Como Se Tornar Um Conquistador (How to Be a Latin Lover)

7/31/2017 12:41:00 AM |

Existem alguns filmes que entregam todas as piadas de cara no trailer, fazendo com que o público se interesse em ir conferir o longa completo, porém ao chegar lá, o que se vê é que só tinham aquilo para apresentar, e o restante acaba sendo enchimento de linguiça, que nos casos de alguns estilos acaba virando até pastelão e exagerado demais, ou seja, acaba ficando apelativo. A ideia em si do longa "Como Se Tornar Um Conquistador" já é exagerada e tosca, mas poderiam ter apelado menos e divertido mais, ou já ter jogado logo de cara a premissa "família" e trabalhar menos as tosquices para que o longa fluísse melhor. Ou seja, não digo que é um filme totalmente ruim, pois até diverte em alguns momentos, mas fica longe demais de ser algo agradável de assistir, e certamente daqui algumas semanas nem vamos lembrar de ter visto ele (ou melhor, vamos fugir quando passar na TV!).

O longa conta a história do sexy e sedutor Maximo (Eugenio Derbez) que tem o sonho de ser um milionário, mas sem levantar um dedo. Para isso, ele passa a conquistar mulheres muito ricas e glamurosas. Ele então se casa com uma mulher rica e 25 anos depois ele é trocado por um homem muito mais jovem e é forçado a morar com sua irmã Sara e seu sobrinho Hugo (Rafael Alejandro). À procura de uma vida de luxo, funcionários e carros, este filme expõe os valores que realmente importam: o poder do charme e acima de tudo o amor familiar.

É interessante observarmos que mesmo se tratando de um longa americano, a desenvoltura por ter atores mexicanos acabou sendo levada bem no estilo das produções mexicanas, com um estilo que começa dinâmico, desaba completamente no teor mais dramático e bagunçado no desenvolvimento, quase morre com um melodrama no clímax e até tenta sair bem no final, mas infelizmente o que o diretor Ken Marino fez em sua estreia derrubou tanto o miolo, que não teve muita solução para empolgar no final, e assim sendo o longa foi numa decaída tão grande e apelativa que soou até chato de acompanhar, de modo que nem os erros de gravação durante os créditos conseguem divertir sem apelar, ou seja, um filme que pode passar em branco tranquilamente.

Dentre as atuações, é mais divertido ver como o jovem garotinho Raphael Alejandro se saindo muito bem com sua ingenuidade na personalidade de Hugo, do que todas loucuras que os adultos fizeram para aparecer, pois o jovem fez bons olhares, e acabou agradando em quase todas suas cenas. Salma Hayek não é mais a mesma que fazia filmes divertidos e expressivos, claro que está velha, mas ainda possui um belo corpo (vide a cena que sai com um vestido preto) e até mostrou uma certa expressividade com sua Sara, porém longe de agradar como atriz de comédias. Eugenio Derbez possui um estilo próprio de comédia, e funciona quando o papel que lhe entregue possui certos detalhes como ocorreu em "Não Aceitamos Devoluções", porém aqui seu Maximo ficou deveras exagerado e até diverte com isso no começo, porém começa a cansar bem antes da metade com suas feições, e com isso acaba desgastado até o final, destaque para seu filho Vadhir Derbez fazendo Máximo quando jovem. Dos demais, é melhor nem entrar em detalhes pois foi um pior que o outro bagunçando mais do que aparecendo, destaque negativíssimo para Rob Riggle e Rob Huebel com seus Scott e Nick.

No conceito visual, a trama até que trabalhou bem para mostrar tanto o lado bom da vida com a riqueza, quanto também o lado bom da vida com a família, trabalhando bem os espaços, figurinos e até exagerando em alguns detalhes, mas como a trama optou por ser mais simbólica o resultado até chega a chamar atenção com a grande quantidade de cores que a equipe de arte junto da fotografia colocaram em cena, chegando a ser até impregnado demais, como na cena do aniversário da garotinha, além de completamente desnecessária a utilização de deficiências.

Enfim, é um filme forçado demais, que acaba exagerando em tudo. Confesso que esperava bem mais dele, e até ri com algumas cenas, mas o resultado final decepciona demais, e com isso acabo nem recomendando ele. Portanto, vá em outros filmes que estrearam, que certamente o ingresso será melhor valorizado. Bem é isso pessoal, fico por aqui encerrando essa semana cinematográfica que foi bem recheada, e volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até breve.

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Dunkirk em Imax

7/30/2017 02:35:00 AM |

Se você gosta de filmes de guerra, mas sempre reclamou de filmes longuíssimos, aonde necessariamente se tem um herói de guerra, toda uma mítica completa, e gostaria de ver realmente os diversos personagens batalhando ou tentando sobreviver como é o caso aqui, "Dunkirk" com certeza é o filme que você deve correr para ver. Digo isso sem pesar algum, pois o longa nos remete tantos sentimentos, criando uma tensão tão forte, emocionando nos momentos mais incríveis e com uma profundidade tão bem colocada e até divertindo em algumas situações, que mesmo sendo "curto" (dentro dos padrões dos longas de guerra), o filme acaba parecendo ainda maior e agradando logo de cara nos transportando para dentro dele quase que no meio dos personagens, e certamente era essa a sensação que o diretor desejava passar ao filmar o longa quase inteiro com as câmeras Imax, proporcionando cada momento como algo forte, tenso e bem colocado. Ou seja, entre no clima que o longa proporciona e se emocione, pois até agora esse certamente é o filme do ano.

A sinopse nos conta que na Operação Dínamo, mais conhecida como a Evacuação de Dunquerque, soldados aliados da Bélgica, do Império Britânico e da França são rodeados pelo exército alemão e devem ser resgatados durante uma feroz batalha no início da Segunda Guerra Mundial. A história acompanha três momentos distintos: uma hora de confronto no céu, onde o piloto Farrier precisa destruir um avião inimigo, um dia inteiro em alto mar, onde o civil britânico Dawson leva seu barco de passeio para ajudar a resgatar o exército de seu país, e uma semana na praia, onde o jovem soldado Tommy busca escapar a qualquer preço.

Muitos vão até se perder um pouco com a história tendo três tempos diferentes de execução (como já falado até na sinopse, uma hora no céu, um dia no mar e uma semana na cidade/praia), mas o que Christopher Nolan acabou desenhando em seu novo filme foi algo que supera tudo e todos, mostrando as angústias e desesperos que os soldados sentiam em tentar sobreviver no meio de uma guerra aonde estavam cercados pelo inimigo por todos os lados, e aonde os civis precisaram ajudar para salvar esses que estavam ali para salvar os civis. E com essas nuances de cada estilo, pois tinham aqueles que só queriam fugir, aqueles que desejavam lutar, e até mesmo os que estavam com os desesperos de guerra mesmo, marcando diversos traços, e estilos. Porém o grande feito do diretor, foi colocar o público como parte do enredo no estilo de filmagem, criando uma perspectiva mais proximal que chega a dar angústia de não saber se os personagens sobreviverão, se sabem nadar realmente, quem é quem ali, e por aí vai, de modo que com grandiosas sacadas, ângulos precisos e muita sintonia de saber aonde quer chegar, pois como falei no começo, ao trabalhar tempos diferentes, com tudo acontecendo no mesmo âmbito, o resultado acaba sendo incrível e pertinente ao tamanho dos trabalhos do diretor tanto em história (afinal o roteiro também é seu), quanto em condução rítmica da trama.

Por incrível que possa parecer, o longa em si não é um filme que dependeu tanto das atuações, pois cada um certamente deu boas interpretações para seus personagens, mas a guerra em si e os sentimentos dos personagens são os protagonistas da trama, de modo que qualquer um poderia atuar no filme, e fazer bem qualquer papel, tanto que Nolan até colocou um cantor da moda para aparecer, e isso não atrapalhou em nada, ou seja, não vamos dizer que sem eles o filme existiria, afinal em uma guerra se necessita de pessoas, mas qualquer ator poderia funcionar em cena. Dito isso, temos de dar certamente o destaque para os três principais com maior tempo de tela, e claro que mesmo com feições de apavorado, Fionn Whitehead conseguiu mostrar que seu Tommy mesmo ingênuo, conseguiu sobreviver desde o começo da trama, fugindo, se escondendo e sendo esperto nos momentos de maior precisão, o que mostra que em seu primeiro filme, o jovem ator soube dosar um bom estilo e chamar a responsabilidade cênica quando precisou. Mark Rylance já é literalmente um velho de guerra, e aqui seu Dawson mostra a sabedoria de um capitão de navio aliada aos conhecimentos de guerra sem nunca estar em uma, mas com olhares pontuais, e uma ótima história por trás de sua história, ele e o filho interpretado por Tom Glynn-Carney (também estreando nos cinemas) junto do amigo foram com muita garra enfrentar ondas para salvar quem aparecesse em sua frente, em algo duro e muito bem feito. E nos ares, a responsabilidade ficou por um velho conhecido de Nolan, Tom Hardy com seu Farrier, que foi sagaz nas manobras, e certamente ficou bem assustado com tudo o que o piloto real fez com ele (afinal Nolan não usou computação gráfica e colocou todos para voar realmente), e com isso o ator até que fez bons olhares e agradou bem junto com Jack Lowden com seu Collins. Não digo que a atuação de Harry Styles tenha sido fraca com seu Alex, muito pelo contrário, o jovem cantor que agora quer alçar novos voos como ator também soube ser duro nas cenas mais desesperadoras e com uma desenvoltura bem própria saiu-se muito bem nas cenas de encerramento, ou seja, poderia ser qualquer pessoa ali, mas o jovem fez bem e isso faz por valer.

No conceito visual o longa tem uma proporção tão gigantesca que chega a assustar, pois temos navios de guerra (poucos, mas bem colocados para chamar atenção), muitas cenas com aviões, muitos figurantes, explosões, barcos de todos os estilos (iates pequenos principalmente), figurinos coerentes, e tiros para todos os lados (um defeito aqui que cabe citar, poderia ter mais sangue!), e essa grandiosidade filmada com câmeras de grande expansão como as Imax, e sendo visto em Imax, amplia tanto a tela que vemos detalhes e mais detalhes em cena, como algo que chega a impressionar e envolver a cada novo ato, se tornando uma beleza pura, mesmo que aterrorizante como é uma guerra. Além de bons elementos, coube a equipe fazer uma fotografia de tons cinzas e azulados que criassem nuances, dramaticidades, e principalmente tensão, pois a cada plano bem aberto com a sensação de vir algo a qualquer momento de cada lado fez com que o filme ficasse duro, e como disse, essa boa jogada de colocar o espectador dentro do longa, só foi certeira pela boa escolha de ângulos, e claro de iluminações coerentes.

Como é de praxe falar, filmes que Hans Zimmer entra com sua trilha sonora, não tem como errar em ritmo e tensão, pois cada ato fica maior e mais grandioso em estilo, e prende o espectador na cadeira, e junto de uma sonoridade incrível, que bem mixada com efeitos de explosões e tiros, sem tirar em quase momento algum a boa trilha, o resultado vai além. Detalhe, se você não gosta de muito barulho, esse não é o filme para ir conferir, pois as poltronas chegam a mexer com a boa mixagem dos tiros, estouros, aviões dando rasante e tudo mais.

Enfim, é um filme incrível, que vale demais ser visto, pois volto a frisar, nesse ano ainda não havia aparecido um longa que conseguisse transmitir tantos sentimentos em duas horas de projeção, destaque para o momento da chegada dos barcos que arrepia total, portanto vá conferir o longa na maior sala possível (em Ribeirão veja em Imax no UCI) e esteja por algumas horas dentro de uma guerra (claro sem chance de levar nenhum tiro!) e experimente tudo que o melhor filme do ano (até agora!) pode lhe proporcionar. Fica assim sendo minha recomendação, e até que enfim, posso soltar o primeiro 10 coelhos do ano (acredito que terá mais alguns em breve para competir com esse como melhor do ano). Fico por aqui hoje, mas volto amanhã com a última estreia da semana, então abraços e até breve.

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O Filme da Minha Vida

7/29/2017 02:15:00 AM |

Já falei diversas vezes que o cinema nacional só tem crescido quando sai da tradicional comédia novelesca, e é tão bom quando vemos um longa com cara de abstrato, história montada propositalmente de forma mais poética para virar artística demais, uma direção centrada em não revelar tantos detalhes, mas deixar que o filme flua de maneira gostosa e ambiciosa, e com isso, "O Filme da Minha Vida" salta do básico e simbólico que vemos casualmente em séries nacionais mais ousadas para um vértice poético, bem dirigido e que volto a dizer Selton dirige muito melhor do que atua, e o veremos muito grande ainda, pois foram três filmes, e três acertos (ainda que os dois últimos exista muita discordância) e dessa forma, aliando uma fotografia maravilhosa com uma história que nos remete aos tempos áureos do cinema, com todo a síntese de pequenas cidades do sul, o resultado não poderia ser outro, senão algo belo, que mesmo com leves defeitos (a abstração moral poderia ser menos usada) fecha com chave de ouro, dando o cerne que esperávamos ver, e completando o nome do filme. Portanto semana que vem, quando o longa estrear, não vamos deixar que seja mais um filme brasileiro bem feito que é visto por poucos, mas sim, daqueles que são bem feitos e lotam sessões, pois vale muito adentrar dentro da síntese da trama e viajar por tudo que a história pode contar, afinal, certamente você já disse que sua história daria um livro, um filme, ou algo do tipo, então vá conhecer a do Johnny ou melhor, descubra o final, pois o final, esse eu não posso contar!

O longa nos situa nas Serras Gaúchas, em 1963. O jovem Tony Terranova precisa lidar com a ausência do pai, que foi embora sem avisar à família e, desde então, não deu mais notícias ao filho. Tony é professor de francês num colégio da cidade, convive com os conflitos dos alunos no início da adolescência e vive o desabrochar do amor. Apaixonado por livros e pelos filmes que vê no cinema da cidade grande, Tony faz do amor, da poesia e do cinema suas grandes razões de viver. Até que a verdade sobre seu pai começa a vir à tona e o obriga a tomar as rédeas de sua vida.

O trabalho de Selton Mello como diretor, já é algo bem reconhecido e mostra um estilo que mistura muita poesia na forma alegórica com um teor também voltado para uma dramaticidade quase fora dos eixos romanceados, ficando quase algo melancólico, e isso, por mais estranho que possa parecer, é muito bom, pois acaba dando um floreio na trama que muitos acabam não esperando. Por diversos momentos ficamos pensando na forma que o longa pode acabar, o que aconteceu com o pai do garoto, o motivo real de tudo, e até mesmo adentramos ao ar denso da serra gaúcha de cidadelas tão pequenas que algo que dê errado vai acabar mudando tudo. Ou seja, baseando-se no livro "Um Pai de Cinema" de Antonio Skármeta (que aparece no filme na cena do puteiro como Esteban), Selton e Marcelo Vindicato criaram um roteiro bem dosado, que com a direção certeira foi trabalhado aos poucos, comovendo e direcionando o público para um final perfeito, que talvez até pudesse ocorrer antes para que a sintonia ficasse melhor e não cansasse tanto como no começo e nas diversas cenas de flashback, mas certamente não chegaria no tom que conseguiram de dramaticidade. Portanto é um filme feito, com leves deslizes de ritmo, mas que emociona e agrada tanto que esses deslizes passam batidos e tudo acaba nos envolvendo de forma que talvez Selton seja agraciado mais uma vez como a escolha para representar o Brasil nos indicados à concorrer a vaga do Oscar de estrangeiro (dessa vez com até mais chance que "O Palhaço").

Sobre as interpretações, vou começar falando que Johnny Massaro já havia mostrado seu estilo de interpretação melancólico perfeito em "Amorteamo" e aqui caiu como uma luva para a personalidade dúbia de Tony, que ao mesmo tempo que procura encontrar o amor, também procura encontrar as respostas que entornam sua vida, ou seja, o rapaz está em apuros, e ele foi perfeito, agora preciso ver um novo filme seu para saber se quem impregnou o estilo Selton Mello nele foi o diretor, ou o jovem fala mansamente igual ao diretor, com o mesmo tom, mesmo estilo de interpretação calma demais, e isso em diversos momentos chega a cansar até, ou seja, precisa melhorar rapidamente seu estilo. Já que falei tanto de Selton Mello, volto a frisar que ando adorando seu estilo de dirigir, mas me incomoda demais a mesma expressão para todo tipo de papel, e aqui com seu Paco foi feito da mesma forma, então deixasse o papel para outro bom ator, que certamente faria melhor e agradaria mais, não que tenha feito algo ruim, muito pelo contrário, foi coerente nas diversas cenas, mas qualquer bom ator faria muito melhor. Agora se teve alguém que surpreendeu nem tanto pela interpretação e expressão que sabemos que sempre se sai bem, mas sim por falar tão bem português, foi Vincent Cassel, que chega a ser incrível dentro das duas fases do longa apenas removendo a barba para as cenas de flashback, e depois deixando tudo bagunçado para as cenas mais atuais de seu Nicolas, e se antes já gostávamos do ator, agora com seu jeitinho brasileiro, acabará conquistando todos, pois foi muito bem. Dentre as mulheres, todas foram bem expressivas e colocadas dentro de um certame correto ao menos da personalidade de cada uma, para a proposta de cada ato, desde Martha Nowill como a prostituta Camélia bem divertida com seu jeito diferenciado, passando pela beleza e ternura excêntrica de Bruna Linzmeyer com sua Luna, chegando até o gostoso lado maternal de Ondina Clais como Sofia, que teve poucas mas bem encaixadas cenas, até finalizar com o ar de suspense de Bia Arantes com sua Petra, ou seja, todas com leves detalhes, mas bem colocadas. Agora quanto aos garotos, todos foram divertidíssimos com suas colocações adolescentes bem pertinentes e cômicas, claro com destaque para João Prates que chega a ser chato com sua insistência, mas acerta no tom do personagem. E para fechar, mas não menos importante, temos de pontuar os ótimos olhares de Rolando Boldrin voltando aos cinemas após 18 anos, agora como Giuseppe, mostrando como se faz para o diretor, que tanto insisto que tem uma expressão só.

Agora certamente o longa merece um destaque importantíssimo para todo o visual dos anos 60 que a produção de Vânia Catani junto com toda a equipe de arte conseguiu fazer com locações perfeitas, carros da época, cinema de época com projetores, montagem de filmes, figurinos, tudo muito bem escolhido e reproduzido com destreza que nem grandes longas de altíssimos orçamentos se preocupam tanto, mostrando que podemos sim fazer filmes grandiosos, basta ir a fundo e trabalhar bem o orçamento. Mas poderia ter o melhor visual do mundo, e errar a mão no tom da fotografia, fazendo com que o filme ficasse simples demais, o que de forma alguma é o caso aqui, pois Walter Carvalho que já fez grandes longas nacionais, acertou demais no tom amarelado, criou nuances cênicas incríveis e fez com certeza o longa nacional melhor fotografado até hoje, montando os diversos ambientes para cada momento, na densidade correta de luz, passando apenas frestas para dizer exatamente o sentimento de cada cena.

Outro ponto excelente do longa ficou a cargo das escolhas musicais, que assim como a fotografia, acabou criando o ambiente certo e emocionando com o ritmo correto para que o filme passasse rapidamente, e até mais, fazendo com que o público ficasse nos créditos ainda escutando as belas canções, ou seja, vale a pena demais ouvir, e não iria deixar de fora um link para que todos curtisse em casa também.

Enfim, é um ótimo exemplar do que deveria ser realmente nosso cinema nacional, que baseando em diversas outras obras internacionais o acerto de Selton Mello e sua equipe foi gigantesco e merece demais ser conferido, pois combina arte bem feita com uma história bela e envolvente, ou seja, consegue bem fugir do estilo novelesco que dramas desse estilo acabam se tornando. Bem é isso pessoal, essa acaba sendo a recomendação da próxima semana, ou para hoje em algumas cidades que o longa está em pré, mas logo mais irei conferir as estreias dessa semana, então abraços e até logo mais.

PS: Daria nota 9,5 para o filme, mas como não tenho notas quebradas, vou reduzir meio ponto por Selton querer fazer tudo e não dar o Paco para outro bom ator.

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7 Desejos (Wish Upon)

7/22/2017 02:09:00 AM |

É incrível a quantidade de possibilidades de se fazer um longa de terror, pois um diretor/roteirista sempre vai achar um vértice para explorar e criar algo "novo", seja a partir de uma ideia original, ou requentando algo que no passado fez sucesso. Digo isso com todas as letras para o filme "7 Desejos", pois de cara é um filme bem interessante, que o trailer tem uma pegada bem chamativa, conseguiu levar uma quantidade bem boa para as sessões de pré-estreia, mas nada mais é do que uma nova franquia do estilo que "Premonição" arrebatou no começo dos anos 2000, com mortes bem fortes e tensas (daquelas que você fica esperando quem vai morrer e como vai morrer!), mas ao menos não ficou só na história de fuga da morte, pois aqui você fez seu pedido, algo vai ocorrer com alguém próximo, e assim vai, com algo bem adolescente, mas que tem futuro para continuações. Veremos os rumos da bilheteria para saber o que vai rolar!

O longa nos mostra que Clare Shannon é uma garota de 17 anos que está tentando sobreviver a vida de estudante, até que seu pai encontra uma antiga caixa de música e lhe dá de presente. O que a garota vem a descobrir é que a misteriosa caixa pode lhe conceder 7 desejos e com eles ela pode ter a chance de conquistar tudo o que quer. Porém, tudo tem um preço e ela vai aprender da pior maneira. Faça um desejo! Mas cuidado com o que você deseja, as consequências podem ser fatais.

Como disse no começo do texto, se existe um gênero que sempre gostam de dar uma requentada em uma ideia que fez dinheiro é o de terror, e se existe um diretor que gosta de pegar grandes sucessos e dar sequências, ou começar algo "novo" é John R. Leonetti, que apenas para citar alguns de seus trabalhos, foi cinegrafista de "Invocação do Mal", em seguida dirigiu "Annabelle", antes pegou o sucesso de "Efeito Borboleta" e dirigiu sua continuação, e mais antes ainda, estreou no comando de longas fazendo "Mortal Kombat - A Aniquilação", ou seja, ele é daqueles que vai sempre procurar uma brecha para ganhar algum dinheiro com filmes "baratos", mas que podem entregar algo para o público, ao menos algo que desejam ver na telona, pois todos sabemos o quanto "Premonição" rendeu para os estúdios, então por que não criar algo mais atual, brincando com a ideia de deseje algo e pague com sangue, e por aí vai, pois a trama vai girar nesse conceito, é explicadíssima em detalhes (você não vai precisar nem pensar em nada, pois vão lhe entregar de mão beijada cada mera cena), e vai de certa forma causar "terror" com as mortes fortes bem filmadas que até geram uma certa tensão antes de ocorrer, e sem ter espíritos ou até mesmo grandes sustos, o filme vai agradar quem gosta desse estilo de terror, e certamente deve virar uma franquia com continuações (ao menos o final, e a cena no meio dos créditos entrega isso!), e quem sabe o diretor que fez lucro com continuações de outros diretores, agora passe a bola para outros.

Sobre as interpretações, é fato que a garota Joey King vem tendo uma carreira com muitos filmes em seu currículo, e sua Clare é bem expressiva, mas a personalidade dela incomoda demais com muito egocentrismo e claro que isso acaba sendo explorado no filme, e sendo assim, a atriz poderia ter feito caras e bocas menos forçadas, já que a personalidade em si já era forte, porém de modo geral acaba agradando mais do que atrapalhando na forma de interpretar seu texto. Ryan Phillippe também entregou um pai bem colocado, mas que sempre aparece apático demais, de modo que seu Jonathan até possui bons momentos, mas faltou empolgação e determinação nas cenas que pedia isso, destaque claro para suas cenas mais perigosas. O jovem Ki Hong Lee já mostrou em outros filmes toda sua desenvoltura, e aqui poderiam ter usado muito mais de seu Ryan, pois o jovem se mostrou bem disposto nas expressões das cenas que foi colocado e quem sabe a continuação lhe use, o que seria interessante, pois aí sim veremos o misticismo chinês com alguém que faça bom uso dele. Agora se já voltaram com o estilo de "Premonição", precisam voltar com o estilo "Todo Mundo em Pânico", e certamente a escolhida seria Sydney Park para dar bom tom grosseiro para as personagens fortes, e só digo isso, pois sua Meredith é perfeita para isso, e a atriz foi muito bem encaixada. Dos demais, a maioria acaba tendo uma ponta aqui, outra ali, com boas frases, cenas fortes e até boa dinâmica, mas são todos bem rápidos para cada momento, não valendo destacar ninguém além dos protagonistas.

Dentro do conceito visual, a trama foi bem simples, pois não podiam estourar muito o orçamento de 12 milhões, e com isso, embora tenha uma mansão bem floreada (mas se olharmos a decoração interna, quase nada de detalhe!), uma escola com poucos elementos distribuídos, e a grande concentração de detalhes fica a cargo dos locais aonde vão ocorrer as mortes, pois ali sim é o lugar para caprichar na ambientação, então vemos muita cenografia em cada área (vou me conter em não falar sobre cada um para não dar spoilers de quem morre em cada momento), agradando pela engenhosidade das mortes e mesmo que não seja algo legal de se ver, o acerto dentro de um filme de terror é satisfatório. Quanto da fotografia, o uso de sombras e luzes revelando cada momento foi um grande acerto e vale prestar atenção à cada detalhe, pois o filme usa e abusa disso, num acerto bem impactado.

Enfim, está longe de ser um longa perfeito, pois ficou adolescente demais, com atores chegando a ser até chatos (as cenas na escola são um porre, com clichês de todo o tipo!), mas que funciona por criar alguma certa tensão nas cenas das mortes, e por ter uma história acompanhável, nada muito elaborado, mas que vai agradar quem gosta desse estilo próprio de terror (já aviso, se não é fã do gore e de algo menos elaborado nem vá conferir), e sendo assim, fica sendo minha recomendação do momento, mas que poderia talvez melhorar muito em uma continuação. Portanto, vá e se divirta com as mortes, pode ficar tranquilo que nenhum espírito vai lhe assustar depois (afinal não tem disso no filme), e vamos aguardar ainda os grandes nomes do terror desse ano, pois esse apenas o trailer foi bem feito. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, já encerrando essa semana cinematográfica, mas volto na próxima quinta com mais estreias, então abraços e até breve.

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O Cidadão Ilustre (El ciudadano ilustre) (The Distinguished Citizen)

7/21/2017 01:39:00 AM |

Muitos falam que o cinema argentino não entrega filmes ruins, e claro que temos de colocar uma vírgula nisso dizendo que o cinema argentino que exportam para outros países não tem filme ruim, e assim podemos seguir com o que temos de falar, pois dito essa verdade pura, é quase impressionante o resultado que vemos em "O Cidadão Ilustre", com uma faceta tão divertida, tão dentro do que vemos realmente acontecer com muitos famosos, e principalmente a história toda é montada do jeito que se espera, como um livro, falando de um escritor que usa sua história (verdadeira ou não?? Isso fica como tarefa de casa como diz o próprio protagonista) para ir moldando a trama, ou seja, vamos conhecendo a história de uma forma tão bem coesa, assimilando a mesma raiva que o protagonista adquire (afinal quem conhece qualquer cidade pequena sabe que é bem assim que funciona, não pode o Zé ficar meio famoso, que vão achar que esqueceu de fulano, beltrano já fica com ciúmes, tudo o que faz é errado, e por aí vai), e sendo assim com muita vivacidade, o resultado final quase nos engana, mas é entregue da maneira mais plena e bem colocada possível, agradando bastante, mesmo com algumas leves derrapadas, mas se você gosta de uma boa Comédia com C maiúsculo mesmo, essa é a pedida.

O longa nos apresenta Daniel Mantovani, escritor argentino vencedor do Nobel de Literatura, que vive na Espanha há 40 anos. Quando o prefeito de Salas, decide homenageá-lo com uma Medalha de Cidadão Ilustre, ele vê uma chance de retornar à cidade natal que deixou na juventude, mas que sempre serviu de cenário para os seus romances. Mas, logo ao chegar, percebe que a ideia pode não ter sido boa. É ele isso vai descobrindo por ter levado para os romances, também, alguns dos personagens reais da cidade.

São tantas boas sacadas que os diretores Gastón Duprat e Mariano Cohn fizeram em cima do roteiro de Andrés Duprat que fica até difícil falar de cada uma sem soltar um grande elogio, e principalmente, dizer que qualquer coisa dita vira um spoiler (aliás já tentei começar o texto de três maneiras diferentes, e essa foi a que conteve menos spoilers do longa), pois a grande sacada é ir descobrindo cada personagem da cidade, ir conhecendo a pacata cidade que mesmo sendo minúscula todos preferem andar de carro, moto ou qualquer outra coisa, que possui associações criminosas de pintores, e por aí vai, ou seja, tudo de insano acontece sem virar um filme tosco americano. Não digo que a perfeição é completa, pois isso seria forçar a barra demais, mas o longa soa tão divertido, e verdadeiro, que não queremos que acabe na mesma intensidade que desejamos que acabe a semana do protagonista na cidadezinha para ver que rumos tudo vai tomar, ou seja, euforia para saber o resultado, mesmo que isso seja triste por ser o final do longa. E dessa forma o resultado final pode até chocar inicialmente, mas vai valer a pena conferir.

Sobre as interpretações, é fato que Oscar Martinez briga com Darín como os melhores atores argentinos (sou pretensioso em afirmar que prefiro muito mais Darín que Martinez, mas isso é gosto pessoal!), e aqui seu Daniel é bem pautado, sem forçar expressões, conseguindo dominar a cena com uma boa desenvoltura, mas é sereno demais com tudo o que vai acontecendo para cima dele, pois dificilmente alguém suportaria tanta pressão sem mandar metade da cidade pra um lugar não tão amistoso, e isso é a maior falha no estilo dele, embora com o final tudo possa ser melhor explicado (mesmo que já saibamos do final muito antes dele acontecer). Agora se temos de pontuar alguém que saiu do eixo exagerando demais é Dady Brieva que desconhecia, e pretendo me afastar mais ainda de algo que faça, pois, para fazer rir, ele não força a barra, ele entorta ela inteira com seu Antonio, soando por vezes até sem noção de tão forçado, ou seja, poderiam ter economizado um pouco com o personagem. Manuel Vicente certamente já morou em cidadelas, ou fez uma pesquisa monstruosa para compor seu prefeito Cacho, pois é a cara de qualquer prefeito sitiante que só vive de eventos e morre de medo dos afortunados da cidade, divertindo mesmo que exagerando em alguns momentos. Dos demais personagens todos tentam aparecer um pouco na trama e até chamam a atenção, mas não chega a ser algo que mereça muito destaque tirando os trejeitos "amorosos" e "raivosos" da Irene interpretada por Andrea Frigerio, o ar sedutor e desesperado de Julia feita por Belén Chavanne e até a forma abrupta de Marcelo D'Andrea com seu Romero acaba agradando.

Dentro do conceito cênico, a grande sacada do filme foi a escolha das locações para que o ar interiorano dominasse realmente, com casas que parecem ter parado no tempo, os clubes e palestras feitas de forma bem adaptada, e claro as famílias que enriqueceram com casarões ornamentados destoando completamente do restante, mas com muitos elementos mostrando o que fizeram para isso, ou seja, um gracejo da equipe de arte que montou bem as nuances e deixou que o texto falasse sozinho, sem necessitar de grandes enfeites. A fotografia focou em ser determinante no tom para dar a dramaticidade certa nas cenas, claro que sem tirar o ar cômico, e com isso não vemos excessos de cores e nem de sombras, ficando bem no meio do caminho.

Enfim, é um longa bem divertido, que consegue agradar do começo ao fim, trabalhando bem com a essência da literatura dentro do cinema, e que quem gosta de longas singelos, bem feitos, que até forçam um pouco para que a diversão cômica aconteça, vai sair muito contente com o que verá na telona. Portanto se gosta de boas comédias, essa é a recomendação dessa semana, que entra em cartaz no Cinema de Arte do Cinépolis Santa Úrsula em Ribeirão Preto. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, com a última estreia da semana no interior, mas volto amanhã com mais uma pré-estreia, então abraços e até breve.

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Transformers: O Último Cavaleiro em Imax 3D (Transformers: The Last Knight)

7/19/2017 02:37:00 AM |

É fato que Michael Bay é um produtor fantástico e ele dando entrevistas que após esse filme deseja fazer algo menor e mais sútil é quase uma blasfêmia, pois sempre foi o rei das destruições gigantescas e que impressionam só de olhar. Dito isso, quem for ver o quinto longa da franquia Transformers denominado: "Transformers: O Último Cavaleiro", e não se impressionar pelo tamanho da produção, realmente dormiu e não assistiu ao longa. Como de praxe, seus filmes não possuem roteiro muito elaborado, muito pelo contrário, é uma bagunça completa que mistura de tudo, mas dizer que isso é ruim, é exagero, pois acaba divertindo bastante toda essa bagunça, e assim sendo o resultado completo da trama fica interessante para quem procura diversão no limite máximo, mas ridículo para quem procura apenas texto, ou seja, essa é a dica que eu dou, se você gosta de ir ao cinema para se divertir com um 3D muito bom, com algo que você não sabe mais quem é bonzinho ou quem é do mal, vá, compra um bom combo de pipoca e se divirta muito, agora se não é desse time, passe longe que vai odiar do começo ao fim. Como todos aqui já me conhecem, sou produtor e amo grandes produções (bem feitas e executadas), e aqui vi isso do começo ao fim também, portanto, foi algo muito bom de ver!

A sinopse nos conta que os humanos estão em guerra com os Transformers, que precisam se esconder na medida do possível. Cade Yeager é um de seus protetores, liderando um núcleo de resistência situado em um ferro-velho. É lá que conhece Izabella, uma garota de 15 anos que luta para proteger um pequeno robô defeituoso. Paralelamente, Optimus Prime viaja pelo universo rumo a Cybertron, seu planeta-natal, de forma a entender o porquê dele ter sido destruído. Só que, na Terra, Megatron se prepara para um novo retorno, mais uma vez disposto a tornar os Decepticons os novos soberanos do planeta.

Já disse muito de Michael Bay na abertura do texto, mas embora muitos não gostem dele (chegando até o ponto de odiar), no conceito desse que vos escreve quase todo dia, ele juntamente com Spielberg são os maiores produtores do cinema atual (e coincidentemente Spielberg também assina aqui a produção!) e quando querem gastar não pensam duas vezes para criar algo grandioso (aqui foi apenas a bagatela de 260 milhões de dólares!!!), e o resultado é fato quanto maior a produção, maior a maquiagem para um texto falho, e isso todos já sabemos muito bem, afinal nenhum (friso novamente nenhum) dos Transformers foi algo elaborado nesse conceito, bagunçando a cabeça do espectador de quem é quem, quem salva quem, quem luta com quem, quem é bom, quem é mal, se vieram de um lugar ou de outro, e por aí vai, mas aqui nossos amigos roteiristas foram bem longe na inspiração, misturando lendas de Camelot, destruição do planeta Terra (que para os robôs tem outro nome) no melhor estilo dos filmes-catástrofe, alienígenas, robôs, humanos bons e ruins, e por aí vai, fazendo uma massaroca completa que se o diretor conseguiu entender o roteiro para filmar tudo e a equipe de edição conseguiu finalizar, esses sim merecem o parabéns, pois tem de ter muita imaginação para encontrar o resultado final dessa soma. E por mais maluquice que possa ser imaginar tudo isso junto, a ideia completa acaba divertindo (claro que exigiríamos alguma moral maior, e Optimus Prime com suas grandes frases de efeito, e aquela voz forte, até nos entrega algumas, mas queríamos algo a mais nesse conceito) e quem for esperando isso vai gostar muito. Ainda acredito que Bay não vai largar o osso e fazer pelo menos mais um com a deixa final bem colocada na cena inter-créditos, mas vamos esperar pra ver a bilheteria, pois o gasto foi alto.

Sobre as atuações, é algo que pouco vemos nesse filme, afinal a maioria dos momentos só ficamos com as vozes dos robôs, não que isso seja ruim, muito pelo contrário, pois já estamos acostumados com o timbre de Peter Cullen com seu Optimus Prime impactante, Frank Welder com seu Megatron e diversos outros de bom tom, mas temos também os humanos perdidos que voam, levam tiros, fagulhas, caem, rolam e só têm leves ralados ou algum tiro superficial (leve spoiler: se um deles não morresse ia ficar muito bravo!), então vamos falar deles também. Começando pelo protagonista desde o último filme da série, Mark Wahlberg com seu Cade Yeager que foi até bem colocado, fez caras e bocas, e até diverte com seu personagem, mas em diversos momentos pareceu bem perdido para onde olhar, afinal como bem sabemos grava-se tudo sem os robôs, apenas olhando para referências e depois junta com a computação gráfica, e nas cenas finais aonde a ação explode mesmo, ele parecia um maluco olhando pra tudo quanto é lado, ou seja, sei que é difícil, mas poderia ser bem melhor. Laura Haddock ainda deve estar rindo de suas cenas como Viviane, pois já vi coisas absurdas no cinema, mas a ideia da concepção da personagem é algo que vai muito além, e se chegasse um roteiro desse naipe na mão de qualquer ator/atriz a pessoa só poderia rir de tanta maluquice, mas ela ao menos expressou alguma seriedade e fez bem seu papel. Josh Duhamel ficou de fora apenas do último filme com seu Lenoxx, participando desde o primeiro longa da franquia, e aqui voltou ao seu estilo G.I.Joe de ser e apareceu ao menos, não fazendo nada que fosse muito expressivo, mas também não errando. Anthony Hopkins sempre será um ator bem colocado, e mesmo que seu Edmund seja daqueles que estão apenas para montar o filme, ligando as partes, ele conseguiu chamar a atenção para si em diversas cenas bem encaixadas, agradando bem ao fazer jus ao seu salário no filme. A garotinha Isabela Moner deve ser mais usada no restante da franquia, pois aqui apareceu em alguns momentos bem jogados (alguns absurdíssimos como nas cenas finais), mas fez bem as caras expressivas ao menos. Dos demais, chega a ser piada, suas participações, então melhor nem falar nada, deixando como apenas um filme para vermos os robôs, e esquecer que tem humanos na trama.

Agora é fato que a qualidade visual da trama é algo inegável, e sempre vão colocar cada vez mais computação gráfica, criando mundos paralelos, muita destruição, cenários movimentando para todo lado e por aí vai, pois hoje é muito mais fácil de filmar com as câmeras super leves (ops, pausa aqui no texto, o longa foi filmado com câmeras Imax 3D que pesam muitos quilos, então não teve essa facilidade), ou seja, a arte gráfica até teve boas locações, cenários bem preparados para aparecer, mas certamente muitos dos atores nem viram nada do filme até assistir no cinema, pois gravaram em panos verdes para todo lado, pulando, gritando e por aí vai, para depois cair todo o trabalho magnífico dos artistas gráficos que fizeram robôs cada vez melhores em peças/detalhes, muitos efeitos especiais explodindo e voando coisas para todo lado, e uma cenografia melhor que a outra, desde as cenas nos diversos países (Cuba mais uma vez entrando pra Hollywood pela segunda vez em 1 ano apenas de abertura de mercado), passando pelas cenas no espaço, no fundo do mar, e claro na grande nave afundada maravilhosa, ou seja, um trabalho minucioso de muitos computadores que agradaram na medida. A fotografia ficou no limite do escuro, tendo muitas cores escuras para dar um tom mais dramático para muitas cenas, mas na maioria dos momentos cômicos o tom sempre puxava para uma gama mais alegre de objetos ao redor, dando uma média interessante de ver.

Agora faço até questão de colocar em um parágrafo a parte, pois já disse isso algumas vezes e volto a frisar, se vão nos entregar um longa em 3D, que filmem em 3D, pois a conversão na maioria das vezes fica ruim, ou até inexistente, e aqui quem for conferir vale muito ir na maior sala possível (como sempre recomendo a Imax, que em Ribeirão fica na rede UCI), pois são peças voando, faíscas pra todo lado, muita profundidade de campo, e uma percepção que quase coloca você junto dos robôs, e claro que se tenho de destacar algum momento, ficamos com as cenas finais de batalha, que ali é tiro, explosão, peças, robôs voando e tudo mais que se pensar, mas no fundo do mar, o resultado também ficou bem interessante com a tecnologia. Ou seja, se é pra pagar mais caro numa sessão 3D, esse é o que vale pela tecnologia.

Enfim, muitos vão odiar (sei disso) pela história fraquíssima e bagunçada, mas volto a pontuar que quem gosta de boa ação, e uma produção gigantesca, não tem como não se divertir com tudo o que o longa nos proporciona. Está longe de ser o meu estilo de filme preferido, tanto que muitos sabem o quanto odiava Transformers na época da faculdade, afinal história passa longe aqui, mas o último longa e esse me conquistaram pela tecnologia e pela grandiosidade cênica em si. Portanto, volto a falar isso, vá sem pretensões alguma, compre uma pipoca, e se divirta, pois é só isso que o longa vai trazer para você, quase 3 horas de muita ação e diversão (alguns absurdos gigantescos que você vai reclamar, bater na cabeça e sair inconformado - mas aqui vale a pena rir, pois é feito propositalmente) que vai fazer você passar seu tempo precioso numa boa sessão. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto na próxima quinta com mais uma estreia aqui no interior, então abraços e até breve.

PS: não estou maluco com a nota, pois gostei muito do que vi, mesmo com a quantidade de absurdos!

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D.P.A. - Detetives do Prédio Azul - O Filme

7/17/2017 12:30:00 AM |

Acho que já posso me considerar idoso por não conhecer mais nenhuma série ou desenho infantil da TV, pois pela quantidade de crianças na sessão de "D.P.A. - Detetives do Prédio Azul - O Filme", interagindo com os personagens, dançando e explicando para os pais quem é quem, me senti totalmente fora do contexto que o filme mostrava na telona, e sendo assim, confesso que a trama no início me cansou bastante, mas depois ficou um bocado mais interessante, agradando de forma razoável esse que vos digita sempre, porém no conceito de atingir o público alvo, que são os pequeninos que acompanham a série de quase 190 episódios desde 2012, pelo tanto de felicidade que estavam na sala, alguns até vestidos com as capas dos personagens, posso dizer que foi tiro certeiro. Ou seja, vou colocar minha análise como sendo um desconhecedor completo do tema, e vendo o longa como algo a parte da série, mas friso que pode ser completamente desconsidera a opinião se você conhece tudo da série, pois ao que posso afirmar, funciona perfeitamente como um novo episódio de 90 minutos, muito bem elaborado por sinal, enquanto na TV todos são de 30, de modo que quem for assistir sem nunca ter visto, vai ficar meio perdido e até se divertirá um pouco, mas sairá da sala como se nada tivesse ocorrido, enquanto os pequenos até chegam a dançar com o final. Portanto, só vá para levar suas crianças que assistem ao programa, pois se você nunca viu, vai sair boiando com o que verá, mesmo o episódio tendo um começo/meio/fim definido, mas que muita coisa depende de conhecer os personagens e suas personalidades.

Os Detetives do Prédio Azul são confrontados com o maior caso de suas vidas: salvar o próprio edifício da destruição. Pippo (Pedro Henrique Motta), Sol (Letícia Braga) e Bento (Anderson Lima) se infiltram na festa de Dona Leocádia (Tamara Taxman), a terrível síndica que é, literalmente, uma bruxa. Lá eles presenciam um crime "mágico", que condena o Prédio Azul a uma demolição de emergência. Para completar, a única testemunha - o quadro falante da Vó Berta (Suely Franco) - desaparece, e Dona Leocádia é enfeitiçada para ficar boazinha. Para resolver esse caso, os detetives vão contar com a ajuda do porteiro Severino (Ronaldo Reis), que empresta sua Kombi azul novinha para ser a sede de investigação. A aventura fica completa quando Tom (Caio Manhente), Mila (Letícia Pedro) e Capim (Cauê Campos), fundadores do clubinho original, são trazidos de volta ao Rio de Janeiro para ajudar no caso.

Após dirigir "Minha Mãe é Uma Peça" em 2012, André Pellenz assumiu o comando da série infantil e vem se mantendo no posto até hoje já entrando na 8ª temporada, e agora com o filme o que fez (e ganhará muito dinheiro com isso, pois fãs tem!) foi criar um episódio de proporções maiores, com uma dinâmica bem trabalhada, e situações bem hilárias para prender os pequeninos nas poltronas e claro desejarem ser investigadores de mistérios. Não posso afirmar que a história sozinha funcione bem, pois demorei muito para associar a personalidade diferenciada da síndica que na série implica com os personagens, demorei para saber que os outros que apareceram eram fundadores do clubinho, e cada nova aparição surgia apenas sem praticamente nenhuma explicação, ou seja, os roteiristas do filme não se preocuparam com quem fosse ter o primeiro contato com os personagens ali, pudessem ter ao menos uma leve apresentação, ou seja, o filme até tenta ter um prólogo e um epílogo, mas poderiam ter usado isso para apresentar realmente cada um, mesmo que rapidamente, e depois no epílogo fechasse tudo de forma simbólica do jeito que foi feito. Não digo em momento algum que o resultado final é algo ruim, só poderia ter sido melhor aproveitado para todos (afinal nem todos os pais, que vão levar os pequenos ao cinema, conhecem tudo da série, nem digo pelos malucos como eu que entram em qualquer sala, mas sim por esses que vão por tabela) e assim poderia ter outros longas criando uma série paralela no cinema. Ou seja, o roteiro e a direção poderiam ter trabalhado num conceito maior para que a série fosse levada para o cinema como uma obra cinematográfica realmente e não apenas um pedaço dela exibida em um lugar diferente da TV, e aí sim toda a junção acabaria agradando bem mais como filme.

Sobre as interpretações, temos dois vértices bem interessantes de observarmos, o primeiro com a boa dinâmica dos pequenos Pedro Henrique Motta, Letícia Braga e Anderson Lima com seus Pippo, Sol e Bento fazendo olhares bem colocados, interações cadenciadas e mostrando realmente que o filme eram deles, com serenidade, ação e muita desventura característica de suas idades. Mas por outro lado, o time de adultos conhecidos de novelas e até de filmes, pareceram estar bem perdidos, primeiro numa festa maluca que sequer sabiam o porquê de estar ali, dançando de forma desengonçada, fazendo caras e bocas, e depois até tendo uma leve melhorada conseguiram interagir bem com os pequenos, mas já vi Mariana Ximenes, Aílton Graça, Maria Clara Gueiros e Otávio Müller muito melhores e mais desenvolvidos do que aqui com seus trejeitos bizarros como Bibi Capa Preta, Temporão, Mari P e Jaime Quadros, com leve destaque para as boas risadas de Gueiros que tem trejeitos perfeitos para fazer boas bruxas. Da série original temos também Tamara Taxman e Suely Franco, como Dona Leocádia e Vó Berta, e essas por estarem mais acostumadas com o estilo acabaram saindo-se bem com a ideia agradando no geral sem precisar fazer caras e bocas. Quanto os atores que começaram a série em 2012 e voltaram aqui para uma leve participação especial, pareciam um pouco perdidos com seus papeis, e aparentemente foram bem cortados no resultado final, o que é algo estranho de acontecer.

Quanto do conceito visual e artístico, posso dizer com toda certeza que a equipe não mediu esforços, filmando com um submarino real as cenas finais, usando muitos efeitos (alguns toscos, mas no geral bem feitos) para as cenas de magia, e até locações bem trabalhadas para representar cada momento dos personagens, tirando a festa que ficou bem fraca de visual (talvez por motivos próprios da série mesmo), o restante acaba agradando bastante. A fotografia até ousou um pouco ao trabalhar com sombras, mas o resultado só funcionou em poucas cenas escuras, de resto ficaram somente com o básico e apenas brincaram com os efeitos especiais bem feitos (dentro de um conceito nacional).

Enfim, como cinema realmente para quem nunca assistiu a série, o longa infelizmente não funciona, apenas passa uma ideia e diverte pelas situações em si, porém para o público-alvo que são os pequeninos que assistem o seriado sempre, o longa é mais do que isso e faz com que dancem, conversem e muito mais, indo vestidos como os personagens e saindo felizes com o que viram. Ou seja, minha recomendação é que se seu filho vê a série, o leve ao cinema, pois ele vai gostar muito do que verá, mas se você não tem filhos e nunca viu o programa, fuja, pois, a chance de não entender nada e até ficar com sono no começo tedioso é altíssima. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, praticamente encerrando a semana cinematográfica, afinal a próxima pré-estreia é só na quarta bem a noite (e nem sei se irei conferir na pré pelo horário), portanto abraços e até a próxima quinta-feira.

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Em Ritmo de Fuga (Baby Driver)

7/16/2017 01:58:00 AM |

Certamente você já assistiu diversos longas de perseguição e assalto, mas garanto que com a essência de "Em Ritmo de Fuga" nenhum passou pela sua imaginação, e não digo pela ótima ação de carros fazendo manobras impossíveis, mas sim pelo conteúdo completo da beleza no coração do protagonista para com seu pai adotivo, pela forma de amor que ele demonstra, e principalmente pelo ótimo estilo que desenvolve junto com os demais personagens da trama. De modo que o filme flui fácil, é sim pesado para quem não está acostumado com jargões criminosos, mas funciona em demasia do começo ao fim, mesmo tendo alguns momentos mais leves no miolo para acalmar um pouco os ânimos, e talvez algumas repetições pudessem ser evitadas, mas ao final vemos que é algo que a memória afetiva do protagonista necessita, então se faz por valer. Ou seja, um filme completo que agrada quem for esperando muita ação, e também convence quem espera ver um policial romanceado, divertindo e comovendo na mesma medida, ainda que o protagonista seja teen demais ainda, e certamente vai crescer muito no cinema para impactar realmente como um ator completo mesmo.

A sinopse do longa nos conta que Baby consegue entrar numa gangue de assaltantes de banco. Ele fica com a função de dirigir o carro de fuga e fica em perigo quando decide deixar a vida de crimes para trás. Dessa forma, o jovem tenta escapar do chefão com a ajuda de uma garçonete, por quem é apaixonado.

É difícil vermos algum filme de Edgar Wright sem ser algo completamente maluco e com essência jovial, pois sempre trabalha esse estilo de maneira tão bem apropriada que nos deixa até sem fôlego de imaginar o que ele pode entregar, porém se compararmos com outro longa eletrizante de essência maluca "Kingsman" (que nada tem de referência aqui, apenas para citar como exemplo de diferença técnica), o que faltou para a perfeição desse novo longa foi menos coreografias marcadas, pois principalmente nas cenas finais vemos os artistas bem duros fazendo passos sequenciais bem falsos, o que mostra talvez a ordem de filmagens não tão boa (pode ser que as últimas cenas tenham sido feitas primeiro e o elenco ainda não estava no gás) ou o cansaço de muito tempo de filmagem, mas isso é algo que muitos nem devem ligar, pois se pararmos para pensar é apenas técnica, já que o contexto de história bem feita, com diversos estilos em apenas um longa, ótimas atuações, uma pegada clássica de estilo, e principalmente uma ótima trilha sonora, resultaram num completo composto bombástico para que todos vejam e saiam com a adrenalina a mil, mostrando que esse jovem diretor ainda vai explodir um blockbuster do melhor estilo e ganhar muitos prêmios com isso, é questão de tempo e aguardaremos para ver.

Como disse acima, o longa está repleto de boas atuações, e mesmo com um ar bem adolescente, Ansel Elgort conseguiu entrar no clima perfeito para seu Baby e criando dinâmicas bem coreografadas, e esbanjando um excesso de confiança extremo acabou saindo melhor do que a encomenda, claro que ainda vai crescer muito no cinema com papeis que lhe exigirão muito mais rigor, mas aqui já mostrou que tem potencial para protagonizar com níveis altíssimos de bons trejeitos e diálogos somente na medida. Jamie Foxx trouxe um ar mais rigoroso (para não falar criminoso) para o longa com seu Bats, mostrando que não entrou no longa para brincar e ser bonzinho (no melhor estilo de seu Django), e com muita desenvoltura chega a dar nervoso com tudo o que acaba fazendo em poucas cenas. Kevin Spacey trouxe um ar mais administrativo para o seu Doc, mas ainda assim soube entregar uma personalidade bem colocada e interessante de ver. As cenas do protagonista junto de CJ Jones falando através da linguagem dos sinais, e mostrando todo um sentimento gostoso de pai/filho com um querendo proteger/dar o melhor para o outro é a coisa mais linda de ver, e o ator (que é surdo realmente) soube trazer uma roupagem bem interessante de olhares com muito estilo e personalidade, agradando demais em suas poucas cenas. Jon Hamm recebeu um visual bem diferenciado para seu Buddy e com trejeitos fortes acabou mostrando um estilo bem violento para as cenas finais do longa, de modo que trabalhou em três eixos no longa, um no primeiro assalto mais calmo e descolado, outro na preparação do assalto final, já mais rebelde mostrando seu ar malvado, e o maluco desenfreado que faz de tudo nas cenas finais, acertando em cheio nos três moldes. Sua parceira de cena Eiza González foi o ar sexy que todo longa de assalto necessita, de modo que sua Darling só serve para isso, até tendo um ar despojado na sessão de tiros, mas a beleza sobrepôs tudo. Falando em beleza, deram uma enfeiada em Lily James para que sua Debora fosse singela, mas não uma arrasa-quarteirão como foi em "Cinderela", fazendo até um papel meio insosso como garçonete e claro que mostrando que a paixão pode sim surgir de um bom papo maluco. Embora seja apenas uma leve participação especial, o baixista do Red Hot Chilli Peppers, Flea, saiu-se bem em cena com seu Eddie sem Nariz, demonstrando um bom tino interpretativo (e se não houver atrasos, semana que vem ele aparece em mais um longa!!). Dos demais, a maioria foi participativa em cena, apenas sendo bem colocado para que cada cena ficasse dinâmica e sem erros.

No conceito visual, o longa nem foi muito apelativo, afinal longas de perseguição não costumam ter muitos objetos cênicos e nem elaborar algo complexo em termos de direção de arte, deixando apenas carros rápidos, e claro muita destruição de vários outros carros, e aqui botaram pra quebrar, destruindo, trombando, correndo, jogando tudo para o alto, explodindo, atirando e por aí vai, criando algo muito dinâmico e bacana de acompanhar, e por mais incrível que pareça, não erraram nas iluminações, mostrando que a equipe de fotografia estava a postos para que toda cena criasse um ambiente bem pontual e charmoso (dando um ar de época para o filme), mas principalmente criando as nuances corretas para cada momento do longa nas perseguições policiais muito bem coreografadas de carros, luzes e tiros.

Por ser um longa bem musical, com a trilha sonora dominando praticamente todas as cenas, afinal é explicado em determinado momento o motivo do protagonista não tirar seus fones de ouvido em quase momento algum, as escolhas musicais foram determinantes para que o longa não ficasse cansativo e nem enjoasse em momento algum, mostrando que o protagonista também tinha boas habilidades de escolher o melhor para cada momento e para cada pessoa. E claro que não vou deixar vocês sem o link das canções do filme, pois seria muita tortura.

Enfim, é um filme divertido demais, com uma boa dose de violência, humor, adrenalina e estilo clássico, que empolga do começo ao fim, e que quem gosta de todos esses conceitos vai assistir sem reclamar de nada. Como disse possui alguns momentos que a coreografia ficou forçada demais, e com isso o longa se perde um pouco, mas é mero detalhe técnico que quem for apenas pela boa diversão e procurando um roteiro inteligente e interessante vai gostar demais do que verá na telona. O longa está com algumas pré-estreias em algumas cidades, mas dia 27 estreia em definitivo, então vá agora ou aguarde, mas não fique sem ver, pois é muito bom. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas amanhã confiro mais uma pré-estreia, então abraços e até mais tarde com mais um texto.

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Carros 3 em 3D (Cars 3)

7/14/2017 01:03:00 AM |

É interessante como fazem continuações, principalmente no gênero das animações, pois após um primeiro filme bacana, conseguiram fazer um segundo melhor e mais divertido, porém na tentativa de dar um novo vértice para a trama, ao mostrar o que acontece com "atletas" quando ficam mais velhos (ou ultrapassados), o resultado de "Carros 3" acabou falhando no principal ponto do estilo que é a ação/ritmo desenfreado que divertia e animava os pequenos e os mais velhos. Não digo que o resultado completo do longa seja algo ruim, mas demorou demais para chegar aonde desejavam chegar, e com isso o filme ficou algo que patinou demais na areia para sair do ponto inicial e acabar fechando de modo gostoso. Ou seja, em 102 minutos, tivemos quase 60 de enrolação para 20 de clímax e mais 22 de fechamento, e olha lá se não foi mais.

Veterano das pistas, o campeoníssimo Relâmpago McQueen se vê em apuros após o surgimento de um novato bastante veloz, Jackson Storm, que utiliza de alta tecnologia nos treinamentos. Obrigado a chegar ao limite para batê-lo, McQueen acaba sofrendo um sério acidente durante uma corrida, que o obriga a abandonar o campeonato daquele ano. Prestes a iniciar a próxima temporada, ele se vê em dúvidas sobre se consegue ser rápido o suficiente para bater Storm e, por causa disto, busca ajuda com seu novo patrocinador.

Muitos dizem que a mudança de um diretor em uma sequência não faz diferença, após conferir a nova animação da Pixar, que agora foi assumida pelo desenhista de storyboard dos dois longas anteriores (nota técnica: é notável a quantidade estética de planos no filme, talvez por sua formação), certamente irão falar que estão com muita saudade de John Lasseter (que abandonou a direção desse para assumir o novo "Toy Story"). Digo isso, pois a estreia de Brian Fee na direção é singela demais, e necessitou de muita caminhada para chegar aonde deveria ter ido de cara, e para isso podemos usar até uma analogia automobilística de que colocaram combustível adulterado nos planos dele, e ele foi engasgando até chegar em alguém com uma ideia melhor para seu filme fluir, e felizmente fluiu no final, pois a chance do longa terminar numa derrapada imensa foi altíssima, visto que ficar batendo na tecla de que ele está velho, vamos fazer coisas de velho, blá, blá, blá ficou tedioso demais, até que ao mostrar vertentes positivas para sua velhice, aprender com as histórias de seu passado e até divertir nas corridas malucas fez o longa ter uma leve vitalidade para agradar. Claro que estou falando de alegre, pois o filme fará uma boa bilheteria, venderá muitos produtos e a criançada irá "assistir" (coloco entre aspas, pois não vejo um longa que irá amarrar eles na sala não) fazendo com que pais levem os pequenos para sessão, mas poderiam ter feito muito mais e agradado tanto quanto o pequeno curta-metragem que passa antes e emociona sem dizer uma palavra.

Mesmo com o carisma tradicional de Relâmpago McQueen, diria que o personagem protagonista não conseguiu chamar toda a atenção tradicional que fez nos dois longas anteriores, e nem tanto pela dublagem em si (que continua boa), mas pela falta de dinâmica mesmo do personagem na história, em compensação Cruz Ramirez foi uma grata surpresa tanto no estilo (suas aulas de dança motivacional no início são geniais, e depois as muitas cenas suas são perfeitas) quanto na ótima dublagem de Giovanna Ewbank, que certamente se divertiu demais com tudo o que fala na trama e o resultado fluiu muito ao darem um certo protagonismo maior para suas cenas. Sei que seria apelação, mas poderiam ter usado mais o Matt que tanto gostamos do seu jeitão caipira, e claro os diversos personagens secundários na trama para que o longa fluísse mais e não dependesse tanto do protagonista (afinal como disse saiu bem falho dessa vez). Quanto do antagonista Jackson Storm talvez também pudesse ter mais cenas suas, não deixando apenas para os três ou quatro momentos de corrida junto do protagonista somente, pois tudo bem que surgiu do nada, mas e sua história? Ou seja, o filme ficou devendo muito de personagens por focar demais em um protagonista falho, e tinha muitos outros para empolgar mais, o que não foi feito e com isso acabou resultando em algo que não atinge nenhum ápice.

Como é comum de vermos em animações que a equipe técnica acaba assumindo, o resultado gráfico realmente impressiona, e vemos muitas pistas incríveis, corridas bem planejadas, carros bem modelados, destaques claro para a tecnologia de treinamento e o visual dos carros novatos, mas mais incrível ainda para a corrida de destruição com carros se matando em batalhas muito bem trabalhado visualmente e com uma narração incrível de rir, ou seja, pequenos detalhes cênicos, mas muito bem encaixados para que o resultado final ficasse bonito de ver. Porém, faltou um detalhe precioso para que o resultado ficasse melhor, um 3D que valesse a pena, pois tivemos uma ou outra profundidade de campo para compensar detalhes, mas nenhum parafuso voando, uma areia, uma poeira, nem nas cenas de capotamento/voo tivemos algo que falássemos "noooosssa!!", ou seja, o óculos serve apenas para não deixar a imagem borrada, e quem quiser economizar, vá assistir 2D sem medo.

Enfim, posso ter sido meio duro com a trama, pois ri bastante em diversos momentos, principalmente com as dublagens, mas o longa ficou morno demais para empolgar, e ainda prefiro o derivado "Aviões" da franquia, que qualquer um dos três filmes "Carros", mas certamente vai atrair público e talvez aqueles que realmente forem bem fãs da franquia e/ou de corrida de carros goste um pouco mais do que é mostrado, pois no contexto geral, o público em geral vai sair da sessão até antes da pequena cena pós-crédito, ou seja, é algo mediano que até diverte, mas que poderia ser muito melhor. Bem é isso pessoal, essa foi a única estreia realmente da semana, mas volto nos próximos dias com diversas pré-estreias que apareceram na cidade, então abraços e até breve.

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Homem-Aranha: De Volta Ao Lar em Imax 3D (Spider-Man: Homecoming)

7/08/2017 03:21:00 PM |

Sempre que uma franquia tem um reinício ficamos com alguns pés atrás, pois não é usual que algo saia como desejávamos, afinal acabamos nos afeiçoando ao protagonista inicial, suas brigas e por aí vai, mas convenhamos que até hoje todos os filmes do Homem-Aranha foram bem feitos, mas faltava o tom real de um garoto, sua vida na escola, aprender realmente o valor dos seus poderes, e claro como já conhecíamos anteriormente por desenhos ou HQs, a comicidade real do famoso amigão da vizinhança, e agora com "Homem-Aranha: De Volta Ao Lar", a franquia praticamente se reinventou, incorporou com todas as letras o conceito da Marvel (tudo bem que os anteriores não faziam bem parte do mesmo Universo, oremos para que a parceria permaneça!) e ainda mostrou que o reinício da franquia (sem precisar mostrar coisas repetidas!) foi o melhor que o personagem poderia ter em anos, criando um longa gostoso, bem colocado, sim um pouco longo, mas necessário para todas as devidas apresentações e que acaba soando tão divertido que vai ser difícil alguém sair da sessão reclamando de não ter visto um excelente filme. Ou seja, é daqueles filmes que foram tão bem pensados que tudo acaba tendo sentido para a franquia deslanchar com continuações e também acaba funcionando muito bem sozinho, de modo que a diversão ocorre do começo ao fim. Defeitos sempre existirão, e se posso pontuar um foi a falta de um 3D melhor, pois com tantos voos, a imersão acabaria sendo incrível, e temos tão poucas cenas que aproveitaram isso, que podemos dizer que a conversão falhou feio, mas como o filme é tão bom, quase esquecemos de reparar onde tem e onde não tem tecnologia.

O longa nos mostra que depois de atuar ao lado dos Vingadores, chegou a hora do pequeno Peter Parker voltar para casa e para a sua vida, já não mais tão normal. Lutando diariamente contra pequenos crimes nas redondezas, ele pensa ter encontrado a missão de sua vida quando o terrível vilão Abutre surge amedrontando a cidade. O problema é que a tarefa não será tão fácil como ele imaginava.

É fato que o Aranha já havia sido apresentado em "Guerra Civil", mas temos de pontuar a direção bem eficiente que Jon Watts fez ao desenvolver um roteiro completamente novo e bem adequado para todos os públicos, trabalhando cada ato com muita dinâmica e cenas rápidas sem cansar o público, de modo que foi criando as perspectivas que todos os fãs do personagem desejavam ver na telona, pois sempre a maior reclamação dos longas do personagem era que nenhum filme realmente mostrava ele defendendo a vizinhança, ajudando as pessoas, e aqui logo de cara vemos isso e muito mais. A grande arte do longa ficou a cargo claro dos roteiristas que desenvolveram bem o arco central e as facetas do personagem de modo a conhecermos tudo ao seu redor, como a escola, os amigos, o que gosta de fazer nas horas livres, como defende a vizinhança, os novos vilões, e claro sua ânsia por novas missões dos Vingadores. E ao cair tudo isso bem dosado nas mãos do diretor que soube usar e ousar, o resultado foi sendo cadenciado e criado colocando o personagem definitivamente no Universo Cinematográfico Marvel depois de anos somente nas mãos da Sony sem muita ligação com tudo o que rolava no âmbito dos heróis desse Universo. Claro que um dos pontos mais positivos fora a boa dinâmica do personagem principal ficou a cargo da escolha de um vilão bem foda, e que empolga assustando, dando raiva e motivos para sua vilania ficar de uma maneira bem coerente e consistente, pois geralmente reclamamos quando um vilão só aparece apanha e já era, e aqui souberam colocar muita sintaxe para ele, expressando seus motivos para o que faz, suas características marcantes e principalmente brigando muito com o personagem principal. Ou seja, foi um conjunto de obra perfeito de ser mostrado nas telonas e que vão deixar um grande desespero nos fãs por querer esperar mais dele em breve, aí é que entra a última cena pós-crédito (que embora seja algo que quem for embora não irá perder muita coisa) vai explicar para o público esse sentimento dos fãs. Mas a cena de miolo dos créditos, essa sim não deve se perder, pois já iremos conhecer (rapidamente) o vilão do próximo filme do teioso.

Chega a ser até difícil não fazer um texto alongado de cada ator, pois todos fizeram personagens tão bem encaixados com o momento e ao escolherem um elenco juvenil de primeira linha, junto claro de ótimos atores experientes ajudando por fora, o resultado por parte das interpretações foi algo incrível de se ver, mas vamos falar um pouco de cada um. Tom Holland já iniciou sua carreira de modo perfeito em "O Impossível", e claro que desejávamos ver maiores papeis para ele num futuro, pois bem, ao ser escolhido como Peter Park/Homem-Aranha, ele não só mostrou empolgação como fão, como também tem treinado e mostrado que não decepcionaria de forma alguma com tudo, ou seja, foi a escolha perfeita com potencial para uma longa desenvoltura do personagem nas telonas, já que ele tem tom bem encaixado, possui físico e idade para muitos filmes e principalmente ama o personagem para não deixar a coerência de fora, e assim agora é só esperar resultado positivo em cima de resultado positivo com todos os bons trejeitos que irá criar com o passar do tempo. Embora apareça somente em momentos-chave, Robert Downey Jr. conseguiu mostrar uma ótima parceria e encaixe com o protagonista, fazendo claro seu estilão playboy e mostrando tudo o que sabe fazer muito bem. Outro escolha que acabou saindo melhor que a encomenda foi Michael Keaton como Adrian Toomes/Abutre, pois ele juntou toda sua experiência em forma de personagens marcantes e criou um vilão "humano" sem encaixar loucura na personalidade ou poderes sobrenaturais, que são comuns em filmes de heróis, e com isso acabou tornando o personagem muito bom de acompanhar, de modo que até gostaríamos (quem sabe mais para frente com o que é mostrado na cena de meio dos créditos) que ele voltasse em algum próximo filme do Aranha. Um dos melhores pontos cômicos da trama ficou a cargo de Jacob Batalon com seu Ned, pois mais do que o melhor amigo do protagonista, sua desenvoltura ao descobrir a identidade secreta do Aranha, e ir se encantando com tudo o que pode fazer para ajudar o personagem foi sendo criado com facetas expressivas tão bacanas que não tem como não se agradar com o ator e com o personagem, e claro que ainda veremos muito dele, mas nesse longa temos de destacar suas cenas pós-baile, pois aí sim ele foi quem desejava ser. Outro grande ator que ajudou muito na comicidade foi Jon Fraveau com seu Happy Hoogan, pois juntou todos seus bons momentos que fez em todos os longas anteriores do Homem de Ferro, e aqui acabou trabalhando mais com a ideia pontual de comicidade agradável conseguiu agradar demais. Eu sei que os fãs não desejam ver romances em longas de super-heróis (afinal queremos ver é pancadaria), mas não deixaram de lado as possibilidades com as garotas da trama, pois claro o garoto está no ápice da adolescência, e com isso tivemos uma boa colocação de Laura Harrier com sua Liz (que na cena do memorial quase achamos que veríamos novamente o último filme do Homem-Aranha), e até mesmo Zendaya conseguiu chamar de leve a atenção com sua Michelle. Claro que temos de falar de suas poucas cenas, mas sempre de maneira bem icônica e sarcástica, afinal toda a beleza de Marisa Tomei como Tia May, ainda vai dar muito o que falar, e quem sabe até veremos o Aranha batendo em alguns pretendentes mais para frente. Outros que apareceram pouco, mas fizeram bons trabalhos foi Booken Woodbine como o segundo Shocker, Logan Marshall-Green como o primeiro Shocker e até Michael Cernus como o Consertador. E por último, mas não menos importante, temos que pontuar a não aparição, mas sim a voz de Jennifer Connelly como Karen no melhor estilo do filme "Ela", que agradou demais em tonalidade e desenvoltura.

No conceito artístico tivemos uma cenografia bem elaborada, cheio de elementos bem escolhidos para representar cada ato, desde a escola, os desafios escolares, bailes, até as cenas de luta, lanchonetes e afins que diversificaram o longa e agradaram muito, mostrando que a equipe não quis economizar em nada para que o filme ficasse moderno e ao mesmo tempo com detalhes simples e agradáveis, ou seja, um longa familiar e de introdução bem pontual, bonito e interessante. Destaque cênico para todo o figurino, mas principalmente para toda a tecnologia da roupa do Aranha, que Stark criou para que ele tivesse tudo a sua disposição, inclusive com dicas da voz como ocorre com seu Homem de Ferro. Da questão fotográfica o longa não ousou muito, pois não tivemos atos dramáticos fortes para criar tons mais escuros, de modo que o filme todo soa divertido e alegra, com muitas cores, iluminações na medida, e até mesmo na maior luta no ar, o brilho acabou dominando, mas sempre de modo a chamar atenção para os personagens principais. Outro ponto que vale a pena ressaltar é o fato dos efeitos especiais serem bem chamativos, pequenos, mas elaborados na medida correta para que o filme não saísse do eixo, e isso agradou demais tanto no ritmo, quanto no visual. E para finalizar o conceito técnico, tenho de pontuar que o longa merecia ter sido gravado em 3D, com muito mais desenvoltura nos movimentos, pois temos muitas cenas com personagens voando, pulando e tudo mais, que ficariam perfeitas com a tecnologia empregada de maneira correta, pois só temos algumas poucas profundidades e um ou outro elemento saindo para fora da tela, ou seja, como sempre digo, quem quiser economizar pode ver tranquilamente em 2D que não irá perder nada.

Sobre o conceito musical da trama, tivemos boas escolhas para dar ritmo, e claro a colocação do tema tradicional de abertura dos desenhos do Homem-Aranha, agradando demais os fãs e assim criando uma identidade auditiva para o personagem no cinema também. Claro que quem quiser ouvir toda a trilha sonora, deixo aqui o link.

Enfim, é um longa perfeito que agrada demais, mas que não darei a nota máxima pela falta de um 3D que realmente valesse a pena, pois do restante temos emoção, aventura, comédia e até um pouco de dramaticidade, sendo completo. Portanto se você gosta de tudo isso com certeza irá se empolgar com o que verá na telona, e ficará bem ansioso (tendo claro paciência com o tempo) para os próximos capítulos da Marvel, e claro do que veremos Tom Holland fazendo com seu Aranha. Bem é isso pessoal, fico por aqui nessa semana curta de estreias, mas volto em breve com mais textos.

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Soundtrack

7/07/2017 01:25:00 AM |

Sempre gosto de dizer que o cinema nacional possui alguns pólos que não se conectam de forma alguma, sendo tão distintos que não tem como o mesmo público que assiste uma comédia boba goste de algo completamente introspectivo e que pontue ideias diferenciadas durante sua concepção. Ou seja, talvez você veja Selton Mello e Seu Jorge no pôster de "Soundtrack" e se interesse para ver qual ideia a trama vai mostrar e se não for realmente fã de dramas filosóficos com uma pegada até que bem ousada por trabalhar frio, solidão, músicas, ciência, entre outros pontos, certamente irá sair da sessão se perguntando o que foi fazer naquela sala. Não digo em momento algum que o longa soe cansativo, seja ruim, ou chato, só que é daqueles que só quem realmente gosta disso, irá gostar do que verá, pois o trabalho da dupla de diretores 300ml (Bernardo Dutra e Manitou Felipe) é algo bem elaborado, feito com minúcias, e que mostrou que nem sempre você será bem recebido por uma equipe.

A sinopse nos conta que o fotógrafo Cris viaja para uma estação de pesquisa polar, onde pretende realizar selfies para uma exposição de arte. Sua ideia é reproduzir em imagens as sensações causadas pelas músicas de uma playlist selecionada para a experiência. Lá ele se surpreenderá com visões de mundo completamente diferentes, na companhia de quatro cientistas que se dedicam a projetos grandiosos: Cao, botânico brasileiro que investiga a flora em situações extremas; o britânico Mark, especializado em aquecimento global; o biólogo chinês Huang e o pesquisador dinamarquês Rafnar. Juntos, eles descobrirão novos pontos de vista a respeito da vida e da arte.

Desconhecia o trabalho dos diretores, que conseguiram fazer de seu curta-metragem ("O Código Tarantino") um viral que pegou o mundo e deu certo (ainda não conferi, mas pretendo o quanto antes para saber o motivo do furor) e agora com sua estreia em longas-metragens, eles mostraram que sabem bem o que desejam com suas produções e trabalharam suas cenas com um intimismo bem colocado tanto por parte do roteiro bem dosado de ideias, quanto pelas escolhas de ângulos para incumbir a trama como algo mais abrangente. Confesso que nem todas as ideias conseguiram me pegar, mas isso mostra que o filme foi feito para diversos momentos e situações do público, criando "mais" do que um único filme para se assistir, e sim vários que irão se conectar com cada pessoa de modo diferente. Talvez para ficar perfeito, o longa devesse focar mais no nome realmente que é algo incrível de se pensar, pois uma trilha sonora diferente irá nos fazer enxergar um filme, uma paisagem, ou até mesmo uma foto de uma forma diferente, e com isso a proposta trabalharia junto com as diferentes personalidades dos cientistas na base e criaria uma perspectiva mais ampla, ou seja, seria um longa pontual e bem colocado, mas ao trabalhar síndromes, reflexões e até mesmo distopias, o longa acabou tomando um ar levemente cult e se perdeu um pouco, não fechando da melhor maneira possível.

Sobre as interpretações, todos que já leram minhas críticas sabem que pego muito na expressão de Selton Mello, e aqui não vai ser diferente, pois ao demonstrar excesso de seriedade com seu Cris, o ator diversas vezes parece mais emburrado do que qualquer outra coisa (parecendo aquelas crianças marrentas), mas nos momentos que trabalhou um pouco mais de densidade com os diálogos, conseguiu se expressar bem, e mostra o quanto de boas técnicas de direção ele já vem pegando nos últimos anos e só tem a melhorar, ainda prefiro ele atrás das câmeras do que na frente, mas isso vai ser algo difícil de tirar dele. Agora mesmo com poucas cenas para demonstrar um estilo expressivo forte, Seu Jorge conseguiu mostrar muita personalidade com seu Cao, colocando um inglês firme e bem trabalhado, forçando o semblante algumas vezes, mas aparentando cada dia melhor na atuação, quem sabe em breve protagonize algo maior e chame ainda mais atenção. Ralph Ineson colocou um tom forte na interpretação de seu Mark, mas também demonstrou uma vivência bem interessante que provavelmente estava descrita nas características do personagem, e com isso mesmo com muita truculência vamos nos afeiçoando a ele, e ficando com um final bem pontuado e bacana de ver por sua parte. Mesmo com um elenco bem enxuto, Thomas Chaanhing e Lukas Loughran ainda conseguiram chamar menos atenção ainda com seus Huang e Rafnar, só sendo lembrados realmente quando falavam com eles, ou faziam alguma ação mais impactante, como os momentos de controvérsia do chinês com o brasileiro, mas tirando isso, quase passam despercebidos na base, mesmo a ideologia do personagem chinês sendo algo bem trabalhado.

Outro trabalho magnífico da produção foi a de filmar quase que o longa inteiro em estúdio, na Islândia claro, e tudo parecia perfeitamente bem colocado no meio de uma imensa geleira, e com muita simplicidade, tudo ficou agradável, singelo e perfeitamente parecido com o que deveria aparecer na tela, e claro que sempre quando temos muito frio, neve, gelo, roupas pesadas, o longa acaba entrando numa densidade maior, a equipe de arte foi bem centrada para que seu longa não ficasse duro demais com poucas cores, sempre apoiando um detalhe aqui, outro ali, e o resultado ficou muito bom. Quanto da fotografia, sou suspeito, afinal todo longa com neve e gelo, o branco fica tão perfeito que qualquer ângulo escolhido a luz estourava bem levemente dando contrastes bem pontuais e interessantíssimos de acompanhar, ou seja, um ótimo trabalho técnico.

Não localizei a trilha sonora do filme para compartilhar o link, mas como o próprio nome do filme diz, ela é importantíssima para a maioria dos momentos, e os diretores falaram muitas vezes em depoimentos que diversas cenas foram feitas a partir da trilha, e não o contrário como costuma ocorrer, e cada momento bem marcado, pontuado por sons diversos, outros sem som nenhum deram um ritmo tão bem colocado que acabamos realmente entrando no clima do longa.

Enfim, é um filme diferenciado, que poderia ser daqueles de tirar o chapéu arrepiando em cada momento de tensão e que acabaria criando um clima magistral, porém acabou reflexivo demais para acabar simples demais, e assim sendo, é um filme que quem gostar do estilo irá sair bem feliz da sala, mas quem não gosta de longas introspectivos vai achar o maior porre da face da Terra. Volto a frisar que é algo que merece ser visto, mas com as ressalvas que fiz acima, e principalmente pontuando que não é um longa para todos os gostos. Bem é isso pessoal, fica assim sendo minha recomendação para esse longa nacional, quase todo falado em inglês, mas volto amanhã com o blockbuster da semana, então abraços e até breve.

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