Sempre gosto de observar as animações de países longe dos grandes centros conhecidos, e aqui a turma da Bélgica, Alemanha, Noruega e Luxemburgo que criou o "Epa! Cade o Noé?" nos entrega uma nova produção simples, porém efetiva ao contar uma aventura bem trabalhada de um pardal que acha que é uma cegonha, e até podemos dizer que não é de todo ruim, pois "Missão Cegonha" funciona muito bem no quesito história a ser contada, ensinando bons princípios de amizade, traição e até mesmo trabalhando um pouco a ideia de família adotiva (embora o abandono aqui possa aparentar estranho a causa!), mas como estamos falando de algo aonde o público-alvo são crianças, acaba faltando o grande elo que segura os pequenos nas poltronas: diversão e personagens carismáticos, pois aqui o longa parece uma jornada pronta para adultos tirarem as lições ao invés de se divertir com tudo o que possa ser mostrado. Não digo assim que seja algo ruim, mas está muito longe de ser algo que vá impressionar, agradando mais pelos entremeios do que pelo resultado completo como poderia atingir.
A sinopse nos conta que após seus pais serem mortos quando ainda estava no ovo, o pequeno pardal Rick é encontrado por uma cegonha, que o cria como se fosse seu filho. Desta forma Rick cresce seguindo os costumes de postura e alimentação típicos de uma cegonha, por mais que sua aparência deixe bem claro que não se trata da mesma espécie. Quando o bando decide migrar para a África, Rick é deixado para trás justamente por não ter estrutura física para uma viagem tão longa. Entretanto, o pequeno pardal que acredita ser uma cegonha não se dá por vencido e inicia uma viagem por conta própria, onde conhece a coruja-pigmeu Olga e o periquito Kiki.
Chega a ser bem interessante a proposta da trama, pois com os debates rolando de família tradicional, de adoção, de imigração e muitos outros detalhes pelo mundo afora, quando um diretor resolve trabalhar essa ideia em forma de animação temos de ser coerentes e ver até onde ele deseja chegar, porém a dupla Toby Genkel e Reza Memari optaram por algo mais alongado e cheio de vértices na história, o que é estranho de se ver em longas animados, pois geralmente nesse estilo prezam por histórias rápidas para que sobre tempo para a ação/aventura, comicidade e para que o carisma dos personagens domine. Aqui até temos personagens bonitinhos, malucos e interessantes, passando desde os protagonistas da história até mesmo os pombos figurantes (que valem as melhores piadas das maravilhas e inutilidades de se viver conectado a tudo e todos), mas a aventura é tão alongada, com muita história, passando por tantos lugares, que acabamos cansando um pouco do que é mostrado, e isso para nós que gostamos de uma boa história, então imagine uma criança que quer ver os bichinhos fazendo firulas mil!! Ou seja, o diretor poderia ter sido mais enxuto como fez na sua produção anterior, que acertaria a mão e agradaria bem mais, colocando junto a emoção que a trama propõe.
Sobre o design gráfico da trama, temos uma cenografia bem elaborada para os personagens passarem, trabalhando bem tanto a natureza quanto as cidades por onde os personagens pousam, com destaque claro para os personagens de cada uma incorporando trejeitos e gírias, mesmo na dublagem. E quanto aos personagens, o pardalzinho Richard no original ou Rick como preferiram na dublagem, é bem fofo e determinado, com uma dinâmica de superação bem interessante de acompanhar. As cegonhas acabaram soando arrogantes, principalmente o pai. A coruja Olga e seu imaginário Oleg ficaram bem divertidos e desenhados com minúcias, trabalhando personalidade e visual, o que é bem raro de ver. O canário Kiki soou um pouco bobinho demais, mas foi bem trabalhado em alguns momentos para mostrar ego e tudo mais. E claro, os pombos foram o charme da produção, mostrando todo tipo de pessoa que passa e recebe informação online quase que 24hs por dia, algo muito bem feito e colocado na medida certa.
Temos algumas boas cenas de 3D, mas falta um pouco de ousadia da equipe, pois como temos muitos voos dos pássaros, esperava embarcar mais ainda do que o que foi mostrado. Claro que está melhor que muitos filmes que dizem ter a tecnologia, mas ainda é pouco para algo que poderia brincar muito com o que tem.
Outro detalhe ficou a cargo da trilha sonora da trama, que até coloca algumas canções espalhadas pela trama, mas também falta aquele detalhe envolvente que faz uma canção virar o tema, coisa que aqui só aconteceu no trailer e nos créditos, ou seja, faltou colocar ritmo realmente no longa.
Enfim, é um filme bonitinho, mas que certamente os pais vão ter trabalho para segurar a garotada sentada até o final da sessão, pois haja história para ser contada. De certa forma até dá para recomendar, mas que vá sem muitas pretensões, pois pelo trailer aparentava ser algo mais emocionante do que o que foi mostrado. Bem é isso pessoal, fico por aqui nessa semana fraca de estreias, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.
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A sinopse nos conta que após seus pais serem mortos quando ainda estava no ovo, o pequeno pardal Rick é encontrado por uma cegonha, que o cria como se fosse seu filho. Desta forma Rick cresce seguindo os costumes de postura e alimentação típicos de uma cegonha, por mais que sua aparência deixe bem claro que não se trata da mesma espécie. Quando o bando decide migrar para a África, Rick é deixado para trás justamente por não ter estrutura física para uma viagem tão longa. Entretanto, o pequeno pardal que acredita ser uma cegonha não se dá por vencido e inicia uma viagem por conta própria, onde conhece a coruja-pigmeu Olga e o periquito Kiki.
Chega a ser bem interessante a proposta da trama, pois com os debates rolando de família tradicional, de adoção, de imigração e muitos outros detalhes pelo mundo afora, quando um diretor resolve trabalhar essa ideia em forma de animação temos de ser coerentes e ver até onde ele deseja chegar, porém a dupla Toby Genkel e Reza Memari optaram por algo mais alongado e cheio de vértices na história, o que é estranho de se ver em longas animados, pois geralmente nesse estilo prezam por histórias rápidas para que sobre tempo para a ação/aventura, comicidade e para que o carisma dos personagens domine. Aqui até temos personagens bonitinhos, malucos e interessantes, passando desde os protagonistas da história até mesmo os pombos figurantes (que valem as melhores piadas das maravilhas e inutilidades de se viver conectado a tudo e todos), mas a aventura é tão alongada, com muita história, passando por tantos lugares, que acabamos cansando um pouco do que é mostrado, e isso para nós que gostamos de uma boa história, então imagine uma criança que quer ver os bichinhos fazendo firulas mil!! Ou seja, o diretor poderia ter sido mais enxuto como fez na sua produção anterior, que acertaria a mão e agradaria bem mais, colocando junto a emoção que a trama propõe.
Sobre o design gráfico da trama, temos uma cenografia bem elaborada para os personagens passarem, trabalhando bem tanto a natureza quanto as cidades por onde os personagens pousam, com destaque claro para os personagens de cada uma incorporando trejeitos e gírias, mesmo na dublagem. E quanto aos personagens, o pardalzinho Richard no original ou Rick como preferiram na dublagem, é bem fofo e determinado, com uma dinâmica de superação bem interessante de acompanhar. As cegonhas acabaram soando arrogantes, principalmente o pai. A coruja Olga e seu imaginário Oleg ficaram bem divertidos e desenhados com minúcias, trabalhando personalidade e visual, o que é bem raro de ver. O canário Kiki soou um pouco bobinho demais, mas foi bem trabalhado em alguns momentos para mostrar ego e tudo mais. E claro, os pombos foram o charme da produção, mostrando todo tipo de pessoa que passa e recebe informação online quase que 24hs por dia, algo muito bem feito e colocado na medida certa.
Temos algumas boas cenas de 3D, mas falta um pouco de ousadia da equipe, pois como temos muitos voos dos pássaros, esperava embarcar mais ainda do que o que foi mostrado. Claro que está melhor que muitos filmes que dizem ter a tecnologia, mas ainda é pouco para algo que poderia brincar muito com o que tem.
Outro detalhe ficou a cargo da trilha sonora da trama, que até coloca algumas canções espalhadas pela trama, mas também falta aquele detalhe envolvente que faz uma canção virar o tema, coisa que aqui só aconteceu no trailer e nos créditos, ou seja, faltou colocar ritmo realmente no longa.
Enfim, é um filme bonitinho, mas que certamente os pais vão ter trabalho para segurar a garotada sentada até o final da sessão, pois haja história para ser contada. De certa forma até dá para recomendar, mas que vá sem muitas pretensões, pois pelo trailer aparentava ser algo mais emocionante do que o que foi mostrado. Bem é isso pessoal, fico por aqui nessa semana fraca de estreias, mas volto em breve com mais textos, então abraços e até logo mais.