Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante (Aristotle and Dante Discover the Secrets of the Universe)

11/30/2023 11:37:00 PM |

Costumo dizer que você pode defender uma causa sem precisar ser apelativo, bastando trabalhar a emoção e o envolvimento, junto de conexões que simbolizem e agradem à todos. E a ideia de "Os Segredos do Universo por Aristóteles e Dante" permeia bem a síntese da amizade entre dois jovens mexicanos nos EUA, e a mudança da juventude para o mundo adulto, se conhecendo e conhecendo o que lhe faz feliz, de uma forma tão bem trabalhada, sem forçar a barra, sem precisar ir para rumos exagerados, sendo daqueles filmes que mesmo que sabendo o rumo de fechamento, toda a dimensão acaba sendo até maior do que o tema, e isso que é bonito de ver, pois faz o filme funcionar e entrega algo mais amplo sem tanta conotação sexual ou discriminatória, aonde tudo faz bem e vai além.

A sinopse nos conta que em um verão inesquecível, os jovens Aristóteles e Dante são unidos pelo acaso e, embora sejam completamente diferentes um do outro, iniciam uma amizade especial, daquelas que duram uma vida inteira. Dante é tudo o que Aristóteles deseja ser: expressivo, inteligente e autoconfiante. Juntos, eles embarcam em uma emocionante jornada pela adolescência e começam a questionar todos os segredos do universo.

Diria que a diretora e roteirista Aitch Alberto conseguiu ser bem singela no desenvolvimento da trama que fez em cima do livro de Benjamin Alire Sáenz, conseguindo deixar sutilezas em todos os momentos da trama, colocando boas pontuações nas leituras das cartas, e principalmente criando um carisma cheio de envolvimento com os personagens, de tal maneira que até cheguei a pensar que o filme não recairia para o lado amoroso dos protagonistas, mantendo mesmo a essência de uma grande amizade, mas foi bem colocado tudo de uma maneira sem pesar a mão, e mais do que isso, sendo uma adaptação literária, conseguiram fazer com que o filme não tivesse a sensação de uma leitura, mas sim de algo solto bem trabalhado nas nuances, mostrando que é possível brincar com algo do estilo sem precisar capitular tudo ou ainda colocar a sensação de folhear páginas. Claro que os fãs do livro que foi uma grande sensação de vendas irão reclamar de faltar isso ou aquilo no longa, mas garanto que a essência foi bem passada e o longa vai envolver a todos, com uma produção impecável de Lin-Manuel Miranda, que felizmente não quis jogar a trama para o lado musical.

Quanto das atuações, sem dúvida alguma a estreia de Max Pelayo com seu Aristóteles Mendoza, ou Ari como prefere ser chamado, foi brilhante de ver, pois o jovem conseguiu trabalhar um carisma próprio com trejeitos mais fechados e tímidos, mas com uma entrega tão bem trabalhada, cheio de nuances e envolvimento, sabendo passar sua mensagem sem ficar falso na tela, e isso é algo que poucos conseguem fazer na primeira vez diante das câmeras, e o resultado mostrou que tem potencial para lhe darem mais papeis. Da mesma forma posso dizer que Reese Gonzales conseguiu dar um ar mais doce e alegre para seu Dante Quintana, trabalhando com muito envolvimento e estilo, sabendo aonde se portar sem ficar exageradamente chamativo, mas conseguindo mostrar a mensagem bem encaixada na tela, o que mostrou que ambos os jovens souberam pegar a responsabilidade da trama e segurar por completo. Quanto aos demais, vale claro dar leves destaques para todos os familiares que trouxeram envolvimento e conhecimento claro de seus filhos, de modo que Eva Longoria e Kevin Alejandro foram mais soltos com seus Soledad e Sam Quintana, pais de Dante, e Eugenio Derbez e Veronica Falcón trabalharam de uma forma mais fechada, mas com diretas bem encaixadas para seus Jaime e Liliana Mendoza, pais de Ari, valendo ainda destacar Marlene Forte como a Tia Ophelia que já conhecia bem o sobrinho e seus rumos.

Visualmente a trama foca bem no final dos anos 80 nos EUA, mostrando uma cidade praticamente toda de mexicanos e mestiços, mas sabendo brilhar para mostrar o lugar aonde a família gosta de acampar e ver as estrelas sem poluição visual, vemos a diferença entre os quartos dos garotos, um totalmente clean sem nada o outro numa bagunça completa de coisas que gosta de guardar e de deixar jogado, todo o envolvimento nas piscinas com o calor do Verão, a sacada com a caminhonete tradicionalmente mexicana, e muito mais que certamente fazem parte da composição do livro, ou seja, a equipe quis dar destaque e foco nos elementos visuais e conseguiu brilhar nesse sentido.

Enfim, é um filme que se olharmos bem a fundo é simples, mas que tem um carisma fácil de se apegar e que envolve bastante sem precisar ser apelativo, tendo boas nuances, e principalmente uma química incrível entre os protagonistas, mostrando que foram muito bem selecionados para os papeis principais e não desapontaram com o que precisavam fazer na tela, e sendo assim vale a recomendação de conferida. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - A Geração do Mal (Piktųjų karta) (The Generation of Evil)

11/30/2023 12:58:00 AM |

O bom de longas de suspense é que você assiste de uma forma completamente diferente do que qualquer outro gênero, pois vai se conectando com a trama e quando se liga já está apostando quem é o assassino, suas motivações e vai desenvolvendo tudo como se fosse um detetive expert de altíssimo escalão, e conforme vão aparecendo as pistas ou as pessoas que você apostou, lá vai você criar outras ideologias para tentar acertar novamente. Confesso que nem tinha ouvido falar nada do longa lituano "A Geração do Mal", mas apareceu como sugestão na Amazon Prime Video, e resolvi dar o play nele, de forma que a entrega em alguns momentos acaba sendo meio que novelesca, tendo um certo exagero na quantidade de personagens para desenvolver, algumas idas para o passado, voltando para algo que parece meio sem sentido, mas quando toda a conexão se fecha, e tudo começa a fazer muito mais sentido, o resultado acaba ficando bem impactante e agradando demais. Claro que dava para alguns momentos serem mais limpos, dava para tirar alguns personagens, e diria que removeria até uma frase dita no passado que deixaria tudo ainda mais surpreendente no final explicativo, mas tudo funciona bem dentro do estilo e acaba sendo uma boa opção de conferida para quem gosta do gênero suspense dramático.

A sinopse nos conta que à beira da aposentadoria, o comissário Gintas deve realizar a investigação de uma série de assassinatos hediondos, uma tarefa perigosa que pode expor os muitos segredos sujos de vários membros proeminentes da elite social de uma pequena cidade do interior.

Diria que o diretor e roteirista Emilis Velyvis foi bem amplo no desenvolvimento de sua trama, de forma que tudo é levado até mais longe do que precisaria, mas que funciona demais dentro da proposta, de tal forma que mesmo não sendo tão longo acaba até parecendo uma formatação meio que novelesca, aonde vemos toda interação entre os protagonistas, toda a dinâmica bem encaixada, mas que felizmente não ficou arrastado, de modo que funciona essa conexão levemente exagerada. Ou seja, ele soube trabalhar os devidos subgrupos de uma maneira que não atrapalhasse o andamento, e que principalmente o protagonista estivesse sempre envolvido nos devidos momentos, o que sai bem do eixo novelesco de grupos, mas que ainda brinca com a ideia toda. Não diria que tenha sido algo perfeito de ver, pois dava para limpar um pouco mais tudo para ficar mais dinâmico, mas como não lembro de nenhuma outra obra lituana, acredito que possa ser um pouco o estilo deles de ficar mais preso, porém como o final surpreende bem com algo digamos fora da caixa, o resultado mostrou algo que alguns vão até reclamar, mas que funcionou bem ao menos.

Quanto das atuações, diria que Vytautas Kaniusonis entregou boas dinâmicas com seu Gintas, sendo durão e imponente em praticamente todos os atos, não se perdendo no personagem e criando trejeitos fortes bem colocados que acabam envolvendo bem o público para seus atos mais explosivos. Diria que Ingeborga Dapkunaite trabalhou sua Rasa de uma maneira um pouco forçada demais, de modo que poderia ter sido mais bem colocada como uma prefeita mais direta, e feito um pouco mais dos atos do final no miolo, mas chamou atenção e isso é o que importa. Ainis Storpirstis trabalhou seu Simonas com trejeitos bem clássicos de pessoas da procuradoria, achando pingo aonde não deveria ter, tendo expressões densas bem fechadas, e mostrando a que veio em diversos momentos, tendo bastante estilo. Dos personagens do passado vale claro o destaque para Sakalas Uzdavinys com seu Vytautas Venclova, sendo direto e cheio de nuances, que acabam trazendo boas pontuações para imaginarmos coisas dele.

Visualmente a trama trabalhou alguns atos dos anos 90 de modo bem colocado, mostrando as famosas destruições de provas da União Soviética de agentes de campo, negociações paralelas e toda uma correria para que tudo sumisse, já no período atual vemos uma tremenda festa de aniversário do protagonista, alguns atos marcantes na escolinha do filho, e claro muitas mortes incríveis, dando um leve spoiler com a forma como cada personagem tinha seu nome de agente, e assim o resultado por vezes até choca bastante, mas o mais engraçado foi ver os médicos do necrotério falando das coisas almoçando de boas do lado dos cadáveres, ou seja, estômago bruto!!

Enfim, é um filme que consegue surpreender sendo bem diferente do usual, mas tendo bastante do estilo, que até poderia ser melhor se não tivesse tantas amarras, porém só incomoda um pouco na desenvoltura completa, mas como tem um bom fechamento acaba valendo bastante a conferida, então fica a dica para essa época que anda bem fraca de estreias nas plataformas de streaming, e amanhã volto com mais dicas por aqui, então abraços e até logo mais.


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Amazon Prime Video - Bottoms: Clube da Luta Para Meninas (Bottoms)

11/28/2023 01:02:00 AM |

Confesso que não estava na minha lista o filme da Amazon Prime Video, "Bottoms: Clube da Luta Para Meninas", pois não tinha me afeiçoado nem com a ideia original, nem me interessado sobre a proposta em si, mas como ouvi tantos elogios nos últimos dias resolvi dar o play hoje, e até temos um último ato insano que faz realmente valer o play, mas é daqueles filmes com ideologias tão formatadas e impregnadas que por vezes você fica pensando em quanto querem zoar com tudo ou se realmente estavam pensando em algo mais pronto para falar sobre o tema em pauta, mas vou preferir ficar com a primeira opção de uma comédia escrachada em cima de tudo, aonde usando boas sacadas até diverte, mas que dava para ser um pouco menos apelativo em alguns atos, que a trama ainda seria bem desenvolvida e agradaria bem mais. Ou seja, é um filme interessante, mas bem longe de todo o marketing viral que muitos fizeram pelas redes sociais, sendo algo mediano pra bom que vai divertir mais pelos atos finais do que pelo restante inteiro da trama.

A sinopse nos conta que depois de acidentalmente ferirem Jeff, o astro do colégio, ao atropelá-lo com um carro, transformando-as de párias desajeitadas em celebridades da noite para o dia, as melhores amigas PJ e Josie inventam uma mentira elaborada sobre terem passado um tempo em um centro de correção juvenil durante o verão, e com sua amiga igualmente estranha Hazel e o professor Sr. G, elas iniciam um clube de autodefesa para mulheres na tentativa de perder a virgindade com Brittany e Isabel, suas líderes de torcida.

Diria que a diretora e roteirista Emma Seligman soube usar bem o tema para a desenvoltura que desejava entregar, porém ela acabou misturando tudo de uma forma tão pontual que como disse no começo deixa margens para o público mais ferrenho dizer que a trama tem toda uma politicagem em cima de questões de gêneros, mas também deixa aberto para os mais sacanas falarem que é algo completamente contrário que a diretora trabalhou com ironia tudo o que foi apresentado, ou seja, deixou aberturas complexas que poderiam ter sido sanadas com pouquíssimos atos, mas que acredito que tenha sido a ideia ambígua que ela queria realmente, e assim sendo mostrou seu estilo brincando muito facilmente na tela.

Quanto das atuações, as jovens Rachel Sennott e Ayo Edebiri se entregaram por completo com suas PJ e Josie, trabalhando trejeitos bem marcados, jogando tudo para cima e lutando pra valer nas cenas, de modo que é até engraçado ver depois nos créditos como foram filmadas as cenas, mas não demonstraram insegurança nas suas cenas e agradaram bastante segurando bem o protagonismo do longa. Ruby Cruz e Havana Rose Liu também trabalharam bastante suas Hazel e Isabel, ficando um pouco em segundo plano, mas botando a banca nos atos que precisaram e indo bem além com os atos mais intensos, sem decepcionar. Ainda tivemos muitos outros personagens interessantes, mas o destaque entre os secundários é claro que recai para Marshaw Lynch como o proferor Sr. G bem esquisito de ideias, mas imponente na didática, e um destaque meio que exagerado de trejeitos ficou para Nicholas Galitzine com seu Jeff forçado ao máximo.

Visualmente a trama teve alguns atos mais explosivos (literalmente), mas ficou mais preso mesmo numa sala de aula, no ginásio, no refeitório e no campo da escola, tendo claro os devidos adereços tradicionais de filmes do estilo, mas abusando de imagens bem sexistas nos cartazes para valorizar o tipão atlético do jogador alfa do time, tiveram alguns momentos nas casas das protagonistas, mas principalmente a trama focou nas dinâmicas de lutas e reflexões na quadra, o que fez com que a equipe de maquiagem caprichasse nos sangues voando e claro nos cortes e inchaços, o que foi bem usado e mostrado.

Enfim, não é um filme que eu recomendaria de cara se me perguntassem, mas que também não é ruim, sendo daqueles que entregam alguns atos intensos bem trabalhados e divertidos de ver, porém dava para ter feito um filme incrível usando os mesmos argumentos sem precisar apelar, e assim ficaria mais claro as intenções da diretora, então fica a dica para conferir, mas sem esperar nada demais dele. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Stand Up - Minha Vida é Uma Piada

11/27/2023 01:29:00 AM |

Já disse isso outras vezes, e volto a dizer que um dos gêneros mais difíceis de fazer é a tal da comédia, pois acertar o tom do humor sem apelar e entregar algo que divirta o público com boas sacadas tem de ser muito inteligente, mas também digo que é o gênero mais fácil de errar, pois se o diretor colocar algo muito besta no meio do caminho, vai ficar tosco, vai estragar tudo, e dificilmente você consegue prestar atenção em qualquer outra coisa que não seja erros na tela, e hoje isso aconteceu com "Stand Up - Minha Vida é Uma Piada", aonde diria que surgiu do nada esse filme, e eis que como vejo tudo o que sai nas telonas, não ia deixar uma comédia nacional de fora, e meus amigos, o tombo começa logo na metade da trama quando uma cena de quase batida acontece, o protagonista faz mais mil e duzentas coisas, o humorista fica rico, troca de casa, prepara uma festa, e logo na sequência seguinte a esposa do protagonista liga para o marido e fala que a filha contou que eles quase trombaram o carro, meuuuuuuuuu passaram dias para uma mudança, e a mulher faz conexão com algo bem anterior!!! Depois vemos uma cena aonde um gato morre, e o que o cara pega, um gato empalhado de pelúcia com olhos esbugalhados estranhíssimo! Ou seja, além de altos erros, o filme já ficava difícil de esperar algo, mas ainda assim esperava que fosse rir até o final, e ri numa cena de vudu meio tosca, mas nada que surpreendesse e valesse o riso, sendo um filme bem fraco, que nem primeiro semestre da faculdade de cinema faz algo assim.

A sinopse nos conta que João é um acupunturista casado com Laura, com quem tem dois filhos. Apesar de estar em uma carreira estável e bem-sucedida, o verdadeiro sonho de João é se tornar um profissional de stand up comedy. Com o apoio da esposa, ele decide tentar a sorte como comediante, mas acaba se sentindo nervoso demais no palco e abandona o plano. Porém, ele descobre que outro comediante, Gerson roubou uma de suas piadas e está fazendo um grande sucesso. Tomando pelo ódio, João decide matar o homem, mas a situação acaba saindo comicamente do controle.

Costumo ficar triste de falar mal de filmes nacionais, pois sei o quanto é difícil fazer algo por aqui, mas o diretor Miguel Rodrigues abusou demais de erros simples demais de resolver na tela, e isso pesou muito em sua trama, pois como falei no começo há erros básicos de uma montagem linear, há erros que poderiam ser resolvidos com a equipe de arte para não parecer tão bizarro, e o principal há erros que dava para voltar o roteiro para o roteirista e pedir melhoras, ou então como os "atores" principais são humoristas de renome no stand up pedir a opinião deles se o que estava sendo mostrado fazia alguma graça, pois uma comédia aonde você não passa a graça nem apelando para o público é falhar demais. Ou seja, tem tantas falhas que é difícil você conseguir falar algo bom, e logo de cara você já pega que o vudu vai ser usado em algum momento, pela propaganda logo após o roubo da piada, e poderiam ter feito o uso bem antes para fazer rir como fizeram na cena da TV, e só, o que é uma pena, pois é um filme que dava para ter ido mais longe.

Quanto das atuações, confesso que não reconheci o Fabio Rabin como protagonista, pois lembrava dele com outro visual lá de 2015 nada parecido com esse, mas isso não importa, o que vale a pena dizer é que ele não é ator, e seu estilo cômico é totalmente forçado, e aqui seus trejeitos e entregas como protagonista é algo que chega a ser decepcionante, sem grandes entregas, o que acabou pegando muito para o resultado final de seu João. Carol Castro se esforçou bastante como a esposa Laura, fez trejeitos de todos os estilos, e se entregou para o que o papel pedia, mas confesso que ela sofreu bastante para conseguir se encaixar com o protagonista, se dando melhor nas cenas solo. Marco Luque até se entregou bem para os atos de seu Gerson, se dando bem no palco que é a sua casa e não ficando tão artificial nas cenas familiares, mas dava para ter trabalhado um pouco mais de trejeitos para soar mais crível em alguns atos. Ainda tivemos Fafy Siqueira e Werner Schünemann tentando ter alguns momentos mais abertos, e até Ceará quase fazendo seu Silvio Santos desnecessariamente em uma cena, mas não foi muito além também.

Visualmente o longa foi praticamente todo filmado dentro de um teatro famoso de stand up, tendo alguns atos nas casas dos protagonistas, numa clínica de acupuntura que parece até algo abandonado que apenas colocaram uma faixa com um nome na frente (coisa bem de cinema amador!), vários adereços bem estranhos e bizarros como já falei do gato e do bonequinho de vudu, e tudo muito simples mesmo, que não chega a impressionar de forma alguma

Enfim, o resultado final acabou parecendo um trabalho de finalização de curso aonde apenas conseguiram alguns atores e humoristas por conhecer eles e acabaram usando, pois não tem estilo de algo comercial que realmente funcionasse, o que é uma pena, pois uma boa comédia sobre o tema dava para ter sido melhor lapidada para fazer rir realmente. Ou seja, é melhor fugir do longa que já estava em um horário ruim nessa semana nos cinemas, tendo apenas eu na sala, então nem imagino que vá seguir mais uma semana. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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A Invenção de Um Crime (Il Signore Delle Formiche) (The Lord of the Ants)

11/26/2023 08:04:00 PM |

Digo que é sempre interessante histórias biográficas que não conhecemos para vermos o quanto o mundo mudou (ou não) através dos olhares e coisas que algumas pessoas viveram, e o julgamento que um diretor teatral sofre na Itália dos anos 60, por um garoto se apaixonar por ele é algo tão bizarro quanto se pode imaginar, afinal usaram um crime de plágio para poder levar ele a júri, já que não existia lei contra a pederastia, e na trama de "A Invenção de um Crime" vemos toda a dinâmica por trás de todos os atos para que usassem o estilo calmo e brilhante do diretor contra si. Ou seja, é um filme que trabalha elos que muitos não irão entender da paixão pela mente e não pelo corpo em si, mas que funciona de forma bem representativa e interessante com uma ruptura bem colocada e direta na trama, só acredito que poderiam ter trabalhado de uma forma mais dinâmica e intensa ao invés de algo tão calmo e levemente cansativo, pois aí o resultado acabaria sendo mais imponente e bem expressivo na tela.

A sinopse nos situa na Itália dos anos 60. Aldo Braibanti é um influente dramaturgo condenado por plágio e seu aluno é internado em um hospital psiquiátrico. Inspirado em eventos reais, o filme retrata a história de várias vozes, incluindo familiares, amigos, acusadores e apoiadores, enquanto um jornalista busca a verdade em meio a suspeitas e censuras.

Diria que o diretor e roteirista Gianni Amelio soube escolher bons momentos representativos para que sua trama tivesse um ar bem representativo de um julgamento que não merecia existir, e conseguiu criar as devidas nuances usando de cenas de julgamento, testemunhos e antes disso mostrar um pouco da vida do diretor e do garoto, de maneira que o filme ficou interessante e bem colocado, trabalhando também as intenções do jornalista em conseguir mostrar tudo, mas analisando friamente, a montagem peca em não ter uma síntese melhor colocada, de modo que o filme não soa nem representativo demais sobre o personagem principal, nem imponente para causar reflexões sobre o tema. Ou seja é um filme bem interessante e representativo, mas que mais cansa pela entrega do que realmente pelo que aconteceu, sendo que usaram leis da época do fascismo para julgar, teve todo o caso problemático na família do garoto que o levou para a conversão por choque, e por aí vai, mas sem desenvolvimento, o resultado acabou ficando morno demais.

Quanto das atuações, Luigi Lo Cascio até deu boas nuances para seu Aldo, transformando o personagem em alguém bem calmo e rico de conhecimento que passa seus momentos analisando a vida das formigas para entender a organização dos homens, e o ator foi bem centrado e cheio de nuances bem colocadas para ser enxergado, mas faltando um pouco mais de personalidade para que seus atos mais marcantes ficassem imponentes realmente. Já Leonardo Maltese trabalhou muito bem seu Ettore, usando artifícios de loucura e desenvolvendo bem olhares e emoções durante as fases da trama, de forma que nos convence mais com o estilo do que com a personalidade do papel realmente. Tivemos ainda atos bem direcionados de Elio Germano como um jornalista que desejava mostrar realmente tudo o que estava ocorrendo no julgamento, mas que era boicotado pelo editor do jornal, e a garota Sara Serraioco que faz uma ativista bem colocada que tenta ajudar a cancelar o julgamento, mas que dentro da proposta meio confusa da trama não conseguiram se destacar tanto com seus personagens.

Visualmente diria que a equipe de arte trabalhou bem, mostrando alguns atos bem colocados na tela da "torre" aonde o diretor desenvolvia peças e interações culturais com seus alunos, vemos também atos marcantes do julgamento do protagonista, e até mesmo os atos nas casas e festas conseguiram ser trabalhados de forma bem representativa para dar as nuances da época, mas nada que fosse grandioso demais de ver.

Enfim, é um filme que tenho certeza que nas mãos de um diretor mais expressivo entregaria uma trama tão imponente e inesquecível que chamaria muito mais atenção do que a forma meio cansativa entregue aqui, mas como é um tema que dificilmente alguém pegaria para trabalhar acabou sendo algo até que interessante de ver. E é isso meus amigos, eu fico por aqui agora, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Não Tem Volta

11/26/2023 01:18:00 AM |

Já venho dizendo há um tempo que alguns diretores nacionais andaram vendo que não é só comédia escrachada e romance novelesco que funciona bem no nosso cinema, ousando trabalhar com algumas pegadas meio de ação e até colocando romances cômicos com pegada no miolo para funcionar na tela, e desde que vi o trailer de "Não Tem Volta" fiquei curioso pela sacada de trabalhar Rafael Infante não com um ar tão cômico e desenvolver algo que fugisse do estilo de esquetes que ele é tão famoso, e posso dizer que hoje após conferir o resultado foi muito bem trabalhado, não caiu para o lado novelesco, e principalmente souberam dar uma boa dinâmica para que o casal funcionasse e as loucuras de correr atrás de um assassino desconhecido fosse bem cheia de nuances. Claro que tem alguns elos apelativos, mas o filme brinca com eles, e dessa forma além de fugir do conceito novelesco, não fica tão preso à um gênero tão definido e assim sendo acaba funcionando bastante com sacadas divertidas, muita ação e um romance levemente adoçado, que é gracioso dentro do proposto.

O longa nos conta que Henrique não consegue superar a separação de Gabriela e, mesmo 1 ano depois, está tão devastado que é incapaz de se animar com mais nada, nem ninguém. Para acabar com o sofrimento, ele decide tirar a própria vida, mas como não tem coragem, contrata uma empresa de assassinos de aluguel que tem apenas uma única regra: Após a assinatura e o pagamento, a decisão NÃO TEM VOLTA. Porém, após assinar o contrato, Henrique e Gabriela se cruzam ao acaso e ela descobre que quer reatar a relação. Desesperado para descobrir quem será o seu carrasco, Henrique envolve-se em uma trajetória repleta de situações tensas e mirabolantes para se salvar e, finalmente, ficar com a mulher que ama.

Diria que o diretor César Rodrigues brincou bastante com o roteiro de Fernando Ceylão para que seu filme tivesse uma constância de movimentos, ficasse bem dinâmico e ainda divertisse sem precisar apelar, e ele optou em colocar tudo isso com um estilo próprio, de forma que não vemos um filme que se parece com qualquer outro, ao menos que seja lembrado assim de cara, e isso é bem bacana de ver no cinema nacional que geralmente copia muitos filmes estrangeiros, e posso até ser chato frisando isso, mas dou sempre os parabéns para os diretores ousados que saem do clichê novelesco, pois é muito incômodo colocar mil personagens em subgrupos que vão se interagindo e indo para rumos românticos melosos e chatos, então aqui o acerto foi rápido e bem interessante de ver, só não achei necessário dar a deixa para uma possível continuação, mas isso não atrapalha, então acaba valendo acabou sendo bem funcional e interessante de ver o resultado como um todo.

Quanto das atuações, volto a dizer que o filme se fecha bem nos protagonistas, não dependendo praticamente de nenhum coadjuvante para funcionar ou ter as devidas conexões, de tal forma que Rafael Infante se jogou por completo nas cenas de seu Henrique, brincou com piadas sem precisar ser exageradamente bobo, e funcionou dentro das sacadas que o filme precisava ter, utilizando trejeitos meio malucos e desesperados, sempre atento às movimentações de ambientes, e chamando muito da atenção para si, o que acaba agradando bastante. Manu Gavassi soube fazer com que sua Gabriela fosse bem interessante, tivesse vertentes e olhares cativos, mas principalmente fosse uma musa para o protagonista, de forma que a sacada dos vários ambientes e trejeitos que ele vai falando como ela era para o assassino é coisa que mostra quase realmente uma paixonite do personagem, e a atriz se desenrola bem fácil com tudo, ou seja, encaixou bastante no que o papel precisava. Ainda tivemos Diogo Villela como o tio do protagonista que é dono de um teatro, Roberto Bomtempo como o negociador da empresa de assassinos, Heraldo de Deus como o assassino baiano e Pietro Barana como o assassino gringo, mas sem grandes envolvimentos cênicos.

Visualmente a trama passeou por muitos lugares e ambientes, desde o teatro do tio, o apartamento do protagonista, alguns restaurantes e bares, festas malucas, um pouco da Bahia, e até uma sessão de fotos em um prédio elegante, e claro a oficina aonde o protagonista vai para contratar o assassino, tendo como elemento cênico principal os envelopes aonde são colocados a foto da vítima, de tal maneira que a equipe de arte nem foi tão gastona com o orçamento, trabalhando com poucos elementos, mas funcionando bem dentro da proposta deixando que os diálogos falassem mais do que tudo.

Enfim, é um filme bem feito, com um ar não tão rebuscado que funciona bastante, e diria que dava até para ir mais além se criassem um pouco mais de tensão no protagonista, mas aí recairia para outros vértices, então fica a dica para quem gosta de uma comédia romântica diferente do usual, tendo mais ação do que melação. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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Ó Paí, Ó 2

11/25/2023 05:51:00 PM |

Costumo dizer que sequências que demoram muito tempo para serem lançadas perdem um pouco do brilho, pois o público além de esquecer a essência real da trama acabam se dissipando, mas como "Ó Paí, Ó 2" usou bem mais artifícios da série que foi vista depois do original de 2007, diria que trabalharam bem mais com essa pegada do que como um filme realmente, tendo boas sacadas em relação à cultura negra da Bahia, brincando bem com todo o estilo da apropriação de ideias e de imóveis, dando desenvolvimento de alguns personagens antigos e novos com algo até que bem colocado. Não digo que essa escolha tenha sido a melhor para o filme, mas ainda assim a trama tem uma pegada gostosa de ver que entrega uma boa desenvoltura, principalmente para quem curtiu o que viu no passado, e aqui trabalhando mais como um musical até entrega boas perspectivas que seguram o clima sem desrespeitar o original. Ou seja, não é nada muito brilhante, mas é bem feito e honra com a ideologia que queriam mostrar.

O longa marca o retorno de Roque, ao lado de uma nova geração de personagens, filhos dos moradores do velho cortiço no Pelourinho, que entram na luta pela causa negra de forma bem humorada e regada a música e poesia. Mais de uma década se passou e o cortiço de Joana continua carregado de festas, fofocas e confusões. Agora, Roque está prestes a lançar sua primeira música e acredita que vai se tornar um artista de sucesso. Dona Joana segue lidando com o luto pela perda de seus dois filhos e com a convivência conflituosa com os inquilinos. E Neuzão perdeu seu bar para uma turma de caráter duvidoso. O bairro se prepara para a festa de Iemanjá, enquanto lida com as polêmicas dos vizinhos.

Diria que a diretora e roteirista Viviane Ferreira soube brincar com o que Monique Gardenberg fez lá em 2007, e usar bem das formas de expressão atuais tão bem pautadas sobre o mercado negro que tanto é explorado e roubado por outras pessoas, usando de estilos modernos como o metaverso que acaba sendo tratado tanto pela tecnologia virtual, como em poesias na forma de Meta um Verso, e sabendo trabalhar essa desenvoltura a diretora até criou bons momentos na tela. Claro que toda essa ideologia é bem valorizada e mostrada na tela, mas com tudo bem solto interposto entre várias pequenas tramas que se conectam, parecendo mais uma série de vários pequenos capítulos aglomerados em um filme, que não chega a ser ruim, mas que dava para ter uma harmonia mais inteligente e interessante de ver na tela.

Quanto dos personagens, disse isso outra vez para um amigo que Lázaro Ramos nasceu para ser Roque, pois o personagem tem seu gingado, tem seu estilão, e aparentemente você vê que o ator se diverte por completo fazendo o papel, de modo que até seus "merchans" com grandes músicos da Bahia não soam cansativos e funcionam bem, ou seja, ele faz uma boa entrega e agrada. Ainda tivemos bons atos com toda a trupe do cortiço, valendo os destaques tradicionais de Érico Brás com seu Reginaldo bem engraçado, Tania Loko com sua Neuzão, Luciana Souza com sua Dona Joana, Lyu Alisson com sua Yolanda e até Dira Paes com sua Psilene aparecendo mais no finzinho da um bom tom para a trama, não sendo algo muito marcante, mas aonde todos se doaram para os momentos que precisavam fazer na tela.

Visualmente a trama volta ao Pelourinho com bons momentos de dança, música e claro confusões no cortiço que já vimos várias vezes, mostra uma festa de Yemanjá bem trabalhada, e um pouco das ruas da capital baiana, sem grandes destaques cênicos, mas usando bem do que tinha para valorizar cabelos, roupas, comidas e toda a comunidade negra, além do famoso aparelhinho de tecnologia da Meta.

Enfim, é um filme bem simples, que passa a mensagem que desejavam da apropriação cultural, usando de atos meio que bagunçados e soltos, mas que entretém dentro do esperado, então fica a dica para quem gostou da série, e claro do longa original de 2007, conferir. E é isso meus amigos, fico por aqui agora, mas vou conferir mais uma obra nacional agora, então abraços e até logo mais.


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Napoleão (Napoleon)

11/24/2023 01:29:00 AM |

Costumo dizer que fazer um épico é coisa para gente grande, pois são muitos detalhes para trabalhar na tela, são batalhas gigantescas com toneladas e mais toneladas de figurantes (mesmo tendo computação gráfica, ainda precisa de muitos), e claro ainda desenvolver situações que já foram retratadas da melhor forma possível na tela. E com toda certeza o longa "Napoleão" de Ridley Scott assina épico com todas as letras na tela, pois tem estilo, personalidade, batalhas realistas incríveis (algumas cenas até bem chocantes e violentas) e que mesmo sendo notável aonde cortaram as duas horas para ficar mais cinematográfico com 2h30 ao invés das 4h30 que será lançado no streaming daqui alguns meses, funciona bastante e não chega a ser cansativo como muitos críticos internacionais haviam soltado mundo afora, afinal a história é gigante, todas as batalhas são marcantes, e as sacadas familiares dele desejar um herdeiro é divertida demais para ser jogada fora, então vá conferir, curta e relembre um pouco do que estudou na escola, afinal vemos esse homem maluco muito bem interpretado por um dos maiores atores da atualidade, e mesmo já tendo várias outras adaptações, diria que aqui a intensidade agrada bastante.

O longa é um olhar original e pessoal sobre as origens de Napoleão Bonaparte e sua rápida e implacável ascensão a imperador, visto através do prisma de seu relacionamento visceral e muitas vezes volátil com sua esposa e verdadeiro amor, Josephine. Era no calor da batalha que a mente talentosa de Napoleão como estrategista militar brilhava mais e ao mesmo tempo ele travava uma outra guerra: uma cruzada romântica com sua esposa adúltera. Vindo do nada, como um oficial de artilharia do exército francês, o longa retrata sua jornada, até ser derrotado e exilado na ilha de Santa Helena. Conquistando o mundo para tentar conquistar o amor dela, suas táticas lhe renderam uma forte reputação e foi preciso sete coalizões de potências diferentes para derrotá-lo. No entanto, quando não consegue conquistar seu amor, ele tenta destruí-la - e destrói a si mesmo no processo.

Sei que muitos odeiam o diretor Ridley Scott, seja pelo seu jeito exagerado ou pelas loucuras que costuma fazer em seus filmes, mas uma coisa é inegável, ele sabe fazer filmes gigantescos com tudo o que precisa para impactar na tela, e aqui com o roteiro de David Scarpa ele conseguiu brincar com a personalidade maluca de um dos personagens mais icônicos que o mundo já viu que é Napoleão Bonaparte, e a entrega na tela tem um lado cômico bem colocado com as cenas do protagonista desejando a esposa a todo momento, tem um lado insano no estilo das batalhas imponentes que o diretor entrega na tela, e claro tem o lado bonito de uma fotografia quase que perfeita cheia de envolvimento e nuances, de tal forma que em muitas cenas tudo é tão amplo que praticamente somos transportados para dentro da história com a forma escolhida para filmar em ambientes bem abertos que mostrassem bem toda a dimensão do projeto. Claro que é um filme que muitas coisas já sabíamos de outros filmes e claro do nosso período na escola com as aulas de História, mas que tanto o diretor quanto o protagonista conseguiram marcar na tela e ir além.

Quanto das atuações, tivemos muitos personagens marcantes, mas o filme é de Joaquin Phoenix que entregou seus trejeitos malucos, olhares imponentes e claro alguns "tiques" que nem sei se realmente Napoleão fazia coisas desse estilo, mas que acabaram sendo engraçadas de ver, principalmente nos atos mais tórridos com sua esposa, e ele fez o filme ser dele, tanto que se me perguntarem qual outro personagem apareceu bem na tela praticamente não teria quem citar, além dos que vou falar abaixo, ou seja, deu seu show e agradou. Diria que Vanessa Kirby ficou muito em segundo plano com sua Josephine, mostrando claro uma grande importância na vida do personagem principal, mas fez ares tão sem grandes expressões que quase esquecemos dela no filme. Dentre os muitos outros que aparecem vale um destaque para Rupert Everett como Duque de Wellington (claro pela batalha final de Waterloo) e Edouard Philipponnat como Tsar Alexander da Rússia pelos trejeitos bem encaixados com ares irônicos bem colocados. 

Visualmente a trama é incrível, mostrando os palácios franceses, as diversas batalhas que Napoleão ganhou e a que perdeu, com destaque para a primeira batalha na Rússia com o gelo partindo e levando todos para o fundo do lago, vemos muitas cenas com animais o que deu um fluxo ainda maior para a trama, muitos tiros de canhões e todas as táticas de guerra da época, claro lotado de figurinos imponentes e marcantes, mostrando bem a França da época e todo o simbolismo de brigas entre monarquia e república.

Enfim, é um filme bem grandioso que talvez pudesse ter ido um pouco mais além nas histórias mais fechadas, mas que como uma boa trama representativa de personagem e de guerra acaba valendo a conferida na telona, só não sei se terei coragem de ver a versão estendida quando sair na AppleTV+, mas irei pensar com carinho, e fica a dica para todos. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Culpa e Desejo (L’été Dernier) (Last Summer)

11/22/2023 10:36:00 PM |

Costumo dizer que para um filme envolvendo traições e tabus funcionar bem, ele precisa ser explosivo o suficiente para que o público entre na onda dos protagonistas, pois se for entregue algo que não crie uma tensão e expectativas quanto do descobrimento do rolo, do conflitivo relacionamento pós-traição, e ainda mais se os personagens não tiverem um carisma sexual interessante para convencer o público de tudo o que está rolando ali. E infelizmente o longa "Culpa e Desejo", que estava em cartaz no Festival Varilux de Cinema Francês, e agora vai estrear comercialmente em algumas salas do país à partir de quinta 23/11, não tem nenhum desses atributos que falei acima, sendo uma relação monótona entre madrasta e o filho do marido (que nem parece ser algo desejável realmente), um casal sem sal nenhum (esposa e marido), e quando o desenrolar parecia que ia engrenar, a diretora resolve encerrar com algo mais simples ainda. Ou seja, é daqueles filmes que você até tenta se empolgar, tenta criar algum vínculo, espera que algo mais tenso aconteça, e ficam apenas no básico, o que desaponta demais, que só não vou comparar com outras versões, pois "Rainha de Copas" embora seja polêmico e mais intenso, também não explode como poderia.

A sinopse nos conta que Anne é uma renomada advogada especializada em violência sexual contra menores. Ao conhecer o filho de 17 anos de seu atual parceiro, ela inicia um relacionamento com ele. Ao fazê-lo, corre o risco de pôr em risco a sua carreira e desmembrar a sua família.

Agora um fato bem interessante é que assim como a versão dinamarquesa, aqui também temos uma diretora e roteirista mulher, Catherine Breillat, pois conflitos de traição e abusos geralmente vemos sob a ótica masculina e já tinha até dito isso no texto do longa dinamarquês, e aqui diria ainda mais, falando que faltou atitude da diretora para que fosse além, e sei que ela tem, pois no seu filme "Uma Relação Delicada", ela foi imponente nesse sentido e criou muitas desenvolturas para que o filme tivesse uma boa pimenta na trama, o que não ocorre em ato algum aqui. Ou seja, a diretora fez algo muito simples e artificial na tela, de modo que fica tudo muito aberto e sem sal (quanto mais dizer pimenta!) para uma trama que podia ter ido muito mais além, ter problemas imponentes, ter uma pegada no flagra, e até quem sabe algo pior, e assim sendo não foi além de algo morno e cansativo.

Quanto das atuações, diria que Léa Drucker até trabalhou sua Anne com uma intensidade bem colocada e alguns trejeitos mistos entre sérios e por vezes tentando uma descontração no olhar, mas faltou a atriz ir mais além, mostrar uma desenvoltura na personalidade e se soltar mais, de tal maneira que até mesmo seu caso profissional pareceu algo jogado demais com as caras simples demais da atriz, e olha que sabemos que ela tem pegada pelo seu currículo, mas não mostrou isso no longa. Outro ponto bem controverso do longa ficou a cargo de Samuel Kircher com seu Théo, pois você não consegue classificar ele como um jovem problemático nem alguém que a protagonista possa sentir algo por ele, sendo "adolescente" demais para um papel que pedia um jovem quase adulto com pegada pelo menos, e dessa forma acabou ficando muito bobo na maioria dos atos. Agora sem dúvida Olivier Rabourdin entregou um corno com todas as letras com seu Pierre, sendo daqueles personagens que não enxergam um palmo a frente do seu olho, e como o papel pedia isso acabou fazendo bem os trejeitos, mas dava para dar um pouco mais de imposição ao menos na discussão com a esposa. E ainda tivemos Clotilde Courau com sua Mina, a irmã da protagonista que vê a cena em pleno flagra, faz um mini-escândalo, mas não explode, nem entrega nada que fosse chamativo o suficiente, de tal maneira que dava para ter ido além também. 

Visualmente a trama mostra um pouco de uma casa de família rica, sem muitos detalhes, mostra alguns atos numa lagoa bem paradisíaco se não tivessem junto as crianças, alguns atos numa garagem/armazém, uma festa de aniversário, e claro alguns atos sexuais bem calmos sem grandes desenvolturas no quarto do rapaz e na rua, ou seja, quase não tendo ambientes marcantes nem elementos cênicos que funcionem, o que mostra uma trama bem barata também que não quiseram gastar para ao menos se impor com luxo pelo menos, deixando isso a cargo somente dos carrões da produção.

Enfim, é um filme que de cara já tinha colocado alguns pés atrás quando vi a programação do Festival Varilux, primeiro pelo fato dos franceses terem tantos bons roteiristas que não precisariam readaptar uma obra já sem grandes surpresas como é o original dinamarquês, e depois colocar um casa com tão pouca química que não chama atenção em nada, resultando em algo morno, que só não falo que é muito ruim, pois tem uma dinâmica que não chega a dar sono, mesmo sendo cansativo, e assim sendo só recomendo a conferida se não tiver mais nada para ver. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Leo

11/21/2023 10:41:00 PM |

Logo de cara tenho de falar duas coisas sobre a animação da Netflix, "Leo", que é bem bonitinho, cheio de sacadas inteligentes bem colocadas com morais e tudo o que uma animação deve ter, e que mesmo sendo voltado para os menorzinhos, com uma temática até que bem infantil, vai agradar bastante todos que entrarem na onda do último ano do ensino fundamental. Dito isso, o filme é bem divertido, os personagens tem estilo e conseguem ter carisma suficiente para segurar bem a trama, e as grandes companhias concorrentes de animações que se cuidem, pois a Netflix investiu bastante no estilo, tendo texturas bem chamativas, e mais do que isso, sabe o público que quer atingir, de tal forma que o longa aqui não foi pensado para vender para todos, e nem é isso que queriam, e assim consegue agradar e divertir bastante com o resultado final, aonde o personagem principal acaba quase como um conselheiro bem trabalhado para os vários problemas do fim da primeira infância.

O longa nos mostra que Leo é um velho lagarto que está há anos preso com uma tartaruga em um terrário na sala de aula de uma escola. Então, ao descobrir que tem apenas mais um ano de vida, Leo planeja fugir das quatro paredes de vidro para viver o restante de seu tempo no mundo fora. Porém, nada vai como planejado, já que ele se envolve com os problemas da turma. No final, seus últimos desejos não são nada como imaginava - ou planejava - mas o resultado o surpreende.

O mais bacana que os diretores Robert Marianetti, Robert Smigel e David Wachtenheim perceberam no roteiro inicial de Adam Sandler junto com Robert Smigel e Paul Sado foi que eles não deveriam elaborar algo que fosse para os adolescentes, mas sim para o grupo de crianças mais novas e seus pais, de modo que os mais velhos até podem curtir algumas boas sacadas, rir de algo infantil, mas que o foco ficasse nos pequeninos que já estão se achando "grandes", e assim a trama funciona muito bem, pois os pais vão achar tudo bonitinho, vão lembrar dessa época insana, e ainda saber como dar os mesmos tipos de conselhos para seus filhos, além claro de entrarem na onda, afinal o personagem tem um ótimo carisma e contou com dublagens perfeitas tanto na língua original quanto na incrível dublagem brasileira cheia de sacadas bem alocadas. E mais do que isso, o filme poderia funcionar perfeitamente como apenas uma animação tradicional contada linearmente sem floreios, mas o que já disse em outras animações que é o fator Disney que dá a grandiosa magia nos seus filmes: a cantoria! E ela foi muito bem colocada nas duas versões, usada sem precisar apelar, e tendo noção para não ficar chata, o que faz o filme funcionar ainda mais. Ou seja, boa história para o público-alvo certo, com texturas bem interessantes, carisma e ainda cantoria bem encaixada, não tinha como errar, e pronto, filme delicioso de ver.

Quanto dos personagens e seus dubladores, vou falar mais da versão dublada brasileira, afinal embora seja contra a dublagem em filmes com pessoas reais, nas animações gosto bastante do que os dubladores profissionais fazem, e claro que a voz tradicional de Adam Sandler foi feita por Alexandre Moreno, seu dublador oficial no país, e ele soube conduzir com maestria toda a personalidade de Leo, não dando tons de um animal na idade normal, mas sim um senhorzinho que tem carisma e muita desenvoltura, que gosta de conversar e dar conselhos, e que é muito sagaz para convencer todos de que eles são os únicos que conseguem ouvir ele sendo especiais, e essa sacada do personagem é brilhante, pois ousa com a ingenuidade das crianças, e brinca da mesma forma que muitos vôzinhos fazem mundo afora, ou seja, o personagem Leo é muito bem colocado e gracioso na medida para envolver o público como todo bom protagonista deve ser. Ainda tivemos Mário Jorge dando sua voz para a tartaruga Squirtle, que no original é feita por Bill Burr, e com um ar mais rabugento, cheio de diretas bem colocadas consegue divertir ao mesmo tempo que critica tudo, e ficou perfeito de ver. Agora falando mais de alguns personagens foi bem bacana ver a professora substituta bem imponente e cheia de traquejos bem diferente da boazinha professora original que estava grávida tirando sua licença, vemos crianças recheadas de problemas de personalidades prontas para serem aconselhadas por alguém que as escute, diferente do que muitos pais fazem normalmente, e assim tudo acaba se encaixando bastante no jeito desesperado de uma falar, da outra necessitando de afeto por ter os pais separados, o jovem que é valentão, mas oco por dentro, e tudo mais que já vimos nesse mundinho infantil, e que a equipe soube desenvolver perfeitamente dentro da trama.

Como já disse a equipe trabalhou muito bem texturas, e da mesma forma visualmente a trama tem um estilo bem próprio e lúdico, cheio de traços bem colocados e um formato tridimensional bem colocado que envolve sem forçar a barra, tendo ambientes tradicionais como uma escola primária cheia de detalhes, mostrando desde os pequeninos malucos destruindo tudo o que tiver na frente deles até os mais velhos e problemáticos da quinta-série, e focando mais na sala de aula e no terrário dos bichinhos, mostrando ainda as casas dos garotos desde o mais rico com uma festança, até uma viagem bem insana. Ou seja, tudo sem exagerar e agradando demais na tela.

Enfim, mais um grande acerto da Netflix nas animações, que possivelmente irá brigar pelos prêmios junto dos grandões na temporada das premiações, de tal forma que talvez pudessem já dar algumas nuances de uma possível continuação, mas como é finalizado Leo deve ficar com a turma dos mais jovens ainda, então veremos o que virá. E é isso pessoal, recomendo que se você for próximo do público-alvo como disse, pode dar play tranquilamente, e fico por aqui hoje, então abraços e até logo mais.


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O Primeiro Dia da Minha Vida (Il Primo Giorno Della Mia Vitta) (The First Day of My Life)

11/21/2023 12:42:00 AM |

Já vi muitos filmes que trabalham o pós-morte, entregando passagens de pessoas que veem seus últimos dias, a sua vida, tentando refletir aonde errou, o que poderia ter feito diferente, e até alguns com sacadas em cima da ideia de voltar para a vida arrumando isso tudo, mas dificilmente sabemos realmente o que ocorre quando desligamos nossas pilhas vitais, e ainda tem todo o lance polêmico em cima de o suicídio ser um grandioso pecado frente aos costumes religiosos. Então a sacada no longa "O Primeiro Dia da Minha Vida", que pode ser conferido no Festival de Cinema Italiano, propõe que ao cometer um suicídio, a pessoa ainda tem um encontro com um homem que irá lhe fazer refletir em dinâmicas por sete dias antes de efetivar a sua passagem para algum lado, e claro fazer a pergunta se deseja realmente se matar ou voltar para uma vida nova que pode ter altos e baixos, mas que valerá mais a pena dessa vez. O longa não é daqueles que vão emocionar dentro do clímax ou durante algumas cenas mais pesadas, mas sim algo que tem um conteúdo bem trabalhado para fazer refletir sobre a vida e sobre as possibilidades que damos ou deixamos de fazer, e assim o resultado acaba sendo bem interessante por completo, o que faz valer uma boa indicação de play.

A sinopse nos conta que um homem misterioso se apresenta a quatro pessoas que atingiram o fundo do poço e desejam acabar com suas vidas, para propor-lhes um pacto: uma semana para redescobrirem o amor pela vida. Seu propósito é oferecer a possibilidade de ver como o mundo seria sem elas e ajudá-las a encontrar um novo significado para suas existências. Uma história sobre a força de recomeçar quando tudo ao redor parece desmoronar.

Diria que o diretor e roteirista Paolo Genovese soube desenvolver tão bem as nuances do grupo, que acabamos nos envolvendo tanto com todos juntos que talvez a frase que o garotinho fala no final de se eles se lembrarão deles depois deveria ser se eles poderiam ficar juntos ali, afinal formaram quase uma família meio que bagunçada, mas cheia de problemas e pessoas bem diferentes, e ele conseguiu ser ousado com cenas densas, mas também bem afetivo nos atos mais emocionais, sabendo exatamente aonde dosar mais ou menos impacto, criando personagens difíceis de lidar, mas também tendo outros tão gostosos que acabamos nos apegando, e essa síntese acaba sendo bem primorosa no resultado final da trama. Ou seja, não vemos um filme explosivo, nem um daqueles que vão fazer você lavar sua sala de tanto chorar, mas que sabe trazer a mensagem com uma boa dose de força para que a reflexão leve o público a amar seus atos independente de dias bons ou ruins, e isso é algo que bem trabalhado ganha uma força incrível, como acabou ocorrendo com seu longa.

Quanto das atuações, o destaque maior ficou claro para Toni Servillo com seu personagem misterioso que não tem nome, sendo chamado apenas de Uomo, mas que trabalhou sentimentos e trejeitos com tanta desenvoltura, passando sua mensagem e envolvimento do começo ao fim para ficar bem marcante na tela e na vida das pessoas, não sendo muito duro, nem emocional demais, mas cativando o público com um carisma incrível que vale a pena sentir ele, ou seja, deu show. Outro que já foi bem mais fechado de trejeitos e conseguiu encontrar um final esperado e muito marcante foi Valerio Mastrandea com seu Napoleone, que não saiu de seu personagem forte um segundo que fosse trabalhando intensamente e bem colocado. Ainda tivemos bons atos marcados com Margherita Buy e sua Arianna bem imponente e determinada, bem ao estilo de uma policial durona, mas que teve atos cativantes  e emocionais que deram uma leve quebrada, também tivemos Sara Serraiocco bem dramática com sua Emilia, mostrando um pouco da dor de ginastas de alta performance com suas cobranças, mas sem dúvida o melhor destaque possível da trama ficou a cargo do carismático garotinho Gabriele Cristini com seu Daniele cheio de personalidade e desenvoltura, conseguindo trazer todos para si, sendo bem sagaz em cena e marcando presença em todos os atos, o que fez dele perfeito em cena.

Visualmente a trama teve um ar bem mais fechado, com um hotel meio que abandonado, mas muito bem arrumado aonde os protagonistas são levados para viver nesses dias, um cinema caindo aos pedaços, mas bem interessante de trabalhar o lado da pipoca apenas para dar o cheiro de um bom filme, uma casa na praia aonde é desenvolvido alguns sonhos e desejos, além de cenas em cemitérios e hospitais, tudo bem regado à muita chuva para pesar um pouco mais na dramaticidade da trama, mostrando aonde os personagens teriam seus futuros e o que rolou após suas partidas, ou seja, a equipe de arte trabalhou bastante cada locação e seus devidos elementos cênicos para que tudo ficasse marcante em cada ato, valendo o envolvimento por completo.

Enfim, é um longa pesado se olharmos a fundo, mas que também tem cenas bem doces e gostosas de ver, num trabalho que se desenvolveu muito fácil, tendo praticamente uma divisão bem exata do tempo de filme com cada um dos dias que se passam na trama, e o resultado final junto de ainda ótimas canções acabam nos levando a um resultado quase que perfeito de se conferir, que vale demais a indicação de dar play durante o Festival de Cinema Italiano, que está rolando online e gratuito no site deles, então não perca tempo e confira. E é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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A Força da Amizade - Um Caminho Com Padre Pio (Ci Alzeremo All'alba) (We'll Rise at Down)

11/20/2023 06:30:00 PM |

Costumo dizer que filmes religiosos entregam pegadas bem colocadas em suas tramas, mas que de maneiras ingênuas se perdendo nos miolos e precisando acelerar o processo para uma finalização emocional, e isso é ruim, pois fica parecendo que precisaram cortar algo para que o resultado ficasse completo, claro que isso atrapalha um pouco a ideia final, mas para o público-alvo a dinâmica acaba convencendo, afinal como dizem, foi um milagre dando tudo certo no final. Comecei o texto do longa "A Força da Amizade - Um Caminho Com Padre Pio" dessa forma, pois o filme tem uma ideia até que bem interessante de mostrar a espiritualidade em cima das crianças, mostrando um jovem que durante uma visita ao museu do Padre, resolve escrever um livro durante as suas férias, sobre as pessoas que estão vivas ainda e conviveram com o Padre, e isso é bonito de ver, afinal mostra tanto o seguimento de uma criança para uma carreira de escritor, um bom projeto de férias, e claro a conexão religiosa dele, o que facilmente recai como algo belíssimo para os jovens da Igreja, e dava para fluir bem tudo dentro de um planejamento adequado, mas faltou desenvolver um pouco mais o clímax do longa na viagem do garoto por uma estrada sagrada, afinal ocorre tudo muito rápido ali, e ao voltarem para suas casas já ocorrem dois milagres tão repentinos, e pronto fim. Ou seja, faltou desenvolver o final, não sendo ruim a trama em si, mas parecendo faltar com tudo apenas para finalizar, o que desapontou um pouco.

A sinopse nos conta que Luca é um garoto de 12 anos de San Giovanni Rotondo, ao sul da Itália. Ele é inteligente, perspicaz e determinado. Após visitar a igreja e o museu de Padre Pio de Pietrelcina, ele conta aos pais seu plano de fazer uma investigação entre as pessoas que conheceram o santo, a fim de coletar seus testemunhos e escrever um livro. Luca contará com a ajuda de seu amigo Sebastiano, cuja situação familiar o aflige.

Diria que o diretor e roteirista Jean-Marie Benjamin demonstrou um bom conhecimento da vida do Padre Pio para trabalhar seu roteiro e dar as devidas nuances que os garotos usariam em seus diálogos, de tal forma que ele consegue dar cadência e envolvimento no estilo deles trabalharem seus olhares e envolvimentos com o tema, ou seja, é notável que muita coisa vem proveniente do roteiro e não da curiosidade dos garotos, pois sempre com trejeitos sérios e fechados demais, não demonstraram tanta vontade de desenvolver a história como algo real acontecendo, mas sim meio que robóticos demais na estrutura que peca um pouco como cinema realmente, mas como a história é boa e passa bem a mensagem do aprendizado, isso daria para ficar em segundo plano, bastava o diretor avançar um pouco mais e criar mais alguns atos antes do final, que aí sim tudo seria comovente e envolvente independente dos atores, mas como acontecia muito antigamente, ficou parecendo que acabou o rolo de filme e precisou parar com as filmagens, lançando o que tinha conseguido filmar até aquele momento, e isso pesou ainda mais sobre o longa, parecendo um pouco falso demais todo o ar comovente do fechamento. Ou seja, não é um filme ruim, muito pelo contrário, tendo boas conexões com o público-alvo que são pais e crianças religiosas, mas dava para ter desenvolvido melhor o terceiro ato para pegar também pessoas comuns que vinham se conectando com a ideia completa da trama.

Quanto das atuações já disse que os jovens não pareceram realmente empolgados com tudo o que estavam fazendo na tela, e isso pode até ser um pouco o peso da dublagem, que deu vozes bem mais empolgadas do que os trejeitos dos protagonistas, porém diria que a conexão de amizade entre Andrea Solombrino com seu Luca e Mariano Barnabà com seu Sebastiano foi bem trabalhada, sendo interessante de ver o envolvimento entre eles, e claro seus devidos interesses nas cenas mais trabalhadas, além claro de bons atos familiares que encaixaram bem dentro da proposta da trama. Quanto aos demais, vemos algumas boas entrevistas com padres e pessoas comuns da cidade, vemos os personagens que fazem pais dos protagonistas com ares até bem entusiasmados, mas sem dúvida vale o destaque para Karol Mazzei como a irmã de Luca, que teve boa desenvoltura em seus atos e acabou agradando com o que fez nas suas cenas.

No contexto visual a trama visita algumas igrejas, alguns museus e também casas de algumas pessoas, em ambientes simples, mas bem colocados dentro da proposta da trama, mostrando sempre os protagonistas pedalando suas bicicletas entre as cidades, indo de encontro com seus entrevistados, também aparecendo em programas televisivos, bem como mostrando as casas deles com a família de Luca mais bem sucedida com o pai médico pesquisador, e a de Sebastiano mais pobre, mas também não sendo algo tão impositivo na trama, de modo que o resultado até poderia ter ido mais além mostrando um pouco mais da bela região aonde eles vivem, mostrar algo mais da gruta do Padre Pio e até um envolvimento maior nas igrejas tradicionais da região, mas não era o que se propunha, então foram mais singelos.

Enfim, é um filme até que interessante dentro da proposta, que alguns vão gostar bem mais que outros, que claro é voltado mais para as crianças e pais religiosos, que até dava para ter ido bem mais além, mas que funciona para o público-alvo, então se você se enquadra nesse grupo fica a dica para a conferida a partir do dia 23/11 nos cinemas. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Tia Virgínia

11/20/2023 12:07:00 AM |

É sempre bem interessante ver os vértices de alguns longas nacionais mais introspectivos que conseguem transbordar ideais que ao mesmo tempo que soam divertidos também passem um certo medo em cima da ideia que entregam, e quem não conferir o longa "Tia Virgínia" imaginando quem seria a possível protagonista do caos natalino em sua família não vai enxergar a trama do modo que deve ser feito, pois o longa tem uma pegada tão bem trabalhada nesse sentido, aonde você vai vendo todas as possibilidades de o filme recair para algo tão implosivo que é de se esperar o pior a qualquer momento, mas com o fechamento escolhido ficamos até bem impressionados, principalmente pelo show que Vera Holtz dá na tela, o que está fazendo com que ela ganha diversas premiações no país, e mais do que isso, diria que a cara do filme mostra o motivo de que esse deveria ter sido o escolhido para nos representar nas premiações principais do cinema, pois é algo mais característico mundialmente aonde o público de votantes conseguiria entender bem a sina da protagonista, mas como sempre, não é o que ocorre, então veja a trama com esse olhar que indiquei, pois vai ser muito engraçado ver tudo, e também vai dar um medinho em quem tem algo a mais para falar nas festas da família, afinal o Natal tá pertinho!

O longa conta a história de uma mulher de 70 anos que não tem nenhum filho e nunca se casou, e acaba sendo convencida pelas irmãs, Vanda (Arlete Salles) e Valquíria (Louise Cardoso), a se mudar para outra cidade a fim de cuidar dos pais. Se passando em apenas um dia, o filme acompanha a preparação de Virginia para receber as irmãs que estão vindo até sua casa para celebrar o Natal.

Se no primeiro filme de Fábio Meira ("As Duas Irenes") eu reclamei que faltou ele ser mais subjetivo e não enfeitar tanto o doce enrolando a trama "enchendo linguiça", aqui ele já deixou praticamente tudo da forma mais subjetiva possível, aonde você praticamente tem de ir entendendo todas as nuances possíveis ou ter alguém meio que parecido na família para que a ideia como um todo chame você para o embate, pois seu filme é quase que algo tão imponente que fala sozinho, mas sem uma abertura para clichês ou jogadas clássicas dos gêneros que se propõe. Ou seja, o diretor e roteirista conseguiu fazer um longa sem ser explosivo, com nuances tão pesadas que não tem como esperar que fosse ficar leve de fechamento, e isso é algo brilhante, principalmente no cinema nacional, aonde tendem a deixar o lado pesado nos finais para que o filme fique mais "bonito", e aqui a pegada foi além e funcionou bastante.

Quanto das atuações, a trama mostra o motivo que Vera Holtz cai muito bem em personagens que tenham uma explosão dinâmica forte na tela, seja com vilãs ou personagens mais problemáticos, pois ela como alguns costumam falar "coringou" por completo com sua Virgínia, começando seu dia com alegria mesmo tendo trabalhado aos montes para deixar a casa perfeita para a noite de Natal com a família, cuidou de sua mãe para ficar apresentável para as irmãs, preparou tudo com muito envolvimento, mas quando começa a levar pancadas vai guardando tudo até a explosão máxima, e aí é que entrou em jogo todas as facetas da atriz que amamos ver na tela, dando seu show inicial no miolo como apenas uma palhinha, e voltando claro ao final com tanta personalidade e desenvoltura dançando uma música ignorando totalmente o diálogo dos demais personagens, ou seja, se jogou por completo. Ainda tivemos Arlete Salles bem imponente como sempre com sua Vanda, com ares encorpados bem trabalhados daqueles que querem fazer as coisas, mas mais atrapalham do que realmente fazem, vemos uma Louise Cardoso toda trabalhada na arrogância se achando por completo com sua Valquíria. O  elenco se completa bem com Daniela Fontan como a sobrinha que botou peitos, Iuri Saraiva como o sobrinho que se formou em medicina e bebe aos montes, a empregada vivida por Amanda Lyra, além claro de Antonio Pitanga como o marido de Vanda já meio caduco e Vera Valdez fazendo a mãe das mulheres já quase morta no ambiente, mas com olhares e trejeitos bem imponentes para dar um bom destaque para tudo.

Visualmente a trama entrega uma casa simples, mas de uma família mais próxima da classe média em preparação para a ceia de Natal, vemos roupas marcantes, os vários quadros com fotos da família na parede, o tradicional presépio montado com luzes e tudo bem bonitinho, uma vitrola numa sala com um fundo de quadro bem representativo, alguns poucos quartos e dependências que dão briga para a noite, uma cozinha simples e organizada aonde também rolam algumas desavenças, ou seja, tudo em uma única locação bem utilizada pela equipe de arte para dar as devidas nuances que o filme precisava.

Enfim, é um filme que tem uma estrutura simples, mas que vai se abrindo cheio de personalidade em cima da protagonista, de tal forma que não tem como não se envolver com a protagonista, e claro com as demais personagens também, aonde alguns acabarão defendendo um lado, outros o outro, mas que no final de tudo o que vale realmente é a explosão da protagonista com tudo o que tinha preparado, sendo algo que vai muito além do simples, mas sim uma trama completa que vale muito a recomendação de conferida. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.


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Netflix - Rustin

11/18/2023 01:20:00 AM |

Costumo dizer que o cinema tem muitas pautas para trabalhar, e representar épocas é a principal delas, pois muito se fala sobre a segregação racista dos anos 50/60 nos EUA, e poucas vezes estudos algo bem rapidamente como tudo acabou mudando, e sempre que ouvimos falar do tema só vem um nome na cabeça Martin Luther King Jr., mas existiram muitos outros nomes por trás da grandiosa marcha e claro nas organizações das pautas para que as leis mudassem por lá, e um dos nomes é do ativista homossexual Bayard Rustin, que a trama da Netflix, "Rustin", traz para que conheçamos um pouco mais desse grandioso organizador que soube liderar muitas pessoas para que tudo explodisse da forma que foi a Marcha pela Liberdade de 1963. Claro que o filme poderia ter trabalhado mais sobre a Marcha em si, mas já tivemos também outros filmes que trabalharam isso, e aqui a sacada foi mostrar o homem por trás de tudo, e a sacada foi muito bem trabalhada pelos atores protagonistas para que o filme fosse bem imponente.

A sinopse é bem direta e nos conta que como arquiteto da importante marcha de 1963 em Washington, Rustin desafiou a autoridade e nunca se desculpou por quem ele era, mas foi esquecido apesar de ter feito história. Rustin destaca o homem que, ao lado de Martin Luther King Jr., ousou imaginar um mundo diferente e inspirou um movimento.

O diretor George C. Wolfe ficou muito conhecido com o longa "A Voz Suprema do Blues" que foi indicado a 5 Oscars e acabou levando 2 (Figurino e Maquiagem) em 2020, mas mais do que isso o longa ficou conhecido como o último filme de Chadwick Boseman, e com isso seu filme acabou sendo muito conferido, e se lá ele mostrou uma ginga bem trabalhada nos diálogos, aqui ele novamente entregou uma trama cheia de carisma em cima do protagonista, mostrou muita desenvoltura nos momentos mais próprios fechados e densos, mas principalmente soube ampliar mais o movimento de 1963, pois confesso que se hoje fizesse uma prova jamais falaria que um ativista negro homossexual estivesse envolvido em um movimento tão imponente dessa época, certamente marcando qualquer outra alternativa na prova, e o diretor soube dar voz ao personagem, desenvolveu bem cada síntese emocional, e ao ambientar bem o público na época conseguiu soar marcante na tela, pesando bem a mão em cima disso, o que traz um filme mais fechado dentro do tema, e ainda assim passando bastante carisma com toda a ideia.

Quanto das atuações, não ficaria surpreso se Colman Domingo fosse indicado à muitos prêmios, pois já tinha mostrado muita personalidade no outro longa do diretor, e aqui seu Rustin tem trejeitos fortes, tem dinâmicas bem encaixadas, e mais do que isso tem um carisma próprio que o ator conseguiu desenvolver com uma facilidade que nem parece estar atuando, mas sim brincando de dar voz ao personagem, ou seja, se jogou por completo, se "enfeiou" com uma maquiagem bem trabalhada nos dentes para mostrar o resultado de uma pancada policial, e deu show. Ainda tivemos atos bem imponentes de Aml Ameen como Martin Luther King Jr. bem fechado, mas cheio de presença, Chris Rock fazendo um Roy Wilkins determinado e direto no que desejava mostrar, entre muitos outros que trabalharam cada personagem importante no movimento, valendo dar um destaque para o elo emocional do protagonista com Gus Halper com seu Tom bem respeitoso e diria até apaixonado pelo personagem principal.

Visualmente vemos a organização do movimento em um escritório bem trabalhado, com muitos telefones, vemos as reuniões em um beco no fundo do prédio, as blitz em bares dos contrários ao movimento, vemos toda a preparação para ser algo com policiais desarmados, e claro todo o ambiente na frente da Casa Branca no dia do movimento sendo tudo muito bem representado, e ainda sobrou espaço para conhecemos o apartamento do protagonista, alguns cultos em igrejas que frequentava, e a casa de Martin Luther King Jr., com sua esposa e filhos, tudo bem representativo e com ótimas nuances da época.

Enfim, é uma trama histórica que poderia ter sido melhor trabalhada para mostrar um pouco mais do movimento, um pouco mais da marcha, e até mesmo um pouco mais dos relacionamentos complexos que o protagonista teve, mas aí acabaria ficando arrastado demais, de tal forma que tudo funciona da maneira simples que acabou ficando, sem ser algo pesado e tenso, e que ainda conta com a canção de fechamento de Lenny Kravitz, "Road to Freedom", que pode aparecer também entre as indicadas nas premiações, então fica a dica para conferirem, e eu fico por aqui hoje deixando meus abraços para todos.


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Amazon Prime Video - Seja Meus Olhos (Give Me Your Eyes)

11/17/2023 01:02:00 AM |

Tinha filme do Festival Italiano para ver, tinha filme do Festival Chinês para ver, mas não, eu pensei, faz tempo que não dou play em algo da Amazon Prime Video, vamos ver o que tem por lá de novo, e eis que vi uma trama interessante, parecida com algo que já tinha visto faz um bom tempo de uma pessoa deficiente visual que precisa da ajuda de outra através do aplicativo "Be My Eyes", mas não, só a proposta de "Seja Meus Olhos" era interessante, pois o filme coloca os vilões ou ceifadores como dois idiotas que ficam dançando e fazendo micagens para que a pessoa sinta o medo delas, claro sem enxergar suas micagens, fora que do outro lado da linha tem uma garota que tem fobia de sair de casa, tentando ajudar, mas surtando também com tudo. Ou seja, é daqueles filmes que você se irrita tanto com os personagens que a proposta acaba ficando em segundo plano, ou seja, não é algo ruim de ver, mas é algo estranho demais para convencer o público de que seja algo que vale o seu tempo.

A sinopse é bem simples e nos conta que Jael é uma jovem que sofre de agorafobia e trabalha em casa em uma empresa de tecnologia que conecta pessoas cegas para conseguir ajudas diversas. Uma noite, ela recebe uma ligação de Alejandra, uma misteriosa garota cega que está sendo perseguida por assassinos que querem matá-la. Jael e Alejandra precisam unir forças e superar os seus medos para sobreviver.

Diria que o diretor Gary Auerbach trouxe uma perspectiva até que interessante para o seu filme, de modo que até dá para entrar na tensão da garota que está desesperada do outro lado da linha, e claro no estilo meio que de medo mas também de coragem da garota deficiente, de tal forma que o problema da trama está no roteiro, pois não é nenhum pouco convincente a história da garota deficiente que tem a madrasta atrás dela com ceifadores mascarados que não matam de cara, mas sim ficam fazendo você passar medo, e os personagens foram muito toscos, não entregando nada que agradasse ver em seus personagens, ou seja, até seria interessante a trama com matadores profissionais atrás dela e do seu mentor, que era um assassino que foi tentar matar ela e acabou virando amigo, mas sem as micagens, pois beira o ridículo o que ocorre em algumas cenas, mas ao menos a reviravolta com a garota agorafóbica ficou ao menos interessante, mas também pouco provável de acontecer numa realidade.

Quanto das atuações, diria que tanto Elyfer Torres quanto Hunter King foram bem dinâmicas com as personalidades que passaram para suas Alejandra e Jael, pois enquanto a primeira conseguiu se mostrar deficiente visual (coisa que não é na vida real), trabalhar bem as orientações da outra e se jogar com estilo, a outra fez trejeitos reais de medo de sair de fora de sua casa, de modo que trabalhou bem e conseguiu soar convincente nas suas atitudes. Ainda tivemos um início interessante para Maurício Ochmann com seu Juan, e claro muitos atos de flashbacks para mostrar como ele se tornou um mentor para a garota, mas seu final ficou meio que aberto demais para uma continuação, o que não funciona para a trama. Quanto aos demais, vou preferir nem falar nada, pois não vale a pena.

No conceito visual vemos uma casa bem básica, com um quarto com tranca, uma floresta/bosque com poucas árvores para não atrapalhar tanto a caminhada da protagonista no meio da neve, sendo tudo bem escuro apenas contando com uma iluminação teoricamente do celular, embora haja algo meio de contra para que a personagem aparecesse, e do outro lado vemos uma jovem com um equipamento bem imponente para com seu trabalho dentro de casa, um carro, algumas armas como taser, machete e um martelinho de gelo, e mais próximo ao fim uma pequena casa da árvore, só que no chão, além claro de ficarmos de olho na torre de água, que vai ter um significado mais próximo ao fim também, não sendo algo impressionante, mas também não sendo ruim o trabalho da equipe de arte.

Enfim é um filme que até dava para ter ido mais além, mas que se perdeu no miolo e principalmente jogou tudo fora com os "vilões", sendo algo que não dá para se convencer que alguém faria aquilo, e de uma forma que nem os bonecos do BBB são tão bobos naquele ponto, ou seja, tirando as cenas violentas de mortes no segundo ato, o restante é uma decepção imensa não valendo o play. E é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto amanhã com mais textos, então abraços e até logo mais.


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