O Garoto da Casa ao Lado (The Boy Next Door)

3/28/2015 03:09:00 PM |

A maioria que lê meus posts sabe que gosto muito do gênero de suspense/terror, principalmente quando um longa não fica preso à cenas lotadas de sangue desnecessário, agora se conseguir prender a atenção com muita tensão envolvendo a cada cena passada, o longa pode ter a maior quantidade de defeitos que ainda vou defender ele como um grande filme. E como fazia tempo que não via um longa aonde a psicopatia domina tão fortemente de não conseguirmos, ou melhor até imaginarmos tudo que aconteceria, mas ainda assim temer, "O Garoto da Casa ao Lado", fez todos na sala ficarem apreensivos e pularem da poltrona com algumas cenas, ou seja, além de um bom filme tenso, ainda garante algumas risadas com o restante do público. Claro que o longa possui inúmeros defeitos técnicos, mas ainda assim vale a pena com certeza por não forçar a barra com sangue voando para todo lado e muito menos não manter a ideologia formada desde a primeira cena.

O filme nos mostra que após ser traída pelo marido, a professora Claire Peterson está em vias de se divorciar. Ela vive sozinha com o filho adolescente, até perceber que um jovem acaba de se mudar para a casa ao lado. O sedutor Noah Sandborn rapidamente oferece ajuda nas tarefas da casa e se torna o melhor amigo do filho de Claire. Aos poucos, o vizinho passa a seduzi-la, levando a uma noite de amor entre os dois. No dia seguinte, a professora está decidida que tudo foi apenas um erro, mas Noah não pretende abandoná-la tão cedo. O caso de amor torna-se uma perigosa obsessão.

Muitos discordam disso que vou falar, mas se existe um modo de fazer um bom suspense/terror é pegar o espectador desprevenido no momento de maior tensão da trama, e aqui o diretor Rob Cohen desenvolveu o roteiro de Barbara Curry exatamente dessa maneira, onde inicialmente todos passam a gostar do rapaz, as moças que estão na sala já ficam todas assanhadinhas, o jovem parece ser gente boa, daí ao ser decepcionado volta ao seu modo exato de vida, aonde toda a revolta domina o seu terror interior, que será justificado com uma cena bem curta aonde o motivo dele ser dessa forma é revelado bem de leve, afinal como alguns psicólogos costumam falar toda psicopatia provém de algo que aconteceu no passado, sendo raro a pessoa já nascer com isso. Além de desenvolver bem o roteiro, o diretor soube trabalhar a expressão dos atores em seu máximo, afinal nenhum dos dois protagonistas quiseram dublês de corpo para as cenas mais quentes, então o que está presente ali foi bem feito com uma direção meticulosa e bem determinada do que queria para a cena não ficar falsa demais. Porém o maior problema da trama ficou na montagem das cenas, aonde a edição não soube determinar alguns furos de continuísmo e com isso diversos momentos com distâncias até de certa forma consideráveis, parecem inexistir, além de faltar argumentos para que alguns desfechos aconteçam, e isso acabou dando muito o que falar entre os críticos em geral que estão pesando a mão para estragar o restante de bom que o longa passa, mas é o que eu sempre falo, um filme não é bom só por ter uma história boa, se bem desenvolvida o que era razoável acaba agradando bastante mesmo com falhas, e aqui é o exemplo claro disso já que esse é o primeiro longa escrito pela roteirista, que deve com certeza melhorar esses defeitinhos de furos.

A atuação nesse gênero de filme depende de um único fator para funcionar bem: eles acreditarem no que está acontecendo, senão pode fazer a maior cara de susto e terror que nada vai agradar, e aqui mesmo que Jennifer Lopez já tenha feito outros filmes de terror, faltou um pouco se convencer que o cara desejava ela de forma cruel e fatal em diversas cenas, claro que poderíamos falar por horas de sua beleza, da forma clara de suas expressões e tudo mais, mas mesmo ao notar o quão malvado é o rapaz, ainda fica de boa com tudo o que está fazendo, então mesmo saindo-se bem nas cenas mais quentes que disse ter sido difícil demais para gravar, se o espanto tivesse funcionado seria uma de suas melhores atuações com certeza. Já em contraponto Ryan Guzman conseguiu mesmo sem ser muito conhecido de quem não viu os filmes "Se Ela Dança, Eu Danço", ser o jovem sarado e desejado pelas mulheres, tanto corporalmente quanto pela forma que cuidava do tio, fazia os afazeres da casa, e tudo mais, mas ao virar praticamente um monstro com sua psicopatia, seu olhar doce e carismático se transformou e ficou de certa forma assustador ao ponto de qualquer um ficar com medo de tudo que poderia fazer, ou seja, um excelente acerto que deve lhe garantir outros papéis em breve. Ian Nelson ainda não foi dessa vez que decolou com seu Kevin, o jovem ator mostra ter boa entonação vocal, saber estar bem presente nas cenas e tudo mais, mas parece ainda faltar dinâmica para envolver e chamar atenção para o papel que faz, claro que aqui o jovem é apenas um secundário, mas que poderia ter bons momentos ao menos. John Corbett é literalmente um enfeite em cena com seu Garrett, sendo apenas o motivo das causas de ciúmes iniciais por parte de Claire e depois por parte de Noah, mas tirando isso não serviu exatamente para mais nada, nem na cena do carro conseguiu expressar vida e força para seu personagem. E para fechar os personagens que ao menos possuem participações mais significativas na trama, Kristin Chenoweth consegue explorar tanto sua personagem Vicky transformando ela em aquelas irmãs chatas de diversos filmes, que se intrometem em tudo, e juntamente com sua voz que não é nada agradável, conseguiu irritar do começo ao fim, de modo que torcemos para não aparecer tão cedo em cena, e ela faz isso bem.

O visual da trama é bem simples, não sendo muito explorado em si, não sendo contextualizado a importância dele para os fatos, deixando mais a personalidade dominar do que os elementos cênicos, ou seja, poderia se passar em qualquer cidade, escola ou até em uma fazenda assombrada caso quisessem colocar, então nesse quesito vemos diversos objetos clichês sendo usados no decorrer das cenas, e isso pode até incomodar aqueles que vão ao cinema apenas para achar erros, mas quem for prestar atenção nos atos em si, acabará nem percebendo tudo o que tem ao redor, como é a família se é rica ou não pela casa, se a escola é tradicionalista e por aí vai, que daria para analisar muita coisa olhando a cenografia, mas como o objeto máximo da trama aqui não importava aonde acontecia, o resultado foi bem colocado. Como disse ser um dos acertos da trama, a fotografia trabalhou nuances sem precisar escurecer a cena inteira para que o protagonista surgisse do nada e assustasse, e isso se deve muito aos ângulos bem escolhidos das tomadas de cena, pois mesmo trabalhando muito com a câmera parada, sem necessitar ficar seguindo ninguém, a direção escolheu sempre os cantos para o desprevenido ocorrer, e assim sendo pontuando uma cor ali, com um pouco de escuro acolá, o resultado ficou bem tenso e convenceu bastante.

Enfim, é um filme bem bacana que envolve e assusta ao mesmo tempo por nos pegar desprevenido do que acharíamos que ocorreria, ou seja, quem gosta do estilo com certeza irá sair bem feliz com o resultado da trama, principalmente se esquecer os defeitos pontuais que a trama deixa transparecer, e dessa forma o resultado vai agradar mais ainda. Claro que como disse, haverá diversas reclamações e muitos vão julgar até o pior filme que já viram, mas é inegável que foi um filme feito somente para quem gosta do estilo, então se você não gosta de tomar sustos e ficar tenso sem ser com espíritos, que não é o caso desse filme, fique longe dele, pois servirá apenas para reclamar de tudo, do contrário vá e se divirta, pois eu recomendo. Fico por aqui já encerrando minha semana cinematográfica curtíssima, já que o restante que veio em cartaz por aqui já conferi anteriormente, então volto somente na próxima quinta-feira com novos posts. Então abraços e até mais pessoal.


Leia Mais

Cinderela (Cinderella)

3/26/2015 10:57:00 PM |

Sempre que falamos de filme das princesas da Disney, a que costuma mais ser lembrada é "Cinderela", provavelmente por manter a base da não busca pelo príncipe encantado, mas o encontro amoroso, o lance da fada madrinha ajeitar a vida nem que seja por algumas horinhas, toda a doçura com os animais, além claro do baile perfeito quase que de debutantes, e por aí vai mexendo demais com o imaginário das garotas e até das mães de família que sonham mesmo que já passaram da idade em ver seu sonho acontecer com as filhas. E se o clássico animado da Disney ganhou diversas versões relançadas com o mesmo filme (versão original, versão diamante, versão platina e versão de tudo quanto é jeito), por que não fazer uma versão live-action com atores assustadoramente parecidos com o desenho? Claro que já tivemos alguns outros filmes que usaram a base do clássico para recriar versões próprias, mas estamos falando de uma versão exata levada ao pé da letra toda a beleza e magia que a animação proporcionou lá nos anos 50 e depois foi relançada de diversas outras maneiras. Pois bem agora a própria Disney conseguiu fazer tudo que sabe de melhor e felizmente graças aos deuses cinematográficos não quis inventar moda de uma releitura para algo que não deve ser mexido, e dessa maneira temos muitos clichês? Sim! Mas a beleza, magia e principalmente com uma computação gráfica primorosa, um filme que vai agradar, emocionar e com muita certeza vender muitos produtos licenciados pelo mundo afora!

O filme nos mostra que após a trágica e inesperada morte do seu pai, Ella fica à mercê da sua terrível madrasta, Lady Tremaine, e suas filhas Anastasia e Drisella. A jovem ganha o apelido de Cinderela e é obrigada a trabalhar como empregada na sua própria casa, mas continua otimista com a vida. Passeando na floresta, ela se encanta por um corajoso estranho, sem desconfiar que ele é o príncipe do castelo. Cinderela recebe um convite para o grande baile e acredita que pode voltar a encontrar sua alma gêmea, mas seus planos vão por água abaixo quando a madrasta má rasga seu vestido. Agora, será preciso uma fada madrinha para mudar o seu destino...

É até engraçado falar qualquer coisa sobre o filme, afinal desconheço quem não tenha visto a animação original, ou lido o conto, ou (agora vou parecer idoso) ouvido a história através daqueles disquinhos que o Silvio Santos vendia, pois como disse no início é um dos clássicos mais lembrados, e o que o roteirista Chris Weitz, que escreveu e dirigiu "A Bússola de Ouro" mas é mais conhecido por ter dirigido "A Saga Crepúsculo: Lua Nova", fez aqui foi pegar a base completa e colocar para o diretor desenvolver a produção apenas com atores, tendo um ou outro momento que desse para falar que viu algum ensejo de mudança da história, mas repito, felizmente não mexeram em nada da base original. Aí após o diretor original ter divergências criativas com a produção, eis que cai nas mãos de Kenneth Branagh, conhecido por ter feito o primeiro longa de "Thor" e diversos outros filmes de ação, para que desse vida à esse roteiro cheio de doçura, e o que ele faz, magicamente cria uma vilã espetacular para que até a menor criancinha presente na sala (que se duvidar nem conseguia ler ainda as legendas direito), quisesse espancar a madrasta vivida por Cate Blanchett, colocou algumas cenas tristes bem emocionantes e deu doçura para os demais personagens ser exatamente como o clássico deveria e todos ao final soltassem o tradicional Ohhh, ou seja, trabalho feito com perfeição e garantia de voltar para muitos outros filmes.

Um fator extremamente interessante é o desenho visual que criaram com os protagonistas da história, pois fica até difícil imaginar outros atores para cada um dos personagens, tamanho foi o desempenho de cada um para se portar exatamente como deveria e pontuar cada ato com precisão, claro que isso mostra também uma excelente direção de atores, mas sem dúvida alguma, a escolha do elenco que em sua maioria são personagens carimbados de séries, fez toda a diferença. Para começar temos de ir ao que o diretor faz melhor em seus filmes, que são os vilões, e depois de criar maravilhosamente um Loki que é amado por todos, ao invés de ser odiado, pegou Cate Blanchett e fez atuar muito melhor do que quando ganhou o Oscar, nos entregando uma interpretação crua e perfeita quanto a expressões de forma que sua Lady Tremaine será odiada e amada por muitos durante um bom tempo. Lily James não é das atrizes mais conhecidas para quem não assiste séries, mas ficou tão bem encaixada na personagem de Ella que mesmo vendo que a produção teve diversas outras opções, não consigo imaginar outra atriz fazendo o papel, claro que ela não fez nada que falássemos ser uma atriz impressionante, mas soube agir com certa naturalidade em todas as cenas, de modo até bonitinho demais, o que acabou sendo eficiente. Richard Madden não é daqueles príncipes encantados que irão fazer a cabeça das garotas, mas trabalhou tão bem encaixado com boas cenas e olhares que chegam até a dar pena da sua condição que suas expressões acabam agradando e sendo satisfatório também o que fez. Um personagem simples mas que foi bem utilizado graças aos trejeitos carismáticos foi o do Capitão, interpretado por Nonso Anozie, que soube lidar mesmo com as roupas nada favoráveis ao seu corpo e ainda ser bem humorado para trabalhar a expressão e agradar. As irmãs Drisellae e Anastasia, interpretadas respectivamente por Sophie McShera e Holliday Grainger exageraram demais na forma caricata de ser, mas ainda assim são bem divertidas as cenas que aparecem, então o acerto também foi bacana do que fizeram com elas, principalmente na maquiagem, pois olhando fotos delas fora do filme até que são bonitinhas. Stellan Skarsgård faz um grão-duque razoável, principalmente por sabermos que ele é um bom ator, mas como tem praticamente 3 cenas para tentar aparecer um pouco, faz algumas caras e bocas estranhas e sai quase como entrou na trama, sem servir para muita coisa. Agora podemos dizer com certeza que Helena Bonham Carter foi escolhida a dedo para ser a fada madrinha, que inicialmente com toda maquiagem pesada ficou irreconhecível, ao se transformar apenas ficou bonita, mas ainda trabalhou todo o humor característico que conhecemos bem de seus outros papéis, foi exatamente como ela é, e isso é sensacional quando um ator consegue entregar sua personalidade para um papel, sem estragá-lo, ou seja, caiu como uma luva.

Agora se existe algo totalmente bem pensado nos clássicos Disney, seja animação ou live-action é o visual, tudo é maravilhosamente lindo de ver na telona, de maneira que a floresta está impecável, o castelo deslumbrante repleto de velas que deram um charme a mais para a trama, animais em computação gráfica perfeitos e muito bem colocados que se não fossem tão vivos com os protagonistas nem falaríamos que eram computação, além de efeitos mágicos bem encaixados para envolver o público com a famosa magia Disney que tanto comoveu no passado. Além disso foram feitos figurinos impecáveis e com um luxo único, que com muita certeza muitos irão copiar nas festas por aí mais pra frente, além claro de muita coisa que será feita para comercializar, tanto que já vi a MAC lançando maquiagem do filme e a Zwarovski lançando o pé do sapatinho perdido por R$12 mil. Com uma fotografia bem trabalhada nos diversos tons e ângulos diferenciados, sempre com a mesma forma de pensamento vivo e rico, com cores combinando a cada ato, o filme deslancha e envolve de uma maneira incrível para fantasiar com tudo e sair da sessão feliz com todo o visual entregue pela equipe artística. Embora o longa não seja vendido com 3D, não é de duvidar que lancem o bluray com a tecnologia, pois diversas cenas possuem uma profundidade interessantíssima e nas cenas envolvendo magia temos muitos elementos que com certeza agradariam saindo da tela.

O longa ainda conta com trilhas orquestradas bem envolventes e até algumas canções foram colocadas para agradar e sonorizar com sensibilidade a trama, além claro da canção cantada por Cinderela aonde a atriz pôs o gogó para jogo de forma muito bem pontuada. Felizmente não fizeram o longa no estilo musical, mas as canções serviram bem encaixadas sempre sendo empregadas para dar ritmo e envolvimento na trama toda

Enfim, é um excelente filme que vale muito a pena ser visto, principalmente nos cinemas por abranger ainda mais o conteúdo visual numa tela gigante. Claro que vai ter os do contra que não gostam de contos de fadas, e irão reclamar de tudo, pontuando mais defeitos do que qualidades do longa, mas com certeza é um filme lindíssimo que irá deixar todo um gostinho de infância nos mais velhos e brilhar ainda mais os olhos dos pequeninos. Recomendo ele com certeza, para mostrar que a Disney ainda sabe fazer bons filmes em live-action e manter a ternura de seus clássicos das antigas. Ah e já ia esquecendo da cereja do bolo que todos irão comer antes da sessão iniciar, o curta "Frozen: Febre Congelante" é lindo demais, mantendo a essência total do filme "Frozen" com seus personagens entoando a nova canção que lá fora com certeza deverá ser o novo hit de como cantar parabéns e com novos bonecos de neve fofinhos que devem lotar as prateleiras das lojas de brinquedo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, agradecendo claro a rádio Difusora FM 91,3MHz pela parceria e oportunidade de ver a pré-estreia desse longa maravilhoso junto com diversos amigos e convidados. Então abraços e até breve pessoal.

PS: A nota só não será máxima por mesmo os atores serem quase que clones da animação, os protagonistas poderiam ser mais perfeitos, e só isso faltou para que o longa fosse um marco total.


Leia Mais

A Lei da Água - Novo Código Florestal

3/25/2015 09:17:00 PM |

Já havia falado há algum tempo que mesmo alguns documentários possuindo temas bem abrangentes e interessantes acabam se desenvolvendo de uma forma tão jornalística, com excesso de depoimentos e diálogos tão complexos de entender que acabam ficando chatos, e dessa forma mesmo mostrando algo que necessitamos saber para apoiar ou ir contra a ideia, acabamos não comovendo da maneira que deveria. Com "A Lei da Água - Novo Código Florestal", ficamos extremamente revoltados ao saber de tudo o que foi modificado nas leis ambientais por nossos governantes, e até é bem explicado cada um dos fatores por pessoas que entendem do assunto e até contrapondo com alguns políticos que pareciam desnorteados com o que falavam, mas são tantos depoimentos, além de textos difíceis de entender, que ao final a única coisa que podemos resumir do que foi mostrado é que o ambiente, e claro nós também que dependemos dele, estamos literalmente lascados com tudo que foi mudado e deve acabar acontecendo para favorecer os agropecuaristas com muitas terras, mas o resultado final acaba cansando e parecendo mais um programa jornalístico do que um filme como deveria ser, ou seja, serve para mostrar o problema em conferências e escolas pelo Brasil afora, mas em um cinema dificilmente as pessoas se interessariam por ficar até o final do longa sem ter algum motivo ligado com a causa.

O documentário revela a importância das florestas para a conservação dos recursos hídricos no Brasil e o impacto do novo Código Florestal, aprovado pelo Congresso em 2012. Agricultores, ambientalistas, cientistas e ruralistas apresentam técnicas sustentáveis e revela informações de casos no qual a degradação ambiental impede a continuidade de qualquer tipo de cultivo e a criação de animais.

Um ponto bem favorável ao filme foi a edição, que não tenho dúvidas da quantidade de material que foi captado pelo diretor André D'Elia para fazer o filme, pois foram tantos entrevistados que aparecem na tela, praticamente todos falando sobre o mesmo pedaço do tema, que com uma grande satisfação ao montar o longa pode quase que num formato meio de como eram chamados antigamente de jogral, aonde um começa e o outro complementa. Os depoimentos favoráveis ao ambiente são bem debatidos, então ficamos realmente à favor do que o diretor quis mostrar, enquanto os que iam contra a ideia acabaram virando quase que uma piada pronta para funcionar até como ironia aos políticos que aparecem, isso de certa forma é válido para que o filme tivesse uma certa comicidade, mas que o diretor poderia ganhar até um pequeno processo na cabeça isso com certeza poderia, já que políticos adoram processar as pessoas, principalmente os que possuem algum curso de Direito.

Agora não posso afirmar se o problema foi na projeção do SESC Ribeirão, aonde passou o longa no projeto Cine Planeta, ou se é um defeito de captação do longa de imagem e áudio separados, pois em diversos momentos parece que amadoramente as pessoas estão sendo dubladas, com a voz saindo de forma diferente do que seus lábios estão movimentando, isso é um erro gravíssimo para um filme, mas vou preferir pensar que o erro foi da projeção, mas quem assistir ele comercialmente após o dia 30/03 que passará em algumas capitais, nos fale se foi assim também. Com imagens bem captadas visualmente temos um resultado bonito de ver ao menos nas cenas que não possuem tantas pessoas falando, mas isso é um caso raro no longa, então poderiam ter trabalhado mais nesse quesito também.

Enfim, é um filme com um tema bem polêmico e que poderia ser muito mais didático e interessante para toda a população, mas para isso seria necessário ter bem menos entrevistados e utilizar de um didatismo melhor para as palavras complexas que são ditas quando explicados cada problema ambiental. Claro que recomendo ele para que todos saibam o que está ocorrendo no nosso país com o meio ambiente, e já garanto que você sairá xingando ainda mais nossos políticos, porém o formato não deve agradar quem for ao cinema esperando ver um documentário mais elaborado visualmente. Bem é isso pessoal, agradeço ao SESC Ribeirão pela oportunidade de ver o filme, já que com certeza não passará aqui nos cinemas, e fico por aqui agora. Então abraços e até breve pessoal.


Leia Mais

A Memória Que Me Contam

3/22/2015 10:52:00 PM |

Alguns filmes nacionais recorrem à trabalhar de forma tão alternativa que nem ficamos confusos com o que é mostrado, ficamos mais é indignados com o desenvolvimento de uma trama não indo para lugar algum, e isso acontece com uma certa frequência que ao pensarmos no estilo que querem mostrar se torna até um nicho de mercado, o da arte abstrata ou melhor cinema abstrato, feito para que somente o diretor/roteirista expresse apenas suas angústias e faça um filme somente si, com um âmbito de não fazer um filme bom apenas, mas fazer diversos fracos até morrer, como é dito inclusive em uma das cenas do longa "A Memória Que Me Contam", aonde uma das personagens diz que faz a conta de quanto tempo de vida ainda tem e se preocupa com quantos filmes ainda tem para entregar. Ou seja, além de se autocriticar, o filme nos mostra de uma forma altamente cansativa praticamente nada, com diversas coisas acontecendo, mostrando as angústias e motivos de reflexões para imaginarem se valeu ou não fazer a guerrilha, mas sem um rumo interessante a seguir que empolgue o público.

O filme nos mostra que a ex-guerrilheira Ana, ícone do movimento de esquerda, é o último elo entre um grupo de amigos que resistiu à ditadura militar no Brasil. Com a iminente morte da amiga, eles se reencontram na sala de espera de um hospital. Entre eles está Irene, uma diretora de cinema que sente-se perdida diante da iminente morte da amiga e que precisa ainda lidar com a inesperada prisão de Paolo, seu marido, acusado de ter matado duas pessoas em um atentado terrorista ocorrido décadas atrás na Itália.

Pode parecer que lendo a sinopse você entenda um pouco mais do que a diretora e roteirista Lucia Murat quis nos mostrar, mas durante a exibição o longa acaba sendo um pouco desconexo e não se desenvolve de forma heterogênea aparentando ser diversas pessoas apenas falando sobre como foi sua vida na época da guerrilha, se o motivo foi cumprido e como Ana era importante para conectar todos eles, e de forma bem utópica, tudo acaba não se conectando, ficando bem vago no ar e em diversos momentos me vi perguntando aonde eles querem chegar com isso, e não chegam. A diretora também abusou de planos diferenciados a cada cena sem alongar os diálogos, então a aparência do longa lembra bem a dinâmica vista em uma novela, com trechos quebrados demais que não dão sentido algum para a ideologia que foi escolhida para seguir, ou seja, cansa mais do que mostra algo que interesse, e olha que a temática poderia ser desenvolvida de forma incrível que agradaria demais.

Como no longa não temos nenhum despontamento de atuações, é algo difícil até de analisar individualmente cada um, mas nas cenas em que aparece meio que como um fantasma para discutir com seus companheiros Simone Spoladore consegue demonstrar bem a expressão de alguém que foi torturada e guerrilheira das mais fortes, transformando sua Ana em um ícone como todos ali reverenciavam ela, mas aí é que entra um dos grandes problemas, que na maioria das cenas ela não está ali para discutir com os outros personagens, então seria mais agradável se tivesse como forma de pensamento a discussão, sem que os demais olhassem diretamente para ela. Irene Ravache até se sai bem como uma diretora de cinema que dá palestras e está preocupada mais com a quantidade do que com a qualidade de filmes que irá fazer, e isso é algo que se vê muito entre diversos diretores por aí, funcionando duplamente como crítica e por ela atuar de um jeito tão autoritário com os demais personagens coube também olhar a arrogância que alguns do meio também são, caiu bem o desenvolvimento, além das cenas mais doces aonde conseguiu mostrar sutileza, ou seja, foi bem completa. Estamos acostumados a ver Otávio Augusto fazendo comédia e aqui com um personagem mais falador e rebelde, acabamos estranhando um pouco o que faz, de forma que não conseguimos simpatizar por seu personagem Ricardo, talvez precisasse de mais tempo ou contar mais sua história, mas acabou deslocado. O problema maior com Franco Nero foi a falta de legendas, pois como ele e o seu Paolo são italianos, somente quem entende bem o idioma vai entender as cenas, do restante foi quase como se tivesse ali falando sobre sua vida com bom expressionismo e só. Dos demais, uma ou outra interação acaba soando interessante, mas nada que chame muito a atenção, valendo destacar mais o personagem de Miguel Thiré por mostrar que hoje a homossexualidade é algo mais normal, enquanto naquela época seria morte certa, daí a liberdade criativa junto de seu namorado artista caiu de forma interessante.

Visualmente o longa não possui muitos elementos cênicos para ser detalhado e isso soa bem como um desleixo da produção, pois somente a criatividade das arte contemporânea dos personagens gays foi usada para retratar algo, o restante como filmes que foram feitos de forma estranha, ou até mesmo um hospital não muito elaborado conseguiu mostrar o trabalho da equipe de arte. Quanto da fotografia, novamente entro na discussão de como é melhor mostrar uma cena noturna? Usar artifícios para criar alguma luz falsa na cena ou deixar como realmente é tudo escuro? A produção optou pelo segundo estilo, e em salas de mostras que não possuem projetores monstruosos para dar uma claridade extra fez com que o filme quase não fosse visto, já que a maior parte das cenas é de noite, então fica a dica para quem quer produzir algum filme que contenha cenas noturnas, sabendo que 90% dos filmes só serão exibidos em festivais e mostras, coloquem luz falsa e seja feliz induzindo que no cinema a falsidade é válida, pois é melhor ver a cena ignorando que não teria luz ali, do que acertar na iluminação inexistente e ninguém ver nada.

Da trilha sonora, me abstenho de comentar o trabalho de quem coloca apenas um ohohohohoh na maioria das cenas, a mesma cançãozinha cansativa o tempo inteiro eu teria vergonha de que colocassem meu nome nos créditos.

Enfim, a tentativa ideológica da trama é até considerável e daria um excelente filme, mas são tantos os erros e incoerências que como disse no Facebook, parece ser uma colcha de retalhos gigante com diversos pontos de vista e faltou linha e agulha para costurar tudo como um filme inteligente deveria ser. Não recomendo ele de forma alguma, e infelizmente esse acabou sendo até agora o pior filme da Mostra Golpe Sulamericano do SESC. Fico por aqui hoje, mas volto na Terça com mais um longa da Mostra, o meu último, já que os demais já conferi quando saíram comercialmente. Então abraços e até breve pessoal.


Leia Mais

Dívida de Honra (The Homesman)

3/21/2015 09:01:00 PM |

O gênero western é um dos que menos são lançados filmes atualmente, ao contrário de uma época gloriosa em que tinha ao menos 1 filme do estilo por semana praticamente, e o mais engraçado é que quando falamos do estilo sempre lembramos mais dos western spaghetti, que eram extremamente divertidos, ou daqueles em que todo mundo morria com muitos tiros e duelos, de forma que não consigo lembrar de ter visto nenhum filme tão melancólico como é "Dívida de Honra", aonde Tommy Lee Jones resolveu gastar todas as funções do cinema para retratar a loucura como um mal tenebroso durante um "road-movie" no velho-oeste americano.

O longa nos situa no Território de Nebraska, em 1854, aonde três mulheres que enlouqueceram são confiadas à guarda de Mary Bee Cuddy, uma pioneira forte e independente, mas que guarda uma profunda mágoa devido à solidão que sente. A caminho do Iowa, onde as mulheres poderão encontrar refúgio, Mary Bee encontra Georges Briggs, um vagabundo que ela salva de uma morte eminente e que concorda ajudá-la em sua missão. Os dois decidem unir forças para enfrentar juntos os perigos que rondam as vastas extensões da fronteira americana.

Baseado no livro "The Homesman" de Glendon Swarthout, Tommy se juntou com outros roteiristas para desenvolver a história para o cinema e também optou por dirigir e ser protagonista dela, assim sendo ocupa praticamente todos os espaços do filme na frente e atrás das câmeras. Digo isso não como algo bom, pois mesmo ele sendo um excelente ator que sabe bem o que deseja fazer, há certos pontos da trama que poderiam ser mais desenvolvidos, já que temos uma introdução correta, porém um pouco confusa, aonde nos é mostrado a loucura das mulheres, mas sem muita explicação do motivo exato que as deixou assim, depois surge o personagem do protagonista com uma história mais aberta ainda que fica parecendo o longa ser uma continuação de algo, e não é, em seguida temos um miolo com uma cenografia incrível, alguns momentos bem dramatizados e feitos com primor, mas ao virar para o clímax e fechamento temos uma quebra de percurso meio dura demais que parece não ser adequada para a história, além de um aceleramento com tudo que vinha num ritmo bem pontuado. Ou seja, poderiam ter trabalhado melhor para termos uma história homogênea e aí sim seria um longa memorável, mas do jeito que foi garanto que daqui há algumas horas nem vou lembrar de ter visto ele, mesmo sendo bom, mas com nada que fique marcado na lembrança.

No quesito atuação, Tommy com seu ar mau-humorado que já conhecemos caiu muito bem para o personagem principal da trama e conseguiu incorporar tudo que o personagem Briggs tinha de melhor e de pior para a tela, sua composição de voz também ficou bem interessante de acompanhar. Todos imaginavam que Hilary Swank decolaria logo após seu segundo Oscar com "Menina de Ouro", mas por não ser um rostinho tão bonito, sempre lhe cai papéis mais rústicos e aqui como esse era o mote da protagonista Mary Bee Cuddy, a atriz conseguiu assimilar e dar seu ar próprio e garra para a personagem, talvez esperássemos um final mais adequado para ela, e algo a mais de sua última cena, que não consegui enxergar se foi erro de corte ou de roteiro mesmo, mas no geral as feições que doou foram acertadas e interessantes de ver. As demais atrizes que ficam reclusas na carroça não temos muito o que falar senão que realmente passaram toda a loucura nas expressões, seja gritando, berrando ou até mesmo fazendo caras de desânimo mórbido e isso com certeza deve ter sido muito bem trabalhado com laboratórios antes para incorporarem, então temos de dar os parabéns para Miranda Otto, Sonja Richter e Grace Gummer pelo que fizeram com suas personagens. E apenas para fechar literalmente Meryl Streep faz uma aparição bem colocada como a mulher do pastor, Altha Carter e assim voltar a atuar com seu grande amigo Jones.

O que mais me instiga em westerns, afinal já pude produzir 3 curtas do gênero, é o conceito visual da direção de arte e de fotografia, pois sempre com muitos elementos em tons marrons, figurinos marcantes e cenografia bem trabalhada para contextualizar a situação que vivem os personagens são tão clássicos que não tem como errar e mesmo tudo aparentando sujeira ainda tem seu charme, aqui como o longa é quase um road-movie passando por invernos rígidos, índios e até mesmo desertos sem fim, tiveram ainda muito capricho em deixar o ar marcante também na sonoplastia, e tudo isso juntou em algo primoroso e bem trabalhado com diversos elementos cênicos para impressionar e marcar cada cena individualmente, e ao entrar em Iowa, já temos o choque de mudança total dos hábitos e qualidade de vida que dá outra nuance para que a técnica mude tanto os personagens quanto o contexto da história. Com uma fotografia bem suja, mas lindíssima sempre trabalhando na maior parte com planos abertíssimos para mostrar o contexto visual que se enquadra o longa, o filme ganha nuances próprias e desenvolve bem, procurando ousar somente em alguns sombreados nas cenas noturnas, mas ainda assim mantendo todo o contexto gráfico que um bom western pede.

Além de trilhas orquestradas seguindo o contexto que o filme pedia, os dois protagonistas ainda tiveram, como se já não tivessem feito muita coisa, a oportunidade de cantar também na trama, então temos Swank e Jones cantando cada um duas a três canções no filme, e foram afinados e deram um certo charme para as músicas, mas independente de caber no contexto da trama, poderia ter sido colocado de outra forma.

Enfim, é um longa que os fãs do gênero com certeza gostarão do resultado final que lhes é entregue com a produção, mas de forma melancólica não é algo que saímos empolgados da sessão do cinema com o que vimos, tudo parece pesado e dramático demais, que a sensação é de que poderia ser uma trama completamente diferente que traria o mesmo resultado perfeito e ainda deixaria a trama gostosa de ser assistida várias vezes, como costumava acontecer com a maioria dos clássicos do gênero, e mesmo tendo diversos elementos marcantes, não garanto lembrar desse filme daqui a pouco se alguém me perguntar o que achei dele. Mas como disse, se você gosta do gênero, com certeza vale a pena conferir, principalmente pela bela fotografia e arte entregues pela trama. Fico por aqui hoje, mas para fechar a semana cinematográfica ainda faltam 2 longas da Mostra Golpe Sulamericano do SESC para conferir, então abraços e até breve pessoal.


Leia Mais

Terceira Pessoa (Third Person)

3/21/2015 02:56:00 PM |

Um longa, três histórias, praticamente a mesma lição... parece que já vimos algo parecido com isso em outro longa de 2004, ops do mesmo diretor desse!!! Pois é meus amigos, o longa "Terceira Pessoa" me remeteu demais a "Crash - No Limite" do mesmo Paul Harris, e isso não é algo ruim, pois mostra que sua forma de dirigir e escrever se mantém nos filmes que faz, e aqui embora o final possa parecer confuso, basta relembrar o nome do filme, que é o mesmo em inglês (ou seja, não precisamos xingar os tradutores nacionais), que tudo fica explicadinho nos mínimos detalhes e se entende completamente o que o diretor quis nos passar. Mas a mensagem mais forte que ficará na mente de quem for assistir é que a vida é muito cruel e ninguém ajuda ninguém sem algum objetivo.

O filme conta três histórias de amor diferentes: Michael é um escritor veterano, que acaba de romper com a esposa e viaja a Paris, buscando novas histórias. Ele encontra na aspirante a escritora Anna uma amante e uma inspiração, devido ao passado sombrio da garota. O empresário Scott está passeando por Roma, quando conhece a misteriosa cigana Monica e simpatiza com sua perigosa busca para reencontrar a filha pequena. Julia é uma jovem mãe, traumatizada após perder a guarda do filho para o ex-marido famoso, e conta com a ajuda da advogada Theresa nesta batalha judicial.

Embora o roteiro do longa seja um pouco confuso, o que Paul Harris nos entrega é um filme para pensarmos junto com os protagonistas nos motivos que levaram a fazer o que estão fazendo, e dessa maneira não conseguimos nem piscar durante toda a exibição, tentando entender os motivos, mas como disse da mensagem que conseguimos extrair do longa, tudo parece ir bem até o momento do clímax aonde tudo desaba de uma forma tão impactante que o arregalar de olhos é completamente natural, então não se choque se você ver seus olhos abrirem mais que o normal no derradeiro final da trama. Além disso, mesmo tendo 3 histórias praticamente diferentes, no conteúdo do filme todas possuem seus momentos de conexão através da ideologia de uma maneira bem singela e gostosa de reparar, de forma que mesmo separadas, acabam se desenvolvendo juntas e bem trabalhadas para uma não atrapalhar ou fazer com que gostemos mais da outra, e isso só é possível pela direção estar sempre nos instigando, não entregando nada tão facilmente, mesmo que acabamos achando que tudo parece rumar para um lado, somos surpreendidos e derrubados novamente, fazendo do longa não algo perfeito, mas muito saboroso de acompanhar, mostrando que o diretor fez questão de trabalhar centradamente e individualmente em cada uma das 3 histórias.

Com um elenco de dar inveja à várias produções, o diretor soube tirar proveito do que cada um tem de melhor e exigir até um pouco a mais dos protagonistas. Por exemplo, já estávamos ficando cansados de ver ultimamente Liam Neeson só batendo nas pessoas e atirando para todos os lados, e aqui com um semblante mais calmo e pensativo pode trabalhar nuances e colocar seu lado mais romantizado para fora, e sinceramente não imaginava vê-lo dessa forma e principalmente saindo bem em todas as cenas, o que acabou sendo uma grata surpresa. Como Olivia Wilde consegue ser linda desse jeito, com um ar sedutor muito além do que a personagem Anna exigia, fez caras e bocas para se mostrar e sair bem diante das situações, sua história aumentada é uma das que mais chocam, e não uma única vez, mas sim duas, pois na hora que tudo aparenta ter sido resolvido, a decadência do protagonista consegue eximir ainda mais de sua história e aí sua expressão foi clássica e única de forma a encantar, nunca tinha botado muito reparo nessa atriz, mas ultimamente tem saído bem demais nos papéis que anda pegando, vamos aguardar uma protagonização maior para ver se consegue ser melhor do que sua beleza demonstra. O personagem Scott de Adrien Brody inicialmente parece ser a história mais deslocada da trama, não dando muito a entender para que rumos vai, mas o ator sempre persistente reverteu sua expressão para algo que chega a dar piedade de tanta burrice e persistência que passamos a gostar do que faz, e ao juntar as figurinhas no encerramento do longa conseguimos entender o real motivo do personagem ser assim e a atuação dele ter sido tão bem feita. Moran Atias chega a dar nervoso em certos momentos que fica sem responder com sua cigana misteriosa Monica, e embora isso seja algo da personagem, talvez um pouco mais de misticismo do que o silêncio seria mais viável, mas foi uma forma encontrada de trabalhar e com o final entregue até dá para se sentir feliz, mas que 90% do filme acabamos desgostando dela é fato. Chega a ser engraçado que todos os personagens que Mila Kunis faz no cinema não nos chama atenção logo de cara, e vamos com o passar dos filmes nos envolvendo junto a forma que ela vai acreditando também, e sua Julia sofre com algo duríssimo que é a perca da guarda de um filho, e tudo parece ir de mal a pior com seu sofrimento sendo aumentado a cada cena, numa das atuações mais cruas e bem feitas da atriz, sua cena junto de James Franco é pesadíssima, mostrando também que o ator ainda pode fazer bons papéis sem ser os besteiróis que anda se envolvendo com seus amigos. As personagens Elaine e Theresa feitas respectivamente por Kim Basinger e Maria Bello, possuem pouquíssimas cenas, mas foram tão bem colocadas na história que encantam e mostram certo charme na conexão de tudo, ou seja, temos de prestar atenção em todos os atores da trama, mesmo os mais bestas.

Embora não tenha demasiadas cenas externas, o filme trabalhou um conceito visual inteligente para demostrar aonde estava acontecendo cada ato, já que cada história se passa em uma cidade: Nova York, Roma e Paris. E isso se deu de forma crível principalmente pelos figurantes na forma de se vestir e falar, pelos objetos cênicos bem usados para representação e até mesmo ao saírem de cada lugar os personagens sempre caiam em algo tradicional para mostrar a criatividade da equipe cênica, tudo sempre trabalhado para formar o elo maior da história principal, ou seja, algo usado para fazer com que o público pense da mesma forma que o roteirista. A fotografia trabalhou com as cores conforme iam sendo pensados pelo escritor e isso é um fato já bem tradicional e que de certa forma soa até como um clichê, mas sem abusar em demasia de sombras e tons diferenciados para cada ato, o filme desenvolve bem e agrada nesse quesito também, sendo bem suave.

A trilha sonora auxiliou bem no desenvolvimento da trama, mas não ajudou em nada no ritmo do filme, pois com 137 minutos, o longa parece ter bem mais tempo de tela, e isso para um espectador comum que não gosta muito do estilo é capaz de cansar e desistir da trama. Mas cada história foi bem representada musicalmente e ajudou a envolver com os sentimentos dos personagens, o que acaba agradando quem estiver disposto a isso.

Enfim, é um filme que vai dividir muito as opiniões de quem for conferir e fará com que muitos saiam da sessão sem ter entendido nada do que ocorreu, para isso novamente recomendo sem dar spoiler que leia o título do filme, e assim passe a gostar do longa da mesma forma que gostei. Recomendo ele para quem gosta de dramas bem desenvolvidos que fazem o público se envolver com os personagens para captar seus sentimentos e assim entender a trama, não que os demais não vão gostar do que é passado, mas a chance de reclamar e cansar com o longa é bem maior se não houver abertura para o envolvimento. Fico por aqui agora, mas logo mais estarei conferindo a outra estreia que veio para o interior, então abraços e até breve pessoal.


Leia Mais

O Duelo

3/20/2015 12:32:00 AM |

Uma coisa que assusta no cinema brasileiro é o tempo que demoram para lançar comercialmente um filme, de forma que alguns atores acabam morrendo e de certa forma acaba sendo até estranho quando lançam e você vê ele lá firme e forte. Com "O Duelo" aconteceu exatamente isso, pois produzido em 2012, só chegou aos cinemas agora com Wilker já embaixo de sete palmos de terra. Mas isso acontece também com filmes de outros países, então nem vem ao caso, mas falar sobre o filme aí com certeza é fazer o pobre se remexer no túmulo, pois é triste a adaptação do livro de Jorge Amado, não pela história em si, e muito menos pela produção muito bem feita, mas com diversos problemas técnicos como trilha sonora completamente fora de rumo e atores forçando tudo no melhor estilo novelesco de ser, o resultado final mais parece uma minissérie de homenagem da Globo, mesmo não sendo deles a obra, ao artista do que um filme que valha a pena mesmo ser assistido.

O filme nos mostra que o comandante Vasco Moscoso de Aragão está cansado da sua vida aventureira em alto mar, e busca um lugar tranquilo para viver. É assim que ele chega até a vila de Periperi, uma cidadezinha costeira, e logo conquista a todos no local. Aragão ganha a admiração dos homens que se juntam para ouvir suas histórias fantásticas, e conquista as mulheres, com seus ares românticos da Europa. Só que o fiscal Chico Pacheco, até então o homem mais admirado da cidade, desconfia de Aragão e começa a investigar a vida do forasteiro, querendo saber se tudo que ele diz é verdade ou não.

A história é até bem interessante e divertida, de modo que a adaptação do livro "Os Velhos Marinheiros ou O Capitão-de-longo-curso” de José de Alencar ganha de modo fantasioso uma produção bem rica, cheia de efeitos digitais e que acabou virando algo envolvente impondo a cada mentira contada tudo vai se aumentando e chegamos ao ponto maioral aonde as mentiras acabam modificadas mais uma vez e tudo começa a cair. A direção e o roteiro de Marcos Jorge, mais conhecido por "Estômago", é num contexto geral até que bem feita, pois conseguiu montar de forma bem divertida e extremamente bem produzida um longa caricato, porém se tivesse feito apenas metade da boa direção de atores do seu longa mais conhecido, a comédia aqui seria inteligente e agradável, mas como optou por algo mais novelesco, acabou beirando um "Zorra Total" com mais história, aonde Wilker só fez por gritar e os demais não sabiam para aonde olhar.

Já que falei sobre a bagunça na atuação vamos falar um pouco individualmente começando por José Wilker, que como gostava de fazer, curtiu muito com tudo, aparentando estar feliz por xingar e falar milhões de palavrões para tentar desmascarar o comandante protagonista, e sempre do seu jeitinho até contou bem com eloquência a história, mas poderia ser um personagem mais envolvente que nos colocasse mais a favor dele do que apenas um agitador com seu Chico Pacheco. Joaquim de Almeida trabalhou bastante para viver o personagem principal nas duas épocas que se passa o filme, sendo o galã em ambas as idades e um mentiroso de mão cheia, mas nos momentos que era para demonstrar desânimo com a cabeça baixa ficou parecendo aquelas crianças pequenas que você põe de castigo e emburra, e isso com certeza não era o esperado dele. Claudia Raia fazendo praticamente 3 visuais diferentes no mesmo personagem foi bem engraçado e caiu bem, mostrando que mesmo não tendo tantos diálogos conseguiu encaixar bem na trama, sendo a melhor em cena com sua Carol. Marcio Garcia teve uma participação típica para mostrar que no Brasil tudo se dá um jeitinho, até conseguir títulos, mas sua atuação foi um pouco frouxa, fazendo carão em todas as cenas e incomodando muito com isso. E para fechar Patrícia Pillar como a pianista Clotilde mostrou que ou arrumamos um daqueles pianos que tocam sozinhos para gravar a cena, ou não damos close nas mãos, a música tocando (algo nada a ver com sons que saem do piano, mas vou falar mais disso nas trilhas) e seus dedos dedilhando algo completamente diferente, ou seja, péssima atuação nesse quesito, mas ao menos nos diálogos mostrou que ainda é afiada no modo interpretativo dos textos. Do restante, melhor me abster de falar mais mal ainda.

Agora o melhor ponto do filme sem dúvida alguma ficou por conta da produção artística que trabalhou e muito para criar um visual incrível para a trama, sendo bem cheia de elementos cênicos e com muita dinâmica no mar, claro que para isso usaram muita computação gráfica com cenas utilizando um chroma-key meio estranho em alguns momentos, e nessas cenas os efeitos digitais foram os que mais falharam, talvez se ficassem só com a cenografia comum mesmo, o resultado seria mais agradável. A grande sacada ficou por misturar as cenas das histórias contadas com o que está acontecendo mixando dois cenários em um, o que deu um certo charme para a produção. E a cena destaque em quesito de montagem cênica com certeza ficou para após a tempestade. A fotografia cometeu alguns pequenos deslizes iluminando algumas cenas demais, mas como disse o longa trabalhou com muita computação gráfica e como no Brasil isso é algo que usamos muito pouco, o erro foi que ao dar muita luz para que o efeito funcionasse, acabou estourando demais e estragando tudo.

Agora o desastre completo do filme ficou por conta da escolha das trilhas sonoras que completamente fora do contexto da cena hora tocando música alta demais sem mixar com as vozes dos personagens parecia brigar conosco, e raramente serviam para dar vida ao filme, isso é um erro que não tem como questionar, pois não é feito na hora da gravação, podendo olhar a cena e ver se encaixa ou não o que foi escolhido, e não convenceu, não divertiu e nem serviu para questionar algo, que são as funções de uma boa trilha, ou seja, lastimável. Além disso, quando uma música serve de encaixe na cena, por exemplo no momento em que Patricia Pillar toca piano, todos sabemos o barulho que um piano faz, e me entra praticamente um solo de guitarra ao fundo, com as mãos dela tocando algo completamente diferente do que estamos ouvindo, aí nem que o filme fosse uma paródia completa de algo seria aceitável.

Enfim, o filme realmente poderia ser interessante, divertido e agradável, mas contém tantos erros bobos que não dá para recomendar o filme, talvez sirva para ver uma história que provavelmente você leu na época do vestibular no passado como os livros de Jorge Amado sempre caiam nas provas, mas tudo ocorre de forma tão absurda que nem se quisessem jogar para a comédia de absurdo conseguiriam. Fico por aqui agora, mas volto em breve com mais uma das estreias dessa semana, então abraços e até lá pessoal.


Leia Mais

A Série Divergente: Insurgente em 3D

3/19/2015 03:12:00 AM |

São raras as séries que conseguem manter a mesma equipe direção/roteiro após o primeiro filme e o que mais é engraçado é notar como a maturidade de uma trama muda com essa alternância. Se em "Divergente" no ano passado nos entregava uma série totalmente adolescente e voltada para que o público alvo fã dos livros apenas ficasse cheio com a briga e o romance que Neil Burger("Sem Limites", "O Ilusionista") nos entregou, não que isso seja ruim já que foi um excelente filme, agora com Robert Schwentke("RED", "R.I.P.D", "Plano de Voo") temos um filme muito mais introspectivo que brinca com nossos sentidos e percepções, procurando alçar voos na imaginação para que tentássemos encontrar aonde é real e aonde é simulação, quem é bom e quem é mal, e principalmente o significado real dentro da história do filme de Divergente, Insurgente e Convergente(que serão os próximos 2 filmes em 2016 e 2017). Você pode falar: "Nossa, mas isso irá dar um nó na mente e irá deixar o filme chato", mas lhe garanto que não, pois com uma pegada bem voltada para o gênero de ação, o diretor acaba nos presenteando com um filme vivo, cheio de nuances e que agrada bastante superando todas as expectativas criadas pelo primeiro filme e entregando muito mais do que poderia ser, só é uma pena que a conversão para 3D tenha sido apenas para ganhar dinheiro, já que são duas ou três cenas que valem o dinheiro pago a mais.

O filme nos mostra que os riscos para Tris aumentam quando ela decide procurar por aliados e respostas nas ruínas de uma Chicago futurista. Tris e Quatro agora são fugitivos, caçados por Jeanine, a líder da elite Erudição. Eles precisam descobrir a causa pela qual a família de Tris sacrificou suas vidas e por que os líderes da Erudição querem impedi-los. Amedrontada pelas escolhas do passado, Tris, ao lado de Quatro, passa a encarar desafios impossíveis a fim de descobrir toda a verdade sobre o passado e também o futuro de seu mundo.

Assim como já aconteceu com outras adaptações literárias, não posso opinar o quão fiel o longa ficou ao livro por não ter lido ainda, quem sabe num futuro após ver a saga completa, mas o que posso dizer é que como analiso sempre o filme com vida própria independente de mostrar coisas importantes que teriam vindo da autora do livro Verônica Roth, o resultado que a equipe de roteiro que não é fraca já que temos o estreante Brian Duffield junto de  Mark Bomback("Planeta dos Macacos: O Confronto", "Wolverine Imortal") e Akiva Goldsman("Uma Mente Brilhante", "O Código Da Vinci", "Eu Sou a Lenda"), que juntos conseguiram criar uma essência completamente interessante e envolvente para que o filme tivesse ao mesmo tempo a teoria politizada e humanista do primeiro filme, já que podemos enxergar tanto o sistema de facções como classes quanto habilidades do nosso próprio interior, quanto manter a premissa de um filme blockbuster pipoca aonde a ação rola solta e deslancha para curtir sem pensar muito, e essa construção do roteiro não só agrada como acerta em cheio, pois se existe uma coisa que prezo e fico extremamente feliz é que um filme pode ter 20 continuações se quiser, mas trabalhando bem uma apresentação, um miolo e um encerramento (não necessariamente em ordem cronológica) já será meio caminho andado para que a produção seja correta e bem feita. Quanto da direção, sou extremamente fã de diversos trabalhos de Burger, mas ele só não assumiu a continuação por estar terminando o primeiro filme enquanto o segundo já estava sendo executado, mas a substituição por Schwentke foi bem feita principalmente pela pedida nova do roteiro, já que mesmo tendo algumas cenas romantizadas e dramáticas, isso acabou ficando bem em segundo plano, e o novo diretor tem essa pegada mais irreverente de velocidade e dinâmica para que a forma intimista não acabe cansativa, ou seja, com planos extremamente velozes não conseguimos piscar quase que em cena alguma com tudo explodindo e tiros voando para todos os lados, numa grande mistura de realidade com simulação de forma fantástica.

Como o elenco principal praticamente não mudou do primeiro filme para esse, a única coisa que é notável é a melhoria na forma de atuar de todos sem exceção, pois o trabalho do diretor foi muito bem visto ao dar tarefas mais árduas na capacidade interpretativa de cada um. Dessa forma Shailene Woodley que gravou praticamente três filmes completamente diferentes ao mesmo tempo, suou bastante com cenas de ação duras e ao mesmo tempo introspectivas necessitando em demasia também sua expressão, e conseguiu acertar bem o tom que aliado à necessidade de cortar o cabelo para "A Culpa é das Estrelas", aqui arrumaram um jeito bem fácil de eliminar seu cabelão logo no começo do filme, e até isso mostrou acertos no contexto geral da trama. Theo James não é mais necessariamente o galã que vai precisar ficar arrancando sua camisa para as mocinhas suspirar, agora seu personagem é importante para a protagonista de outra forma e isso é ótimo para o desenrolar do filme, e o ator também soube mostrar que evoluiu na forma de atuar, sendo determinado nos olhares e trabalhando ainda mais a personalidade que seu Quatro tem. Kate Winslet agora está presente em quase todo o filme com sua Jeanine e trabalhando bem da forma que sabe fazer sempre caras que parecem não dar a mínima para o parceiro de cena, confesso que deve ser triste atuar ao seu lado, e isso chega a ser uma característica marcante da arrogância da personagem, que de certa forma nos deixa com ódio dela, mas ainda poderia ser melhor já que ela sabe fazer bem personagens marcantes. Se no primeiro filme já tivemos diversas cenas para xingar e ficar com raiva do personagem Peter de Miles Teller, com seu crescimento profissional está virando uma daquelas estrelas hollywoodianas que sabe o que quer, e seu personagem fica ainda mais irritante de certa maneira que algumas cenas suas dá para torcer tranquilamente que matem ele em seguida, ou seja, o garoto realmente tem potencial para nos irritar e isso deve dar resultado mais para frente. Ansel Elgort também volta com seu Caleb, mas o personagem assim como no primeiro filme não tem um carisma para que possamos torcer por ele, e aqui ele continua da mesma forma apenas sendo motivos familiares para a protagonista brigar por sua salvação, mas não sei se é assim também no livro, e como vi que o jovem mandou muito bem no "A Culpa é das Estrelas", poderiam pedir para que fizesse algo mais expressivo, que agradaria mais. Dos demais personagens do primeiro filme, somente Jai Courtney merece algum destaque com seu Eric, pois nas cenas que vai a caça dos foragidos, ele se mostrou com expressividade clara que os vilões necessitam, e acredito que nas sessões mais cheias o público irá vibrar com tudo que lhe acontece, pois fez tudo com muita maldade na concepção artística. Dos novos, Naomi Watts chega com tudo com sua personagem Evelyn que já teve uma participação bem interessante nesse filme e deve ser usada mais ainda nos próximos dois, e a atriz fez semblantes bem ocultos para que mesmo Quatro falando um pouco dela, ainda sua forma misteriosa de atuar, que a atriz sabe fazer muito bem, dê muito o que comentar nos próximos. E embora bem singela a participação de Octavia Spencer, a jovem atriz fez uma Johanna bem colocada e pontual da maneira mais amistosa que sua facção deveria ser, talvez tenha algo para apresentar nos próximos, mas acho difícil. E com um semblante totalmente característico mas bem bacana Daniel Dae Kim consegue chamar atenção nas duas cenas que participa como Jack Kang líder da Franqueza que também com certeza no livro tem participação maior do que no filme, mas foi bem notável e interessante sua interpretação. Já falei demais dos atores e vou parar por aqui dizendo que no geral não vi ninguém despontuando em cena e isso é legal quando a equipe é mantida de um filme para o outro e apenas vão incrementando e crescendo, no próximo tenho certeza que vão estar melhor ainda.

Se no primeiro filme o visual já era algo bem interessante e futurista, agora todo trabalhado com muitos destroços ficou ainda mais bonito de ver e deu um design para a trama que nos projeta em algo que vai muito além de onde tudo ocorre, claro que por se passar a maior parte dentro das locações não foi muito abusado o quesito das cidades em si, tirando é claro a facção Amizade que foi mostrada mais a fundo no longa. Porém para ganharmos algo mais elaborado visualmente entramos na questão das simulações, que aí o realismo computacional criado junto com a destruição explosiva de quadros ficou incrível de ver. Outras cenografias que foram bem usadas, porém bem pouco foram as florestas que talvez daria um tom mais sombrio se a cena de perseguição fosse maior, mas os pássaros voando serviram para agradar ao menos no 3D inicial. Outro fator bem encaixado é a quantidade de elementos cênicos que foram usados praticamente a todo momento, sempre servindo para representar algo, destacando claro o esconderijo dos sem-facção, que no melhor estilo de estarem prontos para uma guerra iminente desde sempre, mostrou um serviço e tanto da equipe artística. O longa contou com bons efeitos e isso é bem bacana de observar num longa de ação, pois poderia atrapalhar muito se não fosse bem feito, claro que devido ao excesso de explosões e correria, com certeza os mais chatos irão ver diversos erros, mas como sempre repito não vou ao cinema para ficar procurando defeitos. Quando do efeito 3D que muitos perguntam se compensa ou não, o que posso falar com completa convicção é que é completamente desnecessário, dando para ficar sem o óculos praticamente o longa inteiro, funcionando apenas em algumas explosões dentro da simulação e na abertura com pontos sendo montados no melhor estilo Matrix, mas isso já era esperado, afinal o longa foi filmado totalmente e somente depois convertido para ganhar mais dinheiro, então nenhuma cena foi pensada em 3D ao ser filmada, e dessa forma se estiver passando 2D em sua cidade pode economizar tranquilamente. A fotografia trabalhou de certa forma com muitas cores marrons e tons escuros também para representar que todos já estavam em colapso preparados totalmente para a guerra, e isso é legal de observar, pois nem nos momentos mais calmos a presença dessas cores desaparece, ficando apenas alguns tons abaixo para acalmar a euforia.

A escolha da trilha sonora foi perfeita e bem pontuada, de modo que com músicas de grandes cantores caindo muito bem com a orquestrada composta por Joseph Trapanese, o resultado deu ainda mais envolvimento para o que o diretor desejava no quesito de ação, e isso é bacana de observar também, pois o filme ganhou vida em diversos momentos com as canções, que até funcionaria o silêncio, mas com a barulheira de fundo deu um realismo maior. Claro que o destaque fica para a canção de fechamento que caiu emocionalmente de forma perfeita para dar a nuance de convergência que é o próximo filme.

Enfim, o longa inteiro foi trabalhado no sentido do significado das três palavras (divergência, insurgência e convergência), e isso é muito legal de ver, pois mostra que desejaram dar sentido ao filme não largando ele solto com tudo que poderia passar e dessa forma podemos com certeza figurar ele como um dos melhores do ano, claro que não é o melhor com certeza, mas vai ficar entre os melhores na cabeça de muitos, e ainda por cima conseguiu criar mais expectativa para os próximos filmes, já que infelizmente o próximo livro será dividido em dois filmes para render mais. Como disse acima por ser um longa de ação muitos também acharão diversos erros e furos de roteiro, mas isso é totalmente normal para o gênero e se olharmos diversos clássicos acharemos milhares de erros, e como existem pessoas que só querem ir ao cinema para ver isso, prepararemos nosso psicológico para ver nos próximos dias toda essa galerinha reclamante de algo, além claro dos fãs que vão falar que o filme é completamente diferente do livro, mas esses eu já nem ouço mais. Portanto, recomendo demais a trama, claro que obrigatoriamente é necessário ver o primeiro para saber o contexto de tudo que está acontecendo, só peso um pouco a recomendação para quem gosta de dramas mais artísticos sem ação nenhuma, e que não curtam o gênero de ação ficcional, pois talvez acabe não gostando muito do que irá ver, mas os demais podem ir para o cinema tranquilamente que é garantia de boa diversão. Fico por aqui agora, pedindo desculpas pelo tamanho que acabou ficando o texto, mas como escrevi na empolgação pós ver o filme, acabei falando até demais, porém sempre sem deixar spoilers. Como temos nessa semana uma boa quantidade de longas, volto logo mais com algum novo post, então abraços e até breve pessoal.

PS: Foi recolhido um coelho da nota devido ao 3D ser inútil e já ser anunciado que a continuação será dividida em 2 filmes, o que será apenas por dinheiro, mas do restante o longa com certeza vale a nota máxima pela empolgação causada e por entregar algo completamente superior até que a expectativa deixada pelo primeiro filme.


Leia Mais

O Dia Que Durou 21 Anos

3/18/2015 12:44:00 AM |

Um gênero que poucas vezes acompanhamos no interior, principalmente que só vê filmes em cinemas e mostras como eu, é o dos documentários, e existem alguns que deveriam ser obrigatórios ficar passando nas salas de cinema a cada semana para que alguns que se dizem estudados vissem para não ficar falando besteira em manifestações e principalmente nas redes sociais como andamos vendo ultimamente. E um exemplo perfeito desses obrigatórios é "O Dia Que Durou 21 Anos", que foi feito em 2012, passou em alguns cinemas em 2013 quando estreou comercialmente e agora somente apareceu no interior na Mostra Golpe Sulamericano do SESC Ribeirão, e o que é mostrado na tela grande é praticamente a mesma coisa que assistimos nos noticiários nos últimos dias, com a única diferença de que no longa as imagens são em preto e branco com uma coloração colocada, enquanto atualmente temos imagens nítidas em HD. O filme é um retrato histórico perfeito e muito bem pesquisado para que a montagem detalhasse o que foi o Golpe Militar de 1964 e como o governo americano ajudou de perto para que tudo acontecesse.

O documentário mostra a influência do governo dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Brasil em 1964. A ação militar que deu início a ditadura contou com a ativa participação de agências como CIA e a própria Casa Branca. Com documentos secretos e gravações originais da época, o filme mostra como os presidentes John F. Kennedy e Lyndon Johnson se organizaram para tirar o presidente João Goulart do poder e apoiar o governo do marechal Humberto Castelo Branco.

A forma didática e animada que foi montado o filme, utilizando elementos bem visuais junto com os depoimentos e leitura de documentos, não apenas nos entrega algo cheio de requinte com documentos secretos e coisas interessantes de forma que acabamos investigando tudo junto com o diretor, e isso é algo que o diferencia de documentários comuns, afinal como já disse uma vez aqui no site, a estrutura de um documentário se não for feita para atrair o público, acaba virando especial jornalístico de final de ano, e de certa forma cansa bastante. O que o diretor Camilo Tavares e o entrevistador Flávio Tavares fizeram foi algo que inicialmente parece não nos envolver e até chegamos de certa forma a ficar esperando mais deles, mas com o desenvolvimento que tudo vai tomando ao final do filme já estava debruçado na cadeira da frente apenas esperando até onde mostrariam, mas em 77 minutos não dá para falar tanta coisa e continuar envolvente, então o resultado foi ao mesmo tempo chocante por saber muita coisa podre que nem imaginava ter ocorrido, afinal não vivi nesse período e o que foi passado na época de colégio era o básico de cada período, não aprofundando muito sobre como foi o golpe, mas também nos deixou com um gostinho de quero mais, de forma que não sei se o diretor está envolvido em algum novo projeto, ou localizaram ele após falar tudo isso e está desaparecido dentro do Oceano Pacífico sem localização exata, mas com essa ideologia bem mostrada que fez, poderia trabalhar outras épocas da nossa linda política que encontraria muitos outras coisinhas ocultas.

A época da ditadura e do Golpe Militar é bem polêmica, pois sei de muitos que ainda apoiam e acham que foi a melhor época do país, sim existem vários em minha timeline do Facebook e com o que vimos nos últimos dias fica até difícil acreditar, portanto, prefiro não falar muito sobre o assunto para não arrumar inimizade com ninguém, e apenas recomendo por demais esse filme que se falar muito acabo estragando o prazer de quem for assistir, afinal são apenas 77 minutos que passam num piscar de olhos e não cansa de maneira alguma. Ou seja, quem tiver oportunidade dê um jeito de ver que vale muito a pena, tanto para quem não conhece, quanto para quem viveu a época e não sabia da metade do envolvimento dos EUA no Golpe Militar. A única coisa que me deixa muito triste é que poucos viram ele na estreia e continuarão sem ver, mas a esperança é a última que morre, então torço para passar em algum canal aberto. Fico por aqui hoje encerrando a semana cinematográfica, mas amanhã já estou de volta com um novo post da nova semana, então abraços e até breve pessoal.


Leia Mais

Hoje

3/15/2015 09:01:00 PM |

Que o período da ditadura foi algo que marcou o país não é necessário muito o que falar, afinal a maioria estudou isso nas escolas, pelo menos espero, mas o que pouco sabemos é sobre a influência de traumas na cabeça das pessoas, como isso acaba se desenvolvendo. Aliado a tentativa de mostrar como a mente desenvolve uma certa culpa por estar recebendo um dinheiro pelo desaparecimento de seu marido, o filme "Hoje" nos instiga a pensar o quanto foi sofrível as torturas que muitos sofreram na época e até onde isso justifica a retratação através de dinheiro anos após. E se ampliarmos a discussão podemos pensar em outros estilos de retratação que acabam existindo por aí para "minimizar" o sentimento de culpa, ou seja, o filme teria milhares de maneira de trabalhar esses problemas e também a mente das pessoas, mas optou por ser menos abrangente e de certa forma foi interessante e envolvente, falarei abaixo de alguns problemas técnicos, mas o filme no geral vale a pena ser visto.

O filme nos mostra que uma ex-militante política recebe indenização do governo brasileiro pelo desaparecimento do marido, vítima da repressão desencadeada pela ditadura militar brasileira (1964-1985). Com o dinheiro, ela pôde comprar o tão sonhado apartamento próprio e libertar-se desta condição de suspensão em que viveu durante décadas, período em que não era sequer reconhecida oficialmente como viúva. No momento da mudança para o novo lar, seu marido volta. O encontro entre os dois, repleto de emoções, obriga Vera a rever toda sua trajetória.

O roteiro foi todo trabalhado em nuances de recortes, e mesmo sendo um filme bem linear, a todo momento nos vemos parando para pensar no que está acontecendo ali, e isso mostra a força do filme, pois como digo há filmes que você vê uma vez só e já consegue falar a história completamente talvez até com menos de 2 cenas, e outros você irá rever, achar pontos e mais pontos para ser trabalhado e ainda assim terá dúvida de se é isso mesmo que você achou. E embora seja um longa de 2011, que estreou comercialmente em 2013, mas somente agora consegui ver ele na Mostra, o recado que os roteiristas nos passam é algo muito atual e interessante de ser pensado sobre o que é bom ser retratado ou como isso deve ser feito. E a diretora Tatá Amaral foi certeira no ponto de não entregar respostas rápidas, mas sim ir com calma trabalhando um filme com nuances leves e pontuais, claro que em certos momentos a lentidão e planos estáticos sem fala alguma cansam, mas no geral o resultado do trabalho inteiro é bem satisfatório e envolvente.

Sobre a atuação, falar de Denise Fraga é algo quase que sempre repetitivo, já que é uma das poucas atrizes nacionais que se entregam totalmente para um papel, desenvolvendo semblantes, expressões e incorporando os diálogos que lhe são entregues de uma maneira única e que dá para vivenciar totalmente, e aqui não seria diferente com o que nos mostra, sempre emocionando e trabalhando cada cena com o que seria mais acertado para o momento, e assim dando um show em todas as cenas. César Troncoso é uruguaio, mas vive há bastante tempo no Brasil, porém ainda tem uma dicção do português péssima, e sem legendagem temos quase que descobrir o que ele falava no filme, pode ser problema técnico da mostra, mas mesmo que o volume fosse aumentado, ainda assim não falamos portunhol, ou seja, o ator pode ser muito bom que já vimos em outros filmes, mas ou legendam ele ou melhora a forma de expressar para se tornar entendível. Os demais atores apenas participam, aparecendo em determinadas cenas, o entregador João Baldasserini até cabe bem o personagem para mostrar a simbologia de que a personagem ainda se tortura com sexo desenfreado, mas o personagem da síndica Lorena Lobato embora chato demais por tudo que fala, não vi colocação inteligente nas propostas dela em relação ao filme.

Embora o longa fique preso somente no apartamento, temos diversas simbologias com cada elemento colocado em evidência, seja na torneira pingando sem concerto, nas janelas parcialmente cerradas ou tapada por jornais, os móveis chegando sem identificação indo para qualquer lugar ou num cantinho, e por aí vai, com isso o trabalho de Vera Hamburger é evidenciado e trabalhado para que o filme crie vida além dos personagens, e junto das projeções cenográficas incríveis deram uma concepção diferenciada para duas cenas bem trabalhadas. A fotografia utilizou o tom escuro exagerado demais, mas que contrabalanceou bem com as sombras que criaram, mas funcionaria da mesma forma e até seria mais bonito um tom acima de luz nas cenas menos densas, mas isso é opinião de quem não curte filmes escuros demais sem um propósito claro, e aqui não tinha essa necessidade, mas aceito o pensamento da diretora em talvez ocultar fatos.

Bem é isso, um filme bem feito, com uma proposta clara e desenvolvida corretamente, talvez com alguns ajustes seria mais impecável ainda e agradaria mais ainda. Sei também que hoje na Mostra Golpe Sulamericano tivemos muitos problemas com a exibição do longa, e talvez sem esses erros veríamos um filme muito melhor também. Mas juntando os dois contextos, retirando algumas vírgulas, o resultado foi que o longa ganhou diversos prêmios em diversos festivais merecidamente, e dessa forma não tem como não recomendar ele para quem goste tanto de estudar a mente de pessoas pós-traumas e também como um período ruim no país pode ter influenciado a vida de diversas outras pessoas. Claro que já deixo a ressalva de que há diversos momentos lentos demais no filme e isso com certeza para quem não é acostumado com filmes mais calmos é capaz do sono evidenciar, mas vale o esforço para ver ele inteiro. Fico por aqui hoje, mas volto na terça com outro filme da Mostra, então abraços e até breve pessoal.


Leia Mais

Meu Nome é Paulo

3/15/2015 01:02:00 PM |

É interessante observar como os filmes cristãos andam sendo feitos no mesmo ritmo industrial que muitos blockbusters nos EUA e isso é algo que pode ser ao mesmo tempo bom, pois quem sabe podem desenvolver melhor algumas passagens da Bíblia que outros diretores mais malucos não conseguiriam, mas também pode ser uma bomba gigante, já que na maioria dos casos estão preferindo arrebanhar pessoas para a religião, exagerando em personagens que nem precisariam ser tão forçados, mas acabam desenvolvidos para pregar a religião. Com "Meu Nome é Paulo", ao menos deram mais ação para a história do apóstolo Paulo de Tarso, que aqui acabaram não traduzindo o sobrenome americano ficando Paul Cambio, e assim com uma trama policial inicialmente bem ágil e cheia de história para ser contada, acaba de uma forma simplória e sem empolgar nem os fiéis que foram conferir, ou seja, não sei se lá fora foi tão bem para já ter no IMDB até o segundo em pré-produção, mas aqui não acredito que irá chamar muito a atenção, pois como só vieram cópias dubladas, alguns cinemas estão vendendo o longa como se fosse nacional.

O filme nos mostra que cego pelo ódio, Paulo (Andrew Roth) fará de tudo para chegar até Pedro, seu inimigo e líder dos seguidores do "Caminho". Paulo está determinado a encontrar e matar quantas pessoas forem necessárias para chegar até ele. No entanto, um acidente acaba o levando para uma jornada de autodescoberta e redenção.

A história é bem simples e até chama atenção por não situar uma época em específico, mas a forma moldada para caber dentro da proposta religiosa incomoda um pouco, pois o filme não necessitaria de ser totalmente embasado na filosofia da igreja, mas como as roteiristas e o diretor optaram fazer dessa forma, o resultado acaba até sendo cansativo e piegas demais. Claro que existirão alguns que vão adorar, falar que realmente Paulo era, é e será dessa maneira, que a conversão é a melhor cura e por aí vai, mas de certa forma o curta do diretor estreante em longas Trey Ore acabou virando um filme bem desenvolvido que soube ser favorável ao que pregava, porém repito, com uma história sem muito a que ser mostrado sem ser seguir ou não o tal "Caminho" e a busca por Pedro pelos fiéis e pelos governantes, não vai fazer com que alguém que não siga determinada religião mude de lado, muito menos goste de algo feito somente para isso. Então é um filme com público determinado, que comercialmente pode até ter uma certa rentabilidade, mas se mostrassem os dois lados da moeda, talvez agradaria um público maior e envolveria mais. Talvez o diretor aprenda a lição no próximo já que está previsto pra 2017, "Meu Nome é Paulo II" então veremos o que irá acontecer até lá.

Assim como ocorre em Bollywood, os atores desse gênero de filme fazem dezenas de filmes que acabam nem passando por outros países, sendo vistos claro apenas pelos seguidores da religião através de vendas direcionadas, e um ou outro acaba aparecendo nos cinemas, dessa forma quem for pesquisar um pouquinho sobre o protagonista Andrew Roth pode até se assustar com a quantidade de filmes que o ator já atuou e você nunca viu, e não podemos dizer de forma alguma que o que ele fez em cena é ruim, pois foi expressivo, fez boas interpretações, mas a mudança da água pro vinho de seu personagem é um erro gritante na concepção do roteiro, e isso chega a beirar o amadorismo de certa forma, mas como o ator não tem culpa do texto que lhe é entregue, o que fez foi algo bem trabalhado com seu Paulo. De início não tinha entendido o motivo de tanto destaque na personagem Patricia, mas depois ao descobrir que seu nome é Vanessa Ore, roteirista do filme e com algum parentesco com o diretor, o qual não consegui descobrir, fica tudo mais claro, pois a dramaticidade da atriz é fraca e o personagem só tem a ligação com o protagonista pelo garoto do início da trama, e mais nada importa o que faz no filme, então fez o personagem se destacar no texto e não agrada. Dos demais, a maioria acaba tão de passagem pela tela que não temos envolvimento quase que nenhum com eles, e isso acaba sendo um pouco ruim, pois poderiam utilizar alguns personagens mais fortes no próximo filme, já que pensaram nisso, por exemplo nas cenas dos "vilões" usaram atores sempre com expressões tão fracas que já até esqueci seus nomes para citar, e olha que não passou nem um dia que vi o filme, ou seja, totalmente nulos.

O visual da trama é interessante, pois ao não determinar a data em que ocorre os eventos puderam trabalhar com uma cenografia seca nos planos abertos, e nesses momentos é que o foco fica interessante, mas ao entrar para as cenas em locais fechados o problema é gigantesco, pois o orçamento não ajudou muito e temos desde panos feios enfeitando a cenografia sem servir para nada, como cortinas estranhas na sala dos vilões, e no abrigo dos seguidores do "Caminho", a simplicidade ficou boa já que pregam a pobreza, mas falharam ao exageram no nada em cena. A fotografia trabalhou com sombras em boas proporções, o que é legal de ver, iluminando principalmente quem deveríamos observar, mas na cena da conversa do protagonista com uma voz ficou meio absurdo demais.

Enfim, é um filme que talvez pessoas mais religiosas achem excelente e venham reclamar com minha crítica, mas para quem for ver o filme apenas como um entretenimento a garantia é de grande decepção. Outra sugestão é para que as distribuidoras se não forem mandar legendado, ao menos avise os cinemas que o filme é americano e dublado, pois falar que é nacional é querer abusar da inteligência do público. Hoje a sala estava bem vazia na hora que fui, diferente do outro do mesmo estilo que vi ano passado, então não posso garantir que será um sucesso com as pessoas religiosas também, mas se depender do que vi, não consigo recomendar não para ninguém. Bem é isso pessoal, para fechar a semana ainda terei dois longas da Mostra Golpe Sulamericano do Sesc, então abraços e até breve.


Leia Mais

O Sétimo Filho em 3D

3/14/2015 01:33:00 AM |

Olha, já perdi a conta da quantidade de séries fantasiosas que possuem diversos livros, e que produtores gananciosos correm atrás dos direitos para adaptar como filme e acaba virando um desastre. Não falo isso somente por "O Sétimo Filho" que entrou em cartaz nessa quinta-feira, mas vários outros tentaram a sorte de roubar o nicho que algumas sagas deixaram aberto nos cinemas e histórias fracas acabam lançando apenas o primeiro filme e não continuando com a saga completa para que realmente ocorra o desenvolvimento dos personagens, como acaba ocorrendo na maioria dos livros. Aqui temos até excelentes efeitos e um 3D primoroso de profundidade, mas a história é tão simples que não nos envolvemos para querer assistir alguma continuação proveniente do que foi mostrado, e pelo que andei pesquisando os fãs da série literária estão querendo a cabeça do roteirista numa bandeja, então se não funcionou como filme solto e não empolgou os fãs, significa nada mais nada menos que uma bomba completa.

O filme nos mostra que John Gregory é o sétimo filho do sétimo filho e mantém uma cidade do século XVIII relativamente bem e longe dos maus espíritos. No entanto, ele não é mais jovem e suas tentativas de treinar um sucessor foram todas mal sucedidas. Sua última esperança é um menino chamado Thomas Ward, filho de um jovem fazendeiro. Seu primeiro desafio será grande: Ele terá que enfrentar a Mãe Malkin, uma terrível e poderosa bruxa, que escapou do seu confinamento quando o grande mestre Gregory estava afastado da cidade.

Quando um roteiro não empolga geralmente falamos que é falta de criatividade dos roteiristas, mas o que falar quando é adaptação do primeiro livro de uma saga de sucesso? Algo que muitos podem dizer até ser simples, pois alguns livros é só pegar e gravar, já que possuem bons diálogos, já é explicitado detalhes cenográficos e tudo mais, mas aí surgem os famosos adaptadores criativos, que querem colocar personagens mais marcantes, efeitos mais chamativos, tudo para elucidar um trabalho único, e o que acabam fazendo? Transformando a história em algo que não compra nem fãs do livro, nem alguém que vá ver o filme como uma aventura. Talvez se tivessem seguido uma linha mais sombria e cheia de suspenses agradaria mais, pois o romance entre o jovem aprendiz e a jovem bruxinha não convence, os ajudantes da mãe bruxa são mais cômicos que os filmes dos Trapalhões, e o começo do filme aonde está? Cadê qualquer explicação do motivo que tudo ocorre, que o que acabou ficando no ar é apenas uma vingança dele ter se casado com outra, com certeza não! Então temos diversos problemas que precisavam ser sanados antes da filmagem para que tivessem entregue ao diretor algo mais crível e que aí desenvolvendo tudo sairia algo aceitável. Mas você deve estar se perguntando: o diretor não poderia arrumar essa bagunça toda? Respondo que alguns diretores conseguiriam dar uma saída razoável para a trama, mas Sergey Bodrov não é um diretor tradicional e mágico das telonas, ele apenas se conteve ao roteiro e chamou uma equipe milagrosa para dar bons efeitos para todas as cenas, e com uma câmera super potente mais uma computação primorosa fez visuais incríveis para que ao menos seu filme fosse gostoso de acompanhar, e assim relevarmos a maioria dos problemas. Ou seja, até que foi uma saída eficiente, pois quem gostar de paisagens com longas perspectivas é capaz até de esquecer que na sua frente tem os melhores assassinos do vilão que não conseguem sequer desviar de uma pessoa.

Sobre as atuações, Jeff Bridges ficou no meio termo de engraçado e maluco com seu Gregory, pois é inegável que participou de boas coreografias de lutas, mas não conseguiu demonstrar em momento algum fatores convincentes do personagem, faltando expressão em alguns momentos e em outros parecendo estar fazendo uma paródia do filme, abusando de um teor cômico que com certeza o personagem não deveria ter. Ben Barnes até possui uma pequena pinta de galã, mas demorou muito para que seu Tom engrenasse no filme, de forma que se fizerem um segundo filme talvez até seja agradável o personagem na trama, mas aqui até resolver partir para o ataque é um enrosco só na tela. Talvez até me crucifiquem após dizer isso, mas Julianne Moore está melhor e mais envolvente nesse filme do que no que ganhou o Oscar, claro que lá é mais intimista e centrada enquanto aqui a personagem apenas tem uma grande imponência visual, mas soube fazer de sua Mãe Malkin uma vilã competente e interessante de acompanhar e isso prova que a atriz entrou num ano excelente. Alicia Vikander é outra que talvez num próximo filme engrene com sua Alice, pois aqui enfeitou demais e não conseguiu convencer a química com o protagonista, mas ao menos deixou sua mensagem no ar, repetindo várias vezes. Dos demais vilões eu dispenso falar individualmente, pois como falei acima parecia filme dos Trapalhões, aonde tudo servia para rir, melhores assassinos que não conseguem fazer nada, Radu com machados na mão mas erram tudo, a outra que era um leopardo com olhares jogados para todo lado, mais perdida em cena que tudo sem saber a hora que entrava efeito digital ou não, ou seja, economizaram demais com atores para a trapalhada ser perfeita.

Agora o melhor do filme com certeza está no quesito visual, pois aliado à uma perspectiva 3D de imersão impressionante, o resultado passado nas grandes telas dos cinemas é de admirar realmente, temos detalhes que pareceram ser filmados ao invés de criados digitalmente e isso mostra que o trabalho da equipe computacional foi além do satisfatório. E contando com diversos tipos de armas, para que os efeitos fossem bem mostrados, a cada cena de enfrentamento ficamos esperando como será a morte para que o efeito funcione e agrade também. Além disso, com muitos cenários bem pensados e trabalhados, com toda certeza podemos dizer que a equipe procurou ler os detalhes escritos no livro para desenvolver cada nuance e ambiente da trama, de forma a suprir erros que já falei mais para cima. A fotografia misturou cores bem colocadas e mesmo tendo cenas bem escuras ainda conseguiu deixar a tridimensionalidade evidente e bem feita, coisa que são raros os filmes que consegue esse feito, e sempre abusando do tom alaranjado nas lutas, a cenografia do filme chegou a ter vida própria para convencer e isso é interessante quando sabem por a luz no ponto exato para que o digital não ficasse tão falso. Agora os amigos que curtem ver 3D com coisas saindo da tela, terão poucas cenas para comemorar uma ou outra coisa explodindo e sendo arremessado, o que poderia ter sido totalmente explorado em diversos momentos e também nas diversas cenas de voos dos dragões, ou seja, funcionou bem a perspectiva de campo, mas daria para trabalhar mais e agradar ainda mais.

Enfim, é um filme que pode até agradar alguns, mas dificilmente empolgará como deveria ser qualquer longa de ação e aventura. Poderiam ter economizado um pouco nos efeitos e trabalhado mais com o roteiro para que a história montasse como um todo e fosse um suspense aonde iríamos conhecendo mais sobre o que é ser o sétimo filho de um sétimo filho, o motivo que as bruxas querem destruir tudo, ou até mesmo um pouco mais da ordem que o mestre fez parte e quer sair treinando alguém para o lugar, daí talvez conseguiriam criar um início de uma saga satisfatória que todos ficariam esperando pelo próximo filme como aconteceu diversas vezes no cinema. Bem é isso pessoal, recomendo ele para quem gosta de um longa apenas com efeitos e pouca história para agradar, pois os demais irão reclamar com certeza, mesmo quem for fã dos livros. Fico por aqui agora, mas ainda falta conferir um longa das estreias da semana e os filmes da Mostra Golpe Sulamericano do SESC, então abraços e até breve meus amigos.


Leia Mais