Netflix - Minha Vida Perfeita (Moje Wspaniale Zycie) (My Wonderful Life)

2/28/2022 10:18:00 PM |

Vou ser bem direto ao falar sobre o longa polonês que estreou hoje na Netflix, "Minha Vida Perfeita", pois não tem como defender ele de ser daquelas tramas que até possuem algo a mostrar, como no caso de uma pessoa que acaba tendo uma vida dupla envolvida em drogas e traições como fuga de uma outra conflitiva aonde tem de passar serenidade para parecer perfeita para a família tradicional, porém enrolam tanto e entregam algo tão sem ritmo que acaba desanimando mais do que realmente empolgando como poderia. Ou seja, até posso dizer que se o filme caísse nas mãos de algum diretor francês funcionaria mais, mas aqui infelizmente desanima e não consegue ter sequer um momento de gracejo ou funcionalidade, e isso é muito ruim em uma plataforma de streaming, pois a pessoa pode desistir muito facilmente dele, o que só não ocorreu por eu ser insistente.

A sinopse nos conta que Joanna desempenha perfeitamente os papéis de uma filha carinhosa, uma mãe descontraída, uma professora popular, uma esposa com quem você pode contar para tudo. Mas há muito tempo que ela não se sente a mesma desempenhando as diferentes personagens. É por isso que ela leva uma vida dupla, tendo um segredo que não compartilha com ninguém. Porque se alguém descobrisse, seria o fim de tudo que parece tão "maravilhoso" no mundo dela. É a história de uma mulher que não quer mais ser uma boa menina. Mas sua coragem é suficiente para se rebelar, abalar o casamento, perder sua reputação e perseguir o que realmente importa?

Diria que o diretor e roteirista Lukasz Grzegorzek até teve uma ideia bem colocada, mas que não soube como a desenvolver para que ela funcionasse por completo, e isso pesa muito em cima de uma trama, afinal o estilo clássico sempre é bem dosado e dita um ritmo que chame atenção, mas se o diretor não se abrir e ousar em roteiros envolvendo famílias, o resultado desanda com a maior facilidade. Ou seja, vemos aqui que ele não quis dar a opinião dele sobre a mulher estar certa ou errada, o que poderia gerar grandes críticas em cima da ênfase que escolhesse, e assim fez tudo ser jogado demais, ser simples demais, e por consequência cansativo demais, ao ponto que o sono chega a vir forte durante o miolo da trama, voltando a ter alguma consequência mais chamativa apenas nos atos finais, de forma que não tem como defender sua escolha, pois facilmente ele deu a nuance no final de que a família precisa tanto dela que acaba nem ligando para as suas escolhas, mas e quanto à todo o restante? Fica aí a discussão, e e assim a omissão do diretor.

Sobre as atuações, posso dizer que a base toda do longa ficou a cargo da expressividade de Agata Buzek que já vimos se entregar bem mais para personagens mais dramáticos, e aqui sua Joanna ficou parecendo faltar algo a mais que fizesse a atriz querer ir além, ou seja, não vemos a atriz ir muito além, mas vemos também ela se explodir nos devidos atos e ter muita presença cênica para que o filme fluísse ao menos, e assim seu resultado até é aceitável, mas certamente poderia ter ido além de trejeitos mornos para que tudo chamasse mais atenção. Jacek Braciak faz o tradicional corno que sabe o que tá rolando, mas não quer ver, e o ator faz exatamente todos os trejeitos tradicionais desse estilo de personagem, ou seja, tenta segurar o eixo de um diretor mais amplo, mas não vai muito além, e isso pesa no filme. Quanto dos demais, tivemos o amante completamente estranho e excêntrico vivido por Adam Woronowicz, tivemos a filha bizarra do amante que não conseguimos ver muito além que a garota Julia Kuzka quis fazer, e principalmente os filhos da protagonista numa bagunça completa de um querendo aparecer mais que o outro, fazendo com que apenas Jakub Zajak tentasse mostrar algo a mais com seu Adam, mas sem grandes explosões, que aliás ficaram apenas bem mostradas com a avó vivida por Malgorzata Zajaczkowska.

Visualmente o filme tem um estilo bem bagunçado contando com cenas na casa lotada dos protagonistas, com uma família gigante e totalmente conflitiva, uma escola com professores mais novos que alguns alunos, o apartamento dos pais da protagonista aonde ela usa para seus momentos de fumo e traição, aonde o amante leva o cachorro para passear, o carro bizarro do amante anunciando comida, as cenas dentro do carro da protagonista brecando sem parar, alguns momentos em um bar de karaokê aonde o protagonista vai para expandir suas ideias, e algumas cenas em hospitais fazendo exames, ou seja, a equipe de arte conseguiu ficar mais confusa com o roteiro todo do que os atores, e o resultado embora chame alguma atenção para cenas com luzes piscando, detalhes de cartas de ameaças e pichações, acaba não indo muito além para lugar algum.

Enfim, é um filme que tem uma ideia com um leve potencial, mas que não consegue fluir e nem chegar a lugar algum, fora não ter ritmo, o que causa um cansaço emocional durante toda a exibição, ou seja, não tenho como recomendar o longa para ninguém, e assim sendo é melhor pular ele na lista de estreias da Netflix, pois garanto que não vai ser algo agradável para ninguém. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Um Dia Difícil (Sans Répit) (Restless)

2/26/2022 01:43:00 AM |

É até engraçado como o longa francês, "Um Dia Difícil", que estreou na Netflix é parecido com vários outros, mas tecnicamente ele apenas é uma refilmagem de um longa sul-coreano, que tem praticamente a mesma premissa e mudado bem poucas coisas (irei tentar achar o original para ver depois e analisar por completo), porém isso não impede dele ser um passatempo bem interessante e gostoso de se curtir, afinal tramas de ocultação de cadáver com pegadas policiais sempre dão bons tinos, e junto de um protagonista bem cheio de trejeitos, e bem carismático fazendo de tudo para se safar, acabamos nos envolvendo com tudo e o resultado acaba indo até além. Ou seja, se formos analisar friamente é daquelas tramas que você até pularia por talvez achar que já viu o mesmo filme, mas ele é bem trabalhado e cheio de desenvolturas que fluem rápido, tem as diversas bizarrices do estilo, e principalmente não se leva muito a sério mesmo tendo alguns atos fortes de ver na tela, ao ponto que no final acabamos gostando bastante, e assim quem sabe até torcer para uma continuação.

A sinopse nos conta que Thomas é um policial corrupto que nunca foi pego, mas quando ele tem que ir aos extremos para encobrir um acidente, sua vida toma um rumo bem complicado. E tudo piora quando ele acaba recebendo ameaças de uma testemunha perigosa que pode colocar ele na cadeia ou algo pior.

Depois de muitos anos como cinegrafista, Régis Blondeau estreou muito bem nas funções de diretor e roteirista, ao ponto que soube adaptar bem para o cinema francês um estilo que vemos pouco ocorrer por lá, afinal temos muito mais comédias e dramas mistos por lá do que tramas policiais e de ação, e sem exagerar muito no eixo, ele conseguiu dar nuances próprias para uma adaptação, e ainda fazer com que seu filme ficasse leve dentro da perspectiva agitada do protagonista. Ou seja, é notável ver que a todo momento a trama parece que vai explodir, mas é aberta alguma sutileza e o filme se acalma novamente, em seguida temos novas nuances rápidas, e uma pontuação dramática, fazendo com que tudo tivesse um bom estilo e não saísse dos eixos. Porém é notável que como cinegrafista de anos, ele optou muito por ângulos, por cenas mais amplas e momentos que tivesse algo cênico para ser empenhado, e focou menos nos diálogos e nas interações, o que acaba dando um peso menor para o filme, mas como o estilo tem essa liberdade de não necessitar de grandiosos roteiros, o resultado final funcionou, e quem sabe no próximo ele possa explodir melhor em tudo.

Sobre as atuações, Franck Gastambide tem estilo, e sabiamente entende que seus trejeitos são bem mais amplos que sua entonação para os diálogos, e assim sendo ele fez com que seu Thomas estivesse sempre correndo, fazendo olhares fortes, se jogando em cena, partindo para o ataque, e tudo mais que fosse seguro para si, e isso acertou de tamanha forma que ele chega a parecer até um pouco Vin Diesel em alguns atos, o que é bacana de comparar, pois certamente não era essa a perspectiva do diretor. Simon Abkarian já foi por outro rumo ao ser colocado meio como um vilão, e jogando trejeitos mais fechados e abstratos que não dava muito para pegar qual era sua ideia do personagem, o que não é ruim, mas acabou soando estranho na maioria dos atos, ou seja, poderiam ter jogado para ele logo algo mais de impacto, que chamaria mais atenção. Michaël Abiteboul entregou até que boas nuances para seu Marc, mas o personagem é bem secundário na trama, ao ponto que funciona bem como amigo, e aparece bem nos momentos que precisam abrir a trama, porém poderiam ter ido além e usado mais ele, ou seja, ficou quase de lado em tudo. Agora falando em ficar de lado, usaram todas as mulheres da trama de meros enfeites, desde Jemima West como a irmã do protagonista que passa o filme inteiro fazendo pilates, quanto a pobre Tracy Gotoas que faz uma policial estagiária que tentaram dar alguma comicidade para seus atos, mas ficou mais jogado ainda em cima de tudo, ou seja, era melhor focar só nos protagonistas.

Quanto do visual da trama, usaram bem todas as locações, desde um hospital com uma capela simples, porém que foi genialmente usada com um brinquedo para levar uma corda (jurei que o bonequinho ia arrastar o corpo, aí eu desligaria a TV), nessa mesma cena ainda tivemos vários itens cênicos sendo usados como balões para tampar câmeras, cadarços ultra resistentes para remover pregos, e até um sapato sendo usado como martelo, ou seja, a criatividade do diretor não teve limites, antes disso tivemos toda a interação do protagonista nas cenas do carro, depois numa briga absurda em uma blitz, e e ainda tivemos vários atos no cais, muitas cenas dentro de uma delegacia até que bem montada no formato clássico com vestiários, muitas mesas, e claro toda a investigação num lugar cheio de barcos abandonados, aonde vai dar numa rodovia, e claro câmeras de segurança que não servem para nada, ou seja, absolutamente tudo em cena é usado, e o diretor fez valer o orçamento que lhe foi dado dando muito trabalho para a equipe de arte, e assim funcionando e divertindo com tudo, inclusive com boas explosões.

Enfim, é um bom filme, que abusa bastante do público para acreditar em tudo o que ocorre em cena, saindo até um pouco demais do eixo crível de um longa policial, mas como já disse os franceses gostam de colocar um tino cômico em tudo, e aqui isso foi bem usado e funciona para criar um bom passatempo como já disse. Ou seja, vale o play para quem gosta do estilo e curte algumas loucuras meio que insanas, então se você é desse time, bom entretenimento para você. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - O Charlatão (Šarlatán) (Charlatan)

2/25/2022 01:31:00 AM |

Olha é até engraçado, mas o último filme tcheco que vi foi inclusive da mesma diretora desse de hoje, então o que posso dizer usando ambos como base é que possuem um estilo meio seco e direto na proposta, criando uma ambientação marcante e bem colocada, aonde a representação da biografia de um famoso curandeiro que tratou nazistas e comunistas, além de várias pessoas comuns, ficou sendo intrigante e marcante dentro de algo mais fechado, e ainda por cima surpreendendo por colocar inclusive homossexualismo na parada toda, sendo que na época era algo completamente proibido, ou seja, ousaram bastante com a trama de "O Charlatão", que entrou em cartaz na Amazon Prime Video, e fizeram algo interessante de ver, afinal é uma história real que não sabemos se foi realmente assim, mas que vamos aceitar por ter ficado bem feita.

O longa é inspirado na história do herborista Jan Mikolášek, que dedicou a vida aos cuidados de pessoas doentes, apesar dos imensos obstáculos que enfrentou nas esferas pública e privada. Nascido na virada do século 20, Mikolasek ganha fama e fortuna usando métodos de tratamento pouco ortodoxos para curar uma ampla gama de doenças. Renomado na Tchecoslováquia antes da Segunda Guerra Mundial, o curandeiro aumenta a reputação e a riqueza durante a ocupação nazista e sob o regime comunista. Todos esses regimes, um após o outro, se beneficiam das habilidades de Mikolášek e dão proteção a ele em troca. Mas quão altos devem ser os custos para manter esse status quando as coisas mudarem?

Se fiquei conhecendo o cinema tcheco através da diretora Agnieszka Holland com "A Sombra de Stalin", aonde vi um pouco das ideias de George Orwell, agora pelas mesmas mãos pude conhecer um pouco de um médico que se envolveu tanto com os nazistas quanto com os comunistas, bem no miolo dos partidos, e pasmem, seu próximo filme será a biografia de Franz Kafka, ou seja, é uma diretora ousada em cima dos temas, que gosta de trabalhar biografias, e que mesmo usando artifícios mais secos, sem florear muito o tema que está trabalhando, consegue ser explícita na sua ideia original e pesar a mão de acordo com o que o filme pede. Ou seja, aqui ela poderia ter focado tanto mais na vida do jovem enquanto foi aprendiz da famosa curandeira da vila, poderia ter trabalhado mais o julgamento e até mesmo toda a situação ali, mas preferiu focar no miolo da história do protagonista, e principalmente sem ir a fundo nos nomes fortes que mexeu, pois aí sim tudo teria um vértice mais forte, e iria muito além do que apenas um caso amoroso e cheio de lealdade, que até tem seu gracejo, mas não funciona bem como poderia. Sendo assim, a diretora comete o mesmo erro que vimos em "Mr. Jones", de ser simbólica demais e representativa de menos, o que é um peso imenso, mas veremos o que ela fará com Kafka em breve.

Sobre as atuações, Ivan Trojan foi bem direto no que precisava entregar para seu Jan Mikolášek, ao ponto que mesmo sem ter um carisma que fizesse o público se conectar a ele, todas suas nuances foram bem marcadas, seus atos chamaram a atenção, e claro suas consultas foram marcantes, principalmente por ser direto e quase como alguém extremamente bem entendido do que estava fazendo, o que é uma característica médica que ele nem deveria ter, mas sem dúvida alguma as melhores cenas ficaram a cargo de Josef Trojan, que é filho do protagonista, fazendo o papel de Jan jovem, aprendendo a profissão de curandeiro, servindo o exército e começando a sua sina com um aprendizado marcante, exibido e com tudo o que o papel precisava, ou seja, ambos deram um bom tom para o personagem e agradaram bastante. Agora quem trabalhou um carisma sem igual no papel de František Palko foi Juraj Loj, que além de se jogar completamente em tudo o que era necessário nas cenas, trabalhou de forma intensa em todos os atos e chamou muito para o seu papel desde o começo até o último ato, ou seja, foi perfeito no que fez. Quanto aos demais, vale destacar Jaroslava Pokorná como a curandeira que ensinou tudo para o protagonista, fazendo atos bem marcantes, e também Jirí Cerný como o advogado do protagonista, mas ambos com sínteses mais fechadas sem grandes chamarizes.

Sobre o visual da trama é até interessante ver todo o processo da análise da urina das pessoas, como identificar os problemas só no olhar do que tem ali dentro, que ainda até hoje é visto em exames, claro com muito mais tecnologia, tivemos todo o trabalho cênico da casa da curandeira bem montada de ervas e produtos, as cenas da Gestapo levando o protagonista para um interrogatório mais forte, e alguns bons atos numa prisão bem rudimentar, ou seja, a equipe artística mostrou serviço com muitos tons cinzas para criar uma certa tensão e funcionou.

Enfim, é um filme que tem alguns problemas técnicos dentro de um roteiro que não foca tão bem aonde deveria funcionar realmente, e com um protagonista que não chama tanta a responsabilidade para seus atos, ao ponto que não marca tanto, mas é uma história bem interessante e acaba valendo a conferida para conhecer um pouco mais dos personagens de outros países, e sendo assim vale a indicação. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Telecine Play - Boogie

2/24/2022 12:42:00 AM |

É até estranho ver um filme esportivo sem um mote moral colocado ao fundo, pois sempre que vou assistir esse estilo já fico esperando acontecer algo que me comova, ou ao menos que explicite algum problema maior na reviravolta, mas hoje com "Boogie" ficou parecendo que fizeram o filme apenas para algo mais jogado, tipo algum desleixo que mostra um jovem asiático de uma família meio que com problemas tentando alçar seu sonho, mas sem grandes floreios, sem nenhum envolvimento, ao ponto que até as cenas de miolo ficaram bobas e meio sem nexo com algum propósito maior. Ou seja, vemos um filme aonde o jovem e o pai desejam jogar pela NBA, e a mãe sonha com que o jovem ganhe uma bolsa ou qualquer dinheiro possível para poder pagar as contas, mas não temos nenhuma síntese, nem nenhum grandioso envolvimento que possa fazer as coisas andarem, apenas um jogo contra o melhor jogador do bairro, e nada mais, fazendo com que víssemos o filme sem qualquer expressividade maior.

O longa conta a história de amadurecimento de Alfred "Boogie" Chin, um fenômeno do basquete que vive em Queens, Nova York, que sonha em um dia jogar na NBA. Enquanto seus pais o pressionam a se concentrar em ganhar uma bolsa de estudos para uma faculdade de elite, Boogie precisa encontrar uma maneira de lidar com uma nova namorada, ensino médio, rivais na quadra e o fardo da expectativa.

É bem fácil enxergar o problema do filme ao olhar os dados técnicos, afinal é a estreia de Eddie Huang como diretor e roteirista, e não bastasse isso ainda atua no filme em algumas cenas, ou seja, o famoso pacote completo de erros que não se deve cometer, pois já comentei isso no filme que vi no Domingo, e volto a falar que o estilo necessita de uma estrutura clássica para funcionar, precisa de uma segurança bem encaixada na direção, e principalmente precisa de uma moral para ser trabalhada do começo ao fim com uma reviravolta que chame a atenção, e que sem acontecer tudo isso acaba falhando demais, e não empolga nem chama atenção. Ou seja, o filme até tentou encaixar algumas nuances culturais, algumas virtudes de vidência misturadas com predileção futura de tipos, e até a tentativa de juntar a ideia literária de criar expectativas, mas não vai muito além, e mais cansa do que diverte realmente.

Sobre as atuações, diria que Taylor Takahashi até tentou chamar um pouco de atenção com alguns trejeitos, mas ele foi muito artificial com seu Boogie, ao ponto que não sei se ele é realmente um jogador de basquete que foi convidado para estrear na atuação, ou apenas teve um começo ruim, pois faltou tudo para ter carisma e seguirmos com sua ideia. O mesmo rolou com o cantor Pop Smoke com seu Monk, de forma que ele até fez algumas jogadas e trejeitos fortes, mas infelizmente sua primeira e última (morreu em 2020 antes do filme estrear) atuação em filmes foi bem fraca. Quem tenta salvar um pouco a trama é Jorge Lendeborg Jr. com seu Ritchie, de forma que o ator faz alguns gracejos, trabalha as jogadas de basquete com ares descontraídos, e acaba até desenvolvendo um pouco mais com o protagonista, mas em time fraco com um só jogador bom não dá para salvar a equipe. Taylour Paige também tentou fazer alguns atos mais chamativos com sua Eleanor, mas a personagem em si é bem fraca e secundária, não dando muita sobra para mostrar serviço, ou seja, acabou ficando apagada. Quanto aos demais, como o pai, a mãe, o tio do protagonista, e todos os demais da escola e do time é melhor nem falar, pois é triste demais.

Visualmente o longa também é bem simples, com alguns treinos e poucos jogos na quadra da escola, duas aulas, alguns momentos em parques com o casal, uma cena no quarto da garota bem ruim de diálogos e ações, e alguns momentos mais de discussão na casa do protagonista, com uma câmera filmando praticamente a parede dividindo a cozinha da copa, ou seja, algo sem nexo algum de estilo. Sendo assim, as melhores cenas realmente ficaram a cargo dos atos na quadra de rua, aonde há uma maior interação entre personagens e figurantes, e os momentos dentro da sala da vidente, mas também bem fracos no geral.

Enfim, fui enganado pela ideia e pela sinopse, pois a trama parecia bem melhor, e o resultado acaba sendo sem graça, sem emoção e sem carisma, ou seja, era melhor ter dado o play em qualquer outro filme, mas assim ao menos ajudo a galera a não dar play nesse, mesmo que salve um ou outro momento. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Sempre em Frente (C'mon C'mon)

2/22/2022 01:17:00 AM |

Muitas vezes você deve ter ouvido que a visão de uma criança sobre um problema ou sobre algo maior vai acabar sendo simples e que deve ser pensado como uma solução diferenciada de tudo, então conhecer mais sobre as diversas respostas de um grupo maior, fazer um estudo completo, e ainda conviver com um sobrinho afastado durante um tempo pode ser uma grandiosa solução, não? Pois bem, essa foi a ideia do diretor e roteirista Mike Mills no longa "Sempre em Frente", que acaba fluindo de uma forma bem introspectiva na mente do protagonista, quase como se fosse algo que o diretor realmente testou alguma vez em sua vida particular, e o que vemos é o resultado completo do estudo, com muito sentimento, situações icônicas e toda a desenvoltura particular de uma criança, que muitos vão odiar, outros vão dormir, mas quem passar da primeira metade meio que lenta acabará vendo tantas lições, tanta beleza explícita nas simples palavras, que muitas vezes até chamamos uma criança de gênio mirim, mas que apenas temos de parar de pensar e seguir em frente quando temos um problema, pois aí é que está a resposta para a maioria dos problemas, e que de uma forma bem sagaz acaba sendo incrível de ver. Ou seja, talvez mudaria algumas coisas do longa, principalmente por não ser nenhum dos públicos-alvo dele mas se você é pai de criança pequena, ou então pretende ter um filho, ou é professor infantil vá conferir, pois certamente você passará a ver tudo com outros olhos, e a síntese da trama acabará até emocionando muitos.

A sinopse nos conta que Johnny é um jornalista de rádio que possui um projeto jornalístico onde, atravessando os estados norte-americanos, ele segue entrevistando várias crianças sobre seus pensamentos a respeito do mundo e do futuro. Mas, a pedido de sua irmã, Johnny fica encarregado de cuidar de seu jovem sobrinho Jesse. Jesse traz para a vida do jornalista, uma nova perspectiva e, conforme eles viajam pelo país, logo Johnny começa a olhar seu próprio mundo de outra forma. Exercitando sua sensibilidade em escutar verdadeiramente as crianças, para além de um trabalho, a partir da inocência e perspicácia transformadoras de Jesse, Johnny se vê capaz de levar a sério tudo aquilo que os menores podem relembrar e ensinar aos adultos, especialmente a arte de encarar a vida com simplicidade - habilidade e otimismo que se perdem no caminho para a maturidade.

Não vi nenhuma entrevista do diretor e roteirista Mike Mills, mas como disse tenho quase certeza que essa ideia completa tenha vindo de algum estudo que fez ou de algo que aconteceu realmente com ele, pois é algo muito bem sacado para ser algo direto de entregar, e que sabiamente ele pegou toda uma essência maior que é a inocência e a inteligência de várias crianças para discutir temas complexos como morte, futuro, família, ambiente da cidade, entre muitas outras coisas, e foi nos entregando não apenas entrevistas, mas toda uma vivência maior do protagonista junto do sobrinho que ele praticamente não conviveu por ser brigado com a irmã, e conforme vamos entrando completamente na ideia que ele deseja nos passar, vamos sentindo mais, vamos entendendo tudo, e principalmente vamos cadenciando em acreditar em toda a ideia, e que conforme vai seguindo tudo cai como uma luva no estilo tanto de mostrar o aprendizado do protagonista, quanto a sagacidade do garotinho que vai entregando tudo, ou seja, perfeitamente um longa bem aberto e gostoso demais de ver, claro quando engrena, que demora um pouco demais.

Sobre as atuações, Joaquin Phoenix se entregou de tamanha forma para seu Johnny, que em determinados momentos já nem sabemos mais se ele está atuando ou se divertindo com toda a interação que tem com as crianças, e claro principalmente com o sobrinho, ao ponto que vemos em seus olhares emoções, carisma, diversão e muita síntese clara de quem está apaixonado pelo projeto todo, se envolvendo do começo ao fim, e para variar sendo perfeito em cena. Da mesma forma o garotinho Woody Norman foi tão bem colocado com seu Jesse se entregando de uma forma tão solta, leve e real, que ficamos abismados com tudo o que ele faz com o personagem, e assim sendo está sendo indicado a vários prêmios e já levando alguns, e assim sendo vai ser daqueles que vamos ficar de olho se vai vingar ao crescer, pois mostrou muito potencial. Gaby Hoffmann deu também boas nuances para sua Viv, passando claro as nuances de uma mãe longe do filho, mas mostrando mais serenidade no famos vê o que eu passo, que acaba sendo duro em alguns momentos, mas a atriz soube dosar a expressividade e assim chamar a atenção. Quanto aos demais, todos doaram algum certo carisma, apareceram bem colocados nas devidas cenas, tendo uma ou outra criança com uma maior expressividade nas entrevistas, os demais entrevistadores sendo colocados em atos sem grandes chamarizes, e claro para o pai do garotinho vivido por Scott McNairy aparecendo para mostrar estar doente, com algumas expressões mais dramatizadas, mas nada que impactasse realmente.

Visualmente o longa é bem trabalhado dentro da essência de reflexão, e acredito que o diretor optou até por filmar em preto e branco para que esse ar lúdico ficasse meio que flutuando no ar em todas as cenas, pois não temos grandiosas locações, mas sim todo o sentimento de aprendizado rolando em cada ato, o garotinho conhecendo mais ambientes e cidades junto com o tio, o tio pegando os melhores depoimentos em cada cidade, e os ângulos envolvendo tudo sem precisar usar ou ousar de artifícios, tanto que de elemento cênico mesmo temos a mochila com o gravador, o microfone, e claro a escova de dente cantante, pois de resto temos livros, e as próprias casas aonde vão e buscam enxergar os sons e toda a desenvoltura ali imposta, ou seja, particularmente eu não filmaria em preto e branco para dar mais nuances vivas para o filme, mas ficou bonito de ver ao menos.
 
Enfim, é um filme bem trabalhado, com um referencial bem envolvente e marcante, além claro de um texto incrivelmente preciso (com destaque claro para a gravação do garotinho que dá nome ao filme em inglês no final), e que vai pegar muito mais quem for realmente o público-alvo como já disse no começo, mas que serve bem para todos, e as lições vão acabar ficando para a vida de quem for conferir, então indico ele com certeza para todos. E é isso pessoal, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Telecine Play - O Caminho de Volta (The Way Back)

2/20/2022 11:03:00 PM |

Definitivamente um dos estilos que mais gosto de conferir é filmes que envolvam esportes, pois sempre trabalham de alguma forma superação, ou tentam fazer algo que dê um crescimento notável, e com isso as tramas sempre acabam empolgando o público que está assistindo mesmo que contenha coisas exageradas de ver, mas na maioria das vezes possuem uma estruturas que se falham destroem tudo o que construíram, e a principal parte da estrutura é saber fechar de uma forma que condiga com tudo o que foi trabalhado. Comecei dessa forma o texto do longa "O Caminho de Volta", que estreou na plataforma do Telecine Play, para mostrar logo de cara que é um tremendo filme de reestruturação familiar, de mostrar alguém que perdeu o amor a vida após uma tragédia voltando a se reconstruir junto de vários garotos, e que ia muito bem na formatação, porém uma recaída é sempre algo interessante de ser colocado no longa, principalmente no miolo ou no clímax da trama, mas para que ao final voltemos com tudo e a mensagem geral seja passada de forma empolgante, e aqui basicamente a moral que quiseram jogar é que se você recair, vai perder tudo, e vão te abandonar, principalmente se você estiver como um treinador de uma escola religiosa. Ou seja, o filme acaba quebrando demais no fechamento, de uma forma que acaba sendo até desanimadora demais, sendo até mostrado que o protagonista segue na vida, mas não como toda a estrutura foi criada, e isso pegou muito, não entregando a força que merecia para acabar. 

O longa conta a história de um técnico de um time basquete de um colégio de ensino médio que anteriormente foi atleta do mesmo esporte. Por conta de vícios, sua carreira promissora como jogador foi tragicamente ao fim, assim como seu relacionamento com sua esposa e a fundação de sua família. Ao tornar-se treinador do time de escola, o ex-atleta tenta encontrar estímulos para seguir em frente e refazer sua vida.

Gosto muito do estilo do diretor Gavin O'Connor, porém diria que aqui ele quis tomar uma frente meio que fora do eixo comum do estilo como disse no começo, o que é meio ruim de acontecer e assim sendo seu longa acabou empolgando demais no miolo e desandando um pouco demais no fechamento, o que pode até ser um modo de ser diferente, de mostrar que se você cair uma segunda vez não terá a mesma chance de voltar bem, e com a forma escolhida até ouvimos os narradores do jogo elogiando ele e o que fez com os jovens, vemos a essência acontecer e tudo mais, mas volto a frisar que o estilo pede algo mais explosivo e chamativo para que o final seja empolgante e as mensagens fluam, e acabou não ocorrendo. Ou seja, temos um filme muito bem moldado, toda uma virtude gostosa de ver, temos bons elos de história por parte do roteiro, e até temos alguns jogos bem empolgantes acontecendo, o que mostra que a direção tentou ser efetiva e quase conseguiu.

Sobre as atuações, basicamente podemos dizer que apenas Ben Affleck estava atuando realmente em cena com seu Jack, fazendo trejeitos várias vezes dramatizados seja pela grande quantidade de álcool no corpo, ou então desapontado com a vida em outros atos, mas passando muita empolgação nos jogos e conseguindo transmitir essa sensação para os seus jogadores, ou seja, o ator se doou bem, mas diria que ele ficou um pouco perdido com tudo o que o diretor desejava para o filme, pois tem tantos vértices que a abertura acaba meio bagunçada dos rumos que sua atuação necessitava fazer. Quanto aos demais, tivemos alguns bons atos com os demais professores da escola, os padres, alguns garotos bem colocados, com claro destaque para Brandon Wilson com seu Brandon e Melvin Gregg com seu Marcus, mas sem grandes chamarizes, e claro para ex-esposa do protagonista que foi vivida por Janina Gavankar, porém a jovem entrou em atos meio secos demais na trama, o que não deu para ela ir muito além, o mesmo que posso dizer da irmã do protagonista vivida por Michaela Watkins. Ou seja, as atuações todas foram muito conflituosas com o tema completo do longa, e isso pesou a mão no resultado final.

Visualmente o longa entrega boas partidas de basquete, vários treinos bem interessantes, e claro muitas cenas do protagonista bebendo em bares, bebendo muito na sua casa (aliás a empresa de cerveja do filme deve ter patrocinado o longa, pois mostrou tantas vezes que quase decoramos o nome), e nas finais ainda temos invasão de casas, batidas, e claro a decadência do personagem protagonista, ao ponto que tudo foi bem amplo de estilo, mas sem grandes chamarizes, ainda tendo alguns atos em um hospital de câncer, que deram o tino dramático da trama. 

Enfim, é um bom filme que poderia ter ido muito além, mas que acabou não acontecendo por ter exagerado na quantidade de temas no miolo, porém agrada quem gosta de longas esportivos pelo ar motivacional e claro pela boa atuação do protagonista, ou seja, até dá para indicar com algumas ressalvas de um fechamento ruim, e assim sendo fica a dica. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Mães Paralelas (Madres Paralelas) (Parallel Mothers)

2/20/2022 07:08:00 PM |

Sempre conferir um filme de Almodóvar é algo que faz você ir para rumos meio que inesperados, que por mais simples que pareça a trama, sempre traz algo a mais dentro de todo o conceito, e aqui na sua nova produção que entrou em cartaz na Netflix vemos toda a essência de ser mãe solteira atualmente, de não saber o que acontece dentro de um hospital na área de observação com seus filhos, da desconfiança, do abuso e do abandono, de como algumas mães tratam seus filhos, mas também vemos o como muitas mães que tiveram seus maridos tirados delas na época da guerra civil espanhola, e sem saber o rumo passaram esse pêsame para seus filhos e netos, que desejam saber mais sobre os pais e dar um enterro digno talvez para eles, e juntar as famílias ao menos após a morte, e nessa dinâmica tudo passa a ter um algo a mais, um zelo, um sentimento, uma vivência, e assim o filme tem um peso dramático maior além das devidas reviravoltas de sentir o que a protagonista oculta e depois passa a querer mostrar. Ou seja, é um filme que muitos vão amar, e outros nem vão entender muito tudo o que o diretor quis passar, mas que envolve sempre algo a mais do que apenas um filme, e sem explodir como ocasionalmente ele faz em suas obras, aqui ele apenas conduz e diz aonde você deve refletir, fazendo valer como algo clássico dele de uma forma mais diferente.

O longa nos conta que Janis e Ana são duas mulheres solteiras que engravidaram por acidente. Por coincidência, dão à luz no mesmo quarto de hospital. Janis, já com mais idade, está radiante, mas Ana ainda é adolescente e está com medo e traumatizada. Com o objetivo de ajudar, Janis conversa com Ana pelos corredores do hospital, e as poucas palavras trocadas criam um vínculo forte que vai mudar a vida das duas.

O mais bacana de Almodóvar é que sempre é muito difícil saber o que ele vai nos entregar, pois tudo é sempre muito amplo em suas ideias, e mesmo algo que aparentemente parece ser bem simples acaba fluindo para algo dramático e intenso, e aqui já começamos com toda a ideia da fossa, que poderia render frutos, vamos na sequência para toda aquela conversa mole de não cobrar nada que sabemos que vai para algo a mais, daí o conflito do acidente, temos ambas as crianças com problemas, as diversas conversas, um exame, uma morte, a intromissão, uma quebra e voltamos para os mortos do passado com as devidas referências, ou seja, um ciclo bem completado que tem as devidas interações, e que o diretor permeia bem toda vez que faz um filme, ao ponto que ninguém vai conferir um filme seu esperando o básico, e ele tem estilo, tem dinâmicas, e consegue mesmo que com uma trama sem grandes saltos, fazer algo chamativo e intrigante de ver.

Sobre as atuações no começo estava achando meio que absurdo terem indicado ao Oscar a atriz Penélope Cruz pelo que estava fazendo aqui com sua Janis, meio que sem grandes expressões, mas a partir da metade do longa a atriz mostra a que veio e encaixa tantas dinâmicas, tantos olhares desesperados e abertos, tantas sensações marcantes, que se faz por valer demais, e assim o resultado é chamativo e perfeito em tudo o que faz, soando perfeita de estilo e de síntese, o que é necessário para um papel tão primoroso e que sendo uma das musas do diretor não entregaria por menos. Milena Smit trabalhou sua Ana de uma maneira mais seca, sem grandes trejeitos expressivos, mas se encaixando bem nos atos necessários do filme, ao ponto que de cara não enxergamos nela algo a mais, mas que depois flui bem e acaba acertando para que o resultado funcionasse, assim ela cai bem e agrada. Outro que foi bem subjetivo nas expressões foi Israel Elejalde, ao ponto que não temos algo marcante em seus trejeitos, nem chega a parecer alguém realmente importante para a trama, mas tem seu charme, faz nuances bacanas com a protagonista, e ao menos não desaponta, o que acaba sendo bacana de ver. Agora sem dúvida alguém que merecia mais cenas é Aitana Sánchez-Gijón com sua Teresa, pois tem cenas marcantes tanto como uma atriz de teatro, quanto como mãe da coadjuvante, e que ao trabalhar seu impacto contando como foi sua gravidez, e também como foi sua reação de abandonar a filha para seguir com a carreira, acabamos nos solidarizando e sentindo também um pouco de tudo o que faz, ou seja, o diretor deu para ela o fardo e também a abertura para mostrar a vida das atrizes de cinema/teatro, e ela não desapontou.

Visualmente o longa também é bem simples, ficando praticamente todo dentro do apartamento da protagonista, vez ou outra saindo para o bar do lado de fora do prédio, algumas cenas em estúdios fotográficos, e mais ao final somos apresentados à casa de herança da protagonista, e claro a fossa aonde estão alguns mortos da guerra com os devidos detalhes que as famílias dão, sendo tudo muito bem representativo por completo, mas sem grandes sínteses, ou seja, a equipe de arte não precisou se esforçar muito, mas geralmente o diretor também não abusa tanto nesse quesito, e sendo assim vale pela composição inteira aonde dá para refletir em algo a mais.

O longa tem uma trilha sonora bem densa e marcante, mas não consegui ver nada demais nela para ser uma das indicadas ao Oscar, mesmo por não dar nenhuma intensidade maior para o filme, ou seja, é algo que flui dentro do ambiente, tem certa intensidade, mas nada que vamos lembrar dela pelo que fez no filme, e assim certamente tinham muitas outras melhores para a indicação.

Enfim, é um filme bem intenso e chamativo pela proposta completa, mas diria que está bem abaixo de muitos grandes sucessos do diretor, tendo uma ponta reflexiva até que marcante, que dá para pensar na História como um todo de mulheres, filhos e netos de algo que ainda reverbera nos corações espanhóis, mas acho que faltou um pouco mais de tensão do estilo de Almodóvar realmente para que o filme ficasse na nossa mente martelando, porém acredito que para alguns ele fará mais sentido, e sendo assim recomendo a trama com alguns adendos, mas que por ser um filme de Almodóvar se torna obrigatório para todos. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais. 


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Licorice Pizza

2/20/2022 02:26:00 AM |

Confesso que mesmo sabendo que "Licorice Pizza" era o filme mais leve de Paul Thomas Anderson fui conferir o longa bem preparado para as várias reflexões que o longa me entregaria e para a dor de cabeça que seria imaginar tudo o que ele desejava passar com a trama, afinal esse é o estilo clássico do diretor, e não iria deixar de lado seu jeito tradicional mesmo que fosse para mostrar algo que dizem ser um pouco de sua história, mas agora que já cheguei em casa posso dizer com toda tranquilidade que o filme é sim bem tranquilo, tem toda a pegada dos romances das antigas que víamos na TV, e que sem ter grandes atos expressivos consegue cativar e mostrar toda uma pegada clássica do estilo, sendo representativo nas ideias, e tendo o carisma dos personagens para funcionar dentro de algo comum da época. Ou seja, o filme tem boas dinâmicas, tem todo um envolvimento clássico dos romances de fuga como costumo chamar (o famoso não quero você, mas fico com ciúmes se está com outra, faço ciúmes também e fico com você no final), e assim se torna mais gostoso de ver do que até pensamos inicialmente, sendo daqueles que cairia facilmente numa sessão da tarde e pegaria um bom público, pois é daquelas tramas artísticas em grande espécie, mas que não força a mente para algo chato como acaba sempre acontecendo no estilo.

O longa nos mostra a história de Alana Kane e Gary Valentine crescendo, correndo e se apaixonando no Vale de San Fernando, em 1973. Os dois iniciam vários negócios, flertam, fingem que não se importam um com o outro e, inevitavelmente, se apaixonam por outras pessoas para evitar se apaixonar um pelo outro. Mas há um detalhe entre os dois: ela tem 25 e ele 15. Eles se conhecem em um dia de foto na escola de Gary, onde Alana está ajudando os fotógrafos no fatídico dia. 

Como já disse, o diretor e roteirista Paul Thomas Anderson costuma sempre entregar longas bem filosóficos e cheios de envolvimento, mas aqui ele desejou trabalhar um tema bem mais leve e dinâmico que todas as suas obras anteriores, ao ponto que muitos podem até assustar com toda a dinâmica esperando algo a mais em determinado momento e não acontecer, pois ele usa bases comuns de uma vida de alguém "famoso", sendo conhecido nos restaurantes, tendo as devidas amizades que gostam de sair com ele para algo bacana, e que usa seu dinheiro para empreender aonde vê a possibilidade de um sucesso momentâneo, e junto com isso claro impressionar e tentar fazer com que uma garota 10 anos mais velha se apaixone por ele, ou seja, o diretor usou o básico do estilo de trama de vida, marcando bem os atos dos protagonistas, e brincou com muitas coisas no miolo para mostrar suas nuances clássicas, não deixando nada passar batido, desde a falta de combustíveis, vendas de produtos idiotas que muitos caem por ter bons vendedores, feiras juvenis, policiais sem noção que saem prendendo sem nem perguntar nada, voluntários de eleições, amores proibidos, atores que se acham e querem aparecer a qualquer custo, processos seletivos de atores, e muito mais, sendo uma grande ode completa a esse mundo do entretenimento, que funciona e agrada.

Sobre as atuações, foi bacana ver a família inteira da atriz Alana Haim em cena, pois não bastando entregar bons atos, fazendo trejeitos carismáticos e bem chamativos, a jovem ainda levou para a tela toda a família real Moti Haim, Este Haim, Donna Haim, Danielle Haim, fazendo com que não precisassem arrumar pessoas bem semelhantes a ela na composição familiar de algumas cenas, e assim sendo a jovem em seu primeiro grande trabalho de atuação conseguiu manter bem os elos, e funcionar para a trama, embora talvez uma garota mais experiente chamasse mais atenção em cena. Cooper Hoffman também estreou muito bem com Gary Valentine, sendo estiloso, fazendo cenas bem recheadas de envolvimento, trabalhando caras e bocas de uma maneira leve e bem descontraída, e assim acertando em cheio no que precisava para que a sua história fosse maior dentro da trama toda, ou seja, foi simples como o filme pedia e agradou bem com tudo o que faz. O engraçado é que praticamente todos os demais, inclusive atores de grande impacto em Hollywood foram usados apenas de conexão na trama, ou seja, nem foram muito além em nada, tendo leves destaques para Bradley Cooper com seu John Peters galanteador, mas um tremendo ator que se acha demais, o mesmo acontecendo com Sean Penn e seu Jack Holden, só que de formas bem diferentes, ainda tivemos Benny Safdie com seu vereador Joel Wachs querendo virar prefeito, mas tendo algo incomum na época escondido, entre vários outros, ou seja, talvez se o filme focasse em algo mais fechado eles poderiam ter dado mais para o filme, mas não foi o que o diretor desejou, então fizeram o que podiam nas suas devidas cenas. E quase já ia esquecendo, um leve destaque também para vários momentos do garotinho Milo Herschlag como Greg, o irmão do protagonista, pois fez atos bem colocados também.

Visualmente o longa é um luxo completo dos anos 70/80, com figurinos, restaurantes, apresentações, voos com grandiosas refeições e charme, todo o chamariz dos carros e a falta de combustíveis, a moda dos colchões de água, todo o processo de venda com sensualidade e festas bem colocadas, depois o mundo da volta do pinball, e claro sempre tudo muito marcado, mas simples de ser visto, mostrando que o trabalho de pesquisa de época funcionou até mais do que o resultado completo, e assim entramos no clima que o diretor desejava mostrar.

Enfim, é um tremendo filme de época, que dá para se envolver bastante, e se apaixonar por cada momento, rir em diversos atos, e que quem gosta de simplicidade artística vai acabar entrando completamente na trama toda, claro que não é um romancinho jogado adolescente como vemos na maioria dos filmes atuais, e sendo assim muitos nem vão curtir tanto, mas recomendo ver com toda certeza, pois vai agradar bastante, só ainda não consegui pegar bem a ideia do nome da trama, mas isso não vem ao caso, e sendo assim fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Coração de Fogo (Fireheart) (Vaillante)

2/19/2022 04:53:00 PM |

É tão bacana quando fazem longas animados para homenagear algum tipo de pessoa ou profissão, pois conseguem criar tipos, dar sínteses às funções, e principalmente criar envolvimentos bem clássicos para que o público veja os riscos e situações que envolvem fazer algo que muitos julgam comum. E com a animação franco-canadense "Coração de Fogo" vemos bem essa ideia sendo trabalhada para honrar os bombeiros que se doam em situações bem perigosas para salvar vidas, e mais do que isso o longa entrega uma homenagem às primeiras mulheres bombeiras que encararam essa missão, indo contra as regras e princípios das épocas que viveram, com muita coragem e bravura. E o melhor é que não deixaram que esse ato forte de homenagem ficasse dramático demais, mas sim como toda boa animação, entregaram algo divertido, bobinho e com um envolvimento bem colocado para agradar a todos, ao ponto que tendo cores fortes, um bichinho para dar o gracejo, e personagens bem trabalhados e bem desenhados, resultando em algo muito gostoso de ver, que até o menorzinho da sala conseguiu enxergar o que aconteceria na sequência, e assim sendo não é daqueles difíceis e reflexivos, mas sim a tradicional e bonita animação que gostamos de ver.

No longa acompanhamos Georgia Nolan, uma adolescente de 16 anos que sonha em ser uma bombeira, reconhecendo o ambiente majoritariamente dominado por homens, a garota possui um forte desejo de pioneirismo. Quando um misterioso incendiário começa a aterrorizar a cidade e sequestrar bombeiros de Nova York, o pai de Georgia, Shawn, é convocado pelo prefeito a deixar a aposentadoria e liderar a investigação dos desaparecimentos. Desesperada para ajudar seu pai, Georgia se disfarça como um jovem chamado "Joe" e se junta a um pequeno grupo de bombeiros desajustados que tentam parar o incendiário. Nessa aventura, a adolescente irá testar sua coragem e persistência, para alcançar seu sonho, proteger sua família, e combater o mal que assola sua comunidade.

Aqui tivemos os diretores e roteiristas Laurent Zeitoun e Theodore Ty em suas primeiras direções, mas Laurent foi roteirista do longa "A Bailarina" que também entregou bem essa essência de sonhos de vida, de objetivos fortes, e que podemos ver novamente aqui no semblante da protagonista, que almeja tanto ser uma bombeira, mas quem pensa que tudo é entregue bem fácil vai se enganar bem fácil também, pois ainda no miolo temos revelações marcantes, situações dramáticas bem pontuadas e que com simplicidade acaba funcionando bastante, mostrando que os diretores foram precisos nas ideias, e souberam dar carisma em tudo, souberam criar personagens bem diferentes para ter os devidos propósitos, e assim o resultado flui e agrada, mesmo tendo alguns errinhos que forçam a barra, porém essa sutileza funciona e sobressai tudo, o que faz valer a conferida.

E já que comecei a falar dos personagens, todos tiveram boas situações cômicas, muito carisma e personalidade, ao ponto que acabamos nos conectando bem a jovem George/Joe , sentimos todo sentimento protetor do pai Shawn, a maluquice do motorista Guepardo, e a inteligente e medo do químico/físico Ricardo, além claro da cachorrinha bem divertida que apoia a garota desde pequena mas suas empreitadas, ainda tivemos o prefeito querendo sua reeleição, a cantora de ópera, a assistente de palco e o policial fã demais, que deram bem toda a síntese da trama, fizeram bem os atos de cada um, foram bem desenhados e agradaram bastante.

No conceito visual tudo foi muito bem desenhado, bonito, retratando bem o Brooklin e a Nova York dos anos 20 e 30, além das cenas de fogo com cores bem diferente, que são explicadas, e o resultado químico chama bastante atenção. Ou seja, a equipe de arte foi bem marcante no que precisava mostrar.

No ar musical, o longa usou algumas trilhas meio que conhecidas de filmes de heróis, e isso soou um pouco estranho num primeiro momento, mas acaba funcionando dentro da proposta completa da trama.

Enfim, foi algo simples, mas bem feitinho, que agrada bastante, emociona na medida, valendo tanto para os pequenos quanto para os adultos, pois as mensagens são fáceis e bem trabalhadas para todas as idades. Então recomendo ele bastante para todos verem na semana que vem quando será lançado oficialmente, já que hoje e amanhã serão apenas algumas pré-estreias pagas, então abraços e até logo mais pessoal.


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A Jaula

2/18/2022 07:24:00 PM |

Mesmo não sendo uma obra original brasileira, quem for conferir o longa "A Jaula" certamente irá acreditar que o diretor fez a trama pensando nos "cidadãos de bem brasileiros" que estão estressados com a bandidagem e resolveram agir com as próprias mãos, ou como acontece no filme com o próprio carro como uma prisão para um ladrão. Mas não, o filme é uma adaptação nacional do longa argentino "4x4", que conseguiram colocar bem dentro de tudo o que anda rolando no nosso Brasil marginalizado e revoltado, e que ousando bem de uma ótima interpretação de Chay Suede e Alexandre Neto, praticamente usando só um cenário, e alguns figurantes do lado de fora do carro, entregaram algo tenso e bem marcante pela ideia completa, que só teria feito um adendo no trailer para não mostrar as cenas finais, pois aí ficaríamos mais nervosos com toda a intensidade sem saber que rolaria algo do lado de fora do carro, mas ainda assim tudo é bem feito, interessante, e risível, afinal sabemos bem a cabeça do pessoal mais revoltado, e que fariam exatamente da forma mostrada no longa, e assim sendo, o filme é vem representativo.

O longa nos mostra que Djalma é um ladrão que se envolve em um jogo psicológico de gato e rato com um rico médico. Para ele, era só mais um dia de roubo em São Paulo, o alvo, um carro de luxo que já estava nos planos de Djalma há um bom tempo. Tudo ocorre como previsto, ele entra no carro e rouba o que quer, mas quando está prestes a sair, o ladrão percebe que foi trancado dentro do automóvel e que não vai conseguir sair facilmente. O que ele não percebeu é que caiu na armadilha do médico, que já foi o alvo de vários roubos e decidiu vingar-se. Agora a questão é: Quem é o vilão e quem é a vítima?

Em seu primeiro longa, o diretor João Wainer, soube ser bem direto nas ideias que João Cândido Zacharias adaptou do roteiro original criado pelos argentinos Mariano Cohn e Gastón Duprat, pois ainda não conferi o longa argentino, mas por tudo o que acabaram colocando na trama, conseguiram mudar muita coisa no texto para a realidade nacional, e ficou bem bacana toda essa interação, ao ponto que o filme teve vida própria e se não tivesse aparecido no final que era baseado em outro longa até acreditaria ser algo original, ou seja, o diretor soube criar tão bem o ambiente e as dinâmicas ali dentro do carro, com toda a interação personagem e voz de telefone, que consegue impactar e envolver, coisa que poucos fariam, e assim o resultado flui bem, e sendo bem curtinho funciona demais, mostrando o potencial de todos na frente e atrás das câmeras.

Sobre as atuações, já faz um bom tempo que falo do potencial de Chay Sued, e aqui com seu Djalma praticamente numa atuação solo, apenas brigando com uma voz proveniente do painel do carro, ele se entrega por completo, faz olhares e bocas marcantes para cada ato, dominando o ambiente, trabalhando toda a dramaticidade necessária para tudo o que rola, e que mesmo estando errado acabamos até com pena dele, ou seja, faz muito bem o papel marginalizado, mas passa também um pouco de humanidade na sua tentativa de sobreviver ao cativeiro, e aí entra o que o texto entrega também, se vamos defender ele ou o médico que o prendeu. Já Alexandre Nero está incrível em mais da metade do filme apenas como a voz do Dr. Henrique Ferrari, mas quando se materializa nas cenas finais está com a cara de maluco total, bem afrontado da sociedade psicótica atual, e com isso acabamos ficando com mais pena do ladrão do que do roubado, o que é muito maluco, e isso tudo se deve às atuações ótimas de ambos, pois poderia ser bem diferente, ou não, afinal cada um vai ter sua percepção da trama, e isso os atores e a direção deixou aberto para julgarmos.

Sobre o visual da trama, a base toda é dentro de um carro de luxo completamente blindado, com vidros polarizados, ou seja, sem dar para ver nada de dentro do carro pelo lado de fora, com os tradicionais bancos de couro, equipamento de multimídia, e tudo mais que já vimos, aonde o protagonista tenta sobreviver com a condensação da água de sua respiração, com o ar que o médico solta hora para congelar ele de frio, hora para suar horrores de calor e febre já que está ferido, algumas canetinhas da filha do ladrão que ele usa pra desenhar nos bancos, uma arma, e um grilo, ou seja, simples demais, e do lado de fora o tradicional bairro do Tucuruvi de SP, com as tradicionais pessoas que o protagonista ainda as descreve, mas que poderíamos ver acontecer na rua da nossa casa, ou seja, básico do básico, mas muito bem feito pela equipe de arte.

Enfim, é um filme para se refletir muito, que vamos cair no famoso conflito de defender bandido, do conflito dos direitos humanos, de quem está certo e quem está errado, mas que pra quem quiser a minha opinião eu acho que ambos estão muito errados, mas como o médico diz, hoje a justiça brasileira não resolve nada, entao é ver, se divertir com a ideia e a tensão alheia e torcer para não surtarmos a esse ponto, de nenhum dos dois lados, mas que recomendo o filme, isso eu recomendo e irei tentar ver o original para voltar aqui e comentar mais dele, então abraços e até logo mais.


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Uncharted - Fora do Mapa (Uncharted)

2/18/2022 01:39:00 AM |

É tão legal quando vou conferir um filme sem saber muito sobre ele, pois na maioria das vezes não me decepciono por acabar entrando no clima durante a exibição, e ir conhecendo tudo conforme foi planejado pela direção, e costumo recomendar sempre que façam isso, pois é a melhor forma de curtir uma trama. Digo isso com muita firmeza para o longa "Uncharted - Fora do Mapa", pois muitos irão conferir a trama por já terem jogado o game, e assim sendo acabarão esperando muitos personagens e situações que provavelmente não irão encontrar, afinal pela única entrevista que vi do longa, aqui quiseram fazer algo anterior ao primeiro jogo da franquia, para realmente conhecermos os personagens antes de serem grandioso exploradores/caçadores de tesouros. E é exatamente isso o que acabam entregando um filme eletrizante, cheio de boas sacadas, apresentando bem quem é cada um, como eles conhecem todas as coisas, e suas devidas desenvolturas em busca de um grandioso tesouro, com mapas, com dicas fora dos mapas, e principalmente com muitos vilões, trapaças e tudo mais que o estilo pede, porém ousando bastante na forma de desenvolvimento, pois mesmo nunca tendo jogado o longa, me senti jogando na telona, com um estilo formatado, personagens meio que lendo as dicas para o público do outro lado da telona, tudo sendo descoberto aos poucos sem grandes pulos, e claro tendo boas lutas, cenografias clássicas do estilo de filmes de tesouros e tudo mais, ou seja, o pacote completo para a nova geração entrar em cheio nesse gênero de filmes, que vai funcionar para os fãs do jogo, e que vai fazer os fãs de "Indiana Jones" rever a jovialidade que víamos nos anos 80/90 de busca de tesouros, pois os longas atuais de Indiana andam meio travados demais. Sendo assim, recomendo muito a conferida, e irei torcer para dar bilheteria, para aí darem sequências na saga fazendo uma franquia de sucesso nos cinemas também, afinal nos games já tem essa fama.

A sinopse nos contra que o esperto Nathan Drake é recrutado pelo experiente caçador de tesouros Victor "Sully" Sullivan para recuperar uma fortuna acumulada por Fernão de Magalhães e perdida há 500 anos pela Casa de Moncada. O que começa como um trabalho de assalto para a dupla se torna uma corrida ao redor do mundo para alcançar o prêmio antes do implacável Santiago Moncada, que acredita que ele e sua família são os herdeiros legítimos. Se Nate e Sully puderem decifrar as pistas e resolver um dos mistérios mais antigos do mundo, eles encontrarão US$ 5 bilhões em tesouros e talvez até o irmão há muito perdido de Nate... mas somente se eles puderem aprender a trabalhar juntos.

O diretor Ruben Fleischer é daqueles que erra atirando, não tendo medo de arriscar de forma alguma, e foi assim que fez quatro dos filmes que o público ou ama demais ou odeia completamente ("Zumbilândia", "Venom", "Caça aos Gângsteres" e "Zumbilândia - Atire Duas Vezes"), e assim quando assumiu essa obra que muitos morriam de medo de adaptar para as telonas, afinal é uma das franquias de jogos mais vendidas e amadas da história, muitos ficaram com os dois pés atrás, pois era a mesma certeza de que ele iria fazer algo totalmente despojado e pronto para fluir, mas que certamente não agradaria a todos, porém ele foi esperto demais de colocar boas sacadas, piadas jogadas em momentos de tensão para descontrair e fazer fluir a trama, não jogar toda a ação de uma vez deixando que tudo acontecesse e rolasse de acordo com o decorrer da trama, mas principalmente fez a base de todo bom jogo de videogame, que é deixar o público ir jogando, confiando no personagem, olhando ao redor para encontrar pistas, e não apenas fazer algo que fosse entregue diretão como um filme mesmo, e assim a trama de origem fluiu tão bem, fez com que quem nunca tivesse jogado ficasse com vontade de jogar, criou todo o misticismo clássico de filmes de tesouros para um crescente dentro da franquia, e que mesmo tendo vilões meio que bobos e não tão fortes, o resultado da proposta deles para com a trama acabou sendo funcional. Ou seja, a história foi bem contada, e o diretor soube encontrar a melhor maneira para que não ficasse sendo apenas um filme, mas sim um jogo na telona, com boas imagens, boas situações, e cenas empolgantes, com as devidas profundidades de ambientes que veríamos na tela com o controle nas mãos, fazendo com que queiramos jogar mais, e no caso, ver mais filmes da franquia.

Sobre as atuações, já falei no último filme de Tom Holland que ele finalmente atingiu uma maturidade suficiente para ser encaixado em qualquer tipo de filme, e aqui como o longa não precisava apenas disso, mas sim um conhecimento de saltos, de ser um garoto que desvenda bem mistérios, e tudo mais que ele fez muito bem em todos os seus filmes anteriores, a junção acabou sendo completa, ao ponto que de cara podemos nem acreditar tanto em seu Nate, soando meio que um ladrãozinho que tem boas perspectivas, mas que tem um bom coração, mas quando sai pulando para tudo quanto é canto, sai jogando o jogo desvendando aonde colocar as cruzes, vivenciando o momento mesmo como um jogador faria com seu player no game, ele entregou exatamente a perspectiva que precisava, e quando o barco parte a "voar" como é mostrado no trailer, ele já bota o coldre tradicional no corpo e pronto, temos o Nate que certamente os fãs queriam ver aparecendo, ou seja, os agentes do ator que preparem a agenda dele, pois agora terão de conciliar duas franquias de sucesso para todas as gravações possíveis, além claro de outros filmes "mais maduros" que ele deseja colocar no currículo também. Falar de Mark Wahlbelg é sempre se preparar para rir do seus estilo sério e caricato ao mesmo tempo, e aqui a figura meio falastrona, meio durona, meio encrenqueira de Sully caiu como uma luva em suas mãos, pois o ator soube dosar tudo que já fez de bom também em cena, e foi criando o personagem durante algo maior, que muitos dos fãs até podem reclamar de não ser o mesmo que sempre viram nos jogos, mas o que era preciso aqui foi muito bem colocado e com nuances suficientes para entregar o potencial do ator e do personagem, funcionando nas cenas mais rápidas, mas deixando ele mais como alguém que anda, que faz as negociações e entra menos nas lutas, o que é bem legal de ver acontecendo e funcionando com um ator bem experiente no caso. Dentre os demais personagens, Sophia Ali caiu bem na personalidade de sua Chloe Frazer, sendo bem desconfiada, mas com interações bem colocadas e dinâmicas prontas que valorizaram bem seus trejeitos, e sem forçar o estilo teve até alguns atos de destaque, mas não foi muito além. Já Tati Gabrielle pareceu inicialmente uma personagem meio estranha com sua Jô Braddock, mas vai num crescente tão imponente como a vilã da trama, brigando pelo tesouro até o fim, lutando bastante e tendo dinâmicas bem aceleradas e fortes que acabam chamando muita atenção, ou seja, fez bem as caras e bocas para ser forte e acaba agradando. Por fim, mas não menos importante, Antonio Banderas entregou seu Santiago Moncada com trejeitos meio que caricatos, fazendo suas dinâmicas de uma forma mais simples, e nem indo muito além, sendo mais daqueles empresários que mandam fazer por ele, e o resultado até cai bem dentro do possível.

Sobre o visual da trama conseguiram trabalhar muito bem o conceito de filmes de aventura, iniciando com alguns momentos bem colocados no bar que o protagonista trabalha fazendo os malabares clássicos de um bom barman, e claro leves roubos, depois alguns momentos no apartamento de Sully com muitos elementos marcantes de expedições, na sequência boas cenas em um leilão, aí vamos para uma ótima expedição pelos túneis de Barcelona com muitos detalhes, símbolos e todas as pegadas clássicas do estilo contando com armadilhas e boas referências, na sequência vamos para dentro de um avião gigante bem montado, depois fora do avião com tudo caindo pelos ares em uma cena bem emocionante e bacana de ter sido feita, alguns atos em um resort com toda a cenografia bem chique, e fechando toda uma ótima desenvoltura nos navios, sejam dentro deles com os barris de ouro, ou quando voando com toda a desenvoltura de cordas e claro boas lutas de espadas e tudo mais, mostrando sempre que a equipe de arte pensou claro nos diversos elementos "jogáveis" e com paisagens de fundo bem colocadas para dar o devido envolvimento que o jogo sempre teve, e assim funcionar das duas formas como já disse no começo.

Enfim, é um tremendo filmaço que não é perfeito, afinal o estilo de ação e aventura conta sempre com falhas no roteiro, situações que soam estranhas, e até atos que poderiam ser minimizados para uma continuidade mais fluida, porém é daqueles tão gostosos de ver, que o tempo passa voando e quando vemos já estamos querendo bem mais, e como disse no começo como fui sem esperar nada dele acabei curtindo demais, e vou recomendar com certeza para todos. Aliás, o filme tem uma cena logo no começo dos créditos finais, que dá a entender aonde a continuação do longa irá seguir, que muitos já falaram ser bem mais parecido com o que é mostrado nos jogos, então fique na sala. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Traídos Pela Guerra (Den Største Forbrytelsen) (Betrayed)

2/15/2022 10:01:00 PM |

Já vi um tema ter uma grande quantidade de filmes, mas igual a Segunda Guerra Mundial ou a segregação judaica para os campos é recordista sem nem pensar, aparecendo tramas de todos os países, com as devidas diferenças de tratamentos e tudo o que rolou entre 1939 e 1945 com muita precisão de detalhes, e claro contando as histórias de famílias reais que viveram na época. E hoje com o longa "Traídos Pela Guerra", que pode ser conferido na plataforma da Amazon Prime Video, vemos a história da família Braude, e como tudo ocorreu na Noruega quando os próprios policiais da cidade junto de motoristas também noruegueses fizeram as buscas e entregas dos judeus para os alemães sem nem precisar dos soldados alemães. Ou seja, é pra variar um filme bem triste por toda a situação, aonde vemos a humilhação que as pessoas sofreram nos campos de concentração na própria Noruega, vemos as apropriações dos bens dos judeus, o sumiço de documentos e tudo mais que aconteceu na época, com uma reprodução bem densa e marcante.

O longa nos mostra que quando os nazistas invadem a Noruega, os Braude acreditam que serão protegidos pelo governo, mas pequenas escolhas condenam seus destinos para sempre. A história real de uma família judia em sua terrível jornada até Auschwitz.

O diretor Eirik Svensson foi bem crítico no que desejava mostrar com o roteiro que lhe foi entregue, pois facilmente poderia ir para diversos rumos na trama, conseguiria fazer a densidade funcional ser tanto mais calma quanto mais intensa, e ao escolher ir no meio do caminho e trabalhar com a história de uma das muitas famílias judias norueguesas que sofreram inicialmente o preconceito no próprio país e depois claro pelos soldados, ele acabou desenvolvendo algo interessante e pontual, que não chega a ser emotivo por não explodir de uma vez só, mas resulta em algo triste e bem exemplificado, pois daria para ficar mais forte, daria para ser mais simbólico, e ele apenas foi direto "culpar" a própria Noruega pelos feitios com os judeus, pois poderiam ter atrasado tudo como alguns motoristas fizeram, poderiam ter avisado os demais, poderiam ter feito de tudo para "ajudar" talvez os outros que eram tão noruegueses quanto eles, mas apenas tinham outra religião, e isso é mostrado nos letreiros finais que o país se culpou nos últimos anos, mas lá trás foram bem omissos em relação à tudo. Ou seja, é um filme bem representativo, que vai mostrar tanto a vida da família sendo completamente mudada, vai mostrar os furtos, e claro a vida nos campos, mas certamente poderia ter ido mais além.

Sobre as atuações diria que é o ponto mais problemático da trama, pois mesmo com semblantes bem marcados, focaram demais no personagem de Jakob Oftebro com seu Charles Braude, por ter sido um lutador conhecido no país defendendo inclusive a bandeira em algumas competições, mas que por ser judeu foi levado para o campo de concentração junto com quase toda a família, com exceção da esposa que não era judia, mas o ator embora tenha um sorriso bem marcante na maioria das cenas, não teve um carisma marcante para chamar a atenção para si, e mesmo com tudo o que rola no campo, com suas desenvolturas antes de ir, e o que acontece depois, ele não entrega o impacto que deveria, ao ponto que talvez se a história fosse mais focada na sua mãe que foi bem direta em muitas cenas, o filme fluiria até melhor. E já que falei da mãe, Pia Halvorsen fez trejeitos tão bem colocados, foi doce quando precisou e impactante quase mesma proporção, e tendo poucas cenas para isso, sua Sara sempre que aparecia chamava a cena para si, ou seja, foi daquelas que o olhar diz mais do que todas as palavras de um filme só. Ainda tivemos alguns momentos marcantes com os jovens Carl Martin Eggesbø com seu Harry e Eilif Hartwig com seu Isak, ambos singelos nos atos, porém bem marcados em cena, e também tivemos Kristine Kujath Thorp bem ampla nas cenas de sua Ragnhild disposta a tudo. E para fechar é claro que tenho de pontuar Anders Danielsen Lie pelo semblante sério, direto, e ao mesmo tempo impactante e impactado de ter de fazer tudo com seu Knut Rød, ao ponto que não sabemos se o chefe policial teve essa expressão de receio do que estava fazendo, mas o jovem conseguiu abraçar o longa dessa forma.

Visualmente o longa foi muito representativo, inicialmente mostrando todo o conceito de ambiente das lutas de boxe amadoras, com jovens lutando pelos seus países com torcidas e muita simplicidade cênica sem toda a grandiosidade atual, depois as devidas comemorações bem colocadas com danças e tudo mais, depois vem todo o processo da invasão alemã na cidade, montando seus centros, fechando tudo, fazendo as pessoas se "cadastrarem" como judias, depois vamos para toda a montagem do campo de Bert na Noruega mesmo, aonde os homens tem de fazer os mais diversos trabalhos forçados, ficar correndo a toa, e tudo mais para entreter os soldados, vemos o processo de furto e catalogação dos bens das casas dos judeus, e por último vemos todo a cena forte dos táxis indo buscar os judeus para levar para o grandioso navio, e fechando claro com a chegada no campo de Auschwitz na Alemanha tudo com muitos detalhes, muito envolvimento, simbolismo e força visual para mostrar o trabalho técnico da equipe de arte.

Enfim é um filme bem interessante pela proposta toda, triste e envolvente pela síntese bem trabalhada, mas que parece faltar aquele algo a mais para ser perfeito na representação completa do momento, mas ainda assim consegue fazer valer a conferida para conhecermos mais um lado do que ocorreu na época da famosa guerra, e quem sabe se algum dia acontecer isso novamente não cometermos os mesmos erros, e assim sendo fica a dica. Bem é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Telecine Play - Surto (Surge)

2/14/2022 10:02:00 PM |

De vez em quando resolvo dar o play em uns filmes que nem eu sei o motivo, que ao invés de relaxar após um dia cansativo, acaba deixando ainda mais nervoso e irritado com toda a situação da trama, pois tem uns que liberam tantos gatilhos de revoltas que olha era melhor ter ficado sem ver. E não digo isso do longa "Surto", que entrou em cartaz na plataforma do Telecine Play, por ser algo ruim, muito pelo contrário, sendo daqueles longas que transmitem a sensação do protagonista tanto pela atuação quanto pela câmera desenfreada que lhe segue, mas a reclamação é de pensar que tem de soltar uma loucura completa dessas de vez em quando também, sair quebrando tudo, explodindo e tudo mais para acalmar os ânimos, só não pode ir tanto às ilegalidades como o protagonista faz, pois aí o risco de não se dar bem é mais alto do que o acalmar realmente. Dito isso, o que posso falar como técnica, é que o longa tem um estilo que muitos vão ver esperando um algo a mais e não irão encontrar, pois não era essa a ideia, mas quem entrar no clima talvez surte junto com o protagonista, ou ache o longa maluco demais e pare na metade.

A sinopse nos conta que o calmo e recatado Joseph leva uma vida modesta em Londres, viajando entre seu apartamento solo e o aeroporto onde ele faz parte da equipe de segurança. Seu aniversário passa despercebido por seus colegas e é apenas um pouco comemorado por seus pais irritados. Algo parece estar fervendo em Joseph logo abaixo da superfície. São necessários apenas alguns incidentes estranhos para liberar seu impulso de fazer uma viagem imprudente, frenética e inacreditável pelas ruas da cidade, enquanto ele determina que limites e gentilezas não mais governarão sua vida.

Diria que o diretor e roteirista Aneil Karia foi bem efetivo em seu primeiro longa metragem, mas deveras afobado assim como o protagonista, pois tudo parece explodir na trama do começo ao fim, desde a cabeça dele até seus atos mais simples, e isso ao mesmo tempo que acaba sendo bacana e bem interessante, também acaba sendo maluco demais, pois quem não entrar no clima do longa e surtar junto com ele, irá achar tanto a ideia como o desenvolvimento do filme algo meio que fora da casinha, e isso que é bacana de ver, pois poderíamos esperar qualquer coisa do personagem, de seus atos, e até mesmo de qualquer pessoa ao seu redor, e com isso a câmera desenfreada pode olhar tanto para o personagem quanto para ao redor, pode surtar junto ou acalmar, e com essa fluidez maluca, o resultado acaba sendo completamente inesperado, e é justamente isso o que o diretor deseja, o surto e o reflexo dele, que é onde nossa mente trabalha, e assim o acerto vem.

Sobre as atuações, tenho de pontuar somente sobre o protagonista Ben Whishaw que se entregou completamente para seu Joseph, fazendo caras, bocas, dinâmicas, se jogando, pulando, chacoalhando, correndo, e tudo mais que se possa pensar num momento de surto, desde as coisas normais e comuns até as mais ilegais e malucas, aonde claro dificilmente se safa numa repetição insana, e assim praticamente entramos no mesmo clima e ritmo dele do começo ao fim surtando junto, o que é muito bacana como experiência, pois tem duas forma básicas de ver o filme, a de ir contra ele, e a de entrar no mesmo ritmo, e assim a loucura vai muito além, e funciona mais ainda, mostrando tanto a boa personificação que o protagonista entrega, quanto a ideia completa funcionando, e assim tudo se encaixa e agrada demais, ao ponto de querermos até mais dele. Quanto aos demais, vale apenas algumas citações para a mãe do protagonista vivida por Ellie Haddington com nuances fortes e bem emotivas, e também colocar os atos diretos com Jasmine Jobson com sua Lily, mas tirando claro o ato explosivo na casa dela, nem lembraríamos de ter aparecido, e sendo assim o filme se completa com muitos figurantes, alguns com um pouco mais de fala, mas nada que vá muito além do olhar descrente do maluco que está na sua frente.

Visualmente o longa passa pelo setor de vistoria de um aeroporto, alguns momentos em trens, o apartamento do protagonista, a casa dos pais, vários atos em trens, muita correria nas ruas, o apartamento minúsculo da companheira de trabalho, um mercadinho e uma loja, alguns bancos, e até mesmo um hotel aonde conhecemos bem o interior de um colchão e de tudo mais que tem ali, incluindo uma festa privada, sendo tudo muito representativo para mostrar a realidade dos atos, ou seja, posso dizer facilmente que nenhum momento foi criado, e assim o resultado acaba indo muito além, mostrando primeiro que a direção quis algo insano, e num segundo momento que a equipe de arte saiu mais correndo junto com os produtores para liberações do que realmente criando algo, e assim o resultado explosivo funcionou ainda mais.

Enfim, é um filme que friso ser bem mais fechado para um público menor, mas que quem curte esse estilo de loucura e frenesi, e entrar completamente de cabeça na ideia da trama vai acabar gostando bastante do que verá, mas também já adianto que muitos vão odiar, pois a história em si é bem básica de um surto explosivo aonde o protagonista sai fazendo tudo e muito mais, e assim é o famoso ame ou odeie, não tendo como ficar em cima do muro. E eu diria que adorei a ideia toda, porém quase surtei junto com o personagem, pois a vontade de explodir igual é bem alta, e sendo assim recomendo o longa com toda a certeza de gatilhos possíveis. E é isso meus amigos, eu fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Morte No Nilo (Death On The Nile)

2/14/2022 02:04:00 AM |

Para que um filme de investigação seja bom, é bem fácil, só colocar muitos suspeitos, todos com algum motivo para ter participado do crime, e claro que tudo se desenvolva de uma forma difícil para que criemos diversas teorias acusando cada um em determinado momento, e isso é a famosa base de longas, livros e jogos de detetive desde muito tempo atrás, então quando essa base funciona e tem uma boa produção em cima, o resultado acaba ainda mais perfeito. Digo isso com muita facilidade sobre "Morte No Nilo", pois desde quando começou a produção vários anos atrás, mais precisamente alguns meses após o lançamento de "Assassinato no Expresso Oriente", já havia dito que seria algo ainda mais imponente, cheio de vértices, e perguntando um pouco sobre o que era o filme para amigos que tinham lido, via que era algo ainda mais envolvente do que tinha visto acontecer ali, mas felizmente nenhum amigo jogou spoiler, e irei fazer o mesmo aqui, pois já no trailer temos algo que engana bem no filme, e o resultado da investigação completa do diretor, ou melhor do investigador Hercule Poirot que é a mesma pessoa no caso aqui, só é revelada nos últimos minutos do longa, então boa sessão e bons palpites para tentar descobrir quem é o misterioso assassino!

A sinopse nos conta que durante sua viagem de lua de mel pelo rio Nilo, o casal Linnet Ridgeway e Simon Doyle, convidaram os entes mais queridos para embarcar no barco Karvak e celebrar a união do casal. Porém a rica herdeira é misteriosamente morta de noite e quase todos os passageiros têm motivos para matá-la. Mas um dos convidados, por coincidência, é o mais famoso detetive do mundo, Hercule Poirot, que começa a investigar o caso. Enquanto as investigações têm início no próprio barco, novas mortes acontecem com o intuito de encobrir a verdade e o caso acaba sendo mais difícil de se solucionar a cada tempo que passa. Situado em uma paisagem épica de vistas panorâmicas do deserto egípcio e das majestosas pirâmides de Gizé, este conto de paixão desenfreada e ciúme incapacitante apresenta um grupo cosmopolita de viajantes impecavelmente vestidos entre voltas e reviravoltas.

É muito engraçado quando vou ver a filmografia de determinado diretor, pois vemos que ele é ator de tantos filmes que nem lembramos, que já dirigiu grandes estrelas, e que cada vez está melhor no que faz, e isso é uma descrição bem curta para falarmos do potencial de Kenneth Branagh, que esse ano ainda pode levar muitos prêmios com seu outro filme "Belfast", que ainda não estreou por aqui, mas está extremamente bem falado nas premiações, e aqui fazendo novamente tanto a direção quanto o protagonista Hercule Poirot, ele acaba entregando muito em ambos os papeis, pois trabalha as cenas de um modo bem amplo, cria as devidas desenvolturas para o mistério ser mantido até o final, e trabalha a produção por completo criando tanto um ambiente incrível, e com câmeras pegando não só o que está dentro do navio, mas sim tudo ao redor, fazendo o Egito, que costumeiramente já é bem misterioso, entregar o clima para sua história fluir, e como flui, pois o envolvimento é a chave para que o estilo não canse, e se lá no filme de 2017 essa foi a minha reclamação, aqui nem vemos espaços para momentos tranquilos, e assim o resultado até vai além, mas claro após o começo fora da trama completa, que será usado apenas no final, e nem sei se faz parte do livro. Ou seja, Branagh foi perfeito no que fez, tendo muita segurança como diretor, e também foi muito bem atuando, dando show por completo.

E já que comecei falando da atuação do diretor Kenneth Branagh, vamos seguir falando de como ele entregou novamente uma personalidade marcante para seu Hercule Poirot, pois mostrou tanto a época do jovem personagem na guerra no começo, mostrando suas cicatrizes, a qual parecia até meio que desnecessária, mas acaba servindo de base no fechamento do longa, e assim vemos o ator por completo, sendo rude quando precisava, direto nas movimentações, e fazendo um papel bem marcante na trama. Gal Gadot é daquelas mulheres que entregam tanto em cena, que mesmo aparecendo menos que os demais com sua Linnet, acaba entregando tanto para o papel, faz suas devidas desenvolturas, dá o devido envolvimento e acerta em cheio tudo o que faz do começo ao fim, além de ter seu momento Cleopatra que viverá muito em breve na adaptação do filme de mesmo nome, ou seja, perfeita e marcante. Armie Hammer trouxe o seu famoso estilo canastrão para o seu Simon, e isso é sempre bom de ver, mostrando muito do ator que ele é (não estou botando em pauta seus atos pessoais, afinal isso não entra em questão aqui), e cada momento seu tem a devida desenvoltura, tem o estilo certo, expressões marcantes e muito acerto para envolver e chamar atenção. Não conhecia a atriz Emma Mackey, mas seu estilo forte e com olhares densos que entregou para sua Jacqueline é daqueles que muitos papeis de vilãs necessitam, então diretores fiquem de olho nela, pois pode surpreender futuramente, e aqui a jovem foi precisa nos atos, e claro se entregou muito em vários atos. Ainda tivemos muitos outros personagens na trama, alguns aparecendo mais, outros menos, valendo bem para a conexão completa, mas valendo destacar mesmo Tom Bateman com seu Bouc bem presente em tudo, cheio de aberturas para desconfiarmos dele, mas com nuances tão bacanas de amizade com o protagonista que acabamos até torcendo pelo rapaz, pois ele foi bem demais, e por último, mas não menos importante Sophie Okonedo botou o gogó pra jogo fazendo a cantora Salome, e foi impactante em muitos atos, agradando bem em seus atos.

Visualmente o longa tem cenários incríveis pelo Egito, tendo locações nas pirâmides, em santuários, mas principalmente mostrando bem o navio Karvak cheio de estilo, um hotel maravilhoso, muitos elementos cênicos para serem usados em tudo quanto é canto, shows em boates bem marcantes e envolventes, e além de tudo isso, muitas representações misteriosas nas margens do rio Nilo, mostrando povos fazendo seus afazeres, suas rezas, animais vivendo e tudo mais que giram aquela chave de pontuar no mistério do navio, ou seja, o diretor não quis ficar preso apenas ali, e conseguiu dinamizar um pouco de tudo. 

Enfim, é um filme muito melhor que o primeiro no conceito completo, tem muito mais dinâmicas, não cansa mesmo com mais de duas horas de projeção, e que agrada demais na complexa investigação de tudo, porém diria que entregaram um pouco fácil demais a resolução, sendo alguns elementos óbvios demais, que mereciam um pouco mais de atitude do protagonista, e principalmente na cena dos tiros com correria ficou meio que não muito convincente de quem foi a pessoa ali, mas como é assim no livro, então jogo que segue, e sendo assim recomendo o filme principalmente para quem não leu o livro, afinal a galera leitora demais só anda reclamando das adaptações não serem exatamente iguais com cada personagem, e assim o resultado é não fazerem mais outros livros, então vá, apoie, se divirta e torceremos por mais Poirot nos cinemas. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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