O Último Caçador de Bruxas (The Last Witch Hunter)

10/31/2015 02:57:00 AM |

Se existia um filme fácil de assistir sabendo exatamente o que esperar somente vendo o trailer e lendo a sinopse era a maior estreia da semana denominada "O Último Caçador de Bruxas", pois juntar fantasia com bruxas mais Vin Diesel, e ainda adicionar um pouco de comicidade em volta, é resultado puro de sessão pipoca para nada de profundidade e muita ação sem explicações logo de cara. Outra boa definição para a trama é se tínhamos Blade para caçar os vampiros, agora teremos Kaulder para caçar as bruxas, e nada mais. Dito isso, já fica implícito que se você criar expectativas de ver um longa mais profundo ou com um roteiro mais elaborado, certamente não é esse o filme que você irá assistir, pois até é criada uma certa ideologia mitológica para com alguns personagens e grupos, mas nada será desenvolvido a fundo, afinal o mote do filme é ação e bora entrar num carrão para matar a bruxa que matou nosso amigo (qualquer semelhança com outra franquia é mera coincidência).

O longa nos mostra que Kaulder é um valioso guerreiro que conseguiu derrotar a poderosa Rainha Bruxa e dizimar seus seguidores. Nos momentos que precederam sua morte, a Rainha amaldiçoa Kaulder com sua própria imortalidade, separando-o para sempre de suas amadas mulher e filha. Dessa forma, Kaulder é hoje o único caçador de bruxas vivo, tendo passado os últimos séculos caçando bruxas do mal, em nome da saudade que sente de suas amadas. Entretanto, Kaulder não sabe que a Rainha ressuscitou e busca vingança, causando uma batalha épica que determinará a sobrevivência da raça humana.

É bacana ver a forma criativa do roteiro, pois filmes de bruxas é algo que não anda mais tanto na moda, e longas de caçadores menos ainda, e a combinação dos dois estilos acabou ficando tão bem encaixado que tudo flui facilmente, mesmo que para isso o diretor Breck Eisner necessitasse apenas entregar para os protagonistas quais suas gêneses e o público ficasse sem o desenvolvimento sólido de cada personagem, pois realmente isso é um defeito, que muitos aparecem e somem de cena quase que sem nenhuma explicação, e isso é algo que incomoda um pouco, mas quando falaram para entregar ação e muitos efeitos especiais, isso sem dúvida alguma não ficou em segundo plano e o longa deslancha. Um fato interessante de observarmos é que o papel principal não parece feito para Vin Diesel, pois talvez um ator mais grosseiro caísse melhor na trama, mas aí é que entra o dinheiro em Hollywood, pois Vin ganhou muito dinheiro com seus outros longas, e então, virou produtor do longa e se colocou como protagonista, e assim sendo, bola para frente, que o diretor escolheu bons ângulos para trabalhar com o ator e junto dos roteiristas soube adaptar boas piadas para que a comicidade funcionasse também na trama, junto de um misticismo até que bem interessante de analisar, e quem sabe ser desenvolvido em outros longas, afinal dá para sentir tranquilamente o cheiro de uma franquia com a forma que o filme é finalizado, mas isso só a bilheteria vai dizer se ocorrerá ou não.

Já que comecei a falar de Vin Diesel, vamos prosseguir com a forma que entregou sua atuação de seu Kaulder, e certamente mesmo não sendo seu número como um personagem mais histórico, o ator se esforçou para que as boas cenas de ação tivessem ritmo e agradasse junto de poucas expressões, e assim sendo, o resultado não ficou tão falho, mas ainda longe de ser uma de suas melhores atuações nos cinemas. Nosso eterno Frodo, Elijah Wood até teve alguns momentos rápidos, mas não lhe deram oportunidade de chamar atenção para o seu 37° Dolan, e algumas frases suas são tão soltas dentro da trama, que parece que ou cortaram demais suas cenas, ou quem escreveu o texto se perdeu e muito, pois sabemos que o ator é bom, mas aqui foi uma grande decepção. O papel de Rose Leslie aparentemente era algo bem jogado na trama, mas a atriz pegou sua Chloe e deu um charme tão interessante que acabamos nos conectando bem com tudo o que faz, e volto a repetir, que mesmo não desenvolvendo tanto cada personagem individualmente, se houver continuação, acredito que a atriz daria rumos bem trabalhados junto do que já foi mostrado. Michael Caine fica ótimo em qualquer papel que lhe joguem nas mãos, e o ator com poucas cenas para fazer conseguiu trabalhar duas piadas tão bem conectadas que seria excelente entrar numa continuação também, afinal é um ator de alto gabarito e mesmo que somente tivesse em mãos uma gênese de uma tartaruga, entregaria a melhor tartaruga que já vimos no cinema, então seu 36° Dolan é maravilhoso de ver. Julie Engelbrecht foi muito bem maquiada para viver a Bruxa Rainha, e gritando mais do que interpretando seu texto, acaba ficando um pouco forçada, mas infelizmente era seu papel, então fez o que lhe foi pedido, mas poderiam ter dado alguns rumos melhores para ela que agradaria mais. Os demais tiveram participações ainda menores, então nem convém citar, o que é uma pena, pois alguns atores certamente agradariam com mais momentos de tela.

Agora se tem algo que não podemos reclamar de forma alguma no longa é sobre sua concepção visual, afinal tivemos cenas maravilhosas que junto de locações trabalhadas e muita computação gráfica, acabaram resultando em algo que chamou muita atenção, destaque para o bar de poções e claro as cenas de lutas no subterrâneo, que tiveram vida própria na tela e com uma gama monstruosa de objetos cênicos, fez com que o filme tivesse uma das melhores produções artísticas do ano, ao menos no gênero de ação até agora. Além de uma boa cenografia, o diretor de fotografia combinou bem o tom mais escuro para dar uma certa tensão na trama, e claro corrigir imperfeições das muitas cenas filmadas com o fundo verde e criado tudo depois, mas dessa maneira o acerto ficou muito bom, e claro que sempre vão falar que foi totalmente pensado para ser assim. Destaque além desses quesitos técnicos para os bons efeitos especiais que empolgam e não ficaram tão falsos de acompanhar na telona, claro que sempre vamos exigir mais, mas ainda assim o que é mostrado agrada bastante.

Enfim, é um filme pipoca, daqueles que compramos um bom combo no cinema e vamos curtir apenas sem pensar em nada, mas que indo sem expectativa alguma acaba resultando em algo ainda mais agradável e que dá para ser recomendado para outros amigos. Volto a repetir, não é um filme que vai fazer você pensar e muito menos que possui um roteiro elaborado, mas assim como a maioria dos filmes que Diesel protagoniza, o resultado é bem interessante. Portanto, vale a pena conferir ele, afinal nessa fraca semana pelo interior, para quem já viu tudo, é o que está tendo. Fico por aqui hoje, mas volto ainda nessa semana para conferir dois longas atrasados que estão em cartaz, então abraços e até breve pessoal.


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Grace de Mônaco

10/30/2015 12:49:00 AM |

Algumas vezes que me perguntaram o que achava de filmes biográficos ou que se baseavam em personagens conhecidos do público, dei uma resposta fria e conclusiva: que deveriam se prender completamente ao carisma que o personagem tinha e com isso desenvolver uma história cativante, emocionante e que mostraria a alma artística do personagem, ou então esquecer tudo o que a pessoa fez e focar numa história paralela aonde apenas a pessoa fizesse uma leve participação de modo que o filme não fosse sobre a pessoa de maneira alguma, apenas aparecesse ou marcasse em algum momento. Mas infelizmente temos alguns diretores que acabam ficando na dúvida e ficam totalmente em cima do muro, fazendo um filme que não ataque para lado algum e dessa maneira também não agrade ninguém, e o do momento (ao menos no Brasil, já que na maioria dos países foi lançado em Maio de 2014) é "Grace de Mônaco", em que Nicole Kidman até chega a comover pela personalidade que incorpora, mas a história acaba ficando tão cansativa em seu miolo, que por bem pouco esse Coelho que vos digita não acabou dormindo na sala (salvo pelo alimento que levei para a sala!)

O filme nos mostra que o casamento de Grace Kelly e o príncipe Rainier III foi considerado um conto de fadas na vida real quando aconteceu, em 1956. Entretanto, cinco anos mais tarde e com dois filhos, a verdade é que Grace está insatisfeita com a vida no palácio e o distanciamento do marido. A chance de novamente sentir-se útil surge quando seu velho amigo, o diretor Alfred Hitchcock, a convida para retornar ao cinema como protagonista de seu próximo filme: "Marnie - Confissões de uma Ladra". O problema é que Rainier é terminantemente contra e, ainda por cima, está envolvido com uma ameaça vinda do presidente francês Charles de Gaule: caso Mônaco não pague impostos à França e acabe com o paraíso fiscal existente, o principado será invadido em seis meses. Em meio às inevitáveis tensões, Grace e Rainier buscam resolver seus problemas tentando evitar que eles causem o divórcio.

Pronto, basta ler a sinopse acima e você nem precisa assistir mais ao filme, pois está tudo o que irá ocorrer minuciosamente nos 103 minutos de duração da trama, ou seja, 10 linhas que são enroladas calmamente não levando praticamente a lugar algum, e colocando tantos atores para parecer algo mais filosofado sobre questões políticas que realmente acabam esquecendo do título do filme. Um ponto interessante nessa análise seria de quem a culpa, do roteiro que não focou tanto em Grace ou do diretor que superestimou a capacidade de Kidman em chamar a atenção para si no meio de conflitos que não foram tão interessantes (ao menos da forma que foi mostrada)? Como Olivier Dahan conseguiu sair-se muito bem em "Piaf - Um Hino ao Amor", posso apostar minhas fichas que a culpa ficou em meio aos roteiristas e claro um pouco a produção por querer mostrar questões políticas num filme biográfico, ou seja, o filme brecou e o diretor não pode ser criativo como gostaria, e sempre que tentou por algo a mais se perdeu no restante, de modo que sem dúvida alguma o grande ponto da trama é a última cena, e esperar todo esse tempo para uma única cena não é algo que faça o público pagante muito feliz, e assim sendo, alguns países optaram por lançar diretamente o filme em home-vídeo e outros nem isso fizeram.

Sobre as atuações, todos sabemos muito bem que Nicole Kidman é uma excelente atriz, e qualquer papel que lhe for entregue vai ser bem feito, mas Grace Kelly foi um marco muito grande tanto para o cinema, quanto ao virar princesa e ter diversas tarefas sociais e políticas para resolver, e se a atriz não adentrar completamente ao personagem, qualquer uma acabaria ficando fora do que o público iria esperar de alguém que fizesse o papel, ou seja, faltou que a direção entregasse o filme em suas mãos e ela optasse por quebrar todas as regras para fazer tudo o que sabe e agradar, mas para isso, teria de ter outro roteiro em mãos, então que façam outro longa homenageando a princesa que certamente vai sair um bom filme. Tim Roth também é um bom ator, mas seu príncipe Rainier ficou tão fraco e sem opinião formada, que se realmente o governante foi desse jeito, certamente se nossa governante fosse mais jovem poderia dizer que ela é uma reencarnação dele, ao menos a caracterização ficou bem feita. Roger Ashton-Griffiths apareceu apenas quatro vezes, mas podemos dizer que sua incorporação de Hitchcock ficou melhor que todos os outros atores que tentaram em filmes próprios sobre o diretor, impostando voz e caracterização bem próxima do que sabemos sobre ele, ou seja, se fizerem outro filme sobre a vida de Hitch, já sabem quem chamar. Outro ator que mandou muito bem, mas com pouquíssimas cenas foi Frank Langella, mas isso nem precisaria dizer, afinal nunca vi um filme que ele tenha falhado, e seu Padre Tucker ficou tão bem colocado, que várias de suas cenas acabaram chamando mais atenção que o filme todo.

Visualmente, tirando as maquiagens e caracterizações, o longa trabalhou bem pouco a questão cenográfica de um palácio, aparentando um baixo orçamento para a equipe de arte, pois tudo parecia focar mais numa sala de discussões e em varandas, tendo uma ou outra cena que expressasse o luxo da realeza tão característica de Mônaco, e sendo assim o filme acaba ficando fraco nesse quesito que ao menos poderia apagar os erros de roteiro com uma produção ao menos mais grandiosa. Quanto da fotografia, usaram boas cenas com luz natural para realçar alguns tons mais vivos, e nas cenas internas procuraram deixar tudo num cinza mais fechado para criar o conflito político, mas como estamos falando de um longa que mostra uma determinada época poderiam ter trabalhado mais com tons puxando para o sépia que ao menos mostraria algo mais clássico, e não só ficar tentando a todo momento algo que não era possível, outra grande ideia seria jogar o longa inteiro para preto e branco, que certamente viraria algo cult e chamaria muita atenção.

Enfim, é um longa que tentou diversas coisas sem conseguir nenhuma, e volto a repetir minha tese de que se o filme demora mais do que 6 meses para ser lançado mundialmente, certamente é uma bomba que ninguém vai fazer questão de ver, ou seja, não tenho como recomendar o filme para ninguém, pois vai ser algo que não vai envolver como ficção, não vai mostrar nada historicamente importante e que valha a pena ser visto na telona. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas foi apenas o início dessa semana cinematográfica curta, então abraços e até breve meus amigos.


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S.O.S. Mulheres ao Mar 2

10/27/2015 11:55:00 PM |

Não vou repetir a fórmula que passei quando falei de "S.O.S. Mulheres ao Mar" em 2014, quem quiser que leia nesse link, mas agora o novo longa "S.O.S. Mulheres ao Mar 2" segue exatamente a mesma fórmula, porém como já venderam todas as maravilhas do cruzeiro no primeiro filme, agora a dica é o cruzeiro que sai de Miami e vai até o Caribe, ou caso você perca o embarque passeie de carro pelos parques de Orlando da Universal, que é co-produtora do longa, e claro que não ficaria de fora. Mas tirando o tino comercial da produção, o longa até possui uma produção muito bem feita que agrada visualmente, só é uma pena que não desenharam tão bem o roteiro para que ele divertisse mais e envolvesse com história, mas como todos sabem, produtores querem dinheiro, então nem se passou 18 meses direito e já estamos com a continuidade nas telas, e o resultado: é outro capítulo de novela que até passa rápido na tela e certamente vai arrecadar muito dinheiro, mas que logo vamos esquecer tanto quanto o primeiro filme.

O novo longa nos mostra que Adriana, agora uma escritora bem-sucedida, segue feliz em seu romance com André, que está prestes a lançar sua mais nova coleção de moda durante um cruzeiro pelo Caribe. Porém, quando ela descobre que a bela ex-noiva do estilista irá acompanhá-lo em busca de uma reconciliação, Adriana convoca a irmã Luiza e Dialinda - sua ex-diarista que agora trabalha nos EUA - para uma nova aventura.

Uma coisa é certa no novo filme, que a saída de Marcelo Saback do time de roteiristas deixou a trama bem menos gostosa de acompanhar, e isso é algo que pesa bastante no estilo para que o público curta o que vai ver na tela. Não que Sylvio Gonçalves tenha errado na continuidade, mas ele fabricou algo que certamente foi comprado e encomendado, ao invés de desenvolver uma história para cinema mesmo. E dito isso sobre o fraco texto da trama, que infelizmente não faz ninguém rir na sala do cinema, (se o filme é classificado como comédia, já acho que temos um grande erro aqui), a diretora Cris D'Amato (que está nos entregando dois filmes no mesmo ano, essa tem gás mesmo e tá ganhando até do Woody Allen) não conseguiu trabalhar bem os ótimos atores que tinha nas suas mãos e eles acabaram fazendo o que mais sabem fazer: atuar para novela. E assim sendo, temos planos bem tradicionais que vemos todos os dias na TV e mesmo tendo uma cara de road-movie divertido, a trama se perde em querer dar espaço para cada uma das subtramas, ou seja, mais do mesmo.

Sobre as atuações, Giovanna Antonelli não nos entrega o mesmo gás que teve no primeiro filme com sua Adriana, mas ainda assim mostra todo seu potencial de atriz e nas cenas que precisa mostrar toda expressão possível, faz sem pestanejar e agrada demais, só é uma pena que sua história não desenvolveu tanto, senão ela certamente arrasaria. Thalita Carauta está realmente merecendo um filme para chamar de seu, que se existem algumas cenas do longa que valha a pena esboçar um riso são as suas, afinal ela é a única humorista da trama, e sua Dialinda é perfeita no que faz, então fica a dica caso inventem uma nova continuação para a trama, esqueçam todo o restante do elenco e foquem nela, que o resultado cômico vai ser garantido, pois o personagem é bom e a atriz é boa, mas funcionar como subproduto não faz o filme decolar. Fabiula Nascimento é uma atriz bacana e até teve bons diálogos bem encaixados no texto de sua Luíza, mas ficou repetitiva demais e acabou cansando já na terceira tentativa de atrair o rapaz, e isso nem personagem de segundo escalão de novela faz, ou seja, acabou sendo estragada pelo roteiro. O personagem de Reynaldo Gianecchini certamente ficou tão deslocado nas gravações que se não fosse o mote pelo qual a protagonista vai atrás no navio, poderia ser eliminado da trama que nem notaríamos sua falta, e todos sabem o quão bom é o ator para poder ser jogado fora de um longa, ou seja, esqueceram mesmo de desenvolver os personagens para que tudo agradasse mais. Felipe Montanari até tentou parecer um pouco gringo, incorporando trejeitos para o seu Roger, mas se perdeu demais quando começou a enrolar o português com o inglês e virou uma sopa de letrinhas que até era para ser engraçado, mas faltou trabalhar um pouco mais sua conexão com Dialinda para que tudo agradasse mais. Dos demais personagens, todos foram até que bem encaixados nos devidos momentos, afinal o que os brasileiros mais sabem trabalhar nas novelas e filmes são o que chamamos de elenco de apoio, e dessa maneira Gil Coelho como Rafael, Felipe Roque como Maurício, e Rhaísa Batista como Anitta até agradam um pouco nas suas cenas, mas como ninguém assumiu nenhuma responsabilidade maior, o resultado deu no mesmo.

Volto a afirmar, a produção cenográfica caiu muito bem na trama, e claro que com os devidos patrocinadores sendo mostrados durante todo o filme, o orçamento acabou sendo pago facilmente para que os diretores artísticos trabalhassem sem pensar colocando os atores onde a diretora quisesse ter um bom ângulo de sua câmera, e assim sendo, todos passearam e brincaram bastante nos brinquedos dos parques da Universal, usufruíram das instalações do Cruzeiro da MSC e se divertiram nas areias do Caribe declamando seus textos para tentar agradar ao público, mas infelizmente como dizia uma professora da faculdade, um filme não se faz apenas de produção, é necessário ter história, então tudo não passou de apenas propaganda numa telona. Sobre a direção de fotografia, souberam usar bem a luz natural para realçar cada momento, e isso deu tonalidades incríveis para a trama, mas volto a repetir, tudo bem longe do estilo de ser cinema, ficando mais perto da publicidade realmente, então isso acaba sendo um erro.

Agora, se temos de parabenizar alguém do longa, certamente é a equipe que escolheu toda a trilha sonora, pois cada música encaixou perfeitamente para cada cena, inclusive as internacionais acabaram funcionando muito bem para quem entender o que a letra diz, ou seja, deu ritmo para o filme e agradou bastante.

Enfim, é um filme que certamente vai levar o público brasileiro que gosta de novelas para os cinemas, mas quem preferir ver um filme mesmo é melhor optar por outro longa senão a chance de sair irritado com tudo o que verá é alta. Portanto deixo assim minha recomendação para quem for ao cinema conferir o longa sabendo que não verá nada além de um capítulo final de novela bem produzido. Fico por aqui hoje, mas ainda tenho um longa atrasado para conferir nessa semana, então abraços e até breve.

PS: O longa merecia uma nota menor, mas como ficou no mesmo nível do anterior vou repetir a nota que dei no ano passado.

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Goosebumps - Monstros e Arrepios em 3D

10/27/2015 03:14:00 AM |

O gênero aventura com monstros anda meio sumido dos cinemas, e sempre divertiu muito as crianças em sessões exibidas nas tardes antigamente, pois misturavam o imaginário das histórias contadas para assustar, com a criação de algum tipo de herói que salvava tudo. Claro que o problema desse sumiço é um fato bem claro, ou melhor caro, pois o estilo obriga os produtores a desembolsarem uma alta quantia de orçamento, que nem sempre obtém retorno. E infelizmente, isso vem acontecendo com "Goosebumps - Monstros e Arrepios", pois o filme não foi barato e por não ser uma obra totalmente conhecida, o retorno está sendo bem abaixo do esperado, o que é uma pena, já que o filme em si é bem interessante e agrada bastante na proposta, mas poderiam ter infantilizado menos ele e aproveitado mais cada um dos personagens dos livros, não deixando tanto na mão dos personagens humanos que criaram para desenvolver a história. Porém ainda é um filme que tranquilamente se assiste numa tarde chuvosa deitado no sofá comendo uma pipoca, e assim sendo, o resultado da sessão compensa para quem gosta do estilo.

O filme nos mostra que chateado por ter se mudado de uma cidade grande para uma pequena, o adolescente Zach Cooper encontra um pouco de esperança quando descobre que uma linda garota, Hannah mora na casa ao lado da sua. Mas cada moeda tem dois lados, e a má sorte de Zach começa quando ele descobre que Hannah é filha do misterioso escritor R. L. Stine, o autor da aclamada série de livros “Goosebumps”. Acontece que há uma razão para que Stine seja tão estranho... ele é prisioneiro de sua própria imaginação! Os monstros que tornaram seus livros tão famosos são reais, e Stine os mantém presos em seus livros para proteger seus leitores. Quando Zach acidentalmente liberta todos os monstros de alguns manuscritos e eles passam a assombrar a cidade; cabe à Stine, Zach e Hannah a tarefa de trazer todos de volta aos livros que pertencem.

É interessante ver o trabalho de desenvolvimento do roteiro, pois daria para criar inúmeras histórias a partir dos livros do escritor R .L. Stine, que inclusive faz uma pequena participação na última cena do longa, mas optaram por algo tão adolescente e infantil, que em alguns momentos parecem que estão lidando com bebês de tão simples que a história fica, e isso certamente não era a expectativa dos produtores quando compraram o direito das obras, já que os livros do escritor procuram alcançar um público mais juvenil/adulto que gosta de monstros e histórias que façam pensar um pouco, então poderiam ter criado algo em cima disso que agradaria mais e certamente levaria mais público para as salas de cinema. A direção de Rob Letterman até foi bem colocada, escolhendo bons ângulos e chamando atenção para cada elemento que desejava na hora certa, mas ao optar por um filme mais leve, acabou caindo no erro clássico de que colocaria mais público para dentro dos cinemas, o que não acabou acontecendo, e assim talvez algo que tinham em mente de uma continuação acabe nem ocorrendo. Porém acredito que em home-vídeo, o longa se reerga com algum estilo de promoção, colocando junto com algum livro ou colecionável, afinal dá para trabalhar bem com isso, e quem sabe recuperar o erro do estilo.

No contexto de atuação, não posso dizer que Jack Black esteja bem na trama, mas posso afirmar que não saiu forçado como ultimamente vinha aparecendo nos seus filmes, claro que seus trejeitos tradicionais apareceram bem dentro da personalidade do escritor R. L. Stine, mas como quiseram "criar" o personagem assim, o resultado acaba agradando, ah e para quem não reconhecer, uma de suas grandes qualidades é a de dublador de grandes personagens animados do cinema, e aqui além de protagonizar a trama, ainda emprestou a voz para o boneco Slappy e para o Garoto Invisível, e falando em Slappy adoraria ver um filme somente contando suas histórias, pois seria bem sinistro. Dylan Minnete conseguiu encaixar bem a personalidade de seu Zach, mas ficou meio fora de ideologia no quesito idade, pois ficamos na dúvida de estar no colegial(high school) ou algo mais abaixo pela sua forma de vida, claro que isso não é algo que o ator poderia resolver, mas daria para mudar o estilo de atuar e agradar mais ao sair do infantil e recair mais para o juvenil/quase adulto, mas fez boas caretas e agrada no geral. Odeya Rush trabalhou bem com sua Hannah e até surpreendeu ao não demonstrar nada sobre sua real conexão com toda a história, e com uma personalidade forte, mas comovente ao ponto de nos apegarmos a ela, e já por ser seu segundo grande longa, vem mostrando uma consistência de trabalho incrível para uma garota tão jovem, de modo que em breve já devam lhe dar grandes papéis. Ryan Lee tem toda a expressão cômica em sua cara e com trejeitos até que de certo modo forçados, acabamos rindo do que faz, mas se for realmente seguir a linha cômica, precisa parar de fazer caras e bocas, senão em breve vira um ator que só cabe em um único papel, aqui serviu bem para o seu Champ, mas ainda daria para ser mais engraçado sem ser superficial.

Embora o longa conte com muitos personagens digitais, o visual da trama não ficou falso em demasia, claro que alguns personagens poderiam ter sido melhor elaborados, mas em momento algum podemos falar que deixaram um personagem jogado sem uma boa representação gráfica para chamar a atenção para sua cena. Como disse mais para cima, poderiam ter usado menos personagens para dar mais atenção a cada um, pois são bons personagens e procuraram mostrar com fidelidade cada um, o que é um primor da equipe artística, e resultou mesmo com o longa tendo uma temática de suspense, um recheio de cores nos figurinos bem interessante. Além disso, a equipe de fotografia também prezou muito por conter a iluminação ao redor sempre para dar destaque aonde queriam, e a cena do parque de diversões ficou realmente linda de ver. Quanto do 3D, até temos uma profundidade bacana em algumas cenas, mas como o longa foi convertido, o resultado não impressiona tanto nesse quesito, mas certamente o pessoal que gosta, nas cenas que foram colocados vai achar bem legal o efeito.

Enfim, um filme muito bem feito, que diverte e entretém, mas que poderia ser bem melhor se não deixassem ele tão infantil e tão cheio de personagens. No geral dá para recomendar com certeza e é garantido uma boa sessão para todos. Bem é isso pessoal, fico por aqui agora, mas volto em breve com a última estreia dessa semana, então abraços e até breve.


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Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma em 3D (Paranormal Activity: The Ghost Dimension)

10/24/2015 01:57:00 AM |

Podemos dizer que foram ao menos sinceros com os dizeres do pôster: "pela primeira vez você verá a atividade", pois usando o recurso tecnológico de filmarem realmente com câmeras 3D, e usarem bem o recurso de jogar coisas nos espectadores, o resultado de assustar o público no longa "Atividade Paranormal: Dimensão Fantasma" pode se dizer que foi cumprido com muito êxito, porém após cinco filmes da franquia e mais dois longas correndo por fora, podemos dizer com toda certeza que o desgaste foi tanto que a história sumiu, não tendo mais importância alguma para a continuidade, e embora os produtores tenham ficado muito revoltados com o longa lançado no ano passado que não fazia parte da franquia, lá toda a história acabou sendo tão bem contada e conectada, que agora esse que ficou parecendo estar deslocado de toda a trama principal e falhando consideravelmente em tudo que não seja apenas os sustos baratos com os objetos voando e fantasmas aparecendo fora da tela. E desse modo não podemos, infelizmente, dizer que tivemos um filme no cinema para ver, mas um produto que poderia facilmente ser usado apenas numa casa de terror dessas de parque de diversões, numa versão mais alongada e se cortarem para apenas as cenas de susto, acabaria tendo 15 minutos bem colocados para divertir o público que quer somente ver isso.

O longa nos mostra que ao se mudar para uma nova casa com a família, Ryan Fleege descobre uma caixa com dezenas de fitas cassetes de décadas atrás. Estranhamente, as imagens parecem se comunicar com os vivos. Procurando mais, Ryan encontra uma câmera diferente, capaz de registrar atividades paranormais. Com a ajuda da esposa, do irmão e da filha, ele passa a gravar fenômenos malignos que ameaçam seus entes queridos.

Como muitos sabem meu estilo de escrever, nessa parte seria aonde falaria um pouco do roteiro e de como foi a direção, mas por mais incrível que possa parecer, não tenho quase nada a falar, pois volto a frisar, embora toda a franquia seja bem simples de histórias, esse novo longa tem uma das histórias mais fracas já vistas no cinema, pois não cria tensão, o irmão é dispensado pela namorada sem mais nem menos já vai para a casa do outro irmão, tentam colocar datas sinistras no miolo para jogar com o público, mas sem nada que leve a algum lugar, o estilo familiar é bem fajuto entre os personagens, a babá ou sei lá o que aparece e some como se fosse completamente dispensável, e o padre só rindo mesmo de suas cenas, pois acaba sendo usado apenas para tentar "explicar" alguma coisa para o público, ou seja, nada levando a lugar algum. O pior de tudo é saber que foram necessário sete roteiristas para criar isso, ou seja, como Oren Peli foi o criador da franquia e afirmou que esse é o último, espero que ele não libere os direitos para ninguém, pois precisa acabar mesmo. Claro que o trabalho de Gregory Plotkin na direção não foi tão jogado às traças assim, afinal como disse no começo, ele soube usar e bem o recurso que lhe deram para trabalhar com câmeras 3D e na edição aproveitar desse recurso e criar muita coisa bacana voando no espectador, mas infelizmente isso não faz dele um gênio, e agora todos os diretores de longas de terror apenas usarão dessa ideologia para trabalhar quem sabe uma boa história além da tecnologia, e fazer com que ele seja completamente esquecido de ter sido "primoroso" em sua estreia como diretor de longas, depois de passar por tantos outros departamentos e ter editado os quatro longas anteriores.

No conceito atuação, a franquia se orgulha de trabalhar sempre com desconhecidos, afinal sai mais barato e dá para desenvolver sempre novos atores e personagens dentro da ideologia da história, mas dessa vez parece que esqueceram de dizer para os atores que eles deveriam aparentar medo frente ao desconhecido, e a cada nova cena, os personagens estão mais curiosos do que com medo de algo, claro que fogem e se assustam junto com o público, mas a câmera na mão do rapaz quase é capaz de cumprimentar o fantasma e fazer um talk-show com ele antes de correr. Então Chris J. Murray pode voltar a trabalhar como dublador de jogos de videogame que vai se sair bem melhor do que as poucas expressões que fez em todo o longa. A única pessoa que deu algumas boas entonações para seu texto foi a garotinha Ivy George que trabalhou bem sua Leila, e certamente mais para frente quando souber mesmo o estilo de filme que trabalhou terá sérios problemas psicológicos. E claro que as jovens Chloe Csengery e Jessica Tyler Brown irão indicar sua psiquiatra para ela, afinal já sendo o terceiro filme que fazem as jovens Kristi e Katie, já se tornaram garotas fantasmas na vida real também. Dos demais é melhor nem comentar.

A casa dessa vez foi até bem escolhida, mas teve pouquíssima participação no contexto geral da trama, se é que temos algum contexto! O estilo de usar o tão famoso VHS como captura de imagens fantasmagóricas foi bem pensado, afinal quem já viu um filme nas fitas sabe bem que davam alguns fantasmas na imagem, e com regulagens estranhas o resultado era bem estranho mesmo. E junto disso souberam trabalhar bem os elementos que acabaram voando, ou seja, a arte até que trabalhou em prol do longa. A fotografia claro, como todo bom terror, desligou as luzes em quase toda a trama, para que o susto ocorresse, e junto de diversas câmeras com regulagens bem diferentes, o resultado ficou bacana de ver, claro que isso é erradíssimo, mas valeu a intenção. Agora se você vai pagar para ver o filme com menor história dos últimos anos, pague direito e vá conferir em 3D, afinal mesmo tendo bem poucas cenas que o óculos se faz necessário (mesmo tenso sido filmado quase que na integralidade com câmeras 3D), nessas cenas o resultado é bem bacana de ver, e finalmente a tecnologia serviu para o que tanto o público desejava: ver coisas voando em sua direção, assustando por pegar de forma desprevenida, ou seja, volto a repetir a ideia do parque de diversões, e nesse sentido o longa vale a pena.

Enfim, é o pior filme da franquia como história desenvolvida e principalmente na tentativa de causar medo, pois nem uma arrepiadinha ele conseguiu atingir, mas certamente assustar em momentos inesperados o longa consegue trabalhar e bem, ou seja, dá para ficar como um serviço cumprido. Só recomendo ele para aqueles que estiverem muito curiosos para ver o resultado do 3D e tirar sarro dos amigos que irão pular da poltrona com coisas sendo arremessadas, pois do contrário, tem muitos outros filmes melhores passando. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas ainda tenho muitas outras estreias para conferir, então abraços e até breve.


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Ponte dos Espiões (Bridge of Spies)

10/23/2015 02:37:00 AM |

Que Spielberg é aficionado por guerras, isso praticamente todo mundo sabe, e também sabemos que ultimamente ao dirigir filmes tem optado preferencialmente por temas mais politizados, aonde os diálogos predominem frente às explosões, que são mais comuns nos longas que produz de outros diretores, pois desse modo consegue trabalhar mais com seus atores prediletos de uma maneira mais centrada e clássica, como gosta de aparecer em frente dos holofotes. E com "Ponte dos Espiões", ele conseguiu o feito de uma maneira bem mais harmoniosa que seus dois últimos filmes "Lincoln" e "Cavalo de Guerra", pois ao não ficar tão preso à patriotagem americana, o resultado do filme se volta à boa atuação de Tom Hanks, que entregou todas suas expressões à exaustão de um advogado de seguros que virou negociador governamental, e pasmem, o longa é baseado em fatos reais, ou seja, as negociações, os personagens e muita coisa presente no longa existiu realmente. Porém, assim como todo longa clássico do diretor, faltou um pouco mais de dinâmica, e quem não for realmente fã de dramas de espionagem sem quase nenhuma ação, certamente irá dormir nas salas do cinema.

O longa nos mostra que em plena Guerra Fria, o advogado especializado em seguros James Donovan aceita uma tarefa muito diferente do seu trabalho habitual: defender Rudolf Abel, um espião soviético capturado pelos americanos. Mesmo sem ter experiência nesta área legal, Donovan torna-se uma peça central das negociações entre os Estados Unidos e a União Soviética ao ser enviado a Berlim para negociar a troca de Abel por um prisioneiro americano, capturado pelos inimigos.

O roteiro de Matt Charman junto dos Irmãos Joel e Ethan Coen foi bem trabalhado para desenvolver a história principal do advogado ao ser convocado para defender alguém que ninguém desejava, afinal era um "inimigo" do país em plena Guerra e ao mesmo tempo contar rapidamente toda a situação dos demais personagens mais jovens que foram moedas de troca na guerra mais negociada do que batalhada dos anos 60. Porém é notável que cortaram tantas cenas dos dois jovens que acabou parecendo que eles simplesmente foram capturados e no estilo de vamos salvar eles, o personagem de Hanks se comove e quer de qualquer maneira isso, não colocando nada muito mais intenso para que comovêssemos por eles, de modo que ficamos mais conectados com o velhinho soviético do que com os reais "mocinhos" da história. Claro que isso é algo que Spielberg como diretor tem de defeito também, pois ao escolher determinado ator para o personagem, ele ataca com unhas e dentes a câmera para o ator, e adeus todo restante, então acredito que se um dia fizerem uma versão com menos cortes, talvez isso possa estar mais presente. Mas dessa maneira, felizmente não forçaram tanto a barra com patriotismo e a vertente de todos os ângulos acaba sendo criado na conexão advogado contratado pelo estado e cliente que já está lascado mesmo e qualquer ajuda é válida, e nesse contexto, o diretor soube tirar ótimos momentos de conversas entre os protagonistas e principalmente trabalhar pequenos ambientes para causar todos os sentimentos necessários para que o público também entrasse no clima da cena, e assim sendo, o resultado de muitas cenas foram incríveis tanto nos EUA, quanto em Berlim quando entram outros personagens fortes. E assim, posso dizer que talvez lembrem do diretor nas premiações, afinal cara de filme premiado tem.

No conceito das atuações, temos muitos bons atores fazendo papéis picados e envolventes, e falar um pouco de cada um seria até criminoso, pois o que vale mesmo deles é o personagem em si, e não o ator, mas claro que os principais tiveram o destaque merecido, e dessa maneira vamos falar um pouco deles. Tom Hanks sempre vai ser aquele ator clássico que já vamos ao cinema sabendo bem o que esperar dele, ou seja, uma atuação com muita expressão, dinâmica nas cenas que forem preciso, e claro, um texto feito para que em sua boca seja o mais convincente possível, e aqui tudo foi na medida para que seu James Donovan ficasse com a sua cara, de modo que não queremos nem saber quem foi o cara, mas vemos Hanks fazendo algum personagem marcante que temos de acompanhar bem e pronto. Em compensação, Mark Rylance deu uma personalidade para seu Abel que diversas cenas acabaram tão incríveis que logo de cara ficamos pensando quem seria esse ator, pois tudo ficou minucioso, claro e envolvente para que o público o defenda também e torça por bons momentos seus, e isso são raros atores que conseguem trabalhar, então já certamente iremos caçar mais filmes dele e ver se o cara é bom mesmo, ou aqui Spielberg o fez crescer. Amy Ryan caiu bem para o personagem da esposa de Donovan e embora faça muitas caras de assustada, suas cenas finais foram incríveis no contexto expressivo, e comovem bastante para todos que acompanharam a história a fundo. Os demais como disse acima, tiveram uma participação bem menor, mas sempre que estavam em cena Alan Alda como Juiz Thomas e Sebastian Koch como Vogel, o desenvolvimento da trama ficava bem interessante e cheio de discussões bem encaixadas. Como falei também, infelizmente Will Rogers como Pryor e Austin Stowell como Powers ficaram bem em segundo plano, então suas atuações até foram condizentes com os personagens, mas não puderam mostrar nada além de três cenas cada um, o que é um crime monstruoso principalmente para com Stowell, afinal a história biográfica que existe é em cima do que aconteceu com Powers, sendo o restante encaixado na trama e não o inverso, ou seja, adaptaram bem tudo para que o personagem quase sumisse.

No conceito cênico do filme, claro que Spielberg não deixaria por menos e o resultado que cobrou de sua equipe artística foi gigantesco, e a Berlim devastada tanto pelo frio quanto pela Guerra e a divisão do muro foi tão precisa que chega a impressionar, mesmo que com poucas cenas externas, afinal o custo aumentaria demais para representar tudo visualmente, mas quando foram trabalhados os planos que necessitavam mostrar ambiência, o resultado foi muito bonito de acompanhar. Talvez um defeito da equipe de arte tenha sido em relação ao visual de ternos de época, pois ficaram atuais demais em diversas cenas, o que não podemos dizer que naquela época os ternos não eram tão bem feitos, mas em alguns momentos isso ficou chamativo demais, e talvez pudessem ter dado uns tons mais antigos que agradaria mais. Já disse isso várias vezes aqui no site e volto a repetir, a fotografia em cenas de neve é algo que não existe nada mais lindo de ver, e quando acertam a mão para que o contexto todo se encaixe ao redor da iluminação que o branco incorpora, o resultado acaba ficando incrível de ver, e aqui cada cena foi pensada para trabalhar com muita vida tudo na tela, mas mesmo contando com esse artifício, a cena mais trabalhada de sentidos da fotografia certamente é a da cadeia aonde a luz estourando pela janela, com a sombra do personagem de Hanks se destacando como se tivesse a grande ideia foi uma sacada muito bem usada.

Enfim, que é um ótimo filme, isso sem dúvida alguma posso dizer, mas que poderia ser muito melhor se tivessem colocado mais dinâmica nos personagens "menores" e nos contasse um pouco de sua história também para tudo ficar mais vivo. É um drama bem trabalhado nos diálogos que quem gosta do estilo vai sair bem contente com tudo que é apresentado, mas quem gosta de longas com mais ação, certamente irá dar umas cochiladas se for ver o filme muito tarde. Dessa maneira, é um longa que recomendo somente para quem gosta mesmo desse estilo mais denso de Spielberg, pois senão a chance de reclamar de tudo o que é mostrado é alta. Bem pessoal, fico por aqui agora, mas nessa semana até que apareceu uma boa quantidade de estreias, então volto em breve com mais textos, deixo meus abraços e até breve por enquanto.


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A Colina Escarlate (Crimson Peak)

10/18/2015 04:27:00 AM |

Classe! Essa é uma palavra que poucos diretores podem eximir o direito de falar que possui, e certamente um deles é Guillermo Del Toro, pois mesmo que "A Colina Escarlate" seja classificado como terror e tenha algumas cenas fortes de mortes e facadas, ele se preocupou tanto com a estética visual que somos transportados para uma época clássica, com figurinos belíssimos, casarões monstruosos e claro festas para a alta sociedade. E além de ser um bom filme, por não pegar tão pesado no terror, apenas usando seu estilo estranho diferenciado, pela primeira vez em anos, vi uma sala de 300 lugares quase lotada para um filme de terror. E dessa maneira, não posso dizer que alguém vai ficar com medo de algo que ocorre no filme e não irá dormir pensando nele, mas posso com toda certeza dizer que o Oscar de Figurino e Direção de Arte já tem um indicado!

O longa nos mostra que apaixonada pelo misterioso Sir Thomas Sharpe, a escritora Edith Cushing muda-se para sua sombria mansão no alto de uma colina. Habitada também por sua fria cunhada Lucille Sharpe, a casa tem uma história macabra e a forte presença de seres de outro mundo.

A sinopse em si é simples por ser um filme que nem dá para se falar muito, mas tudo tem algum sentido de estar na tela e deve ser visto cada detalhe em cada canto. O roteiro que Del Toro criou junto de seu parceiro de outros longas Matthew Robbins cria todo um suspense em cima de ilusões, e colocam os fantasmas não como monstros, mas sim elementos do passado que tentam mostrar algo para você, e juntamente disso coloca toda a visão crítica sobre a forma que a classificação hierárquica das classes contava para conseguir algo no passado. Com o roteiro em mãos, Del Toro partiu para o que mais sabe fazer no seu estilo de dirigir, trabalhar os elementos cênicos de modo que falassem por si, não necessitando explicar nada com frases prontas ou repetições cênicas, deixando que o público construa sua própria história ao ver os objetos estranhos espalhados pelo ambiente, no melhor estilo daqueles jogos de caça-objetos que tanto vemos pela internet. E para evidenciar cada um e criar ainda mais suspense, o diretor soube escolher cada ângulo de câmera mais impressionante que o outro, além claro de cobrar o pessoal da arte para colocar muitas paredes vazadas, dando uma movimentação incrível de câmeras para deixar os momentos subliminares mais incríveis ainda, afinal a estética criada pelo diretor em quase todos os filmes que botou as mãos são sempre fantásticas, e ainda botando algumas pitadas assustadoras ao mesmo tempo, não temos do que reclamar nesse quesito.

Quanto das atuações, um fato claro é que o trio principal se destaque frente aos demais personagens, e isso em parte foi bom para criar o suspense, mas o diretor também deu sorte de que os três se entregaram e incorporaram toda a responsabilidade que o filme pedia. Mia Wasikowska mostra que cresceu muito no seu estilo de atuar e aqui traz um semblante incrível que a personagem Edith pedia, criando nuances expressivas e mostrando seu jeito próprio de lidar tanto com os fantasmas, quanto com seu amor platônico pelo protagonista (a quem já teve uma quedinha em "Amantes Eternos"), e a química entre eles ficou bem interessante de ser vista, de modo que o resultado então pode mostrar que ela está rumando para chegar em breve num ponto ótimo da carreira superando todas as críticas que a bombardearam ao começar a pegar grandes papeis. Tom Hiddleston sempre vai ser conhecido pelo público como o eterno Loki, mas o ator vem trabalhando tão bem ultimamente que mostra que sempre se entregara aos personagens que pegar, e aqui trabalhou a serenidade que é sua marca clássica para chamar atenção no desespero amoroso de seu Thomas Sharpe contra tudo o que sua família estranha mantinha em casa, e isso é um dos grandes mistérios da trama que acabam agradando bastante de ver como ele interage com tudo. Claro que temos de aplaudir de pé Jessica Chastain que anda merecendo muito cada prêmio que tem ganhado, pois mesmo com um papel de coadjuvante, a atriz chamou a responsabilidade do longa para sua Lucille e a cada cena dava novos rumos para o suspense todo que a maioria já certamente havia chutado, mas acaba acertando com o brilho de uma amostragem maravilhosa que só uma grande atriz conseguiria, ou seja, só nesse último mês já tivemos duas grandes atuações suas, e logo mais deve aparecer algum que certamente irá transformá-la de indicação para vencedora do Oscar. Os demais personagens apenas funcionam bem como ligação da trama, mas os atores saíram tão icônicos em suas cenas que agradam demais quando aparecem, e dessa forma tenho de citar três grandes bons atores: Charlie Hunnam com seu Dr.Alan que se mostra desesperado pela protagonista e faz boas caras de paixonite aguda chamando atenção quando vai atrás de sua amiga amada, Jim Beaver caiu bem como o pai da protagonista e sua cena no clube podemos dizer que foi uma das mais fortes do longa sem dúvida alguma, embora seja completamente esperada. E para finalizar tenho de falar claro de Doug Jones, que mesmo não aparecendo como ele mesmo, caiu muito bem suas expressões nos dois fantasmas tanto da mãe de Edith quanto de Lady Sharpe, e como ele é especialista em trabalhar como fantasma, aqui junto de Del Toro, deu um show a parte.

No conceito cênico, o filme literalmente é incrível, afinal o diretor sempre preza por criar grandes cenografias em seus filmes e com isso representar tudo graficamente, e claro que nada é bem comum, afinal senão não seria um filme do diretor. Então claro que se todo o contexto visual criado não ganhar ao menos uma indicação para todos os prêmios possíveis podem falar que realmente tudo é roubado, pois foi perfeito cada elemento desde a mansão, a neve se misturando com a argila vermelha, os figurinos incríveis de época, a maquiagem e cabelo perfeitamente produzido para representar as cenas desde as mais tensas até as mais romantizadas, as cenografias de época perfeitas para mostrar os EUA no século XIX e tudo mais que daria para falar por horas. A equipe de fotografia soube escolher bem os ângulos que melhor combinariam toda fotografia incrível dos cenários junto de uma iluminação característica bem chamativa que desse sombras certas para cada momento e ainda incrivelmente agradasse demais em tudo na junção dos efeitos especiais que criassem os fantasmas, ou seja, quase truques simples de câmera, mas que deram toda a magia para o filme.

Um ótimo trabalho também recaiu na junção da trilha sonora densa com todos os barulhos de vento, rangidos e sons estranhos que trabalharam para compor a ambiência da trama, mas diferentemente do que costuma ocorrer em longas de suspense/terror, aqui tudo foi usado apenas de forma representativa e não forçando o público a se assustar, ou seja, ajudou a dar ritmo e a criar tudo que a trama necessitava.

Enfim, é um excelente filme de suspense que junto de muita simbologia e toda uma recriação de época consegue agradar muito, e por não ser tão assustador posso com toda certeza acabar recomendando ele para todos, pois até mesmo para aqueles que morrem de medo de ver um longa de terror, irão assistir tudo tranquilamente sem passar grandes apertos com o diferencial da trama. Portanto, vá em uma boa sala de cinema e confira o longa, afinal com o calor que está, nada melhor do que um bom filme numa sala de cinema com o ar condicionado bem fresco. Bem é isso pessoal, fico por aqui nessa semana cinematográfica, mas na quinta estou de volta com novas estreias, então abraços e até breve.



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Um Amor a Cada Esquina (She's Funny That Way)

10/17/2015 12:27:00 AM |

Sempre é uma grata surpresa conferir uma comédia romântica leve bem trabalhada nas interpretações que não necessite forçar a barra para fazer com que o público ria. Isso frequentemente ocorre com os longas franceses, mas ultimamente até que alguns diretores americanos tem acertado a mão nesse estilo e acabaram agradando o público mais exigente de história frente à escatologias para se divertir. E com "Um Amor a Cada Esquina", o diretor Peter Bogdanovich volta depois de um longo período fora das telonas com classe e boa sintonia junto da produção amalucada de Wes Anderson, resultando num filme delicioso de acompanhar conflito por conflito, que parece voar no tempo.

O longa nos mostra que tudo o que a garota de programa Izzy quer da vida é virar atriz. Um de seus clientes é Arnold, um famoso diretor de teatro, que lhe oferece US$ 30 mil para abandonar a prostituição. Mas, coincidentemente, ela consegue o papel de prostituta na peça de Arnold, estrelada por sua esposa (Kathryn Hahn), que, por sua vez, já teve um caso com um dos atores da produção (Rhys Ifans). No meio dessa confusão ainda aparece o produtor da peça (Will Forte), que se apaixona por Izzy, deixando a terapeuta de ambos com ciúmes.

Embora a confusão toda que o roteiro nos propõe embarcar foi feito para causar a diversão, mas a história sendo contada pela protagonista como uma entrevista só serviu para juntar tudo no final e termos a grata surpresa de uma participação especial inusitada, pois o longa funcionaria tranquilamente apenas como a história do passado, e certamente até agradaria bem mais por não ter quebras na história. Mas como cada diretor possui um estilo próprio, Bogdanovich junto de sua ex-esposa Louise Stratten escreveram juntos o roteiro dessa maneira, e mesmo quebrando o filme a todo momento para perguntas inúteis feitas pela entrevistadora, a trama se desenvolve de uma forma gostosa e clássica, como poucos filmes tem aparecido nos últimos anos, e assim sendo resulta em algo que o público que gosta de coisas mais bem trabalhadas ao invés de apenas desenvolturas de câmeras, vai sair bem satisfeito com os ângulos escolhidos e principalmente com a história contada e montada na tela.

Um fato que sempre é bem curioso de ver em produções cômicas aonde não temos o fator constrangimento ou escatologias, é que os atores assumem seus papeis como ponto máximo para divertir, o que acaba tornando os filmes em produções tão vivas que cada personagem passa a ser tão importante quanto a história em si, e dessa maneira as combinações múltiplas que o diretor optou fazer aqui até podem parecer história de cidade pequena que todo mundo conhece todo mundo, mas ainda assim é um espetáculo curtir a loucura de cada um. Já venho falando há um tempo que Imogen Poots é uma atriz de talento bem claro que quando lhe é entregue um papel com dinâmica, acaba desenvolvendo e agradando muito, e aqui sua Izzy possui momentos agradáveis e bem contextualizados dentro da proposta do filme, além de usar seu carisma para emocionar quando necessita, ou seja, pacote completo de beleza e atuação para resultar numa personagem bem encaixada. Owen Wilson precisa parar de inventar moda de querer filmes bobos para atuar, pois desde "Meia-Noite em Paris" ele já mostrou que comédias inteligentes é a sua praia e que sempre acaba bem encaixado, aqui como o diretor Arnold acaba misturando um lado cafajeste romântico que certamente existem diversos por aí enganando as mulheres e seus trejeitos caíram como uma luva para o papel, de modo que nos divertimos, e mesmo bagunçando tudo acabamos torcendo para ele. Jennifer Aniston sempre arrasa em papeis que pode incrementar loucura e aqui como a terapeuta Jane, ela quebrou todas as regras possíveis de segurar o personagem no ritmo da trama, parecendo estar ligada no 220 e divertindo como nunca, e sendo perfeita como sempre. Todos os demais deram o sangue por seus personagens e divertiram bastante, mas ficar falando de cada um até seria um pouco repetitivo demais, então vou optar destacar entre os demais Kathry Halm, pela esposa temperamental que aparentava estar tudo bem até descobrir tudo e pirar geral, e Rhys Ifans como um ator canastrão que já tem sua linha de roupas, perfumes e afins, e mesmo quase na terceira idade, ainda se acha o galã máximo, pois ambos além de divertir bem em seus momentos separados, ainda tiveram uma boa química para os momentos juntos, ou seja, agradam bastante em tudo.

No conceito visual, a equipe de arte tentou transformar o longa meio que num épico, usando cabelos e figurinos diferenciados, trabalhando alguns elementos mais antigos e principalmente escolhendo locações mais detalhistas de época, o que acabou dando um certo charme para a produção, mas certamente o filme funcionaria em qualquer época pela temática, mas como o roteiro foi escrito nos anos 90, acabaram optando por esse estilo mas ambientado para concluir a trama e trabalhar bem com o visual dos personagens. A fotografia não inovou muito, afinal como sempre digo, comédias tem de ter tons quentes para divertir e não ficar se preocupando com firulas, e foi isso que o diretor de fotografia nos entregou: um longa simples, bem iluminado em todas as cenas e agradável de acompanhar.

Enfim, se você é da turma que gosta de longas clássicos e bem divertidos, aonde a trama se mistura tanto com conexões improváveis para fazer rir, certamente esse é o longa que irá divertir muito o seu final de semana, agora se você prefere comédias forçadas, talvez saia um pouco decepcionado com o que verá. E dito isso, com toda a certeza acabo recomendando demais ele para todos verem nos cinemas, mas creio que muitos da turma da pirataria já devem ter até visto o filme em casa, afinal estreou no Festival de Veneza de 2014 e na maioria dos países lançou comercialmente no começo do ano, ou seja, como caiu numa distribuidora pequena no Brasil, só apareceu nos cinemas agora, o que é bem triste, pois é um excelente filme. Fico por aqui agora, mas ainda falta uma estreia da semana para conferir, então abraços e até breve pessoal.


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Operações Especiais

10/16/2015 01:17:00 AM |

Engajamento e coragem, essas palavras poderiam ser o sobrenome do diretor e roteirista Tomas Portella, pois diferente de outros nomes do cinema nacional, com três longas lançados no currículo, e um quarto vindo no final do ano, nenhum repetiu nem estilo e muito menos ficou fora de questionar sentimentos e virtudes dos personagens, ou seja, quando ver seu nome em um pôster, já podemos ir ao cinema com bem menos pedras na mão, pois certamente não precisaremos jogar quase nenhuma. Digo isso, pois em "Operações Especiais" conseguimos ver notícias e fatos que afrontaram o Brasil em 2011 e com uma pegada sem papas na língua, o diretor imprime seu modo de questionar a forma que o país sempre opta pelo errado ao invés de apoiar quem quer arrumar tudo, e ainda conseguiu trabalhar os personagens para que eles tivessem história própria, não dependendo de somente um momento para ser contado. E mais do que um filme, se a Globo for esperta, ela entrega para o diretor uma série fixa no horário nobre para desenvolver ainda mais tudo o que foi mostrado no longa, mas enquanto isso não ocorre, corra para o cinema mais próximo, pois é diversão e ação na certa nesse longa nacional de primeira linha, que até possui algumas falhas, mas são relevantes frente a tudo que é mostrado, só não esperem algo tão politizado quanto foi "Tropa de Elite", pois aqui a pegada é outra.

O longa nos situa no Rio de Janeiro, em 2010. Formada em turismo e trabalhando como atendente em um hotel, Francis se anima com a possibilidade de entrar para a polícia civil. Ela presta o concurso e, após ser aprovada, passa a frequentar o curso de habilitação para policial. Trata-se do mesmo período em que ocorreu a invasão no Complexo do Alemão, com traficantes de vários morros cariocas fugindo para cidades periféricas. É o que acontece em São Judas do Livramento, cidade no interior do estado do Rio de Janeiro, que passa a lidar com uma onda de crimes sem precedentes. Para combatê-los é enviada a unidade liderada pelo incorruptível delegado Paulo Froes, que conta com a presença da ainda iniciante Francis. No batalhão ela precisa lidar com a desconfiança dos demais policiais, especialmente Roni (Thiago Martins), e também com as dificuldades da profissão, dos perigos inerentes ao ofício até a corrupção existente ao seu redor.

É interessante ver que alguns filmes são concebidos de uma forma e acabam dando certas viradas de modo a se tornarem bem melhor, pois de início o longa se chamaria "Boletim de Ocorrência" e Cléo seria apenas uma participação especial na trama, mas o diretor e roteirista Tomas Portela, junto da roteirista e câmera Martina Rupp optaram por trabalhar numa linha mais desenvolvida da característica feminina que sofre diversos preconceitos ao entrar para cargos que exigem coragem demais como é a polícia em nosso país, e dessa maneira, não só a virada de estilo deu novos rumos para a trama, como fez com que Cléo crescesse ainda mais num personagem cheio de nuances, que até de certa forma acabou sobressaindo até mais do que a história, mas ainda assim a montagem no todo conseguiu agradar e ressaltar bem tudo o que desejavam passar na característica de corrupção que tanto domina em nosso território. Um dos pontos interessantes da forma que o filme ficou que ao mesmo tempo agrada e irrita é que em determinado momento como disse no primeiro parágrafo, ele acabou ficando muito próximo de uma série, e saindo do estilo cinema de ser, e isso poderia ter sido amenizado para que a história ficasse contida e ainda envolvente como vinha ocorrendo desde o início, mas felizmente isso não atrapalhou tanto e a equipe toda se comprometeu para que o resultado envolvesse e divertisse como deve ser um bom filme.

Sobre as atuações, um fato é claro Cléo Pires está chegando num nível tão bom nos cinemas, que aliado à sua beleza diferenciada, com toda certeza muito em breve vai ser lembrada tanto quanto sua mãe, e aqui sua Francis possui medos, desenvoltura, sedução e ainda um certo carisma para que torçamos pela personagem, e quando isso funciona bem, o filme acaba cativando por completo. Marcos Caruso entrou tão forte no personagem do delegado Paulo Froes que poucas vezes vi um papel que casasse tanto com o ator, e dessa maneira torço que deem mais papeis de delegados para ele, pois soube conduzir a história do personagem com classe, e claro quando precisou soltou palavrões e ótimas frases de efeito que vão ficar na memória certamente. Fabrício Boliveira trabalhou bem seu Décio e com um jogo de cintura bem cativante, acabou chamando atenção para suas cenas, o que certamente não era o esperado pelo roteiro original que provavelmente recairia mais para o personagem de Thiago Martins, que também agradou com seu Roni, mas pela marra gigante que entregou para o papel, acabou ficando meio chato demais de acompanhar. Fabiula Nascimento é uma boa atriz, mas quando pesa a mão nos trejeitos, ou você entra no clima dela, ou acaba se irritando, e sua Rosa inicialmente até cativa, mas vai ficando tão divergente durante toda a execução que se fosse uma série ou novela, já lá pra metade dos episódios o público pediria sua cabeça, e isso se deve muito pelo excesso de trejeitos, e não tanto pela personagem em si. Do lado negro da corrupção, faltou desenvolvimento e preparo para chamar atenção em todos os personagens, de modo que ninguém conseguiu destacar nada, e por bem pouco não acabaram atrapalhando o contexto inteiro do filme, valendo ser lembrado somente algumas cenas de Antonio Tabet como Toscano, mas precisariam ter desenvolvido mais o personagem e feito com que ele aparecesse mais também para que virasse um vilão mesmo que o público quisesse socar, mas sua última fala para Francis já deu uma pontinha de raiva.

No conceito cênico, podemos dizer que quando uma equipe de arte se prepara é raro não vermos um bom filme de invasão policial, e aqui usaram de vários tipos de armas, figurinos e escolheram bem as locações para que a situação toda fosse bem convincente do que estava rolando na cidade, claro que incomoda demais todos indo pro ataque com rifles e a personagem de Cléo com um revólver minúsculo, mas comparado o seu tamanho também com os demais atores, acho que foi até bem compatível. Dessa maneira, o filme tem uma boa dinâmica e conseguimos nos conectar com toda a cenografia preparada, talvez a festa da prefeitura pudesse ser mais pomposa, mas como é uma cena simples, optaram por algo mais singelo e caiu bem também. A direção de fotografia de Barbara Alvarez em alguns momentos quis no colocar no miolo da ação policial e acabou divergindo de tonalidades de iluminação, claro que isso é um erro até que grave, mas pelo realismo passado até podemos relevar e acreditar que tudo foi intencional, e além disso, estamos falando de um filme do gênero policial e ela optou por uma gama exagerada de cores que poderiam ser deixadas de lado, mesmo com a protagonista sendo uma mulher vaidosa como é mostrado nas cenas iniciais, ou então que essa gama ficasse só nela, mas não, a diretora trabalha com isso em quase todo momento com algo saindo do tom cinza, e isso incomoda os olhos, mas volto a repetir o que digo sempre em outros textos, isso é um incômodo técnico, que o público em geral nem vai reparar, mas que temos de pontuar.

Embora o longa conte com poucas canções na trilha sonora, tendo apenas o tema original, algumas trilhas instrumentais e a música "Teto de Vidro" da Pitty, os dois momento aonde a canção foi encaixada entraram como uma navalha na pele batendo exatamente com o que o filme precisava para encaixar canção, expressões dos atores e roteiro, ou seja, parabéns para a equipe que escolheu a canção para o longa.

Enfim, um filme que com muita certeza indico, principalmente para que o povo veja que o cinema nacional anda bem evoluído fora do circuito novelesco de comédias bobas, claro que temos de ter o gênero que rende mais no país, mas precisamos mais longas de ação e de todos os demais gêneros também, então corram pros cinemas, que mesmo com os pequenos defeitos que apontei, ainda vale demais curtir a trama toda. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas volto em breve com as outras estreias da semana, então abraços e até mais.


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Pequeno Dicionário Amoroso 2

10/13/2015 12:43:00 AM |

Se tem um gênero que o Brasil pena demais para acertar a mão é o tão do romance, pois até conseguem desenvolver boas histórias, mas quando não recai para o novelesco e tentam inovar, ou reinventar algo que já fizeram em alguma outra época, o resultado acaba sempre falho e cansativo de acompanhar. E não foi diferente do que aconteceu com "Pequeno Dicionário Amoroso 2", que após 18 anos resolveram tentar a sorte com uma continuação do longa que em 1997 com um orçamento de apenas 900 mil, conseguiu levar mais de 400 mil pessoas para os cinemas, ou seja, um lucro bem interessante, e claro que desejável de voltar com a história para os cinemas. Porém, o efeito de usar uma palavra iniciada com cada letra do alfabeto, em 97 foi inusitado e bacana com todo um sentimentalismo interessante de ser representado pelos verbetes, mas agora em 2015, nem dá para chegarmos na metade do alfabeto para já estarmos cansados com tudo o que já aconteceu de tão repetitivo que ficou as esquetes utilizadas. E embora todos os atores principais tivessem tentado até dar um gás para a trama, o resultado não vai muito longe, e não sei como foi a estreia nacional 30 dias atrás, mas agora estreando aqui, numa sessão de horário até que concorrido, só contava na sala eu e mais duas pessoas, e isso não é nada bom!

O filme nos mostra que depois de se separarem, Gabriel e Luiza, seguiram suas vidas, conhecendo novas pessoas e alimentando outras expectativas. Dezesseis anos depois, Luiza está casada com Alex, com quem teve seu filho, Pedro. Gabriel namora Jaqueline, uma mulher mais nova e cheia de "energia". Mesmo aparentemente felizes em seus relacionamentos, o interesse entre os dois renasce depois de um encontro inesperado.

Sei que muitos são apaixonados pelo primeiro filme, e conheço até diversas pessoas que estavam bem curiosas para ver o resultado da continuação e ficaram bravas quando não veio o longa para o interior na estreia em 10 de setembro, mas é a velha sina, filme menor as distribuidoras seguram e lançam aos poucos nos cinemas do país, principalmente por saberem só com os testes se o filme vai ou não decolar nas salas, e ao que parece, esse está bem longe de atingir a mesma expressividade que o primeiro, pois a diretora Sandra Werneck não se preocupou em atualizar a trama, deixando basicamente o mesmo formato, quase que os mesmos questionamentos, dando uma pequena contextualizada com o que anda ocorrendo no mundo atualmente, mas sem nada de novidade para chamar o público para a sessão, e isso é uma falha monstruosa. Além claro de que esse estilo de filme, ficou parado no tempo, hoje são pouquíssimos os longas que se aventuram em capítulos, e os diretores que escolhem essa ideologia, sabem fazer muito bem e entregam motivos claros para a escolha, não da forma que ela acabou fazendo, apenas para ilustrar seu longa como um álbum de figurinha gigante, que nem numa série da Globo mal desenvolvida funcionaria hoje, pois mesmo o pessoal gostando de esquetes mais rápidas, todas necessitam de uma conexão agradável e chamativa, não apenas representações, ou seja, o filme teria sim como funcionar dessa forma, mas para isso cada letra ou verbete próprio teria de ficar com ao menos 10 minutos para chamar a atenção do público, e dessa maneira teríamos um longa de 240 a 260 minutos, o que não seria nada legal de ver na tela do cinema.

Ao falarmos das atuações, temos de levar em consideração um detalhe que muitos gostam de parar para pensar, outros preferem relevar, mas conseguimos ver que nós juntamente com a protagonista estamos bem velhos, pois jurava que Andréa Beltrão era bem mais nova e com essa passagem de 18 anos, dá para ver bem que agora aos 53 anos ainda está bem na fita e com desenvoltura que poucas mulheres tem por aí, claro que o papel de sua Luiza é algo mais atirado mesmo, mas a atriz fez bem e mostrou que ainda pode desbancar boas atrizes novinhas por aí. Já para Daniel Dantas, os seus 61 anos já estão predominantes na tela e certamente agora irão começar a aparecer mais papeis de avô do que de galanteador, e aqui já tivemos cenas bem estranhas de se ver, parecendo mais o tiozão da Sukita do que alguém que pega todas por aí como o seu Gabriel vem levando a vida, ou seja, espero que não inventem uma trilogia, pois será algo meio estranho de ver nos cinemas, não que ele seja um ator ruim, muito pelo contrário já que sempre tem boas expressões para o que as cenas pedem, mas o papel caberia melhor para alguém de idade menor. Fernanda Vasconcelos é daquelas atrizes que podem fazer uma árvore que vamos gostar de ver ela atuar apenas com as folhas se mexendo, claro que seu rosto lindo ajuda e muito, mas ela tem uma presença jovial que agrada bastante nas cenas de sua Alice, claro que forçou um pouco demais a voz nas cenas das boates, gritando para que o microfonista capitasse seu áudio e ficou um pouco estranho, mas no geral dominou bem a expressão de todas as suas cenas. Dos demais atores, a maioria aparece pouco e de forma bem fraca para com a história, mas os destaques positivos ficam claro com Glória Pires hilária com sua Bel, e Eduardo Moscovis com seu Guto, mas nada que ambos pudessem chamar atenção demais, afinal o filme se concentra mesmo nos três personagens que comentei.

No conceito artístico, a trama nem se apega a mostrar pontos ricos de romantismo do Rio de Janeiro, optando por locações mais fechadas e que dessem a dinâmica esperada para o filme, tanto que os dois momentos mais ricos cenograficamente ficaram por conta da cena de Luiza andando de bicicleta e de Alice num cenário maravilhoso de uma piscina natural no meio das ondas, ou seja, se quisessem poderiam criar diversas perspectivas maravilhosas no conceito cênico, que acabaria chamando mais atenção pra toda poesia que desejavam passar para o filme, e só usando casas e apartamentos e uma galeria, isso certamente não teria como acontecer. A fotografia até que trabalhou bons planos e iluminações para contrastar com a cenografia, mas foi literalmente boicotada na edição, pois quando a ambiência luminosa atingia um ápice na cena, era interrompida para o próximo verbete, e tenho certeza que o diretor de fotografia ao ver o resultado final ficou bem desapontado com isso.

Enfim, não posso falar de modo algum que foi o pior filme nacional que já vi, pois houveram bons momentos e até ideias para outros projetos, mas que daria para ser algo extremamente melhor, isso não tenho dúvida alguma, e posso afirmar com a maior clareza possível, que a palavra que define o longa é preguiça, pois a equipe de roteiristas, junto dos diretores, tiveram preguiça de criar algo novo e se primaram de manter a ideologia do primeiro que hoje não funciona mais. Portanto, só recomendo o filme no cinema para quem realmente quiser ver muito o filme, pois os demais podem esperar para ver em casa quando for lançado em outras mídias, que gastar o valor de um ingresso com esse longa é algo que não vale a pena mesmo. Bem é isso pessoal, fico por aqui hoje, mas talvez ainda volte nessa semana cinematográfica com um documentário que está passando em poucos horários e lotando sessões por aqui, vamos ver se consigo vê-lo e comentá-lo aqui no site, então abraços e até breve.


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Peter Pan em 3D

10/10/2015 02:59:00 AM |

É bacana observarmos como gostam de fazer recomeços de histórias que já conhecemos, não que isso seja algo obrigatório, afinal podemos induzir como algumas coisas aconteceram pelos próprios filmes originais, que já muitas vezes acabam sendo refilmados e mostrados de versões diferentes, mas quando decidem fazer algo, pelo menos que prezem por uma qualidade interessante e que contem uma boa história para que tudo fique convincente, e com o novo "Peter Pan" temos toda uma simbologia indígena bem colocada que junto de uma dinâmica bem interessante, conseguimos acreditar na forma visual que nos é entregue de como Peter nasceu e vai virar mais para frente um líder nato dentro da Terra do Nunca. Agora não espere saber de toda a história logo de cara, afinal como sempre digo, produtores se aliam à roteiristas para que um filme nunca seja apenas um filme, e em aventuras e fantasias, sempre coisas são deixadas de lado para uma continuação, e isso deve incomodar bastante na conexão completa desse belíssimo exemplar visual com outros tantos que já conhecemos, mas ainda assim vale conferir numa boa sala 3D.

O longa nos mostra que Peter é um garoto de 12 anos que vive em um orfanato em Londres, no período da Segunda Guerra Mundial. Um dia, ele e várias crianças são sequestradas por piratas em um navio voador, que logo é perseguido por caças do exército britânico. O navio escapa e logo ruma para a Terra do Nunca, um lugar mágico e distante onde o capitão Barba Negra escraviza crianças e adultos para que encontrem pixum, uma pedra preciosa que concentra pó de fada. Em pleno garimpo, Peter conhece James Gancho, que tem planos para fugir do local.

Se olharmos a história criada por Jason Fuchs com base nos personagens criados por J.M. Barrie há muito tempo, vamos ver que tudo é até bem simples de ser contado, e nos convence facilmente para cairmos na fantasia que tanto desejam passar. Mas bem mais sabiamente foi a escolha de um diretor realista como Joe Wright para que transformasse toda essa magia visual em algo crível e empolgante, trabalhando tanto a dinâmica dos personagens para que fôssemos conhecendo um a um sem necessitar parar para explicar detalhes, e também tudo funcionasse na metodologia que escolheu para trabalhar, pois seria bem tranquilo ver um longa aonde tudo brilhasse, a história nos fosse contada como um conto de fadas lido por alguém, e o resultado seria lindo de ver novamente, mas a preocupação principal aqui, foi que o rumo da trama desenvolvesse, e isso só um bom diretor conseguiria lidar e trabalhar com ângulos aonde a ficção chamasse a responsabilidade para assumir tanto a história como boa para os protagonistas serem entregues ao público, como todo o visual envolvesse e não ficasse tecnológico demais para que as pessoas não acreditassem no que estavam vendo. E dessa maneira tudo se encaixa, tudo tem muita cor, e a cada salto ou voo de qualquer objeto, nos vemos acompanhando tudo sem perder uma gota de apresentação de personagem que é inserida no mesmo momento da trama, ou seja, funciona como uma engrenagem completa que ao rodar a manivela, a outra ponta roda perfeitamente sem engastalhar, mas ainda dá para reclamar de muitas coisas, que vou preferir falar ao introduzir os personagens abaixo.

Vamos começar a falar dos atores claro pelo mais jovem Levi Miller, que encaixou tão bem para o protagonista da história, que dificilmente vamos conseguir pensar em outro ator para vestir a roupa de Pan tão cedo, pois o garoto além de ser bem bacana visualmente, tem uma expressividade única e, assim sendo agrada em tudo que faz no longa. Garrett Hedlund também foi bem na postura de um Gancho jovial e bem desenvolvido, que agrada bastante na forma de atuar que escolheu, mas falharam ao não desenvolver como ele passa de um "amigo" do protagonista para o capitão malvado que conhecemos dos outros filmes (e como perde sua mão para não usar o gancho como ferramenta, mas para tudo), e claro que dessa forma, os produtores já esperam um grande resultado para que venham com um segundo longa e aí isso sim seja contado, mas até lá o que o ator fez foi bem trabalhado. Que Rooney Mara é uma excelente atriz, isso não precisa ser nem falado, mas temos de concordar que a jovem Tiger Lilly (me recuso a chamar ela de Tigrinha) é uma guerreira indígena, e a jovem consegue mesmo sem maquiagem ser mais branca que esse Coelho que vos digita, então não que ela tenha feito mal o seu papel, muito pelo contrário sendo perfeita em todas as expressões, mas cairia bem melhor alguma atriz mais morena (talvez Lupita Nyong'o que até tentou o papel, mas não foi escolhida). O dia que acharem um papel que Hugh Jackman não se encaixe é capaz que soltem fogos em Hollywood, pois o cara se entrega de tal maneira, que por mais bizarro que seja tudo o que ele faz com o seu Barba Negra, ainda torcemos para o vilão conseguir atingir seus objetivos, e  num misto de expressões fortes e nervosas com uma comicidade bem interessante, temos um resultado ímpar de personalidade que ele conseguiu passar, e embora sua história seja contada bem rapidamente, conseguimos completar todos os elos de fechamento. Outro que deve ter um papel mais vistoso num segundo filme é Adeel Akhtar, pois como todos sabem Smiegel ou Sr. Smee como conhecemos nos desenhos é o fiel parceiro de Gancho, e aqui acabou até meio que desaparecido no meio do caminho, sem ter um final de fechamento, e claro que voltará caso tenha outro, pois o ator foi bem bacana nas performances exigidas dele. Amanda Seyfried como Mary (ou mãe de Peter) e Cara Delevingne como Sereia, foram bem rápidas nas suas atuações, e por bem pouco se o diretor fosse mais exigente nos cortes até acabariam sumindo da trama, mas como ele deixou suas cenas, até mostraram alguma expressãozinha simples para não ficar no básico.

Agora temos de ser francos, filmes que são pensados visualmente acabam resultando em grandes obras de artes que emocionam e encaixam como uma luva no gênero fantasia, pois cada detalhe da trama, desde o orfanato cheio de segredos alimentícios e negociáveis com piratas, passando pela 2ª Guerra rolando e os exércitos sem saber o que fazer com navios voadores, chegando numa mineração cenograficamente linda de ver, abarrotada de figurantes e computacionais duplicados claramente, em seguida somos levados para uma floresta digna de feita por James Cameron em "Avatar", com detalhes nas plantas a cada virada de cabeça, com pássaros exóticos bem colocados no melhor estilo que lembrava do desenho dos anos 90, trabalhando com uma tribo totalmente colorida que na briga ainda arrumaram um jeito de deixar tudo ainda mais cheio de cores, entrando na sequência numa lagoa cenográfica muito simbólica que junto de contar o passado com desenhos e luzes deram um show a parte, e finalizando com uma ambientação mágica do reino das fadas, introduzindo claro a fada mais conhecida do cinema. Ou seja, tudo perfeitamente pensado para chamar atenção e envolver o público com tudo, e o principal, funcionando com a história sem que precisássemos parar para decidir se iríamos apreciar o visual ou se ligar na história que estava sendo contada junto. Aliado à tudo isso, a equipe de fotografia certamente teve muito trabalho para encaixar a alta quantidade de computação que a trama exigiu, junto dos cenários construídos e locados, pois quando ocorre isso, a iluminação necessita bater, e com a quantidade de cores simbolizando cada momento e dinâmica da trama, foram perfeitos em encaixar cada temperatura de cor para que as nuances funcionassem e envolvessem, não tendo como destacar uma ou outra cena, pois tudo recai bem.

Quanto dos efeitos visuais, e claro do 3D usado na trama, temos de falar logo de cara que o filme já foi filmado usando câmeras com a tecnologia, e principalmente volto a repetir o que falei no conceito visual: foi pensado para funcionar em cada cena a tecnologia, ou seja, nos momentos que querem coisas saindo da tela, temos o ângulo certo para que as bolas de canhão voem para fora, quando temos cenas de salto e voo, a perspectiva escolhida está correta para vermos os personagens quase que bailando na tela com o fundo deslocado, quando estamos passeando pela selva, temos as camadas de plantas para que os personagens andem e nos deem e a referência de posição, e assim, posso dizer facilmente que o filme funcionou muito para o que a tecnologia poderia propiciar para ele, desde profundidade de campo até objetos saindo da tela que tanto reclamam dos longas não usarem, e assim, dessa vez posso recomendar que paguem o ingresso mais caro para ver tudo funcionando bem.

Outro ponto que agrada demais no longa é a trilha sonora escolhida para cada cena, dando destaque claro para a versão de Smells Like Teen Spirit cantada por todos os mineiros junto de Barba Negra, que ficou incrível. Mas essa é apenas um destaque, pois todas as demais ajudaram tanto a dar ritmo como simbolizar bem cada momento.

Enfim, um excelente filme tanto para as crianças se fantasiarem com tudo o que é mostrado na tela (deve ter ficado boa a dublagem também para elas, mas não conferi o longa assim), quanto para os adultos que já viram tantas adaptações da história do garoto órfão que não deseja crescer e agora podem saber um pouco mais da sua vida, com um show visual de brinde. Portanto recomendo demais a produção, mesmo que com alguns defeitos que citei nos parágrafos acima. Fico por aqui hoje, mas ainda volto nessa semana com um outro longa que apareceu aqui meio que atrasado, então abraços e até breve.


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Bata Antes de Entrar (Knock Knock)

10/09/2015 01:15:00 AM |

É engraçado quando um filme de "terror" consegue chamar atenção pelo trailer sem envolver espíritos ou sangue voando para todo lado, mas "Bata Antes de Entrar" parecia ser bem interessante quando passou o primeiro trailer há muito tempo atrás, pois deixou no ar a ideologia de como alguém abre a porta para uma pessoa desconhecida numa noite chuvosa só por ser bonita, e ainda mais na sequência a coisa esquentar e piorar depois. Porém já dá para conseguirmos desconfiar dos filmes que mudam datas de estreia mais que uma vez, e a decepção começa ao vermos o rumo que a trama vai tomando a cada ato sem que nada se encaixe ou empolgue o espectador, e dessa maneira nem Reeves consegue mostrar o quão bom ator ele já foi, nem Roth voltar a ser o diretor trash e desesperado que vimos em "O Albergue", fazendo do filme apenas algo para colocar sua esposa como protagonista e nada mais.

O longa nos mostra que durante um fim de semana no qual sua família viajou, a vida de um homem bem casado é interrompida por duas garotas jovens e atraentes que chegam à sua porta buscando refúgio da tempestade. O que parecia uma breve visita termina se transformando em um inferno, quando as duas garotas seduzem o dono da casa e o tomam como refém para brincadeiras pouco confortáveis e torturas, enquanto a família não volta.

Claro que estou sendo exigente demais ao desejar que o diretor que possui em suas características principais o "torture porn" como gênero clássico de estilo de terror, mostrasse a ideologia das personagens femininas que adentram ao recinto do protagonista e acabam fazendo horrores com ele. Mas desejar nunca é demais não é mesmo? Mas óbvio que Eli Roth apenas utiliza o gênero para causar e dessa forma, tudo o que poderia fazer para tornar um filme perfeito (já adianto que não vi o original "Death Game" de 1977 para comparar) com dramaticidade, afinal a síntese da história é algo interessante de pararmos para analisar, pois homens em sua essência irão abrir as portas de sua casa para lindas mulheres ensopadas numa noite chuvosa, homens em sua maioria irão se deixar seduzir por mulheres seminuas em sua casa, homens são trouxas e caem como patinhos frente personalidades de femme-fatale, e quando essas do nada resolvem virar assassinas em série, qual a cara que fazemos? WTF, sim a tradicional usada nos memes da internet, pois o diretor apenas quis isso e que sua esposa finalmente fosse a protagonista de um longa, e pronto, tenho dinheiro, pego dinheiro de mais algum ator que pode bancar ser o protagonista de um filme maluco, e vamos gravar!! E o resultado, um filme com muita arte abstrata para ser quebrada, mulheres nuas fazendo sexo, e uma história que vai ser esquecida daqui algumas horas, pois nem se preocupar com planos inusitados que foram feitos, mas não valorizaram nada, ele se preocupou, o que é uma pena enorme.

Nem tenho muito o que falar das atuações, afinal já resumi bem no parágrafo anterior o que todos precisam saber, mas vamos falar um pouco do trio principal. Keanu Reeves tenta continuar sendo galã com seu Evan, e é zoado duas vezes por suas madeixas que nunca são cortadas e continuam como sua marca própria visual, porém ele não se preocupa com expressões, gritando desesperado nem parecia o ator que todos adoravam na época de "Matrix", pois tudo soava falso, e como disse botou dinheiro do bolso como produtor executivo pelo papel e infelizmente saiu-se muito mal. Lorenza Izzo, que me foi apresentada hoje, afinal nunca havia visto sequer um filme seu, também acabei descobrindo hoje que é esposa do diretor, e sua personagem Genesis até é bem interessante, e com um nome desse daria para fazer milhões de referências contextuais na trama, mas só foi sexy no início, e quando virá "demoníaca" desanda mais que brigadeiro queimado, mostrando o motivo de não decolar em outros filmes. É engraçado de ver a personagem Bel que Ana de Armas interpretou estranhamente, pois ao mesmo tempo que parece boba, se faz de ingênua, e isso é garantia de revolta das mulheres que estão na sessão (garanto que ri muito das moças em minha frente pedindo para os namorados irem embora), mas a atriz falha nas suas cenas principais, e isso é algo triste demais de ver, então não dá para relevar. Quanto dos demais, foram mais aparições do que funcionaram como atores mesmo do filme, dando um destaque um pouco maior para Aaron Burns com seu Louis pela sua expressão na cena desesperadora em que vê a obra-prima de sua chefe destruída.

No quesito visual, o diretor até que tentou dar um trabalho monstruoso para a equipe de arte, afinal a casa da família é de um ex-DJ e arquiteto moderno com uma artista plástica renomada, ou seja, temos muitos quadros para serem pichados, muita arte para ser destruída e muito visual para ser mostrado, mas os elementos cênicos usados foram tão singelos e forçados que chega a dar dó do diretor de arte que teve um trabalho tão complexo para o diretor insistir num vaso simples e em outros detalhes tão pequenos, ou seja, é como se você comprasse a coleção inteira de um artista famoso para dar de presente para um amigo e esse ficasse feliz apenas pela embalagem e nem ligasse para o presente. No conceito fotográfico, o diretor de fotografia até tentou usar alguns filtros e iluminações diferenciadas, além de algumas câmeras aéreas junto da chuva, mas alguém pode me dizer o motivo sem ser o de mostrar que ele mora em um lugar com casas chiques e sem ninguém no local? Um design diferenciado? Ou algo do tipo? Pois a linguagem se perdeu completamente e não resultou em nada além de gastos de orçamento.

Enfim, é um daqueles filmes clássicos que esquecemos em poucas horas, por isso fiz questão de acabar o texto de uma vez só, pois sei que amanhã cedo não irei lembrar de quase detalhe algum do que vi, e se me perguntarem uma cena de destaque, já falo logo de cara, a penúltima em que o protagonista tenta usar o celular e faz uma grande cagada, pois foi a mais divertida que já vi em um terror até hoje certamente, mas volto a repetir, amanhã acho que não devo lembrar dela. Portanto, com uma história interessante, boa cenografia, algumas canções bem interessantes tocando sempre de fundo, mas com o restante sendo desprezível, até daria para dar uma nota 5, mas não vou ser tão bonzinho com a trama, pois ficou abaixo da expectativa criada com o trailer, então dessa maneira, não recomendo ele para ninguém. Fico por aqui agora, mas ainda faltam dois longas que estrearam pelo interior para conferir e vir comentar aqui com vocês, então abraços e até breve pessoal. Ah e tranquem suas portas para qualquer pessoa estranha, mesmo que sejam duas mulheres bonitas.


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