Sou da seguinte opinião que para falarmos mal de algo precisamos ver, e como há muito tempo parei de ver novelas (por vários motivos que nem é melhor listar aqui) não assisti ao fenômeno que gastou fortunas no último ano, para conseguir a liderança na TV e agora através de muito marketing está chamando a atenção nos cinemas pela excessiva compra de ingressos, mas não pelas próprias pessoas (o que é algo bem incomum de acontecer). Se você não estava hibernando nas últimas semanas, e por algum motivo também não leu o título e o cartaz do post, já sabe que estou falando de "Os Dez Mandamentos - O Filme" com toda certeza, afinal mil posts andam circulando por todas as redes sociais, e qualquer um por aí está falando muito, pois tem aqueles que adoraram a novela e irão, terá aqueles que ganharam ingresso de algum amigo de igreja e irá (ou não), e com certeza também haverá aqueles que vão apenas pela curiosidade de ver um filme como qualquer outro, e meu texto terá o foco nesse último grupo, pois não vi a novela, e vou ao cinema para ver um filme, não qualquer outra coisa que quiserem me empurrar. Mas antes que achem que vou falar mal do que vi, já vou quebrar todas as expectativas, pois a ideia toda passada nos cinemas até que funcionou para quem não viu nada, pois a trama mesmo já tendo sido mostrada em uma tonelada de filmes, ver ela como uma narração do que aconteceu, para chamar atenção para o que virá ficou interessante. Claro que por ser um grande compacto de 176 capítulos de aproximadamente 40 minutos cada em 110 minutos no cinema, não tivemos tempo para respiros, e a sensação de sair do cinema após tudo o que é mostrado é de ter corrido uma maratona, ou seja, cansaço, mas tirando um ou outro detalhe que incomodaram no conceito técnico, é algo bacana de ser visto.
O longa nos mostra que o faraó Seti ordena a morte de todos os bebês hebreus do sexo masculino, muitos deles jogados no rio Nilo. Um desses meninos é acolhido pela princesa Henutmire, filha de Seti. Ele ganha o nome Moisés e é criado como príncipe egípcio ao lado de seu tio-irmão, Ramsés, e de Nefertari, que causa a competição entre os irmãos quando se apaixonam por ela. Moisés acaba descobrindo a verdade por trás de seu passado e foge para a terra de Midiã. É lá que ele recebe um chamado de Deus, que lhe manda voltar ao Egito para libertar seu povo da escravidão.
Se tem uma coisa que não curto em filmes, e sei que não é somente implicância minha, é a narração ser inserida em demasia em um filme, e aqui foi a solução mais viável para se resumir todos os diversos capítulos, de uma maneira até que interessante, pois foi colocado Josué, interpretado por Sidney Sampaio para contar como eles foram parar ali e irão desenvolver a nova novela da Rede Record, "A Terra prometida", e claro que para isso foi narrando os melhores momentos da história que Moisés escreveu de seus atos para os demais presentes. Se essa era uma das maiores curiosidades de como fariam para que a alta quantidade de material de uma novela virasse um filme bem menor e ainda contasse com coisas inéditas para quem acompanhou fielmente mais de meio ano da saga, o resultado até que acaba bem feito, mas como sempre digo, se desse para remover a voz em off contando o que vamos ver, certamente agradaria mais. Agora tirando esse detalhe que é algo que muitos não gostam, e o que citei acima da alta velocidade dos acontecimentos, podemos dizer que o texto de Vivian de Oliveira e Joaquim Assis resultaram em uma grande obra por parte de Alexandre Avancini, afinal criar uma novela é algo extremamente complexo e que dá um trabalho imenso para agradar um público que se incomoda com tudo, e transformar isso num "filme-chamariz" para seu novo trabalho é algo que poucos possuem coragem de entregar nas mãos de um produtor maluco.
As atuações num contexto amplo do que deu para encaixar, afinal volto a afirmar que o exagero de velocidade não deu para pegar sentimentos e tudo mais que certamente tiveram na novela, mostra que todos se doaram bem para seus personagens, de modo que mesmo forçando um pouco os semblantes, todos os protagonistas conseguiram chamar atenção usando personalidade e agradaram até debaixo de fortes maquiagens. Guilherme Winter trabalhou bem o seu Moisés, fechando o semblante quando precisava e fazendo diversas expressões de dúvidas para demonstrar estar falando de algo que ainda viria a acontecer, claro que poderia chamar mais imponência em diversas cenas, mas repito, num compacto fica difícil de ver se ele foi realmente bem ou mal. Sergio Marone caiu como uma luva para o personagem de Ramsés, pois sempre com um estilo marrento de ser, puxou o semblante do personagem conhecido pelo mesmo estilo do ator e agradou muito, claro que em algumas cenas parecia fora de foco, mas já disse isso muitas vezes, e certamente na novela logo após a cena que ficou com uma cara estranha ele fez mais algo, e aqui isso evaporou, então montando o contexto sabemos que não foi algo ruim, mas ele agradou bastante como deveria, e como sempre costuma entregar boas personalidades para seus personagens. Dos demais, todos aparecem muito pouco no filme, e de maneira bem rápida, portanto podemos dar um destaque maior para o narrador que apareceu umas três ou quatro vezes com um semblante bem forte Sidney Sampaio, que promete vir com tudo com seu Josué na continuação, e se fizer a mesma linha que desenvolveu aqui, impostando bem a voz e trabalhando o nervosismo com raiva mesmo, vai agradar bastante.
Vamos fazer uma continha básica, calcula-se que em média cada capítulo da novela custou em torno de 200 mil reais, o que se foram 176 capítulos, resultam em mais de 35 milhões, e certamente muito do gasto foi usado para construir as cenografias, que foram muito bem feitas, e claro principalmente para os efeitos especiais feitos nos EUA por grandes estúdios de cinema. Porém aí vem uma reclamação de alguém bem chato com efeitos, se para a telinha da TV, os efeitos ficaram bonitos de ver, e empolgaram o país inteiro, numa telona de cinema soaram de certa forma artificiais demais, afinal já vimos essa história contada tantas vezes nos cinemas, que tivemos pragas desde as mais simples em 1956 até mesmo algumas com efeitos impressionantes como no longa do ano retrasado, então não podemos dizer que a equipe de arte errou no que fez, mas está bem longe de ser algo que você saia da sala falando "NOSSA!". E do mesmo modo trabalharam bem a fotografia para realçar os tons amarelos e marrons das areias e dos hebreus, sobrepondo o branco característico dos egípcios, então funcionou bem em sintonia oscilando pouco a gama cênica.
Sobre a trilha sonora, sei que estamos falando de algo bíblico e épico ao mesmo tempo, mas ficar a todo momento com óóóó e áááá é algo que não há ouvido que aguente, e além disso, o mesmo ritmo acaba cansando em demasia quem for conferir. Lembro sempre que não é todo momento que temos de manter uma trilha orquestrada tocando em um filme, o silêncio às vezes faz bem, e aqui cairia muito melhor do que o exagero usado.
Enfim, posso ter citado muitos defeitos, mas de forma alguma digo que foi uma experiência ruim, muito pelo contrário, me surpreendi muito com o resultado mostrado, e felizmente por ter visto em uma sala neutra (sem ser a lotação comprada de ingressos pela própria igreja para bater recordes) consegui observar que o público em geral gostou também do que viu, ou seja, a novela realmente foi um sucesso bem feito, e o longa montado da forma que foi também agrada bastante. Claro que teremos muitos que não irão curtir, muitos que irão falar ser o melhor filme de anos, e com isso a opinião vai sempre despertar diferentes estilos, mas para quem estiver com receio de ser um longa religioso e chato, pode ir tranquilo, que não chega nem perto de metade do que os trailers antes mostraram de outros filmes do estilo. Mas não poderia fechar meu texto com a maior crítica de raiva sobre o filme, senão por exagerarem na quantidade de salas, e com isso vários filmes ficaram sem vir para o interior, e dessa maneira, encerro aqui minha semana cinematográfica. Então abraços e até Quinta que vem pessoal.
PS: composição da nota, retirei 1 coelho do excesso narrativo, 1 coelho dos efeitos artificiais para cinema e 1 coelho do cansaço que o ritmo exagerado causa, pois do restante a análise caberia mais em cima do que a novela em si foi e não tanto do filme, que ficou bem montado e agradável, portanto o resultado é a nota abaixo.
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O longa nos mostra que o faraó Seti ordena a morte de todos os bebês hebreus do sexo masculino, muitos deles jogados no rio Nilo. Um desses meninos é acolhido pela princesa Henutmire, filha de Seti. Ele ganha o nome Moisés e é criado como príncipe egípcio ao lado de seu tio-irmão, Ramsés, e de Nefertari, que causa a competição entre os irmãos quando se apaixonam por ela. Moisés acaba descobrindo a verdade por trás de seu passado e foge para a terra de Midiã. É lá que ele recebe um chamado de Deus, que lhe manda voltar ao Egito para libertar seu povo da escravidão.
Se tem uma coisa que não curto em filmes, e sei que não é somente implicância minha, é a narração ser inserida em demasia em um filme, e aqui foi a solução mais viável para se resumir todos os diversos capítulos, de uma maneira até que interessante, pois foi colocado Josué, interpretado por Sidney Sampaio para contar como eles foram parar ali e irão desenvolver a nova novela da Rede Record, "A Terra prometida", e claro que para isso foi narrando os melhores momentos da história que Moisés escreveu de seus atos para os demais presentes. Se essa era uma das maiores curiosidades de como fariam para que a alta quantidade de material de uma novela virasse um filme bem menor e ainda contasse com coisas inéditas para quem acompanhou fielmente mais de meio ano da saga, o resultado até que acaba bem feito, mas como sempre digo, se desse para remover a voz em off contando o que vamos ver, certamente agradaria mais. Agora tirando esse detalhe que é algo que muitos não gostam, e o que citei acima da alta velocidade dos acontecimentos, podemos dizer que o texto de Vivian de Oliveira e Joaquim Assis resultaram em uma grande obra por parte de Alexandre Avancini, afinal criar uma novela é algo extremamente complexo e que dá um trabalho imenso para agradar um público que se incomoda com tudo, e transformar isso num "filme-chamariz" para seu novo trabalho é algo que poucos possuem coragem de entregar nas mãos de um produtor maluco.
As atuações num contexto amplo do que deu para encaixar, afinal volto a afirmar que o exagero de velocidade não deu para pegar sentimentos e tudo mais que certamente tiveram na novela, mostra que todos se doaram bem para seus personagens, de modo que mesmo forçando um pouco os semblantes, todos os protagonistas conseguiram chamar atenção usando personalidade e agradaram até debaixo de fortes maquiagens. Guilherme Winter trabalhou bem o seu Moisés, fechando o semblante quando precisava e fazendo diversas expressões de dúvidas para demonstrar estar falando de algo que ainda viria a acontecer, claro que poderia chamar mais imponência em diversas cenas, mas repito, num compacto fica difícil de ver se ele foi realmente bem ou mal. Sergio Marone caiu como uma luva para o personagem de Ramsés, pois sempre com um estilo marrento de ser, puxou o semblante do personagem conhecido pelo mesmo estilo do ator e agradou muito, claro que em algumas cenas parecia fora de foco, mas já disse isso muitas vezes, e certamente na novela logo após a cena que ficou com uma cara estranha ele fez mais algo, e aqui isso evaporou, então montando o contexto sabemos que não foi algo ruim, mas ele agradou bastante como deveria, e como sempre costuma entregar boas personalidades para seus personagens. Dos demais, todos aparecem muito pouco no filme, e de maneira bem rápida, portanto podemos dar um destaque maior para o narrador que apareceu umas três ou quatro vezes com um semblante bem forte Sidney Sampaio, que promete vir com tudo com seu Josué na continuação, e se fizer a mesma linha que desenvolveu aqui, impostando bem a voz e trabalhando o nervosismo com raiva mesmo, vai agradar bastante.
Vamos fazer uma continha básica, calcula-se que em média cada capítulo da novela custou em torno de 200 mil reais, o que se foram 176 capítulos, resultam em mais de 35 milhões, e certamente muito do gasto foi usado para construir as cenografias, que foram muito bem feitas, e claro principalmente para os efeitos especiais feitos nos EUA por grandes estúdios de cinema. Porém aí vem uma reclamação de alguém bem chato com efeitos, se para a telinha da TV, os efeitos ficaram bonitos de ver, e empolgaram o país inteiro, numa telona de cinema soaram de certa forma artificiais demais, afinal já vimos essa história contada tantas vezes nos cinemas, que tivemos pragas desde as mais simples em 1956 até mesmo algumas com efeitos impressionantes como no longa do ano retrasado, então não podemos dizer que a equipe de arte errou no que fez, mas está bem longe de ser algo que você saia da sala falando "NOSSA!". E do mesmo modo trabalharam bem a fotografia para realçar os tons amarelos e marrons das areias e dos hebreus, sobrepondo o branco característico dos egípcios, então funcionou bem em sintonia oscilando pouco a gama cênica.
Sobre a trilha sonora, sei que estamos falando de algo bíblico e épico ao mesmo tempo, mas ficar a todo momento com óóóó e áááá é algo que não há ouvido que aguente, e além disso, o mesmo ritmo acaba cansando em demasia quem for conferir. Lembro sempre que não é todo momento que temos de manter uma trilha orquestrada tocando em um filme, o silêncio às vezes faz bem, e aqui cairia muito melhor do que o exagero usado.
Enfim, posso ter citado muitos defeitos, mas de forma alguma digo que foi uma experiência ruim, muito pelo contrário, me surpreendi muito com o resultado mostrado, e felizmente por ter visto em uma sala neutra (sem ser a lotação comprada de ingressos pela própria igreja para bater recordes) consegui observar que o público em geral gostou também do que viu, ou seja, a novela realmente foi um sucesso bem feito, e o longa montado da forma que foi também agrada bastante. Claro que teremos muitos que não irão curtir, muitos que irão falar ser o melhor filme de anos, e com isso a opinião vai sempre despertar diferentes estilos, mas para quem estiver com receio de ser um longa religioso e chato, pode ir tranquilo, que não chega nem perto de metade do que os trailers antes mostraram de outros filmes do estilo. Mas não poderia fechar meu texto com a maior crítica de raiva sobre o filme, senão por exagerarem na quantidade de salas, e com isso vários filmes ficaram sem vir para o interior, e dessa maneira, encerro aqui minha semana cinematográfica. Então abraços e até Quinta que vem pessoal.
PS: composição da nota, retirei 1 coelho do excesso narrativo, 1 coelho dos efeitos artificiais para cinema e 1 coelho do cansaço que o ritmo exagerado causa, pois do restante a análise caberia mais em cima do que a novela em si foi e não tanto do filme, que ficou bem montado e agradável, portanto o resultado é a nota abaixo.