Muitos vão olhar esse filme aqui e assustar, afinal "Histórias Que Só Existem Quando Lembradas" é um filme de 2012, mas como não passou nos cinemas de quase nenhuma cidade, agora o SESC tem exibido alguns desses filmes bem alternativos, e como filmes que passam por lá considero como cinema também, vamos lá. O filme em si tem uma beleza bem interessante para aprofundarmos que mistura os valores de vida das pessoas antigas com o momento que os jovens agem por impulso ao fazer algo que nem mesmo eles sabem o motivo de estar fazendo. Porém, o longa tem um ritmo tão lento no início que quem conseguir passar os primeiros 45 minutos vai com certeza ficar feliz com o resultado final, mas o sono vai lhe tentar muito durante todo esse tempo.
O filme nos situa na pequena vila de Jotuomba, que fica localizada no Vale do Paraíba, no estado do Rio de Janeiro. Nos anos 30 as até então ricas fazendas de café foram à falência, derrubando a economia local. Madalena, uma velha padeira, continua vivendo na cidade. Ela é muito ligada à memória de seu marido morto, que está enterrado no único cemitério local, hoje trancado. Sua vida começa a mudar quando Rita, uma jovem fotógrafa, chega na cidade.
Se existe uma coisa que não consigo gostar é aparecer em fotos, e hoje existe uma moda que os jovens adoram tirar fotos, tentar entrar em mundos que acham que podem se conectar e muitas vezes nem sabem o porquê estão fazendo isso, porém ao conhecer novos mundos, que muitas vezes acabam nem sendo bem explicados, acabam ficando desorientados de como sair daquilo ou senão acabam virando até parte do movimento. A ideologia do roteiro aqui é bem mística e funciona pela simplicidade das atuações que a diretora estreante Julia Murat optou por utilizar, claro que vou reclamar disso inúmeras vezes, mas filmes que saem do tino comercial tendem a ser um pouco cansativos por desejarem trabalhar a questão estética e linguística de forma exagerada, e aqui o começo do filme é quase como assistir aquelas peças que você olha pro relógio umas 20x e passou apenas 10 minutos, mais umas 20 e foram apenas mais 5 minutos, claro que dessa vez olhei apenas a hora que senti a mudança de ritmo, mas que quase me que segurei para não dormir isso foi um fato nato durante todos os 45 minutos iniciais. À partir desse ponto, o desenvolvimento passa a ser mais interessante, com a personagem jovem mais trabalhada dando um ritmo até mesmo para os personagens mais velhos acabarem ficando melhores do que são até.
E ao falar da desenvoltura dos personagens e atores, temos de destacar praticamente 7 dos 11 personagens, mas como não temos esses dados, vamos falar dos principais. Sonia Guedes é uma senhorinha que domina bem a arte da interpretação e nos faz ficar vidrados em tudo que faz, cheguei a pensar em diversos momentos que ela não era atriz e estava sendo apenas uma boa dona de casa rural que conseguiu interpretar, mas agora vendo a quantidade de trabalhos dela, fiquei mais abismado ainda com tudo que ela representou aqui, sendo perfeita realmente. Luiz Serra é um ator que sempre trabalha bem, e aqui não foi diferente, mas sua forma repetitiva cansou algumas vezes e poderia ter sido mais leve, porém suas cenas mais trabalhadas nos diálogos agradam bastante. Lisa Fávero conseguiu um feito incrível que se deve também a boa direção, entrar num longa dominado por idosos e não chamar tanta atenção, claro que ela deu o ritmo que o filme estava necessitando, mas ela se adequou mais ao cotidiano da vila do que deu seu ar jovial pra ele, e isso ficou muito bacana de ver na forma interpretativa que ela deu pro personagem.
Outro fator que me impressiona em algumas produções é como nosso Brasil tem locações perfeitas e diferenciadas, pois a vila do longa é algo tão ímpar que deslumbra demais. Então nesse quesito direção de arte, posso dizer que é um primor assistir o filme e mesmo nos momentos mais lentos, sempre os elementos estão lá para serem vistos e degustados. Quanto da fotografia, o que falar das várias cenas feitas à luz de velas? Magnífico a forma que conseguiram tirar da essência de cada cena, trabalhando demais somente focalizando o que era necessário com pouca luz e dando um charme único.
Enfim, é um bom filme que poderia ter sido trabalhado num ritmo mais envolvente que continuaria criando a tensão e agradaria bem mais, recomendo ele preferencialmente para ver em casa, pois dá para dar uma acelerada nas cenas iniciais para não dormir vendo, mas a lição passada é bem interessante e mostra que a diretora tem uma mão boa, quem sabe num próximo filme já fique perfeita. Bem é isso pessoal, não foi uma super estreia que conferi, mas ao menos não deixei a semana vazia no site para vocês com essa recomendação, que o SESC nos trouxe. Fico por aqui agora, mas na quinta já volto com a estreia da semana, então abraços e até lá.
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O filme nos situa na pequena vila de Jotuomba, que fica localizada no Vale do Paraíba, no estado do Rio de Janeiro. Nos anos 30 as até então ricas fazendas de café foram à falência, derrubando a economia local. Madalena, uma velha padeira, continua vivendo na cidade. Ela é muito ligada à memória de seu marido morto, que está enterrado no único cemitério local, hoje trancado. Sua vida começa a mudar quando Rita, uma jovem fotógrafa, chega na cidade.
Se existe uma coisa que não consigo gostar é aparecer em fotos, e hoje existe uma moda que os jovens adoram tirar fotos, tentar entrar em mundos que acham que podem se conectar e muitas vezes nem sabem o porquê estão fazendo isso, porém ao conhecer novos mundos, que muitas vezes acabam nem sendo bem explicados, acabam ficando desorientados de como sair daquilo ou senão acabam virando até parte do movimento. A ideologia do roteiro aqui é bem mística e funciona pela simplicidade das atuações que a diretora estreante Julia Murat optou por utilizar, claro que vou reclamar disso inúmeras vezes, mas filmes que saem do tino comercial tendem a ser um pouco cansativos por desejarem trabalhar a questão estética e linguística de forma exagerada, e aqui o começo do filme é quase como assistir aquelas peças que você olha pro relógio umas 20x e passou apenas 10 minutos, mais umas 20 e foram apenas mais 5 minutos, claro que dessa vez olhei apenas a hora que senti a mudança de ritmo, mas que quase me que segurei para não dormir isso foi um fato nato durante todos os 45 minutos iniciais. À partir desse ponto, o desenvolvimento passa a ser mais interessante, com a personagem jovem mais trabalhada dando um ritmo até mesmo para os personagens mais velhos acabarem ficando melhores do que são até.
E ao falar da desenvoltura dos personagens e atores, temos de destacar praticamente 7 dos 11 personagens, mas como não temos esses dados, vamos falar dos principais. Sonia Guedes é uma senhorinha que domina bem a arte da interpretação e nos faz ficar vidrados em tudo que faz, cheguei a pensar em diversos momentos que ela não era atriz e estava sendo apenas uma boa dona de casa rural que conseguiu interpretar, mas agora vendo a quantidade de trabalhos dela, fiquei mais abismado ainda com tudo que ela representou aqui, sendo perfeita realmente. Luiz Serra é um ator que sempre trabalha bem, e aqui não foi diferente, mas sua forma repetitiva cansou algumas vezes e poderia ter sido mais leve, porém suas cenas mais trabalhadas nos diálogos agradam bastante. Lisa Fávero conseguiu um feito incrível que se deve também a boa direção, entrar num longa dominado por idosos e não chamar tanta atenção, claro que ela deu o ritmo que o filme estava necessitando, mas ela se adequou mais ao cotidiano da vila do que deu seu ar jovial pra ele, e isso ficou muito bacana de ver na forma interpretativa que ela deu pro personagem.
Outro fator que me impressiona em algumas produções é como nosso Brasil tem locações perfeitas e diferenciadas, pois a vila do longa é algo tão ímpar que deslumbra demais. Então nesse quesito direção de arte, posso dizer que é um primor assistir o filme e mesmo nos momentos mais lentos, sempre os elementos estão lá para serem vistos e degustados. Quanto da fotografia, o que falar das várias cenas feitas à luz de velas? Magnífico a forma que conseguiram tirar da essência de cada cena, trabalhando demais somente focalizando o que era necessário com pouca luz e dando um charme único.
Enfim, é um bom filme que poderia ter sido trabalhado num ritmo mais envolvente que continuaria criando a tensão e agradaria bem mais, recomendo ele preferencialmente para ver em casa, pois dá para dar uma acelerada nas cenas iniciais para não dormir vendo, mas a lição passada é bem interessante e mostra que a diretora tem uma mão boa, quem sabe num próximo filme já fique perfeita. Bem é isso pessoal, não foi uma super estreia que conferi, mas ao menos não deixei a semana vazia no site para vocês com essa recomendação, que o SESC nos trouxe. Fico por aqui agora, mas na quinta já volto com a estreia da semana, então abraços e até lá.