A Palavra

10/15/2025 01:30:00 AM |

Alguns filmes realmente nos deixam sem palavras para escrever sobre ele, mas hoje literalmente fiquei um tempo parado olhando para a tela pensando no que iria falar do longa "A Palavra", pois é daqueles filmes que tem denúncia política misturada com religião, algo que talvez se bem usado poderia ser impactante e marcante, mas literalmente pareceu que o diretor perdeu a mão com gosto para entregar na tela algo que tem tantas pequenas falhas que ficamos esperando ir além para agradar, mas que não chega a lugar algum. Claro que talvez o pessoal mais religioso ache mais pontos positivos do que negativos, mas como cinema realmente diria que faltou dar aquele algo a mais para realmente marcar, e principalmente economizar nos exageros cênicos.

Inspirado na História Bíblica dos Profetas Elias e Eliseu, transportada para os dias atuais, o filme acompanha Jezebel, uma experiente repórter e jornalista de TV, cujo trabalho se concentra sempre na próxima história bombástica capaz de gerar a maior audiência para a emissora. Ela recebe a missão de localizar um homem chamado Elias (Tuca Andrada), nos áridos sertões do Nordeste do Brasil. Elias, aparentemente, realiza milagres, ajudando não apenas a curar as enfermidades da população local, mas também a amenizar a severa seca da região. Obcecada em conseguir a próxima notícia sensacional, Jezebel está determinada a desmascarar Elias, revelando seu segredo e provando que ele é um charlatão. Porém, essa certeza começa a ruir conforme sua busca se aproxima de seu encontro com Elias.

Após muitos anos longe das telonas, o diretor e roteirista Guilherme de Almeida Prado volta com um estilo bem diferente do que acabou fazendo ele famoso, de tal forma que ainda tem seu lado crítico e bem pontuado nas nuances políticas, mas acabou forçando demais em alguns traquejos de tal forma que os personagens até chegam a sair do contexto, ao ponto que você chega a pensar se está fazendo uma sátira em cima de tudo, ou se ele está realmente falhando na essência que desejava entregar. Claro que o longa tem uma pegada cênica muito interessante em cima do Nordeste do país, brinca com a narração e a teatralidade dos bonecos, ousa colocar os pontos religiosos sob esse vértice, mas ficou faltando algo mais marcante que chamasse atenção.

Quanto das atuações, Regina Maria Remencius forçou demais sua Jezebel, ao ponto que num primeiro momento pareceu maquiavélica, meio disposta a destruir tudo e todos, e não trabalhou com ares condizentes a um jornalista comum, até mesmo os mais sensacionalistas ficariam decepcionados com o estilo escolhido para a personagem. Já Tuca Andrada escolheu o simples e bem feito para que seu Elias/Eliseu tivessem boas nuances e até fosse emocional na medida como um profeta e engenheiro, sabendo ser centrado e espirituoso como o papel pedia. Da mesma forma que a protagonista Luciano Szafir acabou forçando um pouco para seu personagem, mas deu um bom contexto para jornalistas que armam as coisas para seu próprio ganho.

Visualmente o longa trabalhou um Nordeste bem conhecido dos telejornais, mostrando bastante a seca, cidades pequenas que tem seus teatros de bonecos na rua ou as vezes até exibições de filmes (e no caso aqui uma matéria de jornal sobre a cidade), vemos um hospital bem simples (ou o que tentaram fazer parecer um), e também alguns elos mais puxados para a religiosidade. Agora um erro crucial que qualquer pessoa que já viu qualquer série ou filme médico não vai aceitar de jeito algum é usar um desfibrilador em cima da roupa!

Enfim, é um filme que tem alguns acertos e muitos erros, mas que talvez o público-alvo mais religioso nem irá ligar, então fica como sendo uma dica por conta e risco de quem gostar do estilo. E é isso meus amigos, fico por aqui hoje agradecendo o pessoal da FJ Produções e da Playarte Filmes pela cabine, e volto amanhã com mais dicas, então abraços e até logo mais.


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