/espectador da história como nós mesmo fomos, já que está tomando depoimento do protagonista sobre tudo que ocorreu.

Outro ponto fascinante e que também garantiu uma indicação é a direção de arte, pois com uma cenografia bem trabalhada e ambientada para que a Guerra fosse colocada não como algo forçado que já vimos em diversos filmes, mas na medida correta para desenvolver a história que está sendo contada ali, os acertos acabaram ficando bem montados e determinaram o fluxo da história, a máquina construída é assustadora, mas caiu bem demais com todos os demais elementos cênicos e assim o resultado acabou envolvendo junto da boa atuação que usou cada um dos elementos nas cenas com precisão cirúrgica para que ambos se destacassem. As diversas imagens de arquivos foi um acerto bem colocado dentro da trama, mas alguns podem até reclamar da falta de textura nessas imagens, ao diferenciar totalmente do que é usado no restante do filme, e assim a fotografia mesmo estando impecável acabou pesada para compensar esses detalhes, e infelizmente mesmo estando envolvente nos sombreamentos acabou fora das indicações, mas ainda assim o trabalho de Oscar Faura foi visto com primor técnico.

A trilha de Alexandre Desplat sempre cai bem com qualquer filme, mas aqui nos envolve de uma maneira que é impressionante de ouvir e sentir, pois a cada momento dramático do filme o misto entre silêncio, barulho das engrenagens da máquina e a orquestra tocando forma algo que fica repetindo em nossa mente sempre que lembrarmos do longa, e isso é muito bacana, ou seja, mais uma excelente indicação para o compositor no Oscar.

Enfim, até me repeti demais para dizer o quanto adorei o longa, e pelas torcidas que farei para que ganhe muitos prêmios, para quem não contou as 8 indicações no texto aqui estão elas: Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Direção, Melhor Edição, Melhor Ator, Melhor Atriz Coadjuvante, Melhor Direção de Arte (ou Design de Produção) e Melhor Trilha Sonora. Claro que antes do Oscar temos também o Bafta para torcer já que no Globo de Ouro acabaram esquecendo de premiar quem valesse a pena mesmo. Já falei demais, e estou parecendo aqueles tietes que tentam pôr na cabeça das pessoas que um filme é ótimo, mas disse aqui, então mais do que recomendo o longa para todos sem exceção, claro que aqueles não são muito fãs de dramas talvez fiquem meio com o pé atrás pelo ritmo da trama, mas posso garantir que todos vão gostar com certeza. O longa estreia somente daqui duas semanas oficialmente, mas permanece em pré-estreia em diversos cinemas, então corra e aproveite essa oportunidade que a Diamond Films nos proporcionou. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã estou de volta com mais estreias que vieram para o interior, então abraços e até breve.


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Leviatã

1/23/2015 01:07:00 AM |

Se existe uma coisa que não acho bacana em alguns filmes é eles obrigarem que você conheça outras histórias para ter um embasamento, reflita ou se comova com o que é mostrado. Claro que é minha opinião, mas sou do estilo que vou ao cinema para emocionar, refletir ou se divertir com o que é mostrado ali naquele intervalo de 80 a 200 minutos dentro da sala escura, e se o filme não conseguir passar isso nesse tempo, ou vai ser para ter continuações, ou no caso de filmes mais artísticos é por querer que o espectador seja quase um filósofo para interpretar o que quis mostrar e saia pesquisando textos e tudo mais para montar uma tese sobre o assunto. Pois bem, com esse início, já tenho quase que certeza absoluta que vou arrumar algumas confusões com amantes desse estilo de filme, mas volto a frisar, que é a minha opinião. E sendo assim, não consigo enxergar motivos óbvios para que "Leviatã" esteja ganhando tantos prêmios e indicações por aí, ou melhor até enxergo uma possibilidade que vemos direto por aí, mas como vi por aí algumas críticas tão viajadas sobre o longa, quem sabe outros também estão vendo o filme assim. A história em si até é interessante, pois coloca em pauta, o quanto o homem faz besteiras em sua vida sem pensar nas consequências, e no fator de que você sempre será culpado até que se prove o contrário, mas até que ponto isso passa a ser interessante a virar um filme de quase 3 horas?

O filme nos mostra que em uma pequena cidade próxima ao Mar de Barents, no norte da Rússia, vive Kolya. Ele é proprietário de uma oficina, ao lado da casa onde vive com sua esposa e seu filho. Vadim Shelevyat, o prefeito da cidade, quer tomar o seu negócio e sua terra, mas primeiro tenta subornar Kolya, mas ele não quer perder tudo o que tem. É então que o prefeito começa a se tornar mais agressivo.

Um fator que vale atenção no filme ao menos é o roteiro, pois ele sim é bem trabalhado para mostrar todo tipo de corrupção, a que tanto nós brasileiros já estamos acostumados e dá pra ver que em outros países a coisa não é tão diferente. E além disso, ao misturar religião, política, traição e bebida dá quase uma bomba nuclear no contexto que talvez com uma montagem mais interessante na ideologia do filme teríamos algo tão bom de ver que passaria voando, ao contrário do tanto que o longa cansa com um estilo quase novelesco com diversos núcleos. O diretor Andrei Zvyagintsev fez algo cheio de conotações com as paisagens do filme e com histórias densas, mas se perdeu ao exagerar nessa forma de mostrar as coisas e não desenvolver a fundo nenhum dos conflitos, o que acabou se tornando chato demais de acompanhar, e isso num filme de 140 minutos é quase um martírio, por sorte não foi na sala VIP que ele veio, senão era dormir na certa.

As atuações estão dentro do contexto do filme, com russos sendo russos, bebendo vodca igual água, ou melhor mais do que água e sendo completamente malucos, ou seja, se algum dia quiserem ter outra impressão vai ser bem difícil com sempre mostrando assim em filmes e tudo mais. Aleksey Serebryakov faz de seu Kolya um personagem estranho, pois ao mesmo tempo que vemos seu "desespero" para manter a família, acaba tendo umas atitudes meio contundentes, claro que a bebida sempre envolvida, e sua atuação deixa mais dúvidas ainda em relação à sua idade e outras características do contexto do personagem principal, então talvez precisasse ser mais impactante em alguns momentos. Roman Madyanov faz um prefeito antagonista tão forte que se fosse numa novela da Globo iria apanhar nas ruas com certeza, mas ao mesmo tempo seu estilo de interpretação acaba sendo engraçado e funciona. Elena Lyadova consegue fazer de sua Lilya, aqueles personagens que ficamos tristes por ele, mas em seguida com o desenrolar torcemos pra que a pessoa não se dê bem, e isso é interessante de ver quando alguém consegue trabalhar de forma bem colocada, mas alguns momentos seus foram forçados demais e também destoam do restante. E para fechar o quarteto principal, Vladimir Vdovichenkov faz de seu Dimitri o galã da trama, que mesmo estando no miolo de todos os problemas da trama, se sai bem na interpretação, e agrada no que faz, talvez se o longa fosse invertido apenas no seu papel, a trama deslancharia e seria mais interessante. Dos demais coadjuvantes, muitos fazem boas ligações, mas como o filme é tão enroscado nos protagonistas, não conseguimos focar em nenhum de fora para destacar.

Visualmente por mostrar paisagens mortas e ser ambientado em uma cidadela bem pobre, o resultado acaba ao mesmo tempo sendo bonito de ver, mas estranho, pois dá todo um ar misterioso na trama que valeria ser mais explorado do que apenas os sentimentos dos personagens, mas daí fica de serventia pro pessoal que usa o cérebro pra fazer suas viagens e destoa um pouco. Mas com diversos elementos cênicos, com muitas coisas sendo usadas, a equipe de arte trabalhou bem para contrastar os pontos chaves da trama. Além disso, quem assistir ao filme vai ver que quem reclama das estradas no Brasil é porquê não foi pra Rússia. No quesito fotográfico, o contraste de cores marrons com o azul deu um charme para o filme, e talvez levante mais as reflexões, porém o exagero cansou bastante no delongar da trama.

Enfim, assisti poucos dos concorrentes do Oscar de Filme Estrangeiro, mas como levar o Globo de Ouro é um grande passo nessa premiação, e como já ganhou outras premiações também, infelizmente é capaz do longa levar a estatueta. Eu particularmente até vi pontos positivos no longa, mas são tão poucos comparados ao cansaço que a trama reproduz, que não tenho nem como torcer para ele, muito menos recomendar que alguém vá assistir, então com certeza tem outras boas opções nos cinemas da cidade para aproveitar, mas quem já tiver visto tudo e puder vá conferir ao menos para dar bilheteria e continuarem mandando longas alternativos pra cá também, vá e reflita viajando sobre tudo que o longa quis mostrar. Bem é isso, apenas foi o começo dessa semana que veio razoavelmente recheada de longas para o interior, claro que faltando os grandes nomes das premiações, mas fazer o que, ao menos teremos quantidade para assistir, então abraços e até breve pessoal.



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Minúsculos em 3D

1/20/2015 10:14:00 PM |

Certo tempo atrás discutia com um amigo sobre a narração e as vozes humanas num documentário sobre a vida de um macaquinho, que era algo completamente desnecessário pois se víssemos somente a história vivida pelo protagonista daria para entender, pois bem hoje assisti à essa nova animação francesa chamada "Minúsculos", onde não temos narração, animais dublados e dessa forma ficamos apenas com sons, alguns claros que não iguais os animais fazem realmente, mas dentro de um contexto para poder contar a história de forma mais interessante. E olha que incrível, pois ficou muito bacana de ver, claro que os adultos na sessão adoraram, riram e se divertiram muito com os pequenos insetos, mas a criançada que geralmente adora animações durante a sessão acabou reclamando muito da duração e nem curtiram tanto, ou seja, realmente não dá para agradar a todos.

O filme nos mostra que em uma floresta, a calmaria entre os insetos acaba quando os restos de comida de um piquenique desencadeia uma guerra entre colônias de formigas rivais, obcecadas por uma caixa de cubos de açúcar. Resta a uma joaninha tentar instaurar a paz entre eles.

A história do filme é bem simples, não tendo nada que necessite muita explicação, e ao funcionar quase que como um documentário, onde a câmera usa a função macro para seguir os pequenos insetos, a dramaticidade recai somente por conta do que cada espectador acha dos bichinhos. Claro que a direção focou bem na relação das formigas com a joaninha, e devido a joaninha ter problemas acabamos nos conectando a ela. Agora, uma coisa é fato, se você aguentar a primeira metade bem lenta, ao começar a guerra das formigas o longa vira um deleite visual interessante, e aliando as boas modelagens dos animais com um 3D imersivo das paisagens reais, o resultado é bem bacana de ver.

Como não temos dublagens, nem "atuações" interpretadas pelos personagens, não dá para falar muito dos personagens, apenas dizer que eles seguem bem o fluxo da história e cada um vai se assimilar mais entre cada um deles. Como disse a joaninha dá mais envolvimento, mas até mesmo a parte da aranha é bem bonitinha e deve agradar bastante. Já a briga das formigas é o ponto aonde mais temos ação no filme, e aí quem gosta desse estilo vai se divertir bastante.

E se não há diálogos para nos envolver, então a responsabilidade de dar condução à história é toda da trilha sonora orquestrada, que dá um show e se fosse um longa americano com toda certeza ganharia bons prêmios nesse quesito, mas como é francês, quem sabe no Cesar recompensem ele.

Enfim, o que posso dizer é que o resultado é bem agradável e diverte dentro da proposta de não termos animais com vozes de humanos, apenas fazendo suas coisas "naturalmente" e envolvendo nas suas disputas alimentícias, claro que com alguns floreios para termos uma ficção, mas por bem pouco não temos um documentário sobre formigas e a busca pelo açúcar sagrado de cada dia. Recomendo ele para todos que gostem de uma animação bem feita, onde o 3D foi bem empregado para dar imersão, mas como disse, talvez a criançada canse por não ter nada que acabe envolvendo elas. Bem é isso pessoal, encerro aqui a semana cinematográfica, mas na quinta já estarei de volta com mais estreias, então abraços e até breve.


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As Férias do Pequeno Nicolau

1/20/2015 04:48:00 PM |

Embora façam muitos filmes com a temática mais infantil, são poucos os longas franceses desse estilo que costumam aparecer por aqui, e quando vem poucos acabam assistindo pelos nomes pouco chamativos. Pois bem, dito isso, o que posso falar de "As Férias do Pequeno Nicolau" é que o diretor conseguiu manter a essência do filme original e das HQs francesas que deram origem à trama, mas acabou não dando tanto valor à excelente imaginação do garoto protagonista, e isso acaba até divertindo mais os adultos que forem conferir, mas as crianças é capaz que fiquem entediadas com algumas bobeiras mais da vida conjugal.

O filme nos mostra que ao terminar o ano letivo, Nicolau, seus pais e a avó viajam para o litoral para aproveitar o verão. Lá, o garoto não perde tempo. Ele faz novos amigos e ainda conhece uma menina por quem fica encantado e que acredita ser sua futura esposa. Entre a praia, o hotel e a floresta, Nicolau e sua turma se aventuram nessas férias inesquecíveis.

Recordo bem pouco do primeiro filme, mas lembro que ri muito das ideias e bagunças que o jovem se metia, e por serem bem inteligentes eram interessantíssimas, e essas sacadas ficaram faltando no novo filme. Alguns podem até achar que o motivo é a troca do protagonista, mas a verdade é que o problema está no roteiro mais adulto, e acabou que o frescor infantil até ficou implícito na trama, mas não teve o mesmo impacto bacana do anterior.  Claro que ainda é um filme bem gostoso de ver com um bom desenvolvimento e cara completa de sessão da tarde, mas faltou a inocência dominar mais. Ao trabalhar demais as subtramas o diretor Laurent Tirard fez uma opção perigosa, porém acertada ao ver que somente a história familiar não se sustentaria sozinha e dessa forma, alguns personagens que nem teriam importância acabam sendo a diversão do filme no final.

Embora tenha sido o único trocado do primeiro filme, o garoto Mathéo Boisselier fez suas cenas de maneira bem sutil e adequada, respeitando a versão original feita por Maxime Godart, e isso mostra tanto sua boa atuação quanto mostrar que a direção soube manter o que deu certo no passado, e dessa forma mesmo ficando sempre como segundo plano na trama, suas desventuras junto dos outros garotos acaba sendo algo legal de acompanhar. Dos garotos vale destacar mais suas características que já são apresentadas logo que entram em cena do que as suas atuações em si, por exemplo o jovem que come tudo nos faz rir demais e o que só chora também, e até mesmo o que se impõe como mandão faz os trejeitos de forma perfeita para remeter às características do personagem, então quem sabe mais pra frente virem grandes atores de teatro ou cinema. Valérie Lemercier repetiu seu papel de mãe do protagonista, começando meio escondida, mas foi crescendo tanto na trama e na forma de atuar que ao final já ganha tanto destaque que quase vira a protagonista de tudo e isso não é ruim, pois demonstra que o que foi proposto no roteiro foi cumprido com perfeição pela atriz e assim acabou nos cativando para seu personagem de mulher moderna. Kad Merad já tem uma cara engraçada e aliado ao que foi proposto agora para o seu papel de pai que vê a mulher se destacando ficou muito bom de acompanhar, claro que de certa forma é algo não muito original, mas o ator soube fluir com naturalidade. Outra garota que vale destaque é Erja Malatier que começou com diversas referências ao filme "O Iluminado" é depois ficou dócil e divertida de ver. Dos demais poucos tiveram destaque, chamando atenção em um ou outro momento, mas sem muito o que apresentar, valendo apenas citar as referências de direção italiana exagerada no personagem feito por Luca Zingaretti.

Um grande destaque do filme ficou por conta da direção de arte que fez bonito nas escolhas de cores e decorações para cada cenário parecer único e com incrementos de forma a parecer totalmente como uma HQ e isso é maravilhoso de ver na tela. Aliado a isso, temos uma fotografia dinâmica e bem cuidadosa para que o filme fosse bem vivo e gostoso de acompanhar, com frescor e alegria mesmo nas tardes chuvosas. 

Enfim, um bom exemplo de longa infantil que mesmo errando no contexto e diferenciando bem do original, ainda manteve o que de bom e sábio tem nesse estilo de filme francês, ou seja, vale a pena ser conferido. Fico por aqui agora, mas já vou para a próxima sessão de hoje, então abraços e até mais tarde.


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Invencível

1/20/2015 03:20:00 AM |

Acho engraçado como são as pessoas desse mundo das críticas, alguns anos atrás quando foi anunciado que Angelina Jolie sairia das frentes das câmeras para ir para trás delas dirigindo seu primeiro longa, a galera meteu o pau sem dó, falando que era apenas jogada de marketing, que não tinha mais aonde enfiar dinheiro, e diversas outras coisas. Porém seu filme acabou indo bem, muitos elogiaram sua mão e claro que ela gostou do que fez, e resolveu aceitar e pedir diversos outros projetos, então agora 4 anos mais tarde, eis que é lançado "Invencível", um drama biográfico que muitos críticos elogiaram insistentemente muita coisa, e outros odiaram tudo, onde é inegável ver que a atriz tem uma boa mão para direção, porém ao apelar para um excessivo dramalhão, acabou cansando demais, ao invés de impactar o espectador que com toda certeza era a intenção, mas que vai acabar ficando para o próximo.

A cinebiografia nos conta a história de Louis Zamperini, filho de imigrantes italianos e corredor olímpico que é preso e torturado pelos japoneses, durante a Segunda Guerra Mundial. Em 1943, o avião em que estava caiu no Oceano Pacífico por falha mecânica e o soldado sobreviveu seis semanas no mar dentro de um bote. Ele é resgatado pelos japoneses e mantido preso até o desfecho da guerra.

A história em si é bem interessante, e a versão do livro de Laura Hillenbrand que os irmãos Ethan e Joel Coen acabaram redigindo ficou bem trabalhada, dando detalhes das torturas que o protagonista sofreu durante sua juventude. Porém, não seria necessário ficar em modo repetitivo e intrínseco cada uma, pois isso cansa o espectador, destoando da real intenção, se na edição ou até mesmo na filmagem fossem mais implícitos em cada uma das torturas, o filme teria um ritmo mais cadenciado, que a própria trilha sonora tentou virar o jogo, acabaria agradando bem mais, e provavelmente não teria apenas 3 indicações ao Oscar, decolando em diversas outras categorias. No primeiro filme Jolie fez algo mais forte e pontual do que o que é colocado aqui no seu segundo trabalho de direção de ficção, porém ainda manteve a característica de humanização familiar clara e cometeu novamente exageros nesse estilo, talvez a hora que abandonar suas origens no modo de dirigir, a chance de decolar na carreira já pode ser considerada uma certeza. Outro ponto que ainda considero como erro de direção é na montagem, pois na maior parte das vezes o diretor também opina nesse momento, ainda mais no caso dela ser a produtora do longa também, e aqui embora tenha uma função linguística da construção das lembranças do personagem, talvez uma montagem mais linear agradaria mais, mesmo que tudo esteja bem focado para o público entender, a desconstrução temporal acabou não criando o impacto exato que deveria.

Sobre a atuação de Jack O'Connell como Louis, o que podemos dizer sem pestanejar é que o jovem deu todo seu gás e mais um pouco para que a interpretação do protagonista fosse mais do que perfeita, o jovem que era acostumado a fazer papéis menores em diversos filmes e séries, após despontar em seu último filme que nem lançado no Brasil foi ainda, já deve decolar facilmente para grandes papéis e em breve seu nome virar tão grande quanto seu potencial dramático e expressivo. Domhnall Gleeson é outro que vem despontando, e o que faz aqui com seu Phill, é manter sua interpretação estável, de uma maneira que poderia até chamar mais atenção, porém prefere ficar mais focado e com ajuda de efeitos, maquiagem e tudo mais, chega a ter uma aparência assustadora em determinado momento, o que impacta ainda mais sua expressão. Outro que temos de destacar muito é Takamasa Ishihara que conseguiu dar tanta expressão para o seu Watanabe em sua estreia nas telonas que não duvido nada de em breve ser chamado para mais filmes com temática orientais, assim como acontece em diversas animações, chegamos a ter raiva de seu personagem, e isso mostra que a interpretação do papel de "vilão" lhe caiu bem. Dos demais, na maioria o que temos são pequenas pontas que serviram para conectar cada ato de tortura ou glória do personagem, tendo destaques quase que mínimos para alguns atores em momentos esparsos, por exemplo Finn Wittrock funcionou como um gancho corporal para as mulheres com seu Mac, Garrett Hedlund coloca seu Fitzgerald como o pensador da trama, fazendo isso de forma bem colocada.

Agora se tem uma coisa que sabemos sobre Jolie é que dinheiro cai nas suas mãos tão fácil quanto o calor assombra nossas cidades, de modo que em seus filmes a direção de arte tem tudo e mais um pouco para construir cenários bem trabalhados, cheio de detalhes, onde cada elemento passa a ser preciso e bem encaixado dentro do que a trama pede, ao exemplo das cenas dentro das aeronaves cheias de pequenos elementos cênicos para agradar e mostrar as armas de guerra da época, logo na sequência as cenas dentro do barco sendo mesmo que num pequeno ambiente, mas cheias de simbologias, depois ao ir nos dois campos de concentração com uma riqueza ímpar, e até mesmo nas cenas das Olimpíadas, tivemos boas representações em questão de figurino e fidelidade do momento. De modo que ficamos até um pouco inconformados da falta da indicação à prêmios nesse quesito, pois com muita certeza aqui o dinheiro serviu pra tudo. Porém para compensar, a fotografia acabou tendo destaque já que com tantos elementos, o diretor soube usar o tom exato para cada momento de modo a expressar melhor os sentimentos exatos em cada ato, destacando claro as cenas nos dois campos de concentração aonde a paleta marrom sobressaiu no primeiro e a cinza/preta veio com tudo no segundo, em contraponto aos momentos alegres onde o branco evidenciou tudo, e assim já garantiu a primeira indicação do filme ao Oscar.

As duas outras indicações do Oscar para o filme recaíram para o quesito edição e mixagem de som, afinal um longa de guerra sem bons ruídos de tiros e explosões não tem graça, e aliados aos demais sons de socos, batidas de paus foram bem trabalhados e colocados na medida certa dentro do longa. E se estamos falando da parte sonora, a musicalidade é outro que deveria ter recebido menção em premiações, pois Alexandre Desplat raramente brinca em serviço e aqui favoreceu demais a dramaticidade da trama com trilhas impactantes e dolorosas na mesma medida que o filme decorria, e assim sendo mandou bem demais para o propósito.

Enfim, é um filme bem trabalhado, um pouco longo demais que conta bem a história do protagonista de uma forma bem produzida e dirigida dentro de um padrão, claro que diversos outros diretores fariam completamente diferente essa mesma história e talvez saísse de forma melhor ou até pior, o que não dá para saber sem ver, apenas imaginar pelo que conhecemos de alguns nomes que já tentaram produzir essa história sem sucesso. Porém o impacto visual é satisfatório e acaba agradando quem gosta do estilo, longe claro de grandes clássicos de guerra, mas com um conteúdo biográfico bem feito, então acabo recomendando bastante o filme que mesmo com alguns defeitos que já disse acima, ainda é uma boa opção dentro do que temos nos cinemas. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda vou conferir mais longas nessa semana cinematográfica que até foi curta, mas como deixei alguns de lado para minhas férias, agora vou tentar recuperar, então abraços e até breve.


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Os Pinguins de Madagascar em 3D

1/10/2015 01:09:00 PM |

Dreamworks, quem te viu e quem te vê!!! Digo isso, pois era a empresa que até criava boas animações para concorrer com a Pixar, mas hoje está num nível tão alto das produções, com sacadas tão geniais para agradar tanto as crianças, que sempre é o público-alvo das animações, quanto os pais que vão levar os pequenos. E com "Os Pinguins de Madagascar", o misto de sacadas bem trabalhadas para fazer rir de uma maneira perfeita e sem abusos é incrível, que aliado à uma dublagem perfeita e bem colocada, acabou transformando o filme em uma das animações mais divertidas dos últimos anos, adequando os longas de onde surgiram bem pontuados para não ficar nada artificial e ainda assim dando boas nuances novas para quem não assistiu também aos desenhos na TV. Ou seja, perfeito para todas as idades e estilos.

O filme nos mostra que Capitão, Kowalski, Rico e Recruta vão nos mostrar os segredos dos mais adoráveis e misteriosos pinguins do mundo da espionagem, além de juntar forças com uma agência de espiões, a Vento do Norte, liderada pelo Agente Secreto para impedir que o vilão Dr. Otavius Brine consiga dominar o mundo.

O roteiro foi bem moldado para trabalhar tanto o lado investigativo dos pinguins como também o que o público mais gosta, o divertido, pois são raras as cenas que não nos pegamos rindo das situações em que os personagens se metem ou do contexto que os diálogos acabam tomando, claro que na adaptação para a dublagem nacional mudaram muita coisa para trejeitos nossos, mas felizmente acabou caindo muito bem na trama e em momento algum soou superficial. O diretor Eric Darnell já está quase sendo comparado com Peter Jackson, que é o rei da Nova Zelândia e da Terra Média, e aqui Darnell já é rei de Madagascar, com 4 filmes tão bem trabalhados, já sabe até onde colocar cada ponta de cenografia aonde quer, e junto de Simon J. Smith que também se deu bem em "Bee Movie", acabaram trabalhando numa parceria ímpar para que cada ato do filme fosse único e ao mesmo tempo contivesse a história toda, então conseguimos observar o filme com diversas gags individuais bem montadas, o que é raríssimo em animações, e o filme continuou sua linhagem sem errar em nada, tendo conteúdo e não sendo apenas um nicho dos outros três longas da série "Madagascar" e muito menos uma extensão da série da Nickelodeon, ou seja, vida própria para eles, que com muita certeza deve vir algumas continuações.

Um fator bem interessante na modelagem e na interpretação da dublagem dos personagens é que todos conseguiram ganhar carismas próprios, inclusive o vilão da trama, e isso é bem bacana de ver, pois acabamos torcendo para todos conseguirem o que almejam e assimilando bem cada fator isolado nos divertimos com cada detalhe único de expressão que tiveram cuidado em fazer. Claro que o quarteto principal é destacado e faz as coisas ficarem mais interessantes a cada momento, mas tanto o quarteto do Vento do Norte como os polvos do vilão possuem boas nuances e sintonia geral entre tudo o que está acontecendo. Particularmente adoro o Capitão, tanto nos momentos divertidos dele quanto nos mais sérios, e sem dar spoilers mas suas cenas antes de entrar no submarino do vilão estão perfeitas. Como disse a dublagem nacional mandou muito bem e fez um filme perfeito no quesito interpretativo, e também já falei isso, mas só animações pra valer a pena ver dublado. Claro que quero algum dia ainda ter a oportunidade de ver o longa legendado, afinal temos Benedict Cumberbatch, John Malkovich, Chris Miller, entre outros grandes nomes, mandando ver na dublagem original, então deve estar também muito bacana.

Embora tenhamos nossos protagonistas com apenas 4 cores, o longa é extremamente colorido e cheio de coisas espalhadas pelo cenário para quem quiser brincar de ache o detalhe passar horas fuçando no filme, e claro, com toda a colorização agradar o público-alvo infantil para que não canse nas cenas aonde tem mais diálogos, e é muito bacana ir nas salas lotadas de crianças, pois ficamos ouvindo os pequenos dialogando com os personagens. A concepção visual foi muito bem trabalhada para ligar todos os filmes e moldar os personagens seguindo uma tridimensionalidade interessante tanto para os personagens como para a cenografia, e isso mostra o quanto as equipes de arte digital têm crescido e entrado em outros patamares, inclusive nas animações. Claro que quem desejar muitos objetos voando para fora da tela e perspectivas imensas ao pagar mais caro pelas salas 3D, talvez saia um pouco desapontado, já que em muitos momentos dá até para tirar o óculos e ver pequenos borrões na tela, mas nada que atrapalhe a visão do que está acontecendo, ou seja, o efeito funcionou mais na modelagem para que os personagens fossem algo mais "pegáveis" do que no contexto que valesse pagar mais caro, então como sempre digo, quem quiser economizar pode assistir nas salas tradicionais que não vai perder nada.

Tirando a música final que fica na mente, senti falta de mais canções para trabalhar o filme, mas nem por isso temos poucas trilhas sonoras encaixando bem na trama, na cena de perseguição por Veneza foi o ápice máximo de como uma trilha pode vir a fazer parte da trama de maneira genial, e isso funcionou em diversos momentos da trama.

Enfim, é uma das animações que mais ri nos últimos tempos, valendo demais assistir nos cinemas, claro que o 3D poderia ser mais forte, e como sou um defensor de que se não é necessário usar, não use, torço para que em breve somente os filmes que tiverem o efeito servindo bem saia assim nos cinemas. Recomendo o longa para todos sem exceção, desde o mais pequeno vai se divertir até o mais velho vai rir muito das piadas, então fica a dica das pré-estreias pagas que estão rolando e para a estreia na próxima quinta. Fico por aqui nessa semana cinematográfica, para uma folguinha ao menos, mas volto em breve com mais estreias e posts por aqui, então abraços e até mais pessoal.


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O Abutre

1/09/2015 12:58:00 AM |

Alguns filmes não conseguimos definir com outra palavra senão genial, mas com "O Abutre" essa mesma palavra se transforma em tantas outras que me vi inconformado com 90% das cenas colocando a mão na cabeça e pensando como alguém faz isso, e tudo é tão possível, afinal realmente existem pessoas como Lou, não tão loucas, mas que fazem o mesmo estilo de "jornalismo", que o filme toma rumos tão interessantes que vamos nos sufocando, rindo, se desesperando sem saber para onde o diretor conseguirá acabar. Além disso, o longa não funciona apenas como mostrar a loucura de uma "profissão", mas também como funciona alguns modos de carreira em empresas, contendo toda as frases de efeito que chefes passam para os funcionários e aí, assistam o filme e tirem suas próprias conclusões, afinal tudo bem que o longa estreou em 2014 no Brasil, mas como só veio agora para o interior, já está como sério candidato a melhor desse ano pra mim.

O filme nos mostra que Lou Bloom é um jovem determinado que sempre está em busca de fortes emoções. Um dia, quase por acaso, Lou descobre o mundo em alta velocidade do jornalismo sensacionalista, onde equipes de filmagem freelances gravam imagens de crimes e acidentes chocantes para depois vendê-las para telejornais. Em busca das cenas perfeitas, ele é capaz de arriscar a sua e a vida de outras pessoas.

Após escrever excelentes roteiros, Dan Gilroy finalmente decidiu dirigir um, quiçá o melhor, dos seus roteiros aqui, pois ao desenvolver um personagem tão complexo dentro de uma trama dura, suja e nada convencional, ele soube com a delicadeza de um cirurgião, ir inserindo o teor pesado do personagem na mesma velocidade que o público começa a ter carisma por ele, e isso é algo que ficamos irritadíssimos, pois não tem como gostar de uma pessoa do estilo do protagonista, e ao final, estamos completamente envoltos na torcida para que ele seja o mais bem sucedido em tudo que vá fazer, de forma que ao dizer a frase que encabeça o pôster, só falta levantar da poltrona e aplaudir, pois essa é a sensação que o filme nos remete. Outra grande sacada foi ter aproveitado as imagens das câmeras usadas nas filmagens, pois completamente diferente de efeitos de edição, quem é da área sabe que cada câmera tem sua própria gramatura de filmagem, e isso é nítido e bem aplicado nas imagens fortes exibidas nos noticiários, o que acabou ficando bem bacana de ver.

Sobre a atuação, falar de Jake Gyllenhaal como Lou Bloom é algo que não tem como, tem de ir ao cinema e ver, o cara emagreceu violentamente para entrar no personagem, socou espelho mesmo tendo de levar pontos e muito mais que se contar estraga com o filme, e como disse ao falar do texto, seu personagem é incrível, cheio de nuances, nos convencendo de que aquele é o jeito correto de ser, e tudo entra perfeitamente no que é feito por ele, não vi ainda as demais atuações que concorrem ao Globo de Ouro no Domingo, mas se ele ganhar ficarei extremamente feliz. Rene Russo faz de sua Nina ao mesmo tempo uma mulher sedutora e durona no contexto exato que a personagem pede, claro que alguns podem até falar que ganhou o papel por ser esposa do diretor, mas ela fez tão bem o personagem com bons trejeitos, que o mérito das cenas mais envolventes podemos dizer que foi todo seu, mas ainda acho que algumas cenas poderiam ter sido melhores desenvolvidas junto com o protagonista. Não conhecia o ator inglês Riz Ahmed, mas fez tão bem seu papel do estagiário Rick, se saindo exatamente como a maioria dos estagiários acabam sofrendo nas empresas, claro que seu serviço aqui é bem mais maluco, que fica uma dica procurar mais filmes dele para ver se manda bem também. Bill Paxton tem duas ou três boas cenas como Joe, um concorrente direto do sucesso do protagonista, mas seu olhar em sua última cena daria um longa de terror de arrepiar muita gente. E pra finalizar, Michael Hyatt faz uma detetive daquelas que qualquer um se declararia culpado com medo de levar uma porrada, mandando muito bem na sua última cena, mas na primeira poderia ter sido mais improviso e menos texto decorado. Um fator interessante da produção é que como foi gravado praticamente dentro mesmo de uma emissora, muitos personagens conhecidos da TV fazem pequenas pontas mesmo para o filme, então caso já tenha visto jornalismo internacional com certeza alguns rostos serão reconhecidos.

As cenas dentro de estúdio são meio travadas, já que por ser um estúdio de TV jornalística não tem muito o que inventar, apenas acertaram em não criar, utilizando algo mais verdadeiro, e quem for da área vai se familiarizar com muitos equipamentos, formas de edição e tudo mais, e quem não conhece verá um pouco mais do assunto que tantos gostam. Agora se nesse ali foram simples demais, nas cenas de acidentes e crimes, a equipe não economizou sangue e visual para ser mostrado, trabalhando muito bem para tudo ser o mais crível possível, e sufocar na excelente perseguição do bandido, onde além do aspecto visual ficar muito bem colocado, a equipe de fotografia trabalhou com um primor para que as sombras nos envolvessem e não ficassem falsas de modo algum, chegando a diversos momentos acabarem quase que claustrofóbicos.

Enfim, é daqueles filmes que vai ser bem difícil você ver alguém falar mal dele, talvez um ou outro comentário sobre o ritmo lento inicial, mas que serviu bem para mostrar o crescimento e conhecimento da causa pelo personagem principal, e isso é totalmente necessário dentro da proposta do filme, então repito, vá ao cinema conferir pois garanto que ver em casa, parando para muita coisa e numa tela que não cause o efeito claustrofóbico não vai ser o mesmo impacto, e filmes bons merecem ser vistos no cinema. O longa demorou um pouco para vir para o interior, então é capaz que muitos já até tenham visto na pirataria, mas quem for de Ribeirão Preto, fica uma excelente dica para conferir no fim de semana. Bem, é isso pessoal, hoje à noite confiro mais um longa e volto para contar o que achei dele, então abraços e até breve.


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Uma Noite No Museu 3 - O Segredo da Tumba

1/03/2015 01:43:00 PM |

Alguns filmes são criados já pensando nas diversas continuações, outros acabam ganhando tanto dinheiro que os produtores vão na levada colocando cada vez mais e mais histórias para apenas render, porém é interessante observar que quando se determina uma trilogia, que no caso já haviam cantado a bola logo no primeiro filme, o terceiro já vem com um tom de despedida grande, e se determinados acontecimentos ocorrem fora do que é esperado, aí o tom fica mais triste ainda. Com o filme "Uma Noite No Museu 3 - O Segredo da Tumba" não foi diferente, pois praticamente toda a História mesmo como deveria ser contada, já havia sido mostrada nos dois primeiros filmes, e aqui apenas queriam uma forma de fechar tudo de maneira bem encaixada, com isso algumas piadas até divertem e fazem rir, mas o melodrama secundário já estava pautado mesmo antes da morte de Robin Williams, e pode até ser que o filme já tinha sido editado e tudo mais, mas o longa ficou tão impactante como uma despedida do ator que não tem como não se emocionar nas cenas finais. Ou seja, é um filme bem feito, que decolou com o primeiro filme, teve um ponto culminante de histórias contadas de uma forma divertida no segundo, e fechou num terceiro que por muito pouco não virou um comédia dramática.

Dessa vez o longa nos mostra que o vigia noturno Larry Daley segue com seu inusitado trabalho no Museu de História Natural de Nova York. Determinado dia, descobre que a peça que faz os objetos do museu ganharem vida está sofrendo um processo de danificação. Com isso, todos dos amigos de Larry correm o risco de não ganharem mais vida. Para tentar salvar a turma, ele vai para Londres pedir a orientação do faraó que está em exposição no museu local.

O filme pra poder ter um embasamento histórico como os demais, iniciou nos colocando na descoberta das tumbas egípcias numa escavação "amaldiçoada" e dessa forma bem rapidamente já somos devolvidos para a data atual, onde tudo desenrola e é explicado como vão parar em Londres, até aí tudo bem, pois quase de forma semelhante, claro que sem necessitar de uma historinha paralela, tivemos o segundo filme bem trabalhado. O problema aqui é que a historinha foi tão bobinha, e utilizada tantas vezes dentro do filme, vide o lance da foto que fez voltar os seguranças do primeiro filme e depois a ligação com o faraó, que merecia ter sido melhor trabalhada, e de longe é notável diversos problemas ali, tanto nas interpretações quanto no conteúdo cênico, então se era pra ter sido assim, caberia melhor a explicação sendo contada por Ahkmenrah. Além disso, não sei se faltou pesquisa ou algo mais que o museu de Londres pareceu ter apenas meia dúzia de peças importantes: a serpente de várias cabeças, o quadro com várias escadas que já está no poster, Lancelot, o Faraó, o dinossauro Trixie e um ser que pula antes da serpente que foi tão simples que nem lembro mais seu nome, então poderiam ter dado vida a mais coisas que agradaria bem mais com toda certeza. O diretor Shawn Levi soube ao menos trabalhar bem com diferentes tipos de formatos, misturando novamente animações cenográficas como fez bem no segundo filme e junto disso trabalhou bem a tridimensionalidade que caberia se quisessem até ter lançado no modo mais caro que muitos vem trabalhando, mas isso serve para mostrar que um bom diretor sabe aproveitar da tecnologia sem necessitar fazer seu filme ficar mais caro, e dessa forma temos diversas cenas bem interessantes com perspectivas interessantes.

Sobre a atuação, Ben Stiller vem melhorando cada vez mais em filmes dramáticos com pitadas cômicas, e aqui por não necessitar fazer rir tanto, acabou agradando bastante e talvez decole até mais nesse estilo daqui pra frente, digo isso para seu personagem Larry, porém para o personagem Laaa ficou de forma caricata e bem divertida nas cenas, principalmente nas finais junto de Tilly. Owen Wilson e Steve Coogan não trabalharam tanto como nos demais filmes da série, mas ainda assim seus personagens de Jedidiah e Octavius conseguiram tirar boas risadas do público. Rebel Wilson caiu bem nas cenas de sua Tilly junto do homem das cavernas Laaa, mas sabemos que ela é mais cômica que o que fez ali, e caso inventem um reboot para a saga, com certeza ela é o nome certo para iniciar tudo lá em Londres. Dan Stevens fez um Lancelot meio abobalhado, e que de cara faltou muito para ser o vilão da trama, isso não foi demonstrado fácil se é erro do roteiro ou da forma como atuou. Ben Kingsley e Rami Malek trabalharam bem seus faraós, mas mesmo sendo os responsáveis por tudo que ocorre, já que a placa pertence a eles, faltou dinâmica e mais história, o personagem de Ben explica tão rapidamente como funciona a quebra da maldição que quase nem existe a cena, da mesma forma que Raimi também diz o mesmo e todos já estão indo para Londres. São coisas do estilo que ocorreu com Robin Williams que acabam assustando, pois esse filme não foi o último que gravou, mas está sendo praticamente o último que atua, já que o próximo é apenas a voz, e o filme mesmo não querendo ser assim, ficou muito em forma de despedida dele, e isso é assombroso demais. Rick Gervais como administrador do museu quase foi uma participação bem omissa, que por muito pouco não ficou menor que as participações de Hugh Jackman, que foi excelente no que fez e Alice Eve como uma dupla de atores interpretando uma cena de Camelot. O longa também contou com a participação dos antigos vigias do museu que já apareceram no primeiro filme Dick Van Dike, Bill Cobbs e Mickey Rooney, que também morreu ano passado e o longa teve homenagem póstuma.

O visual do longa contou com elementos bem interessantes no início dentro do lançamento das constelações no museu antigo, mas já estou até repetitivo demais, ao dizer que ao entrar no museu londrino faltaram elementos cênicos para mostrar a grandiosidade do museu, e isso no meu ver foi um dos pontos mais falhos do longa. Mas para compensar a equipe de fotografia fez um trabalho digno de premiação, por saber utilizar as luzes e enquadramentos da melhor forma possível para dar um ar tridimensional no filme, que se tivéssemos pago mais caro para colocar óculos na cara iríamos dizer que foi tudo perfeito, mas optaram apenas por colocar visualmente que já agradou bastante.

Bom, toda boa série cômica merece um fechamento digno, e para isso necessitam escolher músicas bem encaixadas para que os personagens dancem no final, e dessa vez a escolha de "The Time Of My Life" e "Got To Be Real" caíram como uma luva para o encerramento, além claro das demais trilhas sonoras que deram ritmo e envolvimento para a trama.

Enfim foi um bom filme, de uma série excelente, mas que fechou de forma estranha por querer ser rápido demais com o fechamento, deixando de lado toda a magia que poderia ser explorada no museu de Londres, e como o que era previsto de ser spin-off do filme agora não dá mais já que o intérprete de Teddy, Robin Williams morreu, não sei que rumos tomará a franquia se devem recomeçar ou algo do tipo, mas ficou faltando muito para agradar mais. Digo também que pretendo rever ele dublado, já que o primeiro e o segundo gostei bem mais da versão dublada do que a legendada pelas piadas mais nacionalizadas, mas assim que der um tempo, então apenas fico por aqui encerrando essa semana cinematográfica bem curta, torcendo para que na próxima venham bem mais. Então abraços e até breve pessoal.


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