Netflix - Uma Voz Contra o Poder (Percy) (Percy vs Goliath)

5/31/2022 12:53:00 AM |

Costumo dizer que para uma boa obra biográfica ficar interessante e envolver o público é necessário colocar um pouco mais de ficção ao redor dela para que tudo não convença apenas pela realidade em si, mas sim ficarmos naquela dúvida se realmente aquilo foi tão impactante assim, pois algumas representações reais são muito bem feitas, mostram todo o processo histórico, porém fica faltando aquele elo a mais para chamar a atenção por completo. E começo dessa forma o texto do longa "Uma Voz Contra o Poder", que entrou em cartaz na Netflix, pois sabemos bem o que as grandes corporações fazem com os pequenos, seja de qualquer tipo de produto, já que eles vem comendo pelas beiradas e quando você vê já levaram tudo seu, então na obra vemos alguém que acabou brigando para não perder sua essência e conseguir sobreviver, além claro de dar voz para que outros fizessem o mesmo, e isso é muito bonito de ver, as ações dos protagonistas são comoventes por serem velhinhos, mas talvez um pouco mais de explosão nos julgamentos, um maior cenário da mídia mostrando tudo, e até mesmo alguns conflitos internos dos amigos da comunidade como mostram rapidamente em alguns atos empolgaria mais o filme e daria melhores frutos. Ou seja, não digo em hipótese alguma que é um longa ruim, muito pelo contrário, toda a história é muito boa de ser vista, mas faltou aquilo que chamo de ponto cinematográfico, que é quando o real e o imaginário se confundem, e o espectador imagina o algo a mais rolando, e aí é que a mágica acontece e um filme biográfico simples vira um gigante e chamativo filmão mesmo.

A trama nos mostra a longa disputa judicial em 1989, entre um agricultor de canola, Percy e uma gigante corporação global. Acusado de cultivar em sua terra, sem licença, sementes transgênicas da empresa, Percy vai ao tribunal em busca de justiça. Quando começa a reunir as provas para a sua defesa, descobre que, na realidade, está lutando por milhares de agricultores desprivilegiados em todo o mundo.

Não sei até que ponto o diretor Clark Johnson desejou que o filme focasse no ar familiar do protagonista na contramão do que poderia ser um longa de julgamento incrível, pois toda a síntese jurídica do processo é algo muito mais marcante do que visitar fazendas, ver o protagonista fugindo de seguidores da corporação, lendo cartas e tudo mais, mas ele tentou usar esse artifício da dramaticidade em cima da idade dos personagens reais para dar um que emotivo, o que não funcionou, pois até vemos essa forma de comoção bem colocada, mas faltou ir a fundo e fazer o público também se emocionar mais com a história, o que não acaba acontecendo. Ou seja, diria que a história em si que o filme foi embasada é muito técnica, e com isso não houve uma possibilidade maior para que o diretor fluísse em algo menos seco, mas de certa forma faltou também um pouco mais de atitude, que um diretor dramático realmente conseguiria ir além no contexto completo, e assim até vemos um bom filme na tela, mas se vamos lembrar de algo mais para frente talvez apenas quando ouvirmos falar em transgênicos ou sementes, mas não no ar do julgamento ou do problema dos fazendeiros em si, o que é uma pena, pois poderiam ter trabalhado tudo muito mais.

Quanto das atuações, o destaque claro é para Christopher Walken que acostumei tanto a ver fazendo papeis cômicos, aqui faz um senhorzinho que fala pouco, mas fala bem quando precisa, e que nos envolve no olhar sofrido de um fazendeiro que viveu fazendo sempre o que sabe da mesma forma, trabalhando para que suas sementes fossem as melhores, e seu Percy tem carisma, tem personalidade, e se o diretor lhe pedisse um pouco mais, entregaria uma emoção maior ainda, pois o ator está incrível no que entregou, ou seja, um dos seus melhores papeis sem dúvida alguma. Christina Ricci também foi bem chamativa com sua Rebecca, quase dando realmente a voz para o protagonista ir além, e suas dinâmicas foram meio que persuasivas demais, com trejeitos forçando um pouco a barra, mas com um estilo claro de grupos de apoio que desejam ir além, e ela mostrou esse ar bem colocado em suas cenas, porém faltou mostrar um pouco mais o que era o grupo em algumas cenas, ficando algo meio que jogado de lado, o que falhou um pouco. Zach Braff fez muito como o advogado do protagonista, colocando seu Jackson Weaver como um daqueles que nem sabem direito aonde estão se metendo, mas disposto a tudo e ganhando força nas cenas principais, o que mostra uma presença bem marcante que não soou forçada e ainda envolve. E claro tenho de falar de Roberta Maxwell graciosa demais como a esposa do protagonista Louise, sendo daquelas senhorinhas que queremos ver sempre, que ajuda no trabalho, que precisa do apoio e que entrega também muito apoio, e ela soube dosar tudo sem falhar, o que foi perfeito para o papel, ou seja, uma graça mesmo.

Visualmente o longa foi bem amplo, tendo boas cenas nos campos de canola do Canadá, com fazendas simples e familiares, mas com um maquinário bem chamativo, mostrando a ascensão do personagem principal que talvez tenha feito até um certo mal para que outros denunciassem ou passasse a enxergar mais ele, com grandes colheitadeiras, mas tudo bem familiar na seleção de sementes, o que acabamos vendo até mais do que os juízes, tivemos algumas audiências simples demais, que nem pareciam ser em tribunais realmente e poderiam ter sido melhoradas, e ainda tivemos alguns momentos na Índia, aonde nos foi mostrado além de uma convenção, todo o ar agropecuário familiar do país, aonde as grandes corporações tem tentado matar os pequenos agricultores, mas que ainda tem toda a base nas vilas, e isso foi bacana de ver pela forma retratada e bem explicada sem forçar demais. Ou seja, a equipe de arte fez vários contrapontos, ousou chamar a atenção em detalhes que nem precisariam de tanto, e menos aonde precisava mexer mais, mas como um todo o acerto foi bem colocado.

Enfim, é um filme muito bom de essência, com um tema bem retratado na tela, mostrando uma biografia interessante e chamativa para um lado familiar da agricultura que tem sumido ultimamente, e que faz valer o conhecimento, mas como já disse faltou aquele algo a mais para marcar a produção e chamar a atenção de quem quer ver um filme intenso que certamente foi o processo todo, e isso acabaram deixando um pouco de lado ao tentar mostrar um pouco de tudo. Ou seja, é um bom filme, mas que poderia ter ido muito além, valendo mais para conhecer esse âmbito familiar do cultivo de sementes e dos pequenos agricultores, e claro a briga constante que tem com as grandes empresas do ramo, e assim servir de algo mais cultural do que um passatempo realmente. E é isso meus amigos, fica sendo assim a dica para ver sem esperar ir muito além, mas que vai agradar alguns um pouco mais, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até breve.

 
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Amazon Prime Video - Emergência (Emergency)

5/30/2022 12:41:00 AM |

Mesmo não sendo do grupo de pessoas que sofrem discriminações, sei bem o que se passa com amigos e conhecidos no mundão conflituoso que vivemos, mas já dizia a velha frase que você só sentirá o impacto mesmo quando acontecer com você, e usando dessa síntese o longa "Emergência" estreou na Amazon Prime Video como algo completamente inesperado, pois ao clicar em cima dele pode se ver a classificação como "comédia, drama, suspense", e na verdade eu inverteria a ordem dos fatores que fazem muito mais sentido, afinal inicialmente temos um longa com umas pegadas engraçadas pelo estilo dos protagonistas, vemos algumas boas piadas, mas já nos é jogado na aula uma pequena discussão sobre quem e como se pode usar o termo "negrão", que acaba sendo algo meio aleatório num primeiro momento, mas depois vemos o quanto o diretor tentava já dar os primeiros acordes da discussão completa da trama, aí na sequência já vem o suspense de como uma garota surge do nada na casa deles, desmaiada, e como isso poderia ser resolvido, e então com boas doses dramáticas, usando de alguns artifícios leves para tentar não pesar tanto, todo o restante é uma explosão de sínteses que acontecem com os negros, aonde tudo pode se voltar para eles, e como já ouvimos algumas vezes, a polícia primeiro atira neles e depois pergunta, diferente de se fosse um branco na mesma situação. Ou seja, é um filme que como o título exalta tem uma emergência de ser discutido, que pode levar à milhares de outras sínteses e encontros, e que faz valer os minutos de tela, porém dava para pesar ainda mais, e explodir direto na tela.

A sinopse nos conta que Kunle é um aluno nota 10 em sua faculdade. Seu amigo, Sean, é mais descontraído, mas isso faz com que a dupla seja ótima. Os amigos estão prestes a fazer a maior loucura de suas vidas e de toda a a história da faculdade, eles vão ser os primeiros alunos negros a completar uma lendária turnê de festas de fraternidade na faculdade. Porém, antes de sair para a turnê, um rápido pit-stop na casa deles faz com que a noite vire um caos. Ao chegar eles encontram uma menina branca desmaiada no chão da sala. Agora os dois, mais seu amigo latino, Carlos, com quem dividem o comodo, estão em um empasse sobre chamar a polícia e serem presos por acharem que são os culpados, ou abandonar a menina e sofrer maiores consequências.

Diria que o diretor Carey Williams foi bem preciso na formatação de seu longa, pois o texto de K.D. Dávilla é tão amplo e cheio de nuances, que certamente será utilizado em discussões futuras sobre o tema, afinal a discussão de racismo, de limites e principalmente de atitudes é algo que sempre pode ser determinante para relações, e colocar isso em pauta é um dever de escolas, de pais, de comunidades e tudo mais, então ele conseguiu pegar um tema fortíssimo e dar um certo ar descontraído para ir além no vértice completo, ao ponto que seu filme poderia ser completamente diferente, está sendo vendido de uma forma bem diferente, e até muitos irão dar o play sem esperar nem metade do que verão na tela, e isso é muito bom, pois acredito que muitos ao saber sobre a temática completa é capaz de pular o filme, e a recomendação é que vejam, que entendam que muitos acham que nunca vai acontecer com ele, e principalmente a cena final com desculpinhas é algo que ninguém merece, então não seja uma Maggie, e seja feliz.

Sobre as atuações, talvez Donald Elise Watkins pudesse ter se soltado um pouco mais com seu Kunle para que ele tivesse algumas nuances a mais, pois ficou parecendo que o jovem estava muito amarrado no texto e não presente na desenvoltura completa, ficando um pouco aquém do que poderia fazer para surpreender realmente, mas finalizou bem, e é isso o que importa. Já por outro lado, RJ Cyler se soltou tanto que seu Sean parecia estar realmente sob efeito de drogas na trama, e isso é um risco gigante, mas teve momentos marcantes bem colocados, e assim acaba agradando mais do que falhando. O melhor ato de Sebastian Chacon na produção é o que está dentro do carro tentando bater um papo com a jovem mais tonta que tudo, pois seu personagem Carlos é meio bobão e sem noção, então o estilo ali combinou bem e teve as devidas nuances que precisava para não ser jogado demais, ou seja, foi bem no que fez. Falando na garota, Maddie Nichols parecia uma boneca de pano com sua Emma, daquelas que vão caindo sem ficar presas em nada, e basicamente só teve atos de movimento, não chamando tanta atenção em seu diálogos e expressões, mas foi bem no que precisava fazer. Já sua irmã na produção, Sabrina Carpenter foi meio gritante demais com sua Maddie, ao ponto que soou até exagerada em alguns atos, e saindo um pouco demais do eixo comum de acontecer, mas serviu bem de exemplo do que não se fazer numa situação, e tanto ela, como os vizinhos do bairro lá com plaquinhas apenas de "Black Lives Matter" apenas fingem não ser racistas, mas na hora mesmo do vamos ver, tão lá sentando a porrada.

Visualmente o longa não tem grandes ápices, ficando quase que o tempo todo dentro do carro com a moça bêbada e diversas discussões rolando, um dos protagonistas o tempo todo com seu cigarro eletrônico, algumas tomadas em bairros mais tradicionais com as famosas câmeras de segurança e algumas mensagens jogadas que já falei acima, um bairro mais do gueto, com vários atores jogando e fumando, mas que saem desesperados ao menor risco de dar uma merda enorme, várias festas de fraternidades, e claro as duas cenas mais icônicas na floresta com a garota fugindo e os amigos chegando, e depois a perseguição até o hospital, aonde vemos situações fortíssimas e imponentes rolando, para depois termos um alívio mais emocional no laboratório e na cena de fechamento, mostrando que a equipe de arte não foi muito forte, mas soube dosar cada detalhe de uma forma bem coerente.

Enfim, pode até não ser um filme genial, pode ter vários defeitos de execução e de expressividade dos atores, mas é um tema que tem de ser levado em pauta sempre que possível, pois a cada dia o povo anda mais violento e sem noção, então qualquer detalhe sempre vai recair para o lado mais fraco, e o medo é real em determinada população, então fica a dica para ver a trama como uma grande análise, e claro para que seja visto em grupos de discussões, afinal é a melhor forma de ver um filme desse estilo. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Luta Pela Fé - A História do Padre Stu (Father Stu)

5/27/2022 01:39:00 AM |

Diria que para dar um depoimento 100% preciso do filme "Luta Pela Fé - A História do Padre Stu" eu deveria usar da pirataria e ver o longa legendado, pois diferente da maioria dos filmes religiosos que aparecem por aqui aonde as atuações não eram tão importantes e sim a história da fé, a situação toda em si, aqui o longa depende quase que 100% da interpretação e do sentimento do protagonista em encontrar sua vocação para mudar de boxeador para ator de comerciais e paquerador de mercadinho e depois desejar virar padre com tudo o que sofreu entre acidentes e doenças, e a voz que deram para o ator Mark Wahlberg é tão ruim e sem expressão que não sentimos absolutamente nada pela entrega que faz, não o vemos tendo algo realmente, fora o estilo de tudo na trama, ou seja, mesmo com um elenco incrível o filme acabou ficando sem aquela emoção de um filme religioso acontecendo realmente, pregando a palavra de fé, a vontade de dar a benção para alguém, levar para um caminho melhor, e tudo mais que acaba sempre acontecendo em filmes do estilo. Ou seja, é um filme que mostra uma história interessante, que até tem alguns atos bem divertidos pelas coisas que o protagonista faz, mas que não empolga e nem vai muito além, que posso estar julgando mal pela dublagem ruim, mas que pareceu faltar com o principal de um longa religioso: alma!

Baseado em uma história real, o longa nos mostra que Padre Stu é um boxeador que vira um padre. Quando uma lesão encerra sua carreira no boxe, Stuart Long se muda para Los Angeles sonhando em virar um ator. Enquanto trabalha como balconista de supermercado, ele conhece Carmen, uma professora católica. Determinado a conquistá-la, o agnóstico de longa data começa a ir à igreja para impressioná-la. Mas sobreviver a um terrível acidente de motocicleta o deixa imaginando se ele pode usar sua segunda chance para ajudar os outros a encontrar o caminho, levando à surpreendente percepção de que ele deveria ser um padre católico.

Talvez o grande problema do filme seja, além da dublagem mais uma vez, a diretora e roteirista Rosalind Ross estar estreando nas funções, e com isso pegar logo de cara um elenco gigantesco com uma história religiosa real, ou seja, três elos que não são muito comuns de acontecer, e faltou para ela encontrar um algo a mais para que seu filme ficasse amplo também. Ou seja, vemos uma história interessante, afinal o estilo de um boxeador e de um galanteador em hipótese alguma daria certo como um padre, sendo uma mudança exageradamente virtuosa que precisaria de um algo a mais do que apenas um acidente, e isso acabou não ficando explícito na trama embora vejamos as figuras de um Cristo e de uma Virgem Maria em dois momentos bem estranhos que não serviram para muita coisa, e até atrapalharam se formos bem a fundo. Sendo assim, o problema do roteiro é bem grande, e talvez, bem lá no fundo, com uma direção experiente seria resolvido.

Sobre as atuações, o jeito descontraído de Mark Wahlberg até combinou com o primeiro estilo de Stuart Long, mas quando cai para o lado religioso, mesmo que mais despojado, com palavras não tão comuns como um padre mais explosivo não ficou tão interessante de ver, e volto a frisar que talvez isso tenha sido um grande problema da dublagem em não convencer com um tom mais dramático realmente, mas como disse acima a direção também foi falha, então o caos dominou. Outra dublagem péssima foi de Teresa Ruiz pois sua Carmen é latina, e tentaram fazer um português com sotaque somente na cena com a família dela, no restante era uma mulher comum, sem carisma, até chata demais, ou seja, chega a incomodar seus atos, e isso foi difícil de aceitar. Agora, Mel Gibson caiu muito bem para o papel de Bill Long, combinando de uma forma que até mesmo a voz que parece com a sua acabou entregando um homem duro, cheio de personalidade, e que no final até muda de estilo, o que acaba envolvendo de certa forma. Jacki Weaver fez a tradicional mãe, que faz as vontades do filho, que não duvida das loucuras que ele faz, e a atriz até foi bem encaixada no que a personagem precisava, mas a voz não combinou também com ela, então quem a conhece vai ficar olhando e vendo uma garotinha ali ao invés de uma senhora. Quanto aos demais, analisando o personagem, afinal volto a frisar que as entonações foram horríveis, dá para darmos certo destaque para Malcolm McDowell com seu Monsenhor Kelly bem típico da igreja católica, que sabemos como é a mente, e pelo mesmo motivo o papel de Cody Fern que trabalhou seu Jacob com uma inveja monstruosa do protagonista, e depois se confessou dizendo o que sentia, que foi bonita ao menos a cena de fechamento dele.

Quanto do visual do longa a equipe de arte teve momentos interessantes com as lutas, uma boa cena de época com o protagonista na infância bem malucão cantando, todo a representação de seus atos no açougue do mercado, um ato bem marcante da carreira de muitos atores numa seleção, vários momentos fortes no seminário, e claro o acidente fortíssimo após uma cena de bar meio estranha com um Jesus digamos abstrato demais, para na sequência uma Virgem também meio deslocada, ainda tivemos vários atos em hospitais no começo como consequência das lutas, e depois com a notícia da doença, ou seja, a equipe foi bem representativa e soube gastar bem o orçamento para não entregar atos jogados, afinal precisava ser fiel ao retrato real do Padre, e na maquiagem final deixaram bem próximo com Mark com a cara bem inchada que se compararmos completamente nas fotos foi bem trabalhado.

Enfim, é um filme com uma boa história, mas que foi mal desenvolvido, não teve a alma tradicional emotiva dos longas religiosos, e que infelizmente só veio para as salas dos cinemas pessimamente dublado, então vou pesar bem a nota, quem sabe algum dia confiro ele novamente legendado para ter uma segunda opinião, e quem sabe melhorar o que vi, mas não será tão de imediato, pois como já disse no texto tem problemas de direção e de roteiro, então fica a dica para quem não ligar para todas essas falhas, mas confesso que tem longas religiosos espalhados no streaming bem melhores. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Agulha No Palheiro Temporal (Needle In A Timestack)

5/26/2022 01:04:00 AM |

Gosto bastante de filmes com viagens temporais, que bagunça toda a linha de vida da pessoa, que muda tudo na cidade e por aí vai, então quando vi que no longa "Agulha No Palheiro Temporal", que estreou na Amazon Prime Video, brincava com a ideia de existir um modo de fazer uma viagem para revisitar determinado momento no passado apenas pagando uma leve taxa de vários dígitos (não é mostrado antes que alguém pergunte, mas é falado que é bem caro!) e com isso modificar talvez algo dentro das regras, pois do contrário pode ser preso, ou seja, uma brincadeira bem interessante, mas que afeta não apenas a pessoa que está fazendo, mas sim todo o seu meio, e com isso várias ondas temporais acabam passando pelos personagens, que aqui mostra ser apaixonado e temeroso pela esposa voltar para seu ex-amigo e rival que já foi casado com ela. Ou seja, é uma trama densa, que brinca com a ideia de destino, e claro mudanças de trajetos para que algo aconteça na vida de uma pessoa, e tirando o ritmo que é um pouco lento demais, a trama acaba envolvendo bem e agradando quem entrar completamente no clima, mas se prepare para uma boa bagunça na cabeça, pois dá um leve bug mental, que poderia ter sido melhor usado.

A sinopse nos questiona que se o amor está na forma de um círculo, quais linhas você cruzaria para estar com sua alma gêmea? Nesta emocionante história de amor de um futuro próximo, Nick e Janine vivem em felicidade conjugal, até que o ex-marido de Janine tente separá-los usando a namorada de faculdade de Nick. À medida que as memórias e a realidade de Nick desaparecem, ele deve decidir o que está disposto a sacrificar para manter - ou deixar de lado - tudo o que ama. O amor pode durar em um futuro onde o tempo é fluido e toda a vida pode ser apenas uma ilusão?

O diretor e roteirista John Ridley, que venceu o Oscar com "12 Anos de Escravidão", até brincou bem com a ideia aqui baseada na história de Robert Silverberg, pois ele deu bons ramos para que seu filme se alongasse, trabalhando com a ideologia completa de mudar o presente através de poucas mudanças no passado, e deu toda a noção clara de que quem é rico poderá usar mais desses apetrechos num futuro, pois o ambiente de compra é riquíssimo, com poltronas, vozes, numa sala bonita, bem longe das máquinas de viagem temporais que víamos nas ficções de antigamente, e ainda soube usar da perspectiva de se pensar na conexão do que tem de ser irá acontecer em algum momento, dosando ideias, relações e tudo mais para que o conceito de amor verdadeiro, de se sentir conectado com a outra pessoa seja até algo a mais, e isso ficou bem bacana de entrar no clima. Porém a história de Silverberg é curta, e o diretor quis alongar ela para ter um longa-metragem, e acabou acontecendo o problema tradicional de quando esse artifício é usado, que é do longa cansar, e o miolo aonde é mostrado a vida meio que infeliz do protagonista com a sua antiga namorada acaba sendo monótona e cansativa demais, ao ponto que o diretor poderia ter criado um pouco mais de problematizações ali, ou seja, dava para melhorar o miolo, mas o final foi bem intrigante e agrada por completo.

O longa conta com um elenco bem interessante também, que conseguiu passar sentimento e envolvimento nos atos, ao ponto que conseguimos acreditar bem no que Leslie Odom Jr. entregou com seu Nick, fazendo ares apaixonados, ares de dúvida e até mesmo desespero num primeiro momento, e nos atos finais até convencendo bem com um ar triste meio que sem rumo, fazendo olhares e boas entonações que acabam marcando cada momento da trama, ou seja, não diria que tenha sido o melhor ator para o que o filme pedia, mas dominou bem os atos. Cynthia Evo teve um primeiro ato bem pautado com sua Janine, porém praticamente foi eliminada no segundo ato, o que soou um pouco estranho, de forma que poderiam ter trabalhado o que rolou com ela e Tommy em mais atos e não apenas em uma aparição, ou seja, não deram muita chance da atriz ir além. Já Freida Pinto soube amarrar bem sua Alex, fazendo atos melancólicos bem encaixados, e dando as devidas deixas para o protagonista tentar ir além no relacionamento deles, ao ponto que a virada funciona bem e a jovem ainda segue com uma boa dosagem nos atos finais, e assim agradou com três vértices bem pautados. Acostumei tanto com Orlando Bloom caracterizado, com ares fortes e imponentes, que aqui fazendo um Tommy riquinho e meio pacato de explosões acabou sendo até estranho de ver, de forma que suas cenas tem uma certa dinâmica bem colocada, mas nada que vá muito além. Agora quem deu bons momentos, mesmo que suas cenas sejam meio que soltas foi Jadyn Wong como a irmã Zoe do protagonista, que tem como melhor amiga uma brasileira, e soube passar bem os sentimentos para o ator, encaixando momentos claros de envolvimento, e dando um bom tom para o que precisava aparecer.

Visualmente a equipe de arte trabalhou demais, pois como temos praticamente quatro mudanças temporais, o protagonista passa a viver em quatro casas diferentes e riquíssimas de detalhes, ainda tendo festas, momentos em um carro, um celular bem marcante e dobrável todo futurista, e claro a sala de viagem temporal, que é um luxo de primeiríssima classe, quase tão imponente quanto algumas salas de espera de voo VIP, e assim conseguiram brincar bastante com todas as nuances, talvez não mostraria tanto a empresa do protagonista, pois todas as mudanças mexeram em sua vida pessoal, mas ele sempre trabalhou para o mesmo cara, isso que chamo de sina, e assim ficaria um pouco melhor de ver tudo, mas foi algo bem feito pela equipe.

Enfim, é um filme que certamente poderia ter ido muito além, poderia ter brincado mais com as quebras temporais, ou então trabalhado mais o envolvimento/drama do protagonista em perder sua amada com a mudança feita, mas que tem uma simbologia interessante e é bem trabalhado, valendo a recomendação como um filme para quem gosta do estilo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Disney+ - Tico e Teco: Defensores da Lei (Chip 'n Dale: Rangers Rescue)

5/24/2022 12:51:00 AM |

Quando falamos que um filme usa diferentes técnicas de animação imaginamos logo um 2D e um 3D simples, mas juntar personagens em diversos formatos, colocar pessoas, misturar pedaços e ainda trabalhar sacadas de filmes originais e genéricos é algo que só uma pessoa em completa terapia de insanidade pensaria, e mais maluco ainda somos nós que ficamos apaixonados com toda essa loucura completa que a Disney+ acabou entregando com o novo "Tico e Teco: Defensores da Lei", que quem não se lembra passava no SBT, mas nem precisará lembrar, pois no início nos é mostrado como era o desenho, o motivo de acabar e tudo mais, numa história bem montada e emocionante. Porém não bastasse uma reinvenção para vermos novamente os esquilinhos mais amados (desculpa galera do "Alvin e os Esquilos", mas esses chegaram primeiro!), inseriram na trama diversos personagens animados conhecidos por todos, alguns desconhecidos, brincando com ideia de desenhos estranhos, de repaginações visuais, e claro das mudanças apenas para quebrar patentes e exibir uma versão não legalizada de filmes. Ou seja, é algo completamente maluco, mas tão brilhante que acabamos nos divertindo com toda a ideia completa, com a investigação, com a máquina de repaginação, e tudo mais, já esperando claro para uma continuação, afinal a ideia foi muito bem usada para ser apenas um filme, e assim sendo vamos torcer pro que vier, seja da própria Disney, ou de outras companhias, afinal teve muitos direitos negociados aqui no melhor estilo de "Detona Ralph".

A sinopse nos conta que trinta anos após o fim de seu popular programa de televisão, os esquilos Tico e Teco vivem vidas muito diferentes. Quando um membro do elenco da série original desaparece misteriosamente, a dupla deve se reunir para salvar seu amigo.

O diretor Akiva Schafer é bem mais conhecido pelos roteiros do Saturday Night Live e por dirigir alguns especiais do programa, então de filme dele não vi praticamente nada, mas conhecendo a série SNL que é basicamente zoações de diversas coisas que aconteceram nos EUA, aqui ele deu seu máximo para que o carisma do programa dos esquilos ficasse mantido, mas que estivesse completamente aberto para uma bagunça completa bem cheia de referências de outras animações, conseguindo claro os direitos de muitos personagens para aparecer na tela, e usar várias sacadas de coisas que aconteceram com personagens que foram eliminados de suas devidas franquias por algum motivo, e toda essa sacada colocada junto com as famosas harmonizações faciais, os preenchimentos tridimensionais, os conceitos, e tudo mais ficaram incrivelmente bem alocados para brincar do começo ao fim em uma história séria bem controlada e que agrada demais. Ou seja, na metade do filme você já nem sabe se está curtindo a história mesmo da equipe dos esquilos ou todo o restante que é maravilhoso, e assim o resultado impacta demais do começo ao fim, valendo entrar claro no clima e surtar junto com toda a proposta, pois aí você aproveitará tudo o que o diretor desejou entregar.

Sobre os personagens e suas dublagens, vi o longa legendado então senti um pouco de falta das vozes tradicionais que ouvia na minha infância, então pretendo rever para ver se encaixa melhor, mas tirando esse detalhe, ficou muito bacana ver um esquilo com harmonização 3D e o outro desenhado, um Peter Pan velho, o Sonic feio, entre muitos outros conhecidos e alguns nem tanto, e sempre usando de sacadas bem colocadas para divertir e dar algo a mais na produção, ou seja, tanto Tico certinho em 2D, empregado como vendedor de seguros, com ideias bem colocadas, quanto Teco malucão, tridimensional, com estilo, cheio de ideias absurdas e ousadas conseguem segurar bem a trama, e nem precisariam dos humanos na parada, mas Kiki Layne brincou como policial e deu estilo tanto para as dúvidas quanto para as soluções agradando bastante também com sua Ellie. Ou seja, é daqueles filmes que os personagens são tantos elementos quanto atores realmente, aonde as vozes entram e divertem desde o anão, passando pelo vilão, pelos protagonistas, pelo urso gigante, e todos os figurantes que aparecem no tempo certo e funcionam demais.

Visualmente volto a frisar que o longa é daqueles que quem gosta de procurar referências, de conexões e personagens de diversos universos vai passar dias vendo e revendo, e provavelmente não vai enxergar tudo, pois a direção não economizou nos direitos e contratos para pôr tudo o que ele desejasse na tela, então nem vou focar tanto nisso senão passaria dias aqui escrevendo, mas a principal base que é bacana de ver é a casa do protagonista Tico bem organizada, com seu cachorro e traquejos bem ornados para funcionalidade, já a casa de Teco é praticamente uma loja completa da série com tudo o que foi lançado desde tazos, passando por pelúcias até VHSs dos episódios, e no meio do caminho ainda tivemos uma rua com personagens disfarçados de bonzinhos mas que fazem trambiques escondidos, e claro a fábrica com uma máquina potente de harmonização/mudança de personagens que é bem bacana de utilidades, além dos estúdios de filmagens dos longas com personagens sem direitos mudados facialmente, e uma sauna/casa de banhos hilária, ou seja, tem de tudo para divertir demais.

Enfim, fui ver sem esperar muita coisa do longa e me diverti bastante, com toda certeza não peguei nem 20% das referências, afinal muitos personagens devo ter visto há anos e não me conecto tanto com jogos como uma galera aí conhece cada um, mas é daqueles que dá para entrar tranquilamente no clima e gostar de tudo, sendo tanto um bom filme do time de investigadores quanto um filme mais amplo de um universo animado completo, e assim sendo vale a indicação para todos. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos.

PS: O longa poderia ter focado muito mais em um ambiente de investigações, com mais mistério e até cenas mais tensas ao invés de brincar com tudo, mas aí não seria algo da Disney+.


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Dog: A Aventura de Uma Vida (Dog)

5/23/2022 01:03:00 AM |

Costumo dizer que não tem um filme de cachorro que qualquer um que tenha um coração não escorra uma lágrima que seja, ou se o filme não conseguir fazer isso algo de errado aconteceu, pois sempre ficamos emotivos com os gestuais dos animais, seus sentimentos para com seus tutores, e até mesmo com a conquista do objetivo de suas aventuras, então basta o diretor saber exatamente aonde botar o clímax que lá está todo mundo lavando a sala do cinema. Dito isso, o longa "Dog - A Aventura De Uma Vida" poderia ser um desses exemplares para lavar o cinema do começo ao fim, afinal estamos falando de uma cachorra do exército que tem problemas após explosões de guerra e também de um soldado com os mesmos problemas, ambos já descartados embarcando em sua última missão: a de ir prestar uma homenagem ao tutor da cachorra morto numa viagem de carro de 800km, para depois ela ser sacrificada e ele descartado do exército como já vinha sendo, e claro com isso todas as desavenças e conflitos entre eles, ou seja, era tudo que daria para muita dramaticidade e emoção, mas ficou levemente artificial sem grandes atos emotivos realmente (tirando claro o velório e o final escolhido), por não irem tão a fundo no problema em si, mas sim na aventura de um quase road-movie que passa por vários momentos diferentes. Sendo assim, pode ser o problema de uma direção iniciante mista com uma experiente demais, pode ser o roteiro que não quis ir muito além, mas uma coisa é certa, que é um bom passatempo e que agrada de certa forma quem for conferir.

A sinopse nos conta que o ex-soldado Jackson Briggs recebe a missão de levar a pastor-belga do exército Lulu ao funeral do melhor amigo humano do cão, o treinador de cachorros Riley. Por estar tentando conseguir uma vaga em uma empresa de segurança privada, tendo seu futuro nas mãos de seu antigo comandante, que o evita - o único capaz de escrever a recomendação necessária para tal - o funeral do treinador de cachorros do exército pode ser a oportunidade perfeita para deixar seu ex-comandante sem saída, e conseguir o documento que precisa. Mas, ao longo do caminho, Briggs e Lulu enlouquecem um ao outro, quebram um punhado de leis, escapam da morte por pouco e para conseguir chegar a tempo do enterro, a dupla precisará aprender a conviver em harmonia, e driblar as confusões e conflitos, enquanto atravessam a costa do Oceano Pacífico.

Como falei no começo, os diretores Reid Carolin (que já dirigiu Channing em tantos outros filmes) e Channing Tatum (em sua primeira oportunidade na função) foram meio que conflituosos num roteiro do próprio Reid junto de Brett Rodriguez, pois é notável que havia horas no filme que tudo deslanchava bem com uma proposta de um road-movie intencional, com paradas diversas para flertes, romance tântrico, hotel com honra militar, prisão, encontro de irmãos e de familiares, e por vezes puxava para algo mais emocional e de conexão realmente entre os protagonistas, e muitos nem vão notar essas quebras, mas irão sentir mesmo a falta de clima e emoção na trama, o que é um grandioso peso para carregarem na execução do filme, afinal tudo poderia ir muito além, o que acabou não acontecendo, mas nunca saberemos qual ideia é de cada um, então o jeito é assistir e se envolver apenas como um bom passatempo de domingo, mas que foi uma primeira direção bem trabalhada, pelo menos isso podemos dizer que Tatum fez, só poderia ter ido mais além.

Quanto das atuações, diria que vale falar apenas de Chaning Tatum mesmo com seu Jackson Briggs, pois a maioria foi apenas aparições pelo meio do caminho, e assim sendo o ator que é também o diretor do longa fez o que sabe fazer bem que é trabalhar trejeitos fortes mistos com situações meio que bobas e sempre com olhares marcantes, e aqui não desapontou nesse sentido, ao ponto que representou bem os apitos na cabeça que muitas pessoas tem com traumatismo craniano, a abstinência de remédios, e tudo mais, ao ponto que mantém seu personagem de uma forma bem dosada e agrada. Outro que agrada na verdade são três garotas, Zuza, Brita e Lana 5, que não dá para determinar em que momento é cada uma, mas foram muito bem na representação de Lulu do começo ao fim, sendo extremamente bem ensinadas e expressivas, tirando o máximo da paciência do protagonista, e assim agradando demais, portanto espero que o cachê delas tenha sido bem bom de petiscos! Já os demais atores nem vou entrar muito em detalhe, pois somente Ethan Suplee foi um pouco além com seu Noah nas cenas de busca dos pertences do protagonista junto com seu cão Rocket, e Kevin Nash junto de Jane Adams brincaram um pouco mais na cena da maconha, mas nada de muito importante para ser destacado.

Visualmente o longa foi bem simples, pois sendo um road-movie só precisou de uma caminhonete velha, que passa por alguns pontos dos EUA, como uma plantação clandestina de maconha com um maluco e sua esposa vidente, sendo algo bem montado no contexto visual da casa com muitos detalhe, depois temos a casa da ex-mulher do protagonista que foi quase dois frames do filme de tão rápido, o lance no hotel de luxo bem representado que já é mostrado quase que na totalidade do trailer, mas que ousa bem com os instintos de ataque da cachorra para que foi treinada, uma prisão simples também, mas com momentos divertidos pelo contexto em si, a casa do irmão da cachorra com uma busca no meio de drogados, sendo bem representativa pelo faro dos cachorros, um galpão no meio do deserto debaixo de uma tempestade bem cenográfica, mas com TV funcionando e criando momentos gostosos dos protagonistas, e claro o velório bem simples e emotivo, ainda tendo depois novas cenas no deserto e num campo de treinamentos, ou seja, tudo bem representativo que quase vemos um livro funcional na telona, e assim sendo algo que a equipe de arte trabalhou bastante para colocar tudo em detalhes.

Enfim, é um bom filme, mas que passou muito longe de atingir o ápice que poderia se colocasse um pouquinho mais de momentos emotivos, para realmente pegar o público e envolver no máximo como a maioria dos filmes de cachorros fazem conosco, então fica a dica para um bom passatempo ao menos, que vale dar aquela conferida em casa no sofá do domingo. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Quatro Amigas Numa Fria

5/22/2022 06:15:00 PM |

Um gênero que o Brasil ainda passa longe de conseguir dominar é a tal da dramédia, ou comédia dramática que tanto nossos vizinhos argentinos mandam super bem, pois fazer as duas pontas bem feitas é quase uma alquimia completa que se errar uma gota acaba estragando tudo, e nossas comédias sempre recaem mais para o lado forçado, e nossos dramas para o lado novelesco, e a mistura desses dois estilos ainda vai precisar de muito tempo para agradar o público geral. Ou seja, não digo em momento algum que o longa "Quatro Amigas Numa Fria" seja ruim de ser conferido, muito pelo contrário, tem estilo, tem uma boa produção, e um time de atrizes bem dispostas a fazer ele funcionar, porém é algo que falta atos divertidos para o público rir, e também falta emoção para envolver esse mesmo público, ao ponto que se torna algo bonitinho, mas que não marca, sendo daqueles que até vale a conferida talvez na TV quando passar, mas no cinema o público da sala sai da mesma forma que entrou, como se não tivesse visto nada na telona, e isso pesa.

A sinopse nos conta que um quarteto de amigas que se conhecem desde a infância, viajam a despedida de solteira de uma delas, mas no final, da praticamente tudo errado. Dani (Maria Flor) está prestes a se casar e convida três amigas - Karen, Ludmila e Josie - para acompanhá-la até Bariloche para sua despedida de solteira. As meninas esperam uma viagem tranquila e relaxante, com muitas aventuras que só uma despedida de solteira pode proporcionar. Enquanto isso, Guto, noivo de Dani, morre de ciúmes da viagem. Chegando à cidade Argentina, nada parece dar certo para as quatro amigas: elas têm que dormir em um chalé congelante, porque Karen esqueceu de fazer as reservas do hotel; Josie precisa andar encapotada porque tem alergia a gelo; e Ludmila, mãe de três filhos, não consegue dormir tanto quanto desejava. Após muitas aventuras, a viagem se tornará uma grande oportunidade para que as amigas se tornem ainda mais próximas à medida que mágoas do passado retornam.

O diretor Roberto Santucci que ficou bem famoso pelas comédias bem escrachadas que tem entregue nos últimos anos lotando as salas dos cinemas com tantas sessões, aqui quis ir por um rumo diferente demais de seu estilo, e isso é perigoso, pois o texto de Paulo Cursino, seu parceiro de longa data nas comédias, tem um peso emocional para dar vários valores de amizade e de reencontro dentro de uma viagem, porém a todo momento tentam colocar algum gracejo e ele soa quase como uma esquete solta do filme, o que não é nem inteligente, nem envolvente como deveria rolar, sendo daqueles que vemos, sorrimos, e acabamos não envolvidos o suficiente para rir nem emocionar como se deve no gênero. Ou seja, o trabalho de ambos é notável como um filme até com um certo apreço artístico, porém não para o público que espera rir de seus filmes no cinema, e assim o resultado não atinge ninguém.

Sobre as atuações, colocaria sem dúvida alguma todo o destaque da trama para Micheli Machado com sua Lud genial, cheia de bons trejeitos, e fazendo exatamente a comédia que o diretor sabe fazer bem, ao ponto que se o filme ficasse só nela seria incrível, pois ela se jogou na personalidade que a mãe e mulher necessitada de descanso encaixa, que muitas irão se conectar a ela, e rir de tudo o que faz e fala, pois é perfeita nesse sentido. Fernanda Paes Leme também foi explosiva e direta com sua Karen, mantendo o ar direto e forte, conseguindo até enganar o público com sua opção, e assim foi bem nos atos mais soltos. Já Maria Flor ficou monótona demais com sua Dani, não sendo uma personagem que o público se conecte, que demonstre o ar perfeitinha que é imposto, ficando para algo mais sem sal do que deveria, resultando em algo que não incrementa nada para o filme. Priscila Assum teve alguns momentos cômicos com sua Josie, principalmente coberta com um milhão de roupas, mas não foi muito além, e talvez tenha faltado um pouco mais de abertura para que seu papel fluísse, sem ser o elo de junção ao final. Pablo Bellini foi bem charmoso com seu Ricardo, no estilo de galanteio completo, e claro um colírio para a mulherada, mas é quase um objeto cênico de expressividade, e isso não é algo que um ator queira ser chamado em um filme. Agora quem me surpreendeu foi Charles Paraventi com seu Esteban, pois geralmente entrega personagens extremamente forçados, e aqui ele mesmo tentando fazer rir em alguns momentos, teve bem mais elos de coração e sentimentos que acabaram agradando bastante, e assim sendo deveria explorar mais esse estilo que vai encaixar bem com sua personalidade. Quanto aos demais diria que foram mais participações mesmo, com Marcelo Saback exageradíssimo com seu Gil fazendo uns trejeitos e gracejos desnecessários, e Marcos Veras como Guto servindo mais para as mensagens da protagonista e para um fechamento que não foi muito além. 

Visualmente a equipe de produção não economizou, indo filmar mesmo em Bariloche, com um chalé bem destruído e cheio de detalhes, um hotel bem requintado com todos serviços incríveis para o relaxamento de uma pessoa, muita neve para todos os lados, e até um bar bem trabalhado encaixando uma boa cena, ou seja, um trabalho primoroso para um longa que até merecia ir mais além, sendo bem representativo nos detalhes, agradando do começo ao fim com as escolhas feitas.

Enfim, volto a frisar que não é um filme ruim, apenas é daqueles que não encaixam em nenhum gênero pré-moldado, faltando fazer rir e emocionar como deveria, mas que vale como um passatempo para um domingo no sofá, desde que a pessoa não espere algo a mais dele. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Top Gun: Maverick em Imax

5/22/2022 01:44:00 AM |

São bem raras as continuações que superam os originais, mas quando conseguem esse feito vem com tanta emoção que faz arrepiar do começo ao fim. E só esse sentimento batia em cada cena do filme "Top Gun: Maverick" visto hoje, com cenas imponentes, uma história envolvente no máximo, juntando nostalgia, ação, e muito mais com caças incríveis, dinâmicas bem fortes, e tudo mais que o estilo promete e deva cumprir. Ou seja, é o filme que muitos esperavam ver depois de 36 anos do lançamento de "Top Gun: Ases Indomáveis", que vai fazer muito marmanjo se emocionar com toda a intensidade das cenas de voo, de batalha, e até mesmo de treinamento, sendo um marco na carreira de Cruise ao reviver memórias e estilos, e mostrando que ainda tem muitas fichas para gastar e fazer o público vibrar na poltrona. Alguns até vão achar pouca história, mas toda a essência passada, a dinâmica do treinamento, e claro a missão suicida em si, com um desfecho ainda mais impressionante acaba sendo o merecimento de um filme de uma época, marcante e perfeito de ser visto exclusivamente numa tela gigantesca, pois em casa garanto que não vai arrepiar nada.

No longa acompanhamos a história de Pete “Maverick” Mitchell (Tom Cruise), um piloto à moda antiga da Marinha que coleciona muitas condecorações, medalhas de combate e grande reconhecimento pela quantidade de aviões inimigos abatidos nos últimos 30 anos. Entretanto, nada disso foi suficiente para sua carreira decolar, visto que ele deixou de ser um capitão e tornou-se um instrutor. A explicação para esse declínio é simples: Ele continua sendo o mesmo piloto rebelde de sempre, que não hesita em romper os limites e desafiar a morte. Nesta nova aventura, Maverick precisa provar que o fator humano ainda é fundamental no mundo contemporâneo das guerras tecnológicas.

Diria que o diretor Joseph Kosinski depois de muito tentar com longas de ação que apanharam da crítica conseguiu o feitio de uma trama que todos estão se apaixonando pelo resultado, e o motivo é bem simples e tem nome: o fator Tom Cruise, mas não a atuação do ator em si, mas sim seu jeito de desejar o mínimo de computação envolvida, e sim gravações reais, com aviões reais dando rasantes e fazendo manobras arriscadas, barcos em movimentos malucos no meio do oceano, motos em velocidade máxima, colocando as câmeras nas posições mais precisas possíveis para capturar as feições dos artistas nos atos imponentes para que nada fique artificial, e a história aqui pediu isso, com coesão, dimensão dos atos e tudo mais que fizesse cada ator expelir ao máximo seus trejeitos, mostrando desde o fator de transmissão de pai para filho pelo que rolou no passado, seus galanteios, desobediências e tudo mais que coubesse para empolgar e marcar cada momento da trama. Ou seja, é mais do que apenas um filme de direção ou atuação, é daqueles que cada componente funciona, que não pode ter erros pelos riscos de tudo, e que com muito planejamento conseguiram ser criativos, inteligentes e praticamente reinventar o gênero, afinal na época do primeiro tinha toda a iminência de uma guerra num formato, e agora tudo é diferente até mesmo na guerra, e o longa ainda assim funciona bem.

Sobre as atuações, é nato também o quanto Tom Cruise desejava essa continuação, seja para mostrar o quanto aprendeu a pilotar aviões, motos, barcos e tudo mais em altíssima velocidade, quanto para mostrar o crescimento e a explosão que seu Maverick deu em sua carreira, afinal "Ases Indomáveis" foi seu 7° filme da carreira e esse o 45°, todos tão imponentes quanto, e com estilo clássico que permeia cada sentimento passado aqui, olhares, gestuais e envolvimento, e o melhor, mostrando também que não envelheceu tanto em 36 anos, mantendo o corpo em linha, a cara envelhecida mas ainda precisa de trejeitos e claro a expressividade marcante que tanto conhecemos, ou seja, perfeito em cena. Outro que mostrou uma evolução não de 86 para cá, mas sim de seus últimos filmes é Miles Teller que foi incrivelmente caracterizado para que seu Rooster ficasse a cara de seu pai no longa de 86, Goose, que quem não lembrar do original morreu em uma das missões pelo teto do avião não abrir, e o jovem pintou os cabelos, deixou o bigode, e entregou muita personalidade nos trejeitos, na forma de passar a emoção e criando algo meio duro num primeiro momento, nos atos finais acaba se entregando por completo e ficando perfeito demais, ao ponto que o veremos decolar ainda na carreira. Jennifer Connelly soube dosar o ar romantizado com o protagonista, fazendo de sua Penny alguém bem precisa e direta, com uma desenvoltura de primeira linha e um ar sexy sem forçar a barra, o que acaba agradando bastante. Ainda tivemos ótimas cenas com Val Kilmer mesmo doente entregando os atos finais de seu Iceman com muita emoção, um Jon Hamm preciso e imponente com seu Cyclone, Bashir Salahuddin emocionante com seu Hondo, e até mesmo Charles Parnell deu boas nuances com seu Warlock, além dos demais jovens que deram boas nuances para a equipe com destaques para Glen Powell com seu Hangman, Monica Barbaro com sua Phoenix e Lewis Pullman com seu Bob, mostrando uma nova turma boa para quem sabe uma continuação jovem da trama, pois todos foram bem expressivos, e devem ter surtado bastante nos voos, mesmo que no banco de trás.

Visualmente o longa é um deslumbre completo, pois como já disse Tom exigiu que o longa fosse filmado com naves reais, motos reais, barcos reais e tudo mais que fosse possível para que o longa passasse a maior realidade possível para o público e para os atores também, então quando os treinamentos rolam, as batalhas e voos foram feitos, claro sem tiros reais para ninguém morrer em cena mesmo (aí é que entra o poder da computação para fazer explosões, detonações e tudo mais), mas praticamente voamos junto com todos os atores na sala, pois com o som das melhores salas de cinema tudo treme, vibra, o som explode os ouvidos e vivenciamos o momento junto com todos, além de ter um bar de praia incrível aonde rolam boas cenas com os personagens, remetendo também a bons momentos do original, e vários elementos explicativos das missões com tecnologia de ponta. Ou seja, a equipe de arte sofreu muito para conseguir as devidas licenças, mas conseguiu colocar as câmeras em lugares onde ninguém mais colocou, e o resultado é notável.

Musicalmente o longa contém claro a trilha clássica de Harold Faltermeyer e Steven Stevens, agora junto de Hans Zimmer para dar aquela explosão ainda maior nos envolvimentos, é iniciado com Kenny Loggins e sua clássica "Danger Zone", e finalizado agora com a canção feita para o filme por Lady Gaga e sua "Hold My Hand", e também o One Republic com "I Ain't Worried", além claro de vários envolvimentos apenas de trilha que deram o tom, ou seja, uma lista invejável que envolve demais.

Enfim, até dá para reclamar de alguns momentos, mas me arrepiei demais em diversos atos, me emocionei com algumas situações e a trama me envolveu de tamanha maneira que não tenho como dar outra nota, principalmente pelo realismo passado na maioria das cenas, então vá para os cinemas, se possível veja numa Imax ou na maior sala que estiver ao seu alcance, e curta, pois é o famoso filme nostalgia para os mais velhos, mas que vai envolver também os mais jovens que curtem bons longas com emoção, e sendo assim fica a dica para as prés dessa semana, e claro para a grandiosa estreia na próxima quinta. Eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Chamas da Vingança (Firestarter)

5/21/2022 02:13:00 AM |

Vou ser bem sincero com quem lê minhas opiniões, e dizer logo de cara que não lembro do original "Chamas da Vingança" de 1984, então vou falar somente do que vi nesse novo de hoje que ficou parecendo algum prequel de filme dos X-Men, aonde pela abertura do filme vemos um casal que aceitou ser cobaia de um teste na faculdade, e acabou ganhando poderes, casando, tendo uma filha com a mistura de poderes com algo quase tão destrutível quanto uma bomba atômica, e que claro passam a ser perseguidos por fugirem do programa, e temos então a jovem perdendo controle dos poderes, explodindo coisas, matando coisas, e quando a mãe morre e o pai vai preso a garota vai atrás, e o pau tora, mas é tudo tão básico que acaba nem empolgando, acaba de forma bem aberta para continuações, e mesmo sendo embasado num livro clássico de Stephen King, a única base de terror mesmo é que a jovem fala que gosta do sentimento de matar, mas não vai além, não causa temor, sendo tão rápido quanto uma apresentação da maioria dos filmes, ou seja, ficou parecendo ter muito mais e quiseram vender apenas a parte um para depois vir com a parte dois, mas ainda assim não compensa o crime de ir conferir, sendo bem mediano pra fraco.

No longa seguimos um pai e sua filha, Andy e Charlie. Durante seus anos de faculdade, Andy havia participado de um experimento da Loja que lidava com o "Lote 6", uma droga com efeitos alucinógenos semelhantes ao LSD. A droga deu a sua futura esposa, Victoria Tomlinson, habilidades telecinéticas e a ele forma telepática de controle mental que ele chama de "empurrão". Ambos também desenvolveram habilidades telepáticas. Após se casarem e terem uma vida aparentemente normal, sua filha Charlie acaba desenvolvendo uma capacidade pirocinética assustadoramente forte. Tendo uma infância normal e a família McGee vivendo entre pessoas normais, A Loja acaba sabendo sobre os poderes absurdos de Charlie, querendo pegá-la para maiores estudos. O longa acompanha a dupla de pai e filha fugindo da Loja, após um plano falho de tirar Charlie de seus pais e levando a morte de Vicky.

Diria que o diretor Keith Thomas e o roteirista Scott Teems pegaram o texto de Stephen King e imaginaram tudo o que viram nos longas de quadrinhos, de heróis, vilões e tudo mais, e simplesmente colocaram na tela, ao ponto que deu o tempo pararam a câmera e o espectador que curta ou não como finalizamos, pois tem todo o nexo da divindade no fechamento, mas falta algo a mais, falta dizer o que vai rolar depois, e mesmo a base toda é curta e direta demais, sem florescer o crescimento da garota com seus poderes. Ou seja, acabamos vendo um filme de 94 minutos inacabados, que precisaria sim de mais 30 e talvez ainda não seria suficiente, mas é o que temos, e assim sendo vou torcer para que quem sabe saia uma continuação, o que acho bem difícil, afinal não é o estilo que tem continuações.

Sobre as atuações, Zac Efron até foi bem com seu Andy, fez algumas cenas emotivas chorando sangue, e foi bem como um pai zeloso, mas poderia ter mais força ou mostrar mais dos seus tempos gloriosos para criar um algo a mais, diria que está melhorando seu estilo de interpretação e logo mais deve ficar bem sem ser mais o galã tradicional. Ryan Kiera Armstrong entregou uma boa imponência para sua Charlie, e pasmem foi um dos primeiros personagens que Drew Barrymore fez nos cinemas, logo depois de "E.T. - O Extraterrestre", então a jovem se seguir a mesma linha tem futuro, e bons trejeitos ao menos mostrou. Gloria Reuben se portou de uma maneira até que bem forte para que sua Capitã Hollister fosse chamativa, mas tem praticamente três cenas apenas, e meia dúzia de falas que não vão muito além, ou seja, nem foi usada como deveria. O papel de Wanless que Kutwood Smith fez pareceu bem importante, mas apareceu em menos de 2 minutos de tela, ou seja, serviu para nada na trama, ou vai sobrar para a continuação, então veremos. Michael Greyeyes foi bem forte com seu Rainbird, mas não consegui ver direito qual o poder real dele em cena, ao ponto que o ator fez dinâmicas marcantes e deu seu nome ao personagem, o que também pode ser que usem na continuação. Já a mãe da garotinha que Sydney Lemmon entregou até teve algumas nuances interessantes, mas morreu rápido demais, e assim não foi além.

Visualmente o longa passou praticamente por quatro ambientes, a escola da garota aonde ela sofre bullying e bota fogo no banheiro, a casa dela invadida e a garota surtando e botando fogo em tudo, uma fazenda com uma mulher acamada e um marido bêbado (até que bem desenhada pela equipe de arte), e o centro de pesquisas aonde ocorrem as cenas finais, ao ponto que todos foram bem recheados de elementos para a garotinha explodir e se desenvolver, mas se você ficar olhando para o cenário o longa acaba de tão rápido, ou seja, faltou trabalhar um pouco mais de tudo, que aí sim o trabalho da equipe de arte seria exigido e funcionado bem.

Enfim, é um filme que talvez gere frutos futuros, mas que faltou muito para ser algo chamativo nesse primeiro momento, ao ponto que ou soltam logo uma continuação, ou quando vier nem lembraremos que vimos ele, pois é fraco de essência e fraco de desenvolvimento, o que é uma pena, afinal todo texto de King é imponente para agradar, e não rolou. E é isso meus amigos, não indico o filme e fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, afinal essa semana está bem cheia, então abraços e até logo mais.


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Pureza

5/20/2022 08:23:00 PM |

Algumas histórias reais sempre vão pesar na formatação de um bom longa, porém quando cai na mão de um bom diretor ficcional que sabe como fazer o público entrar no clima da produção o resultado acaba indo até além, já nas mãos de um documentarista ele acaba ficando mais no tema e esquecendo que o público precisa se emocionar e sentir o filme para que a trama exploda realmente. Iniciei o texto do filme "Pureza" dessa forma pela única e exclusiva crítica do filme ficar bem longe de algo imponente: a falta do ar ficcional que ultrapassasse o clima documental misto com o novelesco, pois em alguns atos parece que estamos vendo uma reconstituição feita para algum jornal nacional e não um filme realmente, e isso vai acabar pesando muito no público que for conferir. Ou seja, é uma história que daria muito envolvimento para emocionar, chocar e impactar com tudo o que acontece, mas acabamos apenas vendo e não sentindo a força que deveria ter, principalmente se compararmos com "7 Prisioneiros" que trabalha o mesmo tema, só que na cidade ao invés do campo.

O filme é baseado na história real de Pureza Lopes Loyola. Na trama, Pureza é uma mãe solo que mora com seu filho, Abel, em uma pobre região do Maranhão. Descontente com a vida que levam, o jovem resolve deixar o local para buscar emprego em um conhecido garimpo, com a promessa de dar uma vida melhor para a matriarca. Após meses sem notícias do filho, Pureza resolve sair em busca do rapaz. Durante a jornada, ela encontra uma fazenda que emprega um sistema de aliciamento e cárcere de trabalhadores rurais, a famosa escravidão moderna. Ainda à procura do filho, ela passa a trabalhar neste lugar, testemunhando o tratamento brutal sofrido pelos empregados, além do desmatamento ilegal de florestas. Lutando contra um sistema perverso e poderoso, esta batalhadora mulher enfrentará a tudo e todos que ficarem à sua frente, sempre com uma fé religiosa inabalável e a esperança de encontrar o filho.

Talvez o problema tenha sido o diretor e roteirista Renato Barbieri ter encarado uma ficção depois de muitos documentários, inclusive o último sendo sobre a escravidão moderna chamado "Servidão", e aí não ter conseguido ir além em algo que acompanhou, pois como costumo dizer o roteirista precisa soltar seu filho nas mãos de outra pessoa para que ela dê uma vida melhor pra ele, senão a chance de não deslanchar é alta, e isso foi o que acabou ocorrendo, que vemos um bom texto, sem grandes chamarizes, que acaba sendo inteligente de proposta, porém sem atitude mesmo com uma atuação forte da protagonista. Ou seja, é um documentário excelentemente interpretado que virou um filme fraco, mas que poderia ser um filme incrível com uma proposta documental se outro diretor fizesse as vezes.

Sobre as atuações, basicamente temos de engrandecer uma das melhores atrizes nacionais que é Dira Paes, pois sua Pureza é imponente, tem presença, e se entrega por completo na trama, lembrando um pouco o que está fazendo na nova versão de "Pantanal", que aliás deve ter usado o longa para puxar alguns trejeitos para a novela, e aqui fez bem o que precisava, e chamou a responsabilidade toda para si, agradando e fazendo o que dava, mas poderiam ter usado ela mais ainda sem precisar aparecer tanto ela na trama. Matheus Abreu apareceu quase que de enfeite com seu Abel, de forma que quase poderia ser um nome apenas. Mariana Nunes tentou se impor com as poucas cenas de sua Elenice, mas também resulta mais na simplicidade do que no chamariz mesmo. Já Flavio Bauraqui e Sergio Sartório com seus Narciso e Zé Gordinho até foram bem marcantes como capatazes, mas faltou explosão nos papéis para irem além, e assim sendo apenas estiveram presentes. Já os demais foram apenas figurantes em cena, o que é uma pena, pois valeria chamar mais atenção dos escravos.

Visualmente a trama foi até que bem trabalhada na simplicidade do ambiente, mostrando no começo a olaria da família, que ganhava pouco e fez com que o jovem tentasse mudar de vida, e depois a fazenda grandiosa com um armazém bem sujo com várias coisas ruins para os "trabalhadores" se endividarem, uma cozinha simples, mas que a protagonista dominou, alguns rádios, e claro cenas de corte de pastagem, um açude sujo aonde pegavam água, um abrigo com redes bem precárias, e depois algumas cenas em Brasília, com salas que sabemos que não foram filmadas lá dentro pela simplicidade do ambiente, mas que representou ao menos, ou seja, tudo foi bem feitinho, mas nada surpreendente.

Enfim, é um longa de boa proposta, que mostra uma época sofrida e forte que praticamente sumiu do mapa no país, mas que tem reaparecido, então vale para reflexão e denúncias claramente, mas que poderiam ter feito algo mais forte e ficcional para realmente impactar, e assim sendo não digo que recomendo com muita força para todos os amigos, pois a maioria vai reclamar da simplicidade que lembra até um pouco os filmes que fazíamos na faculdade. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou conferir mais um hoje, então abraços e até logo mais. 


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A Médium ('ร่างทรง') (The Medium)

5/20/2022 01:34:00 AM |

Costumo dizer que um bom filme de terror não é aquele que te assusta e faz ficar pulando da poltrona, e menos ainda aquele que cria situações que você não entende nada e tentam passar algum tipo de mensagem estranha (os famosos terror-cult), e muito menos aqueles que exageram na sanguinolência voando para todos os lados, mas sim aquele que você acaba entrando completamente no clima, se interessa pelos personagens, a tensão ocorre, as dinâmicas arrepiam, e que mesmo sendo algo bizarro, nojento e completamente absurdo de pensar (mesmo sabendo que existem seitas e cultos estranhos assim), no final você fica pensando o que foi isso minha gente! E já fazia um bom tempo que não via um longa com todas essas qualidades no cinema, ao ponto que no final de "A Médium" já estava pensando que tem seitas que chamam realmente alguns documentaristas para gravar seus cultos e os malucos vão lá, depois de verem e alguns mesmo vendo o pau torando continuam gravando como ocorre aqui, pois confesso se sou eu com a câmera largava ela lá e adeus no primeiro grunhido que ouvisse, quanto mais ver o amiguinho câmera do lado sendo comido e ficar dando close. Ou seja, sei que muitos vão conferir e odiar tudo, achar tudo absurdo e impossível, mas a ideia toda me fez lembrar um pouco "A Bruxa de Blair", só que com muito mais intensidade no tratamento final, já que aqui não quiseram fazer imagens estranhas, mas sim uma documentação precisa e bem feita com muitas câmeras, uma equipe completa, entrevistas, e tudo mais, e com um começo que muitos vão até pensar que o trem não vai engrenar, mas é bem uma preparação para tudo, e cada coisa dita no miolo é bem utilizada, fazendo da trama um dos melhores que vi do gênero em muitos anos.

A sinopse nos conta que uma equipe de documentários tailandeses viaja para a parte nordeste da Tailândia para documentar a vida cotidiana de uma médium local, Nim, que é possuída pelo espírito de Bayan, uma divindade local que os aldeões adoram. Bayan é uma deusa ancestral e possui mulheres na família de Nim há gerações. A última na linha de sucessão foi a irmã de Nim, Noi. No entanto, Noi não queria ser médium e se voltou para o cristianismo. O espírito de Bayan mudou-se para Nim e está com ela desde então. Após a mulher fazer uma revelação horripilante sobre a família de sua irmã, sua sobrinha Mink, começa a exibir comportamentos estranhos. Nim está inicialmente convencido de que Bayan deseja que Mink seja a sucessora de Nim, mas Noi se recusa a deixar Nim realizar uma Cerimônia de Aceitação para mover o espírito de Bayan para sua filha. Mas, a deusa que eles tanto adoravam, talvez não seja o que sempre acharam.

O jeito que o diretor Banjong Pisanthanakun escolheu desenvolver sua história foi algo brilhante de observar, principalmente para um filme de terror, afinal entregar um documentário inicialmente sobre uma religião/entidade numa comunidade meio que isolada e devota à ela, depois perceberem a possibilidade de documentar a transferência dessa entidade para outro ente da mesma família, e sem ficar com diálogos da equipe, mas sim deixando a fluência para a família em si, como se as câmeras fossem algo cotidiano ali é algo muito diferenciado, pois em certos momentos nem vemos mais os personagens respondendo as perguntas da equipe, mas sim apenas reagindo a tudo e a equipe pouco se lixando se ia morrer ou se aquilo ali estava quebrando a privacidade ou qualquer coisa que um documentarista pensaria, e isso deu um sentido completamente maluco para a trama nos atos finais aonde qualquer um fugiria, ou se esconderia como rolou com um dos membros (claro sem parar de filmar!), e assim tudo é perfeito nesse sentido, aí entramos no conceito de terror e filmes com entidades, pois diferente de um monstro ou espírito assombrando, aqui vemos não só a incorporação, mas o acreditar naquilo, de quão forte é tudo, e como algumas pessoas entram na ideia religiosa mesmo sem saber o que é realmente, tanto que o último depoimento de Nim que é o fechamento do filme diz tudo, então é o terror acontecendo da forma mais crua e tensa na tela, e isso embora nojento, forte e intenso, é lindo de ver. Ou seja, o diretor fez um filme que é o que ele queria, sendo ficção, mas que passaria facilmente num festival de documentários reais, e alguns do júri dariam boas notas.

Sobre as atuações, só posso dizer que todos foram muito naturais no que fizeram, parecendo realmente pessoas comuns na comunidade, que vivenciaram toda a insanidade dos rituais, de tal maneira que se entregaram para tudo, e até mesmo o tio estranho vivido por Yasaka Chaisorn ficou muito bem encaixado com a família dele quando parecia meio que jogada no longa. E assim sendo a jovem Narilya Gulmongkolpech inicialmente comum com sua Mink, apenas exagerando nas bebidas e brigas ocasionais de jovens, mas depois virando o próprio demônio com dobras corporais, olhares revirados, saltos, cenas obscenas, coisas nojentas e tudo o que se pudesse pensar numa incorporação demoníaca que dá muito certo de ser vista, ou seja, foi muito bem no que fez. A tia vivida por Sawanee Utoomma fez uma Nim bem densa, com olhares reflexivos, e tradicionais de uma pessoa mística, rezando muito, fazendo seus cultos e oferendas, e sendo bem direta nos depoimentos, sendo a protagonista real de seus atos, o que é perfeito de ver. Sirani Yankittikan trabalhou sua Noi de uma forma bem desesperada, tradicional de mães, e se jogou literalmente na personalidade que precisava, agradando bem em todos os atos e finalizando ainda melhor. O outro guia espiritual Santi, que Boonsong Nakphoo fez ficou meio explosivo demais, com trejeitos até falsos e estranhos, mas que é comum de ver em rituais, então fez bem seus atos finais, e agradou. Agora Arunee Wattana poderia ter feito uma Pang um pouco melhor e mais convincente, pois pareceu perdida em alguns atos, porém foi pouco usada, o que acabou não atrapalhando a produção. Quanto dos diversos câmeras, produtores e diretores do documentário, eles apareceram quase nada em cena, e falaram menos ainda, mas seus gemidos finais, suas fugas e tudo mais foi algo bem bacana de ver.

Quanto do visual, o filme se passa todo na comunidade, e tendo um galpão de uma fábrica para os ritos mais tensos, então é uma casa bem simples, o emprego da jovem com várias mesas e cadeiras sem grandes chamarizes, uma parada natalina bem comum, muito matagal, e claro câmeras noturnas, câmeras acompanhando cada um, um culto mais calmo, um mais cheio de pessoas diferentes e malucas, e claro o grandioso fechamento com um culto assustador, além de alguns ritos de funerais bem culturais e interessantes, ou seja, pareceu realmente que a equipe foi para alguma cidadela e filmou todo o cotidiano ali acontecendo, o que é perfeito de ver, e que mesmo abusando de algumas luzes falsas, o resultado impacta bem com muito sangue, vômitos, coisas nojentas e até atos sexuais bem explícitos, ou seja, o conjunto de um terror completo.

Enfim, é daqueles longas que funcionam demais dentro do proposto, que até tem falhas, mas que são relevantes, e usando duas ou três pequenas cenas de jumpscare para pegar o espectador (mas que você estará preparado para elas se conhecer um pouquinho de filmes de terror), o restante é apenas o luxo do mais tenso estilo de terror, e isso faz valer demais a recomendação para quem gosta de um bom filme do gênero. Então fica a dica, e eu fico por aqui hoje deixando meus abraços e até breve, pois essa semana está bem cheia de estreias.

PS: Só não dei a nota máxima para o longa por alguns exageros e pequenas falhas, mas é algo que dá para relevar e colocar ele no top filmes do ano.


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Netflix - Toscana

5/18/2022 11:59:00 PM |

Costumo dizer que temos de ver de tudo um pouco para que os ânimos e estilos de nossa mente fluam naturalmente, dando uns sustos de vez em quando, explodindo tudo com tramas de mil reviravoltas, ficando revoltado com dramas enrolados, e claro dando aquele alívio simples com um romance sem surpresas que já sabemos completamente o rumo que vai tomar, mas que agrada justamente por ser simples. E hoje foi um desses dias de dar paz para a cabeça do Coelho que vos digita dando play no lançamento dinamarquês da Netflix, "Toscana", que até tem um desfecho não tão esperado como todo longa de romance (pelo menos não de cara), mas que tem uma estrutura bem clássica do gênero, mostra muitas comidas bonitas e aparentemente deliciosas, e que envolve de certa forma como deve ser, mas poderiam ter trabalhado o ar romântico da região melhor, ter criado mais flashbacks e dar um toque mais quente para os protagonistas no desenrolar da trama, para quem sabe o filme ir ainda mais além, mas não é nada que atrapalhe, e assim quem curtir uma trama leve e gostosinha pode dar o play que a dica é boa.

A sinopse do longa é bem simples e nos conta a história de um chef dinamarquês que viaja para a Toscana para vender o negócio de seu pai. Lá, ele acaba conhecendo uma mulher local que o inspira a repensar sua abordagem da vida e do amor.

Diria que o diretor e roteirista Mehdi Avaz até tentou elaborar um pouco mais seu longa para que ele não fosse tão direto na síntese, e com isso acabou abrindo o espaço para não terminar tão na cara de que o resultado seria o tradicional, mas foi colocando todas as nuances tradicionais de negociações, de filho que ficou traumatizado com separação na infância, e ainda colocou pitadas de esquecimento de momentos, que é algo bem bacana de se trabalhar se souber ir além, usando fotos e tudo mais, e com essa abertura vemos alguns atos bem calmos, sem nada que espantasse realmente, então poderiam ter brincado mais com tudo para que o filme fosse mais além, provocasse um pouco o espectador, e ainda assim ficasse simples. Ou seja, trabalhar o miolo como alguns costumam dizer, ou como estamos usando um longa envolvendo culinária também, botar um pouco mais de tempero, que aí sim teríamos algo perfeito, porém como já disse no começo, o estilo escolhido foi bem gostosinho, com muitas comidas chiques e envolvimentos leves, e assim dá para relaxar e curtir tranquilamente tudo.

Sobre as atuações, posso estar errado sobre o que o ator Anders Matthesen fez com seu Theo, mas fez tantas pesquisas de trejeitos, gestuais e desenvolturas com chefes renomados que quase falamos que realmente é ele cozinhando tudo, preparando os pratos e tudo mais, pois foi muito perfeito no que o papel pedia, e além disso deu as devidas nuances nos atos principais, encaixou cada dinâmica junto da outra protagonista, ao ponto de querermos até ver mais dele, e olha que é difícil ver dinamarqueses sendo sutis, e ele acertou bem no que fez. Cristiana Dell'Anna fez uma Sophia mais seca de expressões, mas sendo direta nos atos acabou sendo funcional e racional para o papel, entregando exatamente o oposto do protagonista, ou seja, fez com que sua personagem não se entregasse facilmente com emoções tradicionais, e isso é algo bem bacana de ver, principalmente em papeis femininos, o que foi bem certeiro para o longa. Quanto aos demais foram bem colocados, mas nenhum se expressando com algo que chamasse a atenção, e assim é melhor focar só nos dois mesmo, porém friso que o elenco do restaurante foi muito coeso em tudo o que fez, parecendo ser realmente profissionais do ramo.

Visualmente a trama foi filmada em uma locação incrível, na Toscana é claro, com um casarão rústico, porém sendo muito agraciado pelas belezas ao redor, e não bastando isso ainda montaram um casamento simples e bonito de ver, comidas que encantam e transmitem o sabor só de ver, e muitas dinâmicas clássicas de longas envolvendo alimentos, como arrumações de cozinhas, experimentação de clássicos, e tudo mais, ou seja, a equipe passou muito bem durante as filmagens. 

Enfim, volto a frisar que muitos vão até reclamar da simplicidade do longa, mas é bem bonito e gostoso de ver, levinho, e que acaba sendo daqueles que até podemos lembrar um dia em alguma indicação para comparar as locações e jeitos de fazer algum alimento, além claro de ser um longa dinamarquês que não é tão comum de aparecer, então fica sendo uma boa dica de conferida. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - O Rei Das Fugas (Najmro: Kocha, Kradnie, Szanuje) (The Getaway King)

5/17/2022 10:12:00 PM |

Já disse outras vezes que a arte de dominar o riso é algo para pouquíssimos, e conseguir transformar a biografia de um ladrão em uma aventura cômica de ação é algo quase que impossível, pois sai demais do eixo de algo convincente de acreditar. Então como ir além? A resposta é forçando a barra no nível mais aceitável possível, e deixar rolar, que é o que os poloneses tentaram com "O Rei das Fugas", que estreou na Netflix e que mostra uma trama meio que absurda de um ladrão que sempre dava um jeito de fugir das prisões das maneiras mais irreverentes possíveis deixando os policiais revoltadíssimos com tudo, e sempre no encalço dele durante a época da mudança mundial com a queda do muro de Berlim. Ou seja, é um filme que tem um estilo bem interessante, que até soa engraçado em alguns atos, mas é tão bizarro tudo o que rola na trama, principalmente nos atos finais, que desanima demais, e assim sendo é melhor procurar algo melhor no streaming.

O longa nos entrega uma comédia policial de ação ambientada nos últimos dias do comunismo na Polônia, contando a história do ladrão de fama quase heroica e folclórica, que escapou 29 vezes da polícia. Najmro estava vivendo em seus próprios termos contra o sistema. Mas o amor e a queda do Muro de Berlim mudaram tudo. O filme foi baseado na história real da vida de Zdzisław Najmrodzki, um criminoso e ladrão que viveu na Polônia na década de 1980, e que se destacou por escapar da prisão e das autoridades 29 vezes.

Diria que o diretor e roteirista Mateusz Rakowitz até entregou dinâmicas inteligentes em um filme de época interessante de ser conferido, porém ao necessitar apelar demais para soar convincente numa trama nada tradicional o resultado acabou desandando demais, pois vemos um personagem bem mítico, mas que soa bobo demais para alguém tão inteligente, e se o fechamento de sua história foi realmente da forma mostrada então, o absurdo acabou ficando ainda mais estranho de ver. Ou seja, não posso falar que seja uma direção ruim, muito pelo contrário, o longa tem técnicas incríveis colocadas no decorrer da exibição, mas a história é tão estranha que só se entrar realmente no clima e deixar de lado tudo que dá para rir de algo, senão vai apenas achar estranho e nada mais. Sendo assim, poderiam ter deixado apenas como uma trama policial de ação, com algumas nuances cômicas, que o resultado seria imensamente melhor.

Sobre as atuações, tenho de dar claro o grandioso mérito para Dawid Ogrodnik fazenbdo o papel principal de Zdzisław, pois ele pegou o filme para si e fez tudo e mais um pouco que precisava, criando grandes atos explosivos, situações amplas e bem conectadas, e bons trejeitos para que o seu personagem fosse carismático, e assim sendo agrada mais do que propriamente o filme, e isso é algo raro de acontecer, pois geralmente o protagonista faz um bom filme, não um filme fazer um bom protagonista, e aqui rolou isso. Da gangue dele vale destacar somente Jakub Gierszal, nem tanto pelos atos enquanto está na gangue com seu Antos, mas sim na segunda fase do filme quando vira um delinquente de uma máfia e está completamente malucão em cena, pois todos durante os roubos fazem quase uma orquestra bem regida pelo maestro, mas nada que surpreenda expressivamente. E quanto dos policiais são praticamente um grupo de patetas que não se atentam a detalhes, usando de truculência ou de dormidas no ponto, de tal maneira que chega a ser desanimador ver tudo o que fazem, valendo apenas mencionar Robert Wieckiewicz com seu Barski, pelas dinâmicas que se envolveu, mas nada que vá me fazer lembrar dele em outro filme. A namorada do protagonista só vale pelas boas cenas de pegadas, que foram meio que desnecessárias da forma mostrada exageradamente sexual, mas se Masza Wagrocka concordou em fazer para sua Tereska ficar mais interessante, sem problemas.

Visualmente o longa funciona bem dentro do contexto da época, mostrando ladrões roubando grandes centros comerciais e lojas para vender para o público em geral que está desejando esses produtos, mas não tem dólares para comprar, afinal o país vivia um comunismo monstruoso na época, e assim vemos tudo bem representativo como lojas só com os ricos, vendas de carros lotadas como feiras populares, o poder da barganha, cinemas vazios e tudo mais pronto para ser representativo, e assim sendo a equipe trabalhou muito bem, além de junto da equipe de fotografia colocar um tom avermelhado incrível durante toda a exibição, que acaba agradando bastante nas cenas de ação, e também nos atos das festanças na discoteca.

Enfim, é uma trama que merecia um desenvolvimento melhor, que até conta uma história interessante, e que tem um estilo bem trabalhado, porém o resultado final é exageradamente forçado ao ponto de não ser algo que recomendaria para ninguém, então como já disse no começo é melhor dar o play em outro filme. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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