Muppets 2 - Procurados e Amados

6/29/2014 09:58:00 PM |

Acho bacana quando uma continuação começa na sequência exata que terminou o primeiro filme, claro que isso não vale para filmes realmente sequenciais que foram cortados em 2, como andamos tendo ultimamente, pois mostra que a equipe está consciente de que o produto original foi bem feito e vale seguir a mesma linha. Com "Muppets 2 - Procurados e Amados", essa conexão vai mais além ainda, pois continuam com toda sintonia logo na canção que inicia o filme quando os bonecos ficam sabendo que vão fazer uma continuação, e nela já fazem diversas piadas com continuações e nos mostram bem como é a discussão de como continuarão fazendo um bom filme. E nessa pegada, o filme tem alguns pequenos problemas no decorrer da trama, mas conseguiram criar um contexto tão bacana com a introdução de novos personagens que o filme anda sozinho que mesmo quem não gostava tanto dos personagens vai acabar se divertindo bastante com os musicais propostos.

O longa nos mostra que depois da aventura de Os Muppets (2011), Kermit, Miss Piggy, Animal e toda a trupe conversam com um novo empresário, Dominic Badguy, que pretende levá-los em uma turnê mundial. Kermit hesita, mas os Muppets são ambiciosos e aceitam a proposta. No entanto, eles caem numa armadilha, quando o perigoso sapo Constantine sequestra Kermit e consegue se infiltrar nos Muppets, passando pelo líder do grupo. Enquanto o pobre Kermit tenta escapar de uma prisão de segurança máxima na Sibéria, controlada a mão de ferro por Nadya, o resto dos Muppets passa a conviver com o intruso dentro do grupo. Mas um investigador francês da Interpol está de olho nos Muppets, já que uma porção de roubos de obras de arte estão acontecendo próximos às apresentações de Piggy, Gonzo e cia.

A grande sacada do filme foi trabalhar com os personagens funcionando mais como equipes, e não tanto tentando apresentar a individualidade de cada um, e dessa forma os protagonistas Kermit e Piggy acabam até tendo mais destaque e nos envolvem com os musicais mais malucos possíveis, envolvendo todos os demais convidados para o filme. A ideologia dos roubos ficou bem encaixada e funcionou bastante junto da trama dos bonecos, não destoando tanto nem o lado policial, nem saindo do lado musical tradicional que tanto conhecemos e sabemos que os bonecos fazem bem. O diretor James Bobin continuou o que fez do primeiro filme um sucesso e acrescentou mais umas boas pitadas na trama para dar agilidade aos atos dos protagonistas e com isso, o ritmo do novo filme é frenético, desde o começo até as cenas que finais, a única coisa que poderiam ter trabalhado um pouco mais é o lado cômico, que não funcionou tanto com os bonecos, sendo mais divertido ver os convidados em situações absurdas do que alguma sacada característica que agradavam tanto nossa infância ao ver o desenho dos Muppets.

Antes de falar dos convidados do filme, vale destacar também as caretas de Rick Gervais que deixou ele como um protagonista misto entre o lado mais malvado e o lado bobo de alguns vilões e isso ficou interessante de acompanhar, juntamente claro ao mostrar uma boa habilidade de sapateado logo no começo do filme. Tina Fey saiu muito bem na trama, impondo um sotaque bem carregado para seu personagem e conseguindo bons momentos como controladora mão de ferro na prisão, e claro fazendo boas piadas de humor mais negro também, já que essa é sua característica principal. Ty Burrell exagerou um pouco na comicidade de um papel que seria mais sério, o de policial investigativo, mas como são poucas as suas cenas, conseguiu ser coerente com o boneco que lhe acompanhava sempre. Dos bonecos, ver o filme legendado é uma alegria imensa, pois todos estão com suas vozes originais e piadas originais recaem como uma luva nas vozes dos dubladores que trabalham com os bonecos há anos, então se tiver essa opção na sua cidade aproveite. Dos convidados é até difícil destacar alguém, pois são tantos e cada um agrada de uma maneira diferente, por exemplo na prisão vale rir muito de Ray Liotta, Tom Hiddleston, Zach Galifianakis, Danny Trejo e até a aparição rápida de Cloe Grace Moretz é bacana, já nas apresentações temos bons momentos de Salma Hayek e Christoph Waltz dançando com os bonecos, mas os grandes momentos são de Celine Dion cantando com Piggy e Usher fazendo caras e bocas como lanterninha.

O longa passa por diversas cidades, e em cada uma delas dá destaque para um teatro mais bonito que o outro, com uma sabedoria magistral onde os bonecos acabam colorindo bem cada cantinho de espetáculo e juntamente dos ensaios sempre usando algum elemento que esteja ali pronto para servir para o momento. Na prisão da Sibéria souberam usar da cor cinza muito bem com cada presidiário tendo sua característica marcante e agradando bastante na cenografia que é bem utilizada. A fotografia trabalhou bem oscilando poucas nuances de cor, já que por ter muitos bonecos que são controlados por fios ou mãos, na edição tudo é necessário ser removido então utilizaram apenas da tradicional luz de contra e trabalhou-se mais com o colorido dos próprios bonecos ao invés de filtros diversos.

Por ser um filme musical, o roteiro foi muito bem trabalhado com as músicas originais dando as ações para cada ato do filme, e embora talvez cansasse ficar ouvindo a todo momento os bonecos e protagonistas cantando, ficou interessante de ver que não trabalharam somente com canções conhecidas fazendo versões, mas optaram por colocar muita coisa irreverente criada para agradar tanto ao dar ritmo no filme quanto para as situações ficarem engraçadas, e esse serviço de Bret McKenzie e Christophe Beck foi de extrema importância.

Enfim, quem gosta do estilo animação de bonecos pode ir com toda garantia de se divertir bastante, é um gênero que não é tão feliz como as animações tradicionais, mas ainda agrada bem, principalmente para quem assistia na infância os desenhos da trupe. Vale destacar também o curta-metragem "Central da Festa" que passa antes do filme e posso dizer sem pestanejar que é muito melhor que o filme "Universidade Monstros", ou seja, 15 minutos que foram mais divertidos que um filme todo da Pixar, que vem só caindo ultimamente. Bem é isso pessoal, recomendo o longa dos Muppets e o curta dos monstros para todos que gostem de um bom musical e esteja disposto a algo não tão elaborado, mas que diverte. E se for possível veja legendado, que as piadas estão bem engraçadas. Fico por aqui agora, não sei se conseguirei ver o média-metragem da BBC devido os horários ruins, mas ao menos todas as estreias da semana no interior consegui pegar mesmo com essa bagunça dos horários da Copa. Então abraços e até breve pessoal.


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O Homem Duplicado

6/29/2014 02:15:00 AM |

Se existe um gênero que podemos falar ser o que não dá para ficar em cima do muro e dizer que ou gosta ou não é o suspense psicológico, pois este estilo faz com que o público que ama, saia do cinema confuso, algumas vezes até não sabendo se entendeu o que viu, mas sai apaixonado pelo que foi mostrado, agora quem não gosta vai falar horrores, dizer que o filme é um lixo, e mesmo até parando alguns minutos para tentar entender continuará odiando tudo na obra exibida. Os livros do Saramago são todos extremamente complexos e por serem de difícil leitura funcionam do mesmo estilo que disse, então um filme baseado em um livro dele, podemos ir ao cinema já esperando muita dificuldade no que vamos encontrar. "O Homem Duplicado" é um filme que você pode ir esperando algo e tirar diversas conclusões, mas sair da sala certo do que viu com toda certeza estará mentindo, pois necessitará de pensar muito, ficar com dor de cabeça, que é meu caso agora que estou escrevendo, para somente bem depois tirar algumas conclusões mais precisas. Como prefiro não estar certo ou errado sobre os meus pensamentos, não vou colocar aqui nenhum spoiler, quem quiser me mande um e-mail pelo contato ao lado que vamos discutindo, mas o que posso adiantar com muita certeza é que não é um longa fácil de analisar, mas é belíssimo dentro da proposta que tenta passar.

A sinopse nos mostra que um pacato professor de história descobre acidentalmente a existência de um sósia seu, um ator, quando assiste a um filme banal. Ele, então, resolve ir atrás de seu duplo, envolvendo sua namorada e a esposa dele, em uma trama de suspense que muda a vida a vida de todos os personagens.

Após escrever esse texto inicial, fui conferir um vídeo que um amigo crítico indicou em sua página, pois não iria conseguir dormir pensando se estava certo ou errado sobre o que achar do filme, e graças ao bom Deus do cinema, minhas convicções sobre o que havia visto estão ao menos semelhantes com o que é mostrado no vídeo. Então embasado nisso, posso dizer agora com mais clareza que o roteiro sim é genial por trabalhar com diversas incógnitas e não deixar nada tão claro e óbvio na trama, deixando certo apenas que o problema em si é algo bem trabalhado dentro da cabeça dos protagonistas e que envolve sim muito teor sexual. O diretor Denis Villeneuve é daqueles que trabalham a trama toda envolvendo símbolos, então quer uma dica para ver o filme e sair do cinema com a cabeça quente, observe tudo que esteja acontecendo além do que é dito, pois é mais fácil um quadro dizer muito mais do que o ator em si, e nesse quesito fui ver o filme olhando tanta coisa que confesso que algumas frases que vi no vídeo agora nem lembrava de terem sido ditas, mas que teriam ajudado também a decifrar a trama. E ao usar tantas referências, o diretor consegue ao mesmo tempo explicar e confundir mais ainda o espectador. Ou seja, há grandes chances de acontecer o que vi na saída do filme, de muita gente reclamar de não ter entendido nada, e não temos como falar que isso é algo bom, pois um filme que deixa a maior parte do público sem entender nada é belo somente para quem ama o estilo, e para nós produtores o que acaba acontecendo é uma bilheteria baixa, ou seja, adeus dinheiro, pois o boca a boca recomendando o filme acaba nem existindo. Mas por outro lado, força o cérebro a pensar, então quem for ver o filme se esforce um pouco que ao menos o básico é tranquilo de assimilar gastando uns 10 neurônios.

Quanto da atuação, Jake Gyllenhaal trabalha com uma centralidade impressionante nos seus dois personagens e pelos trejeitos tão bem inseridos na trama, não tem como não adorar o que faz, não deixando pistas, não sendo aberto, e o melhor, trabalhando com força atuante para ninguém botar defeito no que faz, sendo de um luxo impressionante. Mélanie Laurent consegue fazer semblantes tão interessantes que em diversos momentos acabamos achando que a chave da história pode estar nela, mas com o desenrolar da trama seu personagem ao mesmo tempo que deixa tudo aberto, termina de uma forma mais assustadora ainda, mas ainda assim tudo que faz tem coesão com o filme e agrada bastante. Sarah Gadon é um personagem mais para agraciar os olhos masculinos, e ser um personagem mais carnal do que introspectivo na trama, faz bem seus momentos, mas como não possui tantas falas, nem é de sua atuação que ficamos olhando tanto. E Isabella Rossellini faz uma mãe que chaveia praticamente toda a história com o que diz nos seus 2 momentos, principalmente nos quesitos mais simples de descobrir, e faz bem pela forma de entonação que dá no seu texto, pois se não notarmos isso é capaz de o filme ficar ainda mais difícil. Os demais personagens servem apenas de ligação para a trama então nem são tão importantes para discutirmos ou observarmos a fundo.

O longa possui ao mesmo tempo cenários bem trabalhados com diversos elementos cênicos prontos para serem utilizados como símbolos na trama e também muita coisa que só vai nos deixar mais confusos, e aí é que está a beleza de uma direção de arte nesse estilo de filme, pois poderiam apenas compor as cenas com coisas luxuosas que dariam um ar até mais vivo para a trama, mas optaram pela simplicidade e acertaram em cheio com tudo que é mostrado. A fotografia exagerou no amarelo puxado para o laranja, e não consegui situar se era algum motivo próprio para a trama, mas tornou acima de tudo agressivo e cansativo, de forma que poderiam ter mantido toda a sobriedade que queriam usando tons mais acinzentados que não ficaria nem feio demais e ainda assim manteria tudo que o diretor queria.

A trilha sonora toda bem pontuada de sons fortes e ritmados é algo que ajuda a afligir o espectador e quando ela acelera, junto ficamos mais tensos ainda com tudo que está acontecendo e dessa forma o clima só aumenta. Claro que alguns momentos a trama perde um pouco o fôlego e a trilha poderia ter ajudado mais na velocidade, mas como o gênero pede algo mais lento, o tom é acertado.

Enfim, mesmo saindo um pouco perdido do que vi na telona, já tinha gostado bastante do que vi, e após conferir o vídeo, que inclusive deixarei o link abaixo para quem já tiver assistido o filme devido a quantidade de spoilers, fiquei mais contente ainda de ter chegado até mais perto do que imaginava ser a trama. Já deixo a ressalva que não é um filme para todos, e como já disse por ser produtor, isso pontua negativamente dentro de um contexto econômico no cinema. Então se você prefere filmes mais fáceis de digerir, esse é um que deve passar bem longe, mas se você gosta de queimar a cuca e de filmes com teor psicológico elevado, pode ir agora pra sessão que vai sair discutindo por horas o que achou dele. Bem é isso, fico por aqui agora, mas ainda falta ao menos mais um longa que estreou por aqui para conferir, então abraços e até breve pessoal.




Link para explicação do filme, indicação de Leandro Valina do site "Filmes e Games":  https://www.youtube.com/watch?v=v9AWkqRwd1I
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Amazônia em 3D

6/28/2014 12:32:00 AM |

O estilo documental de exibir animais, florestas, e a natureza por completo, é algo que muitos gostam de conferir, mas e quando é colocado uma história de fundo? Com "Amazônia", embora seja dirigido por um francês, o Brasil entra forte nesse nicho que hoje é dominado pela Discovery e BBC colocando um macaco que nunca viveu na selva para conhecer a mata e aprender a viver lá, e juntamente à isso foi criado um roteiro onde acaba ocorrendo praticamente um monólogo que Lúcio Mauro Filho vai nos narrando sendo o próprio macaco. Embora o longa tenha exagerado no teor infantil, assim como vimos em "Caminhando com Dinossauros", o aparato técnico foi tão grandioso, que sou suspeito de dizer que se assistirmos o longa em casa com a função mudo ligada, é capaz de ser um dos melhores documentários sobre a Floresta Amazônica já feito. Mas como no cinema não existe essa possibilidade, posso dizer também que a criançada que gosta de algo mais voltado à aventuras e curte ver uns bichos deverá curtir bastante a historinha contada.

O filme é uma aventura em 3D no interior da maior floresta tropical do planeta: a Floresta Amazônica, onde Castanha é um macaco-prego domesticado que sobrevive a um acidente de avião e se vê sozinho na mata fechada. O macaquinho precisa aprender a viver em liberdade, num novo mundo onde há animais de todos os tipos: onças, jacarés, cobras, antas, gaviões. Aos poucos, Castanha aprende a viver na floresta, fazendo novos amigos, em especial a macaquinha Gaia, sua companheira de espécie.

Ao pesquisar sobre o filme para escrever o texto, fiquei pasmo ao ler a quantidade de equipamento que foi levada para a floresta: 45 toneladas!!! Daí o resultado é nítido, de imagens belíssimas que nos colocam quase que em uma visita imersa junto do pequeno macaco por onde quer que ele passe na floresta, com ângulos perfeitos e trabalhados que em diversos momentos nos faz pensar que é um trabalho computacional, mas não, é pura tecnologia a favor de cobrir um roteiro elaborado com minúcia pela equipe para transmitir a sensação de estar junto do próprio macaco e conhecer a floresta com outros olhos diferente dos documentários tradicionais. Claro que após toda a captação de imagens, foi montada a história para que os atores dublassem, que é justamente onde entra a parte não tão agradável da produção, por ficar algo mais banalizado e totalmente voltado para crianças, mas inegavelmente o trabalho do diretor francês Thierry Ragobert e a produção dos irmãos Fabiano e Caio Gullane, juntamente de toda a equipe mostra que algo grandioso pode ser feito no nosso Brasil.

Como já falei, um dos pontos que mais causam cansaço no filme é a narração de Lúcio Mauro Filho e em certos momentos de Isabelle Drummond, pois além de infantilizar muito o filme, acaba em certos momentos saindo do personagem principal que é a fauna e a flora da Amazônia para um personagem criado, e tenho certeza quase que absoluta que o público que mais quer ver o filme não quer ver um desenho, mais sim algo que apenas nos envolvesse. Acredito que se tivessem seguido uma linha mais documental com narrações pontuadas elucidando a vida do macaco ali, até usando alguns momentos cômicos mesmo, como costumam fazer a maioria dos documentaristas, sairia do original que quiseram fazer, mas agradaria bem mais.

Muitos irão me perguntar se vale a pena assistir ao longa em 3D, por ter sido filmado com a tecnologia já é algo que valha mais a pena que muitos itens convertidos por aí, temos uma profundidade de campo incrível, que acaba nos imergindo para dentro da floresta, então quem gostar do estilo recomendo pagar um pouco mais e ver da forma que ele foi idealizado, claro que aqueles que acham que 3D é somente coisas voando pra cima de você pode esquecer que isso não ocorrerá, mas pra quem quiser uma realidade aumentada é uma recomendação boa ver ele com a tecnologia bem empregada.

Enfim, é um filme com um visual magnífico, uma produção de cair o queixo que inclusive recomendo quem quiser visitar a página do nosso parceiro AdoroCinema e ver os making of vai ficar impressionado com tudo, uma montagem esplêndida, mas acabou pecando muito ao exagerar achando que apenas as crianças iriam querer ver o filme e com isso banalizaram tanto a narração que chega a cansar diversos momentos que o macaco está lá falando algo através de pensamentos. Está muito longe disso ter estragado completamente o filme, mas fez com que em hipótese alguma fosse um filme que qualquer pessoa pensasse em rever. Recomendo ele com esses detalhamentos, dizendo muito que vale a pena ver pelo visual e pela imersão que o 3D causa, mas quem não curtir histórias mais infantis, é melhor aguardar sair em Bluray 3D e ver em casa no mudo como sugeri no início. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda teremos mais alguns filmes para conferir, mesmo não vindo todas as estreias para o interior, então abraços e até breve pessoal.


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Junho - O Mês Que Abalou o Brasil

6/27/2014 12:47:00 AM |

Antes de mais nada, o que vou expressar aqui no texto é apenas uma parte da minha opinião, já discuti com alguns amigos sobre o assunto, e não sou, nem nunca serei um idealizador político de nada. Mas como confiro todos os filmes que lançam no interior, cá fui eu para uma sessão comentada com o diretor de "Junho - O Mês Que Abalou o Brasil". Gosto muito quando existe essa possibilidade de discussão após o filme, para ver se o que pensei inicialmente e durante a sessão bate com os demais espectadores, e principalmente com a ideologia do diretor ao fazer o filme, mas como no interior são raras as vezes que podemos ter essa oportunidade, então de forma alguma iria perder o filme, mesmo que tivesse o maior conteúdo politizado que fosse possível. Mas felizmente, a ideia do diretor, por ser um jornalista de um meio midiático importante, e principalmente por não querer criar algo além do que aconteceu, foi de criar um documento histórico, ou seja, documentar em um único material tudo que ocorreu naquele mês que marcou um país. Então, até tínhamos na sessão algumas pessoas de MST e outras causas sociais, que até saíram talvez um pouco frustrados com o que viram, diferente do que eu particularmente senti pelo filme gostando muito, pois o longa não tem a intensão de ser usado para criar uma revolta, fazer com que todos saiam quebrando tudo numa nova manifestação e tudo mais, mas sim mostrar que o que ocorreu em 2013 serviu sim para as pessoas passarem a discutir mais política e pensar melhor ao votar, ao exigir algo, à tudo e junto de um material riquíssimo que a TV Folha, a qual o diretor comanda, conseguiu captar, daqui a 10-20 anos quando as crianças estiverem estudando, num pensamento positivista e otimista, política ou então História nas escolas, possam saber como foi a mudança de um país através duma manifestação de muitos que estavam envolvidos inicialmente em uma causa, mas através de diversos fatores, que são precisamente bem mostrados no documentário, acabaram mobilizando uma população praticamente inteira para discutir o que achavam estar errado no modo que viam tudo ali.

O documentário mostra as manifestações que tomaram conta das ruas em diversas cidades do Brasil em junho de 2013. Tudo começou em São Paulo, quando a população organizou uma passeata contra o aumento das tarifas do transporte público. As reivindicações aumentaram, havendo protestos contra a corrupção, falta de serviços públicos e gastos excessivos com a Copa do Mundo. O movimento evoluiu e ganhou dimensão nacional, a ponto de levar mais de um milhão de pessoas às ruas.

Um dos gêneros que muitos acham não dar trabalho algum é o documentário, ledo engano, pois com o tanto de material que uma equipe inteira recolhe, cabe a um bom diretor e seu montador de confiança ou algumas vezes até ele mesmo, saber que boas partes escolher para tornar seu filme agradável para que todos assistam e reflitam no que ele quis passar e principalmente, quando o conteúdo é algo jornalístico, como é o caso aqui,  tenha várias vertentes tanto de um lado quanto do outro, para que seu material tenha um valor maior e sua opinião seja ressaltada. E no longa em questão, o diretor João Wainer foi sábio em trabalhar toda a situação de uma forma bem imparcial, colocando todos os fatores com pontuações intrigantes, mostrando cenas cômicas, violentas, emocionantes e até chocantes que ocorreram pelo Brasil afora, e com isso o longa acaba tendo um valor bem sistemático e pautado no que podemos esperar do filme, claro quem for ver ele como um registro histórico, já que quem for preparado para assistir e sair gritando da sala por novas reivindicações, não saia tão feliz da sessão.

Todos entrevistados foram bem eloquentes em seus pontos opinativos, usando sempre de boas referências e usando de um discurso sincero sobre os fatos, nem sendo exagerados em palavras de difícil entendimento, mas também não deixando de lado o conteúdo em que se embasaram para falar, não usando apenas os protestos que ao fundo estão ocorrendo para firmar nos discursos, mas trabalhando todo um contexto histórico, social, político e até mesmo filosófico para suas entrevistas, e essa escolha bem ampla dos entrevistados deu uma vertente mais sábia para que o filme não ficasse somente nos que sofreram agressão, os que foram às ruas, ou pessoas do outro lado como políticos e policiais. E assim a trama desenrola não alongando em nenhum momento, nem ficando trabalhado demais na capitulação dos dias de manifestações, que acabam apenas sendo uma referência para o material, não sendo um peso de cada ato.

Bem, como disse no início, não me aprofundei tanto na discussão politizado principalmente por não ser o motivo do site, preferindo falar mais do conteúdo dele como algo cinematográfico, e dessa forma posso dizer que mesmo não sendo de minha predileção documentários jornalísticos sobre determinado fato, gostei bastante do que vi e recomendo não tanto para ser visto agora, já que tudo que aconteceu ainda está bem fresco na memória da maioria dos brasileiros, ou melhor, para quem estiver esquecendo pense em dar uma assistida lá pro comecinho de Outubro que quem sabe vale a pena, e daqui alguns anos procure mostrar para as crianças mais novas que com certeza ou não viram ou não estavam ainda presentes nesse momento do nosso Brasil. Fico por aqui agora, mas essa semana será mais uma das bem corridas, já que os horários das estreias estão péssimos, mas com certeza esse Coelho aqui irá ver tudo que apareceu, então abraços e até breve com mais posts.

PS: Embora o diretor tenha demonstrado sua opinião pessoal no debate após a sessão, gostaria de ter visto um fechamento mais pontuado disso no filme, o que não ocorre, então apenas essa ressalva para a nota, mas tirando isso, é um excelente documentário.


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Um Plano Brilhante

6/22/2014 10:13:00 PM |

É interessante ver que as produções francesas tem importado astros internacionais para suas produções e com isso chamar atenção internacional diferenciada, já que muitos acabam tendo preconceito tanto com as comédias americanas, quanto com produções francesas, e o misto disso que pode ser visto em "Um Plano Brilhante" é algo com caras conhecidas no mundo todo, e a qualidade do roteiro que os franceses sabem dar para suas comédias. Claro que quem não está acostumado com comédias bobinhas francesas pode até achar o filme sonso demais, mas a proposta é tão absurda, com coisas tão impossíveis de acontecer que acaba divertindo e agradando o resultado final.

O filme nos apresenta um casal divorciado que elaboram um plano para tentar recuperar o dinheiro da aposentadoria que foi roubado deles por um empresário corrupto e inescrupuloso.

Com essa sinopse "imensa" fica até difícil alguém escolher esse longa para assistir no meio de tantos outros que estrearam nessa semana, mas longe de ser algo ruim, o filme trabalha de forma bem singela, ao melhor estilo da comédia francesa de situações absurdas que vão ocorrendo para que tudo aconteça de forma a fechar o ciclo iniciado. O diretor e roteirista Joel Hopkins conseguiu fazer um roteiro até razoavelmente bobo virar algo meio estilo espionagem, mas com toda comicidade bem leve que os franceses costumam por em seus filmes. Claro que veremos diversas situações totalmente absurdas de acontecer, mas a levada do filme acaba divertindo justamente pelos protagonistas acreditarem no que estão fazendo, e isso é bem raro numa comédia de absurdo funcionar.

Quanto da atuação, o que temos é um Pierce Brosnan que já vem trabalhando em comédias leves e que se encaixa bem no personagem que lhe foi dado, com isso o aproveitamento do personagem embora não seja algo tão primoroso, nos convence e até consegue divertir. Emma Thompson não consegue me convencer que pode ser humorista, prefiro seu tino mais dramático ou então mais dentro de uma seriedade, aqui até em alguns momentos mais coerentes consegue agradar mais e com isso não temos algo tão perdido. Timothy Spall consegue com poucos diálogos ser ao mesmo tempo fofo com a esposa e bobo com o que diz das suas desventuras pelo mundo afora, se não tivesse feito caras tão sem nexo agradaria bem mais. Celia Imrie aparentemente é a que está mais a vontade com seu personagem e mesmo recaindo em diversos absurdos que diz, acaba sempre saindo como fofa. Laurent Lafitte faz um empresário ao mesmo tempo arrogante e burro, pois cair nas situações que ocorre nem nos desenhos do Pica Pau aconteceria, e o ator fez trejeitos mais inconformáveis ainda de acreditar no que estava fazendo. E para fechar os principais personagens vale falar tanto da beleza de Louise Bourgoin quanto das boas sacadas que a atriz conseguiu reverter seu papel de boba e nula para algo mais revolucionário.

Como disse no Facebook, a produção parecia estar num filme do Woody Allen, pois são locações tão bonitas que escolheram para filmar que tudo que aparece é de um luxo ímpar na produção, com elementos cênicos sendo usados a todo momento em prol do filme e não apenas jogados na tela. Além disso, souberam adequar bem tanto o figurino para as cenas mais despojadas quanto pras de gala, claro que mantendo sempre o tino cômico na trama. A equipe de fotografia trabalhou muito com a iluminação natural dos ambientes e dessa forma as cores são todas bem tradicionais não tendo praticamente nada para destacar a não ser que sempre procuraram um ou outro elemento da cena para contrastar com uma cor diferenciada do restante da cena.

Enfim, é um filme ao mesmo tempo bobinho e bem feito que agrada pela proposta de não querer ser algo chamativo, a começar pela singela sinopse e o resultado final mesmo que não sendo algo genial consegue divertir e cativar o espectador que estiver mais acostumado com o estilo das comédias de absurdo francesas. Então recomendo para todos que gostam do estilo, que vão sem esperar nada inovador, mas sim uma comédia bem leve e gostosa de assistir. Encerro aqui a semana cinematográfica, onde tivemos diversas estreias e bons filmes para todos os gostos, então é só escolher qual mais agradar e ir conferir. Fico por aqui, mas na quinta estou de volta com mais estreias, então abraços e até lá.


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13° Distrito

6/22/2014 01:01:00 AM |

Existem certas coisas no mundo cinematográfico que vamos viver intrigados e quando achamos ter uma resposta, vemos novamente que ainda não chegamos nem na metade do assunto. Um desses paradigmas é o dos EUA terem a mania de assim como muitos brasileiros não gostar de legendas, só que diferentemente do que acontece aqui que tudo é dublado, algumas vezes pessimamente, lá eles optam por refilmar algum filme que tenham gostado e é em outra língua. E uma das soluções interessantes que ao menos tem dado certo é colocar pessoas da mesma equipe para fazer a refilmagem, e em "13° Distrito" funcionou razoavelmente ao usar o mesmo roteirista, produtor e até mesmo um dos atores principais. Outro fator que vai ficar sendo sempre outra incógnita é como em filmes policiais, os bandidos dão mil tiros e nenhum acerta o protagonista, e o protagonista dá 1 soco e o bandido vai pro chão.

O filme nos mostra que Brick Mansions é uma área da cidade de Detroit onde a violência tem índices altíssimos, o que fez com que a prefeitura local praticamente abandonasse o local à própria sorte. Com isso, traficantes como Tremaine Alexander ganharam status e poder, por mais que sejam combatidos por Lino, um especialista em le parkour que tenta erradicar as drogas do local. Entretanto, Lino tem problemas com a polícia, corrompida pelo crime organizado, o que faz com que seja preso. Um dos poucos que tentam realmente seguir as leis é Damien Collier, um detetive que recebe como missão entrar em Brick Mansions para resgatar uma bomba que pode matar milhões. Para tanto, ele precisa contar com a ajuda de Lino, que deseja retornar ao local para resgatar Lola, sua namorada, que foi raptada pelos capangas de Tremaine.

Não assisti ao filme francês "B13", mas confesso que fiquei bem curioso após ver esse que é um filme tradicional onde um policial acaba infiltrado em uma gangue para tentar resolver um problema pessoal, mas a mando de um político e a partir daí toda história se desenrola. Já vimos vários filmes desse estilo, e a parte da crítica social é bem interessante para o que andamos vivendo no Brasil. Claro que o fator morte de Paul Walker fez com que o filme fosse lançado nos cinemas e não apenas nas locadoras, mas esse cunho político também vale a pena ser um motivo a mais para ver o filme. Claro que se formos ao cinema preparados para reclamar, filmes desse gênero é chegar com a piada pronta, afinal são muitos tiros errados para socos certeiros, saltos que julgamos ser falsos, mas se pesquisarmos um pouquinho vamos levar uma cacetada imensa que explicarei melhor nos atores, além claro da velha façanha de nomes abrasileirados erroneamente, afinal a expressão 13° Distrito não é dita nenhuma vez no filme, apenas sendo usado para referenciar ao filme original. Ou seja, teria tudo para reclamar aos montes, mas não, vamos analisar como o primeiro trabalho na direção de um editor pode mostrar uma façanha interessante para quem quer algum dia dirigir um filme, que é olhar ele como deseja ser finalizado, e isso Camille Delamarre sabe de cor, pois já editou filmes de ação que erram justamente em passar toda essa falsidade da gravação, o que aqui embora podemos dizer que é falso a todo momento, foi feito de modo a não dar erro, então os efeitos de movimento funcionam e divertem bastante por sinal, entretendo o público e tornando a história mais interessante até do que é realmente.

Quando disse que os saltos pareciam ser falsos, mas não são, o motivo é que o ator tanto do filme francês, quanto da refilmagem David Belle é o criador do Le Parkour e treinador de dublês, então o ator que pulou como uma rã em diversas cenas do filme fez tudo dentro da realidade e mandou bem demais nos trejeitos interpretativos de modo a convencer bem do que está fazendo. Se muitos já estavam saudosos por ser o último filme que Paul Walker atuou inteiramente antes de seu falecimento em novembro/2013, vão ficar mais tristes ainda ao ver que o cara mandou muito bem tanto na composição do personagem quanto nas cenas de ação, dando uma característica interessantíssima para a trama que com certeza iria pedir uma continuação. RZA fez um papel calmo demais para um traficante, mas como organizador do tráfico até que soou legal tudo que faz. As mulheres da trama Catalina Denis e Aysha Issa ficaram forçadas demais e só salvam seus momentos de luta que são interessantes de ver. Os políticos apenas servem para aparecer e falar muito pouco então nem dá para dar relevância para o que fazem, e ainda assim fazem mal. E os demais são apenas personagens para as cenas de luta, tendo destaque Robert Mailet como Yeti, numa singular referência ao abominável homem das neves pelo seu tamanho.

Um fator muito bem feito foi a escolha das locações de filmagens, que acabou mostrando bem o estado deplorável de abandono de uma comunidade, falo isso pelo visual, mas faltou um detalhe crucial, mostrar mais pessoas nas ruas, abandono, e tudo mais para referenciar tudo que pedem no filme, mas como não estamos falando de um longa politizado, o que valeu e muito são os prédios bem no estilo que o filme pedia, com elementos internos condizentes com o tráfico e militantes armados até os dentes prontos pra agredir. Os carros nos remetiam a todo momento aos filmes que marcaram a carreira de Walker, com corridas malucas sem pensar em nada e embora tenha até sido bem encaixado na trama, ficaram exageradas demais. A fotografia abusou bem dos tons marrons e em alguns momentos puxou para o vermelho principalmente nas cenas onde envolvia o chefe do tráfico, inclusive com uma sala bem estranha toda iluminada em vermelho.

Enfim, é um filme bacana, mas ao mesmo tempo vemos exageros demais nas cenas, poderiam ser um pouco mais realistas que a ficção acabaria mais interessante de ver nas telas, ao exemplo do que insisto em frisar, a quantidade de tiros dados que não acertam nem de raspão, tirando um para não ficar tão falso, nos protagonistas, e assim sendo somente recomendo para quem gosta mesmo do estilo do filme. E recomendo também para quem já estiver com saudade dos trabalhos de Paul Walker, mas já deixo um sobreaviso que no início dos créditos ao aparecer in memorian com a foto do artista bate uma tristeza imensa pelo bom trabalho que fez e que faria mais ainda. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, ainda hoje fecho a semana com a última estreia do interior, então abraços e até breve.


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Como Treinar o Seu Dragão 2 em 3D

6/21/2014 05:20:00 PM |

O ano de 2014 já havia considerado um dos anos mais perigosos das produções cinematográficas, pois dentro dele continha alguns dos filmes que mais aguardava, e como já falei algumas vezes criar expectativa é algo perigoso, pois o filme pode até ser bom, mas atingir a expectativa que criamos às vezes acaba decepcionando um pouco, e aí a reclamação é a primeira defesa. Pois bem, "Como Treinar o Seu Dragão 2" era um dos que mais aguardava com ânsia de ver nos cinemas, aliás não sei nem como consegui esperar até hoje sendo que estreou na quinta, pois ainda não me conformo do Oscar de animação não ter sido dele, afinal a história era maravilhosa dentro de um contexto visual impressionante. Então cá estamos após 4 anos, com os personagens crescidos e novamente a equipe não falhou em detalhe algum, colocando uma história envolvente que nos transmite todos os tipos de sensações possíveis, numa cenografia incrível em que o conteúdo poderia agradar somente crianças, mas não, vai muito além deixando todos presos no que é mostrado. Agora deixo a pergunta: falta muito para 2016?

A sinopse nos conta que cinco anos após convencer os habitantes de seu vilarejo que os dragões não devem ser combatidos, Soluço convive com seu dragão Banguela, e estes animais integraram pacificamente a rotina dos moradores da ilha de Berk. Entre viagens pelos céus e corridas de dragões, Soluço descobre uma caverna secreta, onde centenas de novos dragões vivem. O local é protegido por Valka, mãe de Soluço, que foi afastada do filho quando ele ainda era um bebê. Juntos, eles precisarão proteger o mundo que conhecem do perigoso Drago Bludvist, que deseja controlar todos os dragões existentes.

O filme que tem base o livro de Cressida Cowell, a qual tem auxiliado o diretor Dean DeBlois na continuidade dos fatos, vem agora com os protagonistas crescidos encarar uma aventura maior, já que saem da pequena ilha de Berk para todo um ambiente maior, e com isso se o visual da pequena ilhazinha já nos impressionava, o que acaba sendo trabalhado agora é algo muito mais amplo e cheio de contexto. A inserção de novos personagens deu um gás diferenciado para a trama, pois o contexto de guerra ficou mais forte dentro de uma trama infantil, e mesmo não colocando sangue para todo lado, é inevitável alguns percursos mais dolorosos para as crianças, mas que necessitam ser aprendidos e estão dentro do que é mostrado no filme. Além disso, souberam trabalhar bem a trama para ter muita cor, preenchendo cada espaço com um dragão de estilo diferenciado, o filme mesmo tendo os protagonistas acaba tendo agilidade por todos os lados. Ou seja, o diretor soube amarrar cada ponta do filme para que a história seguisse um rumo certo tanto para convencer e emocionar o espectador, quanto para dar o fechamento desejado da trilogia que imaginou logo ao fazer o primeiro filme, que segundo consta já vem pensando até em virar uma quadrilogia.

Os personagens possuem cada um sua própria característica e dá para cada pessoa se identificar com cada um pelo estilo de ação que adota, e além disso a boa dublagem colocou expressões tradicionais incorporando mais naturalidade para o filme no território nacional. Soluço agora já mais crescido está com mais responsabilidades e como todo homem hesita em abandonar a juventude para tais atos, e seu crescimento dentro da trama acaba sendo algo notável e interessante de acompanhar, agradando bastante. O dragão Banguela é o tradicional cachorro bobo que todo mundo adora e suas atitudes nos dois últimos atos são ao mesmo tempo emocionantes e fortes de ver. Os demais personagens antigos possuem participações mais rápidas de ligação em cada cena, não sendo nada muito importante para a trama. Enquanto que dos novos Valka é a versão feminina de Soluço e nos envolve com suas habilidades com os dragões e consegue comover bem nas cenas mais romantizadas. Drago é um personagem bem rude e chega a dar um pouco de raiva do que faz, mas ainda assim não é um dos vilões mais fortes que já vimos, pois assim como vilões de animações costumam ficar parados na cena que pode acabar com tudo, ele também não faz nada e fica por isso, sendo dublado por Rodrigo Lombardi, o qual a voz está irreconhecível, ficou com trejeitos bem interessantes também. E Eret agrada mais por ser divertido de ver a personagem da jovem gêmea ficar apaixonada de uma forma viking bem cômica, e não tanto pelo personagem dele em si.

O filme mesmo contendo uma temática mais adulta conseguirá agradar bem as crianças pela modelagem dos personagens e pela alta quantidade de cores, que deram um visual incrível para a trama. São tantos dragões diferentes que nem dá para escolher o mais legal, mas vale destacar os alfa pela rusticidade encontrada para retratar eles e por todo contexto que cada um passa. As cenas de batalha também impressionam pela quantidade de personagens animados cada um de sua maneira, de forma que quem sabe o quanto é trabalhoso fazer apenas um movimento, imagina diversos então. Por termos diversas cores entre os personagens, a fotografia da trama não é tão fluída, mas conseguimos distinguir tanto os momentos mais fortes pelo tom mais opaco nas cores para comover o público e mostrar seu ponto de virada. A estética concebida para criar os personagens e a cenografia da trama foi feita com todo cuidado para saltar aos olhos nos efeitos tridimensionais de profundidade, então ao assistir o filme, muitos podem até não achar de ter tantos elementos saltando da tela, mas é notável ver detalhes tanto nos personagens que estão na frente da tela, quanto nos que estão voando atrás ao longe.

A trilha sonora escolhida foi muito bem encaixada e agrada na medida certa para nos envolver e dar o ritmo certo para cada momento, transformando a aventura em algo melhor ainda que vai só crescendo a cada cena para o final mais impactante ainda. E nos momentos mais tristes e fortes, a densidade musical também é trabalhada para comover o espectador, e por que não dizer até arrancar talvez uma lagrima de quem estiver mais emotivo.

Enfim, todas as expectativas que estava em relação ao filme foram supridas e embora muitos estejam dizendo que preferem o primeiro longa pela criatividade, irei contra a corrente e vou dizer que prefiro bem mais esse pela dinamicidade e capacidade de colocar todos os sentimentos num único filme. Claro que cada um tem o seu gosto pessoal, mas vou recomendar ele com toda certeza para que todos com crianças ou não para levar confiram o filme, pois é garantido sentir emoção, raiva, tristeza, alegria e tudo mais que for possível dentro de um filme, então algum momento do longa vai lhe remeter a algo na sua vida e com isso já será possível tirar uma das várias lições que o filme quis passar. Hoje também vi o meu primeiro filme em 3D numa sala Imax, afinal as duas vezes que tinha ido para a capital só estavam passando filmes 2D, e posso dizer que a imersão é algo bem interessante de se conferir, e agora que temos uma sala por aqui também vale a pena às vezes pagar um pouquinho mais caro para ter sensações diferentes. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas ainda tenho mais duas estreias para conferir, então bem em breve estarei de volta com mais textos. Abraços e até mais.


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Vizinhos

6/20/2014 11:58:00 PM |

Acho engraçado quando vou assistir um filme sabendo o que esperar dele apenas pelo trailer, e as comédias estreladas por Seth Rogen em 90% dos casos já podemos esperar muita bizarrice, situações cômicas forçadas, piadas com outros filmes e quase sempre alguma escatologia. Se você não tiver nada contra tudo isso, com toda certeza irá rir muito de "Vizinhos" e irá se divertir bastante, claro que chocando com algumas cenas, mas irá rir muito, agora se você tem problema em ver qualquer estilo de cena do gênero, nem pense em passar pela porta do cinema que a chance é alta de ficar bravo com o que verá. Como não tenho pudor com nada no cinema, afinal se não é um documentário sobre algo verídico, ou algo que necessite a alma sair do corpo para entender o filme, vou preparado para ver qualquer coisa que não irei ficar chocado, então dei boas risadas, mas ainda assim não posso falar que é uma excelente comédia, pois o nível de exagero em algumas cenas é fora do comum.

A comédia acompanha a vida do casal Mac e Kelly Radner que, depois da chegada de sua primeira filha, devem lidar com as novas dificuldades e, além disso, terão de suportar o dia a dia ao lado de seus mais novos vizinhos: uma república cheia de estudantes festeiros, liderados por Teddy Sanders.

Embora seja um estilo de filme que força a barra para rirmos, temos de admitir que o roteiro foi bem elaborado para que as situações ocorressem, e lembrando ainda de "Projeto X", onde a festa só vai piorando tudo, aqui o longa vai se levando a fora e poderia virar um estilo do filme citado ao inverso, em como acabar com a festa. Ai é que entra o problema de um ator que não sabe ser cômico tradicionalmente e ele sendo produtor também do filme, com certeza opinou para o longa acabar sendo forçado demais. Como disse antes, o filme faz rir, muito por sinal, afinal as situações de tão absurdas acabam sendo bem engraçadas, mas o que me preocupa nesse estilo é até onde alguém precisa abusar para criar o riso, senão daqui a pouco teremos vários filmes do estilo "É o Fim" e "Para Maiores", onde nada se pode levar a sério e tudo vira esquetes toscas para que o público ria. E longe do diretor fazer apenas filmes desse estilo, Nicholas Stoller já roteirizou boas comédias com boas sacadas cômicas que não foram tão apelativas, e poderia sim, com um roteiro mais trabalhado ter feito um filme extremamente cômico e ainda assim genial pelas sacadas em si, mas cada um tem a sua opinião, e teremos com certeza muitos saindo da sessão achando ter visto a melhor comédia do mundo, e estamos bem longe disso.

No quesito atuação, Seth Rogen oscila seus trejeitos entre o paizão bobo e perdido que ainda não entrou no mundo adulto com cara de tonto às vezes, e o revoltado e festivo ao mesmo tempo no mundo das drogas, e com isso tem horas que ficamos olhando para ele sem entender o que está passando naquela cabeça, se vai fazer uma piada ou bater a cabeça na parede para que possamos rir, e assim mais uma vez ele faz seu próprio personagem que só ele se acha engraçado. Rose Byrne faz a pessoa mais esperta e intrigante do mundo, sabe agir, sabe armar as desventuras, só não sabe o principal do filme: ser engraçada, ou seja, volte para os filmes de drama e terror que você ganha mais, pois a pessoa fazer comédia sem ter tino para isso não dá, e com certeza acabou entrando no filme apenas por já ter trabalhado com o diretor. Zac Efron não é um ator ruim, isso é fato, vem crescendo muito seu nível de atuação, mas falar que ele é engraçado é abusar da minha inteligência, claro que faz situações bem malucas e engraçadas, mas suas cenas valeriam mais num filme de colegial que numa desventura cômica familiar, e assim sendo seus trejeitos acabam ficando fora do tom. Vale uma citação pela fofura de Elise e Zoey Vargas que consegue fazer trejeitos mais expressivos que os protagonistas, e mesmo não tendo nem 1 ano de idade até o final do ano já terão 2 longas em seu currículo. Dos demais atores, Dave Franco e Ike Barinholtz até tentam ser divertidos em algumas cenas, mas abusam demais da força exagerada para fazer o público rir e a cena onde pula da escada foi algo que nem "Tom e Jerry" faria para fazer rir. E Carla Gallo só tenho uma palavra para definir sua atuação no filme: patética com um nível acima.

Agora se tem algo que não podemos reclamar de forma alguma é a quantidade de elementos cênicos, pois em cada canto seja da casa dos Radner quanto da fraternidade Delta Psi, temos objetos para fazer ligação com as cenas do filme, com os flashback das épocas antigas da fraternidade, ou até mesmo coisas bizarras que não serão usadas, mas estão ali para integrar bem o ambiente, e ficaram interessantes de ver, claro que também estão presentes diversos elementos forçados para a trama, como objetos sexuais, incitações escatológicas e tudo mais que o gênero cômico abusivo pede, mas é digerível esse exagero. A equipe de fotografia podemos dizer que tomou muito LSD antes de filmar e criou raves totais com múltiplas cores fosforescentes, muito brilho e luzes piscando pra todo lado, de forma a nada ter um momento marcado para cada ato em si. Vale destacar a cena de créditos onde recriaram todos os atores no bebê, e além de um bom gosto no quesito figurino, ficou algo muito bacana de ver.

Enfim, posso estar sendo crítico até demais com o filme, afinal como costumo dizer se é classificado como comédia, a obrigação moral do filme é fazer rir, então isso foi cumprido com êxito, mas o exagero que acabou me deixando um pouco nervoso com o que vi, e além disso, a maior parte das cenas cômicas já ficamos preparados para ver, pois já passou no trailer, que tanto vimos nos cinemas, então repito o que disse no começo, que recomendo o filme se você gosta de rir e não liga para besteirol forçado, mas se tem problemas com exagero, é melhor deixar de lado o filme. Fico por aqui agora, mas amanhã estou de volta com mais estreias, então abraços e até mais pessoal.


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Transcendence - A Revolução

6/20/2014 12:44:00 AM |

Um dos gêneros mais complexos de explicar dentro de um filme é a ficção científica voltada para aplicações físicas e computacionais, pois conhecendo o público em geral, a maioria foge de algumas escolhas de faculdade só por ter uma ou duas matérias de ciências exatas. E dessa forma, o filme "Transcendence - A Revolução", que foi mudado de data diversas vezes e estreou agora, vem com uma proposta ao mesmo tempo que maluca e revolucionária por parte da ideologia filosófica que pode existir ao invés da tecnologia auxiliar, passar a atrapalhar e causar alguns problemas. E o envolvimento emocional da trama é bem pesado e consegue fazer um misto de duas grandes produções excelentes que tivemos nos últimos anos: "A Origem" e "Ela", sendo que Christopher Nolan que dirigiu "A Origem" entra aqui de produtor, porém o longa mesmo sendo bem trabalhado acaba não cativando tanto o público como deveria, e claro, alguns sairão com certeza da sala sem ter entendido nada do que aconteceu.

O filme nos mostra que o Dr. Will Caster é o mais famoso pesquisador sobre inteligência artificial da atualidade. No momento ele está trabalhando na construção de uma máquina consciente que conjuga informações sobre todo tipo de conteúdo com a grande variedade de emoções humanas. O fato de se envolver sempre em projetos controversos fez com que Caster ganhasse notoriedade, mas ao mesmo tempo o tornou o inimigo número 1 dos extremistas que são contra o avanço da tecnologia - e por isso mesmo tentam detê-lo a todo custo. Só que um dia, após uma tentativa de assassinato, Caster convence sua esposa Evelyn e seu melhor amigo Max Waters a testar seu novo invento nele mesmo. Só que a grande questão não é se eles podem fazer isto, mas se eles devem dar este passo.

O filme poderia discutir diversas vertentes filosóficas, adentrar em teorias do criacionismo, entre outras ideias possíveis, mas optou por apenas manter o suspense e desenvolver o plano do filme não como um policial, mas sim como algo futurista fictício de possível existência, assim como já tivemos outros bons longas do estilo, entre eles "A Origem" e "Deja Vu". O diretor Wally Pfister que estreia no comando das câmeras é conhecido por ter levado o Oscar como diretor de fotografia do próprio "A Origem", ter trabalhado em toda a trilogia do "Batman" atual, e contando com a ajuda de seu amigo Nolan, pode trabalhar muito bem tanto o quesito visual da trama quanto o contexto aonde gostaria de chegar com o filme, mas com um roteirista estreante também, o assunto precisaria ter sido mais trabalhado e desenvolvido, o que não acabou acontecendo. Ou seja, o filme tem tudo nas mãos, uma história envolvente, muito dinheiro, pessoas com conhecimento técnico apurado, grandes atores, mas não avança no assunto, apenas mostrando ele bem abrangente e você que desenvolva o restante, mas muito longe de ser algo ruim, o filme agrada por ter uma dinâmica interessante, e quem se esforçar para compreender todas as pontas que deixam no ar, com certeza sairá da sala gostando muito do que viu.

Johnny Depp já teve seus grandes momentos, mas ultimamente anda cobrando um cachê além do que anda dando de retorno para os filmes e não tem demonstrado nem metade do que sabe atuar, aqui embora seu personagem esteja dentro de um computador na maior parte do tempo, ele poderia ter dado um âmbito mais comovente e não ficado frio ao extremo como foi, claro que em vários momentos seria necessário isso, mas já vi ele sendo frio de forma mais consistente. Rebecca Hall é uma atriz interessante, mas o papel pedia uma mulher mais forte emocionalmente para dar trejeitos intrigantes nas cenas mais fortes, pois com o protagonista virando algo fictício, ela passou a ser o alvo da câmera, e em diversos momentos decepciona no que faz. Paul Bettany merecia ter participado mais da trama, pois seus momentos são tão expressivos que em algumas cenas chega a roubar a atenção pra si, e com isso se tivessem colocado mais cenas poderia até dar uma reviravolta interessante na trama. Morgan Freeman conseguiu pela primeira vez fazer um personagem bem fraco e coadjuvante ao extremo numa trama, de forma a seu personagem ser apenas importante em alguns momentos, mas a trama funcionaria facilmente sem ele, vale ver ele pelas expressões nas cenas iniciais. Fiquei me perguntando se Cillian Murphy era um investigador ou estava a passeio pela polícia do filme, pois esqueceram de dizer para ele se expressar no mínimo para chamar a atenção que um policial chama num filme, na cena que é pego então no teto do prédio chega a beirar o ridículo o que faz. Agora o prêmio enfeite de filme do ano vai para Kate Mara, e já estamos pensando em como trazer ela para ser líder dos extremistas das revoluções no Brasil, pois só faz carão e não age em momento algum. Dos demais só vale destacar a comicidade dos curados pela máquina que ganham super poderes praticamente tanto em força quanto em regeneração, que poderia ter sido menos forçado.

Como disse no começo, o diretor foi ganhador do Oscar como diretor de fotografia e muitos dos filmes que trabalhou são conhecidos por um primor visual impecável, então era de se esperar algo fabuloso visualmente aqui, e a resposta vem na altura com momentos que olhamos diante do quadro e podemos viajar completamente dentro dos objetos cênicos que nos são apresentados, destacando claro todos os momentos de regeneração com as moléculas se movimentando freneticamente e o laboratório montado com muita tecnologia e usando de um ar mais simplista nos envolver com tudo que é mostrado, poderia destacar também uma outra cenografia, mas acabaria saindo como um spoiler para o final, então vale a pena prestar atenção em cada detalhe da trama. E se fotografia em filmes futuristas já é algo complexo, imagina trabalhar com um grande diretor de fotografia premiado mandando em você, pois bem essa deve ter sido toda a pressão que Jess Hall sofreu, mas conseguiu com êxito trabalhar cada ângulo usando filtros corretos e ambientando cada iluminação corretamente para dar um ar ao mesmo tempo hi-tech quanto noir para deixar o filme o mais próximo de um suspense policial.

A trilha sonora de Mychael Danna foi toda trabalhada em sons ritmados, e colocando músicas mais orquestradas para manter o ar de suspense, dando somente algumas notas mais corridas para os momentos de mais ação, mas sempre envolvendo o espectador para dentro da trama e nunca fugindo do contexto científico que o diretor quis. Poderia ter trabalhado somente em alguns momentos com marcações mais rápidas para dinamizar algumas cenas do miolo, pois é tanta coisa para prestar atenção que acaba o filme cansando nesse ato.

Enfim, esse era um dos filmes que estava com mais medo de assistir, por gostar dos atores e por ter sido alterada a data de estreia três vezes no Brasil, e isso costuma ser ato de filmes que não vão agradar. Não posso dizer que é um longa perfeito, mas quem gostar do gênero e se esforçar para entender o que o filme tenta passar sem entrar muito em detalhes, com toda certeza irá sair da sala satisfeito com o que verá, e assim recomendo ele somente para essas pessoas. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas essa semana veio bem recheada de estreias, então ainda voltarei muito aqui para deixar minha opinião com vocês. Então abraços e até breve.


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BBC Earth: Pequenos Gigantes em 3D

6/19/2014 02:06:00 PM |

Se existe algo que é fascinante no mundo audiovisual é a forma como esses documentaristas da vida animal conseguem capturar imagens tão belas de fazer brilhar nossos olhos com o que é mostrado. Mas também podemos falar que algumas coisas exibidas em "BBC Earth: Pequenos Gigantes 3D" foram feitas digitalmente, senão podemos arrumar essas câmeras e fazer milagres em movimento com os animais como acabaram fazendo de forma impossível de captar com uma câmera real, ao menos acredito eu.

O documentário em si é bem interessante, pois tirando os biólogos, acredito que quase ninguém conhece muito sobre a vida de um tâmia e de um rato-gafanhoto, e mostrar o mundo ao redor de suas proezas em seu tamanho natural de 7cm é algo que nos impressiona e deslumbra com tudo que pode acontecer entre movimentos, sons e detalhes tão preciosos que enriquece em qualquer ângulo que a câmera nos prestigie ao mostrar tudo que ocorre nos dias que se passam com cada um.

Os detalhes técnicos são de invejar qualquer um que goste de uma boa produção 3D, pois vemos gotas em sua formação, folhas caindo em detalhes, flocos de neve e até uma enxurrada em tamanhos impressionantes. E além de tudo que sai da tela, temos uma profundidade de campo maravilhosa que faz o cenário ser algo que jamais imaginaríamos ver numa tela de cinema, ou seja, esse é um dos pontos que faz valer ver o documentário mais do que tudo.

No quesito da história contada em si, chegamos até ficar com dó dos pequeninos, pelo tom da narração que tenta sempre enfatizar que os grandes feitos que os pequenos fazem são de grande valia para sua vida, dando ao menos uma lição para as crianças que forem assistir, afinal o documentário tem como referência elas. Felizmente diferente de "Caminhando com Dinossauros", a pegada aqui foi mais documental mesmo e assim a narração apenas faz referência ao que os bichos estão fazendo, não dando vozes infantilizadas nem criando alguma história boba para que todos ficassem felizes com o que está vendo, mais focando no aprendizado e na lição que quiseram passar para quem estiver vendo o média-metragem.

Fui enfático em colocar média-metragem no parágrafo anterior para frisar quem for aos cinemas acompanhar esse e os demais filmes da série BBC Earth, pois muitos acabarão assustando ao sair da sala e ver que passou apenas 50-60 minutos, sendo que antes viu uma enxurrada de trailers, pois o documentário tem somente 40 minutos, e por ser 3D então o preço vai lá pra cima, então muitos irão acabar ficando um pouco frustrado de ter pago lá seus 25-30 reais para ver algo tão curto. As imagens em si compensam muito visualmente, mas tem de ponderar bem se não é melhor optar por outro filme e aguardar para ver o documentário na super TV 3D que muitos acabaram comprando para ver a Copa do Mundo. Bem é isso, fico por aqui agora, recomendando o documentário apenas com essas ressalvas, mas hoje ainda irei conferir mais uma das estreias, então abraços e até mais tarde pessoal.


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A Face do Mal

6/17/2014 01:23:00 AM |

Um dos gêneros que mais sofre da síndrome de roteiros fracos/copiados de outros filmes é o terror, e quando um diretor está sem criatividade não tem jeito, o filme se alonga tentando dar alguns míseros sustos nos espectadores mais desatentos e os que estão tentando compreender de onde provém toda a maldade que recaí sobre uma família, escolhida sempre por ser burra o suficiente de comprar uma casa onde todos (ou quase todos) morreram, acabam desapontados por ser algo tão bobo que somente um produtor maluco acharia que o argumento seria suficiente para fazer uma continuação com as pontas soltas que acabaram deixadas de lado. Com isso dito, "A Face do Mal" pode ser analisado de duas formas, uma diversão por ver pessoas desatentas tomar sustos, ou a tentativa frustrada de uma história que todos já viram em diversos outros filmes tentar nos enganar novamente deixando alguma coisa para ser contada com o dinheiro que conseguirem arrecadar. Então o melhor que sugiro, é que quem for ver, ria muito, e nem tente ficar se perguntando o porquê de cada coisa, pois a chance é que saia sem explicar, ou no máximo você já saiba por ter visto a mesma ideologia em outro longa do gênero.

O filme nos mostra que ao lado dos pais e das duas irmãs, Evan Asher é um jovem tímido e pouco sociável que se muda para uma grande casa, cujo passado é marcado por uma família que perdeu todos os filhos. Aproveitando o baixo preço e sem problemas com superstições, os Asher se mudam para o local. Lá, Evan aproveita o tempo livre para desenvolver uma amizade/namoro com a vizinha Sam. Curiosos, os dois vão explorar o passado sombrio do local e despertar forças nada amigáveis.

O formato de roteiros envolvendo casas assombradas por famílias que morreram ou foram mortas ali é algo que vai quase em 90% dos filmes de terror servir de base, mas claro que alguns acertarão mais a mão do que outros, e o diretor estreante Mac Carter caiu nas mãos do roteirista estreante também Andrew Barrer, de forma que nenhum dos dois pôde ter suporte suficiente para dar uma visão mais evoluída para a trama, rodando ao redor da casa sem ao menos explorar o território sombrio que poderia ter numa cidade envolta de florestas estranhas, e com isso o filme ficou bem fraco, provocando uns 2-3 pequenos sustos com aparições repentinas, mas nada que se você já é acostumado com o gênero irá se apavorar, ou seja, continuo repetindo, que será mais fácil rir de outras pessoas que não estão acostumadas, do que se assustar realmente.

Outro quesito que poderia ter salvo o filme é o de atuação, mas os jovens nem se entregaram numa química romântica a favor de vamos encarar o fantasma e nos salvar, muito menos aparentar cara de pavor, no máximo o que Harrison Gilbertson faz é alguns trejeitos de uma pessoa exageradamente tímida, que não está acreditando que uma jovem bonita lhe está dando bola e que o que está ocorrendo na casa é algo que vai ferrar sua vida, do tipo bem lerdo de não entender nada, e isso qualquer um na rua sabe fazer melhor que ele. E Liana Liberato por ter sua história desenvolvida somente na última cena do filme, parece tão fantasma quanto os que aparecem, por atitudes e gestuais perdidos na trama. Jacki Weaver, ou a mãe do Chucky como alguns espectadores apelidaram-na, tem um ar sombrio bem interessante, e poderia ter sido usado melhor na trama para nos envolver, mas serviu mais como uma narradora no início e no fim do que uma protagonista real que lhe cairia bem melhor. Dos demais personagens todos são tão inúteis na trama que chega a dar nervoso, a garotinha inicia uma conversa e depois nem mais faz parte da trama, os pais vivem saindo para arrumar faculdade pra filha e o outro com 18 anos fica em casa, ou seja, fraco demais qualquer atitude interpretativa dentro de um roteiro que também não dá para ser trabalhado.

Visualmente, o lugar até é interessante e como disse no início, poderia ter sido muito mais aproveitado na redondeza, já que temos árvores sinistras ao redor da casa, mas há um furo de gravação da história inicialmente aparentar estar ocorrendo no outono pela cor das folhas das árvores, e nem passados muitos dias já estão em pleno inverno de nevasca!!! Então para tentar omitir mais detalhes, optaram por cenas mais internas e usando pouquíssimos elementos e até cenários, o filme tentou se desenvolver e agradar, mas não vai muito longe. A fotografia fez o correto ao menos, de segurar a trama toda com pouca iluminação, e deixar para revelar tudo somente quando estamos já com algum personagem em cima do protagonista, assim o susto é mais garantido.

Enfim, aliado a todos esses detalhes e mais alguns compilados de trilhas de outros filmes, o longa não deve agradar muita gente e deve fugir de cartaz bem rapidamente, quem gostar muito do gênero e quiser ver ele, sugiro esperar para ver em casa, colocando um tema mais sombrio para ter sustos melhores, já que no cinema a certeza e a recomendação é mais para quem queira rir dos demais que estiverem na sala. Bem é isso pessoal, encerro essa semana cinematográfica curta por aqui, mas já feliz de ter recebido algumas programações da próxima semana que estará mais recheada, então abraços e até quinta pessoal.


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Amor Sem Fim

6/14/2014 01:57:00 AM |

Quinta-feira passou a ser data de estreia de filmes no Brasil, e claro que nesse dia 12 tinha de aparecer algum filme alusivo à data do Dia dos Namorados, isso é tão óbvio quanto achar areia no deserto! E claro que nos países onde a data é comemorada no dia de São Valentim em Fevereiro, "Amor Sem Fim" estreou por lá também no mesmo período! óóóó!! Certo, vamos parar de ironias, afinal estamos falando de um filme romântico e quem não quiser comer um bolo adocicado o que faz? Passa longe, afinal a diretora usou a mesma forma tradicional sem mudar uma vírgula dos clichês que estamos acostumados a ver em filmes desse estilo, aliás, por ser uma refilmagem de um clássico de 81, mas que assisti sem saber desse detalhe, a todo momento me via perguntando em forma de pensamento: "Já vi esse filme, essa cena já foi feita igualzinha", mas como todo romance é bem semelhante ignorei meu pensamento, mas estava certo, cópia exata trocando apenas os atores!

O filme nos mostra que Jade Butterfield é uma jovem superprotegida pelos pais, que aparenta ter um futuro brilhante pela frente. Só que ela se apaixona perdidamente por David Elliott, um jovem mais humilde que tem um passado conturbado. O relacionamento não é aprovado pelo pai de Jade, Hugh, que recomenda cautela à filha. Ainda assim, ela se entrega de corpo e alma à paixão por David.

Não sou uma pessoa favorável à refilmagens, principalmente pelo fator criatividade, pois se temos bons roteiristas no mercado, é só pagar pra alguém escrever e falar "Amigão, você está sendo pago, se vira que quero algo bom!", mas já que não sabia que era uma refilmagem, aliás não tinha visto nem trailer desse filme, vou analisar ele como sendo um filme como qualquer outro, apenas dizendo que se você já viu qualquer filme do gênero, vai saber exatamente o que vai acontecer em cada ato, e muito mais fácil que acertar qualquer bolão da Copa, vai acertar em cheio mesmo sem ter visto o longa de 81 que contou com grandes nomes no elenco. A diretora Shana Feste conseguiu pelo menos tirar boas atuações dos protagonistas e trabalhar com a dramaticidade pontuada por boas trilhas do começo ao final, claro que se tivesse inovado em alguma cena, mesmo que fosse por algum ângulo de câmera agradaria bem mais, mas seguiu a tradição a risco, garantindo um bom filme comovente ao menos.

Falando mais da atuação dos protagonistas, vale destacar com certeza Alex Pettyfer que vem numa crescente evolução artística, trabalhando os pontos chaves com trejeitos diferenciados e bem pontuados em cada nuance, provando que se qualquer diretor apertar o cerco, o jovem pode decolar facilmente porque é bom no que faz, além de chamar o público feminino para seus filmes. Em compensação Gabriella Wilde parecia assustada em diversos momentos, parecendo que viu a atuação de Brooke Shields no original e já sabia que não era capaz de fazer igual, claro que não foi algo lastimável, mas poderiam ter trabalhado ao menos um pouco mais a química do casal, pois nem parecia que a garota estava no clima. Bruce Greenwood é o ator mais experiente da produção e mostra serviço em todas as cenas que aparece, fazendo alguns dos atores novos até ficarem perdidos frente à sua capacidade, mas ao contrário do que acontece entre o casal, quando a jovem está com ele, consegue transmitir uma segurança interessante de ser vista e ambos acabam agradando bastante. Robert Patrick também possui a experiência de Greenwood, mas como aparece bem pouco na trama, e suas falas já são quase todas encaixadas rapidamente, nem dá para destacar nada do que faz. Joely Richardson está bem solta na trama e não se desenvolve tanto que poderia, talvez se tivessem trabalhado mesmo que rapidamente mais a briga entre marido e mulher, suas falas caíssem melhor na trama. Os demais atores são totalmente coadjuvantes, dando algumas ligações para os protagonistas, mas não tendo nenhum momento que você pudesse parar para ficar agraciado com algo que façam, e mesmo Dayo Okeniyi que vem agradando em outros filmes não conseguiu chamar atenção.

Visualmente o longa conseguiu ter uma estética bem interessante, pois como a jovem é bem rica, sua casa foi trabalhada com móveis de requinte, e ao irem para a casa de lago então nem se fala, pois todos os elementos cênicos passam a valer para ilustrar o momento agradável da família, em compensação, o jovem já possui móveis mais surrados, com uma oficina não muito produzida e que faz bem a variação da classe entre eles. A fotografia foi muito bem encaixada na trama, optando por diversos momentos noturnos onde luzes especiais, velas e fogos de artifícios acabaram valorizando a trama e agradando bastante para os ângulos tradicionais escolhidos.

Outro ponto extremamente bem feito foram as escolhas musicais, com canções que deram um bom ritmo para o filme e agradaram muito por composições tanto originais quanto conhecidas do público, dando um clima perfeito que até nos envolve, mas que os protagonistas poderiam ter aproveitado bem mais.

Enfim, é um filme bem gostosinho de assistir, mas que mesmo se você não tiver visto o original de 81, vai sair da sessão com toda certeza de já ter visto esse filme algumas vezes. Recomendo para todos os namorados que não aproveitaram o dia 12 pelo motivo do jogo da Copa e todos que gostam de filmes românticos e não ligam tanto para clichês, pois senão a chance de sair irritado com o que vê é bem alta. Fico por aqui hoje, mas ainda temos mais um filme para conferir nessa semana fraca de estreias, então abraços e até breve pessoal.


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No Olho da Rua

6/11/2014 01:13:00 AM |

A cada dia descubro mais sobre produções nacionais que acabam nem aparecendo direito no mercado comercial de filmes, seja por escolha dos diretores ou até mesmo pelo mercado não digerir certamente alguns filmes. Alguns filmes até possuem qualidade técnica, conseguem um bom dinheiro para filmas, mas acabam deixando de lado o principal que é o que insisto em dizer que temos o famoso erro de conseguir verba para filmar, mas não colocar para o público ver, e com isso não ganhar dinheiro para fazer um novo filme, precisando novamente pedir para o governo mais dinheiro se quiser fazer um novo filme. Com o longa "No Olho da Rua", essa história se repete, e não pôr o filme ser algo ruim, afinal temos uma visão bem interessante da proposta de mostrar até que ponto chega uma pessoa ao ver sua dignidade ser afundada, mas com toda a verba captada por editais, poderia ter sido trabalhado uma campanha maior para exibição do filme comercialmente para que não apenas 8 salas de cinema tivessem visto ele desde que foi filmado em 2009 e ficasse dependendo apenas de exibições em circuitos do SESC e outros meios que acabam nem sendo contados pela ANCINE como número de visualizações, e com isso em breve quando o diretor for lançar um novo filme precisará novamente correr atrás do governo.

O filme nos mostra que Otoniel Badaró é um metalúrgico que, após trabalhar em uma fábrica por 20 anos, é demitido. A situação fica mais complicada ainda porque Camila, sua esposa, está grávida. Revoltado, Otoniel resolve cortar o próprio braço e assina sua demissão com o próprio sangue. A partir de então ele passa a fazer carretos ao lado de Algodão, um estudante de cinema que vive na favela e mantém um canal pirata de TV. Tudo piora ainda mais quando Otoniel tem seu carro roubado.

O roteiro criado por Di Moretti em cima do argumento do próprio diretor Rogério Corrêa é algo que pode ser refletido e discutido por horas a fio, e felizmente por ser uma sessão comentada do SESC tivemos essa oportunidade do diretor explicar melhor como foi a produção e o público de 3 pessoas discutir com ele o que achou de alguns pontos. Ao colocar diversos contrapontos na história e nos personagens, o diretor trabalhou sabiamente em colocar o protagonista para ir ladeira abaixo com sua dignidade e ir testando todos os seus limites de forma à criar uma abrangência maior de não mostrar apoio nem ao modo sindicalista que alguns operários vivem, muito menos um âmbito religioso para que o personagem principal conseguisse encontrar um aporte para se segurar, mas com a falta de um ritmo mais trabalhado e personagens coadjuvantes fora da força interpretativa do protagonista, o longa fica raso ao desenvolver apenas um elo de várias outras pontas que o filme poderia atingir.

Quanto da atuação dos protagonistas, o que vemos é um esforço de Murilo Rosa para ser visceral em seu personagem e nos convencer de seus atos, e o mais engraçado é que podemos considerar que é o ator mais versátil que conhecemos no cinema nacional, se compararmos suas atuações de filmes contra as de novelas, pois ele adentra tão fortemente os personagens nas telonas que nem parece o mesmo ator galanteador e sem força de expressão das novelas, claro que tudo que fez foi muito bom, pena que o restante não colaborou tanto para que seus atos fossem melhores. Gabriela Flores vou escrever aqui exatamente o que disse para o diretor, que ficou parecendo quase que um objeto cênico, um vaso sem expressão faria mais que ela, não dando suporte algum para que o protagonista agisse de forma melhor e nem expressando qualquer sentimento nos momentos que precisaria agir para chamar atenção para si, e o personagem feminino na história poderia ser o suporte que o filme deslancharia para uma outra vertente. Leandro Firmino da Hora é divertido e consegue fazer um personagem com perfil completamente diferente do que costuma ser dado para ele, e agrada por trabalhar conscientemente, mesmo que seu personagem seja apenas um alivio dentro de toda a tensão que a trama poderia firmar sem ele. Pascoal da Conceição, assim como outros atores icônicos da TV dificilmente conseguem tirar trejeitos característicos sendo nosso eterno Dr. Abobrinha do Castelo Ratimbum, e com um personagem forte e excêntrico onde foi misturado um pastor sindicalista, dois vértices que não costumam se ligar, ele acaba fazendo bem o papel, mas forçado demais para o lado clichê dos pastores. Dos demais atores, a maioria possui apenas pontas e quase não temos o que destacar, somente alguns momentos de Eric Lenate chamam a atenção, mas não por serem bem feitos, mas pela fraca luta de corpo, onde ele como um judoca que é mostrado em determinada cena, não perderia para um sedentário subnutrido.

Visualmente o longa trabalhou bem um retrato de uma São Paulo mais próxima da periferia, o que não costumamos ver tanto nos cinemas, e dessa forma, o acerto das locações foram mais coerentes, pois usou de elementos cênicos bem encaixados para retratar uma casa simples, uma empresa metalúrgica não grandiosa mas que ainda assim é bem sindicalizada, alguns bares/boates de ponta de vila, e sempre fazendo de tomadas mais fechadas para não mostrar furos de cenários, a equipe de arte acabou agradando bastante. A fotografia não trabalhou com tantos filtros e com isso a gramatura escolhida pelo diretor ao filmar com uma Super 16, ao ser exposto pela quantidade de luz usada nas cenas noturnas deixou bem interessante de ser visto.

Agora um dos pontos mais falhos está na parte sonora, que deixou muito a desejar por não usar tantas trilhas, então há diversos momentos que o filme cansa tendo apenas o drama do protagonista, e em outros entra algo totalmente clichê que não consegue envolver o espectador. Caso fosse usado mais acertadamente, o longa teria ritmo e agradaria bem mais.

Enfim, é um filme bacana de ser visto, mas está bem longe de ser uma obra prima e só mostra mais uma vez que nem sempre ter algum ator de renome pode salvar um filme, ou seja, prefira gastar mais com uma divulgação eficiente e uma trama mais envolvente para vender muitos ingressos e assim não ficar somente dependendo de milhares de editais para fazer um novo filme. Recomendo ver o filme mais para conhecer trabalhos diferentes dentro da nossa cadeia produtiva nacional, o longa está passando em diversos SESCs e em alguns canais da TV fechada, então quem quiser não deve ser algo difícil de achar. Bem é isso pessoal, encerro a semana cinematográfica aqui, um pouco triste pela próxima ser bem curta com as programações que recebi hoje dos cinemas, mas é o que temos por morarmos no interior e sofrermos constantemente com boicotes das distribuidoras que optam em passar as cópias apenas nas capitais. Fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais opiniões, então abraços e até mais.


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Histórias de Arcanjo - Um Documentário Sobre Tim Lopes

6/08/2014 10:52:00 PM |

O gênero documentário é um dos estilos que mais sofrem boicotes nos cinemas comerciais, afinal não é algo que muitos gostem de ver numa telona, optando muitas vezes por assistir apenas em casa, isso quando passa na TV, pois alugar também é algo que o pessoal foge. Mas os que acabam caindo nas telonas geralmente têm agradado bastante pelo conteúdo ser bacana e principalmente pelos diretores terem conseguido sair do tradicional modo jornalístico, e por que não dizer chato, de fazer esse gênero num molde que todos possam gostar. Mas e quando o mote do documentário é um jornalista famoso pelas suas reportagens polêmicas? Como conseguir fazer algo interessante jornalisticamente e dentro de um contexto cinematográfico? A pergunta é bem respondida colocando Bruno Quintella em uma busca de conhecimento por tudo que o pai fez em "Histórias de Arcanjo - Um Documentário Sobre Tim Lopes", e com isso o diretor conseguiu mesmo que usando de muito material jornalístico, trabalhar um vértice diferenciado e interessante de ser assistido por todos e obrigatório para jornalistas.

O filme conta a trajetória e vida do jornalista Tim Lopes a partir do ponto de vista de seu filho. Dez anos após a morte de Tim, evento que chocou os cidadãos brasileiros, o longa procura contar outras histórias além das de quando ele era jornalista. Contém imagens de arquivos, feitos por Tim Lopes e por outros, e depoimentos de amigos, família e admiradores.

Se existe uma palavra para definir a direção de Guilherme Azevedo é inteligência, pois pegando o roteiro do próprio filho de Tim Lopes ou Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento como fora batizado em 1950, Bruno Quintella, ele conseguiu somar à uma vasta pesquisa e a imagens tocantes dos depoimentos de diversas pessoas, o material de reportagens e textos de Tim, transformando o filme em algo que muitos podem até já ter visto em algum telejornal, mas compilado de uma forma única acabou tendo um resultado bem impressionante e gostoso de assistir, passando os quase 90 minutos de duração do filme tão rapidamente que pode até parecer que não mostraram todas as polêmicas que ele se envolveu, mas é garantido que as mais envolventes estão ali e bem expostas.

Bruno também entrando a frente das câmeras em diversos momentos, consegue ser comovente e envolvente, pois tem um carisma jornalístico que encaixou perfeitamente com a ideia do longa, e com isso as entrevistas acabam ganhando um certo nível de emoção maior, pois as pessoas se abrem para ele como se tivessem algum pesar emotivo que ficaram devendo para seu pai, e assim sendo o longa toma um rumo meio de homenagem, o que pode ser ruim, pois todos possuem algum momento negro/obscuro em sua vida, e até mesmo o investigador que falou mal de Tim na época da sua morte, agora 10 anos depois fala completamente diferente do que disse na época. Ou seja, preferiram fazer um longa mais positivo e não se adentraram tanto às coisas ruins que podiam queimar patrocinadores, por exemplo as brigas nos últimos dias com a própria Rede Globo, por estar sofrendo ameaças, utilizando a própria Globo como patrocinadora do filme.

Enfim, o longa é bem interessante de assistir, e recomendo bastante principalmente para amigos que cursam jornalismo ou aqueles que gostem de um documentário não tão maçante como estamos acostumados a ver, claro que valendo a ressalva de não ir esperando ver nenhuma polêmica mais forte, já que a abrangência ficou mais voltada para as coisas malucas, mas boas que o homenageado fez. Fico por aqui hoje, mas ainda nessa semana teremos um filme fora de circuito comercial para conferir no SESC, então pra quem achava que fecharia a semana hoje, irei ver ainda mais um filme para deixar a minha opinião aqui, então abraços e até breve pessoal.

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