Netflix - Revelações (계시록) (Gyesilog) (Revelations)

3/24/2025 11:59:00 PM |

Gosto demais de filmes de suspense policiais, pois dá aquela sensação de virarmos detetives por algumas horinhas e ficamos até brigando com o que acontece na tela. E desde que estreou na última sexta na Netflix, botei fé no longa sul-coreano "Revelações", pois além de colocar uma boa trama envolvendo assassinos abusadores, também colocava em pauta a religiosidade exagerada, ou seja, um prato cheio para uma boa confusão. E hoje dando o play não me decepcionei, pois a sacada montada pelo diretor é muito boa, bem amarrada e irrita na medida certa para você não querer desistir, pois por bem pouco os exageros na tela não viraram incômodos. Dito isso, o mais bacana da trama é que são poucos personagens principais, e a desenvoltura entre eles é marcante e intensa, aonde cada ato funciona pela ideia do quanto você deseja aquilo que está trabalhando como uma visão, e assim quem curte o estilo ficará na ponta da agulha para torcer para um ou outro personagem.

No longa vemos que um pastor e uma detetive, cada um tomado por suas crenças, são perseguidos por epifanias divinas sobre os maiores traumas de suas vidas. Min-Chan é o religioso que coordena a igreja da pequena cidade. Um dia, ele recebe a visita de um homem chamado Yang-Rae, um ex-detento. Logo em seguida, Min-Chan recebe uma visão de Deus que o informa que o rapaz que entrou em sua paróquia é o responsável pelo sumiço de seu filho. Logo, Min-Chan acredita que sua missão espiritual é punir Yang-Rae pelo crime e atos abomináveis que cometeu. Enquanto isso, a detetive Yeon-Hee, responsável pelas investigações do filho de Min-Chan, é continuamente assombrada por visões de sua falecida irmã mais nova, que morreu num trágico acidente no passado. Ao mesmo tempo em que procuram por respostas e pela verdade, a dupla enfrenta seus próprios demônios escondidos.

Tirando o excesso de chuva, que gostaria de saber o motivo que a maioria dos diretores de suspense gostam de colocar, o trabalho do diretor e roteirista Yeon Sang-ho foi bem sustentado durante os 122 minutos de tela, não precisando correr, nem enrolar com cenas desnecessárias, de modo que vemos ele criando inicialmente um pai aflito, mas depois do acidente, vemos um homem tão monstruoso quanto o próprio assassino, usando de base a religiosidade como argumento, nem ligando para mais mortes ou vidas, e isso mostra bem o mundo atual, que mesmo aqui tendo uma ideologia de ficção, o resultado pode ser muito bem comparado com tudo que andamos vendo mundo afora, ou seja, o diretor soube utilizar bem o que tinha em mãos e foi além dentro de toda uma percepção maior, mostrando que tem estilo e sabia bem aonde estava mexendo, principalmente com alguns vespeiros.

Quanto das atuações, diria que Ryu Jun-yeol trabalhou seu Min-Chan com tantas mudanças expressivas de personalidade, que chega a ser difícil pensar no seu primeiro ato mostrado todo carismático e levinho cantando e tocando violão, depois num papo super descontraído com o assassino, mas ao descobrir a traição vai ficando mais fechado, e quando tudo vai desencadeando para os caminhos mais densos, ele acaba entregando muito na tela, ou seja, chamou para si e agradou. O assassino Kwon Yang-rae vivido por Shin Min-jae foi bem denso, com traquejos faciais beirando a insanidade mental, mas nos atos na fábrica abandonada ele praticamente incorporou um ser demoníaco para brigar com o pastor e a detetive, no melhor estilo possível de loucuras que alguém com olhares e feições fossem possíveis ver na tela. A jovem Shin Hyeon-bin até teve bons atos com sua Yeon-hee, tendo um bom faro investigativo para que sua detetive tivesse bem um olhar além, mas se mostrou muito perturbada, até passando um pouco dos limites aceitáveis, o que em qualquer polícia do mundo seria colocada de licença, o que não ocorre aqui, ainda mais investigando alguém que esteve envolvida. Quanto aos demais, cada um que apareceu foi bem pouco utilizado na trama, mas a esposa do pastor sendo convertida após a traição dentro do carro foi algo exagerado demais para rirmos realmente.

Visualmente o longa foi bacana no ponto de termos os diversos lugares interligados com os devidos personagens, iniciando com a pequena igreja, depois todo o lance da estrada de terra e o acidente no meio do nada, passando por uma igreja maior e a possível ordenação, o hospital simples, e a fábrica abandonada, além da delegacia, tudo tendo bons elementos cênicos para que tudo funcionasse bem na tela e fosse bem representativo, inclusive o ato final dentro da prisão com a imagem na parede juntou bem com todas as demais que foram aparecendo para o pastor.

Enfim, é um longa que funciona dentro da proposta, que talvez pudesse ter ido mais além, ou então nem ter quase virado algo novelesco, pois dava para funcionar sem tanta amarração e exageros, mas como não é algo que incomoda, o resultado final bacana acaba sobressaindo os erros, e assim valendo a recomendação de play. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Mil e Um (A Thousand And One)

3/24/2025 12:13:00 AM |

Um gênero que muitos diretores gostam de trabalhar é o tal do drama familiar, pois ao mesmo tempo que se consegue desenvolver personagens amplos, a trama não precisa ser muito estruturada para funcionar e envolver o público, e o longa de estreia da diretora A.V. Rockwell que entrou em cartaz na Netflix, "Mil e Um", tem uma pegada até que bem simples de uma jovem que ficou alguns anos presa e ao sair e ver seu filho nas ruas resolve levar ele embora sem comunicar assistência social nem nada, para criá-lo sozinha e depois com o namorado, sendo algo que facilmente veríamos uma desenvoltura básica, alguns problemas com a vida mais pobre, algumas nuances de vida familiar aqui, alguns problemas de segregação ali, outros detalhes de formas de trato, e nada que parecesse surpreender, mas ao termos o ponto de virada bem próximo ao final, a diretora derruba não só o protagonista, como também o público que jamais esperava essa dinâmica, e com isso o resultado acaba ficando impactante e recai no famoso mote da criação e afetos, e assim algo simples e bem singelo tem um soco bem dado que até tem sua marca, e que valeria um pouco mais de continuação, mas a opção de fechar ali foi bem centrada e agrada.

O longa nos conta que Inez é uma mãe desesperada que decide sequestrar seu filho, Terry, de 6 anos, do sistema de adoção. Agora, contando um com o outro, eles buscam suas identidades e uma vida estável na caótica cidade de Nova York.

Claro que para uma primeira direção de longas, a diretora e roteirista A.V. Rockwell acabou alongando um pouco demais a sua trama, pois dava para eliminar alguns atos que a trama ficaria mais redonda, mas isso é algo típico em primeiros filmes, afinal ficamos com dó de eliminar alguns momentos que ficaram bons, mas não dizem muita coisa para o público. E o mais bacana do estilo da diretora foi que ela fez um filme bem cru, sem traquejos sociais ou dimensões que forçassem para algum lado próprio, mas ao conseguir isso, ela fez com que seu filme fosse amplo, e não apenas negros se conectassem com o que a protagonista passa, mas certamente muitos casos do tipo seriam vistos em novelas e séries, e assim seu resultado acaba sendo funcional e interessante de se conferir. Claro que em próximos longas dela, veremos mais concisão, mas já mostrou que gosta do social, então é só embarcar e ter sucesso.

Sobre as atuações, Teyana Taylor é daquelas atrizes que não faz muita firula em seus atos, sendo bem seca e direta, e conseguindo impressionar com isso, e aqui seu estilo foi bem colocado em pauta, pois não necessitava passar muita emoção, mas sim o sofrimento de cuidar e amar do seu jeito e com segurança, pois a qualquer momento poderiam lhe tirar seu filho, seu apartamento ou até mesmo lhe prender, e ela dosou bem olhares e dinâmicas sem precisar de uma vírgula a mais que fosse na tela. O personagem Terry teve três atores nos vários anos de tela que o filme passa, com Aaron Kingsley Adetola sendo o mais simples e fechado aos 6 anos, depois um jovem mais descontraído que Aven Courtney trabalhou, e por fim os atos mais densos caíram nas mãos de Josiah Cross aos 17 anos do personagem, e em todos os momentos, vemos um rapaz mais fechado, tímido, na sua, mas com muita vontade de estar ali pelos olhares, o que acaba chamando muita atenção. Tivemos bons momentos de vários outros personagens, mas sem dúvida os mais intensos e marcantes foram com William Catlett com seu Lucky imponente, e até passando algumas lições para o garoto, mesmo sem ser o pai.

Visualmente a trama não teve muito o que mostrar, inicialmente ficando no apartamento da amiga, depois tendo muitos atos em telefones públicos com a jovem procurando alguém mais para poder lhe abrigar com o garoto, e por fim o apartamento simples em uma área que vinha sendo gentrificada, e que ao fim do processo já estava bem deteriorado com tudo caindo aos pedaços literalmente, tivemos alguns atos em ruas do Harlem, mas tudo bem sem grandes nuances, e também alguns numa cafeteria aonde o jovem se apaixona pela garota que serve.

Enfim, é um filme simples, porém tendo boas nuances e envolvimentos por parte da história e dos personagens, aonde a diretora soube explorar bem tudo para que seu filme comovesse com um final inesperado, e assim sendo acaba agradando e chamando muita atenção, valendo a indicação dele. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais longas, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - O Reino Animal (Le Règne Animal) (The Animal Kingdom)

3/22/2025 10:37:00 PM |

É engraçado que quando pensamos em filmes franceses, o que vem na nossa mente de imediato são as famosas comédias dramáticas, tendo um ou outro filme policial, mas é bem raro pensar em longas de horror ou dramas misteriosos, ao ponto que nos últimos anos vem surgindo alguns exemplares com a expansão do streamings que compram produções menores e com chamarizes para outros públicos, que não os de Festivais. E o mais curioso é que antes de sair a programação do Festival Varilux de 2024, eu e um amigo estávamos discutindo os possíveis filmes que viriam para conferirmos, e um que tinha quase que certeza de aparecer era "O Reino Animal", afinal ganhou diversos prêmios na França e mundo afora, principalmente no quesito de maquiagem, efeitos e fotografia, mas não chegou nem a entrar em cartaz fora das sessões do festival, ou seja, sem ter um apelo comercial também por aqui, mas eis que chegou para locação dentro das plataformas de streaming, e dei o play nele na Amazon Prime Video, e aí que fui entender o fator de não trabalharem tanto o marketing dele fora da França, pois é algo muito diferente do comum, não tendo explicações de como as pessoas passaram a ter essas mutações, não desenvolvendo os centros de reclusão dos capturados, e até mesmo o conceito familiar dos protagonistas e/ou suas amizades pareceram meio que jogados, sem grandes desenvolvimentos, o que mostra uma certa falha na direção e no roteiro da trama, quase que sendo algum tipo de continuação de algo, o que não é. Ou seja, é o famoso filme que você aplaude tecnicamente, mas que não consegue se sustentar como uma história envolvente que parecia ter.

Em um mundo atingido por uma onda de mutações que estão gradualmente transformando alguns humanos em animais, François faz tudo o que pode para salvar sua esposa, que é afetada por essa condição misteriosa. Enquanto algumas das criaturas desaparecem em uma floresta próxima, ele embarca com Émile, seu filho de 16 anos, em uma jornada que mudará suas vidas para sempre.

Diria que o diretor e roteirista Thomas Cailley poderia ter ido muito mais além com uma pequena introdução melhor sobre a doença em si, pois aí seu filme teria uma conexão maior, o público enxergaria o problema social da exclusão e tudo mais, e não seria algo jogado a toa na tela, pois entenderíamos o temor do garoto com o que aconteceu com a mãe não fosse seu carma, veríamos sua interação com os amigos muito mais plausível, e certamente enxergaríamos tudo o que o diretor desejava mostrar, pois seu filme se verteria para algo coerente e muito melhor que vários "X-Men". Ou seja, o filme não é ruim, mas demora para você pegar a essência, e quando pega, ele nos enche de coisas desnecessárias apenas para mostrar técnica e computação gráfica de primeiro nível, mas que leva nada a lugar algum, e assim não explode como poderia.

Quanto das atuações, diria que o jovem Paul Kircher entregou muita personalidade nas cenas de seu Émile, conciliando um lado mais intenso com as transformações ocorrendo em seu corpo, com também a sabedoria em ajudar os demais que não se viam bem alocados, e com isso suas cenas foram seguras (até demais) e consistentes, mostrando que talvez pudesse ir mais além com o que faz no final, mas agradou com o que fez. Sabemos que o ator Romain Duris faz grandes papeis e consegue sempre impressionar com seus traquejos cênicos, mas aqui seu François para estar meio que perdido na tela, fazendo algumas cenas com impacto e outras tão sem muito rumo, desesperado por respostas e pela mulher desaparecida, mas sem chamar tudo para si, e assim o personagem acabou nem chamando atenção na tela. Ainda tivemos alguns bons atos de Adèle Exarchopoulos com sua Julia imponente e precisa de trejeitos, Billie Blain foi direta com sua Nina tanto na conversa quanto na atitude com o garoto, mas quem acabou aparecendo mais dentre os secundários foi Tom Mercier com seu Fix, que teve muita computação envolvida na sua maquiagem digital, mas conseguiu se expressar bem no que precisava fazer.

Visualmente já elogiei bastante a maquiagem e a computação, ao ponto que a ideia do inacabado de transformações acabou ficando bem interessante de ver, não tendo nem pessoas, nem bichos na maioria das cenas com as criaturas, tivemos algumas festas e restaurantes interessantes, mas confesso que mesmo em 4K as imagens da floresta a noite ficaram escuras demais, não dando nem para interpretar direito o que estava vendo ali, e isso me incomodou bastante, pois as cenas no lago aonde o jovem vai aprender a voar, com o rapaz tirando os espetos de galhos para o amigo não se matar ficou bem bacana, então valeria uma perseguição na noite mais iluminada, nem que fosse de forma falsa, parecendo ter uma lua inexistente por ali.

Enfim, acho que fui conferir ele esperando muito mais pelos prêmios que levou, e com isso acabei enxergando erros que me incomodaram, o que acaba sendo um problema, mas ainda assim quem gostar de uma trama diferente, vale a pena o play. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Branca de Neve (Snow White)

3/22/2025 02:29:00 AM |

Eu sempre falo isso e devia gravar como um mantra, que devemos ir ao cinema conferir um filme sempre esperando o pior, que vai ser algo que vai odiar, pois depois acaba sendo tão bom que você até quer mais dele. E claro que quem me conhece um pouco sabe que não estava dando um Coelho que fosse para a adaptação live-action do primeiro clássico da Disney, "Branca de Neve", por tudo que ocorreu na divulgação desde a gravação, por termos uma bruxa muito mais linda do que a princesa, pela confusão de não vai ter anão pra não ser bullying, e tudo mais, e estou com a leve certeza de que o marketing negativo funcionou demais para que fôssemos ao cinema saber se realmente seria uma bomba gigantesca ou algo ao menos aceitável, e o resultado que venho trazer agora é bem simples: o filme é bem bonito, as músicas grudam na nossa cabeça, e a história embora tenha leves mudanças é bem bacana, ou seja, é o famoso musical da Disney aonde tudo funciona bem, que a equipe de arte trabalhou muito tanto nos cenários de locação quanto nos computacionais, e o resultado funciona e é gracioso, que claro o espelho falar que existe alguém no reino mais bonita que Gal Gadot ele precisa de óculos, mas isso a gente releva.

A história acompanha a jovem princesa Branca de Neve, cuja beleza desperta a inveja de sua madrasta, a Rainha Má. Determinada a eliminar a enteada, a vilã ordena sua morte, mas Branca de Neve consegue escapar e se refugia na floresta. Lá, encontra uma cabana onde vivem sete anões amigáveis, que a acolhem e se tornam seus aliados. No entanto, o perigo ainda ronda a princesa, pois a Rainha Má tem um plano cruel para eliminá-la de vez: uma maçã envenenada.

O diretor Marc Webb já fez todo tipo de filme em sua carreira, e o mais engraçado de ver nas produções que pega para comandar consegue deixar tanto seu estilo, quanto também o estilo dos produtores, não ficando aquelas tramas que você olha e fala que nada ali parece se encaixar, que consegue ver as mil brigas que teve na edição e tudo mais, e enfrentando uma polêmica gigantesca desde a pré-produção quando soube que os anões não poderiam ser atores por uma briga besta de um grande ator, já encarou a possibilidade de CGI, e confesso que ficou muito melhor do que tivesse sido pessoas ali, pois deu um tom diferenciado e bonito para os sete seres míticos (afinal no longa dizem ter 264 anos!), agora por já ter dirigido uma tonelada de videoclipes soube fazer como um verdadeiro maestro todas as cenas musicais da trama, aonde temos uma tonelada de dançarinos cantores atuando, temos animais, computações e o que mais fosse possível colocar para fazer cena, e o resultado vem, pois o longa até ficou com uma cara meio que de Bollywood, mas não incomoda, entre outros detalhes que conseguiu trabalhar na tela e agradar sem pesar a mão.

Quanto das atuações, aí vamos começar no calo da produção, pois Rachel Zegler já começou com uma pedrada na carreira ao trabalhar com Spielberg, e detalhe cantando músicas que não tinham quase rimas, então aqui com sua Branca de Neve com versos rimados e sem tanta explosão como no longa de 2021, ela acabou se saindo bem, trabalhando algumas expressões não muito chamativas, mas fez bem o que tinha de fazer, porém aqui seu nome teve de ser devido a nascer num dia de nevasca, e não como na clássica animação que ela é tão branca quanto a neve, e ela não é uma mulher feia, mas não tinha como comparar com sua oponente de tela, e aí a confusão com o público pegou fogo, mas deixando isso de lado, ela fez bem o que precisava pra chamar atenção. E falando do outro lado, temos a belíssima Gal Gadot como a Rainha Má, que também cantou e gesticulou muito bem, porém não tem traquejos de vilã, soando um pouco forçado o que tentava passar nas suas cenas, não parecendo estar confortável com tudo o que tinha de apresentar, ficando meio que morna demais em cena, e isso pesou também, ou seja, as críticas estão descendo a mão nela, e com razão, pois poderiam ter colocado uma atriz "mais feia" e que tivesse uma explosão de vilania melhor, que aí sim resolveria quase todos os problemas que tiveram com a mídia. Outra mudança gigante foi a de não termos efetivamente um príncipe, mas sim um ladrão líder de um grupo de rebeldes bem no estilo "Robin Hood", aonde Andrew Burnap se esforçou para que seu Jonathan parecesse interessante, mas que não fez ninguém suspirar pelo jovem, ou seja, foi uma paixão também meio que do nada. E claro tivemos todos os demais, que deram vozes ou corpo para um grandioso grupo de personagens secundários, aonde vale dar todo o destaque para os graciosos anões muito bem desenhados computacionalmente, e dublados por um ótimo grupo de vozes de todos os estilos com Martin Klebba e Jeremy Swift chamando mais atenção com seus Zangado e Mestre.

Agora podem reclamar de tudo do longa, mas se falarem mal da parte visual que a produção fez, aí certamente vai arrumar muita confusão comigo, pois está tudo impecável e incrivelmente parecido com a animação, parecendo que pegaram o filme 2D e deram formato tridimensional para virar algo realista, com as minas parecendo aqueles passeios de parques aonde temos toda uma historinha bacana (alguns de trem ou de barcos) que aqui com os carrinhos certamente irão virar alguma nova montanha-russa na Disney, tivemos o bosque lindíssimo com animais bem fofos e desenhados com primor, a cabana dos anões cheia de detalhes e bagunças, um castelo imponente, banquetes e festas na vila, e até um cavalo branco arrumaram para o "príncipe". Ou seja, é detalhe em cima de detalhe que funcionou demais na tela, culminando em um final explosivo e dançante bem bonito de se ver.

E sendo um longa musical é claro que tivemos muitas canções desde as antigas remixadas para novos acordes, e também muitas outras novas, que ironicamente sendo compostas pelos criadores de "O Rei do Show", acabaram parecendo demais com as músicas que ouvimos nele, mas isso é mero detalhe para os ouvidos, e aqui vou deixar por incrível que pareça tanto a versão original para ser ouvida com os atores originais e também a versão brasileira que ouvi e está bem bacana com os dubladores Maria Clara Rosis, Sylvia Salusti, Rodrigo Garcia e muitos outros.

Enfim, é um filme que passa longe da perfeição, mas que conseguiu ficar muito bonito visualmente, com canções que amarram o público, e que como disse no começo do texto, indo sem qualquer expectativa a chance de gostar bastante do que verá na tela é alta, então fica a dica, pois se aconteceu comigo, pode facilmente acontecer com muitos outros, então vá conferir nas centenas de sessões que tem em todas as cidades do país, e eu fico por aqui hoje, então abraços e até amanhã com outros textos.


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The Alto Knights - Máfia e Poder

3/21/2025 01:33:00 AM |

Vou começar o meu texto dando um spoiler que eu ainda não estou conformado, as duas pessoas no pôster acima é o mesmo ator, e se aqui até dá para reconhecer, na telona nem por reza, de modo que passei 2 horas e 5 minutos da minha vida tentando saber quem era o ator debaixo, e ao subir os créditos e ver Robert De Niro como Frank Costello e Vito Genovese, eu quase voltei para a próxima sessão para conferir, pois é impossível que eu tenha cometido uma gafe dessa! Dito isso, vamos falar mais de "The Alto Knights - Máfia e Poder", que basicamente traz para a tela como a máfia dos EUA acabou sendo quebrada por eles mesmos, por basicamente a briga por poder estragar algo que era organizado, pois se não fosse isso, certamente até hoje a máfia seria algo dominante por lá (não digo que ainda não tenha alguns chefões, mas a base estruturada morreu nos anos 70), e o mais bacana do longa é que ele foi feito meio que quase um documentário aonde Frank Costello já bem velho com um projetor de slides vai vendo fotos e vídeos e relembrando nos contando como tudo aconteceu desde o atentado contra ele e todas as conexões anteriores e posteriores daquilo, numa trama meio que recortada, mas que funciona incrivelmente bem, e mais do que isso, se você ler depois a wikipedia do verdadeiro Costello, vai ver que o filme inteiro está ali, quase que igualzinho, ou seja, um belo trabalho de pesquisa, que os produtores de "O Irlandês" se redimiram depois de fazer aquela trama alongada e cansativa, mas que é incrível de detalhes, porém gigante, que aqui voa deliciosamente na tela.

O longa nos conta que o seu pior inimigo é aquele que já foi seu amigo, de forma que acompanhamos a disputa pelo controle do submundo criminoso de Nova Iorque por dois dos maiores mafiosos da cidade: Frank Costello (Robert De Niro) e Vito Genovese (Robert De Niro). Melhores amigos na infância, os dois cresceram juntos, vindo de famílias ítalo-americanas. Atualmente concorrentes, Costello e Genovese possuem temperamentos e ideias bem diferentes de como administrar seus negócios. Enquanto Frank Costello é benevolente e busca uma vida diferente apesar de seus esquemas fraudulentos, Vito Genovese é o típico gângster de pavio curto que confia em poucos. Uma série de desconfianças, traições e ciúmes mesquinhos distanciaram os dois e agora os coloca diante de caminhos perigosos que transformará a máfia para sempre.

O interessante é vermos que o diretor Barry Levinson gosta muito de biografias, tendo várias interessantes no seu currículo, e aqui diria que ele pegou o roteiro de Nicholas Pileggi e se divertiu com o que estava para fazer, pois ao trabalhar essa perspectiva quase que documental, ele acabou dando dinâmica para algo que se fosse muito certinho e linear acabaria cansando (como aconteceu com o longa da Netflix que citei acima!), ou seja, ele soube fazer com que uma trama mafiosa não ficasse apenas em conchavos e diálogos, que tivesse toda uma desenvoltura marcante, e que funcionando bem na tela poderia até ter algo para surpreender o espectador que não leu nada sobre o longa e irá se assustar com dois De Niro na tela, como foi o meu caso, pois em momento algum consegui ver Vito Genovese como sendo o ator, mas isso vou falar mais para baixo. E apenas fechando sobre o diretor, diria que ele soube que não tinha uma história reta para contar, pois seria algo muito fechado, e essa escolha foi algo muito certo, pois vemos a vida do personagem meio como ele falando realmente conosco, lembrando de fatos e vamos montando a vida dele inteira conforme vai dizendo, não ficando só no atentado e o pós-atentado.

E agora falando efetivamente das atuações, eu jurava que teria de falar de dois atores, mas vou economizar nas palavras, afinal Robert De Niro mais uma vez me surpreendeu fazendo o primeiro longa com dois papéis aos seus 82 anos, que claro teve muita maquiagem, teve computação gráfica e se duvidar até inteligência artificial para deixar ele nas devidas idades mais novas e mais velhas que aparecem com seu Frank Costello e também com seu Vito Genovese, sendo dois personagens diferentíssimos tanto visualmente quanto de personalidades, com o primeiro mais calmo, centrado, cheio de estilo e inteligência, enquanto o segundo já é realmente o gângster desconfiado, que primeiro atira ou manda atirar e depois vai ver quem era, cheio de perspectiva para ganhar o poder que lhe foi tomado no passado, e com muitos traquejos, ou seja, ele deu show em dose dupla. Vale claro o destaque das mulheres de cada um dos mafiosos, com Debra Messing fazendo uma Bobbie Costelo imponente e cheia de classe, enquanto Kathrine Narducci fez uma Anna Genovese despojada e barraqueira, mas que amava muito o homem dela, mesmo com ele a roubando, e ambas tiveram belas cenas na tela. Ainda vale dois leves destaques para Cosmo Jarvis como o brucutu Vincent Gigante que só tinha tamanho, mas que na tela fez daqueles papeis mais burro que uma porta, e Michael Rispoli como Albert Anastasia cheio de personalidade e conexão com Costello. 

Visualmente a trama nos leva para os anos 30/40 com algumas imagens de arquivos mostrando o começo da vida dos jovens, mas basicamente toda a desenvoltura na tela ocorre em atos pós-guerra nos anos 50/60 com figurinos impecáveis, hotéis luxuosos (aliás o nome do longa vem do hotel clube moradia do protagonista), clubes com festas, e claro bares e restaurantes aonde haviam reuniões mais tensas entre os personagens, além do elevador aonde ocorre o atentado, e uma fazenda com um enorme churrasco/festa aonde toda a máfia dos vários estados dos EUA estavam reunidos e foram pegos e fichados pela polícia, além de algumas cenas em tribunais para mostrar alguns casos bem colocados usando a Quinta Emenda deles.

Enfim, é verdadeiramente um filmaço que não tinha dado nada para ele, aliás vi o trailer apenas uma vez nas várias sessões que vou, e que acabei bem impressionado, que talvez tenha faltado um ou outro pequeno detalhe para mostrar como a máfia seguiu após os dois no país, mas isso quem sabe fica para uma continuação, então vá conferir que vale demais a trama completa. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com o longa que estou com muito medo de como ficou na tela, então abraços e até logo mais.


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Netflix - The Electric State

3/20/2025 12:38:00 AM |

Direto me ponho pensando de onde sai tanta grana para as produções da Netflix, pois é muito dinheiro gasto tanto no feitio, elenco e diretores grandiosos, como em cima de toda a campanha de divulgação e marketing, mas como ainda não consegui essa resposta, sigo pagando minha assinatura desde a pandemia mesmo cada dia tendo menos filmes realmente impressionantes para conferir na plataforma. E qual motivo de ter começado meu texto de "The Electric State" dessa forma? Simples, o longa tem uma produção computacional gigantesca, um elenco dos mais badalados de Hollywood, mas a história e as dinâmicas são tão mornas, que raspou a trave de dormir no miolo, o que é uma pena, pois os diretores sabem muito bem fazer filmes de ação com dinâmicas insanas, então acredito que o problema tenha sido no roteiro, já que a história é mediana, e talvez tenha faltado algo menos robótico para que a trama fluísse melhor, pois ok que que todos ali já trabalharam com telas verdes e tudo mais, mas aqui chega a dar para contar nos dedos as cenas limpas de efeitos, e isso dificulta desenvolver algo na tela. Sendo assim, é daqueles passatempos bem leves que você vê sem esperar nada em troca, que pode até pelo ar meio infantil entreter as crianças menorzinhas, mas acho que nem eles vão se entusiasmar com o que aparece na tela.

O longa se passa numa realidade alternativa e retro futurista da década de 90 na qual robôs conscientes convivem entre os humanos. A história acompanha Michelle, uma adolescente orfã que, um dia, recebe a visita de Cosmo, um robô meigo e misterioso que ela acredita estar sendo controlado por Christopher, seu irmão mais novo considerado morto. Determinada a saber a verdade sobre o irmão, Michelle parte numa aventura pelo oeste americano com a companhia indesejada e inesperada do contrabandista e andarilho Keats e seu robô parceiro e sarcástico Herman. 

Como falei no começo, era de se esperar uma direção mais ampla dos Irmãos Russo, afinal eles já trabalharam muito com a Marvel que tem muitas cenas computacionais, e aqui não seria algo muito diferente de trabalhar (talvez com um orçamento mais limitado, mas acredito que nem tanto), então diria que faltou personalidade na adaptação da graphic novel de Simon Stålenhag, pois vemos na tela até que momentos bem grandiosos e cheios de nuance, mas faltou uma apresentação melhor dos personagens, uma desenvoltura que colocasse realmente o público dentro da ideia, o que só ocorre mesmo nos atos finais, que ali sim vemos um trabalho dos Russo, e dessa forma se tinham qualquer ideia de continuação, posso dizer que não vai rolar, pois as críticas tanto de especialistas, quanto do público mesmo não se convenceu do trabalho, resultando em algo simples e não tão efetivo.

Quanto das atuações, já elogiei muitas vezes o estilo de Millie Bobby Brown, pois é uma mulher com muita segurança de tela que não se deixa levar facilmente pelas entregas que precisa fazer, e aqui sua Michelle até tem alguns diálogos mais centrados, e bons momentos de intensidade, porém colocaram a jovem para dialogar quase que inteiramente com personagens que não estão em cena, e isso certamente a deixou bem perdida, não conseguindo quase que em nenhum ato mostrar uma segurança completa na tela. Já Chris Pratt que estava bem acostumado com os Russo, acabou pegando um personagem que você olha pra ele e vê o Peter Quill de "Guardiões da Galáxia", mas sem a mesma empolgação e desenvoltura, parecendo que seu Keats estava de muito mal-humor em todas as gravações, sobressaindo um pouco no ato final da batalha, mas sempre em segundo plano na tela, o que atrapalhou um pouco o andamento da trama. Gosto muito de ver Stanley Tucci performar com seus papeis, mas aqui seu Skate é tão engessado, que suas explosões de personalidade acabaram ficando meio que maquiadas nos pequenos monitores, e isso não foi tão longe quanto poderia. Vale ainda dar alguns destaques para os tons de vozes, já que a personificação foi mais em cima dos robôs para Woody Harrelson fazendo o Sr. Peanut bem denso, Giancarlo Esposito bem imponente com seu Marshall e Anthony Mackie bem divertido e carismático como o robozinho Herman, mas sem dúvida quem conseguiu trabalhar nos dois vértices (humano e robô) e merecia mais tempo de tela foi Ke Huy Quan com seu Dr. Amherst.

Visualmente o longa é impecável, com uma produção grandiosa, cheia de efeitos e elementos cênicos por todo canto que olhássemos, computadores antigos (até com a proteção de tela do Windows de 1994), muitos robôs de todos os formatos, tamanhos e tipos, drones robôs, só achei meio bizarro o projetor que as pessoas enfiam a cara que ficou parecendo um bico de pato meio estranho, mas não é algo incômodo, tivemos a separação por um muro meio quase que mostrando a ideologia atual dos EUA de separar as pessoas, e muitos detalhes para quem gosta de ficar procurando coisas na tela se divertir, mostrando que a computação gráfica foi usada no limite máximo.

Um ponto que gostei bastante no filme foi a trilha sonora, que mesmo tendo poucas canções com letras, usou muitos clássicos apenas com a batida instrumental, e funcionou bem para dar ritmo para a trama, mas talvez o diretor poderia ter usado mais das versões cantadas para suprir alguns excessos cênicos, o que ficou em segundo plano. Deixo aqui a playlist com as canções e trilhas para quem quiser curtir.

Enfim, é uma pena que o longa não foi muito além, pois tinha tudo para ser algo grandioso dentro da plataforma, e que quem sabe viraria talvez uma franquia, já que os diretores gostam bastante disso, mas também não é algo que você vai acabar odiando, que ao menos servirá como um passatempo colorido e bem produzido na tela, que como falei no começo talvez os pequenos gostem mais, e assim fica sendo a recomendação. E é isso meus amigos, volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Lee

3/19/2025 12:11:00 AM |

Um dos filmes que mais fiquei triste quando foi cancelada a cabine de imprensa no final do ano passado foi "Lee", pois o longa não seria mais lançado nos cinemas nacionais e nem tinha data para sair no streaming, e como sou careta pra ver filmes na pirataria, acabei largando mão de ver ele, já que depois do Globo de Ouro praticamente esqueceram do filme, mas eis que hoje fuçando no que veria nos streamings bati o olho na tela da Amazon Prime Video, e olha lá o filme abanando a mão para mim, sendo lançado sem nenhum aviso (afinal não estava na lista de lançamentos da plataforma desse mês que nos mandam), e eu tinha razão em ter ficado triste de não ver ele numa telona maior que a minha TV, pois é daquelas tramas incríveis de vida, aonde você acaba viajando e sofrendo junto com a protagonista enquanto vê todo o caos da guerra, aonde qualquer jornalista sonharia em ter seu nome numa foto exclusiva nas revistas, mas também acabaria vivendo sem dormir após ver pessoalmente tudo o que aconteceu na linha de frente da Europa durante o Terceiro Reich. Ou seja, é daqueles filmes que acabamos imersos na entrega de tela, e que ao final ainda somos surpreendidos com o fechamento incrível que não tinha como esperar acontecer, e que deu um tom emotivo ainda maior para as letras que vem falar sobre a fotógrafa Lee Miller, pois a atriz capturou bem a essência da trama e se jogou, para que a diretora fizesse o que quisesse com o que tinha em mãos, e assim o resultado acaba sendo incrível.

O longa vai nos contar a história da correspondente de guerra da revista Vogue, durante a Segunda Guerra Mundial, Elizabeth Lee Miller, abordando uma década crucial na vida dessa fotógrafa norte-americana, mostrando com afinco o talento singular e a tenacidade dela, o que resultou em algumas das imagens de guerra mais emblemáticas do século XX. Isso inclui a foto icônica que Miller tirou dela mesma na banheira particular de Hitler. Miller tinha uma profunda compreensão e empatia pelas mulheres e pelas vítimas sem voz da guerra. Suas imagens exibem tanto a fragilidade quanto a ferocidade da experiência humana. Acima de tudo, o filme mostra como Miller viveu sua vida a todo vapor em busca da verdade, pela qual ela pagou um alto preço pessoal, forçando-a a confrontar um segredo traumático e profundamente enterrado de sua infância.

É engraçado pensar que antes de despontar como diretora, Ellen Kuras era diretora de fotografia de grandes filmes, ou seja, sabe bem o valor de um bom ângulo e que certas escolhas fazem toda a diferença para marcar uma carreira, e aqui ela pegou o livro de Anthony Penrose e conseguiu aumentar ainda mais o misticismo dessa tremenda mulher que foi Lee Miller (que inclusive é citada no filme "Guerra Civil por uma das jornalistas), e assim vemos cenas intensas no meio do combate, vemos os horrores do pós-guerra junto de traumas, mas também nos é mostrado o quão bon-vivant era a jovem antes de partir para fotografar tudo, e assim o resultado principalmente dentro de como foi montado o longa acabou sendo genial ao final, pois a surpresa é marcante e expressa bem como tudo acabou amarrado para a ideia não ser apenas simpática, mas ampla e cheia de nuances que talvez até tenha um ou outro furo, mas que passa batido e não incomoda, mostrando que a diretora tem visão de câmera, e principalmente por ter trabalhado com muitos documentários soube aonde impactar mais.

Quanto das atuações, fiquei assustado com a cena inicial que mostra Kate Winslet velha, pois pensei "nossa, o tempo já voou tanto assim?", mas felizmente foi apenas uma ótima maquiagem, já que logo depois conforme voltamos para os anos 30-40, vemos ela bonita, sensual, com muitas cenas sem roupa, e com uma desenvoltura tão curiosa para sua Lee Miller, que a entrega da atriz mostra algo que não víamos ela fazer tanto em outros longas, e assim sua indicação ao Globo de Ouro não foi em vão, mas sim ficou estranho de não terem a colocado nas demais premiações. Andy Samberg trabalhou seu Davy Scherman com muita personalidade, e soube desenvolver muito com olhares e uma amizade icônica com a personagem principal (aliás, se mostrou um grande amigo e não alguém que foi para cama com ela, sem ser para dormir), de modo que o ator trabalhou seus atos tão expressivos, que chegamos até ficar com dó nos atos finais quando vê a barbárie completa entre os seus, mostrando que o ator foi firme e chamou para si alguns atos. Outra que a maquiagem exagerou um pouquinho na velhice foi Andrea Riseborough para que ficasse parecida com Audrey Withers, famosa editora da Vogue britânica, mas a jovem conseguiu trabalhar muita personalidade, até mais do que a quantidade de pó que lhe passaram no rosto (em determinada cena em 4K até ficou nítido o exagero, a deixando quase como um fantasma), mas as dinâmicas foram carismáticas e cheias de intensidade também, mostrando o bom trabalho dela. Ainda vale destacar, entre as muitas boas atuações, o trabalho de Alexander Skarsgård com seu Roland bem cheio de nuances e muito sedutor no começo do longa, sabendo incomodar o ego da protagonista e ir bem no que precisava fazer, e também Josh O'Connor como o jornalista entrevistador da personagem principal, que conseguiu desenvolver muito na tela e agradar na medida.

Visualmente o longa mostrou desde a parcial destruição da frente do escritório da Revista Vogue, mostrou bem uma imponente casa de praia com cenas entre amigos bem regada a bebidas e corpos nus, aonde apenas comentavam sobre Hitler sem imaginar o caos que realmente iria acontecer, vemos a protagonista trabalhando imagens em Londres ainda sem grandes tormentas, e depois com todo o medo que tomou conta, e claro sua ida diretamente para a linha de frente fotografando os quarteis e locais por onde iam as tropas, com foco sempre mais nas mulheres das vilas, dos exércitos e tudo mais, tendo o ato na banheira de Hitler como o fechamento mais icônico, e claro muitas fotos dos mortos e barbáries que viu por onde passou, numa montagem bem crua e imponente por parte da equipe de arte.

Enfim, é um filme ao mesmo tempo forte, porém bem representativo, aonde você imerge na tela e quer acompanhar todas as fotos da personagem, quer conhecer mais as situações, e acabamos entrando muito na sua intimidade com o que ela passa em campo, de modo que acaba sendo uma trama bem intimista e bem interessante de ser conferida tanto como conteúdo histórico como uma boa ficção de uma guerra vista por outros olhos. Então fica a dica para conferir essa bela obra dentro da plataforma, e eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Deu Preguiça (The Sloth Lane) (A Sloth Story)

3/18/2025 12:39:00 AM |

É muito engraçado que cada vez mais tem aparecido animações de todo o planeta para conferirmos, mas o mais bacana é que tentam entregar algumas culturas como algo bem normal, por exemplo no longa "Deu Preguiça" muitos poderiam imaginar que é um filme mexicano afinal trabalha com um foodtruck de comida mexicana, mas não temos um longa australiano, com alguns animais exóticos sendo trabalhados na forma de animação como as preguiças, um kiwi e alguns outros que não consegui conectar bem o que eram. Porém a minha preocupação depois de ver tanta propaganda dele antes das sessões e nos trailers colocados, era de que seria algo extremamente infantil e bobo, e felizmente para minha percepção não é, mas essa é justamente a falha, pois a sessão estava cheia de crianças, e usando alguns atos mais tensos para um público juvenil, os pequeninos ficaram assustados, ou seja, o pessoal precisa dar uma olhada melhor no marketing para não dar ruim. Tirando esse detalhe, o resultado acaba sendo bacaninha pelo famoso mote da família, os personagens são bem colocados, mas é uma trama acelerada, aonde não se desenvolvem tanto os personagens, ao mesmo tempo que é alongada, parecendo durar mais do que apenas os 84 minutos de projeção, ou seja, é algo meio estranho que diverte, mas que faltou um rumo melhor para impactar mais.

O longa nos conta que após uma tempestade devastadora que destrói sua casa, Laura, a preguiça mais veloz de sua comunidade, decide recomeçar sua vida na cidade grande. Junto de sua família excêntrica, ela se muda para a nova cidade em seu velho e enferrujado food truck, com a esperança de transformar seu negócio em um sucesso. A trama acompanha a jornada de Laura e seus entes queridos enquanto enfrentam os desafios de um novo começo. Ao tentar se estabelecer e conquistar clientes, eles descobrem que a verdadeira força reside na união familiar e na determinação para vencer as adversidades. A deliciosa comida preparada por Laura logo chama a atenção, mas, além de novos clientes, outros desafios surgem, colocando à prova a coragem da família.

Os diretores Ricard Cussó e Tania Vincent até foram bem coerentes com seu estilo mais infantil de filmes, trabalhando personagens que são bem alocados dentro da trama, mas que não saem tanto do agrupamento familiar, deixando os demais bem em segundo plano, e dessa forma a dinâmica geral que fizeram até acaba sendo gostosa de acompanhar, mas como disse no começo faltou melhorar mais a síntese para que o longa ficasse mais ágil (mesmo se tratando de preguiças) e também mais direcionado ao público que desejavam atingir, pois sendo o primeiro filme mais juvenil deles, a trama acabou parecendo bobinha de um modo mais fechado, mas que acaba assustando um pouco os menorzinhos, não encaixando certo em nenhuma das duas pontas. Claro que passa longe de ser um filme problemático, mas poderia ser muito melhor com poucos ajustes.

Diria que foi bem sacada a trama trabalhar uma preguiça desesperada por velocidade como é a jovem, e a mãe já tudo na lentidão e até com uma certa perca de memória, além de um filho pintor que não foi muito utilizado e um pai com um grande apreço pelos detalhes da vida, de modo que cada um ali se complementa bem dentro dos personagens, talvez a dublagem não tenha ajudado muito por ter ficado meio que num tom que não parece tanto com os protagonistas, mas de certo modo os personagens são bem desenhados e a profundidade/sombras deles acabaram ficando bem legais de ver. Do outro lado a sacada de um felino veloz que tem apenas um único produto para venda e criando coisas viciantes para que os clientes passem a gastar mais foi bem pensada, e até assustadora pela forma de zumbis que acaba criando, mas a personagem ficou meio sem traquejos tanto para o lado do mal quanto para alguém problemático, que acabou soando um pouco estranho, mas que lembra muito alguns fast-foods que temos, isso lembra. Ainda tivemos a equipe de críquete com alguns animais interessantes, mas só vale mesmo pelos dois pequeninos que acabam acompanhando bastante a protagonista, ficando algo meio deslocado em segundo plano na tela.

Visualmente a trama não identifica nenhum país efetivamente, mas cria cidades animais interessantes, aonde até tentaram colocar algo a mais, como alguns monumentos na viagem do campo até a cidade dos protagonistas, mas só vemos praticamente a casa dos personagens principais no campo que é destruída com uma tempestade gigantesca, e na cidade praticamente só existem os restaurantes, o campo de críquete e policiais andando, não tendo mais quase ninguém, e assim faltou dimensionar um pouco mais tudo para que ficasse um pouco mais imponente.

Enfim, não é o filme ruim e bobinho que imaginava que veria, mas também não é nenhuma animação memorável, de modo que o mote familiar até tem uma boa pegada para passar lições para os mais jovens, que talvez os pequenos também peguem a essência com os pais explicando, mas faltou dinâmica para que o longa fluísse melhor e empolgasse mais, sendo algo interessante para um passatempo light, ficando assim a recomendação. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais uma dica, então abraços e até logo mais.


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Girassol Vermelho

3/16/2025 11:40:00 PM |

Já falei algumas vezes aqui que um dos estilos que não curto conferir é o do cinema abstrato, pois entro na sessão com a maior boa vontade em tentar entender o que querem me mostrar, e saio sem nem ter entendido o que li na sinopse e esperava ver ao menos, de tal forma que hoje o longa "Girassol Vermelho" que já rodou alguns festivais e estreia na próxima quinta (20/03) fez minha cabeça até doer para tentar entrar no clima da trama, vivenciar o que o personagem estava sentindo e passando, mas infelizmente não rolou, de modo que até temos uma fotografia bem interessante, algumas cenas bem colocadas na tela, mas tudo é tão confuso e cheio de nuances estranhas que ao final o longa já tinha me perdido, e essa sensação no meu julgamento é a pior possível, pois mesmo que algum filme seja ruim, ele tem de segurar o espectador até o último ato, e aqui assisti até o final, mas já nem sabia mais o que estavam tentando mostrar com cenas paradas demais e toda uma opressão forte, que talvez alguns enxerguem muito mais, mas não posso afirmar que enxerguei sequer o mote da trama.

O filme é inspirado em Murilo Rubião, mestre do realismo fantástico brasileiro, sobre a jornada de Romeu, um homem que deixa seu passado, numa busca pela liberdade. Por acaso, ele chega a uma estranha cidade onde um sistema opressor e patético, que não permite questionamentos, o arrasta para uma sequência de interrogatórios e torturas. Nesse mundo absurdo, Romeu percebe que perdeu seu maior valor: a liberdade. Cheio de dor e fúria, Romeu, delirante, se entrega a uma nova e ainda mais estranha viagem.

Nem vou tentar buscar muitas inspirações para falar muito sobre o filme que os diretores Eder Santos e Thiago Villas Boas criaram, pois volto a frisar o que disse no começo, temos cenários belíssimos e cheios de nuances, aonde eles usaram e abusaram de fumaças, containers, grades, tudo com uma iluminação cênica bem ao estilo noir, mas até fica subentendido a ideia do não poder ter questionamento e perder a liberdade, porém isso não floresce nem se desenvolve dentro da arte abstrata dos realizadores, e dessa forma o protagonista Chico Diaz parece estar completamente solto e ao mesmo tempo perdido em seus atos, o que acaba deixando delirante não ele, mas sim o espectador, então diria que faltou sair um pouco do realismo fantástico que desejavam mostrar e talvez puxar o tom para algo mais real mesmo, que até poderia ter uma essência visual abstrata, mas desde que tudo fizesse um sentido maior.

Enfim, não vou encher linguiça falando de detalhes que não fizeram o filme suficientemente entendível para a minha pessoa, e assim deixo ele como um exemplar apenas para quem realmente gostar de filmes abstratos, e minha nota acabará sendo subjetiva, afinal estarei dando ela para a belíssima direção de fotografia e pela atuação bem encaixada de Diaz que precisou se esforçar para entender o que queriam dele. E é isso meus amigos, fico por aqui agradecendo o pessoal da Pandora Filmes e da Sinny Assessoria pela cabine de imprensa, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Pequenas Coisas Como Estas (Small Things Like These)

3/16/2025 07:32:00 PM |

Sei que nem todo filme pode e deve ser acelerado e cheio de explosões cênicas, mas os diretores precisam ter noção da desenvoltura para que suas tramas não virem velórios ou soníferos na tela, de tal maneira que a história que o longa "Pequenas Coisas Como Estas" tem dentro de sua base é fortíssima, e daria para facilmente o diretor criar algo marcante na tela, mas ele trabalhou tudo de uma forma monótona e tão parada que certamente se tivesse visto como cabine em casa teria dormido na metade do longa e não saberia o final, pois é tudo muito sereno, e até mesmo os atos mais cheios de impacto dentro do convento são dosados a base de chá. Ou seja, o resultado do filme não vai impactar ninguém, mas ao menos muitos irão pensar sobre mais algo que a Igreja procura sempre varrer para debaixo de seus tapetes, porém não sei se muitos irão conseguir ver o longa da forma que ele não prende a atenção.

Ambientado em 1985, o longa narra a história de Bill Furlong, um vendedor de carvão em uma pequena cidade irlandesa dominada pela influência da Igreja Católica. Às vésperas do Natal, Bill faz uma descoberta chocante ao encontrar uma mulher aprisionada em um galpão de carvão, vítima de punições impostas pelas Lavanderias Madalena, onde a Igreja mantinha aquelas que eram consideradas "fora do padrão". Este encontro provoca um conflito interno profundo em Bill, que se vê dividido entre a emoção e a moralidade. À medida que os segredos obscuros da cidade começam a emergir, Bill confronta suas próprias memórias de infância, repletas de pobreza e anseios não realizados. Com isso, ele se questiona sobre o que significa realmente a bondade e a compaixão em um mundo marcado pelo silêncio e pela opressão. Desafiado a lutar por justiça, tenta redefinir o verdadeiro espírito natalino em meio a revelações dolorosas.

No longa anterior do diretor Tim Mielants, "Caminhos da Sobrevivência", já tinha dito que ele gosta de trabalhar seus filmes de um modo mais cru, sem grandes desenvolturas cênicas, e aqui com o roteiro de Enda Walsh baseando-se no livro de Claire Keegan, ele acabou quase que trabalhando com uma caneta de pluma de ganso de tão sutil que fez tudo acontecer na tela, não sendo nem algo tão sujo como o carvão que o protagonista vende, muito menos sujo com tudo o que acontece lá dentro do convento ou nas ruas da pequena cidadezinha, parecendo que tudo está parado lá desde a era medieval. Ou seja, faltou atitude para que o diretor criticasse realmente e não apenas jogasse tudo no ventilador na cena final com tudo escrito para lermos, pois aí já acabou seu tempo de tela, e assim sendo diria que o trabalho do diretor foi tão morno que no frio da cidadezinha acabou congelando rápido demais.

Quanto das atuações, posso dizer que Cillian Murphy até trabalhou bem seu Bill Furlong, com um estilão mais fechado, sem muitas palavras e expressões mais fortes, mas conseguindo ser marcante e imponente na tela, tendo claro as atitudes mais corretas para com os que precisavam dele, e assim funcionou na proposta, mas dava para quebrar mais tudo e sair resolvendo mais como fez no final. Eileen Walsh fez a esposa do protagonista de uma maneira calma também, sem chamar tanta atenção, mas sendo subjetiva ao menos quando viu a necessidade de acalentar o marido. Emily Watson está tão diferente como a freira Mary, mas foi bem direta e pontual no que precisava dizer para o protagonista, meio como um some daqui logo e leva uns trocados para não encher mais o saco, de modo que a atriz conseguiu chamar atenção. Quanto aos demais vale apenas o leve destaque para a expressividade de 
Zara Devlin com sua Sara Redmond.

Visualmente a trama tem uma pegada não tão chamativa, com um ambiente escuro, mostrando bem pouco da cidadezinha, focando no caminhão de carvão do protagonista, mostrando um pouco dentro do convento aonde as moças trabalham fazendo comida ou lavando e passando roupas, e também o cantinho do galpão de carvão aonde são colocadas as moças de castigo, ainda tivemos bem pouco da casa do protagonista aonde faz sempre seu ritual de limpeza ao chegar do trabalho, e vemos os preparativos do Natal que traz um pouco da memória do garoto que nunca ganhou o presente que desejava, ou seja, tudo bem simples e sem grandes chamarizes de elementos.

Enfim, é um filme que tinha um bom potencial, que me chamou muita atenção pela sinopse, mas que não entrega nem metade do que promete, sendo simples e calmo demais, aonde alguns até irão sair da sessão pensando no que foi apresentado, mas não irão tirar grandes conclusões para a vida, então não diria que recomendo ele nem como algo mediano. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas volto hoje ainda com mais um texto, então abraços e até logo mais.


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A Menina Dos Meus Olhos (그 시절 우리가 좋아했던 소녀) (You Are the Apple of My Eye)

3/16/2025 02:08:00 AM |

Vou ser reto e direto nesse texto, pois se arrependimento matasse eu teria morrido hoje, pois deixei de ver uma cabine possivelmente interessante para ir no único horário legendado de "A Menina dos Meus Olhos", e fui contemplado com uma novelona de 101 minutos que pareceu ter pelo menos uns 200 capítulos na sala do cinema de algo que se duvidar "Carrossel" e "Chiquititas" são mais adultas do que o que me foi entregue na tela. E sendo assim não vou ficar enrolando com um texto muito alongado, e vou ser bem básico, pois até temos alguns atos com uma boa fotografia (principalmente as da chuva e da neve), mas a história é muito fraca para algo como cinema, então colocarei a sinopse abaixo, o trailer no final, e deixo como recomendação apenas se você for fã de doramas, e paro por aqui hoje.

No longa acompanhamos um grupo de amigos que frequentam um colégio particular e são apaixonados pela mesma colega de classe, a graciosa Seon-ah (Da-hyun). Jinwoo (Jin-young) é o único entre os quatro que não parece muito impressionado pela bonita e exemplar garota, nem entende o motivo de tanta comoção e fascinação. Para os outros, a menina é um sonho inatingível. Jinwoo e Seon-ah, porém, acabam se aproximando e desenvolvendo um laço genuíno, apesar de seus diferentes interesses e personalidades distintas. Os dois descobrem novas faces um do outro enquanto navegam pela montanha-russa de emoções da puberdade e pelas dúvidas da juventude. Entre as obrigações do ensino médio e o florescimento de uma paixão inesperada, Jinwoo e Seon-ah exploram o primeiro amor e a adolescência.

Falei que não falaria mais nada, mas pesquisando descobri que os protagonistas são líderes de bandas de k-pop, então dá para entender a lotação da sala nas sessões, mas colocassem eles para dançar e cantar, que ao menos veríamos um High School Musical coreano, e não algo que falta expressividade nos personagens, tem sacadas tão infantis que só grupos de adolescentes vão acabar gostando, mas acredito que seja eu que estou velho demais para algo do estilo, que até cheguei a sentir vergonha alheia de alguns atos, então melhor parar por aqui.

PS: Me recuso a dar nota, mas vou colocar 1 para apenas ranquear no site, e para o pessoal da legendagem que foi criativo em mudar o exame do ensino deles lá como ENEM.


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Quando Chega o Outono (Quand Vient l'Automne) (When Fall Is Coming)

3/15/2025 07:13:00 PM |

O cinema de François Ozon é daqueles que seguem a tênue linha do mundo desabar em cima dos personagens, que você fica só esperando a faca cravar na espinha e todo o drama virar uma catástrofe no ambiente, mas se tem algo que não sei como ele consegue fazer é que não desaba, não crava a faca e a película não se irrompe até o final de seus filmes, ao ponto que você até deseja que isso aconteça, para que tudo exploda e vire o caos, mas ele não deixa acontecer isso, o que é sempre brilhante de ver. E novamente ele consegue fazer dessa forma em seu longa, "Quando Chega o Outono", que estreia no próximo dia 27/03 nos cinemas do Brasil todo, sabendo pautar seus personagens com um refino de personalidade tão cheio de nuances, que você pode esperar tudo do filme, pois todos tem algum mistério do passado e do presente, mas as emoções e situações são tão relevadas por todos, meio como se quisessem dizer "deixa acontecer assim, vida que segue", mas também sabem de suas interdependências, e assim acabam presos também nessa redoma difícil de quebrar. Ou seja, é o famoso filme reflexivo que você entra nele pelas nuances, se segura para não pular na frente do carro, mas o carro não sai do caminho para você passar, e o resultado, fica também preso até o fim junto com você.

A sinopse nos conta que em um bucólico vilarejo da Borgonha, Michelle e Marie-Claude, amigas e vizinhas de longa data, desfrutam de um estilo de vida tranquilo após a aposentadoria. Michelle está ansiosa para passar o verão com seu neto, Lucas. Mas a estadia é cancelada após ela servir cogumelos venenosos à sua filha Valérie, mãe do garoto, o que abala ainda mais a relação marcada por traumas e segredos do passado. Desolada, Michelle começa a se sentir menos solitária quando o misterioso filho de Marie-Claude sai da prisão.

O diretor e roteirista François Ozon é daqueles que praticamente todo ano temos uma obra sua no Festival Varilux, porém no ano passado não trouxeram, e o lançamento desse ano já virá bem mais cedo para os amantes do cinema francês, e aqui ao permear o limite entre suspense e drama conseguiu amarrar tudo tão direto e funcional que ficamos esperando o conflito, e facilmente tudo poderia dar muito errado, as famílias serem ainda mais quebradas, mas é como se mais nenhum deles ali estivesse com disposição de mudar, pois o que aconteceu é para algo "melhor", e assim o clima segue denso e "agradável". Claro que ele demonstrou muito pelos olhares dos protagonistas quando se viram acuados pelas perguntas e afirmações, mas o diretor soube dar a quebra seca para o famoso "não tem problemas" ou "não é ele", e por aí seguiu brilhando com a essência toda passada, mostrando seu estilo de direção e a desenvoltura emocional bem preparada.

E como a trama é bem dependente de boas atuações, posso dizer sem dúvida alguma que todos trabalharam muito seus olhares em cada ato para que o filme impactasse sem ficar preso, e ainda posso falar que Hélène Vincent soube segurar toda a densidade de sua Michelle, trabalhando os elos da senilidade junto da emoção também, criando algumas dinâmicas bem encaixadas e não surpreendendo o público com inversões de personalidade, o que é um grande gancho em filmes desse estilo. O garotinho Garlan Erlos teve uma segurança para suas cenas, que são poucas bem encaixadas, mas passou um ar de ator experiente para seu Lucas que o outro ator que fez os atos finais dele já jovem não conseguiu demonstrar esse crescimento todo. Pierre Lotin trabalhou seu Vincent com um estilo bem cheio de expressividade, estando disposto a mudar sua vida, mas também ajudando quem precisa dele de alguma forma, nem que isso seja algo bom de acontecer, e o mais interessante foi ele ter ficado bem no mistério em todas as suas cenas, o que acabou fluindo e amarrando a trama na mesma proporção. Ainda tivemos Josiane Balasko bem nas cenas de sua Marie-Claude, e boas aparições de Ludivine Sagnier com sua Valérie, além de Sophie Guillemin como uma inspetora de polícia bem insistente em tentar resolver o caso da forma mais correta.

Visualmente a trama teve alguns bons simbolismos dentro de florestas, hortas e da pequena cidadezinha, mostrando a coleta de cogumelos e olhando em livros para ver quais poderiam ser comidos, as casas das duas senhoras, um bar festivo bem trabalhado, e até um velório bem mostrado com as antigas amigas de profissão, o apartamento simples com o detalhe da sacada logo após a conversa sobre o que se passava na cabeça, e algumas dinâmicas em trens e hospitais, mas tudo bem dentro do básico, sem grandes chamarizes mais representativos.

Enfim, é um longa com uma pegada densa e bem trabalhada, que consegue funcionar na tela pela essência e pelo suspense, aonde o diretor deixou tudo no limiar que gostamos de ver, mas ainda assim longe de seus grandes clássicos que sempre vemos festivais, ao ponto que talvez muitos que curtem um cinema mais comercial não irão entrar tanto no clima, mas vale a conferida com certeza a partir do dia 27/03 que é quando estreia nas salas dos cinemas. E é isso meus amigos, fico por aqui agora agradecendo a Pandora Filmes e a Sinny Assessoria pela cabine, mas hoje ainda verei mais filmes, então abraços e até logo mais.


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Better Man - A História de Robbie Williams (Better Man)

3/15/2025 03:21:00 AM |

Muitas vezes me perguntam que estilo de música que eu gosto, e não sendo algo ruim, se a melodia e a letra forem bacana fico na rádio sem problema algum, mas tenho um problema imenso, raramente lembro nomes de artistas e conecto suas músicas, ao ponto que jurava que conhecia no máximo umas duas ou três músicas de Robbie Williams, e praticamente cantei (mentalmente claro, já que não ia dar o gostinho da minha linda voz para os demais da sessão) o filme inteiro!! Dito isso, sei que muitos não curtem musicais, ainda mais biografias, mas deem a chance para "Better Man - A História de Robbie Williams", pois ao mesmo tempo que o diretor fez algo muito bonito e insano visualmente com o cantor personificado como um macaco para dizer que ele não era suficientemente evoluído, acabou funcionando também para não precisar de atores/cantores parecidos com ele na infância, juventude, e todas as loucuras que fez na vida, ele também acabou fazendo um filme duríssimo, não economizando em nada de bonito que o cantor viveu, desde suas bebedeiras, drogas, conflitos e tudo mais, sendo uma trama crua e quase que um soco com tudo o que é mostrado na tela. Ou seja, já vi biografias sem passarem pano pra algumas pessoas, mas aqui se o longa não fosse musical seria um drama depressivo de cortar os pulsos com muita certeza. Porém o resultado como musical ficou incrível, e eu que sou muito fã do estilo me emocionei com tudo e a vontade de aplaudir no final foi grande demais!

O longa promete contar a história da ascensão, queda e a ressurreição inesperada do cantor, que hoje é consagrado como um dos artistas britânicos mais vendidos de todos os tempos. Através de um novo foco nos altos e baixos da fama, inspirado na vida de Williams e na percepção que ele tem de si próprio.

O mais bacana de tudo é que o diretor e roteirista Michael Gracey tem muita experiência em videoclipes e tramas musicais, de modo que em seu primeiro filme "O Rei do Show" acabou cometendo algumas leves falhas de principiantes, mas ainda assim amo de paixão o longa, porém aqui ele foi extremamente criativo junto com o verdadeiro Robbie Williams, pois conseguiu trabalhar toda a ideia na tela de um modo que não ficou peneirando coisas boas para que o cantor fosse marcado como uma pessoa incrível, pois não foi durante muitos anos da vida, e só depois de muito apanhar mudou completamente. Ou seja, o diretor soube aproveitar a ideia visual de um macaco na tela para personificar melhor o cantor, e com isso não precisou nem de dubladores, afinal o próprio cantor botou sua voz para jogo e por incrível que pareça usando apenas canções dele já antigas, e apenas uma inédita, a trama encaixou muito, teve desenvoltura e o resultado ficou tão bom que colocaria fácil ele entre meus filmes musicais preferidos, principalmente pela excentricidade de tudo, o que certamente irá me fazer esperar ainda mais do diretor em seus próximos projetos.

Quanto das atuações, Jonno Davies apenas deu seu corpo para que o macaco fosse performático através da captura de movimentos, mas sem o desmerecer foi perfeito na entrega corporal, se jogou nas danças da banda e claro também em todas as loucuras do filme, mas não emprestou sua voz para a produção, já que quem fala e canta o tempo inteiro é o próprio Robbie Williams, e dessa forma a conexão entre ambos funcionou bastante para que o longa fluísse. Steve Pemberton se jogou como o pai do cantor, tendo momentos bem fortes na dinâmica entre eles, de modo que o ator trabalhou muito bem os trejeitos para que tudo fosse bem além na tela, além claro de entregar também bons atos cantando. Alisson Steadman fez a avó do personagem com olhares tão emotivos que não tem como não se ligar a ela, sendo muito responsável por dinâmicas do jovem que marcaram o longa, e que certamente marcaram a vida do verdadeiro Robbie. Ainda tivemos alguns momentos bem colocados na tela de Raechelle Banno como Nicole Appleton, um dos primeiros relacionamentos do cantor, Kate Mulvany fazendo a mãe do rapaz em bons atos, e Frazer Hadfield como o melhor amigo, mas sem dúvida quem conseguiu chamar atenção entre os personagens secundários foi Damon Harriman como o empresário da banda Take That e os demais integrantes que formaram a boy band em grandes performances.

Visualmente a trama é muito imponente na tela, sendo bons atos de dança e shows, tendo todas as mansões cheias de detalhes e destruições, muita droga e bebida, e toda a insanidade dele se ver como um macaco não apenas vivendo, mas se revendo com pensamentos negativos e grandes lutas, ou seja, a trama tem muitos efeitos visuais e de qualidade bem interessantes para agradar, de modo que tudo salta aos olhos e faz valer demais a conferida em uma tela bem grandiosa.

Como já disse antes, as canções de Robbie Williams encaixaram demais com toda a história, e claro que eu vou deixar aqui o link com as que fazem parte do album oficial, então ouça e se envolva, mas no longa com as legendas tudo vai muito além. 

Enfim, eu tinha uma leve certeza que gostaria demais do filme, afinal amo musicais e amo biografias, então a junção das duas coisas, e mais toda a insanidade que funcionou do personagem como um macaco foi muito além do que esperava, valendo muito a recomendação, que só pontuaria que poderiam ter trabalhado um pouco mais o "homem melhor" nos atos finais, pois apenas um show e as dinâmicas de reconexão acabaram sendo rápidas demais, mas isso é querer mudar o filme, então relevem. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje nessa sexta maravilhosa com dois ótimos filmes, e volto amanhã na torcida de outros bons que verei, então abraços e até logo mais.

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Código Preto (Black Bag)

3/14/2025 09:11:00 PM |

Sempre que surge algum filme que não tenha visto trailer nas sessões que vou, ou nem ouvido falar nada dele antes da estreia, acabou indo meio que preparado para ser muito ruim ou algo que beire a perfeição! E hoje foi felizmente a segunda opção, pois "Código Preto" é daquelas raras delícias que até já vimos outros filmes semelhantes, mas que acabam sendo tão gostosos de ver, com tantas boas sacadas e entregas na tela, que você acaba rindo e se divertindo no meio de toda a tensão entregue pelos personagens, enquanto vamos tentando descobrir o traidor entre eles, que são espiões de elite. Ou seja, é daquelas tramas que brincam com você, e que acabamos desenvolvendo tudo o que mais gostamos em tramas investigativas, e que sem precisar apelar forçando a barra acaba funcionando com um primor tanto de direção, quanto de história e aonde os atores dão seu máximo sem nem precisar apontar uma arma que seja para o vilão. 

A sinopse nos conta que é preciso escolher: seu casamento ou sua lealdade? No longa acompanhamos o casal de agentes espiões Kathryn e George. Dentro de casa, a vida matrimonial é tranquila e apaixonada, os dois respeitando os segredos e as discrições da profissão. Quando, porém, alguém parece ter vazado informações confidenciais e perigosas da inteligência, Kathryn é a principal suspeita. A missão de George, agora, é descobrir se sua esposa é a verdadeira traidora, testando a confiança de seu casamento. De maneira extraoficial, George precisa ser discreto e encarar um dos maiores testes de sua carreira e vida pessoal: ser leal ao seu país ou ao seu relacionamento.

O bacana do diretor Steven Soderbergh ("Onze Homens e Um Segredo" e suas sequências, "Contágio") é que você nunca sabe se ele vai entregar algo que impressione positivamente, ou que você vai sair xingando tudo, mas suas parcerias com o roteirista David Koepp, que aliás ainda lançarão um novo longa nesse ano chamado "Presença", costumam dar bastante certo. E aqui eles brincaram com uma famosa faceta tão britânica que se tivesse mais ação até poderíamos chamar de algum derivado de 007, mas como tem muito mais dinâmicas investigativas, o resultado flui para um outro lado que julgo ser muito mais genial. Ou seja, é daqueles filmes que você vê o roteiro funcionando tão bem nas mãos do diretor que quase vira uma arma pronta para confundir o espectador, mas que sem precisar abusar de pensar demais, o que vemos na tela acaba virando uma grande brincadeira de gente grande, o que ao meu ver é algo maravilhoso.

Quanto das atuações, Michael Fassbender trabalhou seu George de uma maneira tão seca, que quase virou um polígrafo humano nas relações com todos os seus "amigos" da empresa, e sem mexer uma pálpebra que fosse foi armando todo o circo para o funcionamento do plano, aonde seus traquejos britânicos levaram o longa para outro patamar, ou seja, brilhante. Confesso que tenho uma relação de amor e ódio com Cate Blanchett, pois ela faz seus personagens serem tão fáceis, mas também tão duplos que irrita, e aqui com sua Kathryn, ela praticamente não faz nada e ao mesmo tempo faz tudo, sendo direta e até um pouco óbvia, o que é muito bom de ser visto, ou seja, vou continuar amando e odiando ela. Tom Burke trouxe para o seu Freddie aquele famoso personagem que parece bobo, cheio de traquejos que irritam, mas ao mesmo tempo acaba fazendo tudo ficar mais engraçado no meio de toda a tensão, e assim funciona bastante. Da mesma forma, Marisa Abela foi muito sagaz com sua Clarissa, trabalhando um ar meio pervertido, mas que soa interessante para a proposta, acaba tendo as melhores desenvolturas com tudo o que acontece na tela, e seu olhar final na mesa refletiu exatamente tudo o que fez no filme inteiro. Não sei se muitos sabem disso, mas tenho ranço de psicólogos na vida e no cinema mais ainda, de forma que a Dra. Zoe que Naomie Harris faz é o reflexo máximo da categoria, que muitas vezes sabe de tudo, tem seus podres, você acaba confiando nela, e pronto, perdeu tudo, ou seja, representou demais a categoria, no melhor sentido da palavra. Regé-Jean Page fez de seu James um personagem sério demais para fluir para os rumos que o filme pedia, mas acabou trabalhando bem todas suas cenas e chamou atenção de um modo simples, sem grandes explosões, mas talvez tenha faltado exatamente isso para que o papel fosse mais além. Quanto aos demais diria que deram pouco tempo de tela para Gustaf Skarsgård desenvolver seu Philip, de modo que nem acabou tendo muita importância, já por outro ângulo, mesmo com pouquíssimas cenas, Pierce Brosnan foi cheio de traquejos expressivos para que seu Arthur Stieglitz funcionasse e fosse marcante.

Visualmente o estilo costuma pedir muito mais cenas em diversas locações, muitos explosivos, tiros e tudo mais, mas aqui a base ficou quase que integralmente dentro da casa chique dos protagonistas, tendo uma mesa de jantar com tudo rolando ali com a comida que o personagem principal preparou, alguns atos dentro de um escritório cheio de imagens de câmeras, um banco de praça, e um lago ao de o protagonista pesca com seu barquinho simples, e também faz outras coisas por lá. Ou seja, a equipe de arte foi meticulosa e bem prática para acertar com bem pouco, mas com muita classe.

Enfim, é daqueles filmes que funcionam demais, que fui conferir sem esperar absolutamente nada, mas que me envolvi, ri bastante, e sai extremamente feliz com o que me foi entregue, que até pode ser parecido com muitos outros, mas que por enquanto irei lembrar bastante dele para indicar para todos. Só não falo que é perfeito, por mesmo sendo bem curto com pouco mais de uma hora e meia, aparentar ser muito maior, o que indica uma cadência meio que amarrada, mas ainda assim, é brilhante. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas como de praxe nas sextas que vem muitos filmes, lá vou eu para mais uma sessão, então abraços e até daqui a pouco com mais um texto.


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